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Edicao - M&T Mix para Destacar Intrumento Acustica 2 M&T

A edição de fevereiro de 2012 da revista 'Áudio Música & Tecnologia' destaca novidades do console Roland M-480 e oferece dicas de mixagem no Pro Tools 10. O editorial discute a evolução tecnológica na música e a formalização de técnicos de áudio como empreendedores. Além disso, aborda eventos como o Rio Music Conference e atualizações na legislação que beneficiam artistas e músicos.

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Edicao - M&T Mix para Destacar Intrumento Acustica 2 M&T

A edição de fevereiro de 2012 da revista 'Áudio Música & Tecnologia' destaca novidades do console Roland M-480 e oferece dicas de mixagem no Pro Tools 10. O editorial discute a evolução tecnológica na música e a formalização de técnicos de áudio como empreendedores. Além disso, aborda eventos como o Rio Music Conference e atualizações na legislação que beneficiam artistas e músicos.

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Ano XXIV - fevereiro/2012 nº245 - R$ 12,00 - www.musitec.com.

br

ROLAND M-480
Conheça as novidades do console que
é o coração do sistema V-Mixing

TÉCNICAS DE ESTÚDIO
Dicas e “macetes” de mixagem para destacar
C N I C A S DE instrumentos mais importantes
T É
I C R O F O NAÇÃO o
M
PRO TOOLS 10
it
adores e o efe
Transform magnético
eletro
Como usar o Clip Gain e obter mais velocidade na edição

RÉVEILLON EM COPACABANA + PEARL JAM


O som dos shows que agitaram o fim de ano no Rio
áudio música e tecnologia | 1
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 3
ISSN 1414-2821
eDItorIaL áudio música & tecnologia
ano XXIV – Nº 245 / fevereiro de 2012

O importante é o resultado
Fundador: Sólon do Valle

Direção geral: Lucinda Diniz


Edição técnica: miguel ratton
Edição jornalística: marcio teixeira
consultoria de Pa: carlos Pedruzzi

O uso cada vez mais intenso de recursos tecnológicos tem tornado nossas vidas muito
mais fáceis, sem dúvida. E isso não é de hoje. A invenção da escrita musical facilitou o coLaBoraram NeSta eDIção
trabalho do compositor porque possibilitou o registro de ideias que antes provavelmente alexandre cegalla, Daniel raizer, enrico
De Paoli, Fábio Henriques, Fernando
seriam perdidas. Não se pode negar que o aprimoramento das técnicas de execução e
Barros, Fernando moura, Lucas ramos,
a melhoria dos instrumentos acústicos foram fundamentais para o desenvolvimento da Luciano alves, omid Bürgin, renato muñoz
música “convencional”. O processo criativo é sempre dependente dos recursos que o ar- e ricardo Gomes.
tista dispõe para realizar a sua obra. Portanto, em princípio, tudo aquilo que pode ajudar
reDação
na elaboração e no desenvolvimento das ideias tem que ser bem-vindo. Bruno Bauzer, marcio teixeira
e rodrigo Sabatinelli
Há anos discute-se sobre até onde é válido o uso dos recursos de automatização da [email protected]
[email protected]
composição musical. Isto vem desde que surgiram os primeiros sequenciadores MIDI
e teclados de acompanhamento automático. Aliás, a polêmica, de certa forma, come- DIreção De arte e DIaGramação
çou bem antes, quando nos EUA tentaram proibir o uso do mellotron em gravações, client By - clientby.com.br
alegando que ele iria acabar com o emprego de muitos músicos. Frederico adão e taissa Buratta

assinaturas
Grande parte da música que se ouve atualmente foi produzida com instrumentos ele- Karla Silva
trônicos e softwares de composição que usam loops e clips prontos. Em alguns casos [email protected]
é difícil saber, por exemplo, se a bateria foi sequenciada ou realmente tocada por um
Distribuição: eric Baptista
baterista. Mas se o resultado final ficou bom, será que isto tem alguma importância?
Publicidade
No cinema a abordagem é bem diferente. Não há o menor pudor em usar a tecnologia mônica moraes
para criar imagens. A produção de imagens virtuais existe desde que se criou o de- [email protected]

senho animado e, com o aperfeiçoamento cada vez maior dos recursos de animação
impressão: ediouro Gráfica e editora Ltda.
gráfica, no futuro será difícil distinguir um personagem criado por software de um ator
de verdade. E isto nunca será um problema, já que um dos prêmios do Oscar é para áudio música & tecnologia
os melhores efeitos visuais. Ou seja, considera-se um mérito produzir uma ótima cena é uma publicação mensal da editora
música & tecnologia Ltda,
no computador em vez de filmar num local de verdade. cGc 86936028/0001-50
Insc. mun. 01644696
Existe muita gente tentando fazer música simplesmente arrastando loops em trilhas, Insc. est. 84907529
Periodicidade mensal
e o resultado quase sempre é de qualidade e conteúdo bastante discutíveis. Mas tam-
bém já ouvi coisas muito interessantes feitas no computador por pessoas sem for- aSSINaturaS
mação musical. É importante notar, por outro lado, que essa possibilidade de colar, est. Jacarepaguá, 7655 Sl. 704/705
alterar, reformatar e reprocessar um loop com facilidade tem despertado a curiosidade Jacarepaguá – rio de Janeiro – rJ
ceP: 22753-900
musical em muitas pessoas que, de outra forma, jamais se interessariam em produ-
tel/Fax: (21) 3079-1820
zir música. Em geral, são pessoas muito criativas e que acabam buscando um maior (21) 3579-1821
conhecimento de teoria musical para ampliar suas capacidades técnicas e artísticas. (21) 3174-2528
Banco Bradesco
ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
Talvez o problema seja de conceito. A questão não é dividir o espaço com os “não-
-músicos”, mas sim abrir novos espaços para outros artistas que estão descobrindo Website: www.musitec.com.br
que podem usar os sons para expressar suas ideias. Como tudo no mundo moderno,
a música também se pluralizou. Existem várias formas de manifestar a criatividade Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela
Fernando chinaglia Distribuidora S.a.
musical, seja tocando um violoncelo ou juntando clips de áudio num software. E um
rua teodoro da Silva, 907
processo não é necessariamente melhor ou pior do que o outro. Depende do resultado. rio de Janeiro - rJ - cep 20563-900

Não é permitida a reprodução total ou


parcial das matérias publicadas nesta revista.
Miguel Ratton
am&t não se responsabiliza pelas opiniões
de seus colaboradores e nem pelo conteúdo
4 | áudio música e tecnologia
dos anúncios veiculados.
áudio música e tecnologia | 5
60 adeus, 2011
réveillon em copacabana e show do
Pearl Jam na apoteose agitam fim de ano
na cidade maravilhosa
rodrigo Sabatinelli

72 Nas estradas e estúdios da vida


engenheiro, músico e produtor Luizinho mazzei con-
ta sua história no áudio profissional
rodrigo Sabatinelli

82 Gravando os sambas
escolas do grupo especial do rio de Janeiro es-

66
quentam as quadras, mesas e terreiros com o lan-
çamento do álbum Sambas de Enredo 2012
Fernando Barros

86 áudio e acústica
Intensidade do Som (Parte 2): Decibéis
m-480 omid Bürgin
conhecendo a nova mesa V-mixing da roland
renato muñoz 90 técnicas de estúdio
melhorando a sua mix: técnicas e “macetes”
para destacar ou dar mais punch a instrumentos
26 aquário: Studio S2
de maior importância
Bruno Bauzer
alexandre cegalla
32 No estúdio:alberto Vaz, que gravou as vozes
de Pedro mariano em seu novo álbum, revela 94 ableton Live
cuidados especiais acertando o ritmo: quantização
rodrigo Sabatinelli Lucas ramos

40 Notícias do Front 104 conexão Londres


a internet e a informação profissional: a impor- como fazemos (e escutamos) música nos
tância da rede para a revolução na troca de dias de hoje?
conhecimentos sobre áudio ricardo Gomes
renato muñoz
110 Pro tools
como usar o clip Gain no Pt 10
46 em casa
mais velocidade para sua edição
equipamentos para um home studio – Parte 5
Daniel raizer
outros Softwares de áudio (ardour, audacity,
reaper e traverso)
Lucas ramos
118 Sonar
configurações do Preferences do Sonar X1
(Parte 4)
54 técnicas de microfonação (Parte 12) Luciano alves
transformadores e o seções
efeito eletromagnético
Fábio Henriques editorial 2 notícias de mercado 6 novos produtos 6
primeira vista 12 review 20 aquário 20
no estúdio 34 notícias do front 44 em casa 26
áudio e acústica 50 técnicas de estúdio 86 ableton live 94
músico na real 98 conexão londres 104 pro tools 104
6 | áudio música e tecnologia sonar 110 classificados 118 índice de anunciantes 127
lugar da verdade 128
áudio música e tecnologia | 7
notícias De mercaDo

técnicos de áudio podem se tornar empreendedores


Em julho de 2009, entrou em vigor a legislação do programa Empreende-
dor Individual (EI), do Governo Federal, que é basicamente uma inovação
no sistema tributário que incentiva a formalização de negócios. Quando
surgiu, o programa não atendia as profissões de técnicos de áudio e de
luz, mas o quadro mudou recentemente graças à iniciativa de alguns
profissionais da área, que entraram em contato com o Congresso Nacio-
Divulgação

nal e realizaram diversas manifestações pela internet. Agora, com a for-


malização da profissão, vários técnicos poderão desfrutar de vantagens
como Cobertura Previdenciária, que inclui auxílio-doença, aposentadoria
por idade, salário-maternidade após carência, pensão e auxilio reclusão.

Todo o processo de formalização é gratuito, havendo, inclusive, isenção de taxas para o registro da empresa e
para a concessão de alvará de funcionamento. Cada empreendedor precisa apresentar uma única declaração de
faturamento por ano, sendo que este faturamento deve ser controlado mês a mês para que esteja sempre orga-
nizado. Vale ressaltar que, com a formalização, o empreendedor terá condições de obter crédito junto a bancos.

De acordo com o programa, empreendedor individual é a pessoa que trabalha por conta própria e que se lega-
liza como pequeno empresário. Para ser um empreendedor individual, é necessário faturar no máximo até R$
36 mil por ano, não ter participação em outra empresa como sócio ou titular e ter um empregado contratado
que receba o salário mínimo ou o piso da categoria. Mais informações sobre a legislação podem ser obtidas
em www.portaldoempreendedor.gov.br.

rio music conference: quarta edição a caminho


A próxima edição nacional do Rio Music Conference acontecerá entre
17 e 25 de fevereiro no Rio de Janeiro e será a maior de todas, de acor-
do com sua organização. O evento, tido como um dos principais dentro
do mundo da música eletrônica da América do Sul, será realizado na
Marina da Glória e terá uma programação repleta de seminários, deba-
tes, painéis e workshops espalhados ao longo de três dias. E se de dia
há conferências, à noite é hora dos shows em dois palcos simultâneos:
Copacabana, com os astros das pistas mundiais, e Ipanema, com as
principais tendências e artistas da vanguarda.

Voltando aos dias, a Feira de Negócios da edição nacional do Rio Music Conference é sempre precursora de
novas tendências e concentra os grandes lançamentos do mercado de música eletrônica e entretenimento
mundial. Nos estandes estarão se fazendo presentes agências de DJs, gravadoras, empresas de tecnologia
e equipamentos, hardwares e softwares, clubs, labels, DJ shops e rádios online, entre outros nomes ligados
direta ou indiretamente à música eletrônica e ao entretenimento.

O ambiente, propício para networking, oferece ainda o Village – espaço com bares, restaurantes, wi-fi, Busi-
ness Lounge e trilha sonora comandada por novos talentos. Os ingressos já podem ser adquiridos através do
site www.ingressorapido.com.br.

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áudio música e tecnologia | 9
notícias De mercaDo

SSL anuncia atualizações para o Nucleus


A Solid State Logic, visando acelerar a sua atividade
no âmbito das soluções de software e suporte a sis-
temas DAW em estúdio, anunciou uma atualização
para a sua superfície de controle Nucleus.

Quem tiver um Nucleus no seu estúdio ou está


pensando em comprar um poderá agora baixar
novos perfis de controle DAW que permitem tra-
balhar aplicativos cada vez mais completos, além
dos perfis de controle já existentes para o Pro To-
ols, Logic e Cubase/Nuendo, assim como qualquer
outro aplicativo DAW com suporte MCU ou HUI.

Qualquer usuário do Nucleus registrado no web-


site da SSL tem acesso a estas atualizações
através da seção “Download” da página, bastando ter o número de série à mão. Entre os downloads dis-
poníveis encontram-se a versão de software 1.5 para o Nucleus, o browser versão 1.06, o novo driver
para Mac Soundcard 2.00.05 e o driver IpMIDI na versão mais recente tanto para Mac quanto para PC.

Igualmente disponíveis no site da SSL estão as prometidas novas versões RTAS dos plug-ins Duende Native.
O lançamento destas novas versões RTAS coincide com o lançamento dos novos vídeos Duende Native Tour/
Tutorial Video, disponíveis no site da marca e no YouTube.

Senado aprova seguro-desemprego para artistas, músicos e técnicos


Voltando a falar sobre a legislação brasileira, outra boa notícia foi a aprovação, no último dia 21 de dezembro, do
projeto de lei da ex-senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que prevê a concessão de seguro-desemprego para
artistas, músicos e técnicos de espetáculos de diversão.

De acordo com a proposta, o profissional terá direito a um salário mínimo como seguro-desemprego por um
prazo máximo de quatro meses, de forma contínua ou alternada. Para isso, o beneficiário terá que comprovar
que trabalhou em atividades da área por, pelo menos, 60 dias nos 12 meses anteriores à data do pedido do
benefício e que não está recebendo outro benefício previdenciário de prestação continuada ou auxílio-desem-
prego. É necessário, ainda, que o profissional tenha efetuado os recolhimentos previdenciários relativos ao
período de trabalho e não possua renda de qualquer natureza.

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áudio música e tecnologia | 11
notícias de mercado

PEC da Música é aprovada


Mais uma novidade vinda de Brasília foi a aprovação no plenário, no dia 13 de dezembro de 2011, em segun-
do turno, da PEC da Música, que concede imunidade tributária a CDs e DVDs com obras musicais de autores
brasileiros. A proposta segue agora para apreciação, em dois turnos, no Senado Federal.

Aprovada por 393 votos a seis, a Proposta de Emenda à Constituição dá imunidade tributária a CDs e DVDs
produzidos no Brasil com obras musicais ou lítero-musicais de autores brasileiros e também àqueles com
obras interpretadas por artistas nacionais. A imunidade vai além dos produtos físicos, chegando também a
mídias ou arquivos digitais, como ringtones.

Para deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ), autor da proposta, há muito tempo o Brasil deve incen-
tivos à música nacional. De acordo com o político, com a aprovação do PEC, o material musical feito no
país ficará cerca de 25% mais barato, já que o ISS (5% do valor do produto) e o ICMS (cerca de 15%)
não farão mais parte da conta final. Acredita-se que a redução de impostos ajudará não só no combate à
pirataria, mas também como estímulo para que músicos iniciantes entrem no mercado e comercializem
seus CDs fora da informalidade.

Segundo o site da Câmara, a imunidade não se aplicará à etapa de replicação industrial do material. Isso
deve preservar a competição de outros estados com a Zona Franca de Manaus, onde a maioria das em-
presas do ramo se localiza.

Hutch Drums fecha as portas


Após seis anos e meio de vida, a luthieria Hutch Drums anunciou
o encerramento de suas atividades. O desfecho não era um desejo
de seu fundador, Ivan Copelli, que em nota oficial informou ter se
tornado inviável dar continuidade ao negócio graças ao aumento
dos custos de produção.

A Hutch Drums é responsável pela difusão da bateria de acrílico no


Brasil. Hoje o conceito tornou-se um pouco mais popular, como se
pôde comprovar em grandes festivais em que a empresa marcou
presença, como Rock in Rio e SWU. Edu Salviti, baterista da banda
de Rita Lee, foi um dos primeiros experimentadores das caixas Hutch.

Para o mercado musical, a empresa ainda continuará a fabricar, sob encomenda, biombos de acrílico para bateris-
tas. Dos antigos produtos ainda existem diversos em estoque, que serão vendidos a preços abaixo do mercado.

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novos ProDutoS | Fernando Barros

Yamaha atualiza console


A Yamaha apresentou ao mercado a atualização de seu
console digital de gravação 01V96i, que conta com 16
canais de transmissão de áudio a 96 kHz via conexão USB
bidirecional. Compatível com Mac e PC, a mesa também
aceita expansões multicanal por meio de placas de som
ou ADAT. Este mixer digital foi concebido para integrar
todas as estações de trabalho do usuário, e, assim, criar
um ambiente completo de produção e mixagem.

Sua tecnologia VCM (Virtual Circuitry Modeling) propor-


ciona efeitos comparáveis aos dos equipamentos analó-
gicos, porém em um eficiente fluxo de trabalho digital.
Estes são os mesmos efeitos encontrados nos modelos
topo de linha da empresa. Pré-instalados e prontos para
usar, os plug-ins VCM dão um toque delicado e clássico
às produções. O console vem também com o software de
gravação e sequenciamento Cubase AI.
Divulgação

www.yamaha.com
br.yamaha.com

uma interface que vai bem além do básico


A interface de áudio Motu 4Pre promete flexibilidade e um som de
alta qualidade em qualquer situação, seja em pequenas gra-
vações ou como complemento de um trabalho maior. Com ela

Divulgação
é possível, por exemplo, gravar e mixar vocais e guitarras de
dois músicos simultaneamente, um kit completo de bateria
ou mesmo vocais principais e harmonias ao mesmo tempo.
Cada entrada tem o seu próprio controle de volume.

Os canais um e dois recebem sinais de linha, como sintetizado-


res e teclados. O terceiro e o quarto possuem uma impedância apropriada
para receber guitarras ligadas diretamente, sem amplificadores ou processadores
de efeitos. Isto permite que o som limpo da guitarra chegue ao computador e então sejam
aplicados efeitos e distorções com nível maior de detalhes.

A interface híbrida permite conexão de alta velocidade tanto com Mac quanto PC via FireWire ou USB 2.0. Seu pequeno ga-
binete pode ser facilmente colocado dentro de uma mochila ou ao lado no notebook na hora do trabalho. O chassi reforçado
de alumínio torna a 4Pre leve, durável e resistente aos rigores dos palcos, estúdios e turnês.

www.motu.com

14 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 15
novos ProDutoS

Linha compacta Soundcraft

Divulgação
Mesmo com seu tamanho reduzido, a mesa Soundcraft Si
Compact chega ao mercado oferecendo tecnologia sonora,
versatilidade e um belo desempenho em grandes instala-
ções e produções musicais. São dois modelos: Si Compact
24, com 24 entradas mic/line XLR, e Si Compact 32, que
possui 32 entradas, sendo essa a única diferença entre os
dois. Ambos têm 40 canais totais de mixagem.

Os modelos integram também quatro processadores de


efeito estéreo Lexicon, tela colorida sensível ao toque
(que facilita o acesso à configuração de efeitos), escolha
de inserts, patch de canais e armazenagem de até mil
cenas. Tudo isso acompanhado por um total de 18 auxilia-
res (quatro dedicados para os efeitos e 14 livres), quatro
matrizes, quatro grupos de mute e tecnologia Fader Glow,
que deixa os faders coloridos quando mudam de função.

Os equipamentos possuem duas entradas estéreo, uma


entrada e saída digitais AES/EBU, quatro conexões de in-
sert analógicos (send/return), 16 saídas balanceadas XLR
e todos os recursos de uma mesa de grande porte: +48 V,
inversão de polaridade, corte de graves, gate, compressor, equalizador de quatro bandas e delay para todos os canais de entrada. Todas as
saídas possuem inversão de polaridade, compressor, equalizador de quatro bandas, delay e equalizador gráfico de 28 bandas, tudo pronto
para ser usado. A expectativa da fabricante é a de que o design compacto, o fácil acesso aos controles das entradas e saídas e a simplicidade
do sistema conquistem o consumidor brasileiro.

www.harman.com
www.soundcraft.com
www.selenium.com.br

audix lança novo microfone para medição


O TM1 é um microfone do tipo condensador, com cápsula de seis milímetros pré-po-
larizada, para aplicações de testes e medição. Segundo seu fabricante, ele apresenta
linearidade, resposta exata, consistência, facilidade de uso e acessibilidade. Com o pa-
drão polar omnidirecional uniformemente controlado, o TM1 é projetado para capturar
medições acústicas com programas de análise de ambientes, analisadores de tempo
real e outros dispositivos de controle de som.

Com uma eletrônica interna de baixo ruído e resposta de frequências extremamente


plana, de 20 Hz a 25 kHz, o microfone é indicado para engenheiros de áudio, empresas
de sonorização e profissionais de gravação. O TM1 possui impedância de 200 ohms e
opera com alimentação phantom (18 a 52 volts).

www.audixusa.com
www.madeinbrazil.com.br
Divulgação

16 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 17
novos produtos

Steinberg apresenta sistema modular de controladores


A série CMC, da Steinberg, é composta por seis

Divulgação
controladores alimentados via USB, que podem ser
combinados individualmente para formar uma mesa
de controle customizada. Existe um dispositivo para
cada função, seja para criação de ritmos, edição ou
mixagem. Cada uma das pequenas unidades apre-
senta um conjunto de botões luminosos projetados
para cumprir as mais diversas funções de controle do
Cubase. A adoção dos ícones e do sistema de cores
originais do software faz com que o usuário se sinta
“em casa”, o que acaba acelerando os processos de
gravação, edição e mixagem.

Os módulos CMC possuem dispositivos de toque de


alta precisão. O CMC-FD e o CMC-CH dispõem de funcionam diretamente com o Cubase, sem qualquer confi-
faders de toque de até 1024 passos com LEDs integrados, guração adicional. Quem adquire um controlador CMC pode
enquanto que o CMC-TP possui um controle deslizante de efetuar o download exclusivo do Cubase AI, uma versão es-
toque multifuncional. pecial do popular sistema de produção musical.

Adquados para serem usados também em viagens, por yamaha.com.br


serem pequenos e alimentados via USB, os controladores www.steinbergbrasil.com.br

Proteção e desempenho na Direct Box DN-100


Considerada a sucessora do modelo LBB100, a Direct Box DN-100,
fabricada pela Klark Teknik, conta com um corpo em alumínio re-
sistente, protegendo toda a parte eletrônica, que por sua vez é
revestida por uma grossa camada de borracha siliconada. Esta bor-
racha já vem disponível com o produto, porém pode ser substituída
a qualquer momento, funcionando como uma peça de reposição.

Segundo o fabricante, com a remodelagem a Direct Box oferece


ampla faixa dinâmica, menor ruído e alto desempenho. A DN-100
foi desenvolvida para aguentar os rigores de turnês e eventos e
também conta com uma trava de segurança Kensington, que per-
mite prender o equipamento através de um cabo tipo MicroSaver
Divulgação

Kensington, muito usado em notebooks.

www.klarkteknik.com
www.proshows.com.br

18 | áudio música e tecnologia


Powersoft Q-4004 e a “amplificazione” feita pra durar
O amplificador de potência Q-4004, da Powersoft, foi de-
Divulgação

senvolvido para ser usado em turnês, concertos e insta-


lações fixas. Fabricado integralmente na Itália, o equipa-
mento tem componentes e peças internas selecionadas
cuidadosamente para garantir qualidade e durabilidade,
segundo a ProShows, sua representante no Brasil.

O Q-4004 possui ainda uma fonte universal proprietária


com o recurso de correção de fator de potência, faci-
litando a compatibilidade com as correntes alternadas
encontradas ao redor do mundo. Outras características
são o filtro de saída, com circuito de cancelamento de
ripple, entradas balanceadas Neutrik do tipo combo,
conectores de saída Speakon, filtros HP, LP e BP, limiter
e ainda um ventilador com velocidade contínua ou vari-
ável com fluxo de ar da frente para trás.

www.powersoft-audio.com
www.proshows.com.br

EAW lança gerenciador de PA

Divulgação

O UX-8800, da EAW, é um gerenciador de sistemas voltado para utilizações em PA com capacidade dual mode. Cada unidade
possui quatro entradas, oito saídas e o produto adapta-se tanto para ser utilizado para processar uma única caixa quanto
para um sistema inteiro.

Através do painel frontal é possível ter acesso a todos os controles operacionais mais comuns. Já as configurações mais
avançadas são afinadas pelo software EAWPilot, que acompanha o equipamento e que, para ser utilizado, deve ser instalado
num computador conectado via porta RJ45 no painel frontal.

O UX-8800 é dotado de limiter com ajustes avançados para proteção de driver e melhor desempenho sonoro, entradas di-
gitais respeitando as conexões AES/EBU e padrão de áudio digital U-Net, da EAW.

www.eaw.com
www.proshows.com.br
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20 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 21
PRIMEIRA VISTA | Fernando Barros

A77X
O monitor Adam Audio que promete se tornar referência
Divulgação

O novo A77X, da Adam Audio, promete se tornar um divisor dois são responsáveis pelos graves até 400 Hz, mas apenas
de águas de verdade. O modelo é equipado com as mesmas um reproduz frequências médias, para evitar interferências
tecnologias avançadas do A7X e é muito parecido com os entre eles. Cada alto-falante tem seu próprio amplificador
monitores de duas vias. No entanto, se distingue pelos altos dedicado. O tweeter X-ART é acionado por um amplificador
níveis de pressão sonora e dinâmica. Devido às suas carac- classe AB de 50 W, enquanto cada um dos woofers é aciona-
terísticas de potência e radiação, é adequado para monito-
do por um amplificador PWM de 100 W.
ração a curta ou média distâncias.

O painel frontal inclui um interruptor de alimentação e um con-


Como todos os modelos da série AX, o A77X apresenta o tweeter
trole de volume. O painel traseiro possui controles de ganho para
X-ART (Accelerating Ribbon Technology), com transdutor de fita
as frequências altas e filtros para as frequências altas e baixas.
que possui resposta de frequência estendida até 50 kHz e maior
eficiência nos níveis máximos de pressão sonora. Os dois woofers
de sete polegadas são idênticos aos do A7X. Com suas grandes Para garantir uma maior compatibilidade, o equipamento dis-

bobinas e poderosa amplificação, eles são capazes de reproduzir põe de conectores XLR (balanceado) e RCA (não-balanceado).
altos níveis de pressão sonora, bem como registros muito graves.
www.adam-audio.com
Os woofers não cobrem as mesmas faixas de frequências. Os www.sotex.com.br

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áudio música e tecnologia | 23
PRIMEIRA VISTA | Alexandre Cegalla

Sennheiser
MK4 Relação custo-benefício é
trunfo de novo modelo

A Sennheiser lança no mercado o MK4, seu primeiro micro- Além disso, por ser unidirecional, o MK4 é uma boa alter-
fone condensador “side-address” – ou seja, capaz de captar nativa para gravações em que se deseja rejeitar o máximo
o som pela lateral, em vez de pela ponta. Fabricado na Ale- possível a ambiência da sala ou o vazamento do som de ou-
manha, o MK4 possui diafragma grande e captação do tipo tros instrumentos. O microfone oferece ainda uma amplitu-
cardióide (o padrão polar é fixo), medindo 57 mm de diâme- de dinâmica de 130 dB e apresenta impedância nominal de
tro e 160 mm de comprimento, com peso de 485 gramas. O aproximadamente 50 ohms.
microfone apresenta uma resposta de frequências de 20 Hz
a 20 kHz e conta com uma cápsula de uma polegada, que é Segundo a Sennheiser, o microfone possui um nível de ruído
baseada na sonoridade do condensador Sennheiser e965. O bastante baixo – apenas 10 dB (A) – e foi desenvolvido tanto
seu diafragma é feito com uma placa de 24 quilates de ouro. para estúdios de pequeno e médio portes quanto para apre-
sentações ao vivo. Vale lembrar que, por ser condensador, o
De acordo com o fabricante, o MK4 apresenta um som cheio, MK4 necessita de alimentação phantom de 48 volts.
com médios destacados e graves detalhados, o que o torna
perfeito para gravações de voz. De fato, numa comparação Junto com o Sennheiser MK4 vem o prendedor de microfones
realizada na internet entre o MK4 e outro condensador de MZQ 4 e uma bolsa para guardá-lo. A suspensão elástica MKS
um concorrente do mesmo nível de qualidade e preço seme- 4 e outros itens acessórios, como o pop shield MZP 40 e o
lhante, o microfone da Sennheiser se saiu melhor, deixando o windscreen MKW 4, são vendidos separadamente.
vocal mais cheio e com mais presença.
Se você procura um microfone condensador unidirecional
Mas mesmo tendo sido concebido com o foco nos vocais, o que ofereça um som de alta definição, com bom acabamento
MK4 é versátil o suficiente para ser utilizado em diversas si- e componentes de qualidade, que se saia bem em diversas
tuações, uma vez que suporta nível de pressão sonora (SPL) aplicações e cujo custo-benefício seja atraente, vale a pena
de até 140 decibéis. Overheads de bateria ou instrumentos conferir o Sennheiser MK4.
de corda, como violões ou piano, são aplicações que exigem
clareza e detalhe na captação do som, e nas quais este pro- www.quanta.com.br
duto da Sennheiser pode se sair muito bem. www.equipo.com.br

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áudio música e tecnologia | 25
review Rodrigo Sabatinelli

Paraphernália - Ritmo Explosivo (Pimba)


Finalmente o grupo Paraphernália, que nos últimos anos agitou a noite alternativa do Rio de
Janeiro com apresentações antológicas, lança seu primeiro CD. Ritmo Explosivo, o disco em
questão, marca a estreia da banda na indústria fonográfica e também representa a volta de
Ricardo Garcia, mago da masterização no Brasil, ao universo da produção musical.

