Universidade Católica De Moçambique
Instituto De Educação À Distância
Conceitos de Bem Moral/Ético.
Francisca Baptista Marapuda – Código: 708201785
Ética Social – IIIº Ano
Gurué, Julho de 2022
Universidade Católica De Moçambique
Instituto De Educação À Distância
Conceitos de Bem Moral/Ético
Francisca Baptista Marapuda – Código: 708201785
Ética Social – IIIº Ano
Este trabalho é individual e de caracter avaliativo da
disciplina de Ética Social, a ser apresentado ao
Instituto de Educação à Distância da Universidade
Católica de Moçambique, curso de Licenciatura em
Ensino de Historia, orientado por:
dr. Faruque Juízo
Gurué, Julho de 2022
1.1 Critério de avaliação (Disciplinas teóricas)
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuaçã Nota Subtotal
o máxima do
tuto
r
Capa 0.5
Índice 0.5
Estrutura Aspectos Introdução 0.5
organizacionais Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Descrição dos
objectivos do trabalho 1.0
Introdução Metodologia adequada
ao objecto do trabalho 2.0
Articulação e domínio
do discurso académico
(expressão escrita
cuidada, 2.0
coerência/coesão
textual)
Analise e Revisão bibliográfica
Conteúdo discussão nacional e
internacional relevante 2.0
na área de estudo
Exploração dos dados 2.0
Contributos teóricos
Conclusão práticos 2.0
Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos Formatação paragrafo, 1.0
gerais espaçamento entre
linhas.
Normas APA 6ª Rigor e coerência das
Referências edição em citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
Introdução..................................................................................................................................1
Objectivo da pesquisa................................................................................................................2
1. Conceitos básicos................................................................................................................3
1.1. Diferenças da ética da moral...........................................................................................3
1.2. A relação entre ética e moral...........................................................................................5
1.3. Ética/Moral que concorrem para a socialização humana................................................6
1.4. Importancia da ética/Moral na sociedade........................................................................6
1.5. As caractristicas da moral ético.......................................................................................7
2. Principais desafios da Ética/Moral no contexto da sociedade Moҫambicana....................7
3. As diferentes concepções da fundamentação ética...........................................................11
a) A Ética como arte.............................................................................................................11
b) Ética e metafísica..............................................................................................................12
Conclusão.................................................................................................................................13
Referências bibliográficas........................................................................................................14
Introdução
O presente trabalho de pesquisa, é refente a disciplina de Ética Social e debruça sobre os
conceitos bem Moral/Ético. Onde serão demonstrados pressupos da Ética/Moral que concorre
para a socializaҫão humana e os principais desafios da ética/Moral no contexto da sociedade.
Sabendo que a Etica Social junta-se as teorias normativas relacionadas com a conduta e os
costumes humanos ou conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática
dentro duma sociedade ou meio social e duma maneira mais ampla, podemos considerar
como a ciência do agir do homem emquanto individuo na sociedade.
O ser humano age orientado por um sistema de valores, construído socialmente, que lhe indica
o que a ética social pode ser negociado nas interações, tendo em vista a busca do consenso,
fundamental para a acção comunicativa como padroes da etica/moral na sociedade em que
está inserido.
O trabalho tem como objectivo a consolidação dos conteúdos da Ética Social, e para a sua
composição foi na base da revisão bibliografia conforme mostra nas referencias bibliográficas,
a qual foi na base da consulta de vários matérias e obras na internet.
1
Objectivo da pesquisa
Geral:
O trabalho tem como objectivo geral de:
Trazer conceitos sobre a ética moral/ético.
Específico
O trabalho tem como objectivo específico de clarificar e fazer entender:
Definir Ética Moral/Ético;
Diferenciar a Ética da Moral.
Relacionar a Ética da Moral;
Descrever a Importância da ética/moral na sociedade
2
1. Conceitos básicos
O termo “ética” equivale-se etimologicamente a “moral”, pois provém do grego “ethos”, que
também significa "caráter", "modo de ser", “costumes”, “conduta de vida”, porém, apesar de
os dois termos se identificarem quanto ao conteúdo originário, foram progressivamente ao
longo do tempo adquirindo diferentes significados (Vasquez, 1998, p.10).
