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DIREITO PROCESSUAL PENAL
INQUÉRITO POLICIA
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Inquérito Policial
Equipe Simula Provas
INQUÉRITO POLICIAL
Natureza e características
O inquérito policial é um conjunto de atividades conduzidas pela Polícia Judiciária com o
objetivo de investigar um crime e determinar sua autoria, para que o responsável pelo processo
penal possa levá-lo aos órgãos competentes e garantir a devida aplicação da lei.
Polícia Judiciária e Polícia administrativa
▪ A Polícia Judiciária é representada, no Brasil, pela Polícia Civil e pela Polícia Federal.
▪ A Polícia Militar possui principalmente uma função administrativa, conhecida como
polícia administrativa, que é de natureza ostensiva. Isso significa que seu papel é agir
de forma visível e preventiva para evitar a ocorrência de crimes, em vez de investigá-los
e apurá-los.
Nos termos do art. 4° do CPP:
Art.4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das
infrações penais e da sua autoria.
O inquérito policial possui algumas características, atreladas à sua natureza. São elas:
▪ Inquisitorialidade:
O Inquérito Policial é um procedimento pré-processual de caráter inquisitivo conduzido pela
autoridade policial, geralmente um Delegado. Diferentemente do processo legal, no Inquérito Policial
não há acusação formal, acusado ou pleno direito ao contraditório e à ampla defesa. Ele é um
procedimento administrativo que coleta informações para embasar a denúncia ou queixa.
▪ Administrativo
O Inquérito Policial é um procedimento administrativo de investigação criminal conduzido
por uma autoridade policial. É uma etapa preliminar ao processo legal, realizada pela Polícia
Judiciária. Seu objetivo é investigar e esclarecer crimes ocorridos.
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Inquérito Policial
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É importante destacar que qualquer irregularidade durante o Inquérito Policial não invalida o
processo legal.
▪ Oficiosidade
Em casos de crimes de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial tem o dever
de iniciar o Inquérito Policial ao tomar conhecimento desses delitos, mesmo sem provocação de
terceiros, devido ao princípio da oficiosidade. No entanto, se o Ministério Público já tiver elementos
suficientes para processar o crime, o Inquérito Policial pode ser dispensado.
Em situações de infrações menos graves, não é necessário iniciar o Inquérito Policial. Em
vez disso, a autoridade policial elabora um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência). Isso
abrange contravenções penais e crimes com pena máxima de até 2 anos, conforme definido pela Lei
dos Juizados Especiais Criminais.
Em se tratando de crime ou contravenção praticado no âmbito da violência doméstica e
familiar contra a mulher, não será lavrado TCO, devendo a autoridade policial proceder à
instauração do inquérito policial, desde que preenchidos os requisitos para tanto.
▪ Procedimento escrito
No Inquérito Policial, todos os atos realizados devem ser registrados por escrito, e aqueles
que envolvem comunicações orais, como depoimentos de testemunhas e interrogatórios do
indiciado, devem ser reduzidos a termo.
▪ Oficialidade
O Inquérito Policial é conduzido pela Polícia Judiciária, que é um órgão oficial do Estado, por
meio da autoridade policial.
Mesmo nos casos de crimes de iniciativa privada, quando a vítima tem o direito de iniciar a ação
penal, o Inquérito Policial será instaurado, conduzido e presidido por um órgão oficial do
Estado.
▪ Indisponibilidade
No Inquérito Policial, a autoridade responsável pela instauração, condução e presidência não
pode arquivar os autos; essa competência é do Ministério Público conforme o CPP. Embora tenha
sido proposta uma mudança para permitir o arquivamento direto pelo Ministério Público, ela está
temporariamente suspensa pelo STF através de uma liminar em uma ADI. Atualmente, continua em
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vigor a norma anterior, onde o Ministério Público propõe o arquivamento, e o Judiciário decide
a questão.
▪ Discricionariedade
A autoridade policial tem liberdade para conduzir a investigação de forma eficaz, mas não
arbitrária. A discricionariedade está relacionada à forma de condução das investigações, não à
decisão de instaurar o Inquérito Policial, que deve ocorrer quando houver elementos suficientes.
