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Valencia-Crdenasetal 2015

O estudo avalia o desaguamento eletrosmótico de lodo de estações de tratamento de esgoto, comparando sua eficiência com métodos mecânicos. Os resultados indicam que o desaguamento eletrosmótico, combinado com desaguamento mecânico, reduziu a umidade do lodo em até 24%, o que pode resultar em economia no transporte e disposição final. A pesquisa sugere que essa tecnologia pode ser viável, desde que os custos de implementação sejam inferiores aos custos atuais de manejo do lodo.
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O estudo avalia o desaguamento eletrosmótico de lodo de estações de tratamento de esgoto, comparando sua eficiência com métodos mecânicos. Os resultados indicam que o desaguamento eletrosmótico, combinado com desaguamento mecânico, reduziu a umidade do lodo em até 24%, o que pode resultar em economia no transporte e disposição final. A pesquisa sugere que essa tecnologia pode ser viável, desde que os custos de implementação sejam inferiores aos custos atuais de manejo do lodo.
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DESAGUAMENTO ELETROSMÓTICO DE LODO PROVENIENTE DE ESTAÇÕES


DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Conference Paper · October 2015

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3 authors, including:

Daniel Valencia-Cárdenas Yovanka Pérez Ginoris


University of Brasília University of Brasília
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II-249 - DESAGUAMENTO ELETROSMÓTICO DE LODO PROVENIENTE DE
ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Daniel Valencia-Cárdenas(1)
Engenheiro Químico pela Universidad Nacional de Colombia. Mestrando em Tecnologia Ambiental e
Recursos Hídricos pela Universidade de Brasília (UnB).
Raphael Garcia da Silva Luiz Pereira
Graduando em Engenharia Ambiental pela UnB.
Yovanka Pérez Ginoris
Engenheira Química pelo Instituto Superior Politécnico José Antonio Echevarria. Mestre em Biotecnologia
Industrial pela Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Doutora em Tecnologia de Processos Químicos e
Bioquímicos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora adjunta da Universidade de
Brasília (UnB).

Endereço(1): SQN 214, Bloco F, Ap. 203 – Asa Norte - Brasília - DF - CEP: 70873-060 - Brasil - Tel: (61) 9111-8484
- e-mail: [email protected]

RESUMO
Um dos resíduos gerados no tratamento de águas residuárias por lodos ativados é o lodo de descarte; a
disposição inadequada deste no meio ambiente implica diretamente na contaminação do solo, e por
consequência, favorece a proliferação de vetores e a disseminação de doenças. (PROSAB, 2009). Para fins de
economia de recursos, principalmente com transporte, para a disposição final do lodo, é realizado o
desaguamento deste subproduto dentro das estações de tratamento. O presente estudo teve como objetivo
principal avaliar em escala de bancada o potencial do processo de eletrosmose para o desaguamento de lodos
de estação de tratamento de esgoto (ETE) digerido em condições aeróbias, bem como comparar a eficiência na
remoção de umidade do lodo entre o processo de desaguamento mecânico, mediante aplicação de vácuo, e o
processo de desaguamento mecânico assistido por eletrosmose, focalizando-se nos parâmetros mais relevantes
que influem no processo. Os resultados mostraram que o desaguamento mecânico assistido por desaguamento
eletrosmótico foi capaz de reduzir em até 24% a umidade do lodo, o que poderia representar uma economia no
processo de transporte do lodo para disposição.

PALAVRAS-CHAVE: Desaguamento, Lodo de Esgoto, Eletrodesaguamento, Disposição de Lodo


Desaguamento de lodo; Desaguamento eletrosmótico

INTRODUÇÃO
Devido ao aumento da demanda dos serviços de saneamento, às exigências das agências ambientais e à
legislação no que se refere à disposição final de sólidos, a gestão dos resíduos produzidos pelo tratamento de
águas residuárias vem sendo uma preocupação crescente dentro das estações de tratamento, o que tem
influenciado o estudo e desenvolvimento de diferentes tecnologias que auxiliem no gerenciamento desses
resíduos.

