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Composição Do STF 1944

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Composição do Supremo Tribunal Federal
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(frttdbííl'' dU

YVES ORLANDO TITO DE OLIVEIRA

Trabalho apresentado ao Instituto dos Â.dvogados do Brasil


Seeção do Estado da. Bahia

34I.
1944
esr Tipografia do Comercio
32— Rua Silva Jardiiii:,—32
BAHIA

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Composição âo Suproio Tritoal Fsdoral

. - ^ ímoerio e RepubUcarsas
SUMARIO: — 1. As Gonstituiooes ^ CritePios. 3.
Át0 const tUC OI
de 1891 e 1934; o J ' (!® ^ecu^o. S. Maior uni-
João Mangabeira. 4. Arbítrio 150 0 _ Tp[bunais «le Apelação
dade do Poder Judiciário e prestigio o exercioio
dos Estados. 6. Formação da mentaiidade do Juiz
da Judicatura. 7. Conclusões.
hastem para abrigar o direito,
b
"Mão ha tribuna,s ^ cia dos magistrados",
quando o dever se ausenta da c
RQRBOSA.

- A* todos OS povos civi-


Sem duvida a primeira preocupação , vencer a pro-
sados, como de todos os homens ivres a . g conscientes,
ente guerra contra os paizes tOi.a itaros. postas de lado
astas com o objetivo em mira, nao fVe j euerra. Realmente,
teste instante culminante para a decisão pog de batalha,
s armas do direito, que servem a uta n (_je pensamento,
istão dispertando maiores estudos os ° , ordem interna-
>orque eles darão por findo o desequi i £em interna o ple-
ãonal, assegurando portanto, ás nações na ;a.s> etc ]Ç[0 mundo
lo gozo dos direitos politicos, economxco ', ijtadores; pelo me-
le amanhã não deverá haver resquícios ^ direito de esco-
tos é o que se espera, porque, ou o povo ^ Direito Interna-
iher seus governantes, ou o futuro ns 1 ^ue n-0 se venham
-ional intervirá na política interna as na.t.ncjo que 0 povo esco-
orientar democraticamente, isto e. pe^j(yentes. Isto é fundamen-
Iha a sua forma de governo e os seus do porvir. Para isto
tal. É básico na organisação -'un 0'P°erren0 doutrinário ou ci-
lutamos, no terreno militar como no batalhas, seria um
entifico. No entanto, cuidar apenas tainbem de construir
c
ontrasênso. Os intelectuais devem que trabalhamos por
as bases da organisação do mun o m^ 0p0rtunidade, não
conseguir. E, não seria eu quem teí][ do de escrever um
contribuísse para semelhante I stituto da Ordem dos Advo-
bnodesto trabalho cultural para o n- atacar um assunto que
gados do Brasil, Secção da Bahia, ces^ ordem e da
Para mim constitue o essência P^ra aliCerce estrutural dos di-
Paz entre brasileiros, porque fora

^ nl^i,
4

reitos individuais e sociais do povo trasileiro, tudo que quei-


ram apresentar como tal é aparência, é mentira, é fantasia. Refi-
ro-me á maneira de composição do Supremo Tribunal Federal.
Quero expor o meu pensamento sobre esta matéria no cam-
po doutrinário. Será uma pequena contribuição para uma possí-
vel reforma do orgão máximo do Poder Judiciário — o Supremo
Tribunal Federal. Os povos cultos que apoiam os fundamentos
de suas formas de governo na ordem jurídica, constituindo, des-
te modo, um Estado de direito, não abandonam o Poder Judici-
ário ao desprêso ou anulam toda a sua interferência na vida
governamental da nação. Há, ainda, idealistas e desinteressados
pelos problemas da patria. Estes não alardeiam falsidades nem
aparências no discutir e versar as realidades nacionais. Assunto
que, á primeira vista, parece de pouca importância, entretanto
tem uma significação enorme na organisação brasileira de todo
paiz. Devemos não esquecer da reconstrução do inundo de ama-
nhã pelo qual lutamos, e, dentro da orbita que visamos, está
o reajustamento político e social da humanidade. A quietude e
a segurança devem existir, para todos os cidadãos, governantes
e governados. Porem, deixarão de existir si a ordem legal não
fôr emanada da vontade popular. Enquanto houver cerceamento
de liberdades, permanecem descontentes, e, por conseguinte in-
tranquilos para construir obra social duradôira. Ou lutar com de-
cisão e firmeza de enfrentar os poderosos, ou perecer devido ao
comodismo, na indiferença ou no oportunismo é o dilema. Sa-
ber não recuar ante os principies que defendem como um ex-
emplo solido de confiança na reconstrução que a época impõe;
não pleitear concepções de vida radicais nern tão pouco exage-
ros doutrinários; orientar-se dentro das quatro liberdades do
grande presidente Roosevelt —: liberdade de pensamento e
de palavra; liberdade de culto; liberdade de trabalho (direito
de não morrer de fome) ; liberdade de ação (direito de não te-
mer a policia política), deve ser o objetivo atual.

CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO
A Constituição Imperial brasileira, de 25 de Março de 1824,
no Titulo VI tratava do Capitulo referente ao Poder Judicial, no
arí. ] 65. Assim estatuía:

"Na Capital do Império, além da Relação, que deve


existir, assim como nas demais províncias, haverá tam-
bém um Tribunal com a denominação de Supremo Tri-
bunal de Justiça — composto de juizes letrados, tira-
dos das Relações por suas-antigüidades; e serão conde-
corados corn o titulo de conselho. Na primeira
sação poderão ser empregados neste ri unai os i imis
tros daqueles, que se houver de abolir .
Somente a 9 de Janeiro de 1829 se realizou a instalação
do Supremo Tribunal de Justiça, empossados os Mimstios pelo
presidente Conselheiro Albano Fragoso, que pronunciou •
curso nesta ocasião e terminando a sua oração com as r
seguintes: „
"Meus colegas, a justiça e o Brasil teem a vista em
nós e em nossa conduta, busquemc* no desempen o
do nosso dever corresponder á estima e a confiança
que nos afiança a escolha protestan o com g ,
que somos homens e que só humanamen e se p ^
tratar de cousas humanas .

Até 11 de Outubro de 1890, data em que se °1=,aT i-^j


Justiça Federal conservou o orgão supremo do o er
a
denominação dada pela Constituição do Império, pass
nessa data, a chamar-se Supremo Tribunal Federa . omo
n" 3 a vêr, o critério de nomeação para compor o
^Unal de Justiça era "de juizes letrados, tirados as A j
s
Uas antigüidades". Não me parece ser o critério mais a eq
quanto ao modo de composição do orgão mais gra o
hça brasileira. Bem ao contrario, o critério de anti^ui a
Emente o menos aprooriado para se adotar como
eur.isar.ão do referido tribunal Nem sempre o mais antlg° "
gistraclo dos Tribunais dos Estados-membroo estaria
ÇÕes de tomar acento no Supremo Tribunal o Pal^" _ _ ^_
Devemos, entretanto, salientar que a ons i .
8ada, do Império, realizou o que dispunha os ' 'cons_
'Mentiu á nação nem traiu o que nela se contin a. -
htucional e representativo foi mantido em to a im-a, j.-.».:-
Pnu, o Poder Executivo o direito de legislar, e, como garaut.a
de
uma aplicação conveniente para os verdadeiros interesses da
pa
tria, foi o seu art. 9, inteligentemente dispondo:

"A divisão, e harmonia dos poder es e o principio


conservador dos direitos dos cidadãos, e o mais se-
guro meio de fazer efetivas as garantias, que a Consti-
tuição oferece".
No seu artigo — 10, define quais os poderes politicos do
stado brasile
leiro:
6

"Os poderes políticos reconhciclos pela Conslitui-


ção do Império dò Brasil,são quatro: o poder legisla-
tivo, o poder moderador, o poder executivo, e o po-
der judicial".

No seu artigo — 1 1 — " Os representantes da nação bra-


sileira são o imperador, e assembléa geral".
No seu artigo — 12 "Todos estes poderes do império do
Brasil são delegações da nação".