▪ Dispensabilidade
O Inquérito Policial não é obrigatório, o que significa que é possível iniciar uma ação penal sem
que tenha sido realizado um Inquérito Policial anteriormente. O Inquérito Policial tem como objetivo
reunir informações sobre o caso, mas caso o responsável pela ação penal já possua todos os
elementos necessários para oferecer a denúncia, o Inquérito pode ser dispensado. O artigo 39,
§5º do Código de Processo Penal fundamenta essa possibilidade.
▪ Sigilo
O Inquérito Policial é um procedimento investigatório que deve ser mantido em sigilo em
relação ao público em geral. No entanto, a autoridade policial não pode negar ao advogado do
investigado o acesso aos elementos de convicção que já constam nos autos do Inquérito Policial.
É importante ressaltar que o advogado não terá acesso às diligências investigatórias em
andamento, como interceptações telefônicas em curso, para evitar prejuízo à investigação.
SÚMULA VINCULANTE 14:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentado sem procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito
ao exercício do direito de defesa.
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Administrativo
Sigiloso
Escrito
Inquisitorial
CARACTERÍSTICAS DO IP Dispensável
Oficial
Indisponível
DICA:
A SEI DOIDO Discricionário
Oficioso
Instauração do Inquérito Policia
A ação penal pode ser pública incondicionada, condicionada ou ação penal privada.
Formas de instauração do IP nos crimes de ação penal pública
incondicionada
A autoridade policial pode instaurar o Inquérito Policial de forma autônoma quando toma
conhecimento de um crime de ação penal pública incondicionada, por meio de uma Portaria. Isso
ocorre com a "notitia criminis".
Se a notícia de crime vem de uma denúncia formalizada por qualquer pessoa, é chamada de
"delatio criminis" simples.
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NOTITIA CRIMINIS
Quando a autoridade policial toma conhecimento do
Notitia criminis de cognição mediata crime por meio de um expediente formal, como
uma requisição do Ministério Público.
Quando a autoridade policial toma conhecimento do
Notitia criminis de cognição Imediata
crime por suas atividades rotineiras.
Ocorre quando a autoridade policial toma
Notitia criminis de cognição coercitiva conhecimento do crime em razão de prisão em
flagrante do suspeito.
DELATIO CRIMINIS
Comunicação feita à autoridade policial por
Delatio criminis simples qualquer pessoa.
Comunicação feita pelo ofendido nos crimes de ação
Delatio criminis postulatória penal pública condicionada ou ação penal
privada, pleiteando a instauração do IP.
Denúncia anônima, ou seja, comunicação do fato à
Delatio criminis inqualificada autoridade policial por qualquer pessoa, sem
identificação do comunicante.
No caso de uma denúncia anônima, em que a Constituição veda o anonimato, o Delegado
deve seguir uma abordagem específica. A solução encontrada é verificar a procedência da
denúncia antes de instaurar o Inquérito Policial. Somente se houver indícios concretos do
crime é que o Inquérito Policial será iniciado, garantindo a apuração adequada enquanto se
respeita a proibição do anonimato.
1. Requisição do Ministério Público
O IP poderá ser instaurado, ainda, mediante requisição do MP. Nos termos do art. 5°, II do
CPP:
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Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
(...) II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
Público, ou requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
O Delegado é obrigado a cumprir a requisição para instauração do Inquérito Policial, desde
que seja legal e contenha os elementos mínimos de fato necessários. No entanto, ele pode recusar
a instauração se a requisição for ilegal ou insuficiente em informações.
A possibilidade de instauração do Inquérito por requisição do juiz tem sido criticada pela
doutrina, considerando uma afronta ao princípio da inércia e ao sistema acusatório. Com as
mudanças da Lei 13.964/19, que estabelece uma estrutura acusatória no processo penal, essa
possibilidade se torna inviável, proibindo a iniciativa do juiz na fase de investigação.
