Amostra
Amostra
Divisão Cyanophyta
Número de táxons
Estrutura vegetativa
■ CARACTERÍSTICAS GERAIS. Essas algas são conhecidas como “algas azuis” (blue-
Mu
EX
Mu
10 µm
10 µm
a 10 µm
b c
En f 10 µm
FiR En
10 µm
d e
Fig. 1.1. Diversidade das Cyanophyta: exemplos de Chroococcales e de Pleurocapsales. a-c. Chroococ-
cales. a. Chroococcus turgidus. b. Merismopedia elegans. c. Chamaesiphon curvatus. d-f. Pleurocapsales. d.
Pleurocapsa minor. e, f. Cyanocystis valiae-allorgei (f, liberação de endósporos). En = endósporo (ou baeóci-
to). Ex = brotamento de exósporos. FiR = filamento ramificado. Mu = mucilagem. (Seg. Bourrelly, 1970).
BM
BM
c
10 µm
10 µm
b 10 µm
a
d 200 µm 10 µm
Fig. 1.2. Diversidade das Cyanophyta: exemplos de Oscillatoriales. a. Arthrospira (Spirulina) platensis. b. Os-
cillatoria margaritifera. c. Lyngbya majuscula. d. Microcoleus (à esquerda, disposição dos filamentos na bainha
mucilaginosa de M. acutissimus; à direita, M. vaginatus). BM = bainha mucilaginosa. (Seg. Bourrelly, 1970).
MM H
H
Ac
10 µm 200 µm
b
c
a 10 µm
e 200 µm
10 µm
BM f
10 µm
g 10 µm
d
Fig. 1.3. Diversidade das Cyanophyta: exemplos de Nostocales. a. Nostoc parmelioides. b. Anabaena
spiroides. c, d. Rivularia haematites. e, f. Scytonema millei (f, falsa ramificação). g. Scytonema javanicum.
Falsa ramificação. Ac = acineto. BM = bainha mucilaginosa. H = heterocisto. MM = massa mucilaginosa. (Seg.
Bourrelly, 1970).
10 µm 10 µm
c
10 µm
RV
10 µm
RV
50 µm
50 µm e
d
f
Fig. 1.4. Diversidade das Cyanophyta: exemplos de Stigonematales. a-c. Stigonema mamillosum (c, seção
transversal). d-f. Stigonema minutum. Os filamentos são plurisseriados, e estruturas semelhantes às sinapses
das algas vermelhas estão presentes entre as células. RV = ramificação verdadeira. (Seg. Bourrelly, 1970).
GL GAC
Po
Rib GCi
VG(T) Np
Til
Carb
IP
Incl
VG(L)
MP 3 µm
ParT
ParD
Par
EM
Fig. 1.5. Organização celular de uma cianobactéria. Carb = carboxissomo (aparecendo como um corpo polié-
drico), reserva de rubisco (200-300 nm). EM = envoltório mucilaginoso. GAC = grânulo de amido das cianofíceas
(ø ≈ 30 nm), visível somente em microscopia eletrônica. GCi = grânulos de cianoficina (ø ≈ 0,5 µm), visíveis em
microscopia óptica. GL = gota lipídica (ø ≈ 30-90 nm). Incl = inclusão semelhante a um vacúolo, mas não envolta
por uma membrana. IP = invaginação do plasmalema. MP = membrana plasmática (7 nm de espessura). Np =
nucleoplasma: uma ou várias moléculas circulares, cada uma correspondendo a um genoma. Par = parede. ParD
= jovem parede transversal, formando-se como um diafragma que se fecha. ParT = parede (septo) transversal.
Po = poros (ø ≈ 70 nm). Rib = ribossomo (tipo procarionte: ≈ 20 x 30 nm; os ribossomos das células eucariontes
medem ≈ 22 x 32 nm). Til = tilacóides periféricos (portam ficobilissomos, invisíveis na figura; o conjunto forma o
cromatoplasma; a disposição dos tilacóides é idêntica àquela observada nas algas vermelhas e nas Glaucophyta).