Embora outorgada a Constituição do Império, ela realizou


podemos dizer, os seus fins convenientemente, o povo tinha os seus
representantes no Parlamento, isto é, nas duas camaras, dos
Deputados e Senado; as finanças publicas eram fiscalisadas pelas
assembléas, não gastava o. Imperador os dinbeiros arrecadados
do povo como bem lhe aprouvesse ou aprouvesse á classe domi-
nante que compunha o governo; o direito de voto era uma prero-
gativa estabelecida na Constituição, não se ludibriou o povo so-
mente fazendo existir este direito no texto; o poder Judicial era
independente, não sofria diminuição dentro das disposições le-
gais, estabelecidas na carta magna; a revisão constitucional só
poderia se dar depois de quatro anos e naquilo que a sua aplica-
ção indicasse reformas decorrentes dos desajustamentos das nor-
mas abstratas para os casos ocorrentes. Não poderia ser altera-
da por um simples decreto ou uma lei elaborada pelo Executivo.
Tudo isto e muito mais do que isto não podia ser modificado pe-
lo governo Imperial...
Quando se falar na Constituição outorgada pelo Império de-
vemos lhe render o maior respeito e acatamento aos seus dispositi-
vos, bem como ao Imperador e defensor perpetuo do Brasil, D-
Pedro 1 que outorgou, é bem verdade, uma constituição, porem a
Constituição que êle outorgou foi um exemplo de zelo pelos di-
reitos políticos e pelas liberdades publicas do povo brasileiro.
CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891

Com a Republica teve o Brasil necessariamente uma nova


Constituição, a de 24 de Fevereiro de 189! que, no seu art. 56,
estatuía:
"O Supremo Tribunal Federal compor-se-á de ' '
juizes, nomeados na forma do art. 48 n"^ 12, dentr6
os cidadãos de notável saber e reputação, elegiv6'3
para o Senado".
: Como estamos a ^níicar Ss

SXSSStZ RepIS" entre "•«-«- *> ^


e reputação". , aAntftJ0 pela Constituição do
Variou, portanto, o cnteno adotado peia
Império. Variou radicalmente, não para mei"°[e j doutrinários.
A Republica foi (»«<!><'« -» aó™-
entre os quais o de acabar com a e Apreciação para
nistrativa que o Império trazia enr seu ' ão" é bem difi-
escolha de cidadãos de notável sa er e :'da porque acho
cil apurar-se na realidade, sinão impossive Presidente
que a inteligência do artigo deveria ser.n0 jjcados tivessem,
da Republica nomear ^adãos que naalore jg deixar de
Um indivíduo que possua predicados eu. ^ ^ cada uin 0 que
ter outros essenciais a profissão de julg »
lhe pertence» r um con-
Mão basta o cidadão ter um predicado, e preciso
junto de predicados individuais para sei juiz. t 56
N. Constituinte de ! 891 houve onem ^
que regulava a matéria sobre o numero e jui a je um
meação, como Amphilophio, que ex^ran ;fVao^DrelI10 Tribunal
sistema pelo qual somente seria membro o
Federal quem o Presidente quizesse. E acrescen av

"O Supremo Tribunal ter^15 J ao^ulg^mento des-


do 20 são, por ora, os Estad , ;or soma de po-
se Tribunal, que em S' verno, porque tem a
der poiitico da nova forma de g ijt;vo e Legisla-
iaculdade de corrigir os ' . constitucional e que
tivo, firmando a inteligência bjica nos crimes co-
ha de julgar o Pref^se Tribuna! vão ser deferidas
muns; ao julgamento J interessem a vida autônoma
todas as questões que m e futuro, as questões
dos Estados, sua mdepen va]idade das leis dos par-
entre Estados e a União, tençâo cios actos de
lamentos dos Estados, ^ \úhuna\ ha de ser cons-
seus governos. E. como da Republica, para
tituido pelo arbítrio do _c!uos tirados dos Estados
ele so serão nomeados i ^ Eão acíueies que mais
maiores e mais PopulOS a'e!eicao daquele funcionário,
terão de concorrer para ^ de eleitores: de sorte
por disporem oe maior poderosos, os mais
que esses Estados, os grandes, os po