Motta (1984) define etica como: “um conjunto de valores que orientam o comportamento do
homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o
bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma como o homem deve se comportar no seu meio
social.
Segundo o dicionário Aurélio (1999), a ética é o “estudo dos juízos de apreciação referentes à
conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”.
O termo “moral” deriva do latim “mos” ou “mores”, significando “costumes”, “conduta de
vida”. Refere-se às regras de conduta humana no cotidiano. Moral também é observada como
sendo o conjunto de princípios, valores e normas que regulam a conduta humana em suas
relações sociais, existentes em determinado momento histórico (Vasquez, 1998, p.10).
Ainda Vasquez (1998, p.84), difine moral como: sistema de normas, princípios e valores,
segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a
comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam
acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira
mecânica, externa ou impessoal.
1.1. Diferenças da ética da moral
Para distinguir ética de moral é necessário considerar que esta última se relaciona a valores,
princípios, padrões e normas de regulação do comportamento humano de uma sociedade ou
grupo, que se impõem aos indivíduos. A moral trata principalmente do coletivo, apesar de ser
característica da sociedade contemporânea a coexistência, em um mesmo contexto social, de
diferentes morais, fundadas em valores e princípios diferenciados (Vasquez, 1998, p.10).
Refletir sobre a ética faz-se necessário na medida em que a convivência humana passa por
profundas modificações. Os critérios de tal convivência perdem-se, daí sofrem distorções.
3
Perde-se a noção do respeito ao outro, bem como da dignidade humana (Angerami, 1997, p.
28).
Sob o ponto de vista moral, o indivíduo é constituído por interações linguísticas, psíquicas e
sociais, ameaçado constitucionalmente pelo perigo sempre iminente de perder sua integridade,
caso não se comunique com o semelhante. Seu desamparo não resulta, portanto, de fraquezas
pulsionais, ou da longa aprendizagem à qual está submetida (Habermas, 1983, p. 87).
Frequentemente, confundimos moral e ética quando nos referimos indistintamente ora ao
universo das normas e dos valores sociais tout court, ora quando aludimos ao facto de que a
ética e a moral têm o mesmo significado, não estabelecendo quaisquer fronteiras e limites
entre cada uma delas, dada a natureza da sua proximidade, por um lado, nem efetuando as
respetivas interações de complementaridade que entre si se podem tecer, por outro.
Uma das razões para tal acontecer reside no facto de existirem duas palavras para mencionar o
domínio valorativo da ética e da moral através da sua origem grega e latina, de raíz
etimológica distinta: assim, o termo ética deriva do grego ethos, que pode apresentar duas
grafias – êthos – evocando o lugar onde se guardavam os animais, tendo evoluído para “o
lugar onde brotam os actos, isto é, a interioridade dos homens” (Renaud, 1994, p. 10), tendo,
mais tarde passado a significar, com Heidegger, a habitação do ser, e – éthos – que significa
comportamento, costumes, hábito, caráter, modo de ser de uma pessoa, enquanto a palavra
moral, que deriva do latim mos, (plural mores), se refere a costumes, normas e leis (Weil,
2012 & Tughendhat, 1999).
Para além disso, os termos ética e moral aplicam-se quer a pessoas quer a sistemas ou teorias
morais, o que agrava, ainda mais, o estado de confusão, pois, quando desejamos classificar a
natureza da ação humana e de sistemas mais alargados em que os sujeitos se inserem, o
cidadão comum oscila sempre indistintamente sobre a utilização de cada um desses termos
(Renaud, 1994, p. 10).
Há quem considere, no entanto, que não faz qualquer sentido estabelecer estas distinções, pois
todas acabam por referir-se ao mesmo universo; contudo, não é bem essa a nossa opinião por
considerarmos estar subjacente à identificação e delimitação destas diferenciações
terminológicas um modo de agir e de pensar interrogativo e reflexivo distintos daquele que
sucederia, caso não as reconhecêssemos como tal (Weil, 2012 & Tughendhat, 1999).