Gravado em sistema analógico e praticamente ao vivo no estúdio, o trabalho conta ainda


com o talento do engenheiro de gravação e mixagem Duda Mello, indicado ao Grammy
Latino em 2005 pelo seu trabalho em Jet-Samba, de Marcos Valle, e produtor do aclamado
Liebe Paradiso, de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos.

Com 11 composições inéditas, que vão do instrumental pop e dançante – livre de conven-
ções e virtuosismos – ao universo da música latina e africana, do jazz, do samba, do funk
e da psicodelia, passando pelas trilhas sonoras cinematográficas e de séries de TV criadas
entre os anos 1960 e 1980, Ritmo Explosivo é um disco para pessoas de bom gosto. Ou melhor, de muito bom gosto. Sua sonoridade
bastante própria vai encher os olhos dos audiófilos.

Alex Martinho – Universo Em Mim (Independente)


O guitarrista Alex Martinho reuniu em seu novo CD, Universo Em Mim, lançado de forma
independente no final do ano passado, um verdadeiro time de feras da música. Nas 11
canções que compõem o trabalho estão, entre outros, baixistas como Jorge Mathias, Fa-
bio Lessa, Juliano Candido e Arthur Maia; bateristas como Rodrigo Martinho e violonistas
como Daniel Sant’Anna, além do cantor Rafael de Castro.

Produzido pelo próprio Alex, Universo Em Mim foi gravado por ele e por Rodrigo Martinho
na Escola Música Moderna e no estúdio El Sonoro, com gravações extras nos estúdios
QG e Creative Sound. A mixagem e a masterização foram feitas por Ricardo Nagata no
Creative Sound. Do repertório do disco, destaque para Contradição, que abre o set, Alma,
A Chama Se Apaga e Saudade.

Vinicius Rosa – S.H.E. (Independente)


Quem também não deixou por menos e fez um trabalho acompanhado por grandes ins-
trumentistas foi Vinicius Rosa. Em S.H.E., lançado em novembro de 2011, ele se juntou
aos baixistas André Vasconcellos e Dunga, aos bateristas João Vianna, Sergio Melo e
Daniel Gordon, ao pianista Renato Fonseca e ao saxofonista Milton Guedes, entre muitos
outros, para destilar, num repertório de dez canções, riffs, levadas e solos marcantes.

Embora seja um guitarrista extremamente técnico, o diferencial de Vinicius está na for-


ma como “dialoga” com as harmonias. No lugar de sequências intermináveis e velozes,
a emoção das poucas e perfeitas notas, algo que fica ainda mais valioso em músicas
como Luiza, sem dúvida alguma a mais bela do disco, e em Tchau, essa um pouco mais
“pra frente” que a outra.

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áudio música e tecnologia | 27
Aquário | Bruno Bauzer

Studio S2
T
endo como principal objetivo oferecer a gundo Mike, desde a construção até a adição e
clientes dos mais diversos seguimentos renovação dos equipamentos foram investidos em
um padrão de excelência em gravação, o torno de R$ 300 a 400 mil. “Na realidade, o estú-
Studio S2, localizado em Vila Velha, Es- dio não é bem grande, mas somos conhecidos pelo
Mike Diniz

pírito Santo, rodeado por bons restaurantes e a fato de o nosso som ser grande demais para as
poucos minutos da praia, nasceu de uma socieda- dimensões do estúdio. Temos uma sala técnica de
de entre Samuel França e Val Martins no ano 2000. 4,5 m por 3,3 m; o aquário, onde gravamos batera
e voz, com 3,1 m por 2,6 m; e um hall de 1,7 m
Com o ingresso dos atuais sócios e donos Marcos Fa- por 2,7 m onde podemos gravar instrumentos de
brizio e Mike Diniz na equipe, o estúdio ganhou novas sopro, além de recepção, cozinha e banheiro.”

instalações e modernos equipamentos. “O projeto de


acústica foi idealizado nos EUA por um grande amigo
de Val Martins. Depois foram chamados profissionais
qualificados para toda a obra para a projeção das
plantas e o cabeamento, que levou aproximadamen-
te oito meses até a finalização”, nos conta Mike Diniz,
que é cidadão americano e viveu durante 25 anos na
terra do Tio Sam. Sempre que viaja aos EUA, Mike
volta buscando nivelar a qualidade do S2 ao de estú-
dios internacionais que visitou.

DENTRO DO S2

Além de donos, Mike e Marcos são técnicos e en-


Mike Diniz

genheiros. A paixão pela música foi o que fez com


que estejam nesse ramo há quase dez anos. Se-

Batera devidamente microfonada: estúdio é conhecido


pelo som grande demais para o seu tamanho

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áudio música e tecnologia | 29
Aquário

“As salas do nosso estúdio foram preparadas e iso- po, nós, que trabalhamos com estúdio, busca-
ladas para uma sonoridade bem equilibrada. O tra- mos equipamentos de alto padrão e boa relação
tamento acústico é baseado em gesso acartonado, custo-beneficio. Poderia citar várias marcas, entre
lã de rocha, madeira e painéis revestidos por te- elas Universal Audio, SSL, Empirical Labs, Amek,
cido”, afirma Mike. “Temos aqui tecido ortofônico, Focusrite e PreSonus.”
eucatex perfurados, estrutura em sarrafos de 5
x 2, base de compensado de 4 mm, lã de vidro, O estúdio não se prende a nenhum estilo musical
placas de compensado, piso de madeira flutuan- específico. Apesar de haver uma grande clientela de
tes, areia, borrachas, portas com 4 1/2 polegadas música gospel, artistas de pagode, rock, música pop
e outras coisas que não consigo lembrar no mo- e sertanejo também procuram o Studio S2, que tem
mento”, conclui o americano, listando os diversos sido a base de diversos trabalhos de artistas do Espí-
materiais que foram utilizados para a construção. rito Santo e onde atualmente há uma série de proje-
tos fonográficos em andamento.
O Studio S2 oferece diversos serviços, dentre os
quais estão gravação, mixagens, masterização de

Mike Diniz
CD e DVD 2.0 e 5.1. O espaço possui uma unidade
para gravação em até 48 canais em Pro Tools HD
3 com interface 192 e 32 canais de prés tops de li-
nha. O S2 também conta com a unidade móvel, um
caminhão Iveco 2010. “Esse é um projeto que nós
mesmos realizamos. Foi um sonho”, ressalta Mike.
Mike Diniz

Unidade móvel S2: um sonho que virou realidade

ALTO PADRÃO COM BOM


CUSTO- BENEFÍCIO

Quando perguntado sobre quais equipamentos


Mike Diniz

considerava mais importantes, Mike diz que o que


vale mesmo é ter qualidade. “Ao longo do tem-

O Avalon sp737 e as mesas Presonus


StudioLive marcam presença no S2

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áudio música e tecnologia | 31
Aquário

ATUALIZAÇÃO CONSTANTE

Para o futuro, os donos do estúdio não possuem


nada em mente, mas afirmam se manterem atentos
às atualizações do mercado. “É difícil manter um es-
túdio sempre em sintonia perfeita com os avanços,
pois a tecnologia muda a todo o momento, mas essa
é a diferença entre um home estúdio e um estúdio
de alta qualidade. Os clientes estão sempre exigindo
coisas novas e nós temos a obrigação de seguir ofe-
recendo o melhor para nossos clientes.”

Analisando o mercado atual, Mike dá uma dica de


como seguir forte e ser competitivo no segmento.
“Conhecimento e qualidade são fundamentais não

Mike Diniz
apenas para encontrar e manter um padrão de som,
mas para ultrapassar esse padrão. É necessário sem-
pre estar melhor do que antes, e não somente em Sala de recepção: estrutura do estúdio tem permitido
nível nacional, mais, sim, internacional”, encerra. sucesso junto a artistas do Espírito Santo

LISTA DE EQUIPAMENTOS

Gravação: Computadores:
Pro Tools HD 3 Mac G5 Quad Core
Digidesign Control 24 Power Mac G5 Dual
Universal Audio 2610 Stereo (2) Mac Book Pro Quad Core
HHB Radius 40
Digidesign 192 Microfones:
SSL Xlogic Neumman U87
Avalon sp 737 Neumman KM 184
Empirical Labs EL8 Distressor Rode NTA-1
Empirical Labs Fatso Jr (2) MXL v69 Edition
System Neve Pres 9098 (2) Sennheiser MD421 (4)
Joemeek TwinQ Shure SM-57 (6)
Presonus Blue Tube 4 canais Shure Beta 57 (3)
Audio-Technica 2040
Monitoração: Shure SM 81 (2)
Yamaha NS10 Shure Beta 52A
Genelec 1031A AKG D112
KRK Rokit 6” [para 5.1]
KRK Rokit 8” Instrumentos:
Presonus Central Station Pearl Drum
DW Custom Gold Series
Violões Gibson

Quer ver seu estúdio na Aquário? Envie um resumo sobre dele para
redaçã[email protected], informando, ainda, seu e-mail e telefone para contato.

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áudio música e tecnologia | 33
No eStúDIo | rodrigo Sabatinelli

rodrigo Sabatinelli
saGrada e
idolaTrada
VoZ
ALBERTO VAZ, QUE GRAVOU AS VOZES DE PEDRO MARIANO EM 8,
SEU MAIS RECENTE DISCO, REVELA CUIDADOS ESPECIAIS

C
omo diz o nome, 8 é oitavo CD de carreira de Pedro versou conosco via internet foi Pedro Mariano, que revelou
Mariano. Produzido pelo próprio músico em parceria participar de todas as etapas das produções de seus discos
com Otávio de Moraes e Conrado Goys, o trabalho teve – da gravação à masterização.
vozes gravadas por Alberto Vaz, responsável pela ope-
ração do PA do artista em diversas ocasiões. Alberto tam- U87 É O ESCOLHIDO PARA REGISTRO
bém mixou o disco, que teve parte de suas bases gravadas
no estúdio de Otávio, em São Paulo. Alberto Vaz: Acho que o Pedro já gravou voz com todos
os tipos de microfones. Mas, particularmente, acho que
“Nunca tinha trabalhado com o Pedro em estúdio. Só na a voz dele soa bem em qualquer um. Tem gente que é
estrada. Mas nós nos conhecemos há tanto tempo e temos assim: não importa o microfone ou o pré – sempre soa
um respeito tão grande um pelo outro, que foi muito fácil bem. Eu escolhi o U87 porque é um microfone que uso há
gravar e mixar o seu trabalho. Foram poucos os momen- mais de 12 anos e sei exatamente o que esperar dele. Eu
tos de diferença de opinião, e, mesmo assim, as soluções sabia que ia ficar perfeito na voz do Pedro e com o som
para esses problemas eram discutidas da forma mais leve que nós estávamos buscando.
possível”, conta o técnico.
Eu ainda ia tentar uns outros microfones, mas, quando li-
Por e-mail, de Nashville, onde mora atualmente, Alberto guei o 87 e ele cantou o primeiro compasso, já ficou esse
nos contou um pouco mais sobre a gravação de voz do mesmo. Na verdade, tento ser prático com essas coisas.
trabalho e sua mixagem, num papo em que a tecnologia e Se está soando bem, não fico procurando o microfone que
suas aplicações foram a grande tônica. Quem também con- vai fazer toda a diferença do mundo, até porque o que faz

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áudio música e tecnologia | 35
No eStúDIo

diferença é a voz, o artista. As pessoas gastam muito tem- Pedro Mariano: Nem sempre usamos o mesmo microfone
po procurando problemas com cápsulas, cabos, válvulas e para gravar as vozes. Normalmente escolhemos o micro-
prés. Eu tento gastar meu tempo escutando a música. fone que tem uma relação com a sonoridade do disco. O
som da sala tem que ser levado em consideração. Sempre
Eu já usei o U87 para tudo! Bumbo e tons de bateria, in- faço uma série de tomadas com os microfones disponíveis
clusive. Sempre o uso em violões e guitarras. Por sinal, em e escolhemos aquele que mais se adapta a esses quesitos.
Nashville, acho que 90% das guitarras são gravadas com
um dinâmico e um U87. E ele é, também, um clássico para A afinação e a interpretação são, para mim, extremamente
vozes. É claro, tem o brilho que eu gosto, um brilho freak, importantes, mas, acima de tudo, o que mais me importa é
mas tenho que confessar que adoro alta frequência na voz, que os takes sejam naturais. Tento trazer para a tomada de
aquele “aar” mesmo, tipo 11K. Não é exatamente o que voz toda a energia de um take “ao vivo”. Para mim, tem que
o 87 faz, mas ele tem seu brilho, que já ajuda na hora de haver interpretação e muita energia. A afinação é obrigação.
mixar. E por ser um microfone de cápsula grande, tem uma
excelente extensão de espectro. GRAVES SÃO DESTACADOS COM MICROFONE

Alberto: Acho que minha principal preocupação era captar


arquivo Pessoal alberto Vaz

o timbre da voz do Pedro. Nesses anos todos, sempre tentei


reforçar os graves, que talvez não sejam a parte mais óbvia
do timbre da voz dele, mas que, na minha opinião, são a par-
te mais interessante. E quando ouvi ele cantando no 87, foi
perfeito. Era o que eu estava procurando. Acho que o micro-
fone não interferiu ou reforçou o que eu tinha em mente. Na
verdade, o microfone não foi alterado de forma alguma. Não
usei corte para gravar voz e também não atenuei o microfone.

Usei o microfone na figura cardioide. É muito raro eu usar al-


gum outro tipo de figura para gravar voz. Às vezes, uso omni
ou 8 quando gravo coro, mas em 99% das vezes eu gravo
voz principal em cardioide. Em algumas gravações que fiz no
passado, usei microfones de fita na voz e, aí sim, usei figura
8, mas porque o microfone é assim e não tem como mudar.
Mas é muito raro eu usar um microfone de fita para gravar
voz. Como disse antes, eu curto um brilho freak, um ar freak.
arquivo Pessoal alberto Vaz

O U87, escolhido para registrar as vozes Alberto Vaz gravou as vozes e mixou o disco de
de Pedro Mariano: com o microfone, Pedro Mariano: dupla, que trabalha junta na
graves foram valorizados estrada, pôde reeditar parceria em estúdio

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Dani Gurgel
No eStúDIo

POUCA EMISSÃO GARANTE CHARME NAS CANÇÕES

Alberto: Gosto muito quando o Pedro emite pouco a voz. O


timbre fica muito cheio e dá para ouvir todos os detalhes da
voz dele. Na música Perdoa foi assim. Em outras também.
Lembro de pedir para ele cantar mais baixinho e de dar bas- No detalhe, a técnica do estúdio de Conrado Goys, um
tante ganho no pré. O som ficou lindo! Devo lembrar que é dos produtores do disco 8, de Pedro Mariano
muito difícil afinar cantando assim, pois, normalmente, não se
tem ar suficiente para sustentar as notas. Mas se tem alguém
O pré Neve 1081 é um clássico! Um pouco diferente do tão
que sabe fazer isso bem, é o Pedro. Por sinal, em nenhum
famoso 1073. Se não me engano, o 1073 tem dois amplifi-
momento usamos qualquer tipo de afinador de voz nesse dis-
cadores de entrada em série trabalhando com um atenuador
co. Nada de Auto-Tune, Melodyne ou qualquer coisa parecida.
chaveado, e o transformador de saída é classe A. O 1081 tem
O que está lá foi o que ele cantou. Eu achei isso ótimo. Não
só um amplificador de entrada com ganho chaveado e um
perder tempo consertando é realmente um maravilha!
transformador de saída classe AB. Com tudo isso dito, os dois
são sensacionais, como tudo o que é feito pela Neve. São só
PROCESSAMENTO CLÁSSICO COM PRÉS NEVE “sabores” diferentes. Não tem um melhor que o outro. Eu
adoro esses prés Neve e os uso sempre que posso. Por algu-
Alberto: Durante a gravação de vozes usei só o microfone e
ma razão, não costumo usar prés valvulados. Acho que eles
um pré Neve 1081. A saída do pré foi ligada diretamente na
deixam as coisas meio frouxas e não é isso o que eu procuro.
interface Motu 192HD. Geralmente gravo voz com um 1176 ou
Os prés Neve somam uma presença muito interessante na
um LA-4, ambos compressores Urei, mas dessa vez não senti a
voz e têm uma “coloração” muito particular e agradável.
necessidade. Também não equalizei nada. Achei melhor dessa
forma, já que estava mixando em outra sala e tinha que ir para
o estúdio de gravação fazer as vozes. Achei mais seguro deixar
MIXAGEM DE VOZ INFLUENCIADA
qualquer outra alteração para ser feita durante a mix. POR TOQUES DE AMIGO

Alberto: O meu jeito de mixar voz, em geral, é bem di-


ferente. Aprendi tudo que sei sobre voz com um grande
arquivo Pessoal alberto Vaz

amigo meu, que se chama Dana Jon Chappelle. Ele gravou


e mixou quase tudo da Mariah Carey e, além disso, mixou
Whitney Houston, Gladys Knight, Peabo Bryson, entre ou-
tros. Sempre que tenho uma chance, passo horas fazendo
perguntas para o Dana e, aos poucos, vou aprendendo mais
e mais. A primeira coisa que aprendi com ele é a importân-
cia da automação. Não adianta comprimir a voz para con-
trolar a dinâmica. O que se deve fazer é usar a automação
para fazer com que cada sílaba fique clara. Eu uso o com-
pressor como uma ferramenta para somar timbre. Nunca
tento controlar a dinâmica dessa forma. É claro que se tem
um compressor insertado no canal, ele vai controlar a dinâ-
mica, mas nunca ao extremo, como faço com a automação.

Na voz do Pedro, usei um Neve 33609. É um compressor dos


anos 1970 muito usado no mix bus para comprimir o L/R. Eu
mesmo nunca tinha pensado em usá-lo para qualquer outra

Na imagem, entre outros equipamentos, o Purple Audio


MC77 Mono Limiter e a interface Motu 192HD: nesta
última a saída do pré foi ligada diretamente durante a
gravação de vozes, que não receberam equalização
No Estúdio

finalidade, mas influenciado pelo meu amigo Dana, tentei em In the Air Tonight. Vale a pena testá-lo.
uma vez e fiquei viciado! Na verdade, comprimo pouco nele,
no máximo uns 3 dB. Mas tudo acontece quando ele entra no Esse disco tem uma característica muito interessante: to-
caminho da voz. Como eu uso uma compressão com ataque das as vozes foram gravadas depois que a base estava mi-
lento, tento achar o ponto em que a compressão começa a xada. Para mim, foi uma novidade, e realmente não é a
cortar o grave da voz, e, aí, volto um pouco. Muita compres- coisa mais comum de ser feita. Mas, de certa forma, isso
são faz as coisas ficarem mais magras! dá muito certo. Acho que por já saber como a base vai
soar, o cantor se encaixa automaticamente naquele clima. E
Como essa mix foi feita quase toda “in the box”, além do quando o cantor é produtor do disco, fica mais fácil, porque
33609, usei dois plug-ins da Waves insertados na voz. Um a gente já mixa do jeito que ele quer ouvir. Foi impressio-
C4 antes de sair do Pro Tools e um EQ SSL na volta. O C4 nante a velocidade com que gravamos as vozes e como os
é um compressor multibanda, e usá-lo é quase trapacear! takes já vinham prontos! Foi só importar os arquivos para a
Você acha as regiões da voz e as comprime individualmen- sessão de mixagem e já estava praticamente tudo pronto.
te, conseguindo, assim, “arredondar” o timbre. Eu uso, em
geral, um shelving acima de 5K e faço um pico em 11K. Pedro: Sempre participo das mixagens, pois como sem-
Tudo moderado, pois o exagero pode gerar desastres. pre assinei as produções dos meus discos, fico até o fim
de tudo. Gosto da mixagem. Procuro sempre respeitar o
Esse disco tem pouco reverb. E o principal efeito que usei técnico de mixagem e deixá-lo trabalhar. Depois, juntos,
foi o bom e velho doubler. Não para criar um efeito de do- fazemos os ajustes. Já a edição não é o que mais gosto,
bra, mas, sim, para criar um espaço diferente para a voz. mas é uma parte muito importante, pois pode arruinar todo
Usando o doubler eu consigo um efeito “estéreo” na voz e o projeto. Não gosto de nada “pasteurizado.” Na minha opi-
trago ela mais para a frente. Não é nenhum mistério: um nião, é melhor investir sempre em uma tomada fora de
double qualquer com um lado afinado -2 comas e o outro série, levando o tempo que for, do que salvar na edição.
+2 comas. E um delay diferente de cada lado. Eu uso 20 ms
e 30 ms. Vou mandando a voz via auxiliar para esse doubler AGUDOS MANTIDOS NA MASTERIZAÇÃO
até começar a escutar o efeito de dobra. Depois, volto um
pouco a “mandada” e vou fazendo um A/B entre o som da Alberto: Eu estava muito preocupado com a masterizção
voz com efeito e sem o efeito. É para ser uma diferença porque tenho meu jeito de mixar e, às vezes, quem masteriza
sutil. Se bem que, na música Sei Lá Eu, exageramos nesse se assusta com os agudos, principalmente na voz, e não sabe
efeito, que é algo tipo o que usaram na voz do Phil Collins o que fazer com aquilo. Eu liguei para o Mike, en-
genheiro que masterizou o disco em Miami, e falei
Arquivo Pessoal Alberto Vaz

para ele: “tenha muito cuidado com os agudos!


Eles são assim mesmo e são para ficar assim!”.
Acho que ele gostou. A masterização ficou ótima
e transparente. Outra exigência era que não com-
primisse demais o trabalho. Eu realmente não
entendo essa guerra de volume que anda acon-
tecendo por aí. Acho que ouvir música extrema-
mente comprimida e saturada é algo cansativo.
Ninguém consegue ouvir música durante muito
tempo dessa forma. Então, pedi para que a mas-
terização fosse a mais alta possível, sem distorcer
ou mudar o som, e que, se alguém quisesse ouvir
mais alto, que usasse botão de volume do som de
casa, do carro ou do iPod!

Alberto Vaz e o produtor Conrado


Goys durante a mixagem do disco:
resultado final do trabalho privilegia
a qualidade, e não o volume
40 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 41
NotÍcIaS Do FroNt | renato muñoz

WikiImage
A INTERNET E A
INFORMAÇÃO PROFISSIONAL
a importÂncia da rEdE para a rEVolução
na troca dE conhEcimEntos sobrE Áudio

Não preciso perder tempo dissertando sobre as van- com sinal discado, não posso reclamar de nada...
tagens da internet e tudo aquilo que ela nos propor-
ciona de bom (e também de ruim!). A grande verdade Com foco e comprometimento, podemos utilizar a in-
é que conheço pouquíssimas pessoas que consegui- ternet como um instrumento incansável na geração
riam sobreviver hoje em dia sem esta maravilhosa de informação, porém uma boa parte desta informa-
ferramenta, que, na minha opinião, quando usada da ção necessita ser “filtrada” para que não haja des-
maneira correta pode ser uma grande aliada. perdício de tempo e trabalho com dados irrelevantes.

Eu mesmo sou um que mal consigo passar poucas ho- Você irá encontrar neste artigo casos que mostram
ras desconectado. Logo sinto uma necessidade de dar bem esta nova realidade. Como veremos, a utiliza-
uma olhada no que está acontecendo no mundo vir- ção da internet pode nos ajudar de uma maneira
tual. Para quem começou com a internet funcionando que há pouco tempo era simplesmente inimaginável.

42 | áudio música e tecnologia


COMO ERA ANTES Depois do Rock in Rio III, em janeiro de 2001, lem-
bro que houve um grande crescimento no número
Lembro-me de começar a ouvir falar em internet de sites relacionados a áudio. Os grandes fabrican-
por volta de 1996, quando ainda estava na facul- tes, como Meyer, Yamaha, V-Dosc, Midas e JBL, já
dade, e confesso que não dei muita importância ofereciam em seus espaços virtuais diversas infor-
até comprar o meu primeiro PowerBook 520C (o mações que até bem pouco tempo atrás eram bas-
modelo possuía fantásticos 4 MB de RAM e 320 MB tante difíceis de serem obtidas.
de HD!!!), que não passava de uma máquina de
escrever com uma maçã entre o teclado e a tela A troca de e-mails passou a fazer parte do nosso
(passei alguns bons anos dando explicações por- dia a dia e a comunicação entre técnicos do Brasil
que eu era o único que tinha um computador com com técnicos, produtores e fabricantes estrangeiros

o nome de uma fruta!). também ficou muito mais fácil. Não me esqueço de
meu espanto quando ao enviar uma pergunta para

Foi então que alguém me disse que eu poderia co- o site da Yamaha (sobre o console O2R), obtive uma

nectar este computador à internet e navegar por al- resposta bem satisfatória no dia seguinte.

guns sites (????), e que desta forma eu poderia ter


acesso aos mais variados assuntos, e, principalmen- Nesta mesma época, as bandas também estavam

te, a alguns sites especializados em áudio! criando seus próprios sites, onde podíamos colo-
car informações e necessidades técnicas. Ficamos,

De uma hora para outra, realmente muita coisa mu- então, definitivamente livres de utilizar o fax para

dou. Eu já não precisava mais esperar as minhas mandar o nosso rider...

revistas chegarem (Mix Magazine, EQ – com os arti-


gos do Roger Nichols na última página – e Sound On
Sound, todas sempre com um bom tempo de atra-
so). Além disso, os sites dos fabricantes estavam
acabando de ficar prontos e as informações sobre
produtos passaram a ser instantâneas.

Na verdade, para mim, o grande avanço foi o aces-


so direto à informação, com textos e imagens que

Divulgação
ocupavam mais destaque do que nas mídias im-
pressas, que já estávamos tão acostumados a
ler. Mesmo tendo que esperar todos dormi-
rem em casa para usar a linha telefônica,
eu gastava uma boa parte das minhas
madrugadas (como faço até hoje)
procurando algum tipo de informa-
ção relevante sobre áudio. E a fon-
te é inesgotável!