<), /
8

populosos, vão constituir-se tutores dos pequenos e fran-


cas e ao mesmo tempo os árbitros dos futuros destinos
da patria, em um regimen que se chamará de Federa-
ção! Singular Federação!
Que papel destina ao Senado brasileiro? perguntou
o Sr. Augusto de Freitas.
Tenho concluído".
ARBÍTRIO DO EXECUTIVO
Interessante foram as alegações do Constituinte Amphilo-
phio, pondo em evidencia o arbitrio do Poder Executivo em no-
mear os membros do Supremo Tribunal Federal, bem como o
disparate de serem os que julgariam o Presidente da Republi-
ca nos crimes comuns, e logicamente argumentava o ilustre Cons-
tituinte que só seriam nomeados Ministros cidadãos pertencen-
tes aos grandes Estados ou aos Estados que tinham concorrido
para eleger o Presidente da Republica, ou como hoje em dia, os
que cortejam o grupo dominante.
O Supremo Tribunal deveria ter juizes representantes dos Es-
tados da Federação brasileira, pois o Poder Judiciário é de gran-
de importância na vida política da nação, imaginemos o Consti-
tuinte Amphilophio como não se admiraria quando visse que ho-
je em dia o Presidente da Republica é quem nomeia o Presiden-
te do Supremo Tribunal Federal ao lado de ser quem nomeia os
Ministros, sem falar no que dispõe o art. 96, Paragrafo Único,
da carta outogarda de 1937, tendo aútorisação até de reformar
a decisão do Supremo Tribunal Federal, quando julgue necessá-
rio " ao bem estar do povo, á promoção ou defesa de interesses
nacional de alta monta".
Por outro lado, não me parece que o Senado, tendo o di-
reito de voto, fosse ou venha a ser corretivo aos abusos do go-
verno como acentuou o Constituinte Gonçalves Chaves. Os dois
casos históricos de nomeação feitas por Floriano Peixoto, uma
de medico "de inquestionável saber" e duas de generais ilustres,
não contraria o ponto de vista que externo, pois quero me refe-
rir ao Senado impugnar nomeações de juristas por não terem os
requisitos exigidos pela Constituição.
Adotou o referido constituinte acirna citado o critério de
nomeação de "um terço dos juizes do Supremo, tirados pelo mo-
do que adotou a Constituição de 1891, outros dois terços dentre
o; magistrados mais antigos, cuja investidura, por sua vez, obe-
eceria ao sistema do concurso". Queria o ilustre parlamentar
mineiro conciliar os métodos divergentes que se apresentaram
9

no seio da ..assembléa. Pára mim, .o critério rrnxtp, e compo i-


do Supremo Tribunal Federal, não é o que mais resa a^os poa^a
apresentar. Poderia citar Paulo Lacerda quando expreoa so
matéria em fóco:
"Devéras, as nomeações teem sido, em ger ,
pessoas das relações privadas ou po iPcas •- _
dente da Republca, e para tais logares não °iam
bem poucos jurisconsultos verdadeiramente aí^noa
se apelido".
A CONSTITUIÇÃO DE 1934 E O ATO CONSTITUCIONAL
DE 1937

Os Constituintes de 1934 pouco ou nada alteraram o ' p


sitivo constitucional de 1891, apenas esclareceram par
mesmo dispositivo e aditaram os limites minimo e maxi
idade. Mudaram também a denominação do orgão mais i,.
do Poder Judiciário, para Corte Suprema em que na a a
aon0in
sinão para dar um sentido menos amplo ao que se Vilpa
Na discussão da assembléa constituinte de \) ' "S3ein
democrática, em que o povo elegeu cidadãos para ea 01®- '
constituição, houve quem apresentasse um TL1®!' j
Para as nomeações dos Ministros do Supremo Trí una^ eu]ica'
que seria o seguinte: far-se-iam pelo Presidente da
dentre cinco cidadãos indiciados por escrutínios secre 0
Pelas Congregações dos Professores de Direito, um, pe o
lho Federal da Ordem dos Advogados; um, pelos juizes ec.
e
dois pelo Supremo Tribunal Federal.
JOÃO MANGABEIRA
João Mangabeira, com a sabedoria que lhe é peculiar, mm-
to acertaclamente refuta esse processo de nomeações.
Diz o ilustre jurista: "De sorte que, na compro dle ma
orgão da eminência política cio Supremo T"bunal se
exclue a participação, e daí a responsabihdade do Po-
der político que representa mais diretamente a sobera-
nia popular porque oriundo da
das urnas. Por outro lado, como conferir a ess«®
fessores e advogados, por mais ilustres que sejam a
faculdade excelsa de intervirem, de qualquer modo,
na composição do grande Poder político, de cujos de-
cretos depende não raro a segurança do paiz, a esmbi-

