O GREGO PÉRICLES (c. 495/492-429 a. C.
Péricles foi a maior figura política do século V a. C. na Grécia Antiga. Foi um
célebre estadista, um brilhante orador e estratego militar que governou Atenas
entre 462 e 429 a. C., data da sua morte. Homem culto e inteligente, com
capacidades políticas e dons de oratória, desde 466 a. C. que já exercia grande
influência nas decisões políticas da cidade.
Após a devastação provocada pelas sucessivas guerras contra os Persas,
Péricles reconstruiu a cidade, fortaleceu a democracia, desenvolveu as artes e as
letras, num período designado de Idade de Ouro da Grécia Antiga.
Durante os 30 anos que governou Atenas, Péricles pretendeu elevar a cidade ao
expoente da democracia, sendo um exemplo para as outras cidades.
Desencadeou um conjunto de medidas políticas, como por exemplo:
● Reduziu os poderes da aristocracia ateniense, retirando funções ao
Areópago.
● Consolidou a democracia, implementando a igualdade de todos os
cidadãos perante a lei.
● Instituiu a mistoforia, um subsídio a atribuir aos cidadãos mais pobres, a
fim de encorajar a sua participação na vida pública e no desempenho de
cargos públicos.
Em relação à cidade de Atenas, Péricles desenvolveu um conjunto de medidas
estratégicas, como por exemplo:
● Transferiu para Atenas o «Tesouro dos Deuses» da Liga de Delos, uma
confederação que reunia a maioria das cidades gregas.
● Aplicou os fundos na construção da Acrópole e do Pártenon, o maior
templo da Grécia.
● Captou um conjunto de arquitetos, escultores e pintores liderados por
Fídias, para a construção da Acrópole e dos seus templos e estátuas.
● Reforçou a defesa de Atenas e das cidades gregas contra as ameaças
externas.
● Implementou uma política imperialista no domínio do mar Mediterrâneo.
A construção da Acrópole constituiu uma ação com um forte caráter político:
● pelo sentido monumental do conjunto arquitetónico;
● pelas qualidades artísticas que deveriam enaltecer os atributos de uma
cultura;
● por pretender constituir o modelo de uma civilização.
A CASA GREGA
As áreas residenciais estavam organizadas em quarteirões, segundo uma
quadrícula ortogonal – as ínsulas.
As casas gregas eram, geralmente, muito simples formalmente e
construídas com materiais acessíveis: pedra, argila e madeira.
Os compartimentos dispunham-se em torno de um pequeno pátio e
destinavam-se às funções básicas: uma cozinha, uma sala para refeições,
quartos de dormir e quartos para os criados.
A iluminação e ventilação dos compartimentos processava-se através do
pátio interior, já que as paredes exteriores eram totalmente fechadas.
O cidadão grego privilegiava a vida pública na ágora, no stoa, no templo,
pelo que os interiores das casas eram muito simples e com pouco mobiliário.
A casa tinha poucas aberturas para a rua, o cidadão grego preservava a
intimidade e a privacidade e toda a vida doméstica desenrolava-se em torno do
pátio interior.
A casa podia ter uma loja ou oficina com acesso direto para a rua,
dependendo da atividade do proprietário.
A casa tinha duas zonas distintas:
•O ANDROCEU, espaços reservados aos homens (salas de estar, de banquetes e
reuniões).
•O GINECEU, espaços reservados às mulheres e aos escravos (tarefas
domésticas, cozinha, despensa, arrumos).
PERÍODOS DA ESCULTURA GREGA
Período arcaico c. 700-500 a. c.
Período clássico
- Estilo severo c. 500-c. 450 a. c.
- Primeiro classicismo c. 450-c. 350 a. c.
- Segundo classicismo c. 350-323 a. c.
Helenismo 323-30 a. c.
PERÍODOS DA CERÂMICA GREGA
Estilo Geométrico Séculos IX – VIII A. C.
Estilo Arcaico
- Fase Orientalizante Séculos VIII – C. 650 A. C.
- Estilo Figuras Negras C. 650 – C. 480 A. C.
Estilo Clássico
- Estilo Figuras Vermelhas c. 480 – c. 323 a. C.
A cerâmica era um dos principais produtos de exportação para todo o
mundo antigo, daí constituir uma das fontes mais importantes para o estudo da
arte e da cultura gregas.
Salienta-se a grande variedade de tipologias e formas criadas em função
do uso a que se destinam – uso doméstico, comercial, religioso, rituais fúnebres.
Os temas tratados constituem importantes documentos para o estudo da
civilização grega – cenas mitológicas, assuntos do quotidiano, representação de
atletas, etc.