CHEGANDO AO SÉCULO 21

Com um computador um pouco mais moderno (sem


abandonar a maçã) e com uma internet considera-
velmente mais rápida (uma piada para os padrões Yamaha O2R: e-mail respondendo a dúvidas
atuais), os primeiros anos do século 21 só serviram sobre a utilização do console mostrou a
para aumentar as expectativas em relação à internet. eficiência da nova forma de comunicação

áudio música e tecnologia | 43


NotÍcIaS Do FroNt NotÍcIaS Do FroNt

Em pouco tempo, conseguir uma conexão na es-


trada se tornou mais fácil, quartos de hotel po-
deriam se transformar rapidamente em pequenos
escritórios e uma boa parte dos nossos problemas
poderiam ser resolvidos dali. Era, definitivamente,
uma nova era. E, definitivamente, sem retorno.

UM PASSO À FRENTE: INTERA-


ÇÃO COM O CONSUMIDOR FINAL

Um próximo (e acertado) passo dado pelos fabricantes


em relação à internet foi a disposição de aumentar
ainda mais a interação com seus consumidores. Im-
pulsionados, naquele momento, pelo surgimento dos
consoles digitais, os sites especializados começaram a
disponibilizar os softwares que controlavam estes no-
vos equipamentos. Foi algo de vital importância para
que as pessoas se acostumassem ainda mais aos no-
vos consoles. Como o software era baixado da internet
direto para o computador, o técnico poderia perfeita-
mente treinar, se não com todos, com boa parte dos
parâmetros utilizados no console propriamente dito.

Neste mesmo período em que os consoles come-


çavam a tomar conta do mercado, os sistemas de
line array rapidamente se viram como o futuro dos
sistemas de sonorização. Assim, em pouco tempo
os fabricantes já disponibilizavam na internet pro-
reprodução

Maap Online: acesso online ajuda na


configuração de sistemas Meyer Sound

44 | áudio música e tecnologia


gramas que auxiliavam tanto no projeto quanto na
instalação de sistemas de sonorização.

A interação em tempo real entre fabricantes e clien-


tes se tornou tão grande e relevante que a Meyer
Sound lançou dentro do seu site uma ferramenta
chamada “MAPP Online”, que ajuda – em tempo real
– na configuração de seus sistemas (o cliente fica
conectado a um servidor da empresa que pega a
resposta de frequência de todas as caixas que estão
sendo utilizadas e consegue então demonstrar qual
será o comportamento daquele sistema).

TROCA DE CONHECIMENTO
ONLINE

Hoje em dia, com a internet fazendo parte perma-


nente do nosso cotidiano, podemos explorar cada
vez mais seus recursos para desenvolver nossas ha-
bilidades profissionais. A troca de opiniões e expe-
riências com outros profissionais é certamente um
dos seus principais atrativos.

Existe uma imensa quantidade de opções na web,


como sites de fabricantes, sites de discussão de de-
terminados temas, ou até mesmo sites de alguns pro-
fissionais do áudio, que se dedicam exclusivamente à
troca de informação, dicas e solução de problemas do
ramo. Quase todos os fabricantes de equipamen-
tos de áudio oferecem atendimento online, que
viabiliza a comunicação direta com especialistas
em diversas áreas do áudio e permite tirar dú-
vidas ou resolver pequenos problemas técnicos.

Porém, entre tantos lugares para troca de in-


formação, eu, particularmente, ainda prefiro os
sites “não oficiais”, aqueles que não têm vínculo
com nenhuma marca ou modelo específicos. Ne-
les, as opiniões acabam sendo menos tenden-
ciosas e até mesmo mais “verdadeiras”. Em en-
dereços como www.prosoundweb.com/forums,
www.sweetwater.com/forums ou www.gigplace.
ning.com/groups podemos encontrar diversos
temas relacionados ao áudio profissional e tra-
tar destes assuntos não com representantes ou
vendedores, mas sim com outros técnicos que
atuam no mesmo mercado.

áudio música e tecnologia | 45


NotÍcIaS Do FroNt

Recentemente, durante uma passagem de som, guns sites oficiais, mesmo que estes nunca apontem
tive uma dúvida em relação a um equipamento problemas em seus produtos...
que estava utilizando. Acessei um desses sites
pelo meu telefone, expliquei minha dúvida e em
Todos que trabalham com áudio profissionalmente
menos de dez minutos surgiram algumas boas
soluções para resolver meu problema. Este tipo devem acessar endereços como www.avid.com/us/

de facilidade é uma das vantagens de estarmos resources/webinars, da Avid (que apresenta uma
todos conectados. As soluções sempre aparecem série de webinars (seminários online) apresenta-
rapidamente, a troca de informação é instantânea dos pelo ótimo engenheiro de som Robert Scovill),
e constante, aprendemos bastante e, em algumas
a parte de educação do site da Meyer Sound (www.
ocasiões, também conseguimos ajudar.
meyersound.com/events/seminars) ou atualizar seus
drivers e versões na página da Yamaha (www.ya-
mahaproaudio.com/global/en/downloads). Estes são
apenas pequenos exemplos de uma infinidade de
sites com informação “oficial” que podemos acessar
quase que diariamente na busca por conhecimento.

A BUSCA CONTÍNUA
PELA INFORMAÇÃO

Esta busca constante por conhecimento – que atu-


almente nos leva a uma avalanche de informações
reprodução

(nem sempre corretas, infelizmente) –, é, sem dú-


vida, imprescindível para nosso aprimoramento pro-

Página dentro do site da AVID fissional. Insisto, entretanto, que as informações

mostrando arquivos dos webinars que recebidas ou acessadas na internet devem ser fil-
podem ser acessados online tradas cuidadosamente, visando identificar o que é
verdadeiro, relevante, útil e, sobretudo, imparcial.

INFORMAÇÃO OFICIAL
Quando conseguimos estabelecer um bom padrão de
MAIS CONFIÁVEL
procura (principalmente não perdendo tempo com coi-

Falei que gosto de trocar informação em sites não sas desnecessárias) e absorver as partes mais rele-

oficiais, pois acho mais “seguro”. Porém, certamente vantes de tudo o que foi observado, conseguimos es-
podemos encontrar bastante informação útil em al- tar um passo à frente na nossa busca pela informação.

renato muñoz é formado em comunicação Social e atua como instrutor do Iatec e técnico de gravação e
Pa. Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. e-mail: [email protected]

46 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 47
capa| Lucas Ramos
em casa

Equipamentos
para um
home studio
Parte V: Outros Softwares de Áudio
(Ardour, Audacity, Reaper e Traverso)

Nas últimas duas edições da AM&T, falamos so- nizar com um vídeo para a criação de trilhas sono-
bre softwares de áudio, também conhecidos como ras e pós-produção
DAWs. Esse mês é a vez das “pechinchas” – aqueles Sistema operacional: Há versões para Linux e
softwares que, embora tenham preços baixos, são Mac OSX
bem equipados. E vamos aprender que nem sempre Versão atual: A versão atual é Ardour 2.8, porém
é preciso gastar muito para ter um DAW de alto ní- há uma versão Beta (em fase de testes) do Ardour 3
vel... Às vezes é até de graça! que traz um enorme upgrade para o software, mas
ainda não é estável o suficiente para trabalhar
ARDOUR Preço: Criado sob a licença GPL (Licença Pública
Geral), com o código-fonte disponível para down-
Número de canais: ilimitado load gratuito. É possível “montar” o software com
Numero de plug-ins por canal: ilimitado o código-fonte e até fazer modificações nele (só
Taxa de amostragem (sample rate): até 192 kHz pra quem entende bem de programação). Porém,
Resolução de bits (bit depth): até 32 bits (pon- a versão “pronta” é vendida por um preço “aber-
to flutuante) to”, com o usuário definindo o valor que achar jus-
Processamento de áudio: 32 bits (ponto flutuante) to (pode ser apenas US$ 1!).
Formatos compatíveis para importar: AU, BWF,
CAF, FLAC, Ogg Vorbis, WAV64 e WAV Prós:
Formatos compatíveis para exportar: AU, BWF, • Compensação de delay automática (delay
CAF, FLAC, Ogg Vorbis, WAV64 e WAV compensation)
Plug-ins: Audio Unit (AU), LADSPA e LV2 (há mais • Interface gráfica bem elaborada, com diversos
de 200 disponíveis gratuitamente) controles disponíveis a um clique do mouse
Surround Sound: Sim, e sem limite de número de • Múltiplos playlists (takes) em cada canal
canais (é possível trabalhar em 10.2 ou até mais!) • Utiliza o sistema JACK para o gerenciamento de
Vídeo: Utilizando outro software de vídeo em sin- áudio, que permite rotear os sinais de áudio en-
cronia através do sistema JACK é possível sincro- tre softwares diferentes (similar ao ReWire)

48 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 49
caPa| Lucas ramos
em caSa

Contras: Não trabalha com MIDI, o que faz muita load gratuito!

falta. No entanto, a nova versão, que ainda está em


fase de testes (Ardour 3 Beta), é capaz de gravar e Prós:

editar MIDI e também é compatível com instrumen- • Vem equipado com diversos efeitos e plug-ins

tos virtuais VST. A versão final do Ardour 3 ainda (que não atuam em tempo real)

não tem data de lançamento. • Permite visualizar as frequências dos ar-


quivos de áudio em um espectrograma

Contras:
• Não trabalha com MIDI
• Gravação simultânea com limite de 16 canais de
áudio (depende da capacidade da interface de
áudio). Isso não é um enorme problema, pois
16 canais são suficientes para a maioria das
gravações. Entretanto, pode ser limitante para
trabalhos maiores.
• Os plug-ins não atuam em tempo real, portan-
to é preciso processar os efeitos um por um, o
que limita bastante a mixagem
• Quando você faz uma gravação acompanhando
uma base já gravada (conhecido como “over-

audacity dubbing”), essa nova gravação é gravada com


um pequeno atraso em relação à base. Não há

Número de canais: ilimitado latência audível, porém o arquivo de áudio é

Numero de plug-ins por canal: ilimitado gravado com atraso. É necessário ressincronizar

Taxa de amostragem (sample rate): até 96 kHz o material manualmente. Isso é a grande falha

Resolução de bits (bit depth): até 32 bits ponto do Audacity, mas que para gravações simples

flutuante pode não incomodar muito.


• Interface muito simples, com a maioria dos
Processamento de áudio: 32 bits (ponto flutuante)
controles “escondidos” em menus
Formatos compatíveis para importar: AAC, AU,
• Falta um “mixer” virtual para facilitar a visua-
FLAC, MP3, Ogg, WAV e WMA
lização na mixagem
Formatos compatíveis para exportar: AAC, AU,
FLAC, MP3, Ogg, WAV e WMA
Plug-ins: LADSPA e VST (é preciso insta-
lar o VST Enabler)
Surround Sound: Não trabalha em sur-
round (é possível exportar arquivos sur-
round, porém não é possível reproduzi-los)
Vídeo: Não é possível trabalhar com vídeo, o
que impossibilita trabalhar com trilha sonora
ou pós-produção
Sistema operacional: Há versões para Li-
nux, Windows e Mac OSX
Versão atual: A versão atual é Audacity
1.3
Preço: Criado sob a licença GPL (Licença
Pública Geral), está disponível para down-

50 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 51
em caSa

rEapEr (cocKos) a afinação (time stretch), assim como alterar a


afinação sem alterar o tempo (como o Auto-Tune)
Número de canais: ilimitado • Permite utilizar outros computadores em rede
Numero de plug-ins por canal: ilimitado para o processamento de plug-ins e instrumen-
Taxa de amostragem (sample rate): até 192 tos (ReaMote). Isso pode aumentar muito a
kHz capacidade de processamento do seu sistema,
Resolução de bits (bit depth): até 32 bits ponto “hospedando” os plug-ins e instrumentos em
flutuante outros computadores. Mesmo computadores
Processamento de áudio: 64 bits antigos, que não seriam capazes de processar
Formatos compatíveis para importar: ACID, um projeto inteiro, podem ser usados para pro-
AIFF, APE, AVI, BWF, CDDA, EDL, FLAC, KAR, MIDI, cessar um ou dois plug-ins remotamente e au-
MOGG, MOV, MP3, MPEG, Ogg, Quicktime, REX2, mentar a capacidade do sistema.
SYX, WAV64, WAV, WAVPACK e WMV • Junto com o Sonar, é o único software que
Formatos compatíveis para exportar: AIFF, APE, dispõe de processamento de áudio em 64 bits
BWF, CD ISO (CUE/BIN), FLAC, MOGG, MP3, Ogg, ponto flutuante de ponta a ponta. Isso aumenta
WAV64, WAV e WAVPACK muito o headroom, além de melhorar a precisão
Plug-ins: VST, VSTi, DX, DXi, AU, ReWire e JS (que no processamento.
permite editar e criar os seus próprio plug-ins) • Muito leve e estável, permite utilizar diversos ca-
Surround Sound: Sim, com um máximo de 64 ca- nais e plug-ins em um mesmo projeto sem travar
nais (por exemplo, até 62.2!) • Interface gráfica muito bem elaborada e cus-
Vídeo: Sim, é possível importar um vídeo para a tomizável. A aparência e esquema de cores
criação de uma trilha sonora ou para a pós-produ- podem ser modificados, e há, inclusive, es-
ção do áudio quemas (ou themes) prontos que podem ser
Sistema operacional: Há versões em 32 e 64 bits baixados no site da Cockos.
para Windows e Mac OSX • Os controles da interface gráfica também são
Versão atual: A versão atual é Reaper 4.14 customizáveis, permitindo ao usuário escolher
Preço: Há duas licenças para o Reaper: “discounted” quais controles ficarão expostos em cada janela

(US$ 60) e “full commercial” (US$ 225). A primeira e o tamanho dos mesmos. Essa ferramenta é

é para uso pessoal ou comercial, desde que a pessoa chamada de WALTER (ou Windows Arrangement

não obtenha receita acima de US$ 20 mil dólares; a Logic Template Engine for Reaper).

outra é para os demais casos. No entanto, o software


disponível para download é o mesmo e não possui Contras: Não é possível importar e exportar ar-

qualquer limitação de recursos ou prazo de uso. quivos de OMF e AAF para transferência de mate-
rial entre sistemas

Prós:
• Vem equipado com diversos efeitos e plug-ins
que atuam em tempo real
• Diversos modos de gravação diferentes, para
satisfazer quase todas as situações
• Há três formas de visualizar e editar dados MIDI
(Piano Roll, Drum Editor e List Editor), assim
como um sequenciador de step (MIDI) que pode
ser muito útil para a criação de sequências rít-
micas
• Compensação de delay automática (delay com-
pensation)
• Permite modificar o áudio no tempo sem alterar

52 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 53
em caSa

traVErso

Número de canais: ilimitado


Numero de plug-ins por canal: ilimitado
Taxa de amostragem (sample rate): até 192 kHz
Resolução de bits (bit depth): até 32 bits ponto
flutuante
Processamento de áudio: 32 bits (ponto flutuante)
Formatos compatíveis para importar: FLAC,
Ogg, MP3, WAV64, WAV e WAVPACK para quem está acostumado a softwares com

Formatos compatíveis para exportar: WAV64, uma interface gráfica mais elaborada

WAV e WAVPACK
Plug-ins: LV2 conclusão
Surround Sound: Não trabalha em surround
Vídeo: Não é possível trabalhar com vídeo, o que im- Está claro que há outras alternativas mais baratas aos
possibilita trabalhar com trilha sonora ou pós-produção DAWs mais conhecidos, e estas são algumas delas.
Sistema operacional: Há versões para Linux, Win- Mas, como sempre, a melhor escolha vai depender das
dows e Mac OSX necessidades do usuário. Pra quem quer mexer com
Versão atual: A versão atual é Traverso 0.49 audiovisual (trilhas e pós-produção), somente o Rea-
Preço: Criado sob a licença GPL (Licença Pública per e o Ardour são opções, pois o Audacity e o Traver-
Geral), está disponível para download gratuito. Tam- so não trabalham com vídeo. Se você precisa de MIDI,
bém é possível “montar” o software com o código- então somente o Reaper lhe servirá (ou o Ardour 3,
-fonte e até fazer modificações nele (só para quem quando sair), pois os outros não oferecem MIDI.
entende bem de programação).
Portanto, o Reaper é o mais completo dos quatro
Prós: mencionados aqui, porém é o único que não é gra-
• Pode utilizar o sistema JACK para o gerenciamen- tuito. Dependendo do uso, não é preciso gastar nada
to de áudio, que permite rotear os sinais de áudio e ainda ter um software de áudio capaz de suprir to-
entre softwares diferentes (similar ao ReWire) das as suas necessidades. E como é possível testar
• Permite gravar (“queimar”) o material direto de graça, não custa nada experimentar!
para um CD
• Interface gráfica simplificada, com poucos con- Mas há diversos outros DAWs no mercado que tam-
troles visíveis. A maioria das funções pode ser bém podem ser usados em um home studio. Softwa-
acessada através dos menus contextuais (clican- res como Fruity Loops, Vegas (que permite edição
do com o botão direito do mouse) ou utilizando de vídeo), Studio One (Presonus), Audition (Adobe)
uma combinação de mouse e teclado (atalhos). e Tracktion (Mackie), além de outros mais baratos,
Por exemplo, para alterar o ganho de um arqui- como Garageband, EnergyXT, Mixcraft (Acoustica),
vo basta pressionar a tecla “G” enquanto clica MuLab (MuTools), Podium (Zynewave), nTrack Stu-
e arrasta o mouse. Mas se por um lado permite dio e DarkWave Studio (ExperimentalScene). Porém,
maior rapidez e eficiência, por outro pode ser não daria para abordar todos eles aqui na coluna.
chato aprender e decorar todos os comandos.
Se você ainda não encontrou o seu “DAW ideal”,
Contras: pesquise na internet por mais informações sobre
• Não trabalha com MIDI esses outros softwares.
• Falta um “mixer” virtual para facilitar a visua-
lização na mixagem Mês que vem tem mais...
• Interface simplista, que pode ser simples demais Até lá!

Lucas ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do Iatec. e-mail: [email protected]
áudio música e tecnologia | 55
Gravação | Fábio Henriques

Técnicas de Microfonação
(Parte 12)

Transformadores
e o Efeito
Eletromagnético
É muito evidente para qualquer um que trabalhe com áudio tico cuja orientação está relacionada ao sentido da corrente.
que a eletricidade tem um papel fundamental neste campo
da Física. A gente nem se dá conta, mas assim que o som Por volta de 1830, Faraday e Henry independentemente des-
entra em um microfone ele é convertido em eletricidade cobriram o efeito de indução eletromagnética. Este efeito tem
e desta forma ele fica até que saia por um alto-falante. enorme importância no mundo moderno e até mesmo no áu-
Quando a gente mexe num fader ou ajusta um botão de um dio. Podemos descrevê-lo, de maneira simplificada, assim: ao
equalizador, estamos, na verdade, em um mundo virtual. se passar um ímã por dentro de uma bobina de fio aparece
Estamos ajustando parâmetros de uma corrente elétrica, e uma corrente elétrica circulando por ele. Para que esta cor-
não de um som. Mesmo dentro de um computador, é com rente apareça, é preciso que o campo magnético varie, o que,
bits e bytes que estamos mexendo, e estes em última for- no caso, é obtido pelo movimento do ímã. O mais interessante
ma são, na realidade, cargas elétricas. é que se a gente deixa o ímã parado e força a circulação de
uma corrente pelo fio, o ímã é cuspido para fora da bobina.
O que muitas vezes passa despercebido da gente é o im- Em outras palavras, campo magnético variando perto do fio
portantíssimo papel que o magnetismo também desem- provoca nele uma corrente elétrica e corrente elétrica varian-
penha no mundo do áudio. E essa importância vem da do dentro do fio provoca variação do campo magnético.
relação muito estreita existente entre corrente elétrica e
campo magnético. Vamos ver um pouco desse assunto e Este fenômeno simples é usado em um número enorme de
como ele afeta nosso trabalho. aplicações, dos geradores elétricos ao porteiro eletrônico
que abre a fechadura. No caso do áudio, temos duas aplica-
OS FUNDAMENTOS ções bem importantes. Colocando uma bobina de fio den-
tro de um ímã, prendendo-a a uma suspensão e colando
Em 1820, eletricidade e magnetismo eram assuntos da moda na extremidade um cone de papel, ao inserirmos corrente
na ciência. Só que ainda não se sabia com certeza se havia elétrica alternada (áudio) na bobina, por força da indução
alguma relação entre eles. Foi então que um físico chamado eletromagnética, ela é forçada a se mover em relação ao
Öersted descobriu que em torno de um condutor por onde campo magnético do ímã. Ela se move para fora quando a
passa corrente elétrica contínua aparece um campo magné- corrente é positiva e para dentro quando é negativa. Este

56 | áudio música e tecnologia


movimento é repassado ao cone de papel e o conjunto todo casas (obviamente é melhor não tentar fazer isso em casa
é nada mais nada menos do que um alto-falante. – mantenhamos a experiência apenas no campo mental). O
resultado é que aparecerá uma corrente circulando na outra
Se a bobina e o ímã são pequenos e leves o suficiente e ela é bobina. Este é o princípio de funcionamento do transforma-
agora colada a um diafragma, temos o microfone dinâmico. dor. E este efeito é bem curioso, se pararmos pra pensar
Nele, os movimentos do diafragma causados pela vibração um pouco. Estamos fazendo circular corrente elétrica em um
do som no ar forçam um movimento de vai-e-vem na bobina fio e aparece corrente em outro fio que não tem nenhum
dentro do ímã, o que gera uma corrente alternada no fio. contato físico com o primeiro! A única conexão entre eles é
Em termos muito simples, é possível interpretar o microfone o intenso campo magnético que circula pela barra de metal.
como um alto-falante invertido. É por isso que se ligarmos Assim, a primeira conclusão que se tira é a de que o trans-
um headphone na entrada de um pré-amplificador, ele pode formador isola eletricamente dois circuitos.
ser usado como um microfone (pouco eficaz, é claro).
A primeira bobina é chamada de enrolamento primário do
OS TRANSFORMADORES transformador, e a segunda é o enrolamento secundário.
Se o número de voltas do enrolamento primário é igual ao
Façamos agora a seguinte experiência. Tomemos uma bo- do secundário, então a tensão elétrica (voltagem) nas duas
bina de fio e passemos por dentro dela uma barra de um bobinas é igual. Se o secundário tem o dobro de voltas (re-
material que conduza bem campo magnético. Coloquemos lação de 1:2), a tensão que aparece nele é o dobro da do
em outro ponto desta barra uma outra bobina. Agora, vamos primário. Se o secundário tem metade do número de voltas
fazer circular na primeira bobina uma corrente elétrica alter- do primário (relação de 2:1), a tensão é a metade também.
nada (variante), como a que existe nas tomadas de nossas É assim que funciona o transformador que existe na maio-

áudio música e tecnologia | 57


Gravação

ria dos equipamentos elétricos de nossa casa. A tensão da circuitos eletrônicos de entrada trabalham melhor quando
rede é 127 ou 220 volts, mas o circuito do equipamento é enxergam uma impedância bem menor do que a sua. As
feito para trabalhar com, digamos, 12 volts. Assim, a rela- guitarras e contrabaixos elétricos, por sua vez, possuem
ção entre o número de espiras no primário e no secundário alta impedância de saída. O que acontece então se ligarmos
deve ser tal que reflita essa diferença de tensão (aproxima- uma guitarra diretamente a uma entrada de microfone? A
damente 10:1 e 18:1, respectivamente). entrada do pré espera ver uma impedância baixa, e a saída
da guitarra espera ver uma impedância alta, exatamente o
contrário do que está acontecendo. Assim, para ligarmos
um instrumento deste tipo a uma entrada de microfones,
precisamos de uma “caixinha” – uma Direct Injection Box,
que é um circuito que fará a conversão de impedâncias ne-
cessária. Em sua forma passiva, a DI box apresenta um
transformador com alta impedância de entrada e baixa im-
pedância de saída, arrumando as coisas.

Símbolo de um transformador
Como os transformadores reais não são nada “ideais”, eles
podem afetar significativamente a qualidade do sinal do
Outro efeito interessante é que a corrente se comporta de instrumento. Alguns preferem o som de certas DIs justa-
maneira inversa. Quando um transformador eleva a tensão mente por essa coloração no som. Os mais precavidos po-
no secundário para o dobro, em compensação a corrente dem usar as DIs ativas a FET, que é um dispositivo que
que circula nele é a metade. Isto porque, como não existe permite impedâncias de entrada altíssimas, melhorando a
almoço grátis no universo, a potência se conserva entre a qualidade do som obtido da guitarra ou baixo.
energia que entra no primário e a que sai no secundário. E,
neste caso, a potência é dada pelo produto V x I. Para que
o produto seja constante, se V aumenta, I deve diminuir
proporcionalmente (toda esta discussão leva em conta que
estamos tratando de um transformador ideal, e nele não há
perdas, nem mesmo pelo calor).

Vale a pena salientarmos que, como já vimos, é a variação


da corrente que provoca a indução. Ou seja, uma corrente
constante no primário não provocará o aparecimento de
corrente no secundário.
Esquema de um DI Box simples

TRANSFORMADORES E IMPEDÂNCIA
INDUÇÃO DE RUÍDO
A relação entre a impedância presente no primário e a per-
cebida no secundário é quadrática. Ou seja, se o primário Alguém já se perguntou como é que as ondas das rádios e
apresenta uma impedância de 10 mil ohms e a relação do TVs analógicas são captadas pelos equipamentos? Pois bem,
transformador é 1:2, a impedância no secundário será de as antenas transmissoras emitem uma senhora quantidade de
40 mil ohms (2 ao quadrado = 4). energia na forma de ondas eletromagnéticas. Estas ondas, ao
chegarem na antena do nosso receptor, incidem sobre os elé-
Em áudio, normalmente mandamos a informação de um trons dela, que passam a oscilar de acordo com essa onda inci-
circuito com impedância de saída bem menor do que a dente. Qualquer pedaço de condutor pode se comportar como
impedância de entrada do circuito que recebe o sinal. Os uma antena, e de fato a gente observa este efeito.
microfones gostam de trabalhar ligados a uma entrada
cuja impedância seja pelo menos cinco vezes a sua, e os Tomemos o cabo de uma guitarra por exemplo. Ele consiste

58 | áudio música e tecnologia


de um condutor interno, um isolante e uma malha de CABOS
condutor externa que envolve completamente o condutor
interno. Esta malha é conectada à terra e tem a função de Os cabos usados em áudio podem parecer meros fios, sem
proteger o cabo interno da indução de ondas eletromag- nenhum fator complicador. Porém, eles apresentam duas
néticas externas. Embora esta malha reduza significati- características fundamentais: a sensibilidade à indução de
vamente a indução de ruídos, no caso da guitarra temos ruído, que vimos anteriormente, e a capacitância. Se olhar-
uma saída de alta impedância, o que faz com que peque- mos um cabo de áudio, veremos que são dois condutores
nas correntes de ruído induzam tensões consideráveis, e (um interno e a malha externa) separados por um isolante.
os ruídos se tornam audíveis. Como já conferimos aqui, um capacitor pode ser interpre-
tado justamente como dois condutores separados por um
Se o problema fosse só das rádios e TVs, não atrapalharia isolante. Assim, é de se esperar que qualquer cabo desta
tanto, pois são frequências muito acima do áudio. Porém forma possua alguma capacitância, ainda que pequena.
nós temos quilômetros e mais quilômetros de condutores
pelos quais circula constantemente uma onda de 60 Hz – a Como a capacitância está associada à área dos condutores,
rede elétrica. Ela funciona como um potente transmissor a capacitância do cabo aumenta com o seu comprimento.
de radiação eletromagnética nesta frequência, e está em Para piorar, o efeito da capacitância aumenta com a frequ-
todo lugar em que haja energia elétrica. Com isso, todo ência, o que faz com que possa haver perdas de agudos em
mundo que já gravou guitarra pôde ouvir o famoso hum- cabos muito compridos. A frequência a partir da qual esta
ming (pronuncia-se “râmin”), que é o ruído produzido desta perda começa a ser significativa depende diretamente da
forma. A coisa se agrava mais quando são usados pedais de capacitância do cabo e da resistência total, que depende da
distorção, que possuem elevados ganhos. resistividade dos condutores e das impedâncias envolvidas.