J) i L
10

lidadè da paz e a projeção dos destinos nacionais? Que


tituios de competência tinham eles recebido, para o
exercicio dessa função sobre todas dedicada, e que in-
teressa diretamente á soberania nacional? Demais, a
inovação introduziria um novo elemento de corrução
na escolha dos juizes,...
Juizes indicados por advogados, pois o são quasi to-
dos os professores, seriam juizes de conchavo, conluio
e camarilha.
— Pois não são notorios, tanto nas congregações,
como na Ordem, os seus corrihos e as suas igrejinhas? "
Entretanto, o jurista que acabo de apontar é contrario á in-
dicação feita pelo Supremo Tribunal Federal, o que constitue um
ponto do qual discordo totalmente, todavia de modo todo es-
pecial, que será, justamente, o objeto deste modestíssimo tra-
balho. .
Em discurso proferido a 28 de Janeiro de 1926. oferecendo,
em nome dos Deputados, a toga ao Ministro Hercuiano de Frei-
tas, no áto de sua posse no Supremo Tribunal, afirmou aquele
eminente jurista: o Supremo Tribunal Federal não deveria ser
composto exclusivamente de juizes amadurecidos no serviço
austero da juoicatura, encanecidos na pratica serena do julgamen-
to de pleitos de direito privado ou de processos crimes, nas Cor-
tes estaduais . Cita grandes juizes Norte-Americanos tirados dos
prelios dos partidos, das lutas da polítca, das lides do governo",
sem, contudo, deixar cLe achar conveniente também a participação
dos magistrados cie carrena. E, como exemplo invuí.gar de juiz
tirado da politica, refere-se a Marshall. Sem querer desmerecer
o ponto de vista doutrinário do ilustre jurista pátrio, que constitue
uma figura das mais brilhantes da inteligência jurídica e politica,
uivirjo, embora sem autoridade para tal, da maneira de encarar a
matéria.

MAIOR UNIDADE DO PODER JUDICIÁRIO E PRESTIGIO


DOS TRIBUNAIS DOS ESTADOS
Antes de mais nada, penso que o numero de Ministros para
compor o Supremo Tribunal deve ser igual ao numero dos Esta-
^os-membros. isto me parece indispensável, pois cada Estado
deve ter um Ministro tirado dos Tribunais de Apekção. exclusi-
^cnte por merecimento, havendo um dispositivo de lei due
a o acesso para o Supremo tribunal de magistrados cujas
il

promoções tenham sido, tão somente por antigüidade

""^triXren.o TrW Federal


Desembargadores correspondentes a caclc. i--
da Republica escolheria um para nomeação.
Tenho em mira dois objetivos:
a) — REPRESENTAÇÃO DOS ESTADOS NO SUPRE-
MO TRIBUNAL;
b) — ATENDER AO SENTIDO FEDERATIVÍSTA, DAN-
DO MAIOR UNIDADE AO PODER JUDICIÁRIO.

A verdade é que, em geral, as nomeações pnra c


premo da magistratura pelo critério adotado Pe a8 „eg_
tuições Republicanas, teem resultado apenas, do pre=. igi
sôal do condidato, decorrente das circunstancias po.i ic
Partidos dominantes ou do grupo dominante. .-i
Não se tem atendido ao critério de seleção no seu s aue
constitucional, sem querermos chegar ao exagero de c<JnC'Uir
só tenham sido nomeadas figuras apagadas ou, P®^0 ,
sem valor requerido para galgar o posto excelso e \im-s r
Supremo. Figuras de prol teem sido aproveitadas, mas,, nem
Pr- , indicadas para ocupar semelhante cargo .

formação da mentalidade do juiz no exercício


DA JUMCATURÂ
Um bom juiz não se improvisa. Não basta que tenha '
nos partidos, na política e no governo, o que as vezes, ^
Prejudicial. O momento que o mundo atravessa nao permue
qualquer improvisação. Tudo quanto se queira improvis
d
erá o sentido da realidade. A técnologia é o fundamen
'fundo que surge com o desenvolvimnto economico ^
ccrçados no desenvolvimento industrial. Não conce o q
Político ou um advogado se transforme em um gran '
Pfa noite para o dia, Um verdadeiro político ou advogado nun_
Se
'á jamais um grande juiz. Os políticos ou advogados que sao
ou foram grandes juizes encontram plausive. exp icaçc-o
C e
que a sua verdadeira vocação fora disvirtua a. ^
As qualidades para um indivíduo ser advoga o sao iversas
daquelas que devem ter os juizes. Naturalmente, ha requisitos
Coi
rmns a ambas as carreiras.
12