4
1.2. A relação entre ética e moral
A relação entre ética e moral situa-se no centro do que Habermas entende por agir
comunicativo. Com a “comunicação” ele resgata a antiga questão polêmica entre os saberes
sapienciais e o amor à sabedoria. Enquanto os primeiros transmitem o que é bom pela
proclamação do bem, o amor à Sophia põe em cena personagens que dialogam acerca do que
é bom. O contraste entre as duas formas de comunicação torna-se crucial, ao se comparar os
respectivos resultados.
Segundo Horkheimer (1890), “todos são partícipes da boa ou má evolução da sociedade, e,
mesmo assim, ela aparece como um fenômeno natural”. Com a modernidade e a globalização,
a ética da comunidade não obrigará mais ninguém a sair da caverna onde, já em Platão era
natural que todo mundo se entendesse perfeitamente.
Contudo, apesar de estes conceitos serem distintos, existe uma estreita articulação entre si, na
medida em que a ética tem como objecto de estudo a própria moral, não existindo desligada
uma da outra, mas sendo independentes entre si, tal como podemos verificar no gráfico
número 1, que se segue (Tugendhat, 1999).
Segundo Gontijo (2006 & Tugendhat, 1999), tanto a ética implica a moral, enquanto matéria-
prima das suas reflexões e sem a qual não existiria, como a moral implica a ética para
se repensar, desenhando-se, assim, entre elas uma importante relação de circularidade
ascendente e de complementaridade.
Muito embora cada uma delas mantenha as suas especificidades e particularidades que as
caracterizam no seu modus operandi, a verdade é que esta relação complementar torna-se não
só desejável como necessária, na medida em que permite à moral quer uma abertura à
comunicação e ao diálogo ético-moral, entendidas como antídoto ao dogmatismo moral; quer
o desenvolvimento de uma capacidade de interrogação, reflexão e ponderação de cada sistema
de moralidade existente quanto à natureza e pertinência das suas normas e regras morais
secularmente instituídas, mas nem sempre repensadas à luz do sentido dos princípios que as
fundamentam quer, ainda, o conhecimento racional subjacente a uma práxis moral informada
(Gontijo, 2006 & Tugendhat, 1999).
Esta valorização do conhecimento pensada como condição necessária ao modo de agir e de
viver moral é, simultaneamente, um pressuposto desse mesmo agir e pensar, afastando, assim,
a ideia de que a moral ou a ética pertencem exclusivamente ao domínio da intuição e da
5
emoção e não do conhecimento e da razão. Contudo, um equilíbrio entre ambas é
absolutamente fundamental (Gontijo, 2006).
Gráfico no 1: Relação intrícica entre ética e moral
Fonte: Gontijo, 2006.
1.3. Ética/Moral que concorrem para a socialização humana.
Na pluralidade moral existente, a ética implica em opção individual, escolha ativa, requer
adesão íntima da pessoa a valores, princípios e normas, está ligada intrinsecamente à noção da
autonomia individual. Visa à interioridade do ser humano, solicita convicções próprias que
não podem ser impostas de fontes exteriores ao indivíduo, requer aceitação livre e consciente
das normas. Assim sendo, cada pessoa é responsável por definir a sua visão de mundo.
Para Habermas (1989, p. 67), a liberdade só necessita de uma argumentação que a legitime
moralmente como “agir comunicativo”. Carente de tal argumentação, o agir humano fica
condenado à liberdade de ater-se a práticas habituais em seu meio social e às respectivas
tradições contextuais. Assim, “os pressupostos argumentativos da ética discursiva são
realocados para a esfera do agir comunicativo, em que ninguém pode escolher da mesma
maneira refletida e soberana a forma de vida na qual foi socializado, como escolhe uma norma
ou um sistema de regras de cuja validade está convencido”.
1.4. Importancia da ética/Moral na sociedade
Tanto a ética quanto a moral são responsáveis por construir os alicerces que vão nortear a
conduta do homem, definindo seu caráter e virtudes, e ensinar como ele poderá se comportar
em sociedade. Logo, a moral possui um caráter social que envolve comportamento moral dos
indivíduos e grupos sociais, cujos atos têm caráter coletivo, porém livre e consciente. Mesmos
6
os atos sendo individuais de uma forma ou de outra acaba afetando alguém, e por isso se torna
objeto de reprovação ou aprovação (Vázquez, 2003, p. 69).
