Os fundamentos da fé
judaico-messiânica e
nazarena
RESUMO DO ESTUDO AULA 8
O QUE A CABALÁ DIZ SOBRE A DIVINDADE DE MASHIACH
ADAM KADMON – ARVORE DA VIDA – SEFIROT – FACE GRANDE E FACE
PEQUENA
Homem celestial
Para o Zohar, alegoricamente Elohim “Mãe” diz ao Elohim “Pai” para que o homem fosse
feito à imagem e à semelhança dos dois. A união simbólica do Pai (YHWH) e da Mãe
(YHWH) gera um Filho, que também tem a mesma essência e é YHWH. Este Filho é
chamado de o “Homem Celestial”, e é o “modelo” para a criação de Adam (Adão).
O Filho também é denominado de Adam Kadmon, que é o “homem primordial” ou o
“homem original”. Explica Gershom Scholem que o ETERNO projeta a si próprio na
imagem de Adam Kadmon:
“... Deus entrou na forma de Adam Kadmon...” (Kabbalah, página 116).
“Em Suas manifestações ativas, Deus aparece como a dinâmica unidade das Sefirot,
retratadas como a ‘árvore das Sefirot’ ou a mística forma humana (Adam Kadmon), que não
é outro senão a ocultada forma de Deus em Si mesmo.” (On The Mystical Shape of the
Godhead: Basic Concepts in the Kabbalah, 1991, página 39).
De acordo com a Cabalá, o Homem Celestial (ou Adam Kadmon) não é Adão (o homem
terreno), mas, na verdade, de “a primeira emanação formal de Deus”. Por outro lado, o
Homem Terrestre é Adão e todos os homens mortais depois dele. Logo, temos as
seguintes fórmulas:
O mãe e pai pelo Zohar
Ou seja, para o Zohar, alegoricamente Elohim “Mãe” diz ao Elohim “Pai” para que o homem fosse
feito à imagem e à semelhança dos dois. A união simbólica do Pai (YHWH) e da Mãe (YHWH) gera
um Filho, que também tem a mesma essência e é YHWH. Este Filho é chamado de o “Homem
Celestial”, e é o “modelo” para a criação de Adam (Adão). O Filho também é denominado de Adam
Kadmon, que é o “homem primordial” ou o “homem original”.
Gershom Scholem explica que o ETERNO projeta a si próprio na imagem de Adam Kadmon:
“... Deus entrou na forma de Adam Kadmon...” (Kabbalah, página 116).
“Em Suas manifestações ativas, Deus aparece como a dinâmica unidade das Sefirot, retratadas como
a ‘árvore das Sefirot’ ou a mística forma humana (Adam Kadmon), que não é outro senão a ocultada
forma de Deus em Si mesmo.” (On The Mystical Shape of the Godhead: Basic Concepts in the
Kabbalah, 1991, página 39).
De acordo com a Cabalá, o Homem Celestial (ou Adam Kadmon) não é Adão (o homem terreno),
tratando-se, na verdade, de “a primeira emanação formal de Deus”. Por outro lado, o Homem
Terrestre é Adão e todos os homens mortais depois dele. Logo, temos as seguintes fórmulas:
O Adam Kadmon
1) O Filho = Homem Celestial = Adam Kadmon = primeira emanação
formal de YHWH. Isto é, o Filho é a manifestação do próprio ETERNO.
2) Homem Terrestre = Adão = toda a humanidade.
Com estes conceitos em mente, leia-se o Zohar:
“Assim como é o Homem Terrestre, assim é o Homem Celeste interiormente.
Pois tudo que acontece aqui embaixo é apenas uma imagem de tudo que
acontece em cima. É nesse sentido que compreendemos que Deus criou o
Homem à Sua Própria formam uma Unidade.
Homem terrestre – homem celeste
2) Homem Terrestre = Adão = toda a humanidade.
Com estes conceitos em mente, leia-se o Zohar:
“Assim como é o Homem Terrestre, assim é o Homem Celeste interiormente. Pois tudo que
acontece aqui embaixo é apenas uma imagem de tudo que acontece em cima. É nesse
sentido que compreendemos que Deus criou o Homem à Sua Própria Imagem.
Já que a forma do Homem compreende tudo o que está nos céus em cima e na terra
embaixo, Deus a escolheu como Sua Própria Forma. Nada podia existir antes da geração da
forma humana, que também contém todas as coisas. E tudo que existe é pela graça da
existência da forma humana. Mas devemos distinguir entre o homem de cima e o homem de
baixo, já que um não pode existir sem o outro. Da forma do Homem depende a perfeição da
fé. O que nós chamamos Homem Celeste, ou a primeira manifestação divina, é a forma
absoluta de tudo que existe, a fonte de todas as formas e ideias: Pensamento Supremo.”
