POVOS DA
AMÉRICA
POVOS INDÍGENAS DAS AMÉRICAS
DIVERSIDADE ÉTNICA E CULTURAL À ÉPOCA DA
CONQUISTA
Há muitas divergências sobre o tamanho da população
indígena da América no início do século XVI. No entanto,
calcula-se que cerca de 80 a 100 milhões de pessoas
viviam no continente americano. Essa população estava
concentrada principalmente nas regiões dos atuais
México, América Central e América do Sul.
Ao longo do tempo, a população indígena do continente
americano recebeu designações genéricas, tais como:
• povos pré-colombianos – isto é, anteriores à chegada de
Cristóvão Colombo. O termo pré-colombiano também pode
ser considerado uma expressão de construção eurocêntrica;
• povos nativos – isto é, que são naturais de um Local e
viveram em um determinado lugar (no caso, as terras que os
europeus chamaram de América).
Ao chegar à América, Colombo chamou incorretamente de “índios”
os habitantes desse continente porque pensava ter chegado às
Índias. Por trás desse nome genérico, encontrava-se um grande
número de sociedades com culturas ricas e variadas.
Podemos, distinguir entre os povos que habitavam o continente americano
grupos como
Aruaques, jês e tupis-guaranis (do atual Brasil) e iroqueses e sioux (da
América do Norte).
Todos esses povos praticavam a caça, a pesca e a coleta, além de dominar
técnicas agrícolas. Utilizava utensílios e instrumentos de pedra e madeira e
conheciam a técnica da cerâmica. Deslocavam-se periodicamente em busca
de recursos necessários à sua sobrevivência e organizavam-se em grupo
ligados por parentesco
Maias, incas e astecas (das Américas Central e do
Sul).
Esses povos dominavam técnicas agrícolas mais elaboradas
e possuíam conhecimentos significativos sobre arquitetura,
matemática e astronomia. Além disso, desenvolveram um
governo centralizado (exceto os maias) e sistemas próprios
de escrita (exceto os incas).
OS POVOS TUPIS
Ocupavam longos trechos das áreas litorâneas e partes do interior,
acompanhando o curso dos rios. Os tupis eram aparentados dos
guaranis, que habitavam os atuais Uruguai,Paraguai, norte da
Argentina e sul do Brasil. Viviam perto de rios e do mar, eram
pescadores habilidosos e desenvolveram embarcações, como a
canoa e a jangada. Além disso, praticavam uma agricultura de
subsistência, com o objetivo de produzir alimentos para satisfazer à
necessidades do grupo. Cultivavam mandioca, milho batata-doce,
feijão, amendoim, tabaco, abóbora, algodão, pimenta, abacaxi,
mamão, erva-mate, guaraná, entre outros alimentos.
TUPIS
Na preparação do solo, usavam um sistema chamado coivara: os homens
derrubavam árvores com seus machados de pedra e limpavam o terreno com
queimadas, abrindo clareiras na mata. As mulheres, por sua vez, dedicavam-se ao
plantio.
Os povos tupis constituíam aldeias formadas por cabanas feitas com madeira e
cobertas com palha. Podiam deslocar-se para novas áreas por vários motivos, como o
desgaste do solo, a diminuição de reservas de caça, as disputas internas entre grupos
rivais ou a morte de um chefe. Apesar de certa unidade linguística e cultural, os tupis
não formavam uma etnia homogênea. Ao contrário, constituíam diversas tribos
muitas vezes rivais, como tupinambás, tupiniquins, guaranis, caetés, potiguares
etc.
OS MAIAS
A civilização maia desenvolveu-se na península de Yucatán, no território que atualmente corresponde a Belize, Honduras, parte
do México e parte da Guatemala, na América Central. Alcançou seu apogeu no século VII. Os restos mais antigos da presença maia
nessa região datam de 7000 a.C.
A economia dos maias baseava-se principalmente no cultivo de milho, feijão e batata-doce, mas eles eram também ativos
comerciantes. Não conheciam, porém, o uso do ferro, da roda, do arado e do transporte por animais.
A sociedade era dirigida por poderosos sacerdotes, que coordenaram a construção de diversas cidades, que, em seu conjunto,
eram templos (por isso, se diz cidade-templo). A maioria da população vivia em sua periferia ou no campo.
