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Casos Praticos Obrigacoes Genericas e Cpromessacv

O documento apresenta casos práticos sobre obrigações genéricas, discutindo a responsabilidade do devedor e do credor em situações de impossibilidade de cumprimento. Exemplos incluem a venda de computadores e batatas, onde se analisa a transferência de propriedade e risco de perda. A análise é fundamentada nos artigos do Código Civil relacionados às obrigações, destacando a individualização da coisa e a concentração da obrigação.

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Casos Praticos Obrigacoes Genericas e Cpromessacv

O documento apresenta casos práticos sobre obrigações genéricas, discutindo a responsabilidade do devedor e do credor em situações de impossibilidade de cumprimento. Exemplos incluem a venda de computadores e batatas, onde se analisa a transferência de propriedade e risco de perda. A análise é fundamentada nos artigos do Código Civil relacionados às obrigações, destacando a individualização da coisa e a concentração da obrigação.

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Casos Práticos Obrigações genéricas e CPromessaCV

Teoria Geral das Obrigações (Universidade Lusíada do Porto)

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Obrigações Genéricas

CASO PRÁTICO 1 – OBRI.GEN.


Aloísio vende a Bernardo 10 computadores, daqueles que tem em armazém, a €
1.000 cada computador. Aloísio obriga-se a entregar os computadores no domicílio de
Bernardo em Braga no dia 1 de junho de 2020. No caminho para Braga, na manhã do dia 1
de junho de 2020, o camião onde Aloísio transportava os computadores arde sem que
haja culpa de Aloísio. Daí resulta a destruição de todos os computadores transportados.
Tem Bernardo que pagar o preço dos computadores?

Estamos perante uma obrigação genérica, o regime destas encontra-se previsto dos
art.539º a 542º do CC. Primeiramente devemos saber a quem cabe a escolha, ou seja, o
processo de individualização da coisa, tratam-se de obrigações ainda não são especificas, o
objeto só está determinado quanto ao género. Quanto a este processo de individualização,
por regra, a escolha cabe ao devedor art.539º, sendo que pode ainda caber ao credor ou
terceiro de acordo com o art.542º do CC caso as partes o determinem. O 2º processo que
temos de fazer nestas obrigações, é saber quando a obrigação se concentra, sendo que por
norma concentra-se com o cumprimento, ou seja, com a entrega da coisa. A entrega dá
lugar á transferência do direito de propriedade e assim como a transferência do risco de
perda ou deterioração da coisa, como exceção, temos as obrigações que se concentram
antes do cumprimento art.541º. Verificando o art.540º este diz-nos que enquanto a
prestação for possível, mesmo que o vendedor tenha separado, no caso de ainda ter a seu
dispor a quantidade suficiente para cumprir a obrigação, este continua obrigado a fazê-lo.
No caso concreto, a escolha da coisa cabe ao devedor nos termos do art.539º. A
concentração ocorre com o cumprimento que seria com a entrega dos computadores no
domicilio de Bernardo no dia 1 de junho de 2020. Só nesta altura, com a entrega, é que se
dava a transferência da propriedade sobre a coisa, assim como o risco de perda ou
deterioração nos termos do art.408º 2 e 796º. O camião ardeu, ainda que por facto não
imputável, como tal o risco corre por Aloísio. Por se entender que Aloísio dispõe de mais
computadores e porque o género não pereceu trata-se de uma impossibilidade temporária
por facto não imputável ao devedor, desta feita, mantem-se a obrigação de entrega dos 10
computadores e como tal, Bernardo, aquando da entrega, terá de pagar o preço estipulado.

CASO PRÁTICO 2 – OBRI.GEN.

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Obrigações Genéricas
António, de Braga, vendeu a Joaquim dez toneladas de batata, da sua produção
deste ano. Ficou convencionado que as batatas vendidas seriam entregues daí a um mês.
Dez dias depois de celebrado o contrato, António separou as dez toneladas de batata,
colocando-as no armazém que tem em Barcelos. No dia seguinte ao do transporte
daquelas batatas para o armazém de Barcelos, uma forte chuvada provocou uma
inundação que que destruiu toda a restante batata da produção deste ano que tinha
ficado no outro armazém sito em Braga. Quinze dias depois, um incêndio, originado por
causa fortuita, destruiu o armazém de Barcelos e as dez toneladas de batata que lá se
encontravam armazenadas. Diga qual a consequência dos factos enunciados na relação
obrigacional.