(“O Zohar: o Livro do Esplendor”, Polar, 2010, páginas 118 e 119).
O homem terrestre é a imagem do homem celeste
Descobre-se, pela citação acima, que o mundo terreno é uma reprodução ou imagem do
mundo celestial. Então, Elohim escolhe a forma humana e se manifesta como Homem
Celestial. O Homem Terrestre é uma imagem do Homem Celeste (Adam Kadmon), e é
neste sentido que está escrito “façamos o homem à nossa imagem” (Gn 1:26). Esta
concepção cabalística foi adotada expressamente por Sha’ul (Paulo), aplicando-a a
Yeshua:
“Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a
ressurreição dos mortos.
(...)
Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e a outra a
dos terrestres.
(...)
Assim também está escrito: O primeiro homem, Adam, tornou-se alma vivente; o último Adam,
espírito vivificante.
Mas não é o primeiro o espiritual; senão o animal; depois o espiritual”. (Curintayah Álef/1ª Coríntios
15:21,40,45-6)
Sha’ul (Paulo) estabelece a contraposição entre o Homem Terrestre (Adam/Adão) e o Homem
Celeste (Yeshua), e conclui:
Tradução do aramaico de I Co 15:47:
“O primeiro homem, sendo de pó, veio da terra; o segundo homem é YHWH, [que veio] do Céu”.
Note bem que Yeshua é reputado como sendo o Homem Celestial que veio do Céu, que é o próprio
YHWH!!! Isto demonstra que Sha’ul estava usando raciocínio parecido com o do autor do Zohar.
Ambos valeram-se das mesmas tradições orais cabalísticas provenientes do Judaísmo Antigo.
Para a melhor compreensão destes mistérios, é importante tentar compreender as sefirot do
ETERNO.
As Dez Sefirot de YHWH
No Zohar, sefirá (plural: sefirot) significa “esfera” ou “luz”:
“As dez sefirot são forças ou atributos que emanam do Ein Sof e constituem todos os mundos...”
(O Zohar: o Livro do Esplendor, Polar, 2010, página 326).
O Ein Sof (Ser Infinito), incompreensível aos limitados homens, revela-se por meio da emanação
das sefirot, conforme diz o cabalista Moshé Cordovero (1522 a 1570 D.C):
“O Infinito, o Rei dos reis, quem governa todos: pela Sua essência penetra e desce via Sefirot e
entre as Sefirot...” (Pardes Rimonim, VI, 8, página 38).
Segundo Gershom Scholem:
“O Deus que Se manifesta em Sefirot é o mesmo Deus da crença religiosa tradicional, e
consequentemente, apesar de todas as complexidades que tal ideia envolve, a emanação das
Sefirot é um processo dentro do Próprio Deus. O Deus oculto no aspecto do Ein-Sof e o Deus
manifesto na emanação das Sefirot são um e o mesmo, visto de dois ângulos diferentes.” (Cabala,
A. Koogan editor, 1989, página 89).
O Sefer Yetsirá
Livro da Criação”. O Sefer Ietsirá trata das origens do Universo. De
acordo com a tradição judaica, Avraham (Abraão) foi o autor da obra, o
que é atestado pelo Zohar e Raziel. Todavia, alguns negam a autoria do
patriarca, alegando que, se Avraham fosse verdadeiramente o autor, o
livro estaria incluído no cânon das Escrituras. Há quem diga ainda que o
livro contém alguns ensinamentos de Avraham, mas que foi escrito por
outra pessoa em momento bastante posterior.
Sobre esta polêmica, confira “Sefer Ietsirá, o Livro da Criação”, de Arieh
Kaplan, editora Sefer, 2005, páginas 20 a 28.
As dez sefirot
De acordo com o Sefer Ietsirá, existem Dez Sefirot:
“Dez Sefirot do nada,
dez e não nove;
dez e não onze.” (Sefer Ietsirá 1:4).
Eis as Dez Sefirot (atributos/forças) que emanam do ETERNO:
1) Kéter – Coroa (alguns a chamam de Conhecimento = Dáat);
2) Chochmá – Sabedoria;
3) Biná – Entendimento;
4) Chéssed – Graça (literalmente), mas também recebe o sentido de Amor;
5) Guevurá – Força;
6) Tiféret – Glória, Beleza;
7) Nêtsach – Vitória;
8) Hod – Esplendor;
9) Iesod – Fundação;
10) Malchut – Realeza.