Através da cerâmica pintada não só podemos estudar os aspectos da
civilização grega, como também a evolução da pintura grega, dos aspetos
formais, plásticos e expressivos.
Cratera (misturar vinho e água). Ânfora (para vinho, água e azeite). Kylix (beber vinho).
O ESTILO GEOMÉTRICO
O ESTILO GEOMÉTRICO
O estilo geométrico (séculos IX-VIII a. C.) recebeu influência dos motivos
decorativos usados nas culturas cretense e micénica.
Os vasos, taças, crateras e ânforas são decorados com motivos e padrões
geométricos.
Características do estilo geométrico:
- vocabulário de bandas e frisos paralelos e sobrepostos;
- linhas retas, quebradas e onduladas;
- triângulos e losangos, ziguezagues e suásticas.
Esta linguagem abstrata de raízes geométricas foi originada pelas
pesquisas das estruturas de ordem matemática e geométrica existentes na
Natureza e no Universo.
Ânfora (vinho, água e azeite). Alabastro (óleos e perfumes).
O ESTILO ARCAICO – FASE ORIENTALIZANTE
O estilo arcaico desenvolve-se no período de maior prosperidade política e
económica da pólis.
É favorecido pelo aumento das relações comerciais com as colónias e povos
do mar Mediterrâneo e do mar Negro.
A fase orientalizante é caracterizada pelas
influências das culturas orientais.
Características da fase orientalizante:
- representação figurativa com cenas
mitológicas;
- mistura de animais mitológicos e figuras
híbridas (grifos, medusas, górgonas);
- mistura com decoração naturalista e vegetal.
Ânfora (vinho, água e azeite).
ESTILO ARCAICO – FASE DAS FIGURAS NEGRAS
O estilo das figuras negras corresponde a uma fase de pintura da cerâmica
com elementos figurativos pintados a negro sobre fundo avermelhado da argila.
As figuras são traçadas numa silhueta estilizada, através da técnica da
incisão com estilete.
Através da linha definem-se pormenores internos – músculos e detalhes
anatómicos, cabelos e vestuário.
Características da fase das figuras negras:
- decoração utiliza elementos figurativos pintados a negro sobre o
fundo avermelhado;
- as figuras são traçadas numa silhueta estilizada;
- as figuras são traçadas com maior naturalismo;
- maior liberdade temática – cenas de mitologia, quotidiano, vida
doméstica;
- maior criatividade expressiva.
Ânfora de Héracles e o Ânfora dos Atletas,
c. 530-520 a. C. Touro Mino, c. 525 a. C.
O ESTILO CLÁSSICO – FASE DAS FIGURAS VERMELHAS
O estilo clássico corresponde ao apogeu cultural e artístico da Grécia nos
séculos V e VI a. C., no qual é atingido um elevado nível de qualidade técnica e
artística.
Na técnica de figuras vermelhas a superfície é coberta a negro, enquanto
as figuras e elementos decorativos mantêm o tom avermelhado do barro.
Características da fase de figuras vermelhas:
- as figuras são representadas com maior naturalismo;
- os cenários de enquadramento são mais elaborados;
- as composições ganham maior expressividade e valor plástico.
Ânfora de Figuras Vermelhas, século V a. C. Cratera de Figuras Vermelhas, século V a. C.
VASO DE PRONOMOS, ÁTICA, 410 a. C.
O Vaso de Pronomos foi executado
numa oficina da Ática por um artista
conhecido como «Pintor de Pronomos».
Trata-se de uma cratera com 75 cm de altura e 33,5 cm de diâmetro na
parte mais larga do bojo.
A decoração segue o estilo das figuras vermelhas, distinguindo-se pelo
naturalismo das figuras, pela expressividade das representações e pela
qualidade dos efeitos plásticos.
O vaso possui um desenho muito elegante, com destaque para o traçado
das suas asas em forma de voluta.
Além do seu desenho e da técnica utilizada, o interesse no Vaso de
Pronomos encontra-se no tema representado que constitui uma importante fonte
histórica.
O assunto consiste na apresentação de uma companhia de teatro diante de
Dionísio, o deus do vinho e do teatro, e de sua esposa Ariadne.
Com destaque surge a figura do flautista Pronomos, um reconhecido
músico da Beócia que terá encomendado o vaso.
Ao longo do bojo desfilam numerosas personagens, tais como:
- músicos com os seus instrumentos;
- atores fantasiados segurando as suas máscaras;
- um coro de sátiros falando, saltando e dançando.
Todo o ambiente é de grande animação, entusiasmo e exaltação.
Uma companhia de atores e músicos prepara-se para entrar em cena,
exibindo-se diante de Dioniso e Ariadne.