Como primeira medida, para uma apropriada gestão dos resíduos do saneamento, está a diminuição da
produção destes, embora essa medida não é viável em muitas das estações de tratamento de esgotos (ETEs), as
diferentes e variadas características que apresenta o lodo de descarte dos sistemas de tratamento por lodos
ativados, possibilitam que seja usado como fonte de nutrientes e matéria orgânica para o crescimento de
plantas e recuperação de solos.

O foco principal das técnicas de tratamento do lodo produzido nas ETEs é a diminuição do seu volume
mediante a redução do seu teor de umidade (desaguamento), o que facilita seu manuseio e diminui os custos de
transporte e disposição final. Os métodos utilizados para esse fim são geralmente mecânicos onde se destacam
as centrifugas e os filtros prensa de esteira. Os lodos que são digeridos aerobiamente normalmente possuem um
teor de sólidos de 1 a 3%, que após o desaguamento mecânico o aumento no teor de sólidos varia entre 12 e

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20%. Nesse contexto, o desaguamento eletrosmótico pode ser uma técnica atrativa e eficiente com vantagens
adicionais em relação aos métodos mecânicos convencionais.

Assim, buscando uma maior eficiência no desaguamento do lodo de ETE, diversos métodos têm sido
pesquisados, dentre eles os métodos eletrocinéticos, que podem ainda ser combinados com técnicas de
desaguamento mecânico. O método de desaguamento eletrosmótico é vastamente utilizado em materiais de
granulometria fina, em processos de tratamento, remediação e consolidação de solos, onde outras técnicas se
mostram pouco eficientes.

Na prática, a técnica de eletrosmose consiste na aplicação “in situ” de uma corrente continua ou uma diferença
de potencial elétrico, por meio de eletrodos inseridos no material. A aplicação de uma diferença de potencial
promove a migração de íons (cátions e ânions) para os eletrodos, junto com a água que se encontra associada
aos mesmos.

O esgoto bruto, devido à alta concentração eletrolítica, à alta concentração de contaminantes e a presença de
matéria orgânica, propicia a ação do desaguamento por eletrosmose. Por apresentar essas características, vários
estudos têm sido direcionados para o uso dessa tecnologia no tratamento de lodo gerado em estações de
tratamento de esgoto. O desaguamento eletrosmótico pode aumentar a velocidade normal de remoção de agua
do lodo e, como consequência, gerar economia no transporte e na disposição final se for compatível com os
custos da ETE.

LODO DE ESTUDO
O lodo foi coletado na estação de tratamento de esgoto ETE Brasília Sul, Distrito Federal; a tecnologia de
tratamento utilizada na estação é lodos ativados com remoção de nutrientes em nível terciário. O lodo coletado
era proveniente do processo de digestão aeróbia. As coletas foram feitas no poço de armazenamento localizado
antes do processo de desaguamento. Após a coleta o lodo era encaminhado ao Laboratório de Análise de Água
da Universidade de Brasília (LAA), onde era caracterizado em relação ao pH, sólidos totais, sólidos
sedimentáveis e condutividade seguindo a metodologia indicada pela APHA (2005), e posteriormente,
preservado em refrigeração (4ºC) até ser utilizado nos ensaios de desaguamento. O tempo de preservação do
lodo era de até 96 horas.

MATERIAIS
Os testes de desaguamento foram realizados em um sistema composto por duas células de desaguamento, uma
delas provisionada com eletrodos posicionados verticalmente e ligada a um sistema de vácuo, e outra apenas
ligada ao sistema de vácuo; e uma fonte de alimentação que fornecia uma diferença de potencial constante e
media a corrente.