A árvore da vida com as 10 sefirot
Os três atributos
De onde os cabalistas tiraram estes dez atributos (sefirot) do ETERNO? Das Sagradas
Escrituras. Vejamos.
Existem três atributos (sefirot) principais de YHWH:
“Depois falou YHWH a Moshé [Moisés], dizendo:
(...)
E o enchi da Ruach Elohim [Espírito de Elohim], de Sabedoria, e de Entendimento, e de
Conhecimento, em todo o lavor.” (Shemot/Êxodo 31:1 e 3).
“Com a Sabedoria se edifica a casa, e com o Entendimento ela se estabelece;
E pelo Conhecimento se encherão as câmaras com todos os bens preciosos e
agradáveis.” (Mishlei/Provérbios 24:3-4)
Os sete atributos
Além destas Três Sefirot principais (Sabedoria, Entendimento e Conhecimento),
chamadas de Três Pilares ou Colunas (Kavim), existem outros Sete atributos (sefirot) do
ETERNO. Alguns deles constam expressamente do verso abaixo, estando implícitos os
outros pela cláusula “tudo”:
“Tua é, YHWH, a grandeza, e o poder, e a honra, e a glória, e a vitória; porque teu é TUDO
quanto há nos céus e na terra; teu é, YHWH, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre
todos.” (Divrei HaYamim Álef/1º Crônicas 29:11)
Yeshayahu (Isaías) menciona as três sefirot principais (Sabedoria, Entendimento e
Conhecimento) e ainda se refere à sefirá “força”:
“Porque brotará um rebento do tronco de Yishai [Jessé], e das suas raízes um renovo
frutificará.
E repousará sobre ele a Ruach [Espírito] de YHWH, o espírito de Sabedoria e de
Entendimento, o espírito de conselho e de Força, o espírito de Conhecimento e o temor
de YHWH.” (Yeshayahu/Isaías 11:1-2).
Sefirot masculinas e femininas
Segundo Arieh Kaplan, assim podem ser compreendidas as Dez Sefirot (atributos/forças) de
Elohim:
“As Sefirot são os meios com os quais Deus se comunica com Sua Criação. São também os meios
através dos quais o homem se comunica com Deus. Se não fosse pelas Sefirot, Deus, o Ser
Infinito, seria absolutamente incognoscível e inatingível. E somente através das Sefirot que Ele
pode ser aproximado.” (Sefer Ietsirá, o Livro da Criação, editora Sefer, 2005, página 49).
Para o Sefer Ietsirá, existem cinco sefirot ligadas ao aspecto masculino e cinco relacionadas ao
feminino, assim dispostas por Arieh Kaplan (Sefer Ietsirá, o Livro da Criação, editora Sefer, 2005,
página 62):
SEFIROT “MASCULINAS” SEFIROT “FEMININAS”
masculinas:
Kéter (Coroa) Cochmá (Sabedoria) Chéssed (Graça) Tiféret (Beleza ou Glória) Nêtsach (Vitória)
femininas
Biná (Entendimento) Guevurá (Força) Hod (Esplendor) Iesod (Fundação) Malchut (Realeza)
O Zohar afirma que a Sefirá Sabedoria/Chochmá (masculina) se une com a Sefirá
Entendimento/Biná (feminina), e a união alegórica de ambas gera o Filho de Yah, caracterizado
principalmente pela Sefirá Chéssed (Graça):
E outra vez temos macho e fêmea: a Sabedoria é o Pai; a Inteligência, a Mãe. Esses são os dois
pratos da Balança. Por causa deles, tudo se manifesta na forma de macho e fêmea. Sem a
Sabedoria não haveria começo, já que a Sabedoria é o Pai dos Pais, a origem de todas as coisas.
Dessa união a Fé nasce e se espalha no mundo...
Assim, Biná [Inteligência] é realmente Ben Yah, Filho de Deus, o qual é a perfeição de tudo o que
existe. Quando o Pai, a Mãe e o Filho (que é a Misericórdia – Chéssed) estão juntos, há a síntese
perfeita.
Em Romanos, Sha’ul (Paulo) fala que os homens espelham atributos invisíveis de Elohim e, logo
em seguida, combate o homossexualismo e o lesbianismo, que são perversões das características
masculinas e femininas implementadas nos seres humanos, criados à imagem de Elohim. Ou seja,
gerados mediante a união dos aspectos “masculinos” e “femininos” do ETERNO, explica o Zohar.