Estamos perante uma obrigação genérica, o regime destas encontra-se previsto dos
art.539º a 542º do CC. Primeiramente devemos saber a quem cabe a escolha da coisa, ou
seja, o processo de individualização da coisa, porque se tratam de obrigações que ainda não
são especificas, pois, o objeto só está determinado quanto ao género. Quanto a este
processo de individualização, por regra, a escolha cabe ao devedor pelo art.539º, sendo que
pode ainda caber ao credor ou terceiro, de acordo com o art.542º do CC caso as partes o
determinem. No caso concreto como nada foi dito, cabe então ao devedor/vendedor de
acordo com o art.539º. Relativamente á separação de batatas, as 10 toneladas, o objeto
passa a determinado, não mudando a natureza da obrigação e como tal, a obrigação
mantem-se genérica. Passando agora ao 2º processo que temos de fazer nestas obrigações,
ou seja, saber quando é que a obrigação se concentra, cumpre dizer-se que, por norma,
esta concentra-se com o cumprimento, entenda-se, com a entrega da coisa. A entrega dá
lugar á transferência do direito de propriedade e assim como a transferência do risco de
perda ou deterioração da coisa, havendo a exceção a esta regra com as obrigações que se
concentram antes do cumprimento segundo os critérios do art.541º. Na questão presente
as batatas seriam entregues dai a um mês sendo que só ai é que se daria a concentração da
obrigação, pois seria esse comportamento que atestaria o cumprimento da prestação
devida. A forte chuvada, que originou a destruição restante produção de batatas, leva á
concentração material da obrigação, pois o género extingue-se ficando apenas com as 10
toneladas necessárias ao cumprimento da obrigação havendo, portanto, uma concentração
material que leva á concentração jurídica nos termos do art.541º, tratando-se assim de uma
das exceções em que a obrigação se concentra antes do cumprimento. A concentração da
obrigação tem como efeito a transmissão da propriedade e a transmissão do risco de perda
ou deterioração da coisa para a esfera jurídica de Joaquim. Tratando-se de um caso em que
não houve o perecimento do género, o art.540º diz-nos que, enquanto a prestação for
possível, mesmo que o vendedor tenha separado, no caso de ainda ter a seu dispor a
quantidade suficiente para cumprir a obrigação, este continua obrigado a fazê-lo e como tal
António continuava obrigado a cumprir a sua obrigação perante Joaquim. Acontece que
aquando do incendio por causa furtuita, a obrigação de entrega extingue-se, pois trata-se
de uma impossibilidade objetiva de cumprimento não imputável ao devedor, nos termos do
art.790º1. Quanto á obrigação do pagamento do preço e ao risco de perecimento ou de

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Obrigações Genéricas
deterioração da coisa, estes já corriam por parte de Joaquim, nos termos do art.796º1, por
ter havido a concentração da obrigação e a transmissão do dto. de propriedade, como tal,
conclui-se que este tem de pagar o preço. Por a presente questão originar uma situação
injusta, há quem defenda, assim como Almeida Costa, que, aquando da via da inundação, o
vendedor deveria ter avisado o comprador que o género se extinguiu ao ponto de se restar
apenas uma das coisas nele compreendidas e que esse facto originou a concentração da
obrigação que tem como efeito a transmissão da propriedade e do risco de perda ou
perecimento, posicionando-se assim de forma diversa e desde logo mais defensiva da
posição do comprador, ficando além do legalmente definido.

CASO PRÁTICO 3 – OBRI.GEN.