A célula de desaguamento eletrosmótico foi concebida pelo grupo de pesquisa, e adaptada para esse trabalho.
Esta célula é constituída por um tubo de PVC com 30 cm de altura e 10 cm de diâmetro; os eletrodos eram
constituídos por uma malha de aço inoxidável de igual diâmetro que o tubo de PVC e cobertos com geotêxtil
para evitar seu desgaste; o ânodo localizado na parte superior da célula e o cátodo na parte inferior. Duas peças
de acrílico com orifícios de 5 mm de diâmetro para permitir a passagem de água, foram acopladas no cátodo e
no ânodo para mantê-los fixos. Este sistema célula pode ser visualizado na Figura 1.

CONDICIONAMENTO DO LODO
Antes de efetuar os testes de desaguamento, foi necessário efetuar o condicionamento do lodo com um
polímero aniônico com o intuito de melhorar a desaguabilidade do mesmo. A dosagem de polímero utilizada,
0,012 g de polímero/g de sólidos; foi a mesma que é empregada na ETE onde o lodo era coletado.

O condicionamento foi realizado em equipamento de teste de jarros de marca Nova Etica, ilustrado na Figura
2Erro! Fonte de referência não encontrada.. Após a adição do polímero era feita a mistura rápida (270 rpm
por um minuto) seguida de uma mistura lenta (20 rpm por um minuto). Após a etapa de mistura lenta deixou-se

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o lodo decantar por 5 minutos, retirou-se o sobrenadante de cada jarro e misturou-se o material sedimentado
em cada jarro. Finalizado o condicionamento, retirou-se uma alíquota do lodo para determinação da umidade.

(a) Sistema de desaguamento (b) Célula de desaguamento


eletrosmótico

Figura 1: Sistema de desaguamento de lodo e célula provisionada com eletrodos para


desaguamento eletrosmótico

Figura 2: Jarteste Nova Etica utilizado no condicionamento do lodo

ENSAIOS DE DESAGUAMENTO
Para efetuar os ensaios de desaguamento foram transferidos aproximadamente 520 mL de lodo condicionado
para as células de desaguamento. Foram testadas as seguintes condições: (a) desaguamento apenas mecânico
mediante aplicação de pressão negativa ao sistema (Controle) e (b) desaguamento mecânico combinado com
eletrosmose usando voltagem constante de 25,7 V e corrente inicial de 1 A. O desaguamento foi interrompido
aproximadamente 2 horas e 40 minutos depois do início, quando a corrente atingiu valores da ordem de
0,009A. Coletou-se então o lodo desaguado em cada célula para determinação da umidade final. Ao final do
processo mediu-se o volume de água removido do lodo.

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RESULTADOS
O lodo digerido aerobiamente e adensado possuía um teor de sólidos de 23,4 g/L. Os percentuais de umidade
do lodo condicionado no início e no final do processo desaguamento para as duas condições experimentais
avaliadas são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Percentual de sólidos e umidade antes e depois do desaguamento


1 2 Média
% Umidade 93,33% 97,54% 95,44%
Lodo condicionado
% Sólidos 6,67% 2,46% 4,56%
% Umidade 84,57% 87,46% 86,01%
Lodo desaguado mecanicamente
% Sólidos 15,43% 12,54% 13,99%
% Umidade 71,78% 72,39% 72,09%
Lodo desaguado mecânica e eletrosmoticamente
% Sólidos 28,22% 27,61% 27,91%

Como pode ser observado na Tabela 1, o desaguamento eletrosmótico do lodo digerido por processo aeróbico
seguido condicionamento com polímero, promoveu uma maior redução de umidade em comparação com
desaguamento mecânico, obtido pela aplicação de pressão negativa unicamente (vácuo). Na tabela 2 pode se
observar o percentual de umidade removido em ambos os processos avaliados bem como a diferença entre os
porcentuais de remoção de umidade alcançados em cada processo.