Pai, Mãe e Filho são emanações simbólicas de YHWH (e não três “deuses”):
ZOHAR:
“Não há outro Deus fora das dez sefirot, das quais todas as coisas emanam e dependem.
(...)
Ele é Um. E não há nenhum outro.” (Ob.Cit., página 92).
“Pois Deus é o Princípio e Ele é o Fim de todos os graus da Criação.
Ele é o único Ser; apesar das inúmeras formas de que Ele se reveste.” (O Zohar: o Livro do
Esplendor, Polar, 2010, página 144).
SEFER IETSIRÁ:
“Dez Sefirot do nada.
Seu fim está contido em seu começo (delas) e seu começo no fim,
como a chama em uma brasa incandescente.
Porque o Mestre é único,
Ele não tem segundo
E antes do Um, o que você conta?” (Sefer Ietsirá 1:7).
A união metafórica de Elohim “Pai” e de Elohim como “Mãe” implica a geração de um Filho
simbólico, que sintetiza algumas Sefirot:
PAI
3. Biná (Entendimento)
5. Guevurá (Força, Poder, Severidade)
8. Hod (Esplendor, Majestade)
FILHO
1. Kéter (Coroa)
6. Tiféret (Glória, Beleza)
9. Iesod (Fundação)
10. Malchut (Realeza)
MÃE
2.Chochmá (Sabedoria)
4.Chéssed (Graça)
7.Nêtsach (Vitória)
Alguns estudiosos invertem as características do Pai e da Mãe.
Acima, seguimos o modelo do rabino James Trimm (The Middle Pillar: A Jewish Perspective on the
Godhead, página 23).
Guematria judaica
Gematria é o método hermenêutico de análise das palavras bíblicas somente em hebraico, atribuindo um valor
numérico definido a cada letra. É conhecido como "numerologia judaica" e existe na Torá (Pentateuco)
A Guematria nada tem a ver com a numerologia divinatória, mas com interpretação das Escrituras.
A cada letra do alfabeto hebraico é atribuído um valor númerico, assim, uma palavra é o somatório dos valores
das letras que a compõem. As escrituras são então explicadas pelo valor numérico das palavras.
A lógica da guematria estava presente na produção de midrash e consolidou-se durante a Idade Média,
próximo à época das cruzadas, mas ainda é utilizada, compilada primeiramente no Talmude e posteriormente
em tratados da Cabala. [4]
Palavras de iguais valores numéricos são consideradas como explicativas umas das outras e a teoria também
se estende às frases. Assim como exemplo temos a letra ShIN valor 300, número equivalente ao valor numérico
da palavra RVCh ALHIM, Ruach Elohim, o Espírito de Elohim. A letra Shin é, portanto, um símbolo do Espírito
de Elohim (repare que o desenho da letra possui três flamas). Temos R=200, V=6, Ch=8, A=1, L=30, H=5 ou
Y=10, M=40 donde 200+6+8+1+30+5+10+40=300.
Similarmente temos AchD, Achad (Unidade), e AHBH, Ahebah (Amor) têm o mesmo valor numérico 13.
AchD – A=1, Ch=8, D=4 (1+8+4=13)
AHBH – A=1, H=5, B=2, H=5 (1+5+2+5=13)
Isto quer significar que Amor é Unidade. Existe infinito número de exemplos. Note-se também que a palavra (ou
Nome) IHVH tem valor (10+5+6+5=26) que é o dobro de 13. Isto pode ser estudado aprofundando-se no estudo
da gematria.
Segundo a guematria judaica:
O somatório das sefirot do Filho é igual a 26 (1 + 6 + 9 + 10 = 26). O
número guemátrico de YHWH também é 26 (10 + 5 + 6 + 5 = 26). Logo, o
Filho (26) é YHWH (26).
Aliás, reduzindo-se os nomes hebraicos de YHWH e Yeshua, também
chegamos a uma igualdade numérica, que denota a unidade do ETERNO:
a) YHWH ( .26 = 5 + 6 + 5 + 10 = )יהוהReduzindo 26: 2 + 6 = 8.
b) YESHUA ( .386 = 70 + 6 + 300 + 10 = )ישועReduzindo 386: 3 + 8 + 6 = 17.
Reduzindo 17: 1 + 7 = 8.
O número final de YHWH (8) é igual ao de YESHUA (8), ratificando-se mais
uma vez que Yeshua é YHWH.
Bibliografia
Judaísmo Nazareno, Tsadok ben Derech