Aloísio vende a Belchior 10 televisores da marca XYZ, de um conjunto de muitos
outros que tem no seu estabelecimento, a € 50 cada. Aloísio obrigou-se a entregar os
televisores no estabelecimento comercial de Belchior, no dia 9 de junho de 2020, sito em
Vila Real. No início da manhã do dia 7 de junho de 2020, Aloísio empacotou os referidos
televisores. Ao final da tarde desse dia, Belchior telefonou a Aloísio dizendo que, sem
falta, amanhã (dia 8) levantaria os televisores. Todavia, tal não sucedeu, não tendo
Belchior dito mais nada. Na manhã do dia 9 de junho de 2020, levou os televisores
empacotados para um armazém próximo, tendo ocorrido um incêndio nesse armazém
durante tarde, no qual ficaram destruídos os referidos televisores. Belchior tem que pagar
o preço dos televisores?

Estamos perante uma obrigação genérica, o regime destas encontra-se previsto dos
art.539º a 542º do CC. Primeiramente devemos saber a quem cabe a escolha, ou seja, o
processo de individualização da coisa, tratam-se de obrigações ainda não são especificas, o
objeto só está determinado quanto ao género. Quanto a este processo de individualização,
por regra, a escolha cabe ao devedor art.539º, sendo que pode ainda caber ao credor ou
terceiro de acordo com o art.542º do CC caso as partes o determinem, sendo que nesse
caso só é eficaz se for declarada ao devedor ou ambas as parte. O 2º processo que temos de
fazer nestas obrigações, é saber quando a obrigação se concentra, sendo que por norma
concentra-se com o cumprimento ou entrega da coisa. A entrada dá lugar á transferência do
direito de propriedade e assim como a transferência do risco de perda ou deterioração da
coisa, como exceção, temos as obrigações que se concentram antes do cumprimento
art.541º. Sendo ainda que o art.540º nós diz que enquanto a prestação for possível,
mesmo que o vendedor tenha separado, no caso de ainda ter a seu dispor a quantidade
suficiente para cumprir a obrigação, este continua obrigado a fazê-lo. Na questão concreta,
tinha sido estipulado que os televisores seriam entregues no dia 9 de junho, no
estabelecimento comercial de Belchior, mas este vinculou-se a levantá-los no dia anterior.
Assim temos presente uma modificação do contrato, pois houve uma alteração quanto ao
momento da entrega, como não procedeu a esta este incorre em mora. – Isto acontece
porque a obrigação, que aquando da celebração do contrato era genérica, se concentrou e,
portanto, antes do cumprimento, temos presente uma das exceções do art.541º. Quanto ao

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Obrigações Genéricas
pagamento do preço dos referidos televisores, uma vez que por efeito da mora como base
legal o art.815º do CC, o risco da impossibilidade superveniente da prestação, que resulte
de facto não imputável a dolo do devedor, recai sobre o credor. Portanto, o risco de perda
de deterioração ou perecimento da coisa, nos termos do art.796º1 recai sobre Belchior, pois
no momento em que a coisa se torna especifica e que se dá a transmissão da propriedade,
nos termos do art.408º1, como tal este tem de pagar o preço. Aloísio tem de entregar os
televisores que tem no seu estabelecimento? Aloísio não tem de entregar os televisores
que tem no seu estabelecimento uma vez que a obrigação a que estava vinculado foi
cumprida, pois a propriedade daqueles televisores transmitiu-se aquando do processo de
individualização dos mesmos no termo do art.539º.

CASO PRÁTICO 4 – CV DE BENS FUTUROS


Em janeiro de 2016, António vendeu a Carlos toda a produção de vinho do ano de
2016, da sua quinta X, ficando convencionado que o vinho seria entregue após a vindima,
ou seja, final de novembro de 2016. Em agosto de 2016, em virtude de uma praga e não
obstante todas as necessárias diligencias encetadas por António, toda a colheita de uvas
ficou comprometida, inviabilizando assim a produção de todo o vinho vendido. Quid
iuris?