Os pigmentos lipossolúveis estão localizados na membrana dos tilacóides; os carotenóides também estão pre-
sentes no plasmalema e na membrana lipopolissacarídica. VG(L) = vesículas gasosas em vista longitudinal. VG(T)
= vesículas gasosas em vista transversal. (Seg. Pankratz & Bowen, redesenhado seg. Hoek et al., 1995).
Aprofundamento
Multiplicação e reprodução
* N. de T. A produção de hormogônios está associada à formação de necrídios (células mortas), que originarão discos
de separação nos tricomas (ver Graham & Wilcox, 2000, p.102).
Hábitat e simbiose
Aprofundamento
continuação
possui um único nódulo polar (Fig. 1.3d), ao desde que o meio seja anaeróbio. Por exem-
passo que, quando é intercalar, possui dois plo, Microcoleus chthonoplastes e Lyngbya
nódulos polares (Fig. 1.3b). O nitrogênio, de aestuarii, que vivem na superfície de lodos
início, é armazenado na forma de cianoficina; anóxicos, realizam fotossíntese aeróbia du-
depois, sai do heterocisto, através dos canais rante o dia, em presença de luz. A resultante
nodulares, na forma de glutamina. Em senti- liberação de O2 inibe a ação da nitrogenase
do contrário, esses canais permitem a entrada durante esse período. Em compensação, à
de glicídios de pequena massa molecular. Nas noite, a fotossíntese não pode ser realizada,
cianobactérias que possuem heterocistos, a devido à falta de luz; como o meio é anaeró-
fotossíntese aeróbia e a fixação do nitrogê- bio, essas algas podem, então, fixar o nitro-
nio ocorrem, portanto, em locais diferentes gênio. A fotossíntese aeróbia e a fixação do
do talo. As algas que não possuem hetero- nitrogênio ocorrem, neste caso, em momen-
cistos também podem fixar o nitrogênio, tos distintos.
fixam 40 kg de nitrogênio por hectare e por ano; em simbiose com Azolla, fixam 120 a
310 kg a mais por hectare e por ano.
As cianobactérias estão na origem da presença do O2 na atmosfera de nosso pla-
neta (ver Reviers, 2002). Há cerca de 2,5 Ga, a atmosfera se tornou oxidante. A presen-
ça prévia ou o aparecimento de mecanismos de proteção contra os raios ultravioletas,
assim como a presença protetora do O2 e do ozônio (O3), permitiu, então, a colonização
progressiva de meios mais expostos, das partes menos profundas dos oceanos e, depois,
dos ambientes terrestres. Por outro lado, os teores de O2 tornaram-se tóxicos para a ni-
trogenase, o que conferiu uma vantagem às cianobactérias que possuíam heterocistos
(ver Quadro 1.2).
As algas azuis são responsáveis por florações às vezes espetaculares, ocasional-
mente vermelhas (Oscillatoria rubescens) em vez de azuis ou verdes, em certos casos
ligadas à eutrofização, e eventualmente tóxicas ou nocivas. Anabaena flos-aquae
contém anatoxinas (a, b, c, …); Aphanizomenon flos-aquae contém saxitoxina (tam-
bém presente na Dinophyceae Protogonyaulax tamarensis): esses compostos (Fig.
1.8) são alcalóides tóxicos de ação neuromuscular. Microcystis aeruginosa, por sua
vez, contém microcistina (polipeptídeo cíclico hepatotóxico).
Afinidades
De acordo com a análise de seqüências gênicas realizadas por Woese (1987), as cia-
nobactérias são filogeneticamente relacionadas com as bactérias púrpuras e com as
bactérias gram-positivo.