Porém o STF suspendeu a aplicação do art. 3º-A do CPP (e outros) que previa restrições
ao Juiz na fase pré-processual. Mesmo suspenso, o dispositivo indica a intenção do legislador
em limitar a atuação do Juiz nessa etapa.
2. Requerimento da vítima ou de seu representante legal
Nos termos do art. 5°, II do CPP:
Art.5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
(...) II mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
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O CPP menciona o termo "requerimento" em vez de "requisição" no contexto da instauração
do Inquérito Policial. Nessa situação, a doutrina entende que o Delegado de Polícia não é obrigado
a instaurar o Inquérito Policial caso, após analisar os fatos, não encontre indícios de que tenha
ocorrido uma infração penal.
O requerimento feito pela vítima ou por seu representante deve preencher alguns requisitos.
Entretanto, caso não for possível, podem ser dispensados. Nos termos do art. 5°, § 1° do CPP:
Art.5(...)§1ºO requerimento a que se refere o no II conterá sempre que
possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões
de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos
de impossibilidade de o fazer;
Caso seja indeferido o requerimento, caberá recurso para o Chefe de Polícia.
3. Auto de Prisão em Flagrante
Apesar de não estar mencionada no artigo 5° do CPP, essa situação é considerada uma hipótese
clássica que justifica a instauração do Inquérito Policial. Isso significa que a instauração do Inquérito
Policial poderia ocorrer de forma ex officio, ou seja, sem necessidade de um requerimento específico.
Formas de instauração do IP nos crimes de Ação Penal Pública Condicionada
à Representação
A ação penal pública condicionada é aquela que, embora deva ser ajuizada pelo MP, depende
da representação da vítima, ou seja, a vítima tem que querer que o autor do crime seja denunciado.
1. Representação do Ofendido ou de seu representante legal
A "delatio criminis" postulatória é quando a vítima autoriza formalmente o Estado, via
Ministério Público, a investigar o crime cometido pelo autor. Isso pode ser feito diretamente ao Juiz,
Delegado ou membro do Ministério Público, conforme o Código de Processo Penal.
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Se a denúncia não for feita diretamente ao Delegado, ela será encaminhada a ele após
recebida pelo Juiz ou Promotor. Caso a vítima não denuncie o crime dentro de seis meses após
saber quem é o autor, a punibilidade do crime pode ser extinta, de acordo com o artigo 38 do CPP.
Se a vítima for menor de 18 anos, o representante legal deve fazer a denúncia, e o prazo começa
a contar quando a vítima completar 18 anos, seguindo o entendimento sumular nº 594 do STF.
2. Requisição do MP
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o Inquérito Policial pode ser instaurado
mediante requisição do Ministério Público (MP). No entanto, nesse caso, a requisição do MP
dependerá da existência de representação por parte da vítima. Ou seja, a vítima tem a
possibilidade de oferecer uma representação diretamente ao Ministério Público, conforme previsto
no artigo 39 do CPP.
3. Auto de Prisão em Flagrante
Além disso, o Inquérito Policial pode ser instaurado com base no auto de prisão em flagrante,
desde que haja representação por parte do ofendido. Se o ofendido não exercer esse direito
dentro do prazo de 24 horas a partir do momento da prisão, o preso deve ser obrigatoriamente
solto. No entanto, o ofendido ainda mantém o direito de fazer a representação posteriormente,
dentro do prazo de 6 meses.
4. Requisição do Ministro da Justiça
Essa hipótese de instauração do Inquérito Policial se aplica apenas a alguns crimes específicos,
como:
▪ Os cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil
▪ Os crimes contra a honra envolvendo o Presidente da República ou chefes de governo
estrangeiros, entre outros.
Nesses casos, ocorre uma requisição direcionada ao membro do Ministério Público, e não
ao Delegado de Polícia. No entanto, mesmo sendo chamada de requisição, o membro do Ministério
Público não está obrigado a promover a ação penal se entender que não se enquadra nas hipóteses
previstas.