áudio música e tecnologia | 59


Gravação

Por isso, todos os microfones profissionais apresentam bai-


xa impedância de saída. Assim, os cabos podem ser com-
pridos sem que ocorra perda significativa de agudos.

LINHAS NÃO-BALANCEADAS

Os cabos como os de guitarras são ditos “não-balanceados”


por apresentarem apenas o condutor central e a malha. O Linha balanceada
ruído externo induzido é amplificado significativamente, e
qualquer um que já tenha tentado usar um cabo de guitarra induzir corrente nos dois condutores internos no mesmo senti-
com um grande comprimento pôde ouvir o resultado disso. do e com a mesma intensidade. Assim, ao chegarem no ampli-
ficador diferencial, estes sinais são subtraídos e se cancelam.
A capacidade que um sistema tem de rejeitar ruídos desta
forma é chamada CMRR (common-mode rejection ratio –
razão de rejeição de modo comum), e é um importante
parâmetro não só em áudio, mas em telecomunicações em
geral. É medida em dB e tipicamente apresenta valores al-
tos, na casa de, pelo menos, 80 dB.

Linha não-balanceada
Uma medida adicional deve ser tomada nos cabos para o
melhor desempenho. Um dos fatores que afeta a CMRR é a
LINHAS BALANCEADAS diferença de intensidade da corrente induzida de ruído em
um e outro condutor. Além dos fatores próprios do material
Uma característica marcante dos cabos de microfone é o do cabo, se o cabo estiver muito próximo a uma linha de
fato de que ele usa três condutores, e não dois. Vamos ver eletricidade, mesmo a pequena distância entre um condutor

como isso funciona. e outro terá influência no valor da corrente induzida. Por isso
os condutores dos cabos balanceados são trançados um no
outro. Desta forma, na média, os dois condutores estão à
Na saída do microfone, temos um transformador, e dele
mesma distância de todas as possíveis fontes de indução.
saem dois, e não um, condutores. Estes condutores se en-
carregam de levar o sinal com metade da energia em um e
Por via das dúvidas, em toda instalação criteriosa de es-
metade em outro, sendo que no segundo condutor o sinal
túdios os condutores de eletricidade são mantidos afasta-
está com a fase invertida em relação ao primeiro. A impe-
dos dos condutores de áudio o máximo possível, percor-
dância dos dois condutores deve ser a mesma, e eles são
rendo dutos independentes.
também envoltos na malha condutora que é ligada à terra.

CONCLUSÃO
Na entrada do pré-amplificador temos um circuito especial
que se chama “amplificador diferencial”. A sua função é am- Os transformadores e o efeito eletromagnético são de ex-
plificar a diferença entre os sinais que chegam a suas entra- trema importância para o mundo do áudio, indo desde os
das. Ora, como temos os sinais com polaridade invertida, transformadores de parede que nos permitem ligar os equi-
e lembrando que 0,5 - (-0,5) = 0,5 + 0,5 = 1, na verdade pamentos, até o interior dos cabos que conduzem os sinais
os sinais são somados de volta a seu estado original. Até aí dos microfones até os pré-amplificadores. O conhecimento
não houve vantagem nenhuma. de suas características não só nos permitem compreender
melhor o funcionamento de tudo o que usamos, como tam-
Porém, quando um ruído externo incide sobre o cabo, ele irá bém entender a razão de certos procedimentos importantes.

Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1 e 2, lançados pela editora Música & Tecnologia. É responsável
pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor musical.
áudio música e tecnologia | 61
SHoW | rodrigo Sabatinelli

ADEUs,
réVEillon Em copacabana E show do
pEarl Jam na apotEosE agitam fim dE
ano na cidadE maraVilhosa

62 | áudio música e tecnologia


2011 N
o dia 31 de dezembro de 2011, mais de
dois milhões de pessoas se aglomeraram
nas areias de Copacabana, zona sul do
Rio de Janeiro, para celebrar a chegada de 2012,
ano em que, segundo as mais diversas profecias,
o mundo poderia acabar.

Profecias – e, por que não dizer, piadas – à parte,


quem esteve por lá pôde ver de perto um verdadeiro
espetáculo de fogos de artifício e, claro, muita músi-
ca. E nem mesmo a já conhecida “chuva da virada”,
que mais uma vez caiu sobre a cidade na noite de
réveillon, foi capaz de estragar a festa, sonorizada
pela competente locadora carioca Mac Áudio, à fren-
te do espetáculo há pelo menos duas décadas.

No palco principal do evento, o Palco Sol, localizado


em frente ao Hotel Copacabana Palace, os trabalhos
se iniciaram às 18h, ao som do DJ e entertainer João
Brasil. Em seguida, às 20h30, foi a vez da sambista
Beth Carvalho botar o público para sambar. O grupo
carioca O Rappa foi a última atração a subir ao palco
em 2011, às 22h30.

Depois da meia-noite e da tradicional queima de


fogos, foi a vez de o cantor Latino se apresentar.
O show foi registrado em DVD e deve ser lançado
em breve. Em seguida, subiu ao palco o DJ David
Guetta, um dos maiores nomes da música eletrô-
nica internacional, que também gravou um DVD ao
vivo antes de a bateria da escola de samba Beija-
-Flor de Nilópolis encerrar as atividades.

Pelo Palco Água, localizado em frente à rua Santa


Clara, passaram artistas como os cantores e com-
positores Baia e Moraes Moreira, a banda Blitz, as
baterias das escolas de samba Unidos da Tijuca e
Mangueira e o bloco Sargento Pimenta, que surgiu
no carnaval carioca, em 2011, homenageando os
Beatles com versões inusitadas de seus sucessos.

No Palco Beat 98, patrocinado pela Rádio 98 FM e


localizado na altura da rua Xavier da Silveira, ritmos
como o pagode e o funk se fizeram presente. Dentre
as atrações do local estiveram os DJs Brinquinho,
Lesco e Presuntinho, além do Grupo Vou Pro Sereno
e do Styllo X. Por fim, no Palco Coca-Cola FM, loca-

áudio música e tecnologia | 63


show

lizado no Leme, a banda Coca-Cola e o cantor B Ne-


gão fizeram a festa, que também teve a participação
dos DJs Tati da Vila e Marcelinho Da Lua.

Convidada pela equipe técnica da Mac Áudio, a AM&T


uniu o útil ao agradável e comemorou a virada em
grande estilo. Ou melhor, on stage!

sisTEMAS NORTON E VERTEC


ESPALHADOS PELA ORLA

O sistema utilizado no palco principal foi um JBL,


composto por 20 elementos Vertec 4889 DPDA por
torre. Os sides foram feitos com 12 elementos LS
3, da Norton, além de oito subs do tipo SB118. No
front fill, mais oito LS 3, além de 16 subs SB221 e 36
SB118X, todos da Norton. No chão havia 12 monito-
res Meyer Sound MJF-212, enquanto atrás do palco
estavam os consoles de monitor PM5D e M7CL, da
Yamaha, e Soundcraft Vi4.

Como complemento, foram dispostas mais duas tor-


res, no canteiro central da Avenida Atlântica. Essas
torres tinham mais 16 elementos Vertec 4888 DPDA,
além de 12 subs SB118.

Por toda a extensão da orla foram espalhadas 30 tor-


res de delay, garantindo, com isso, uma total cobertu-
ra do espaço – do Leme ao Forte de Copacabana, que O PA complementar e o setup de subs: equipamentos
liga o bairro ao Arpoador. Essas torres tinham configu- dispostos no canteiro central da Avenida Atlântica
rações distintas e eram divididas em subgrupos.
desta vez, ao contrário do que vinha fazendo na es-
Três delas contavam seis subs SB118, enquanto trada – um show em 5.1, complexo do ponto de vista
outras 12 tinham seis elementos Norton ALS1, da sonorização –, tanto ele quanto a banda optaram
além de dois subs SB221. Outras 15 torres foram por fazer um show enxuto, mais simples do que de
montadas com duas MPH4 Malta, da Electrovoice, costume. A opção foi, segundo o próprio, adequada
e dois subs MTL4, da mesma fabricante. Os ele- ao evento, já que O Rappa não seria a única atração
mentos Norton usados nessas torres foram sublo- da noite no palco principal e a estrutura não havia
cados da empresa Vinhedo, locadora do interior de sido preparada para este tipo de som.
São Paulo de propriedade de Idalto Queiroz.
“Viemos aqui para apresentar o nosso repertório de
Na house mix, dois consoles serviram a boa parte dos um jeito mais objetivo, mais direto. Tanto é que não
técnicos. Foram eles um Soundcraft Vi6 e um Avid/ tivemos grandes trocas de instrumentos no palco,
Digidesign ProFile. A mesa Series Five, que também como todos puderam ver, e a própria operação do PA
foi vista por lá, era de uso exclusivo d’O Rappa. foi mais ‘contida’. Ainda assim, não deixei de inserir
meus delays e reverbs, extraídos do meu ‘compa-
Operador de PA da banda, Ricardo Vidal contou que, nheiro’ Korg Kaoss Pad, que viaja comigo para cima

64 | áudio música e tecnologia


e para baixo, e de literalmente ‘pilotar’ o som em vocais, contando com o canal principal e o backup
algumas canções”, disse, referindo-se a temas como de voz de Latino.
Meu Mundo é o Barro, entre outros.
Os microfones usados na ocasião foram os mais varia-
Apesar da tal “simplicidade” a qual Vidal se referiu, dos. Na bateria, por exemplo, houve dois SM 57, que
O Rappa nitidamente prendeu a atenção e agradou serviram à caixa, e modelos SM 98, que captaram tons
ao público presente na extensa área coberta pelo e surdos. Os SM 57 serviram, ainda, às congas e aos
sistema do palco principal. Ainda de acordo com o pandeiros, enquanto os vocais ficaram com os SM 58.
técnico, que concedeu entrevista na própria house A voz de Latino foi captado por mics Sennheiser G3.
mix minutos depois da virada do ano, “em casos
como o Réveillon de Copacabana, que é uma espécie A gravação do DVD de David Guetta foi, ainda de
de festival, menos é mais, e sempre vai valer a pena acordo com Lula, um pouco mais simples. Como se
abrir mão de algumas coisas para ganhar outras”. tratava de uma apresentação de musica eletrônica,
instrumentos não foram captados e os inputs se vol-
DOIS DVDS SÃO GRAVADOS NA VIRADA taram para particularidades do DJ.

Depois da meia-noite, o cantor Latino subiu ao “O Guetta nos enviava sete canais. Eram dois L/R,
palco não somente para participar da festa, mas sendo um deles para backup, um canal do seu mi-
também para gravar mais um DVD ao vivo em sua crofone, usado para comunicação com o público, e
vitoriosa carreira. A apresentação foi registrada mais um estéreo de um mini-PA que ele mantinha
por Lula Lavor, sócio de Gabriel Vasconcelos na no palco, do qual promovia efeitos como pan, en-
unidade móvel e no Estúdio Century. Tudo corria tre outros”, explicou.
bem em todos os aspectos, até que a produção
do evento desligou o sistema de som e retirou o Além desses sete canais, Lula captou 12 pontos de
cantor do palco, impedindo-o de finalizar o show e, ambiência. Estes microfones foram divididos entre
consequentemente, de gravar quatro das músicas marcas como Sennheiser – foram seis ME 66 sho-

selecionadas para o DVD. tgun – e Røde e mais seis MTG2, de padrão polar
diferente dos Sennheiser.

O motivo, de acordo com nota divulgada pela re-


alização do evento, foi uma solicitação de David “Eles foram posicionados em torres de iluminação e

Guetta, que não aceitou atrasar seu show por con- de delay. O objetivo de tê-los na gravação foi manter

ta do artista brasileiro. Contornada a situação, o DJ nela o ‘calor’ do público presente na apresentação.

se apresentou sem maiores problemas, assim como Nada além disso”, encerrou.

a bateria da Beija-Flor. De acordo com Lula,


Latino e sua banda utilizaram 48 inputs de
um dos sistemas Pro Tools HD9, disponibili- Arquivo Century
zados para as gravações naquela noite. “Um
deles, na verdade, serviu especialmente aos
backups”, disse ele.

Esses inputs, que passaram por uma Ya-


maha DM2000, por compressores e prés
Avalon e Focusrite, entre outros, foram 18
para instrumentos rítmicos, incluindo bate-
ria e percussão; 12 para instrumentos har-
mônicos, incluindo naipe de metais, guitar-
ras, baixos e teclados, e seis para vozes e

Visão do interior da unidade móvel usada para


áudio música e tecnologia | 65
gravar os DVDs de Latino e David Guetta
show

Rock na passarela do samba


Em novembro, Pearl Jam subiu ao palco da Praça da Apoteose com
sonorização da Loudness

Em dezembro de 2005, o Pearl Jam, um dos maiores no- Entrevistado durante a passagem da banda pelo Rio de Ja-
mes da música internacional, desembarcou no Brasil para neiro, Marcio destacou que o PA foi basicamente o mesmo
o “pagamento de uma dívida”, segundo disse, na ocasião, em todos os shows, sendo que, na Praça da Apoteose, o sis-
Eddie Vedder, vocalista do grupo, referindo-se à espera de tema principal contou com 14 elementos L-Acoustic K1 com
uma década e meia do público para vê-los. três L-Acoustic Kara, além de 14 subs L-Acoustic K1SB. No
out fill foram 14 L-Acoustic V-Dosc Main com três DV-Dosc,
Durante um dos shows realizados por aqui, o músico além de 24 subs de chão L-Acoustic SB 28, oito L-Acoustic
prometeu, ainda, que um retorno ao país não demoraria ARCS, sendo quatro por lado operando como inner e out fill,
tanto, promessa que foi cumprida agora, em novembro e 12 L-Acoustic 12 XT no front fill.
passado, quando o Pearl Jam subiu ao palco do Morumbi,
em São Paulo, para dar início a mais uma passagem por A única mudança, de
terras brasileiras. acordo com ele, ficou
por conta da inserção
das torres de delay –
Arquivo Loudness

compostas por qua-


tro elementos Meyer
Sound MSL4 –, que,
em alguns casos, se
fez necessária.

“Na Praça da Apo-


teose, por exemplo,
o sistema de out fill
serviu exclusivamen-
te às arquibancadas,
enquanto os delays
cuidaram da pista
A estrutura montada na Apoteose que ficava atrás da
house mix”, disse,
A tour nacional incluiu outras capitais – Rio de Janeiro (Praça da acrescentando que os
Apoteose), Curitiba (Estádio Durival Britto) e Porto Alegre (Es- delays foram usados
tádio Passo d’Areia) –, nas quais a sonorização ficou a cargo da para tirar a “sombra” O sistema JBL Vertec utili-
locadora paulista Loudness, empresa dirigida por Marcio Pilot. causada no ambiente zado pelo Pearl Jam em sua
pela house, que era
apresentação em São Paulo
fechada e bem alta.
Arquivo Loudness

DIGI NO PA E MIDAS NOS MONITORES

Para controlar o sistema, a Loudness disponibilizou um


console Digi Profile ao engenheiro Greg Nelson, que há
anos viaja com o Pearl Jam. Já Karrie Keyes, engenheiro
de monitor, ficou com uma mesa Midas Pro 09.

A lendária banda de punk rock The X, que fez a abertura de


alguns dos shows do Pearl Jam no Brasil, teve à sua dispo-
sição dois consoles Yamaha PM5DRH, para PA e monitores.
Ao contrário do Pearl Jam, que trouxe para o país seus
próprios monitores, o grupo usou o sistema Meyer Sound
UM1P, também disponibilizado pela Loudness. •
Pearl Jam no palco: ao fundo, desenhos de
dezenas caixas deixam claro o que importa
para a banda em suas apresentações

66 | áudio música e tecnologia


caPa | renato muñoz

M-480
ConheCendo a noVa Mesa V-MixinG da roland

Divulgação

68 | áudio música e tecnologia


a
Roland mais uma vez acerta no lança- missão do áudio digital, é muito fácil de ser ins-
mento de um produto que tem por base talado, pois utiliza apenas um cabo Cat5e/6,
o conceito V-Mixing, cujo objetivo é inte- que faz toda a transmissão necessária para a
grar diversas ferramentas de áudio, como gra- comunicação entre os equipamentos.
vadores, sistemas de monitoração e outros con-
soles, tudo utilizando o sistema REAC (Roland Este sistema permite total interação com os Di-
Ethernet Audio Communication). gital Snake, entre eles, produtos como S4000S
32/08 (que possui a configuração de 32 entra-
O modelo M-480 é um passo à frente do últi- das e 8 saídas), que conta com um dos melho-
mo lançamento da empresa, o modelo M-300 res pré-amplificadores do mercado.
(analisado na edição 234 da AM&T), pois con-
seguiu manter as vantagens de sua antecessora A utilização do REAC permite ao usuário do
e ainda apresentar algumas novidades que são console fazer diversas configurações diferentes,
muito bem-vindas no mercado. dependendo do tipo de aplicação para a qual o
equipamento será utilizado, podendo ser para
Podendo ser considerado um console de médio por- PA, monitor ou gravação ao vivo.
te, mesmo que suas dimensões sejam reduzidas
em comparação com alguns concorrentes diretos, Também podemos conectar um computador
à primeira vista ele inspira bastante confiança, com e utilizar o software de gerenciamento para o
todos os controles distribuídos de maneira coerente controle externo. Ele funciona perfeitamente
e de fácil visualização. Além disso, o equipamento bem, com pouca latência, e o que aparece na
trabalha com uma resolução de 24 bits, com taxa tela do seu computador é exatamente igual ao
de amostragem de 44.1 ou 48 kHz. que aparece na tela da mesa.

O display tem um tamanho e resolução que dei- Visual liMPo e de FÁCil aCesso
xam os concorrentes com vergonha, e, além dis-
so, a superfície de controle onde estão os faders é O console apresenta um visual bastante limpo,
bem limpa, sem excessos e de fácil visualização. sem muita poluição em relação a cores ou luzes,
O seu processamento interno é
superior ao do modelo anterior,

am&t
proporcionando, assim, uma
maior liberdade para a utilização
de efeitos e equalizadores.

CoMuniCaÇÃo siMPles
e direTa

Certamente, uma das melhores


qualidades deste novo produ-
to da Roland é a utilização do
sistema REAC, que além de ter
uma grande qualidade na trans-

Código de cores facilita a


visualização de algumas
funções do console
caPa

todos os faders estão bem à mão e todos os con-

am&t
troles são de fácil acesso (com exceção do cursor
principal da mesa, que poderia estar posicionado
em um local mais acessível).

O sistema de cores que encontramos nos equa-


lizadores e nos processadores dinâmicos facili-
ta bastante a sua utilização. A interface gráfica
dos efeitos também é muito bem desenhada,
principalmente nos processadores de efeitos,
que emulam os antigos produtos da Roland.

ForMaTos de GraVaÇÃo

O M-480 possui três opções de gravação e re-


Conectores REAC que fazem a conexão entre
produção que podem ser facilmente configura-
o console e outros equipamentos Roland,
dos para utilização.
como os Digital Snakes ou o gravador R1000
A primeira e mais fácil conta com a simples utili-
zação de um pen drive. Podemos endereçar uma
ou duas saídas do console para o gravador interno
e mandar este áudio gravado
para o pen drive, assim como
também podemos reproduzir
um arquivo de áudio armaze-
nado em um pen drive.

A segunda é utilizando o grava-


dor Roland R1000, conectado
à porta REAC do console, que
nos permite a gravação em
multipistas de até 48 canais no
formato BWF, em 24 bits, com
44.1 kHz ou 48 kHz de taxa de
amostragem, chegando a até
20 horas de gravação. Este sis-
tema também nos permite fa-

Os controles da M-480 são fáceis de


compreender e muito bem distribuidos
am&t

70 | áudio música e tecnologia


zer o caminho inverso e tocar o que foi gravado As saídas principais são L, C e R, além de 16
através da mesa, em canais separados. buses ou auxiliares e também oito matrix. Nes-
tas saídas podemos insertar 12 equalizadores
A terceira é com o software Sonar Producer, gráficos de 31 bandas ou oito equalizadores pa-
conectando a porta REAC à porta de rede do ramétricos de oito bandas.
computador, onde podemos gravar até 40 ca-
nais, registrando a 24 bits/48 kHz. Porém, nes-
ta opção ainda não é possível fazer com que os
áudios gravados retornem ao console. Visão geral do M-480: mesmo pequena, mesa
permite uma grande variedade de aplicações
enTradas, saÍdas, ProCes-

am&t
sadores dinÂMiCos
e de eFeiTos

O console suporta 48 canais de en-


trada (podendo ser expandido para
96 se utilizarmos dois M-480 em
“cascata”). Quando trabalhamos
desta forma, todas as saídas do pri-
meiro console aparecem no segundo
e vice-versa. Cada um de seus canais
de entrada possui equalizadores pa-
ramétricos de quatro bandas, com-
pressor, gate e delay.

Uma boa novidade que podemos en-


contrar nos canais de entrada é o novo
modelo de equalizador, que permite
que façamos algumas configurações
diferentes no seu modo de trabalhar,
o que pode facilitar muito nossa vida.

Por conta de um melhor processa-


mento, os equalizadores podem fun-
cionar da seguinte maneira:

- Nas pontas, Lf e Hf – Low e Hi Shelf


Filter, Low e Hi Pass Filter de 6 ou 12
dB, Peak, Band Pass ou Notch

- Nos médios: Peak, Band Pass ou


Notch

áudio música e tecnologia | 71


caPa

Pude ver que um dos grandes

am&t
atrativos são seus processa-
dores de efeitos. Entre os que
me chamaram mais a atenção
estão os que simulam antigos
produtos da Roland, que sem-
pre foram sucesso de merca-
do, como Space Echo RE 201,
SDE 3000 e SRV 2000.

Uma ferramenta interessan-


te que aparece neste modelo
é um analisador de RTA, que
pode ser endereçado para
uma das saídas ou utilizado
juntamente com um microfo-
ne para fazer análise de áudio
(o microfone para análise não
está incluído no produto).

O M-480, assim como os mo-


am&t

delos anteriores M300, M380 e


M400, possui apenas oito en-
tradas e oito saídas com conec-
tores XLR na parte traseira do
console. Ou seja, se quisermos
ligar mais de oito entradas ou
mais de oito saídas diretamente
na mesa, não conseguiremos.
É preciso adquirir os periféricos
Digital Snake apropriados para
se chegar à quantidade total de
canais de entrada e de saída.

Mesmo com um desenho bem


distribuído, o console apre-
senta, na minha opinião, um
problema de ergonomia por
De cima para baixo, o equalizador paramétrico de oito causa da localização de um
bandas sendo usado com o analisador de frequências dos seus controles principais,
interno da mesa e o simulador do famoso Space Echo RE o cursor, no alto, dificultando
201, que pode ser utilizado como efeito interno no console assim o seu acesso.

72 | áudio música e tecnologia


am&t

Digital Snake configurado com 32 entradas e oito saídas: equipamento


pode ser utilizado para aumentar a capacidade de ins e outs do console

A sua operação é muito intuitiva e o software


ConsideraÇÕes Finais
de gerenciamento é bem direto, e mesmo para
quem não possui muita experiência com conso-
O console M-480 é uma ótima opção para quem
les digitais poderá ter um bom resultado quando
precisa de um equipamento de médio porte, e,
for trabalhar com ele.
principalmente, para quem sabe exatamente
para qual finalidade ele será utilizado (assim fica
A sua sonoridade é muito boa. Tanto os equa-
mais fácil escolher qual Digital Snake utilizar).
lizadores de entrada quanto os de saída soam
bastante bem, assim como os processadores de
O fato de ser necessário equipamento extra efeitos, principalmente os que recriam modelos
para se poder chegar ao número total de en- analógicos da própria Roland.
tradas e saídas da mesa é uma coisa que me
desagrada. Em compensação, os periféricos de De fato, a Roland conseguiu manter seu conhecido
entrada e saída Digital Snake apresentam uma padrão de qualidade com a M-480, que, em breve,
qualidade sonora muito boa. certamente conseguirá seu espaço no mercado. •

áudio música e tecnologia | 73


eNtreVISta | rodrigo Sabatinelli
arquivo Pessoal Luizinho mazzei

nas esTradas e
esTÚdios da Vida
ENGENHEIRO, MÚSICO E PRODUTOR LUIZINHO MAZZEI
CONTA SUA HISTÓRIA NO ÁUDIO PROFISSIONAL

P
aulistano de nascimento e soteropolitano de bate-papo merecidamente mais detalhado sobre sua
coração, o produtor musical e engenheiro de carreira sempre ficava para depois. “Culpa da falta
som Luizinho Mazzei entrou para o mundo de tempo”, diz ele, sendo esta provocada pela agen-
profissional da música aos 18 anos. Mas bem antes da cheia do profissional que, nas inúmeras vezes em
disso esse amante e dependente de música desde que tentamos entrevistá-lo, estava trancafiado em
o carrinho de bebê já dava seus primeiros acor- estúdios de gravação e, em outras tantas, percorria
des no violão da mãe, aprendia a discotecar com o o Brasil com artistas operando PA e monitor.
equipamento de audiófilo de seu pai e fazia grooves
em sua bateria, incomodando os vizinhos. Mazzei e Na tão esperada conversa, feita no final do ano
AM&T sempre se encontraram na estrada, mas um passado, Mazzei contou um pouco de sua histó-

74 | áudio música e tecnologia


ria, falou da aplicação ao vivo do conhecimento Como e por que você saiu do Mosh?
musical adquirido em estúdios de gravação e da
Meu último disco como funcionário do estúdio foi
necessidade de ser ágil em estúdio como se é nos
um trabalho da Daniela Mercury. Nele, gravei três
shows, salientando que o estudo e a dedicação
bases, todos os metais, todas as vozes e participei
são sempre necessários – até mesmo para aqueles
da mixagem com o LP, deixando tudo pronto para
que já conquistaram o sucesso.
que ele colocasse apenas seu lado artístico. Dias
antes do término da mixagem, fui convidado pela
AM&T: Luizinho, você começou sua carreira
Daniela para acompanhá-la na estrada como ope-
no áudio no início dos anos 1990, quando es-
rador de monitor e também para gerenciar o es-
tagiou no Mosh Studios, em São Paulo. Como
túdio que ela mantinha em Salvador. Fiquei como
entrou nessa? Já existia um desejo ou foi
gerente do estúdio por quase um ano e também
obra do acaso?
como sub de Vavá e Kalunga, que eram os técnicos
Luizinho Mazzei: Foi obra de Deus! Eu trabalhava de show. Na verdade, eu caí meio que de para-
na bolsa de valores e estava super insatisfeito, pois quedas, pois não entendia de show e, na época,
meu amor à música sempre falou mais alto. Até não existia in-ear, a banda era enorme e meu co-
que, num belo dia, durante um churrasco de ami- nhecimento de alinhamento era inexistente. Vavá,
gos de infância, fui apresentado a um “cara” que sempre paciente, deixava tudo pronto para que eu
era amigo do dono da casa e assistente do Mosh. apenas colocasse minha mix. Também sou muito
Ficamos conversando sobre música. Ele contou al- grato pela parceria e paciência dele comigo.
gumas histórias do estúdio e me encantei. Poucos
meses depois, ele me liga dizendo que o estúdio E como era o estúdio da Daniela?
estava precisando de estagiário. Não pensei duas
Ele servia basicamente para seus ensaios de tours,
vezes. Fui lá conversar. A Paula, que era a gerente
suas gravações e as de alguns artistas que eram
do estúdio na época, gostou da minha empolgação
gerenciados pelo seu escritório. Lá, gravei Márcio
e me deu a vaga. Até hoje sou muito grato a ela e,
Mello, Gal Costa, Carlinhos Brown, entre outros. O
principalmente, ao Enrico Romano e ao Oswaldo.
som da sala era muito bom, mas o estúdio em si não
tinha tanto equipamento, especialmente por não ser
Foram pouco mais de três anos de muita ralação,
um estúdio de locação. Logo, não justificaria um in-
entre estagiário, assistente e técnico. Muito estudo
vestimento tão alto. Ainda assim, o pouco que tinha
e noites perdidas, porém felizes. Comecei a traba-
era do bom e do melhor.
lhar no estúdio mais simples, enrolando cabo. Não
conhecia microfones, patchbays, nada, mas sempre
E a mudança para Salvador foi determinan-
fui muito curioso e observador, então perguntava
te para que você mergulhasse no universo da
tudo a todos. Consequentemente, as oportunidades
axé music, trabalhando com diversos outros
foram pintando de acordo com o grau de conheci-
artistas do gênero?
mento que eu adquiria, e, em pouco tempo, já era
o assistente que mais trabalhava na sala principal, Certamente. Ainda no Mosh, cheguei a trabalhar com
juntamente com o engenheiro que mais mixava dis- alguns deles, mas depois que saí do estúdio, acho, sin-
cos de sucesso na época, o Luis Paulo Serafim. O ceramente, que trabalhei com todos eles. Estive muito
“LP” é outro cara com quem também aprendi muito. presente no mercado baiano até, pelo menos, 2006,
Ele tem um jeito sensível de entender a música e me trabalhando em discos e turnês pelo mundo. Naquela
ajudou bastante. No Mosh, participei de centenas de época eu tinha um pouco de receio de excursionar fora
projetos. Trabalhei com artistas como Roberto Car- do país, pois só escutava histórias ruins de amigos,
los, Jota Quest, Skank, B.B. King, todos os sertane- mas acho que naquele momento a axé music já era
jos, Chico Science & Nação Zumbi e Edson Cordeiro, respeitada pelos contratantes. Tanto é que, sem exa-
entre muitos outros. Foi uma época bem bacana. gero algum, posso afirmar que em 99% dos shows que

áudio música e tecnologia | 75


eNtreVISta

fiz no exterior os equipamentos disponibilizados eram ção são bem equipadas ou a estrada ainda
de ponta e o tratamento que recebíamos era excelente. está cheia de “roubadas”?