Segundo Vázquez (2003, p. 69) “a função social da moral consiste na regulamentação das
relações entre os homens (entre os indivíduos e entre o individuo e a comunidade) para
contribuir assim no sentido de manter e garantir uma determinada ordem social”.
1.5. As caractristicas da moral ético
Segundo Salvador (2012, p.13), as caractristicas da moral ético são aspectos principais que
moldam a agir humano apesar de alguns destes não serem conhecidos pelo próprio homem,
podem ser manifestados sem que este ponha em conta. O nosso agir, o nosso
comportamento, o costumes considerados Bom ou Mau fazem parte extrinseco do homem e,
outras elementos da manifestação podem ser intrinseco é o caso da consciência, intiligência,
etc. Das caracretisticas do moral éticos mais usuais são:
Ética irredutivelmente deferente dos outros aspectos confundiveis com as Leis;
Ética relativo a Liberdade;
O acto moral é Pessoal;
O acto é humano;
A ética relativo as normas;
Ética Incondicional;
Ética Transcidente.
2. Principais desafios da Ética/Moral no contexto da sociedade Moҫambicana
Para Arruda (2001), desde os primórdios da humanidade o homem precisou viver em grupos
ou em sociedade e em cada época foi criando padrões de comportamento como justiça,
honestidade, responsabilidade, lealdade e respeito de acordo com os valores estabelecidos na
sua cultura (Ética/Moral).
Ética e a moral, são uma das questões mais importantes no contexto de nossa sociedade, tanto
da esfera pública, quanto de nossas vidas privadas. Somos éticos/Morais quando refletimos
sobre o que fazemos, quando medimos e qualificamos nossas acções levando em conta o que
somos e podemos ser, com base no reconhecimento do outro, seja ele nosso próximo, a
sociedade ou até mesmo o planeta. Sem a ética e nem a moral não sabemos nos situar em
nenhuma esfera de nossas vidas.
7
Segundo Buxarrais (1997), um “projeto de educação ética/moral” deve levar em conta a
realidade do país, as questões políticas relacionadas à concepção de escola e a preparação do
corpo docente, para que possa elaborar um currículo onde estejam presentes: o conceito de
educação, as características socioculturais do grupo, as dimensões da personalidade moral, as
estratégias de trabalho e os âmbitos temáticos a serem trabalhados.
Ainda segundo essa autora, a educação moral deve contribuir para a aquisição de critérios que
guiem, regulem e proporcionem normas orientadoras para a vida prática das pessoas e da
coletividade, tais como a crítica, o princípio de alteridade, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, a implicação e o compromisso (Buxarrais, 1997).
A Ética/Moral são tidos como principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural
da humanidade. - Sem ética, ou seja, sem a referência a princípios humanitários
fundamentais comuns a todos os povos, nações, religiões etc, a humanidade já teria se
despedaçado até a auto-destruição.
Segundo Georgen (2005), o mundo vivenciado por boa parte da juventude em Moçambique
não pode ser caracterizado apenas como um deficit moral: trata-se de um mundo marcado por
uma crise ética, expressa na ausência de referências éticas válidas, senão a ética circunstancial
e das convicções, em que desapareceram do horizonte as razões e os fins humanos do viver.
As raízes dessa crise, mais do que como crise ética contemporânea, também devem ser vistas
como consequência das duas modernidades moçambicanas.
O homem e a mulher moçambicanos confrontados com o passado de uma ilusão
revolucionário socialista e, ante a ilusão neoliberal em que a realização do futuro melhor se
mostra cada vez mais distante, veem o tempo da espera a distanciar- -se da experiência
(Ricouer, 1987).
Mergulharam num vazio de sentido. Em face desse vazio, cada um e cada uma busca se
orientar pelas novas referências éticas apresentadas pela nova modernidade: a capitalista
neoliberal. Falando da juventude, acusada de possuir o deficit moral, é preciso sublinhar que
ela não é culpada, pois nasceu num mundo sem referências reclamadas pelos implementadores
das duas modernidades e não lhe foi passado o testemunho. A juventude não possui, portanto,
as referências éticas tanto tradicionais quanto as socialistas, pelo que não constitui uma
verdade acusá-la de possuir deficit moral. Ela vive moral da sua época, num mundo situado no
8
abismo entre o passado e o futuro, se quisermos usar as categorias arendtianas (Ricouer,
1987).