A vicia profissional do advogado, com o correr dos anos,


impregna o seu espirito de tendências especiais, fazendo com. que
as mesmas se orientem nesta ou naquela diretriz, diversa dá pro-
fissão do magistrado. ' ' • ~
A própria profissão do advogado vai levando a uma siste-.
matidaçao técnica dentro da orbita do direito. É a especialisacão
que o século vai impondo. Quanto ao político deixo de comentar
por ser sistemciticarnente contrario a entrada de elementos com
antecedentes políticos no Supremo Tribunal. Quero deixar logi-
camente firmado que não sou pelo ingresso nos Tribunais dos
Estados de elementos tirados da advocacia e do Ministério Pú-
bico. Assim como o advogado, devem ter, pela natureza da profis-
são, os representantes do Estado, um espirito sistematicamente
voltado jf^ra os interesses da administração publica, portanto,
impregnado de tendências e de um pendor acentuado na defesa
dos inteiesses do Estado. O juiz, a seu turno, tem de formar a sua
mentalidade de julgador no exercicio permanente e sereno da
judicatura.
O Ato constitucional de 1937 não alterou o disposto pelos
constituintes de 1934.
A orientação que presumo ser a melhor na composição do
Supremo Tribunal em nada desmerece as brilhantes figuras de
juristas tirados da política e da advocacia que teem sido, quer
Desembargadores nos Estados quer Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal no Brasil. Proclamo o valor do grande juiz ameri-
cano Marshall, que como muito bem disse Ruy, "sob a toga do
juiz era o gênio do estadista que alava, profético na magnificên-
cia luminosa do seu descortinio, lançando os alicerces constitu-
cionais da Nação".
five oportunidade de lêr algumas de suas brilhantes sen-
tenças, sahentando-se, sem duvida, — Marbury contra James
Madson — Sessão de Fevereiro de 1803 de cuja emenda cita-
mos parte: Nula é toda lei oposta á Constituição". Acres-
centando o notável juiz: "a distinção entre um governo de limi-
tados ou de ilimitados poderes se extingue desde que tais limites
nao confinem as pessoas contra quem são postos e desde que
atos proibidos e atos permitidos sejam de igual obrigatoriedade,
t uma proporção por demais clara para ser contestada que a
constituição veta qualquer deliberação legislativa incompatível
com eia; ou que a legislatura possa alterar a constituição por meios
ordinários . Isto em 1803
ta to c aro
DrflIT,^% " ' l q"6 sou contrario á composição do Su-
nbunal Federal pelos processos adotados em todas as
13

Constituições brasileiras, no campo da doutrina, porque não vejo,


er
n nenhum dos modos admitidos, o mais aconselhayel para se^
e
stabelecer no Brasil. Para mim o melhor seria aeonafrlKnvch para gfe
e
Xcl-asivamente, por merecimento, dos Tribunais dos Estados, em
Numero igual ao numero dos Estados da Federação.
Fica aí o meu modesto trabalho, elaborado com as melho-
íes
intenções, com o pensamento voltado para a pátria, que, tanto
®stá necessitando de nossa coragem jurídica, nosso estoicismo po-
"tico, nosso exemplo civico, nossa abnegação e desinteresse pes-
cai.
CONCLUSÕES
'"•) ■— Dar maior unidade e prestigio ao Poder Judiciário;
^ ) ■— Representação dos Estados da Federação no supremo
Tribunal Federal;
^ — Incentivar os magistrados dos Tribunais dos Estados-
membros ao estudo e aprimoramento das qualidades de
cultura e as inerentes á técnica de julgar:
' — Tirar o arbítrio do Poder Executivo e dar maior inde-
pendência ao Poder Judiciário;
5M
' ■—■ Prestigiar a carreira da magistratura.
'
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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
S. D. I. - BIBLIOTECA
Esta obra deve ser devolvida na última data carimbada

STF/SDI - 03
Albuquerque, A. Pires e,1865-1954.
Culpa e castigo de um magistrado / A.
Pires e Albuquerque. —
AUTC
No.sist: 42826

TÍTU

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

BIBLIOTECA

Autor Albuquerque, A. Pires e,1865-1954.


Culpa e castigo de um magistrado / A
Título Pires e Albuquerque. —
No.sist; 42826

N" Regis
LC
N" Char 341,4191
A345
CCM
EX2

STF 102.0&, STF00009496


SUPREMO TRISUNRL FEDLRflL

r00009^96

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