Fósseis e estromatólitos
O CH3
10 4 6
+ – 5
H3NCl HN
3 NMe2
9 1N
1 2
2 O
8 3
6 5
P OMe
NH2 –O
7 +
4 O
Anatoxina -a diidroclorada Me = – CH3 = Radical metila,
Anatoxina -a
H2N O
21 14
19
13
20 OH
O H
–O
6 NH 3SO O
7
RN 5
1 + –
8 NH2CI
16 N NH HN NH
15 2 4
– + 9 Me +
3 NH
CIH2N N 18 N O
12 OH
H
17 OH
10 11
disso, as cianobactérias são capazes de fixar carbonato de cálcio nas suas bainhas
mucilaginosas, o que facilita a construção do estromatólito e garante sua perenidade.
Os estromatólitos mais conhecidos são aqueles do oeste da Austrália (em especial, da
região resguardada de Shark Bay), que atingem 50 cm de altura. Os estromatólitos
são numerosos nos sedimentos datados do Pré-Cambriano. Sua presença foi muito
abundante entre 0,5 e 2 Ga: idade das cianobactérias.
Divergência
Classificação
recentes, com base na análise das seqüências que codificam para a pequena subu-
nidade dos RNA ribossômicos, resultaram na definição de uma dezena de grupos
(Fig. 1.9). Esse tipo de estudo mostra que numerosos gêneros são polifiléticos, como
Synechococcus e Leptolyngbya. Fica claro que os caracteres morfológicos utilizados
até o momento não permitem a definição de grupos naturais, e que serão necessárias
novas alterações na classificação do grupo.
Na árvore filogenética das cianobactérias (Fig. 1.9), Gloeobacter violaceus (Fig.
1.10) é o primeiro organismo a divergir, e considera-se que ele tenha conservado
caracteres primitivos; de fato, ele não possui tilacóides; os ficobilissomos estão dis-
postos sobre o plasmalema, e falta-lhe uma categoria particular de lipídios, presente
Synechococcus
Prochlorococcus
Phormidium
Prochlorothrix
Leptolyngbya
Chamaesiphon
Oscillatoria, Trichodesmium,
Microcoleus, Arthrospira, Lyngbya
Plastídios
Pseudanabaena
Limnothrix
Unicelulares termófilos
Culturas filogeneticamente
próximas de Gloeobacter
Gloeobacter
Fig. 1.9. Árvore sintética das relações filogenéticas entre os diversos grupos de cianobactérias (incluindo
os plastídios), segundo os resultados da análise das seqüências que codificam para os RNA ribossômicos. A
figura, simplificada, baseia-se nos resultados de Turner (1997). Essa análise é, obrigatoriamente, limitada:
nem todas as espécies podem ser representadas, e aquelas utilizadas não são, pois, necessariamente re-
presentativas dos gêneros indicados na árvore filogenética (levando-se em conta que esses gêneros, tendo
sido definidos somente a partir de características morfológicas, podem se revelar polifiléticos). Além disso, a
análise deste único gene poderá, eventualmente, ser contestada mais tarde.
* N. de T. Neste sistema de classificação, é mantida a classe única Cyanophyceae dentro da divisão Cyanophyta (=
Cyanobacteria).
Par MP
VG
Til
Carb
Fib
Rib
Np
GM
DNA
GCi
0,5 µm
a
Par
Rib
MP
Fig. 1.11. Ultra-estrutura comparada dos gêneros
Synechocystis e Prochloron. a. Synechocystis. b. Pro-
TilA chloron. Synechocystis possui tilacóides isolados, que
portam ficobilissomos. Prochloron possui tilacóides em
grupos de dois e desprovidos de ficobilissomos. BM =
bainha mucilaginosa. Carb = carboxissomo (aparecen-
Til do como um corpo poliédrico). DNA = microfibrilas de
Carb DNA. Fib = ficobilissomo. GCi = grão de cianoficina. MP
= membrana plasmática. Np = nucleoplasma. Par = pa-
ADN rede. Rib = ribossomo. Til = tilacóides. TilA = tilacóide
0,5 µm
b alargado em forma de vacúolo central. VG = vesículas
gasosas. (Seg. Hoek et al., 1995).
Tabela 1.1. Exemplo de classificação das cianobactérias (seg. Hoek et al., 1995)