Olha, pergunta delicada. Locadoras de verdade te-


Você participou da sonorização do carnaval na
mos poucas, e essas poucas são do mesmo nível
Bahia por muitos anos. Quais são as principais
das maiores do mundo. Mas o que encontramos
dificuldades em fazer este tipo de trabalho?
no dia a dia da estrada é uma realidade bem dis-
Mixar um trio elétrico é algo para poucos. Pou- tante disso. Infelizmente, a quantidade de loca-
cos fazem bem! Conto nos dedos de uma mão os doras cresceu. Digo infelizmente porque também
grandes engenheiros de trio. As dificuldades são cresceu muito a falta de mão de obra e de ma-
as mais diversas: deslocamento de som e reflexão nutenção. O problema é que, cada vez mais, os
variando de acordo os obstáculos encontrados no empresários, produtores, técnicos e aristas estão
caminho, como, por exemplo, mato, vidro, azule- aceitando essas empresas.
jo, cimento, mar e madeira, que respondem em
frequências diferentes, são os mais comuns. Mas Ter uma boa mesa não significa ser uma locado-
eu sempre me preocupei com acoplamento, fase ra de ponta. Eu prefiro um equipamento simples,
e alinhamento, pois acho que esses são os princí- mas em perfeita manutenção e com mão de obra
pios básicos. Se você consegue um equilíbrio entre especializada e eficaz, a um sistema dos sonhos na
eles, seu trabalho de mixagem fica fácil, podendo mão de um incompetente ou despreparado. Hoje
até ser feito em fone de ouvido de alta resolução. posso dizer que essas são as “roubadas”. Ou seja,
empresas com profissionais mal qualificados, mas
Durante o percurso de um trio, o que muda não é a não os culpo! Culpo os empresários donos de em-
mixagem nos faders, e sim o alinhamento. Por isso, presas, que pagam mal seus funcionários, que não
tento manter ao máximo a minha mixagem equili- oferecem treinamento direcionado e acabam tendo
brada, pensando em disco, e vou mudando as fre- que aceitar qualquer pessoa respondendo por um
quências dos PAs para que não exista nenhum tipo sistema de milhões de dólares. É um absurdo!
de realimentação e reflexão, causando desconforto
e possíveis delays para quem está em
cima, cantando ou tocando. É um tra-
balho bem difícil, porém, a meu ver,
mais correto, pois a música não fica
prejudicada. Mas isso não serve como
regra. Às vezes você precisa aplicar
essa técnica e ajustar algo na mixa-
gem, variando de lugar para lugar.

Outra dificuldade que encontro é o alto


e incômodo ruído causado pelos gerado-
res. Até me acostumei, mas acho que,
por estar ficando velho, é o tipo de situ-
ação que talvez não suporte mais. Ape-
sar dos “contratempos”, continuo sendo
apaixonado pela música, pela cultura e
pelo carnaval da Bahia.

Você acha que nossas locadoras


de equipamentos para sonoriza- NA OPINIÃO DE LUIZINHO, HÁ POUCAS “LOCADORAS DE VERDADE” NO PAÍS:
“MAS ESSAS POUCAS SÃO DO MESMO NÍVEL DAS MAIORES DO MUNDO”

76 | áudio música e tecnologia


Depois da fase na Bahia, você passou quase quatro
anos na estrada com o Jota Quest, que estava no auge
de sua carreira. Como foi a experiência?

Pois é. Fui convidado pelo Marcos Soares, produtor da banda


na época. Apesar de não me conhecer, tive a indicação de
dois nomes de peso. Um deles o Hélber Luiz – na época,
produtor da banda, hoje, empresário – e o outro o próprio
Rogério [Flausino], que tinha se encontrado comigo meses
antes, durante o carnaval de Salvador, onde paramos para
conversar e trocamos telefone. Esse encontro no carnaval
foi, na verdade, um reencontro, afinal de contas eu gravei o
primeiro disco dos caras, em 1996, quando ainda eram inde-
pendentes. De início, o convite havia sido feito para assumir
o PA. Além disso, eles me pediram um nome para o monitor.
Porém, como o profissional que eu indiquei estava ocupado,
eles resolveram me deixar no monitor e manter o operador
de PA, que já conhecia muito bem a sonoridade da banda.

Durante esse período, além dos shows, eu fazia todas as


gravações no estúdio, ajudava no planejamento da turnê
e, eventualmente, quando tocávamos em casas menores,
nas quais não havia condição de se colocar duas mesas,
operava o PA. O legal é que eu sempre gostei muito da
banda, e tinha a mão e o ouvido para o que eles gostavam
de ouvir, logo trabalhar com eles era algo muito prazeroso.
Criamos uma relação muito boa dentro e fora dos palcos.
arquivo Pessoal Luizinho mazzei

Tanto é que até hoje somos bons amigos. O Rogério, inclu-


sive, é meu padrinho ausente de casamento, pois no dia
em que casei, ele teve que fazer um show com a banda.

Você falou da gravação do primeiro disco do Jota


Quest, lançado em 1996, época em que saíam de cena
os ADATs e entrava o Pro Tools. Na sua opinião, qual
era o real valor da tecnologia para as produções que
vinham sendo feitas?

Na real, essa mudança veio antes. No próprio disco do


Jota, produzido pelo [Dudu] Marote em 96, o Logic já era
uma realidade. E como gravei quase o disco inteiro, acabei
aprendendo por osmose a trabalhar com o programa, mas
confesso que depois disso não cheguei a praticar. Em 2001,
acabei fazendo toda a pré-produção de outro disco da ban-
da e iniciei suas gravações, mas tive que sair do trabalho.

Acabei indo fazer uma tour com a Britney Spears. Entre


gravação, mixagem e masterização, foram cerca de cinco

áudio música e tecnologia | 77


eNtreVISta

arquivo Pessoal Luizinho mazzei


meses, tempo que me dediquei integralmente aos TC Eletronic, e um Harmonizer 3000, da Eventide.
shows com a cantora. Toda a parte de produção do Apesar de utilizar os 48 canais de entrada, era um
disco (do Jota) foi feita no Logic e no Pro Tools, no trabalho tranquilo, pois o que variava de volume já
qual acabei apanhando um pouco, pois estava enfer- tinha automação pronta dentro do sistema, então os
rujado das gravações, ainda mais com o adendo do grupos que recebia já estavam sempre prontos. Isso
digital, já que, durante essa transição, me encontra- facilitava a nossa vida. Da minha mesa eram geren-
va, especialmente, na estrada. ciados todos os in-ears da banda – ao todo, eram oito
músicos – e o side fill, utilizado para o ballet, somente
Alem da turnê com a Britney, você trabalhou com o Pro Tools e as vozes da Britney. A mão de obra
com o grupo Concrete Blonde. Essas experiên- lá não é melhor ou pior – é diferente. Aqui, somos
cias mostraram diferenças muito grandes do poucos e fazemos de tudo e tudo acontece bem rápi-
ponto de vista tecnológico entre a estrutura de do. Lá, não: cada um faz somente o seu, e o que cada
shows do exterior e a dos nossos daqui? um se propõe a fazer é feito com maestria.

Na Britney, eu
No exterior,
fazia monitor da no exTerior, aPrendi CoMo realMenTe aprendi como
banda. Ela tinha
um engenheiro
se FaZ uM shoW de Verdade. lÁ, Tudo É realmente se faz
um show de ver-
exclusivo pra ela. leVado MuiTo a sÉrio dade. Lá, tudo é
No Concrete, fazia muito levado a
monitor e ajudava sério, pois se trata de uma grande indústria de en-
o técnico de PA a desenvolver o sistema de gravação tretenimento e show business. Em termos de sonori-
para toda a turnê, o que resultou em um disco duplo zação, estamos no mesmo patamar. O que nos falta
ao vivo. A estrutura do Concrete Blonde era simples, aqui são projetistas e engenheiros de sistema. Acho
pequena e funcional. Nada de extraordinário. Usáva- que temos uns cinco de verdade no Brasil e um deles
mos duas PM4000, uma no monitor e outra no PA, não é brasileiro. Onde perdemos e feio é na parte de
de onde via direct out, em um gravador Alesis, eram negócios, logística e palco. Nossos palcos são me-
gravados os shows. díocres perto dos utilizados pelos americanos, por
exemplo. Aqui, demoramos semanas para montar
Na Britney eu não fazia nada! Na verdade fiz durante
os ensaios, que eram puxados e totalmente sincro-
nizados. Isso resultou em uma tour em que tudo
funcionava exatamente igual em todos os shows, o
que nos dava uma segurança, uma tranquilidade.

A equipe era fabulosa. Um tomava conta de um


setor e entregava tudo pronto para o seguinte. A
gente trabalhava com dois assistentes, um de sis-
tema e um com a banda. Meu trabalho era somen-
te mixar. Não precisava cuidar de rack, fone, pilha,
nada. Eu era um músico e meu instrumento uma
console Midas XL4, com alguns compressores Em-
pirical Labs, Tube Tech, Summit, API, Neve e DBX,
que utilizava para bateria, baixo, guitarra, violão,
vocais e os dois microfones dela, mais o piano, já
que o restante vinha do Pro Tools. De efeito, usava
uma 480 e uma PCM70, da Lexicon, um M5000, da

MAZZEI EM UMA DAS SALAS DO MOSH STUDIO:


EM SÃO PAULO, O INÍCIO DE SUA CARREIRA
78 | áudio música e tecnologia
dos artistas nacionais e internacionais, mas fiquei sem
saco. A paciência foi embora. Fiquei com saudade de
passear com o cachorro domingo às oito da manhã e
de ficar perto da minha família. Mudei meus valores,
sabe? Mas quando se gosta de verdade, fica difícil se
ausentar por muito tempo.

O Kiko Zambianchi era meu vizinho e, um dia, ele me


convidou para viajar com ele. Por gostar do seu traba-
lho e ser um baita cara bacana, acabei aceitando. As
viagens eram mais um lazer do que trabalho mesmo.
Nós ficávamos tocando violão, jogando videogame,
conversando, era divertido. Aí surgiu o convite do Mau-
rício Manieri para assumir os seus monitores, que, na
época, eram comandados pelo [Paulo] Farat, que es-
tava de mudança para o Capital [Inicial]. Acabei acei-

MAURICIO MANIERI FOI UM DOS PRIMEIROS ARTISTAS tando, e como o Maurício tinha uma agenda tranquila,
COM QUEM MAZZEI TRABALHOU EM SUA VOLTA À resolvi voltar para os estúdios. Mesmo porque se não
ESTRADA, EM MEADOS DOS ANOS 2000 aprendesse o novo formato de trabalho e de mercado
teria dificuldade em voltar mais tarde e me adaptar.
Durante o tempo em que fiquei no Manieri, acabei fa-
um palco ruim. Lá, são horas para montar um mega
zendo de tudo: monitor, PA, gravação, mixagem, pro-
palco. A visão empresarial dos caras é bem distante
dução de show e de disco.
da nossa. Aqui, empresário quer ganhar. Lá, empre-
sário quer investir para ganhar depois!
A equipe de produção era o Maurício, o Marcelo, seu
irmão, e o Igor Arthuzo, que acabou saindo logo que
Uma vez, no cathering do Festival de Montreux,
finalizou um de seus discos. Como eu era muito pró-
estava conversando com o tour manager do
ximo ao Marcelo, acabei assumindo a parte técnica da
Aerosmith e perguntei por que uma estrutura tão
produção deles. Meses depois, com o falecimento do
grande e se eles levavam aquilo pro mundo inteiro.
Marcelo, o Maurício me convidou para ajudá-lo na par-
Ele foi simples e objetivo. Disse: “aqui a gravadora
te de produção juntamente com um parceiro deles das
arquivo Pessoal Luizinho mazzei

investe e o empresário também. Por que? Se eu fizer


antigas, o Fabrício Miguel. Eu sempre fui do pensa-
um show bonito, o consumidor que não tem o CD vai
mento que som de disco tem que ter o mesmo som ao
amanhã na loja, compra e se torna mais um fã da
vivo, então, como o Maurício sempre gostou muito do
banda. O consumidor que é fã conhece o CD e quer
meu trabalho, sugeri que levássemos a sonoridade do
ouvir ao vivo o que está no álbum do jeito que está
disco para a estrada, com todos os seus efeitos e tim-
no álbum, somado a isso o atrativo do visual. Então,
bres. Ele curtiu a ideia. Então projetei isso e deu certo.
precisamos nos preocupar com um som perfeito e
um visual que chame sua atenção, para que continue
Viajava com um rack com sete máquinas de efeito, tudo
fã e que justifique seu investimento”. Isso foi em
muito dinâmico, e o que não tínhamos no palco, colo-
1999. Naquela época, as gravadoras, já visando uma
quei dentro do Pro Tools. Em pouco tempo, o som do PA
possível crise de mercado, investiam em shows para
era 100% o som do disco. Era maravilhoso! Com essa
que pudessem ganhar através deles também.
interação toda, acabei sendo convidado pelo próprio
Maurício e pelo Fabrício para produzir o disco com eles.
Por que você decidiu parar com a estrada em
Foi um disco em homenagem ao Marcelo, um trabalho
2003 e retomar as gravações e mixagens?
muito emocionante e recompensador. Fazer parte de
Estava cansado. De 1997 a 2003 trabalhei com a nata tudo aquilo ali foi, acima de tudo, um grande presente.

áudio música e tecnologia | 79


eNtreVISta

arquivo Pessoal Luizinho mazzei


COMANDANDO OS MONITORES DO GRUPO NX ZERO, GRUPO
COM O QUAL COMEÇOU A TRABALHAR OPERANDO O PA

Foi nessa época, que você passou conta de gravação, banda, artista e convidados. Foi
pelo Nossoestúdio? loucura, mas deu certo. Acabou que também mixei o
DVD e entrei para a equipe fazendo monitor.
O Nossoestúdio sempre foi e será sinônimo de ex-
celência em captação. Nunca ouvi nada próximo. A
É interessante como tenho muito esse lance de fazer
sala tem uma sonoridade única. Os artistas que por
os discos dos artistas para os quais também ope-
lá passavam eram super exigentes e conhecedores
ro monitor. Acho que o meu lado musical somado
de arte. Acho que em todo o tempo em que fiquei
ao técnico ajuda muito nesse aspecto. Eu acabo, no
na casa, mais da metade dos trabalhos eram com
fundo, passando uma segurança maior para o ar-
artistas internacionais, de instrumental e jazz. Era
tista, o que é fundamental, acredito. Na Margare-
um presente para os ouvidos. A história da “Família
th, fiquei exato um ano, mas como ela tinha uma
Nossoestúdio” é muito forte com os grandes músicos
agenda cheia e eu havia acabado de me casar, re-
de fora. A Carla Pop foi produtora de shows interna-
cionais. O Dudu Souza foi produtor da Chaka Khan, solvi ficar por São Paulo e saí da equipe. No entanto,

diretor da Columbia Records, tocou com Steve Gadd eventualmente, fazia shows esporádicos no Rio e em

e John Patitucci, e a Luciana Souza é uma das maio- São Paulo. No ano seguinte, acabei sendo convidado

res cantoras do mundo. O Farat gravou com ela um para fazer seu monitor durante o carnaval e fiquei

trabalho que foi indicado ao Grammy americano. Dois fazendo os seus shows por alguns meses.
anos depois, foi a minha vez.
Mesmo resistente a uma volta para a estrada,
No estúdio, você era indicado a Grammys e, na você ainda trabalhou com Lulu Santos, um ar-
estrada, viajava com diversos artistas. Lembro tista que parece não se cansar de fazer shows.
que nos encontramos muito por aí, quando você
Pois é! Tive o prazer de trabalhar com o maior hit-
operava os monitores da Margareth Menezes.
maker da história da música brasileira, que tinha
Verdade! Minha passagem pela equipe da Margareth ao seu lado músicos excepcionais e uma equipe
foi bem engraçada. Fui convidado para fazer o moni- super afinada! Fora a vantagem de viajar sempre
tor do DVD dela e, faltando poucos dias para o show, com um sistema nosso. No fundo, não tocávamos
também acabei assumindo a gravação. Imagine, em muito, e isso me possibilitava continuar fazendo
um DVD, você se desdobrando em dois, tomando projetos em estúdio. A organização e união da

80 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 81
eNtreVISta

equipe era o ponto alto do trabalho. Fazendo com nais, 1/4 de polegada de oito canais, amplificado-
que a tensão do show ficasse de lado. O Lulu é um res robustos e potentes e pickups Technics. Todo
cara muito esperto e observador. Fala e pede com final de semana era música das oito da manhã às
pertinência. É um pouco difícil lidar com ele, mas oito da noite. Depois, pegava um rádio que ele
a experiência em si é enriquecedora, por se tratar mesmo havia montado, ia para a cozinha, colocava
de um artista exigente. Ele arranca tudo que você uma antena enorme do lado de fora da janela e
sabe e tem de melhor. Isso é muito bom! Acabei ficava buscando rádios estrangeiras. Era divertido.
saindo de lá, pois, simultaneamente, comecei a fa- Com isso tudo, fui ficando curioso e aprendendo a
zer o PA do NX Zero e estava envolvido como DVD mexer. Mais tarde, “roubei” esse equipamento e
da Cláudia Leitte, que me consumia bastante. comecei a dar as festinhas no prédio e no bairro.

Voltando bastante no tempo, de onde vem sua A primeira “mesa de som” que comprei foi uma Wat-
paixão por equipamentos? Quando começou a tsom, de oito canais, que era, justamente, para as
comprar coisas e quando montou seu primeiro festas. Entrava ali o K7, as pickups, o gravador de

sistema de gravação em casa? rolo. Tinha tanta música que era possível tocar por
uma semana inteira sem repetir nenhuma track! Eu
Tudo isso vem de criança. Meu pai, apesar de enge- comprava muitos discos e muitas fitas K7. Fora que
nheiro civil, era um maníaco por música. Meu pri- já tinha uma bateria, dois violões, um teclado e um
meiro presente, ainda bebê, foi um radinho AM, que contrabaixo em casa, além do acordeon da minha
vivia pendurado no meu carrinho. Quando passeá- mãe, que também sempre foi amante de música.
vamos pelas ruas do bairro, o radinho tinha que es- Minha família sempre foi apaixonada por música. Já
tar ligado, e sempre com música. Quando aparecia profissional, meus primeiros equipamentos foram
um locutor, um comercial, eu começava a chorar. Até um G3 Blue, uma Digi001 e um par de monitores At-
o meu pediatra disse um dia: “é, Seu Luiz... hoje o tack. Comprei para ajudar um “amigo” em um disco
senhor deu um radinho de pilha, amanhã terá que e acabei me ferrando. Ele vendeu uma música para
dar um estúdio de presente”. a Xuxa que eu havia mixado junto com ele e não
recebi um centavo por isso. Ele tinha sempre uma
Meu pai tinha um sistema Sansuy com equalizador desculpa. Se ele estiver lendo isso, vai se lembrar.
digital, reverb de mola, gravador K7 de quatro ca- Só que hoje ele está quebrado e a gente “tá aí!”.

Tendo vários equipamentos


e possuindo experiência no
arquivo Pessoal Luizinho mazzei

gerenciamento de estúdios,
não foi muito difícil parar
na sociedade da unidade
móvel do NaCena, correto?

Exatamente. Já tinha a experi-


ência de gerenciar o Canto da
Cidade, da Daniela, e o Nosso-
estúdio, do qual fui sócio por
dois anos. Na verdade, eu já era
parceiro do NaCena, sempre le-
vando meus trabalhos para lá,
onde sempre fui bem atendido
e gostava da equipe e dos equi-
pamentos. Um belo dia, um dos

COM A UNIDADE MÓVEL DO NACENA, MAZZEI GRAVOU DIVERSOS DVDS, DENTRE


ELES O PROJETO MÚSICA DE BRINQUEDO, DO GRUPO MINEIRO PATO FU

82 | áudio música e tecnologia


sócios do estúdio, o Hebert Motta, me pediu um orça- genheiros e produtores tinham seus estúdios e que
mento para montar uma unidade móvel. Ele estava faziam trabalhos à distância. Nessa mesma época
fechando um projeto e me pediu essa ajuda. Meses o Carlinhos Freitas já trabalhava muito com sua E-
depois, me comunicou que havia fechado e que me -master. É impressionante a quantidade de artistas
queria à frente dos negócios. Foi aí que o outro sócio, de fora de São Paulo que trabalham comigo, mas
André Hamoui, sentou comigo para, juntos, desenvol- poucos têm orçamento para passagens, hotéis, sala
vemos um planejamento e abraçarmos a ideia. de mixagem e mais o engenheiro. Então, ofereço
isso aos meus clientes. Tudo o que um grande estú-
Começamos, e, em pouco tempo, gravamos os dio tem, eu tenho em casa.
DVDs do Pato Fu, vencedor do Grammy, da Pitty,
com seu projeto Agridoce, e da dupla Allan e Alis- Na sua opinião, o que faz diferença na vida de
son. Fora a gravação e a transmissão ao vivo dos um profissional do áudio, ser bem informado
shows de bandas como NX, Cine, Restart, Chimar- tecnicamente ou entender de música?
ruts, Fresno e Skank. Hoje, somos os responsáveis
Penso que todo técnico de som, engenheiro ou
pelo projeto Rumos Música, em parceria com a Po-
produtor deveria ser músico ou, no mínimo, mu-
lar Filmes, de Joana Mazzucchelli e Gisa Locatelli.
sical. Numa gravação, a versatilidade faz toda a
O André responde pelas áreas comercial e técnica
diferença, afinal de contas, nem sempre os mes-
e eu pela parte artística e técnica.
mos microfones, pré-amplificadores e compres-
sores servirão para estilos de músicas diferentes.
Atualmente, como é a sua vida? Você se divi-
As compressões que utilizo, por exemplo, são
de entre a estrada com o NX, o NaCena e suas
“musicais”. Costumo aplicá-las de acordo com a
produções?
“respiração” das músicas, então acabo mudando
Hoje, graças a Deus, posso dizer que vivo o me- tudo o tempo todo. O bom técnico, aliás, precisa
lhor momento da minha carreira. Não consigo ter estar sempre atento a isso. Particularmente, não
dois dias de folga seguidos há muito tempo. Atu- sei nem soldar um cabo e não tenho o menor in-
almente, opero os monitores do NX, que tem uma teresse pela parte eletrônica da coisa, mas gosto
média de seis shows por mês, e fico trabalhando de gravar acompanhando a partitura, de saber o
no NaCena, tanto na UM quanto no estúdio e nas que está acontecendo na música, até mesmo para
produções dos meus trabalhos. Tenho feito discos melhor utilizar as minhas ferramentas.
pelo Brasil inteiro, e é impressionante como temos
artistas talentosos ainda no anonimato. Também E como é a sua relação com a música dentro e
montei uma sala de produção em casa, na qual fora dos estúdios?
posso fazer toda parte de produção e arranjo. Meu
Gosto de música, respiro música e vivo para ela. No
sistema também me possibilita realizar as mixa-
meu iPod tem de tudo um pouco, e mesmo que eu
gens que chamo de E-mix, quando o cliente não
não ouça tudo o que tenho guardado nele, sempre
tem a possibilidade de acompanhar tudo de perto,
que sou convidado para gravar algo que não conheça
devido a distâncias geográficas. Utilizo Logic Pro
ou com o qual ainda não tenha tido experiência, já
e Pro Tools para produção, edição e mixagem, e
chego preparado, familiarizado com os timbres, com
hardwares Avid, Mytek, Apogee, Neve, API e SSL
a sonoridade. Esse conhecimento é útil para as partes
customizado pela Canil Audio, que, diga-se de
técnica, operacional e artística de uma gravação.
passagem, é melhor do que o original.

Teria alguma dica para os novatos?


Resolvi montar uma estrutura tão grande, primeira-
mente, pela paixão. Depois, pela demanda em edi- Acredite em seus sonhos. Tudo é possível, desde
ção. Aí, pesquisando, comecei a ver que o mercado que exista determinação, fé, estudo e comprome-
americano já estava dessa forma, que muitos en- timento. •

áudio música e tecnologia | 83


Ricardo Almeida
disco | Fernando Barros

Gravando
os sambas
Sempre com uma pitada
de novidade, a escolas
do grupo especial do Rio
de Janeiro esquentam as
quadras, mesas e terreiros
com o lançamento do álbum
Sambas de Enredo 2012

O
carnaval não acaba na quarta-feira de cinzas. Pelo TEM NOVIDADE NO SAMBA
menos não para este grupo de profissionais que fa-
zem a mágica acontecer. É um ano inteiro de muito À primeira audição já é possível perceber que não houve
trabalho e planejamento em diversas áreas do entretenimen- nenhuma mudança radical no conceito em relação à pro-
to até que o povo possa se acabar de sambar na avenida. dução do ano passado. Apenas uma leve desaceleração
nos andamentos, que já vinham sendo chamados ironi-
Os engenheiros e técnicos de áudio também não têm des- camente de “marchas-enredo” pelos mais tradicionais do
canso. Em meados de outubro de cada ano – após as sele- samba. Outro detalhe que chama atenção ao longo dos
tivas promovidas nas quadras das agremiações – começam anos é a constante introdução de novos elementos sono-
as gravações do tão esperado CD com os sambas-enredo ros às músicas, sejam eles efeitos, narrações ou mesmo
do carnaval seguinte. A AM&T conversou com os profissio- instrumentos incomuns como teclados, guitarras, acorde-
nais responsáveis pela produção do CD das escolas de sam- ões, triângulos e outros percussivos.
ba do grupo especial do Rio de Janeiro para tentar entender
como se dá o registro da espontaneidade e empolgação das William Luna Jr., que, entre diversos trabalhos de sucesso,
baterias, coros e intérpretes. participou do álbum Diminuto, de Carlinhos Brown, indicado

84 | áudio música e tecnologia


ao Grammy como melhor engenharia de gravação têm notado a maior presença de instrumentos que fogem
de 2011, é responsável pela coordenação geral à tradição do samba, além de efeitos sonoros. William co-
da gravação das escolas de samba há três anos, menta que esta é uma questão tratada com os produtores e
mas desde 1997 está envolvido com o projeto. arranjadores das escolas. “A maioria desta instrumentação
“No meu primeiro contato, o material era capta- extra é registrada em estúdio. Este ano eu posso citar o
do no teatro de lona e seguia para o estúdio. No Salgueiro entre os que adicionaram coisas novas. A escola
período da madrugada eu fazia os slaves das fitas levou um trio de forró com acordeom, zabumba e triângulo,
de duas polegadas e 24 canais para que no dia instrumentos que foram gravados simultaneamente com a
seguinte recebessem lá mesmo no teatro de lona bateria na Cidade do Samba.”
as coberturas de coro e percussões.
Ao longo dos anos vinha participan-
do, seja gravando vozes ou mesmo Ricardo Almeida
percussões que não eram gravadas
na base, como cuícas, chocalhos,
agogôs e tamborins”, relembra.