Os maias tinham sofisticados conhecimentos matemáticos, o que lhes permitiu construir grandes templos, pirâmides e
observatórios de astronomia. Criaram um calendário bastante preciso e um sistema de escrita que utilizava um conjunto e glifos
(sinais gráficos), gravados em materiais como pedra, cerâmica e madeira. Também desenvolveram a pintura mural e a arte da
cerâmica.
Na época da chegada do colonizador espanhol (final do século XV), a civilização maia estava em processo de dominação pelos
astecas.
ASTECAS
A civilização asteca desenvolveu-se a partir do século XII, na região do atual México. Sua capital
era a cidade de Tenochtitlán, atual Cidade do México. Povo guerreiro, os astecas (também
chamados mexicas, origem do nome México) eram governados por um rei poderoso.
Plantavam milho, feijão, cacau, algodão, tomate e tabaco. Além disso, comercializavam tecidos,
peles, cerâmicas, sal, ouro e prata. Desconheciam o ferro, a roda e não usavam animais para o
transporte de cargas. Dominavam, entretanto, as técnicas da ourivesaria (trabalhos manuais
com ouro e prata), da cerâmica e da tecelagem. Os astecas construíram grandes templos,
desenvolveram uma forma de escrita pictográfica e ideográfica, sistema numérico e ca- lendário
próprios. Praticavam sacrifícios humanos em rituais religiosos, invocando a proteção de deuses
associados a forças da natureza.
Localização
"A civilização asteca desenvolveu-se em uma região chamada de
Mesoamérica, portanto, além de pré-colombianos, são chamados de
povos mesoamericanos. Os astecas instalaram-se precisamente na
região central do México conhecida como Vale do México.
A capital dos astecas, chamada de Tenochtitlán, foi construída em
uma ilha que ficava no lago Texcoco, antigo lago que existia no Vale
do México. O lago não existe mais, pois foi aterrado pelos espanhóis
ao longo da colonização espanhola."
"Os astecas possuíam uma região politeísta, portanto acreditavam em mais de
um deus. A religião asteca, mas não só ela, absorveu elementos de outras
culturas mesoamericanas. Um exemplo da influência de outras culturas na
religião asteca era o deus Quetzacoatl, conhecido pelos maias como Kukulkán.
Os astecas acreditavam que Tezcatlipoca era o deus mais poderoso. Outros
deuses importantes dos astecas eram Tlaloc, deus que representava a água e a
fertilidade; Quetzacoatl, versão asteca de uma divindade maia e considerado o
deus do aprendizado; Huitzilopochtli, deus da guerra e o responsável por guiar
os astecas até Tenochtitlán.
Na religião asteca, o sacrifício humano era algo extremamente importante, pois
era uma ferramenta que eles acreditavam ser necessária para manter os deuses
satisfeitos e o sol brilhando. Os sacrifícios astecas aconteciam a partir da
retirada do coração humano. A origem dessa prática pode estar relacionada
com os toltecas, uma vez que existem evidências desse povo que retratam a
prática.
A justificativa para a realização dos sacrifícios pelos astecas é encontrada nos
"Representação moderna de dois
deuses astecas: Quetzacoatl e mitos de fundação desse povo. Segundo esses mitos, o deus asteca Quetzacoatl
Tezcatlipoca." ofereceu o próprio coração em um ato de autossacrifício. Sendo assim, a
realização de sacrifícios humanos era um ato de dívida aos deuses e uma forma
de manter o sol (Tonatiuh) em funcionamento."
Cultura e Astronomia
Os astecas tinham grande apreço pela astronomia, e essa função fazia parte das
obrigações dos sacerdotes. A observação dos astros trouxe aos astecas grandes
conhecimentos, que lhes permitiram formular dois calendários. O que era utilizado no
cotidiano chamava-se xiuhpohualli, e o segundo, que tinha valor religioso, ficou conhecido
como tonalpohualli.
O primeiro calendário apresentava 18 meses de 20 dias mais 5 dias adicionais
(considerados dias agourentos), o que totalizava 365 dias. O segundo possuía 13 meses de
20 dias, totalizando 260 dias. A combinação dos dois calendários gerava uma data
específica diferente durante um período de 52 anos. O final desse período era considerado
um período de azar, e seu reinício era celebrado."