As normas e convenções que ordenam a vida do grupo em que a pessoa cresce ou que são
mediadas pelos meios eletrônicos, os gestos, as atitudes, os conselhos, os movimentos, os
humores etc., vão sendo absorvidas e incorporadas pelo indivíduo no ambiente simbiótico de
suas relações com o meio (Adorno, 1986, p. 99).
O desafio de reverter o grave quadro de crises que afectam a sociedade moçambicano
requer o indispensável e urgente investimento na assimilação da norma moral, prioridade
para confeccionar um tecido cultural capaz de sustentar processos que promovam o
respeito, a verdade e o bem de todos. Não se incomodam em assumir práticas lesivas ao
bem comum e à dignidade dos outros. Essas e tantas outras situações revelam que não são
suficientes apenas intervenções correctivas – por meio de reformas legais, administrativas
e sistêmicas – para construir um futuro promissor, pois a falta de moralidade corrói o
comportamento individual. O desafio é justamente investir para que a norma moral torne-
se, para cada pessoa, força de sustentação dos propósitos e das práticas. Disso podem
resultar processos renovadores, nos mais diferentes âmbitos, orientados pelo respeito
inegociável ao bem comum (Azevedo, 2012).
O desafio é grande, porque exige mais ética, tanto das autoridades políticas quanto dos
demais cidadãos, nas suas diferentes tarefas cotidianas. Demanda comportamento ético na
esfera pública e no âmbito da privacidade. Os sistemas educativos e governamentais, as
práticas religiosas, todas as instâncias capazes de interferir na modelagem, promoção e
assimilação de valores precisam de atenção e reconhecimento, para que se alcance a meta
comum de configurar novo tecido cultural. Efetiva-se, assim, um processo, a partir da
sinergia de diferentes instâncias, capaz de garantir a moralização necessária à sociedade
moçambicana, conduzindo-a a novos caminhos (Azevedo, 2012).
Segundo Souza (1995, p. 187), é percebível que a ética/moral procuram equilibrar a
conduta do cidadão, do profissional e, principalmente, do político, suscitando nesses
indivíduos uma profunda reflexão, incitando-os ao cumprimento da responsabilidade e a
realização de previsões das supostas consequências resultantes de suas decisões.
Segundo Chauí (2003), a consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para
deliberar diante das alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-
9
se na ação. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas
pela situação, as conseqüências para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins
(empregar meios imorais para alcançar fins morais é impossível), a obrigação de respeitar o
estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto).
O sujeito moral ou ético, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as seguintes condições,
conforme Chauí (2003):
Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência
dos outros como sujeitos éticos iguais a ele.
Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos,
tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a consciência) e de
capacidade para deliberar e decidir entre as diversas alternativas possíveis.
Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e
conseqüências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas conseqüências,
respondendo por elas.
Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes
e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir,
a querer e a fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto para escolher entre alternativas
possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta.
A ética situa-se no campo dos princípios morais e dos valores que orientam os homens em
suas acções, tomando como referência outros indivíduos de determinada sociedade. Sendo um
produto histórico social, a ética ilumina a consciência humana à medida que sustenta e dirrige
as acções do homem, norteando a conduta individual e social, tendo desafios de tornar a
sociedade que vigora a virtude, o bem ou o mal, o certo ou o errado, permitindo ou proibindo,
para cada cultura e sociedade.
Moral seria então, um conjunto de normas e condutas adequadas ao comportamento humano
em meio à sociedade. A moral estabelece princípios de vida capazes de orientar os indivíduos
homem para ações moralmente corretas. O homem é um ser moral, um ser que avalia sua ação
a partir de valores para designar as regras e princípios legitimados ou determinados
individualmente, ou de uma comunidade específica refletindo sobre estes paradigmas (Valls,
1993, p. 7).