Para ele, a grande virada nas grava-


ções de sambas ocorreu relativamen-
te há pouco tempo. “Creio que a mu-
dança primordial destes três últimos
anos foi a possibilidade de se ouvir as
afinações e ritmos variados de uma
agremiação para outra. Isso só se
tornou possível depois que cada es-
cola pôde realizar as gravações com
sua própria bateria”, revela.

As bases e os coros são captados no


espaço montado na própria Cidade A Acadêmicos do Salgueiro adicionou à sua bateria um trio
do Samba, no Rio de Janeiro. Já a de forró com acordeom, zabumba e triângulo
voz dos intérpretes são gravadas no
estúdio Cia. dos Técnicos. “Até por
Ricardo Almeida

uma questão de espaço, preferimos gravar a


bateria na Cidade do Samba. Recebemos até
três agremiações por dia, com muitos integran-
tes. Em alguns casos, esse número chega a 250
pessoas da comunidade fazendo o coro. Além
disso, o espaço é um verdadeiro playground de
todas as escolas e seus barracões.” Em ambos,
a plataforma Pro Tools é utilizada para captação
e edição.

O ambiente controlado do estúdio se torna ideal


para captar a melhor performance possível dos
cantores principais, mas não é somente isto a
ser gravado na Cia. dos Técnicos. Os críticos
especializados, por vezes até mesmo puristas,

Ivo Meireles em estúdio, durante as gravações


disco

Cerca de dois meses antes do registro do material,

Ricardo Almeida
toda a equipe se junta em uma reunião técnica pro-
movida pela LIESA (Liga Independente das Escolas
de Samba), em que os mestres de bateria e dire-
tores de carnaval levantam questões como as pe-
ças a serem utilizadas pelos ritmistas, as condições
de qualidade de cada uma delas e a quantidade
máxima e mínima de instrumentos e músicos por
setor. Esta é, certamente, a grande malandragem,
no melhor sentido da palavra, para que, mesmo em
uma gravação, a bateria de cada escola não perca
suas características.

Ele conta que, para captar a animação e a espon-


taneidade sempre presentes nos desfiles, tudo é
registrado desde a primeira passada. “Não reali-
zamos muitas tomadas quando um take é bom,
cheio de vida. Se tivermos algum problema pon-
Ricardo Almeida

tual, procuramos corrigi-lo através de pequenas


edições posteriores”, revela.

Na apresentação na Marquês de Sapucaí, o samba


é repetido diversas vezes, com algumas variações
durante o desfile, incluindo paradinhas. Estes de-
talhes também são incorporados nas gravações,
sem estragar a surpresa, é claro. “Este processo de
definir o que deve entrar ou não no samba ocorre
justamente na hora das gravações. Os diretores de
bateria apresentam suas convenções, paradinhas
e, em comum acordo com os produtores e arranja-
dores, fica decidido o que cai bem ou não. Mas isso
não impede as baterias de apresentarem algo novo
na avenida.”

CAPTAÇÃO CUIDADOSA Neguinho da Beija-Flor e Dudu Nobre: participações


dos intérpretes foram gravadas na Cia. dos Técnicos
As baterias das escolas de samba são, na maioria dos ca-
sos, compostas pelos mesmos instrumentos de base, como U 87 Ai com pré-amplificadores e compressores Neve 1073.”
surdos, caixas, repiques, tamborins, chocalhos e cuícas.
Para a captação, são colocados pares de microfones over Durante a gravação da bateria, a voz e a harmonia – assim
divididos por naipes. “Em algumas peças, como surdos de como o metrônomo, em algumas escolas – serviam apenas
marcação, repiques de corte e cuícas, dispomos também de de guia. Para evitar ruídos e vazamentos, os mestres, ar-
microfones closed”, completa William. ranjadores, o cantor e o cavaquinista de cada agremiação
utilizaram fones de ouvido, enquanto os demais receberam
Os cavacos e violões são captados por microfones Shoeps, a monitoração por caixas bem direcionadas. “Em todo caso,
Neumann KM 184 e AKG C414. “Já para as vozes usamos sempre ficamos atentos na técnica para ouvir o ritmo sola-
basicamente um AKG Tube, e, em alguns casos, o Neumann do e evitar surpresas.”

86 | áudio música e tecnologia


Para evitar ruídos e vazamentos, alguns integrantes utilizaram fones de ouvido
para a monitoração e também para que pudessem escutar o metrônomo

Uma das surpresas deste ano foi o uso de uma lona que ao vivo. Temos que procurar este equilíbrio.”
cobriu e envolveu o local de gravação na Cidade do Samba.
“A princípio, a lona tinha apenas uma aplicação estética, MAPA DE PALCO
para que a produção pudesse registrar a imagem sem a
interferência direta da luz do dia. No final, ela gerou uma O técnico José Andrade Sartori, conhecido como Magrão,
sonoridade mais compacta em relação à profundidade dos experimentou uma forma diferente de posicionar os ins-
anos anteriores”, afirma William.
trumentistas no espaço da Cidade do Samba. “Sobre o
palco, os surdos ficaram ao fundo, e a novidade foram as
Outra diferença em relação ao ano anterior foi a captação
caixas, que ficaram distribuídas nas duas laterais, a fim
dos surdos. “Utilizamos Sennheiser MKE 1. No princípio, era
de melhorar o equilíbrio.”
apenas um teste para avaliarmos a capacidade de se utili-
zar ele no desfile, mas acabou dando tão certo que optamos
Ele também comenta que os repiques ficaram ao centro,
por também gravar com eles.”
tamborins à frente dos repiques, cuícas e chocalhos cada

Para William, o grande desafio deste trabalho era chegar a um de um lado do palco, um pouco mais à frente. “O mesmo

uma sonoridade que agradasse tanto ao público geral quan- aconteceu com escolas que levaram instrumentos adicionais,

to aos frequentadores dos ensaios das escolas. “O público como acordeom, triângulo, zabumba, atabaques, berimbau,
quer ouvir algo mais limpo, como um padrão, digamos, ra- pratos, agogôs e tumbadoras”, recorda ele, que completa
diofônico. O pessoal que frequenta quadras, ensaios e des- dizendo que ao centro, de frente para os ritmistas, ficaram o
files quer ouvir aquela sonoridade mais densa que se tem mestre de bateria, o cantor e o maestro. •
Ricardo Almeida

Técnico Magrão experi-


mentou novo posiciona-
mento de ritmistas no
palco da Cidade do Samba

áudio música e tecnologia | 87


áuDIo e acúStIca | omid Bürgin

omiD academia de áudio/Ivan Silva


INTENSIDADE DO SOM
Decibéis (PARTE 2)

n
o artigo anterior examinamos o decibel, seu ordem de décimos de Bel, terminamos subdividindo
conceito e a sua praticidade. Começamos com nossa escala por 10, adaptando a fórmula para gerar
W/m2, com números astronômicos da ordem a seguinte escala de decibel:
de um trilhonésimo para um. Através de potências,
conseguimos extrair números fáceis, e, com o loga- (10-12)
10log = 0dB
ritmo, ficamos somente com o fator de crescimento (10-12)
(expresso pela exponencial). Usando proporções,
deixamos os valores de nossa escala em positivo, Neste artigo, continuaremos tratando sobre deci-
resultando em valores de 0 a 12 Bels para represen- béis (dB), mas vamos entrar em mais detalhes so-
tar a nossa percepção de intensidades. Como somos bre o que eles representam e ver diferentes apli-
capazes de perceber variações de intensidades da cações dos decibéis dentro do universo do áudio e

88 | áudio música e tecnologia


da acústica. Iremos comparar o decibel de inten-
sidade sonora (dB int) com o decibel de pressão
VERDADEIRO RESULTADO
sonora (dB SPL), explicaremos a diferença entre
dB peak e dB RMS e introduziremos os decibéis
Ao contrário do que se imagina, a soma das
ponderados, chamados de dB A e dB C. Como a
intensidades sonoras de duas caixas de 20 dB
escala de decibel trata de proporções em grande-
não é 40 dB. Na verdade, o resultado dessa
zas com fator de crescimento exponencial típico da
soma é 23 dB.
audição, qualquer aplicação voltada ao áudio ou
acústica terá de usar alguma escala em dB e, por
Para que se alcance 40 dB seriam necessários
isso, frisamos tanto a importância do decibel em
100 falantes de 20 dB cada!
nosso artigo passado.

dB int e dB SPL
proporcionais à pressão sonora que estão recebendo
Falta resolver um problema: tudo o que fizemos (P), mas esta não é uma relação direta...
até agora estava relacionado à intensidade sono-
ra, medida em watts por metro quadrado e se re- A relação entre pressão e potência sonora é a se-
ferindo à potência sonora. O problema é que para guinte: a potência sonora tem uma relação de qua-
medir o volume precisamos recorrer às mudanças drado quanto à pressão sonora. Isso se traduz em
de pressão, que examinamos nos primeiros artigos uma fórmula ligeiramente modificada, com resulta-

desta série. Trabalhar com W/m serviu para ex-


2 dos um pouco diferentes. Poupando você da mate-

plicar a intensidade sonora, mas ela não é muito mática, vamos diretamente a ela:

prática porque não podemos medi-la. “O que escu-


tamos de fato? O que um microfone capta? Pres-
são sonora!” Não vimos nos artigos anteriores que
20log( P ref.
P
)
o som é uma variação cíclica de pressão sonora?
O que nosso tímpano ou os diafragmas de micro- Com esta nova fórmula, medindo-se em pressão so-

fones captam não são estas variações de pressão? nora, a adição de duas fontes não é + 3 dB, mas sim

Caso não se recorde, releia os artigos anteriores + 6 dB. Desse modo, a pressão sonora de duas caixas

antes de seguir em frente. de 20 dB (SPL) é 26 dB (SPL), porque agora estamos


medindo pressão sonora. Como não fizemos a mate-
mática, peço a você que decore esta tabela muito útil:
Precisamos, então, ver como traduzir a
intensidade sonora (sound intensity), que
indicamos com W/m2, para variações de ACRÉSCIMO EM NÍVEL ACRÉSCIMO EM NÍVEL DE
pressão (sound pressure), que é medida NÚMERO DE FONTES DE POTÊNCIA SONORA PRESSÃO SONORA
em pascais. A pressão sonora é a força (dB int) (dB SPL)
(N) do som aplicada a uma determina-
2 3 6
da área (m2), e que se desloca perpen-
dicularmente à direção de propagação 3 4.8 9.6
do som. As unidades de pressão sonora 4 6 12
seriam então N/m2 ou Pa (pascal). As-
5 7 14
sim, podemos medir o nível de sinal que
10 10 20
microfones estão gerando como sendo

áudio música e tecnologia | 89


áuDIo e acúStIca

Fizemos o caminho do watts por metro quadrado Para evitar que a média acabe em zero, podemos
para o Bel para o decibel e, finalmente, para o dB elevar tudo ao quadrado antes de tirar uma mé-
SPL (Sound Pressure Level ou Nível de Pressão So- dia (porque qualquer número, mesmo negativo,
nora): W/m2 –> Bel –> dB –> dB int –> dB SPL. E quando elevado ao quadrado resulta em positivo).
esta é a unidade que realmente nos interessa, pois Por exemplo, assim como 2 x 2 = 4, da mesma
normalmente quando falamos de dB na acústica, es- forma -2 x -2 = 4. Portanto, 22 = -22, e podemos
tamos nos referindo ao dB SPL. Ou seja, o dB da finalmente tomar uma média que não se anule.
pressão sonora. O que é importante lembrarmos é Para completar o cálculo, devemos tirar a raiz do
que a soma de duas caixas de 20 dB é 26 dB, se for resultado para compensarmos o fato de que havía-
calculando pressão, ou 23 dB, se medirmos o ganho mos aumentado os valores artificialmente quando
de intensidade sonora (ou potência). elevamos tudo ao quadrado. Por isso o nome em
inglês “Root Mean Square” (RMS), que significa
dB pico e dB RMS simplesmente tirar a raiz quadrada da média dos
quadrados. Agora ficou mais fácil calcular o volu-
Agora que conhecemos os decibéis e o que eles re- me do som, veja este exemplo:
presentam, deveríamos voltar à pergunta inicial:
como percebemos volumes, então? A verdade é que
o tímpano apresenta certa inércia que o torna lento 0+1+4+1+0+1+4+1+0
= 1,15...
para acompanhar fielmente cada uma das variações 9
de pressão que recebe. Assim, enquanto o tímpano
tenta chegar ao máximo de seu movimento, o meio-
-ciclo de compressão já passou e o tímpano come-
Escala de Decibéis
çará a recuar, tentando acompanhar o meio-ciclo de
descompressão. O resultado é que acabamos sen- Com tudo o que já aprendemos até aqui, já pode-

tindo as mudanças de amplitude das ondas sonoras mos entender a escala de decibéis, que pode ser

como um tipo de arredondamento simplificado. vista na figura presente nesta página. Relaciona-
mos aqui alguns sons comuns e facilmente reco-

Vamos examinar a maneira que os nossos ouvidos nhecíveis com a escala de decibel, iniciando com os

traduzem o movimento do tímpano para entender sons mais silenciosos embaixo (algo muito suave,
em que volume a música foi percebida. Não escu- como o silêncio em uma zona rural, afastada dos
tamos por picos, pois eles ocorrem muito rápidos. ruídos urbanos de carros e aviões, chegando a ní-
Sentimos as intensidades como sendo um tipo de veis de 20 dB) e colocando os sons mais barulhen-
valor médio, chamado de eficaz ou RMS, como se os tos acima (aonde experimentamos dor física em
sons fossem um estímulo contínuo e não oscilantes. nossos ouvidos, como quando estamos ao lado das
Mas como podemos obter uma média de amplitu- torres de caixas num trio elétrico durante o Carna-
des que oscilam entre valores positivos e negativos? val, beirando perigosos 120 dB). É claro que, de-
Se pensarmos numa senóide, uma média aritmética pendendo da quantidade de bebida ingerida, você
resultaria em zero. Vejam: [0+1+2+3+2+1+0+(- provavelmente não sentiu a dor (mesmo porque o
1)+(-2)+(-3)+(-2)+(-1)]/12 = 0. ouvido também possui vários mecanismos de pro-
teção, usados quando se veem expostos a volumes
Mas nós escutamos as variações negativas de tão altos e por um tempo excessivamente grande).
pressão, assim como escutamos as positivas,
apenas não podemos tirar uma média aritmética. O gráfico da próxima página pode ser considerado

90 | áudio música e tecnologia


um termômetro acústico, medindo a pressão so- aparentes (sensação de volume ou loudness da
nora em dB. Temos que nos lembrar que estamos pressão sonora), mesmo que não esteja especifi-
olhando uma escala logarítmica, que é muito con- cado, estamos falando de dB SPL (RMS).
veniente quando tratamos dos níveis sonoros de
grande variação de amplitudes. Estes níveis são Mesmo assim, muitas vezes usamos o dB A na
subjetivos, mas representam a média do que um acústica, inclusive nestas escalas de volume. Em
ouvinte comum sentiria. Quando usar escalas de um artigo futuro, veremos a legislação brasileira
decibéis, que você encontra em abundância na in- sobre volumes permitidos em residências e comér-
ternet, sempre fique atento ao tipo de decibel que cios (PSIU), que é toda especificada em dB A e se
está sendo usado. Quando usamos escalas em de- relaciona a como devemos avaliar o isolamento de
cibéis aplicadas a medições acústicas e percepção um estúdio, por exemplo.
de intensidades, normalmente estamos usando
um dB de pressão sonora (dB SPL) indicado em Na próxima edição abordaremos a Equal Loudness
RMS. Ou seja, quando abordamos as intensidades Curve. Não perca!

Omid Bürgin é compositor, projetista acústico e produtor musical. Fundou a Academia de Áudio (www.academiadeaudio.com.br), que oferece cursos
de áudio, produção, composição e music business e dispõe de estúdios para gravação, mixagem e masterização. E-mail: [email protected].

áudio música e tecnologia | 91


Técnicas de Estúdio | Alexandre Cegalla

Melhorando a sua mix


Técnicas e “macetes” para destacar ou dar mais
punch a instrumentos de maior importância

Nesta edição vamos abordar, conforme diz o subtí- vem do nosso lado esquerdo porque ele chega no
tulo da seção, algumas formas de fazer com que, na ouvido esquerdo antes do que no direito.
sua mix, os instrumentos mais importantes ganhem
destaque ou mais punch e presença, sem que haja Mas sem se delongar muito em teoria acústica, o
perda de dinâmica dos transientes. “truque” Haas pode ser obtido de duas maneiras. Na
primeira, você direciona o seu canal mono 100% para
CONVERTENDO UM SINAL MONO EM um lado (todo para a direita ou todo para a esquer-
ESTÉREO COM O DELAY da, tanto faz), duplica esse canal, joga a cópia 100%
para o lado oposto do original e a atrasa manualmen-
Muitas vezes usado para se obter uma maior ambi- te em até 35 ms. Ambos os canais devem ir para o
ência ou simplesmente como um efeito criativo, o mesmo bus. A segunda maneira, mais simples e rá-
delay também pode ser empregado para “abrir” ins- pida, consiste em inserir um delay estéreo num canal
trumentos no panorama estéreo. Para isso, vamos mono e ajustar um dos lados em no máximo 35 ms.
aplicar o efeito Haas. Também conhecido como “efei-
to de precedência”, constitui um efeito psicoacústi- No exemplo 1 (você pode ouvir os mp3 em http://
co baseado nas pesquisas do alemão Helmut Haas, tinyurl.com/ex1a-semdelay e http://tinyurl.com/
segundo as quais o ser humano consegue identificar ex1b-comdelay) temos uma guitarra gravada em
a direção do som a partir do som direto desde que mono que está embolando com o bumbo, o baixo e a
as reflexões deste não cheguem aos nossos ouvidos caixa. Vamos usar o efeito Haas para tirá-la do meio
com atraso maior do que 35 milissegundos e nem da imagem estéreo, abrindo caminho para os outros
estejam mais do que 10 dB mais altas. Na prática, instrumentos mais centralizados, além de expandir
nosso cérebro percebe, por exemplo, que um som a mix, que soa meio monofônica. Inserimos o plug-

92 | áudio música e tecnologia


-in de delay estéreo do Logic (você pode usar qual- Ao atrasar um lado em relação ao outro em 25 ms
quer delay estéreo do seu programa favorito) no ca- (pode ser um pouco menos, se você não quiser o
nal da guitarra e atrasamos o lado esquerdo em 25 instrumento tão “aberto”), criamos a sensação de
ms. Como o Logic calcula o delay em samples, basta haver duas guitarras, cada uma tocando num lado.
multiplicar o sampling rate (no caso dessa gravação, Agora a guitarra soa mais espaçada, sem, contudo,
44.1 kHz) por 25 (número de milissegundos): o re- perder o ataque, e todos os instrumentos parecem
sultado é 1102 samples. Além disso, caso o seu de- melhor distribuídos na mix, ao invés de ficarem con-
lay possua a opção “link left and right”, como acon- centrados no centro. Se você tiver duas guitarras
tece com esse plug-in do Logic, desmarque-a. tocando a mesma levada, experimente jogar cada
uma delas 100% para um lado. Então, insira o de-
lay estéreo na guitarra da direita, atrasando o lado
esquerdo em 15 ms a 25 ms. Faça o mesmo com a
guitarra da esquerda, só que agora atrasando o lado
direito do delay em 15 ms a 25 ms. Funciona muito
bem em guitarras base de rock pesado.

Por fim, o truque Haas também é muito interes-


sante para instrumentos solo gravados em mono.
Caso a sua produção seja direcionada para ser
Exemplo 1 – Efeito Haas tocada em aparelhos mono, tenha em mente

áudio música e tecnologia | 93


Técnicas de Estúdio

que poderá haver cancelamentos de frequências No exemplo 2 (ouça em http://tinyurl.com/ex2a-


(“comb filtering”), podendo produzir alguma alte- semcomp e http://tinyurl.com/ex2b-comcomp),
ração de tonalidade. Fizemos o teste exportando o temos uma bateria que começa calma e depois
exemplo 1 em mono e monitoramos em um alto- fica mais agressiva. Mandamos o send de cada tri-
-falante. Percebemos a guitarra um pouco mais lha da bateria (com exceção dos overheads, pois
baixa e abafada, mas sem qualquer cancelamento não vimos necessidade de comprimir os pratos)
de frequências mais sério. através do bus 11 (pré-fader) para o canal auxi-
liar chamado de “comp low”. O nível dos sends do
COMPRESSÃO EM DOIS ESTÁGIOS bus 11 está em 0 dB (unity gain) e o retorno do
auxiliar comp low está em -10.2 dB. Inserimos,
Na edição passada, falamos sobre a compressão então, um compressor com baixo threshold (-35
paralela, que consiste em tocar um sinal sem com- dBs), ataque em 15 ms, release em 10 ms, ratio
pressão em paralelo com uma cópia dele altamen- em 10.0:1, knee em 0.7 e o ganho em 6 dB.
te comprimida, ambos indo para o mesmo bus.
A vantagem daquela técnica é deixar o som mais O ajuste aqui é bem parecido com o da compres-
cheio e com mais pegada, mas sem perder a dinâ- são paralela padrão. Em seguida, mandamos o ou-
mica da trilha original. Veremos agora a compres- tput de cada trilha da batera e o do auxiliar comp
são em dois estágios, que está relacionada com a low por meio do bus 5 para o canal auxiliar “comp
paralela, mas envolve o uso de um segundo com- loud”. Inserimos um segundo compressor nesse
pressor numa fase posterior do processo. auxiliar, dessa vez com um threshold mais alto
(-12.5 dB), ataque em 15 ms, release em 48 ms,
Esta técnica é muito eficaz para quando se deseja, ratio em 3.5:1, knee em 0 e o ganho em 2 dB.
por exemplo, usar dois tipos de compressão com
ajustes diferentes em uma mesma música: uma O que fizemos foi, basicamente, mandar o sinal dry
para passagens mais suaves e outra para passa- original das trilhas de bateria em paralelo com o sinal
gens com volume mais alto. A vantagem é que bastante comprimido (comp low) para o mesmo gru-
você poderá manter o controle sobre a dinâmica po de submix (comp loud). O compressor do auxiliar
em todos os momentos da música sem exagerar comp low vai atuar sempre em paralelo com o sinal dry
na compressão. A compressão em dois estágios original da bateria e dará mais presença e punch para
costuma ser usada em instrumentos de percussão, a parte de volume mais baixo, uma vez que o threshold
mas nada impede que seja experimentada em gui- dele é mais baixo e afeta mesmo os transientes mais
tarras ou até no vocal. Se soar bem, que mal tem? suaves. Já o compressor no auxiliar comp loud, por ter
um threshold alto, só vai trabalhar nas
passagens mais altas da música e ficará
inativo naquelas mais suaves.

Veja na imagem que, no momento


com menos volume, apenas o com-
pressor com o threshold mais baixo
(no auxiliar comp low) atua, reduzin-
do o ganho em até 8 dB. Mais tarde,
quando a música fica mais pesada,
ambos os compressores trabalham.

Se tivéssemos aplicado somente a


compressão paralela nessa produção,
Exemplo 2A (sem compressão) – Compressores low a bateria iria até ficar boa nos momen-

94 | áudio música e tecnologia


o tempo de reverb em 0,014 segundos e o controle
de dry/wet mix em 100%. Os outros parâmetros não
foram modificados.

Após o reverb, inserimos um equalizador e apli-


camos um filtro de low-pass de 1.9 kHz, pois não
queremos agudos nesse reverb. Se o seu plug-in de
reverb preferido possuir um filtro de altas frequên-
cias, você pode reduzir os agudos ali mesmo, sem
precisar inserir um equalizador. Por fim, deixamos o
volume do auxiliar “kick rvb” um pouco mais baixo,
em -2 dB. Comparando com a versão dry, a versão
Exemplo 2B (com compressão) – Threshold com o reverb tem um bumbo mais cheio e pesado,
mais baixo reduz o ganho em até 8 dB

tos mais calmos. Entretanto, nas partes pesadas ela


soaria excessivamente comprimida. Usando um se-
gundo compressor no bus para onde vão tanto as
trilhas dry quanto aquela supercomprimida, deixou
o efeito mais “transparente”, ainda que mantendo o
controle da dinâmica.

USANDO REVERB CURTO PARA DEIXAR O


BUMBO MAIS CHEIO

Se mesmo com todas essas técnicas de compressão


você ainda achar que o seu bumbo não está cheio o
suficiente ou precisa soar mais impactante, um re-
verb curto pode deixá-lo mais bombástico, principal- Exemplo 3 – bumbo rvb
mente se o objetivo for atingir uma sonoridade no es-
tilo de John Bonham (claro que a pegada do baterista e a mix se torna mais bidimensional, com esse efei-
também vai contar muito para se alcançar esse fim). to preenchendo os espaços no fundo.
No exemplo 3 (ouça em http://tinyurl.com/ex3a-
bumbodry e http://tinyurl.com/ex3b-bumboreverb) Muitas vezes, técnicas simples como essas melho-
temos uma bateria com bumbo que até tem punch, ram em muito o som final da produção e ajudam o
mas precisa preencher mais os graves. Mandamos o produtor novato a entender melhor como funcionam
send do canal do bumbo para o auxiliar “kick rvb”, os diferentes elementos de uma mixagem. Trazer à
onde será inserido um reverb. tona aquilo que precisa ganhar destaque, com o uso
inteligente de compressão ou outros efeitos como
Para esse exemplo foi usado o reverb do Logic, mas delay e reverb, pode ser muito mais eficaz do que
qualquer plug-in que tenha os parâmetros básicos de meramente aumentar o volume.
reverberação (pré-delay, tempo do reverb, controle
de reflexões, densidade, tamanho da sala) pode ser Nas próximas edições veremos mais dicas e macetes.
usado. Escolhemos um pré-delay de 0,019 segundos, Até lá!

Alexandre P. Cegalla atua como engenheiro de som há mais de dez anos e já produziu artistas no Brasil e no exterior. É proprietário do Studio
Bunker, em Curitiba (www.studiobunker.com.br).