Sociedade e Política
A sociedade asteca era diversa e consideravelmente hierarquizada, possuindo no auge do seu poder cerca
de 11 milhões de pessoas. Os astecas exigiam tributos dos povos conquistados, e o pagamento poderia
ser feito de diferentes maneiras: a partir da provisão de alimentos, de joias ou até mesmo da cessão de
escravos para a realização dos sacrifícios.
No topo da pirâmide social, estava o imperador, chamado de Huey Tlatoani e considerado um
representante do deus supremo dos astecas, Tezcatlipoca. Os imperadores astecas viviam em uma
condição extremamente luxuosa, mas também eram obrigados a prestar oferendas de sangue aos deuses
e deveriam demonstrar suas habilidades como guerreiros.
Abaixo do imperador, estava a classe social que pode ser definida como nobreza e que, segundo o
historiador Nicholas J. Saunders, englobava cerca de 10% da população asteca. Uma parte da nobreza
possuía cargos relacionados com a administração do império e era chamada de tecuhtli. Um grupo
inferior de nobres era conhecido como pipiltin.
Abaixo da nobreza estavam os homens comuns,
conhecidos como macehualtin, grupo que formava a
grande massa social. Os macehualtin poderiam alcançar o
status de nobres se ele se destacassem em algo na
sociedade e estavam reunidos em unidades sociais e
políticas conhecidas como calpulli. A estrutura e o
funcionamento do calpulli ainda não foi muito bem
esclarecida pelos historiadores.
O grupo inferior da sociedade asteca eram os escravos,
conhecidos como tlacotin. Na sociedade asteca, não se
nascia escravo. Geralmente, eram escravos criminosos
condenados ou pessoas endividadas que viam na
escravidão um mecanismo para pagar suas dívidas. O
conceito de escravo na sociedade asteca era diferente do
conceito atual, uma vez que os escravos astecas
poderiam acumular posses e constituir família.
Trajes astecas. Albert Kretschmer
A história da conquista do Império Asteca pelos espanhóis teve início em fevereiro de 1519, quando Hernán Cortés
desembarcou na península de Yucatán. Informado da grande quantidade de ouro existente no território asteca, Cortés
decidiu atacá-lo. Combinando habilidade e violência, prendeu o imperador asteca, Montezuma, e saqueou a cidade de
Tenochtitlán. Sobre as ruínas dessa antiga cidade, foi construída a Cidade do México.
Primeiro encontro entre Montezuma e Hernán Cortez - Getty Images
INCAS
A civilização inca desenvolveu-se por quase toda a região dos
Andes que hoje corresponde a partes do Peru, do Equador,
da Bolívia e do norte do Chile. Alcançou seu maior esplendor
por volta do século XIV.
O Império Inca tinha como capital a cidade de Cuzco,
localizada na Cordilheira dos Andes, a 3 mil metros de
altitude. Era governado por um imperador considerado um
deus, o filho do Sol (o Inca), que contava com chefes militares,
Governadores de províncias, sacerdotes e muitos
funcionários. Há estimativas de que a população do império
chegou a 20 milhões de habitantes.
A economia dos incas baseava-se no cultivo de milho, batata e tabaco. Desenvolveram a
tecelagem, a cerâmica e a metalurgia do bronze e do cobre. Sabiam trabalhar metais
preciosos, como o ouro e a prata. Utilizavam a lhama, a alpaca e a vicunha como animais de
carga, pois estavam bem adaptados a grandes altitudes e a baixas temperaturas. Também
fiavam e teciam a lã desses animais.
Os incas construíram palácios, templos, estradas
pavimentadas, aquedutos canais de irrigação.
Desenvolveram os quipós, um sistema de notação
pelo qual podiam registrar números e
acontecimentos. Os quipós constituíam conjuntos
de cordões, às vezes coloridos, em que se davam
nós distintos a fim de comunicar diferentes
mensagens.
A conquista do Império Inca deu-se a partir de
1531, sob o comando de Francisco Pizarro. Em
1533, Pizarro conseguiu invadir a capital inca,
desestabilizando o império.