O tema constitui uma importante fonte documental acerca dos atores e dos
músicos, das suas vestes e dos seus instrumentos, na Grécia Antiga.
O friso inferior está organizado em torno da figura do Flautista Pronomos, ao
centro.
A representação está organizada em dois frisos horizontais, sendo dominada no
friso superior por Dionísio e Ariadne, reclinados nos seus tronos.
O TEATRO GREGO
Teatro (théatron – local onde se vê algo):
- atores cantando ou falando, independentes de um coro;
- um elemento de conflito traduzido em diálogo;
- uma audiência emocionalmente envolvida na ação.
As personagens eram interpretadas por homens (até três), sendo
acompanhadas por um coro que comentava a ação e comunicava com o público, e
por uma orquestra que fazia o acompanhamento musical.
Os atores representavam com máscaras que mudavam
conforme as expressões adequadas à ação.
Tragédia: Forma de drama envolvendo um conflito entre duas
personagens, ou entre uma personagem e a lei, os deuses, a
sociedade, o destino, etc.
ex:
- Ésquilo – Os Persas (472 a.C.); Sete contra Tebas (467 a.C.); As Suplicantes
(463 a.C.); Trilogia Agamêmnon; Coéforas e Eumênides (458 a.C.)
- Sófocles – Ájax (443 a.C.); Antígona (442 a.C.); Édipo Rei (427 a.C.); Édipo em
Colona (401 a.C.)
- Eurípedes: Medéia (431 a.C.); Electra (420 a.C.); Heracles (416 a.C.); Ifigênia
(414 a.C.); As Bacantes (405 a.C.)
Comédia: forma de drama assente no ridículo, na sátira, no grotesco e na
diversão.
ex:
- Aristófanes – As Nuvens (423 a.C.); As Vespas (422 a.C.); Lisístrata (411 a.C.)
- Menandro – O Misantropo (318 a.C.)
O PÁRTENON, ACRÓPOLE, ATENAS, c. 447-432 a. C.
O PÁRTENON é o monumento predominante da Acrópole, refletindo o
extraordinário período vivido por Atenas no século V a. C.
O templo destinava-se a albergar a colossal estátua de Atena Partenos, a
deusa da cidade, e devia atingir os ideais de harmonia, beleza e perfeição.
Foi projetado pelos arquitetos Ictinos e Calícrates, com os trabalhos de
escultura a serem supervisionados por Fídias.
Apesar de se tratar de um templo dórico, apresenta aspetos de um templo jónico.
- A ordem das colunas do peristilo é dórica, mas é um templo octástilo como os
templos jónicos.
- A cella ou naos está dividida por uma colunata
dórica em forma de U, com colunas dóricas
duplas sobrepostas.
- Como nos templos dóricos, o friso apresenta
tríglifos e métopas com baixos-relevos com
motivos de Gigantomaquia, Centauromaquia,
Amazonomaquia e da Guerra de Tróia.
- Como nos templos jónicos, apresenta um friso
contínuo na parede interior da cella com «A
Procissão das Panateneias».
- Para criar uma imagem de perfeição ótica, os
arquitetos aplicaram ligeiras correções no
traçado do edifício, de modo a compensar os
«defeitos óticos» gerados pela perspetiva.
AS CORREÇÕES ÓTICAS
Para corrigir os efeitos de deformação
da perspetiva do olho humano, provocados
pela ilusão ótica, os arquitetos procederam a
«correções óticas».
O estilóbata, a estereóbata e o
entablamento são ligeiramente curvos (o
centro está mais alto do que os extremos).
A distância entre colunas encurta os
ângulos.
As colunas estão ligeiramente
inclinadas para o interior.
A Êntase – a cerca de 1/3 da altura, as
colunas apresentam uma ligeira curva
convexa.
OS FRONTÕES
FRONTÃO ESTE
Os relevos do frontão este representavam o
«Nascimento de Atena» a partir da cabeça de Zeus.
FRONTÃO OESTE
Os relevos do frontão oeste representavam a disputa entre Atena e Posídon pela
posse da Ática.
AS MÉTOPAS
São 92 placas quadradas esculpidas na oficina de
Fídias, tendo a maior parte saído do seu cinzel.
Os temas são:
No friso norte – cenas da Queda de Tróia
No friso a este – cenas de Gigantomaquia
No friso sul – cenas de Amazonomaquia
No friso a oeste – cenas de Centauromaquia
Os temas evocam a oposição entre a ordem e o caos,
entre a civilização e a barbárie, e ao limite, entre o Ocidente
e o Oriente, enaltecendo os princípios e os valores que
regiam a cidade de Atenas.