áudio música e tecnologia | 95


aBLetoN LIVe | Lucas ramos

ACERTANDO
O RITMO:
QUANTIZAÇÃO
Divulgação

N
as duas edições anteriores nós falamos so-
bre a ferramenta Warp, que permite ajustar
o tempo de um clip de áudio sem que haja
resíduos audíveis. Seguindo essa linha, nesta edi-
ção vamos conhecer como é possível corrigir o ritmo
de clips de MIDI e de áudio através da ferramenta
de quantização. É possível corrigir uma performan-
ce que “atravessa” o ritmo usando a quantização, o
que faz desta ferramenta uma das mais utilizadas na Figura 1 – É possível corrigir a posição das notas
produção musical mundo afora, porém, geralmen- automaticamente, de acordo com o andamento da música
te só para performances MIDI. Mas no Live, graças
ao Warp, também é possível utilizar esta função em no tempo e compara a posição das notas em relação

clips de áudio, tornando-a uma ferramenta ainda à posição dessas “divisões”. Qualquer nota que não

mais potente. Vamos aprender como funciona. se encontrar precisamente no mesmo lugar que um
dos pontos do grid será reposicionada para o ponto
que estiver mais próximo (antes ou depois).
QUANTIZAÇÃO MIDI
A forma mais fácil de determinar a melhor resolu-
Quantização é um processo que atribui valores dis-
ção é “contar” a menor divisão de tempo (menor
cretos para um sinal cuja amplitude varia entre va-
“espaço” entre duas notas ou a nota mais “rápida”)
lores contínuos. Traduzindo para o MIDI, a quanti-
da performance. Se houver um erro na performan-
zação reposiciona as notas de uma performance de
acordo com o tempo musical. Ou seja, é possível
corrigir a posição das notas automaticamente, de
acordo com o andamento da música.
VALORES DE RESOLUÇÃO
Para efetuar a quantização, é preciso primeiro deter-
Os valores usados para a resolução da quantização são
minar a resolução desejada, que é dada como uma
dados em frações porque nos EUA é assim que eles no-
fração de um compasso (1/4, 1/8, 1/16 etc.). Se a
meiam as notas musicais. Para quem tem dificuldade de
resolução não for indicada previamente, a quanti-
lembrar, segue uma lista para “traduzir” os valores:
zação será efetuada usando o valor atual do “grid”.
O Live “divide” os compassos do clip por esse valor,
1/4 = semínima
criando uma “grade” (chamada de grid) de pontos
1/8 = colcheia
1/16 = semicolcheia
1/32 = fusa
T = quiáltera

96 | áudio música e tecnologia


ce maior que metade do valor da resolução, a nota
será posicionada de forma incorreta. Nesses casos,
as notas têm que ser reposicionadas manualmente.
Também é possível determinar a intensidade
(amount) da quantização. O padrão é 100%, o que
significa que as notas são reposicionadas sempre
exatamente sobre os pontos do grid. Porém, isso
pode gerar resultados “duros” e precisos demais,
que acabam soando “computadorizados”. Com uma
intensidade menor que 100% (exceto 0%, é claro),
as notas serão reposicionadas de forma menos pre-
cisa, deixando pequenas imperfeições que as fazem
soar “mais humanas”. Por exemplo, em 75% as no- Figura 3 – Controles de quantização
tas serão movidas a somente 75% da distância en-
tre a nota e o ponto mais próximo do grid. + U no PC). Também é possível acessar a opção Quan-
tize clicando com o botão direito do mouse (menu
contextual) sobre a forma de onda no Clip View. Se
nenhuma nota for selecionada antes, a quantização
será efetuada em todas as notas do clip. Muitas vezes
é necessário selecionar grupos de notas (ou até mes-
mo notas individuais) e ajustar a resolução para cada
grupo, pois um valor só não funcionaria para todas
as notas do clip. Por exemplo, em uma batida “à la
Billie Jean”, os bumbos e caixas quantizados em 1/2
de compasso e os contratempos em 1/8 (colcheia).

QUANTIZAÇÃO NA GRAVAÇÃO
Figura 2 – Em 75%, as notas serão movidas a somente 75%
da distância entre a nota e o ponto mais próximo do grid Também é possível quantizar as notas dos clips de
MIDI durante a gravação. Para isto, basta escolher a
resolução desejada em Record Quantization, no menu
A quantização normalmente reposiciona o início das
Edit. Todas as notas gravadas serão quantizadas auto-
notas, mas também é possível usar a quantização
maticamente. Mas isso ocorre somente após a grava-
para estender o final das notas. Isso pode ser defini-
ção ser interrompida. Ou seja, os clips de MIDI serão
do, junto com a resolução e intensidade, nos contro-
reproduzidos da primeira vez sem a quantização, po-
les de quantização que se encontram em Quantize
rém assim que a gravação se encerrar as notas do clip
Settings, no menu Edit (Shift + Cmd + U no Mac e
serão automaticamente reposicionadas de acordo com
Shift + Ctrl + U no PC):
a resolução selecionada. Isso é uma função muito uti-
lizada para performances, quando não há muito tempo
Quantize To – resolução
hábil para quantizar os clips. É importante frisar que a
Adjust Note – quantizar início (Start) e/ou final (End)
quantização na gravação é considerada um “passo de
das notas
undo” separado, e, portanto, o bom e velho Cmd/Ctrl
Amount – intensidade
+ Z após a gravação irá desfazer a quantização do clip
sem desfazer a gravação.
Depois, basta selecionar as notas desejadas e clicar na
opção Quantize no menu Edit (Cmd + U no Mac e Ctrl

áudio música e tecnologia | 97


aBLetoN LIVe

QUANTIZAÇÃO DE ÁUDIO

A quantização sempre foi uma ferramenta de MIDI,


pois não era possível modificar a posição de notas em
um arquivo de áudio. Com o Warp, tudo isso muda,
pois ele permite modificar o áudio no tempo (sem
resíduos indesejáveis), e, com isso, é sim possível
re-posicionar as notas em um arquivo de áudio. Se o
Warp estiver habilitado em um clip, é possível quan-
tizar o áudio da maneira como se faz com o MIDI.

Automaticamente, marcadores de warp serão


criados (se já não existirem) e reposicionados de
acordo com a resolução e intensidade da quantiza- Figura 4 – Quantização de áudio
ção. Basta selecionar a parte do clip que se deseja
quantizar (se não houver uma área selecionada,
o clip inteiro será quantizado) e clicar na opção
QUANTIZAÇÃO DE CLIP
Quantize, no menu Edit (Cmd + U no Mac e Ctrl +
U no PC). As opções de quantização também po-
Há um terceiro tipo de quantização no Live, conheci-
dem ser definidas em Quantize Settings, no menu
do como quantização de clip (clip quantization). Essa
Edit (Shift + Cmd + U no Mac e Shift + Ctrl + U no
quantização é usada para controlar quando os clips
PC), assim como em clips de MIDI.
são reproduzidos após serem disparados, garantindo
que todos sejam reproduzidos em sincronia. Basta es-
A quantização de áudio funciona muito bem, es-
colher a resolução de quantização desejada na seção
pecialmente com clips mais curtos. Muitas vezes,
de “launch modes” do clip view.
porém, especialmente se há uma grande variação
no andamento ou se o clip é muito longo, a quan-
Cada clip (áudio ou MIDI) tem uma resolução de
tização não reposicionará todas as notas correta-
quantização de clip independente, mas se você quiser
mente (assim como com MIDI). Sendo assim, será
escolher o mesmo valor para múltiplos clips, basta
necessário reposicionar os marcadores de warp
selecionar todos os clips desejados e selecionar a re-
manualmente. Mas, graças aos nossos dois últi-
solução desejada em um deles.
mos artigos, você já sabe como fazer isso!

A quantização é uma ferramenta muito comum e ando-se em um ritmo, e com pequenas variações
se tornou imprescindível para o sequenciamento rítmicas elas podem dar mais vida a uma perfor-
MIDI por ajudar a corrigir rapidamente os erros mance. Essa ferramenta se chama “groove”, e será
de uma performance. Entretanto, a quantização o tema da próxima edição da coluna.
muitas vezes é “dura” demais, pois o grid é base-
ado em valores de notas fixos. Também é possível Mês que vem tem mais...
reposicionar as notas de uma performance base- Até lá!

Lucas ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do Iatec. e-mail: [email protected]

98 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 99
múSIco Na reaL | Fernando moura

Estranho no Ninho?
Divulgação

(PArTe 2)
O ESTILO NOVO DE LANNY GORDIN, QUARTETO E UMA LEGIÃO DE GUITARRISTAS

C
omo meu leitor mais atento deve se lembrar, en- reaparece nesses casos é: melhor fazer o show antes de
cerramos os trabalhos no mês passado enfocan- gravar ou gravar em estúdio primeiro para depois fazer
do as apresentações ao vivo do trabalho Estilo o show? Como sempre acontece no mundo real, não há
Novo, com o legendário Lanny Gordin, seu quarteto e resposta única, tudo depende da situação musical em
as participações dos não menos legendários guitarris- que você se encontra. Para o caso desse trabalho, ex-
tas Pepeu Gomes e Luiz Carlini. ceto na introdução de meu arranjo para Tropicália, em
que usei vozes de Glauber Rocha e Caetano conversando
O próximo passo agora é o registro em estúdio em dois aparteados por De Gaulle em 1968, quase não houve
dias integrais de trabalho num quebra-cabeças incrível programação, tudo tinha que ser tocado em tempo real.
de horários, disponibilidades e questões técnicas entre
guitarristas a serem resolvidas pelo produtor musical e A ideia principal do Lanny era que houvesse alguns
arranjador, que é um tecladista, e, não por acaso, o que temas livres mesmo, com improvisos totalmente free
escreve esta coluna direto para você, querido leitor. que depois poderiam ser (ou não) editados à maneira
do Bitches Brew e outros discos do Miles dos anos 70,
Uma questão do tipo “a galinha ou o ovo” que sempre quando músicos como Keith Jarret, Chick Corea, Jack

100 | áudio música e tecnologia


de Johnette, Dave Holland e muitos outros ficavam se-
manas levando som no estúdio sob a direção do “véio”,
que depois montava tudo com o Teo Macero. Sem tanto
tempo e verba assim, a melhor coisa que fizemos foi en-
saiar, nos conhecermos musicalmente dentro do possível
e fazermos os shows antes de gravar.

Assim sendo, ao final da última noite no SESC, estabele-


ci, no camarim, em reunião com o produtor geral Glauber
Amaral, a agenda de gravação do dia seguinte, como ve-
mos na foto a seguir. Pode parecer incrível, leitor, mas esse
é o mundo real e a “ordem de serviço” funcionou como
sempre: o Pepeu tinha que pegar a última ponte aérea para
o Rio às 21h20min e sei que ele, que se revelou leitor assí-
duo da AM&T, está confirmando com a cabeça a autentici-
dade dessas informações ao ler esse artigo.

Plano de gravação

áudio música e tecnologia | 101


múSIco Na reaL

O estúdio escolhido foi o muito bem equipado NaCena tão foi se tocaríamos todos juntos em Summertime e
Estúdios (http://www.nacenastudios.com.br), e Rodri- London, London, números em que todos os guitarristas
go de Castro Lopes, o nosso piloto, foi fundamental solavam com o suporte e groove do quarteto. O estú-
(veja o box com a entrevista que fiz com ele) para o dio até comportava em termos de espaço e condições
sucesso dessa viagem, que se equilibrou entre a qua- técnicas que gravássemos a base com piano, baixo e
lidade artística e a luta contra o relógio. bateria tocando ao mesmo tempo que os três guitarris-
tas, mas não estávamos mais num show ao vivo! Numa
Como a impressão de tocarmos juntos estava muito for- gravação, o nível de exigência com pequenas indecisões
te em nossas cabeças graças ao show, a primeira ques- e imprecisões é maior e com o pouco tempo que tínha-
mos, decidimos gravar o trio de base para em seguida os
guitarristas tocarem ao mesmo tempo.
Duas perguntas para Glauber Amaral,
produtor geral de Estilo Novo A foto de abertura desse texto mostra um pouco do que
foi a situação, quando, a pedido dos guitarristas, fiquei
dentro do estúdio com eles dando as entradas para os
Como você conheceu e resolveu começar
solos e melodias e vibrando com aquela situação musical
a trabalhar com o Lanny?
tão emocionante. Estávamos ali tocando para um amigo,
Conheci o Lanny em 2001. Fui levado por um amigo ao aparta- para um grande músico que influenciou não só uma legião
mento em que ele morava, em Santa Cecília, São Paulo. Na mes- de guitarristas, mas muitos músicos – entre os quais me
ma hora fiquei super empolgado com a possibilidade de realizar incluo – cujos conceitos harmônicos se expandiram ao ou-
um resgate da carreira dele. Já tinha feito outros resgates legais. vir as criações de Lanny para artistas da Tropicália.
Demorou um pouco, até que em 2006 lançamos o CD Lanny
Duos, depois de vários shows realizados pelo Brasil. Transcrevi a genial introdução que ele fez para a gravação
de Pérola Negra, com Gal Costa, em Fatal, com todos aque-
les acordes em quartas superpostas (veja a Foto 3). Ainda
hoje me pergunto onde ele teria ouvido aquele tipo de har-
monia, tão raro na música brasileira do final dos anos 1970.

Lá pelas onze da noite do domingo paulistano, termina-


mos, com sucesso, o primeiro dia de gravação. Depois de
13 horas de trabalho, fomos para casa dormir felizes. No
dia seguinte, seguindo a filosofia de “primeiro o mais di-
fícil”, continuamos apenas com o quarteto em Tropicália,
Pérola Negra, Estilo Novo e Folha de Papel, sendo as duas
últimas novas composições do Lanny feitas especialmente
Fernando moura

para esse trabalho e gravadas num máximo de três takes.


Não porque a gente estivesse forçando uma barra para
ser espontâneo, mas porque o clima todo do disco acabou
indo para esse lado, natural, intenso e desafiador do pon-
Glauber Amaral, produtor geral do trabalho to de vista musical, mas sem a obsessão pela perfeição
de cada beat dentro do grid, de cada nota perfeitamente
afinada, emitida e editada para ficar “perfeita”.
O que esse projeto do Lanny, Estilo Novo, traz
para o cenário musical de 2012? Sem cair no extremo oposto da auto-indulgência (uma
Traz a novidade do Lanny, uma renovação, um novo cenário mu- espécie de nome científico para a popular preguiça), o
sical desse artista genial. O novo estilo dele para o mundo.

102 | áudio música e tecnologia


reprodução

A introdução de Pérola Negra

que estava sendo registrado ali eram aqueles momentos falando e deixando cada um expor suas ideias. Tocar
daqueles músicos envolvidos naquele projeto homena- free, leitor, muitas vezes é mais difícil do que tocar um
geando e tocando junto com um colega tão especial. Em arranjo porque é como um trapezista que faz seu nú-
algumas oportunidades, ao ouvirmos dois takes diferen- mero sem rede de proteção: ninguém sabe como vai
tes da mesma música, gostávamos dos dois e o Lanny chegar ao fim, não tem “da capo”, “pulo de O”, looping
mesmo dizia: “depende de como a pessoa ouve”, e então de ritmo, voz guia ou click.
deixávamos para escolher depois.
Divulgação

Em seguida, gravamos o tema do filme Branca de Neve


Someday My Prince Will Come com a guitarra do mestre
e um som de piano acústico maravilhoso que o Rodrigo
me ofereceu e que nos inspirou um passeio pela infân-
cia da melodia, mas com uma viagem harmônica bem
evoluída e livre. Aproveitando o momento jazz/canção,
Lanny gravou Autumn Leaves e Eu Preciso Aprender a
Ser Só sozinho na guitarra e passamos aos takes free,
que somaram uns 20 minutos, dos quais certamente
extrairemos algumas joias de menor duração que serão
usadas ao longo do disco. A essa altura, depois de uma
semana tocando intensamente todos os dias, já está-
vamos inacreditavelmente entrosados e com confiança
suficiente para tocarmos como se conversa: ouvindo,

Lanny, Carlini, Pepeu e eu na sala de gravação

áudio música e tecnologia | 103


múSIco Na reaL
Entrevista com Rodrigo de Castro Lopes
Um papo esclarecedor com o piloto da nave Jetsons do Estilo Novo

Rodrigo de Castro Lopes é engenheiro de áudio, músico e produtor.


Bacharel em piano pela Universidade de Brasília, fez especialização
em Engenharia de Áudio e Produção musical na Berklee College
of Music, em Boston. Em 2010 foi premiado pelo programa Itaú
Rumos Homenagem por duas composições eletroacústicas sobre
obras de Rogério Duprat. Teve cinco discos indicados ao Grammy,
além de já ter faturado diversos prêmios Tim e Rival BR.

Depois de três dias de convívio mais do que íntimo, tomei a


liberdade de entrevistá-lo.

arquivo Pessoal
Numa gravação com tantos astros e tão pouco tem-
po, qual a maior dificuldade para o engenheiro de
som e qual a melhor maneira de enfrentá-la?

Costumo dizer que o engenheiro de áudio é um intérprete. Ele


Para Rodrigo, é fundamental que definições sobre
tem que retratar o discurso musical do artista da forma mais fide- o foco de um trabalho e a assinatura do produto
digna possível, e isso implica entender como o artista ouve, o que final fiquem claras desde o início do projeto
ele valoriza e o que ele espera da música. A dificuldade específica
desse caso foi trabalhar com artistas com linguagens elaboradas
uma das faixas, um pouco fora do estilo que ele está acostumado
e amadurecidas e adequá-las a uma terceira situação, que é o
a tocar. A busca da sonoridade e do conceito musical andaram
trabalho do Lanny. Acho que a melhor abordagem é o diálogo,
juntas. Ele terminou optando por usar uma Fender Telecaster,
tanto com o diretor musical quanto com os artistas.
guitarra que ele raramente toca, usando som e execução bem ca-
racterísticos, e o clima ficou reforçado nos efeitos e na captação.
Como você se posiciona na questão da edição das
Vai ser divertido na mixagem!
performances do artista? Existe um limite? Quem
decide isso? E a integridade artística, como fica?
Numa indústria que tenta se reorganizar depois de
Tem que ficar claro desde o início qual é o foco do trabalho e muitas intempéries, o que você diria para quem está
quem assina o produto final. Existe sempre uma hierarquia cria- chegando agora ao mundo real da música?
tiva, que tem que ser respeitada, e essa estrutura e o espaço
para interação variam de um projeto para outro. Quanto à edição, Procurem desenvolver uma linguagem própria no campo com o

uma história pode ser contada em um filme com efeitos especiais que pretendem trabalhar. E estejam preparados, sabendo que

computadorizados e projeção 3D ou pode ser um documentá- isso leva tempo. Picasso só começou a deformar as figuras depois

rio filmado no celular. Ou uma mistura dos dois. Cada um tem de muito estudo tradicional – naturezas mortas, estudos de luz

seu valor e sua integridade artística. É uma questão de escolha. e sombra, retratos, mãos, paisagens... Tomem cuidado para não
Quem decide o caminho é o diretor musical ou o produtor. No confundir as ferramentas com o objetivo. Muitas vezes as pesso-
meu trabalho, quando vislumbro alguma possibilidade de melho- as querem fazer literatura e passam a vida estudando impresso-
ra, acho que é minha obrigação propô-la. Isso é importante para ras, canetas e cartuchos de tinta. Para fazer literatura, tem que
ir entendendo o que o diretor valoriza no resultado final e para começar lendo e estudando gramática em um segundo momento.
sugerir ferramentas que acentuem esses aspectos. Estudar semântica e entender de etimologia seriam ferramentas
adicionais, mas acho que a meta deve ser sempre a poesia. Se
Como você captou as guitarras de instrumentistas quiserem trabalhar com música, nunca parem de estudar música.
tão diferentes como Lanny, Luiz Carlini, Pepeu e O estudo é a forma de evitar ficar tentando inventar a roda qua-
Edgar Scandurra? drada e achando que isso é genial.

Cada um pediu uma experimentação diferente. O Pepeu foi o úni-


No fim do mundo, qual é o disco que você levará
co gravado com o microfone apontando para o centro do falante,
para o céu?
por preferir um som mais cortante. Foi interessante também a
pesquisa com o Carlini para chegar ao conceito da guitarra de Sgt. Peppers, sem dúvida!
No início da noite, Carlini voltou ao estúdio para gravar um solo
em Estilo Novo que no dia anterior não tinha ficado com o que
fez, e foi emocionante ver como um músico como ele, que já gra-
vou em centenas de trabalhos de tantos artistas do rock e do pop
brasileiro, preparou de um dia para o outro sonoridades e frases
para um solo num contexto diferente do que está habituado a
tocar e vibrou com os resultados como um iniciante cheio de gás.

Meu setup no estúdio

Ao apagar das luzes dessa noite, ainda tivemos o prazer de


receber a visita de Edgar Scandurra, figura-chave da cena mu-
sical paulista e mais um guitarrista a reverenciar seu mestre e a
deixar sua participação registrada em três takes free e em uma
gravação em duo com o Lanny de uma música do Hendrix, o
grande mestre de todos das seis cordas.

O dia seguinte ainda me reservava uma viagem de carro para o


Rio (o Mini Moog tem muito problema para viajar de avião!) em
companhia do baixista Ronaldo Diamante, mas nem por isso abri
mão do inacreditável sanduíche Bauru do Ponto Chic, única espe-
ciaria paulistana capaz de calar a boca desse carioca criado à base
de lombinhos e pernis com abacaxi do Cervantes na Prado Júnior.

De música, eu já estava bem feliz.

Vejo você no mês que vem, amado leitor.

Fernando moura é flamenguista, músico, compositor, ar-


ranjador e produtor musical, além de ex-fumante. Visite
www.myspace.com/fernandomoura.
áudio música e tecnologia | 105
coNeXão LoNDreS | ricardo Gomes

COMO FAZEMOS (E ES
MÚSICA NOS DIAS DE
reprodução

reprodução
C
omo músico ou produtor, procuro sempre Como as pessoas ouvem música atualmente? Ou
buscar caminhos para evoluir. Acredito que boa música é boa em qualquer tempo e ponto fi-
para se posicionar bem e se antecipar a nal? Qual é o nosso papel: entregar um trabalho
boas oportunidades é importante conhecer profun- que soe bem aos nossos ouvidos ou precisamos
damente o mercado em que atuamos. Não só na estar atualizados às novas tendências e atentos ao
hora de criar novos projetos, mas também na ma- que o público gostaria de escutar?
neira de atuar, seja em uma mixagem, produzindo
um artista ou fazendo uma trilha. Bom, na minha cabeça uma coisa parece certa: a
maneira como escutamos música mudou. Lembro
Por isso, constantemente me pergunto: como o bem que, durante minha adolescência, adquirir um
público vai escutar esse trabalho? O que vai pas- novo álbum era um ritual. Eu esperava ansiosamen-
sar pela cabeça das pessoas quando ouvirem isso? te pelo lançamento até ir à loja a procura do LP. Ali

106 | áudio música e tecnologia


CUTAMOS)
HOJE?

estava a música que eu iria escutar por pelo menos


um mês inteiro no sistema estéreo que havia no meu
quarto. Provavelmente, eu escolheria as minhas três
ou quatro músicas preferidas e iria escutá-las até
decorar cada trecho e cada detalhe do arranjo. As
outras faixas, muitas vezes, seriam completamente
ignoradas depois de ouvi-las duas ou três vezes. E
provavelmente milhões de pessoas do mundo inteiro
estariam fazendo a mesma coisa.

Hoje, a experiência é completamente diferente. Não


é mais necessário ir à loja. Com alguns poucos cli-
ques é possível ter acesso a milhões de músicas.
Fazemos o download e usamos o MP3 player ou o
celular para ouvir a caminho do trabalho. Recente-
mente, a loja virtual do iTunes foi lançada no Brasil.
Sites para download e streaming, com o Oi Rádio e
o Terra Sonora, se proliferam.

Na Inglaterra, o site de streaming mais popular


é o Spotify (ainda não disponível no Brasil), do
qual sou usuário há muito tempo. Acho fantástico!
Posso acessar milhões de músicas, criar playlists e

áudio música e tecnologia | 107


coNeXão LoNDreS | ricardo Gomes

receber recomendações que facilitam e promovem O desejo de se obter uma gravação perfeita en-
minha navegabilidade por uma cobrança mensal. controu no DAW a ferramenta ideal. A manipulação
Com a sincronização com o Facebook, vejo o que chega a tal ponto que não sabemos mais o que de
meus amigos estão ouvindo. fato é real. No entanto, esse processo acabou geran-
do novos gêneros e, por que não, novas maneiras
Música é mais do que nunca uma experiência social, de fazer e escutar música. Uma ótima leitura para
em que amigos trocam recomendações livremente quem gosta do tema é o livro Capturing Sound: How
pela internet sem tanta influência da indústria fono- Technology Has Changed Music, de M. Katz. Nele, o
gráfica. Do ponto de vista de acessibilidade, evoluí-
mos muito graças a esses novos métodos de delivery.
E o uso dessas ferramentas associadas a MP3 players,
laptops e celulares também representam uma grande Divulgação

evolução do ponto de vista de portabilidade.

Ouvimos mais músicas e em todo lugar, combinando


com diferentes atividades do dia a dia. Porém um pon-
to que chama a atenção nesse processo evolutivo é
em relação à qualidade do áudio. Trocamos os grandes
sistemas que ocupavam as nossas salas por headpho-
nes, caixas de som de PCs e telefones celulares. Eu
sempre acesso o Spotify no computador do estúdio,
pois posso ouvir com boa qualidade sonora, mas pa-
rece que essa não é uma preocupação muito comum.

DAWs E sUA iNCRÍVEL CAPACiDADE


DE MANiPULAÇÃO

Além das profundas mudanças na relação portabi-


lidade e acessibilidade versus qualidade sonora, há
outra mudança importante que nos afeta muito: o Em Capturing Sound: How Technology
surgimento do DAW (Digital Audio Workstation) e Has Changed Music, M. Katz destaca
sua incrível capacidade de manipulação de áudio. que a tecnologia tem ajudado o homem
Com essas ferramentas conseguimos atingir im- a transcender tempo e a superar limites
pressionantes níveis de precisão editando, afinando
e “encorpando” o som. As possibilidades de obter
autor afirma: “com a habilidade de manipulação de
novas sonoridades também são infinitas. Manipula-
sons através da tecnologia, músicos têm sido capa-
mos sintetizadores, samplers, simuladores de am-
zes de transcender tempo, espaço e limitações hu-
plificador e efeitos. As bibliotecas de som e plug-ins
se multiplicam, oferecendo as mais incríveis possi- manas, e durante o processo têm criado novos sons,

bilidades de se obter antigas e novas sonoridades. trabalhos, gêneros e tradições de performance”.


EsTÉTiCA sONORA COMO UM

108 | áudio música e tecnologia


ELEMENTO iMPORTANTE

Parece que uma nova arte existe na manipulação: criar


um som de bumbo, editar a performance para encaixar
perfeitamente no tempo, processar o áudio até chegar
ao “som ideal” etc. No mesmo livro, Katz afirma que
“na verdade, toda possibilidade de manipulação do
som depois de sua criação – de splicing a correção de
afinação – nos força a reformular nossas ideias sobre
composição, performance e a relação entre os dois.”

Muitas vezes associados a repetições (especialmen-


te através do uso de loops), esses novos gêneros
acabam encontrando sua identidade na estética.
Outro livro interessante sobre esse assunto é Per-
fecting Sound Forever, de G. Milner. Nele, o autor
resume muito bem: “a música vem mudando de um
som mais tradicional vindo do R&B para uma estéti-
ca baseada no conceito do DJ”.
Divulgação

Milner diz em Perfecting Sound Forever que boa


parte da música moderna já tem a linguagem dos
DJs como base, e não mais, por exemplo, o R&B

Uma das coisas que me chamou a atenção durante


o meu mestrado foi ver a preocupação dos pro-
fessores e alunos no trabalho com sonoridades,
sem se importar muito com um registro próximo
coNeXão LoNDreS

da realidade. Além disso, essas estéticas entram


e saem de moda rapidamente e funcionam para
identificar uma época. Comumente ouvia afirma-
ções do tipo: “essa música está ´datada´” ou essa
“bateria soa um pouco ‘anos 1990’”. Como tenho
formação como músico, sempre tive um enfoque
grande em harmonia e melodia. Desde então, pas-
sei a prestar mais atenção em sonoridades, e foi
como uma porta aberta para um mundo novo.