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Formas de Instauração do IP nos crimes de Ação Penal Privada
1. Requerimento da vítima ou de quem legalmente a represente
Se a vítima falecer, outras pessoas podem apresentar o requerimento para instaurar o
Inquérito Policial (IP) de acordo com o art. 31 do CPP. Esse requerimento também segue o prazo de
seis meses do art. 38 do CPP e deve atender aos requisitos do art. 5°, § 1° do CPP, sempre que possível.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará
a cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
2. Auto de Prisão em Flagrante
Nos casos de crimes de ação penal pública condicionada, a regra é a mesma. O ofendido deve
manifestar seu interesse na instauração do Inquérito Policial dentro do prazo de 24 horas a partir da
prisão. Se a vítima não se manifestar dentro desse prazo, o autor do crime será liberado.
Para investigar uma pessoa com foro por prerrogativa de função, a autoridade policial
precisa de autorização do tribunal competente, como o STF para deputados federais. O STJ tem
decisões diferentes. Fique atento ao comando da questão na prova.
Resumindo:
DE OFÍCIO
POR REQUISIÇÃO DO MP
CRIMES DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA
INCONDICIONADA
POR REQUERIMENTO DA VÍTIMA
APF
INQUÉRITO
POLICIAL
CRIMES DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA CONDICIONADA SEMPRE NECESSÁRIO QUE HAJA REPRESENTAÇÃO DA
À REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA
VÍTIMA
CRIMES DE AÇÃO PENAL SEMPRE NECESSÁRIO QUE HAJA REQUERIMENTO DA
PRIVADA VÍTIMA
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Tramitação do IP
1. Diligências Investigatórias
Após a instauração do IP algumas diligências devem ser adotadas pela autoridade policial. Estas
diligências estão previstas no art. 6° do CPP. Fica aqui nossa dica de leitura do referido artigo na
íntegra.
É admitida a reprodução simulada, chamada "reconstituição", desde que não contrarie a
moralidade ou a ordem pública. O investigado não é obrigado a participar dessa diligência.
No interrogatório policial a presença de um advogado não é indispensável, mas o imputado
tem o direito ao silêncio e deve ser informado sobre esse direito antes do interrogatório. Se não for
informado, pode ocorrer nulidade relativa.
Em determinados delitos, haverá a hipótese de cabimento da autoridade policial ou Ministério
Público de solicitar dados ou informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. Veja o esquema
abaixo:
Autoridade policial
ORGÃO
RESPONSÁVEL
Ministério Público
Òrgãos públicos
DESTINATÁRIOS
DA REQUISIÇÃO
Empresas privadas
PODER OBJETO DA
REQUISIÇÃO Dados e informações cadastrais das vítimas ou dos suspeitos
REQUISIÇÃO
Sequestro ou cárcere privado
Redução à condição análoga à de escravo
Tráfico de pessoas
CABIMENTO
Extorsão mediante restrição de liberdade ("sequestro
relâmpago)
Extrosão mediante sequestro
Facilitaçao de envio dee criança ou adolescente ao exterior
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O acesso a esse sinal:
Não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação.
Deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior
a 30 dias. Esse prazo poderá ser renovado uma vez por mais 30 dias.
Em casos de crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o MP ou a polícia, com autorização
judicial, podem solicitar às empresas de telecomunicações que forneçam dados para localizar a
vítima ou suspeitos.
Esquematizando:
Depende de autorização
judicial
Autoridade policial
ORGÃO
RESPONSÁVEL
Ministério Público
DESTINATÁRIOS Empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
REQUISIÇÃO DE DA REQUISIÇÃO e/ou telemática
DADOS DE
TELECOMUNICAÇÕES
OBJETO DA Meios que permitam a localização da vítima ou dos
REQUISIÇÃO suspeitos do delíto em curso
CABIMENTO Crimes relacionados ao tráfico de pessoas (em curso)
2. Requerimento de diligências pelo indiciado e pelo ofendido
O ofendido ou seu representante legal têm o direito de solicitar a realização de diversas
diligências, e o indiciado também pode fazer o mesmo. No entanto, é a critério da Autoridade
Policial deferir ou não tais solicitações. Vejamos a redação do art. 14 do CPP:
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da
autoridade.