Tabela 2: Umidade removida do lodo condicionado e comparação entre os métodos


Remoção de Umidade
DM/LC 9,87%
DE/LC 24,47%
DE/DM 16,19%
LC – Lodo Condicionado
DM – Desaguamento Mecânico (Vácuo)
DE – Desaguamento Eletrosmótico

A figura 3 ilustra o aspecto mais seco e o volumem menor que apresenta o lodo desaguado pela combinação
dos processos mecânico e eletrosmótico

A B

A B

Figura 3: Vista superior e lateral do lodo desaguado. A) lodo desaguado por processo mecânico,
B) lodo desaguado pela combinação dos processos mecânico e eletrosmótico.

Durante o segundo experimento foi possível quantificar também a água que foi removida em cada um dos
processos avaliados, inclusive a água que foi retirada pelo anodo (parte superior da célula). No desaguamento
mecânico foram removidos 420 mL de água de um volume de 520 mL de lodo. Entretanto, na célula submetida
à combinação de desaguamento mecânico e eletrosmótico o volume retirado foi de 456,2 mL, sendo que 390
mL foram removidos pelo catodo e o restante pelo anodo.

Por último foi feita uma análise da variação temporal da corrente e da quantidade de água removida pelo
anodo. Os dados obtidos estão ilustrados na figura 4.

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30 1,0
Água removida pelo ánodo
Corrente 0,8

Volume (mL)

Ampres (A)
20
0,6

0,4
10
0,2

0 0,0
0 27 54 81 108 135 162
Tempo (min)
Figura 4: Variação de corrente e do volume de água removida pelo anodo durante o experimento 2

Pode-se notar que à medida que a água vai sendo retirada do lodo, diminui a corrente através do sistema
devido ao aumento da resistência do lodo, comprometendo o processo de desaguamento a partir dos 75
minutos.

Nesta segunda etapa experimental, também foi possível observar que o uso da membrana geotêxtil auxiliou na
proteção dos eletrodos e que este tipo de material pode ser lavado e reutilizado no processo uma vez que o
mesmo não sofreu desgastes ou apresentou problemas quando reutilizado.

CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitem concluir que a técnica de desaguamento mecânico assistido por eletrosmose se
mostrou mais eficiente que processo de desaguamento exclusivamente mecânico, uma vez que sua aplicação
resultou em maior percentual de remoção de umidade do lodo com a consequente redução de seu volume.
Portanto, essa tecnologia pode auxiliar no problema de gestão de lodos especificamente nas etapas de
transporte e disposição.

Apesar dos resultados satisfatórios quanto à redução da umidade no desaguamento combinado, para que essa
tecnologia possa ser implantada deve-se fazer um estudo dos custos de sua implantação e operação. Caso esses
custos sejam inferiores aos custos de transporte e disposição final do lodo, essa tecnologia poderá ser
considerada viável para o desaguamento desse resíduo.

AGRADECIMENTOS
A presente pesquisa teve o apoio financeiro da FINEP – Financiadora de Estudos e projetos, por meio da
Chamada Pública MCT/MCIDADES/FINEP/Ação Transversal – Saneamento Ambiental e Habitação 06/2010.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. APHA. Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater. 21. ed. Washington, D.C: American
Public Health Association, 2005.
2. ESMAEILY, ALI. Dewatering, metal removal, pathogen elimination, and organic matter Reduction in
Biosolids Using Electrokinetic Phenomena. Dissertação de Mestrado. Department of Building Civil and
Environmental Engineering, Concordia University Montreal, Quebec, Canada, 2012.
3. PROGRAMA DE PESQUISA EM SANEAMENTO BÁSICO (PROSAB). Alternativas de uso de
resíduos do saneamento, 2006
4. PROGRAMA DE PESQUISA EM SANEAMENTO BÁSICO (PROSAB). Lodo de fossa Séptica: Lodo
de fossa e tanque séptico: caracterização tecnologias de tratamento gerenciamento e destino final, 2009.

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