GUERRA DE VOLUME

Um assunto comum entre engenheiros, produtores


e artistas é o volume da master. Desde o fim dos
anos 1990 elas vêm se tornando cada vez mais al-
tas, e para atingir esses níveis têm sido cada vez
mais comprimidas. A principal razão para isso é a in-

Divulgação
tenção de chamar a atenção dos ouvintes, especial-
mente quando são tocadas nas rádios. Como muitas
vezes o artista quer uma master que soe igual àque- O economista francês Jacques Attali:
la que ele ouve no rádio, os volumes seguem cada pessoas precisam de barulho de fundo
vez mais altos. O engenheiro de masterização Bob para se sentirem seguras
Speer vai além. “A música que ouvimos hoje é nada
mais do que uma batida com distorção. É antimúsi- da relação de uma pessoa com outras”.
ca, porque a sua alma tem sido esmagada através
do uso excessivo da compressão”, afirma. CONsiDERAÇÕEs FiNAis
No livro Noise: The Political Economy of Music, o
Procurei nesses tópicos lançar algumas questões que
autor Jacques Attali define a música atual como ba-
fazem parte do meu dia a dia. Claro que cada uma de-
ckground noise (barulho de fundo). “Hoje, é inevitá-
las é assunto para muita discussão, porém meu obje-
vel, em um mundo agora destituído de significado,
tivo não é apresentar respostas ou, muito menos, criar
que um barulho de fundo venha sendo crescente-
ou endossar regras. Acho que o importante é o exer-
mente necessário para dar às pessoas um senso de
segurança”, destaca. Ainda de acordo com ele, “em cício de reflexão sobre o contexto atual. E a partir daí,

um mundo onde exterioridade, anonimato e solidão assumirmos nossas posições dentro deste contexto.
tomam conta, música, independentemente do tipo,
é um sinal de poder, status social e ordem, um sinal Até logo!

ricardo Gomes é guitarrista, produtor e sound designer. atualmente mora em Londres, onde concluiu um
mestrado em produção de áudio pela universidade de Westminster. Procura combinar arte e técnica, ins-
piração e transpiração, Brasil e Inglaterra. Site: www.rgxproductions.com

110 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 111
Pro tooLS | Daniel raizer

COMO USAR
O CLIP GAIN
NO PT 10
MAIS VELOCIDADE PARA SUA EDIÇÃO

Enfim, acham que descobriram que o bóson de matéria, o que não é muito seguro é conceber a
Higgs (a “partícula de Deus”) está escondido em ideia de que poderemos um dia manipular o bó-
algum lugar e que pode ser confirmado visualmen- son de Higgs e, consequentemente, a formação da
te a partir da colisão de feixes de partículas que matéria. Ao manipular esta partícula subatômica
liberam 7 TeV (teraelétrons-volt). Isso equivale a para gerar massa, alguns imediatamente vão que-
7 trilhões de volts, o suficiente para queimar a sua rer fazer ouro, enquanto outros vão querer fazer
torradeira, TV, modem, fax, computador e, prin- urânio. Daí começam de novo aquelas velhas dis-
cipalmente, a fronteira franco-suíça e arredores, cussões que já causaram duas grandes guerras.
onde fica o grande colisor de Hadrons, para, en-
fim, produzir o grande fondue agora em 2012. Pode ser que num futuro pacífico tenhamos a matéria
inteligente, que se molda à tarefa a que se destina
Para os que não comem queijo, a boa notícia é – ora carro, ora teclado de 88 teclas com hammer
que dizem que é seguro produzir essa quantidade action, ora medicamento e ora filé com fritas. Talvez
de energia e que isso é só o começo, pois ainda é Deus não deixe isso acontecer e o fruto da criativi-
possível produzir singelos 14 TeV lançando partí- dade humana seja apenas um lampejo em direção à
culas umas contra as outras no limiar da velocida- estética abstrato-impressionista, como os quadros do
de da luz, que, diga-se de passagem, está sendo Jackson Pollock. Enfim, se a humanidade consegue
questionada como sendo o limite máximo da velo- imaginar e fazer isso tudo, conseguimos consertar
cidade sem voltarmos no tempo. uma pista de voz no Pro Tools com os pés nas costas.

Com toda essa mudança na física quântica mo- Você sabe que o compressor é seu melhor amigo e
derna, e apesar de dizerem que lá no CERN (a Or- também seu pior inimigo, portanto usar compres-
ganização Europeia para Pesquisa Nuclear) há um sor sem critério não está com nada. Aceleradores
aparato seguro, para nós, os medrosos e leigos na de partículas também sofrem desta mesma sina.

112 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 113
Pro tooLS

Colocar o compressor na pista da voz com critério a melhor opção), e sem deixar o locutor asmático,
é válido, mas antes é boa prática ajustar manual- usava-se o plug-in Gain, que ainda reside na pasta
mente (e visualmente) as variações de intensidade AudioSuite. Mas com o Clip Gain do Pro Tools 10 a
para não ficar artificial o resultado final quando o história muda, pois este último atua em tempo real –
compressor entrar em cena, pois você também já ou seja, não necessita de processamento. Mesmo as-
decidiu que gravar comprimindo de forma destrutiva sim, vamos ver ambas as técnicas: a antiga e a nova.
e irreversível não é uma grande ideia. E procedendo
assim, sua pista de voz ficou com uma variação de GANHO MANUAL NO PT 9 E ANTERIORES
dinâmica que não é amistosa aos compressores.
1. Selecione o trecho a ter seu ganho modificado.
Esse ajuste manual era uma das coisas mais chatas 2. Vá ao menu AudioSuite e abra o plug-in Gain.
de fazer no Pro Tools, especialmente para mim, que 3. Clique no botão Find Level.
lido o tempo todo com locuções para vídeo grava- 4. Ajuste o fader até achar o resultado satisfatório
das em dias diferentes. Mas agora, com o Clip Gain olhando o campo Result com muita paciência.
do Pro Tools 10, tudo ficou mais rápido, mas sem Faça conta, se necessário.
a sombra da incerteza da segurança global que os 5. Pressione o botão Preview para ouvir como
físicos modernos garantem não existir, excluindo- pode ficar.
-se apenas uma possível tendinite que talvez um dia 6. Ajuste novamente o Fader.
evolua para uma L.E.R. Preste atenção e visite um 7. Pressione o botão Preview novamente.
profissional de saúde se sentir uma dorzinha no bra- 8. Repita os passos 4, 5 e 6 até estar satisfeito.
ço, no ombro ou nas mãos! Boa dica essa. 9. Repita os passos de 1 a 8 para os outros clipes.
10. Repita o passo 9.
Aproveite que o Pro Tools tem uma interface gráfica 11. Repita o passo 10.
que exibe a forma de onda e dê uma primeira olhada 12. Vá ao ortopedista.
geral no take da voz. Se você está trabalhando com
um locutor que está vindo ao estúdio em dias dife-
rentes ou em uma música que tem versos e refrão,
você vai perceber que há uma variação de intensi-
dade nos diferentes trechos. Algo como o que pode
ser visto na Figura 1.

Figura 2 – O plug-in Gain no Pro Tools 9

GANHO MANUAL NO PT 10

1. Vá ao menu View e na opção Clip habilite a op-


ção Clip Gain Info clicando sobre ela (caso não

Figura 1 – Trechos com intensidades diferentes esteja ativa). Um pequeno fader aparece no can-
to esquerdo inferior dos clipes (não se esqueça
de que agora as regiões chamam-se clipes!), o
Para ajustar os diferentes trechos antes de com-
mesmo acontecendo com a informação numérica
primirmos todo o take de forma sutil (geralmente
de desvio de ganho do parâmetro original

114 | áudio música e tecnologia


Figura 3 – O fader Clip Gain no clipe

2. Selecione o trecho cujo ganho quer alterar e use o ata-


lho Command + E (Mac) ou Ctrl + E (PC) para separar
o clipe na seleção.

Figura 4 – Um clipe separado

3. Clique no ícone do fader e arraste-o para alterar o ganho


(para cima aumenta e para baixo diminui).

Figura 5 – Alterando o ganho do clipe

áudio música e tecnologia | 115


Pro tooLS | Daniel raizer

4. Repita os passos 2 e 3.
5. Repita o passo 4.
6. Ligue para o ortopedista.

- Observação: A alteração de ganho feita dessa ma-


neira pode ser ajustada facilmente para qualquer valor
entre -144 dB e + 36 dB.

Agora, adotando o Pro Tools 10 como a versão sem


volta, vamos dar mais uma olhadinha no menu
View. Clique sobre ele, escolha a opção Clip e, em Figura 7 – O menu flutuante
seguida, em Clip Gain Line, para habilitá-la. Uma
linha aparece em todos os clipes indicando os que
têm alteração de ganho. Interessante. Tente mover Que tal desenhar dinamicamente o envelope do ga-
um dos clipes agora. Interessante! A linha move-se nho? Pode ser que seja necessário um ganho dife-
junto com o clipe, o que é ótimo para trabalhos que rente ao longo do clipe e é mais fácil desenhar o
exigem infinitos comandos de colar e copiar. envelope do que fatiar o clipe em pequenos pedaços
e ajustá-los individualmente. Faça assim:

1. Mantenha a linha Clip Gain Line visível.


2. Selecione a ferramenta Grabber Tool (Time) que
tem o ícone de mão.
3. Ao chegar próximo à linha, o ponteiro do mouse
muda de ícone, exibindo o símbolo “+”. Clique, en-
tão, na linha para criar um nó. Mantendo o botão
pressionado, arraste este ponto para onde quiser,
criando um envelope de alteração de ganho.
4. Faça isso quantas vezes quiser.

Figura 6 – A Clip Gain Line

- Observação: A linha Clip Gain Line só aparece a par-


tir da visualização Small nas pistas da Edit Window,
ficando escondida nas visualizações Mini e Micro.

Não ficou satisfeito com o ajuste de ganho? Mova o


fader Clip Gain do clipe para outra posição, ou, para
começar de novo do zero, clique sobre o clipe com
o botão direito e escolha a categoria Clip Gain do Figura 8 – Desenhando um envelope
menu flutuante e em seguida a opção Clear Gain. de alteração de ganho

116 | áudio música e tecnologia


Se você quer ajustar o posicionamento do nó com 1. Selecione os clipes.
mais precisão, mantenha a tecla Command (Mac) 2. Vá ao menu Edit e escolha a opção Automa-
ou Ctrl (PC) pressionada enquanto arrasta o nó. tion. Clique em Convert Clip Gain to Volume
Para apagar um nó do envelope, segure a tecla Op- Automation.
tion (Mac) ou Alt (Windows) e clique sobre ele. O
ícone de mão altera-se exibindo o símbolo “-”. A
ferramenta Pencil também pode ser utilizada, as-
sim como as ferramentas Line, Triangle, entre ou-
tras. Portanto, ajustar o ganho com estas pode pro-
duzir um efeito criativo. Desenvolva essa técnica.

Se você tem o Pro Tools HD 10 ou o Pro Tools 10


com o pacote Complete Production Toolkit 2, você
pode converter o Clip Gain para automação de vo-
lume e vice-versa. Proceda da seguinte maneira Figura 9 – O Clip Gain convertido
caso a primeira opção lhe interesse: em automação de volume

áudio música e tecnologia | 117


Pro tooLS

Tenha em mente que quanto mais automações exis- Zaz! Todos os clipes são substituídos por novas ver-
tirem na sessão, mais recursos de máquina serão sões com o ganho que você definiu! Veja o antes e o
necessários e mais complexo será o bounce, sendo depois nas figuras 10 e 11.
que este sempre deverá ser feito com a opção Con-
vert After Bounce ativa para se alcançar o melhor re- Aproveite que a seleção ainda está ativa para todos
sultado. Portanto, use este recurso com parcimônia. os clipes e use a tecla de atalho Option + Shift + 3
Melhor que isso! O Clip Gain pode ser renderizado, (Mac) ou Alt + Shift + 3 (PC) para ativar o comando
substituindo-se o clipe antigo por um novo, já com Consolidate Clip para criar um único clipe.
seu novo volume preferido. Assim:

1. Depois que você realizar os ajustes, selecione


todos os clipes usando sua técnica favorita,
clique com o botão direito do mouse sobre a
seleção e escolha a opção Clip Gain do menu
flutuante. Dentro desta opção, escolha o co-
mando Render Clip Gain.

Figura 12 – Todos os clipes


ajustados e consolidados

Olhe novamente a Figura 1 e compare-a com a Fi-


gura 12. Você concorda que a compressão agora
Figura 10 – O antes: todos os ganhos ajustados
será mais eficiente? Comente no meu blog.

Muito bem! Tudo organizado, tudo ajustado em


tempo recorde (foram, no máximo, dois minutos de
trampo para esse take) e não criamos nenhum bura-
co negro capaz de engolir a Terra numa catástrofe de
proporções cósmicas. Basta agora inserir o compres-
sor para dar o toque final, mas isso é assunto para
outra oportunidade, antes do Big Bang feito em casa.
Figura 11 – O depois: clipes
com Clip Gain renderizado Um abraço e até a próxima!

Daniel raizer é especialista de produtos sênior da Quanta Brasil, consultor técnico da Quanta educacional, músico e autor do livro
Como fazer música com o Pro Tools, lançado pela editora música & tecnologia. mantém o blog pessoal danielraizer.blogspot.com.

118 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 119
SoNar | Luciano alves

CONFIGURAÇÕES
DO PREFERENCES
DO SONAR X1 PARTE 4
introdUÇÃo além do Sonar, acessem o driver de áudio simultane-
amente. Normalmente, o driver de áudio ASIO supor-
Na AM&T 242 iniciei a análise dos itens do Menu/ ta a demanda de vários programas ao mesmo tempo.
Preferences do Sonar X1. Já estudamos o Audio/De- No entanto, podem ocorrer problemas de travamento
vices, o Driver Settings e o Playback and Recording do Sonar quando outro software está acessando, ao
até o item Dithering. Agora estudaremos as outras mesmo tempo, a interface de áudio.
opções disponíveis na janela Playback and Recording.
Utilizar softwares de áudio e de música em geral
preferences/aUdio/playback simultaneamente é um procedimento bem comum.
and recording Suponhamos que você está sequenciando um ins-
trumento MIDI virtual para exportar sua execução
Já vimos que nesta seção ajustamos diversas op- para um programa de notação musical. É obvio que
ções importantes relacionadas à execução e à gra- este trabalho rende muito mais com os dois softwa-
vação de áudio no Sonar X1, tais como a escolha do res abertos. Você sequencia um trecho pequeno no
driver de áudio, a adequação da interface de áudio Sonar, exporta como MIDI File, clica no programa
em relação ao sistema operacional que está instala- de notação, importa o MIDI File e confere como a
do na máquina, o comportamento dos efeitos de áu- execução das figuras rítmicas está sendo interpre-
dio que produzem continuidade ou repetições etc. O tada na pauta (as notas raramente dão problemas).
item Driver Mode permite selecionar o tipo de driver Se a notação rítmica está muito errada é sinal que
de áudio de acordo com o que é disponibilizado pelo você precisa tocar os ritmos no teclado com maior
fabricante da interface. O Dithering corrige os erros rigidez, mais roboticamente, para que o programa
de quantização e de distorção harmônica dos sinais de notação importe a execução de forma correta.
de áudio de baixa amplitude, além de ser utilizado
para a redução da profundidade de bits (bit depth) Esta experimentação deve ser feita diversas vezes
de um projeto produzido em 24 bits para 16 bits no até que você encontre a execução ideal para que o
momento de queimar um CD de áudio. programa de notação faça seu trabalho do jeito cer-
to. Imagine se o Sonar tiver que ser fechado sempre
Os demais itens do Preferences/Audio/Playback and que você acionar o programa de notação... Pois sai-
Recording nós veremos a seguir. ba que há alguns anos era assim. Até o Media Player
do Windows travava ao rodar simultaneamente com
share driVers With other prograMs o Sonar aberto. Quando se está trabalhando em mú-
sica para vídeo, às vezes é necessário que até três
Em português, "compartilhar o driver com outros softwares estejam rodando e acessando o driver de
softwares”. Esta opção permite que vários programas, áudio ao mesmo tempo: um de produção musical

120 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 121
sonar

(Sonar), um masterizador (Sound Forge) e um de


vídeo (Vegas Pro, Windows Movie Maker etc.). As-
sim, é possível corrigir detalhes da criação musical,
masterizar rapidamente e aplicar a trilha refeita na
pista de áudio do software de produção de vídeo.

Agora você já sabe: quando quiser que o Sonar


compartilhe o driver da interface de áudio com ou-
tros softwares de música, habilite o Share Drivers
With Other Programs. Em sistemas robustos, como
o Pentium i5 ou i7 com 16 GB de memória, o So-
nar X1 jamais travará, mesmo que haja diversos
softwares de música rodando ao mesmo tempo. Já
testei até cinco softwares de gravação e de vídeo
executando áudio simultaneamente (Sonar, Win-
dows Media Player, Finale, Vegas Pro e Total Video
Os diversos recursos do Preferences/
Converter) e o sistema pareceu querer mais!
Audio/Playback and Recording do Sonar X1
Use Multiprocessing Engine
Play Effect Tails After Stopping
Esta opção (em português, “usar máquina com multi-
processamento”) fica indisponível caso o processador Marque esta opção (em português, "executar a con-
do computador não seja múltiplo. Atualmente, com tinuidade dos efeitos após parar”) para que a conti-
processadores dual core ou de núcleo quádruplo (i3, nuidade do reverber e do eco soem ao parar o Sonar.
i5, i7), várias tarefas podem ser executadas simulta- Quando desmarcada, a continuidade é cortada ao
neamente e o Sonar faz pleno uso desta propriedade. parar. Normalmente trabalho com esta opção habili-
Portanto, se seu computador tem um desses proces- tada, pois é a melhor forma de perceber se a duração
sadores, habilite a opção Use Multiprocessing Engine do reverber e do eco estão "sujando" a música.
se você deseja que o Sonar use sempre os diversos
núcleos. Se a opção estiver desabilitada e o processa- Faça o teste: habilite esta opção, coloque a música
dor for múltiplo, o Sonar só usará os diversos núcleos para tocar e pare abruptamente. Observe se a con-
esporadicamente, quando necessário. tinuidade do reverber e do eco está muito curta ou
muito longa. Reverbers e ecos com muita duração
Use MMCSS (Windows Vista, Win 7) tendem a deixar os instrumentos sem ataque e a su-
jar a música. Você pode, inclusive, usar o Play Effect
“Usar MMCSS sob o Windows Vista ou Win 7” – esta Tails After Stopping em pistas soladas para ter uma
opção fica indisponível caso o computador não tenha noção real da duração do efeito. Esta é uma técnica
o Vista ou Win 7 instalado. O Sonar detecta automa- que uso para deixar os instrumentos com o mínimo
ticamente o sistema operacional e, caso encontre um necessário de efeitos de tempo (eco e reverber).
destes, possibilita a habilitação do MMCSS (Multime-
dia Class Scheduler Service). O MMCSS proporciona Always Open All Devices
acesso prioritário à CPU aos aplicativos de áudio e
de multimídia. Já que a gravação e a execução de Quando habilitada, a opção "abrir sempre todos os
áudio são processadas em forma de streaming (fluxo dispositivos” faz com que o Sonar abra todos os pares
ininterrupto de dados), é aconselhável marcar esta de saídas de áudio ao se colocar para tocar. Mesmo
opção para que o Sonar ganhe prioridade da CPU. os pares que não estão sendo usados por nenhuma

122 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 123
sonar

pista ficam habilitados e prontos para serem utiliza- quer efeito. Aplicar desta forma um efeito como, por
dos. Assim, mesmo com o Sonar tocando, é possível exemplo, o Sonitus Reverb, é diferente de acoplá-lo
mudar o número da saída de áudio de uma pista sem no campo FX de uma pista de áudio. Usando o Pro-
que ocorram ruídos (glitches) na execução do áudio. cess, o efeito é mixado com a porção do áudio original
e só pode ser desfeito através do Undo. Repare que
Remove DC Offset During Record dentro do Process Effect/Audio Effects há um botão
denominado Audition. Este botão de comando serve
Ou “remover diferenças de DC durante a gravação”. para ouvirmos uma prévia de como ficará o resultado
O DC Offset é um desalinhamento da corrente direta, do efeito somado à fonte sonora. Ao clicar nele, o
causado por diversos fatores: conversor de A/D do Sonar executa um trecho em loop por um período de
hardware de áudio, instrumentos eletrificados, cabos tempo em segundos, definido justamente na opção
muito compridos ou de má qualidade, cabos de áudio Command Audition Length (seconds). O tempo ideal
correndo juntamente com fios de eletricidade etc. é de aproximadamente 10 segundos.

Uma forma simples de detectar a ocorrência do Atualmente, não vejo muita aplicação para este recur-
DC Offset em uma pista de áudio é aumentando so em virtude de que o Sonar X1 permite acoplar efei-
o zoom em um pequeno trecho da música e repa- tos mesmo em pequenos clipes. É preferível acoplar
rando se a forma de onda corresponde à linha hori- efeitos via Insert Effect do que aplicá-los efetivamente
zontal central. Se a representação do áudio estiver (mesmo com a possibilidade do Audition) via Process
muito para cima ou para baixo do centro, é sinal Effect. Para acessar estas duas modalidades, clique
de que ocorreu um desalinhamento de DC durante com o botão direito do mouse sobre um clipe de áudio.
a gravação. Quando o Remove DC Offset During
Recording está habilitado, o Sonar filtra automati-
camente qualquer distúrbio que possa ocorrer du-
rante a gravação, evitando, assim, a necessidade
de reparar o desnível manualmente através do Pro-
cess/Apply Effect/Remove DC Offset.

Disable Input Monitoring During Playback

A opção, que, em português, significa "desligar a mo-


nitoração de entrada durante a execução”, por de-
O botão do comando Audition está
fault (padrão), vem desabilitada. Quando habilitada,
localizado à direita da janela do efeito
a monitoração de entrada fica desligada em todas as
pistas apenas na execução. Esta opção é providencial escolhido através do Process Effect/
para os casos em que é desnecessário ouvir a fonte Audio Effects
sonora que está ligada na entrada da interface en-
quanto o Sonar executa a música. A fonte só passa a Record Pre-allocate File (seconds)
ser ouvida quando o Sonar entra no modo gravação.
A opção "gravar arquivo com duração pré-determi-
Command Audition Length (seconds) nada (em segundos)” permite determinar a duração
dos arquivos de áudio a serem gravados, de forma
"Duração do comando audição (em segundos)”. O a reduzir a atividade do HD durante a gravação e a
comando Audition encontra-se disponível clicando-se proporcionar mais segurança ao se gravar em muitas
com o botão direito do mouse sobre um clip de áudio pistas de áudio simultâneas. Caso seu sistema esteja
e escolhendo-se Process Effect/Audio Effects/qual- dando problemas de glitches e de áudios truncados,

124 | áudio música e tecnologia


você pode ajustar esta medida para 800 segundos. esta finalidade. Este crescendo não entra na mixagem,
pois, como já dito, não chega a ser um fade-in.
Fade On Start (milliseconds)
Fade On Stop (milliseconds)
Em português, "crescendo ao iniciar execução (em mi-
lissegundos)", é uma opção que permite aplicar um A opção "diminuindo ao parar a execução (em
crescendo gradual no início da música. Isto não quer milissegundos)” permite diminuir o volume gra-
dizer que fade-ins serão adicionados no início dos cli- dualmente ao interromper a execução da música.
pes de áudio. Trata-se apenas de um crescendo de Nunca encontrei alguma utilidade para esta opção.
volume endereçado para a saída de áudio da interface. Quando apertamos o Stop é porque queremos pa-
Este recurso pode ser usado para se evitar "panca- rar de ouvir a música instantaneamente.
das" nas caixas de som quando um projeto está com
o volume master exagerado ou quando a própria caixa Assim, finalizamos os itens do Preferences/Audio/Play-
está com muito volume. Enquanto o volume da música back and Recording do Sonar X1. No próximo mês es-
cresce, temos uma oportunidade de parar o Sonar e tudaremos os itens do Preferences/Configuration Files.
regular a pista master ou as caixas de som. Uma regu-
lagem na ordem de 5 mil milissegundos é a ideal para Boas gravações e sequenciamentos.

Luciano Alves é tecladista, compositor e autor do livro Fazendo Música no Computador. Fundou, em 2003, a escola de música e
tecnologia CTMLA – Centro de Tecnologia Musical Luciano Alves (www.ctmla.com.br), que dispõe de seis salas de aula e um estúdio.

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LuGar Da VerDaDe | enrico De Paoli

DISCO X SINGLES
A
partir dos anos 1980 e 1990, os discos começaram a perder a Uma guitarra na segunda música de um disco ao vivo nos exatos
característica de “obra” e foram virando uma coleção de sin- mesmos volumes de faders pode parecer estar mais alta do que
gles. Nem sempre uma coleção daqueles hit-singles que a gen- na primeira se o arranjo te levar a achar isso, dependendo da in-
te conhece, mas uma simples coleção de músicas avulsas. Muitos tenção da música e também do que toca junto com essa guitarra
desses discos tinham até belas músicas avulsas, mas estou usando naquele momento. Mais curioso do que isso é que não depende
esse termo para ilustrar que os álbuns foram deixando de ter aquela somente do que toca junto naquele momento: possivelmente de-
sonoridade contínua, como se estivéssemos ouvindo uma apresen- pende mais do que toca antes. Sim! Os sons que a gente ouve
tação daquele artista ou banda. As gravações entraram num pro- vão equalizando nossos ouvidos, então percebemos os eventos
cesso de cada vez mais produção, mais concepção e mais tecnologia sônicos e seus volumes e timbres de formas diferentes, de acordo
de timbres, e, em muitos casos, isso foi fazendo as músicas per- com o que acabamos de ouvir logo antes.
derem a unidade dentro do disco. Cada vez mais as faixas foram
sendo produzidas separadamente umas das outras, e muitas vezes 3) Dinâmica – Um disco, um show, ou qualquer sequência de
até mesmo com produtores e engenheiros diferentes. músicas devem ser vistos como uma obra. Como um todo. Ainda
que seja um disco de novela! Aquele álbum tem que poder ser
Um ótimo jeito de ilustrar o que isso gerou: quando você está mi- ouvido do início ao fim e causar emoções, agitações, tensões e
xando um álbum, definitivamente não consegue usar os mesmos alívios. Logo, é necessário dinâmica. Não é com faders parados
ajustes de equalizadores, compressores e reverbs entre as músi- que se faz dinâmica. Mas… peraí! A dinâmica não é feita pelo
cas. Aliás, na atual geração das mixagens in the box (dentro de próprio músico? Siga lendo…
computadores), você provavelmente não consegue nem mesmo
usar os mesmos plug-ins de música pra música! A menos que… 4) Monitoração do músico – Sim, bons músicos sabem tocar
você esteja mixando um disco ao vivo, ou os tão populares DVDs... juntos. Sabem, com maestria, percorrer através de dinâmicas,
Então, se estivermos mixando um disco ao vivo é mais fácil? Ou interpretando os diferentes momentos da música. Mas… se vo-
seja, dá para “levantar” uma música e aquilo já valer para as ou- lume é uma questão relativa, pode ser que a referência que
tras? Vou explicar aqui porque talvez isso não seja possível. cada músico esteja ouvindo não seja exatamente igual entre
eles. Diferente também do que o público está ouvindo, do que
1) Arranjo – Músicas com arranjos diferentes pedem mixes dife- o ouvinte escuta no caso de uma gravação e também diferen-
rentes. Vamos lembrar que o princípio da mixagem é justamente te do que o engenheiro de som ouviu. Sim. O baterista ouve
“reger” os músicos gravados. Uma música, por exemplo, em que seus tambores acusticamente ali, na cara dele. Ninguém mais
o baterista “desce a mão” nos pratos requer um equilíbrio dife- os ouve dessa forma. Bem, tendo dito isso, um engenheiro de
rente nos canais da bateria. Muito provavelmente, equalização som tem que saber interpretar as intenções dinâmicas de um
também. Já uma música em que vários cantores cantam juntos arranjo e recriá-las em uma mix.
no refrão talvez precise de menos volume da soma dessas vozes
naquele momento. Um violão de nylon em uma música com bate- Seja um disco ao vivo, com os mesmos músicos, ou um disco
ria e baixo certamente terá uma filtragem (equalização) diferente coletânea, é importante o mesmo ser sempre visto como uma
de uma canção “violão e voz”. E por aí vai... obra, de forma que uma música sempre prepare nossos ouvidos
e sentimentos para os eventos sônicos e canções subsequentes.
2) Percepção auditiva – Mais importante do que o volume dos
instrumentos em uma mix é o volume no qual eles parecem estar. Como sempre… boas mixes!

enrico De Paoli é produtor e engenheiro de mixes, masters e shows. acabou de receber seu segundo Grammy
com o álbum Ária, de Djavan, que ele gravou, mixou e masterizou, além de também fazer o áudio da turnê. Para
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