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Porém, no caso do exame de corpo de delito, é obrigatório quando lidamos com crimes que
deixam vestígios, como homicídio, estupro, entre outros. Nesses casos, o delegado não pode deixar
de determinar essa diligência. Veja o que determina os artigos 158 e 184 do CPP:
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
(...)
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não
for necessária ao esclarecimento da verdade.
1.5.2 Inquérito contra agentes de segurança pública
O regramento se aplica quando se tratar de inquérito para apurar possível infração penal
relativa ao uso da força letal por determinados agentes públicos no exercício da função. São eles:
▪ Integrantes da polícia federal
▪ Integrantes da Polícia rodoviária federal
▪ Integrantes da Polícia ferroviária federal
▪ Integrantes das Polícias civis
▪ Integrantes das Polícias militares e corpos de bombeiros militares
▪ Integrantes das Polícias penais – agentes penitenciários (em âmbito federal, estadual e
distrital)
A Lei 13.964/19 introduziu regras especiais para investigações criminais envolvendo agentes
de segurança pública, incluindo militares das Forças Armadas em missões de Garantia da Lei e da
Ordem (GLO).
A lei garante que, em investigações sobre o uso de força letal em serviço por esses agentes
públicos, o indiciado tenha um defensor, seja escolhido por ele mesmo ou indicado pela instituição
a que pertenceu (Se o indiciado não constituir um defensor em até 48 horas).
Quando for necessário indicar um defensor para o agente público investigado, a defesa será
preferencialmente realizada pela Defensoria Pública.
Caso a atuação não seja da Defensoria Pública, os custos com a defesa do investigado serão
financiados pelo orçamento da instituição à qual o agente estava vinculado na época dos fatos
investigados. (Ex.: PCERJ, PCSP, PRF, PF, entre outras).
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Forma de tramitação
O sigilo no Inquérito Policial (IP) é considerado moderado, seguindo a regra estabelecida pelo
art. 20 do Código de Processo Penal (CPP).
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
A opinião predominante é que o Inquérito Policial (IP) deve ser mantido em sigilo em relação
ao público em geral, mas não em relação às partes envolvidas (vítima, suspeito e advogados).
O advogado do indiciado tem direito de acesso aos autos, mas alguns documentos sensíveis
podem ser mantidos fora para garantir a eficácia de medidas como mandados de prisão.
Quanto ao interrogatório, a presença do advogado é considerada indispensável durante o
interrogatório JUDICIAL, de acordo com o artigo 185, parágrafo 1° do Código de Processo Penal.
Entretanto, em relação ao interrogatório policial ainda não há um posicionamento definitivo
dos tribunais, pois é um tema recente. Diante das correntes de pensamento, prevalece o
entendimento de que a lei não criou essa obrigatoriedade. Caso o indiciado opte por não constituir
um advogado, não haveria obrigação legal para a presença do mesmo.
1. Incomunicabilidade do preso
A incomunicabilidade é a prática de privar o preso de qualquer contato com o mundo exterior,
incluindo sua família e advogado. Apesar de o artigo 21 do CPP ainda estar formalmente em vigor, a
doutrina é unânime na interpretação de que essa previsão não foi recepcionada pela CF/88.
Dessa forma, a doutrina é pacífica ao entender que a incomunicabilidade não é admissível de
acordo com a Constituição Federal.
2. Indiciamento
Indiciamento é o procedimento em que a autoridade policial concentra a investigação em um
ou alguns suspeitos de um crime, apresentando elementos que sustentam a suspeita.
É importante frisar que o indiciamento não implica em uma condenação ou culpa definitiva,
mas serve como um norte para a continuação da investigação e eventual ação penal.
Importante destacar que o ato de indiciamento é PRIVATIVO da autoridade policial.
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Conclusão do inquérito policial
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente,
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e
enviará autos ao juiz competente.