10
3. As diferentes concepções da fundamentação ética
a) A Ética como arte
A ética como uma arte de viver assume, contemporaneamente, os contornos de uma estética
da existência, mas ela aparece já entre os gregos, para os quais o logos " desempenha um
papel curativo real e cura graças a sua complexa relação entre o intelecto e as emoções"
(Nussbaum, 2003, p. 77).
A ética se constrói desde o nascimento e está ligada ao amor e não à agressão. A ética é
singular, individual, flexível e não rígida. Ser ético é ter atitudes ou ações que não redundam
em qualquer prejuízo e incômodo ao outro ou à comunidade.
A relação entre a Arte e a Ética apresenta, pelo menos, duas correntes, segundo as quais:
a Arte tem o direito de ser imoral; a Ética deve ser moral. Entretanto, e numa perspetiva
eclética, há os que defendem que a Arte é amoral.
Segundo Hadjinicolaoo (1978), a Arte e a Ética jamais se confundem, ou se condicionam,
muito embora se entenda como bela uma boa ação moral, no entanto, tal beleza é de natureza
abstrata, inefável e, nesse campo, poderemos relacionar a Arte e a Ética defendendo, então,
que toda a atividade humana, logo e também a atividade artística, se deve conformar às leis da
moral e deve ser orientada no sentido do fim último do homem, que é Deus.
Arte - Significa uma realidade completa. Considerar a ética como arte seria criar costumes e
criar uma forma de vida boa; é aplicações das regras, concretizar e individualizar as regras
para o bem.
A filosofia da arte de viver retoma a sabedoria antiga, na qual encontramos inúmeros
ensinamentos dedicados à condução da vida mais correta e digna, como as práticas adotadas
pela filosofia dos céticos, estóicos, epicuristas, assim como também os elementos trazidos
pela arte moderna. Dos antigos, a arte de viver atualiza a questão de levar uma vida sã e
ascética e, no século XIX, " se realizam alguns ensaios para atualizar esta arte de viver antiga,
sobretudo depois que se toma consciência do esquecimento da 'arte mais complicada e digna
de todas as artes'. Uma proposição aqui marcada pela imagem da existência bela: a arte de
viver é essa dimensão suscetível de elevar a existência à categoria de obra de arte" (Schmid,
2002, p. 24).
11
b) Ética e metafísica
A Ética Social ou também denominada Ética normativa, estuda as regras do Bom e Mau,
estabelece um código de regras para vida moral enquanto que, a Meta-ética é o exame critico
do conceito ético, é julgamento e processo de relacionamento que se usa na Ética. A Ética e
metafísica ocupam-se na lógica da linguagem do conhecimento das coisas no geral (Social).
Metafísica é um conjunto de escritos deixados por Aristóteles e separados e classificados,
mais tarde, por Andrônico de Rodes, o último discípulo que estudou no Liceu, escola de
Filosofia fundada por Aristóteles.
Segundo Pinto (2010), a ética é abordada em diferentes segmentos da sociedade, como
religião, política, filosofia e cultura. Enquanto a metafísica estuda o ser enquanto ser,
a ética se ocupa da causa e efeito. Para Aristóteles, a ética é fundamentada pela metafísica.
12
Conclusão
Findas pesquisas sobre os conceitos Ética Moral/Ético que concorre para a socializaҫão
humana, conclui-se que tanto a ética assim como a moral, enquanto matéria-prima das suas
reflexões e sem a qual não existiria, como a moral implica a ética para se repensar,
desenhando-se, assim, entre elas uma importante relação de circularidade ascendente e de
complementaridade. Assim, “os pressupostos argumentativos da ética discursiva são
realocados para a esfera do agir comunicativo, em que ninguém pode escolher da mesma
maneira refletida e soberana a forma de vida na qual foi socializado, como escolhe uma norma
ou um sistema de regras de cuja validade está convencido”.
Em relação ao Levantamento dos principais desafios da ética/Moral no contexto da sociedade
moҫambicana é de orientar os homens em suas acções, tomando como referência outros
indivíduos de determinada sociedade. Sendo um produto histórico social, a ética ilumina a
consciência humana à medida que sustenta e dirige as acções do homem, norteando a conduta
individual e social e define o que é a virtude, o bem ou o mal, o certo ou o errado, permitindo
ou proibindo, para cada cultura e sociedade.
13
Referências bibliográficas
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