Primeiramente deveríamos referir que estamos perante uma compra e venda de bens
futuros, uma vez que o vinho ainda não havia sido recolhido, assim como expressa o
art.880º do CC, e desta forma o vendedor fica obrigado a exercer diligências necessárias
para que o comprador adquira os bens vendidos. Estamos perante uma impossibilidade não
imputável, uma vez que o vendedor cumpriu a obrigação de meios, encetando todas as
diligências necessárias para que o comprador adquira os bens vendidos, segundo o
estipulado ou resultar das circunstâncias contratuais. Assim sendo, uma vez que as partes
não atribuíram carácter aleatório ao contrato com base no nº3 do art.880º do CC, conclui-
se, desta forma, que o não havia lugar ao pagamento do preço.

CASO PRÁTICO 5 – CONFRONTO DTOS. PESSOAIS DE GOZO


António alugou o seu computador a Joaquim, e no dia seguinte alugou esse mesmo
computador a Pedro. Quem tem direito a utilizar o computador?

Na questão presente tanto Joaquim como Pedro, por via de contrato de locação, são
estes titulares de direitos pessoais de gozo, possibilitando ao seu titular o gozo direto e
autónomo de determinada coisa, o qual, tem sempre por fundamento uma relação
obrigacional, de que nunca se desprende. Sendo que ambos os direitos são direitos pessoais
de gozo prevalece o que for constituído primeiramente com base no art.407º do CC.

CASO PRÁTICO 6 – OBRI.GEN.

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Obrigações Genéricas
Pedro comprou a Joaquim metade da produção de vinho (500lt) de 2015 por
2.000,00 euros. Combinaram que o preço seria pago em 8 prestações mensais de igual
valor, sendo o vinho entregue ao comprador em simultâneo com o pagamento da 6
prestação. Já depois de paga a 1 prestação e depois de separados os 500 litros destinados
a Pedro, a adega de Joaquim foi inundada, em virtude da forte chuva, o que levou a
deterioração daqueles 500 litros. Quais as consequências de tal facto na relação
obrigacional?
Estamos perante uma obrigação genérica, o regime destas encontra-se previsto dos
art.539º a 542º do CC. Primeiramente deve saber-se a quem cabe a escolha, ou seja, a
quem cabe o processo de individualização da coisa, pois tratam-se de obrigações que ainda
não são especificas, pois, o objeto só está determinado quanto ao género. Quanto a este
processo de individualização, por regra, a escolha cabe ao devedor art.539º, podendo,
ainda que por exceção, pode caber ao credor ou terceiro de acordo com o art.542º do CC,
ou seja, caso as partes o determinem, sendo que só é eficaz se for declarada ao devedor ou
ambas as parte. Tendo em conta que no caso concreto o processo de indivualização deu-se
aquando da separação dos 500 litros destinados ao Pedro, passar-se-á ao 2º processo que
temos de fazer nestas obrigações, ou seja, saber quando a obrigação se concentra, sendo
que por norma concentra-se com o cumprimento, ou seja, com a entrega da coisa. A
entrega dá lugar á transferência do direito de propriedade e assim como a transferência do
risco de perda ou deterioração da coisa, como exceção, temos as obrigações que se
concentram antes do cumprimento art.541º. No caso presente ainda não se tinha dado a
concentração pois só seria entregue aquando do pagamento da 6 prestação e Pedro só
tinha pago apenas a 1. A inutilização dos 500litros leva á concentração material da
obrigação pois o género extingue-se ficando apenas os 500litros necessários ao
cumprimento da obrigação, há, portanto, uma concentração material que leva á
concentração jurídica nos termos do art.541º. Diga-se, da interpretação do art.540º, que
enquanto a prestação for possível, mesmo que o vendedor tenha separado, no caso de
ainda ter a seu dispor a quantidade suficiente para cumprir a obrigação, este continua
obrigado a fazê-lo, ou seja, apesar da inutilização dos 500 litros destinados a Pedro, Joaquim
tem que cumprir com os restantes 500 litros da sua produção.
Há quem defenda, assim como Almeida Costa, que, aquando da via da inundação, o
vendedor deve avisar o comprador que o género se extinguiu ao ponto de se restar apenas
uma das coisas nele compreendidas e que esse facto origina a concentração da obrigação
que tem como efeito a transmissão da propriedade e do risco de perda ou perecimento,
posicionando-se assim de forma diversa e desde logo mais defensiva da posição do
comprador, ficando além do legalmente definido.

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