Se o Delegado não conseguir esclarecer os fatos dentro do prazo estabelecido, ele deverá
encaminhar os autos do Inquérito Policial (IP) ao Juiz, solicitando a prorrogação do prazo. Se o
indiciado estiver em liberdade, o Juiz tem a possibilidade de conceder sucessivas prorrogações do
prazo.
No entanto, se o indiciado estiver preso, o novo artigo 3º-B, §2º do CPP permite que o Juiz
prorrogue o prazo apenas uma vez, por até 15 dias. É importante mencionar que a eficácia desse
dispositivo foi suspensa pelo STF.
No caso de indiciados presos, o prazo de prorrogação do Inquérito Policial só pode ocorrer
uma vez, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público. Se a
investigação não for concluída ao final dessa prorrogação, a prisão do indiciado será imediatamente
relaxada.
Os prazos de 10 dias e 30 dias estabelecidos pelo CPP são a regra geral para o Inquérito Policial.
No entanto, existem exceções previstas em outras leis:
TIPO DE CRIME INDICIADO PRESO INDICIADO SOLTO
15 dias
Crimes de competência da Justiça Federal 30 dias
(prorrogável por +15)
30 dias 90 dias
Crimes relacionados à Lei de Drogas
(pode ser duplicado) (pode ser duplicado)
Crimes contra a economia popular 10 dias 10 dias
40 dias
Crimes militares 20 dias
(prorrogável por +20)
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O Superior Tribunal de Justiça (STJ) consolidou o entendimento de que, no caso de indiciados
soltos, a violação desses prazos não teria qualquer repercussão negativa, pois não causaria prejuízos
ao indiciado. Portanto, tais prazos são considerados impróprios nesses casos.
1.8 Arquivamento do IP
O membro do Ministério Público pode requerer o arquivamento do Inquérito Policial com
uma petição fundamentada, que incluirá todos os fatos e investigados.
Se o Juiz discordar, encaminha os autos ao Procurador-Geral de Justiça para a decisão final. O
Juiz é obrigado a acatar a decisão do PGJ, que é o Chefe do MP.
No caso de crimes de ação penal privada, após a conclusão do IP, os autos são remetidos ao Juízo
e aguarda-se a manifestação do ofendido para dar continuidade ao processo.
A decisão de arquivamento do Inquérito Policial geralmente não faz coisa julgada. O CPP
permite novas diligências se houver novas provas. Porém, a decisão arquivada terá efeito de coisa
julgada em relação às provas existentes, impedindo o Ministério Público de propor uma ação penal
posterior com base nos mesmos elementos de prova e não admitindo a reativação da investigação.
O STF possui uma súmula nesse sentido, que reforça esse entendimento:
SÚMULA 524 DO STF
Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a requerimento do
Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas
provas.
Em geral, o arquivamento do Inquérito Policial não faz coisa julgada material, mas há
exceções:
▪ O arquivamento por atipicidade do fato e reconhecimento da extinção da
punibilidade: têm efeito de coisa julgada material, impedindo a reabertura das
investigações.
▪ O arquivamento por excludente de ilicitude ou culpabilidade: há divergência
jurisprudencial, e o STF entende que não faz coisa julgada material. Essas exceções
devem ser consideradas em questões específicas sobre o entendimento do STJ.
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Poder de investigação do MP
O entendimento atual é de que o Ministério Público possui poderes investigatórios, embora não
possa instaurar ou presidir o inquérito policial, que é de competência exclusiva da polícia. O
fundamento para esse entendimento é a teoria dos poderes implícitos, que argumenta que se a
Constituição atribui uma atividade a um órgão, também concede os meios necessários para sua
realização.
No entanto, o Ministério Público deve conduzir suas investigações por meio de procedimentos
próprios, como o Procedimento Investigatório Criminal (PIC). Essa posição tem sido alvo de críticas,
pois alguns argumentam que a atividade investigatória do Ministério Público poderia comprometer
sua imparcialidade e prejudicar a busca por provas favoráveis ao investigado.
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