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Unidade 2. Responsabilidade Civil

A Unidade II do material aborda a responsabilidade civil, dividindo-a em contratual e extracontratual, conforme os artigos do Código Civil. A responsabilidade pode ser subjetiva, exigindo culpa, ou objetiva, onde a indenização é devida independentemente de culpa. Além disso, o texto discute os elementos da responsabilidade civil, incluindo conduta, nexo causal e dano, e classifica os danos em patrimoniais e morais.

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Unidade 2. Responsabilidade Civil

A Unidade II do material aborda a responsabilidade civil, dividindo-a em contratual e extracontratual, conforme os artigos do Código Civil. A responsabilidade pode ser subjetiva, exigindo culpa, ou objetiva, onde a indenização é devida independentemente de culpa. Além disso, o texto discute os elementos da responsabilidade civil, incluindo conduta, nexo causal e dano, e classifica os danos em patrimoniais e morais.

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UNIDADE II – RESPONSABILIDADE

CIVIL

Profª Roberta C. de M. Siqueira


Direito Civil – Contratos em Espécie

ATENÇÃO: Este material é meramente informativo e não


exaure a matéria. Foi retirado da bibliografia do curso
constante no seu Plano de Ensino. São necessários estudos
complementares. Mera orientação e roteiro para estudos.
2.1 NOÇÕES GERAIS

 Artigos 927 a 954 CC

 A divisão clássica da responsabilidade civil estabelece


que ela pode ser decorrente de:

▪ contrato (desobediência de regra estabelecida em um


contrato) – responsabilidade contratual;
▪ desrespeito a alguma regra normativa (violar direito,
por exemplo), sendo chamada de responsabilidade
extracontratual ou aquiliana.

2
 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL: nos casos de
não cumprimento de uma obrigação. Está estabelecida
em obrigações (artigos 389, 390 e 391 do Código
Civil).

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor


por perdas e danos, mais juros, atualização monetária e
honorários de advogado. (Redação dada pela Lei nº
14.905, de 2024)
Parágrafo único. Na hipótese de o índice de atualização
monetária não ter sido convencionado ou não estar
previsto em lei específica, será aplicada a variação do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
apurado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), ou do índice que vier a
substituí-lo. (Incluído pela Lei nº 14.905, de 2024)
3
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é
havido por inadimplente desde o dia em que
executou o ato de que se devia abster.

Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações


respondem todos os bens do devedor.

4
 RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL OU AQUILIANA:
é baseada na existência de um ato ilícito (artigo 186) e
no abuso de direito (artigo 187).

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito. (Vide ADI nº 7055) (Vide ADI nº 6792)
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.

A responsabilidade civil, tratada nos artigos 927 e


seguintes do Código Civil é a responsabilidade
extracontratual ou aquiliana. 5
 ATOJURÍDICO ILÍCITO (art. 186): violar direito e causar
dano.

A consequência da prática de ato ilícito é a obrigação


de indenizar, de acordo com os artigos 927 e seguintes
do CC.

 ABUSO DE DIREITO: artigo 187 do CC - é conhecida


como teoria dos atos emulativos. É aquele ato
praticado dentro do direito, sendo assim, lícito em seu
início. No entanto, o sujeito ABUSA de seu direito, dos
limites impostos pelos fins econômicos e sociais, da
boa-fé e dos bons costumes.
6
 Paraque o abuso de direito esteja configurado, é
importante que a conduta praticada pela pessoa
exceda um direito que possui. Assim, quando se
fala do artigo 187, não se analisa culpa, bastando
que a conduta da pessoa exceda os limites.

 Presente abuso de direito -> Responsabilidade


objetiva.

7
 Exemplos de abuso de direito:

▪ Publicidade abusiva no Direito do Consumidor – artigo


37, parágrafo segundo do CDC;
▪ Direito processual: abuso no processo – artigo 80 do
CPC;
▪ Direito das coisas: abuso do direito da propriedade - o
direito de vizinhança traz regras relativas ao uso nocivo
da propriedade, passagem forçada etc. Exemplo: artigo
1.228, parágrafo 2°: “São defesos os atos que não
trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar
outrem.”

8
2.2 ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

 Os elementos da responsabilidade civil são também


chamados de PRESSUPOSTOS do dever de indenizar. O
tema não é pacífico na doutrina.

 Para a responsabilidade SUBJETIVA (artigo 927,


“caput”), é necessária a configuração de quatro
elementos ou pressupostos de responsabilidade.
1 – Conduta humana;
2 – Culpa genérica ou “lato sensu”;
3 – Nexo causal e
4 – Dano.
9
 Se a responsabilidade for OBJETIVA (artigo 927,
parágrafo único, por exemplo), são necessários 3
elementos:
1 – Conduta humana;
2 – Nexo causal e
3 – Dano.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (Vide ADI
nº 7055) (Vide ADI nº 6792)
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem. 10
 CONDUTA HUMANA: Pode ser causada por uma ação
(conduta positiva) ou uma omissão (conduta negativa).

 Tais ações ou omissões poderão ser dolosas (com


intenção) ou culposas (sem intenção), ou seja com
imprudência, imperícia e negligência.

11
 CULPA GENÉRICA: a culpa somente é necessária
quando a responsabilidade for do tipo subjetiva. Pode
ser subdividida em dolo (intenção) e culpa em sentido
estrito (sem intenção, porém com imprudência,
negligência ou imperícia).

▪ DOLO: intenção do agente em causar dano.


Recebe, segundo a doutrina, o mesmo tratamento
da culpa gravíssima ou grave. No dolo o agente
quer a conduta e quer o resultado.

12
 CULPA “STRICTO SENSU”: não há a intenção de violar
um dever jurídico. O agente quis a conduta, mas não o
resultado. Há três modalidades de culpa:

▪ IMPRUDÊNCIA: ausência de cuidado + ação. Exemplo:


Dirigir veículo em alta velocidade.
▪ NEGLIGÊNCIA: falta de cuidado + omissão: Exemplo:
empregado que é colocado para trabalhar na empresa
sem treino. Empresa foi negligente.
▪ IMPERÍCIA: falta de qualificação para desempenhar
determinada função.

13
 NEXO DE CAUSALIDADE: elemento que coloca em
conjunto a relação de causa e efeito entre a conduta e
o dano suportado por alguém. É uma ligação entre
conduta e dano.

 Para a doutrina, o nexo causal seria formado:


▪ Na responsabilidade subjetiva: seria formado pela culpa
genérica.
▪ Na responsabilidade objetiva: seria formado pela
conduta, cumulada com a previsão legal de
responsabilidade objetiva ou pela atividade de risco
(artigo 927, parágrafo único do CC).

14
 Teoria da causalidade adequada: na presença de
diversas causas, se identifica qual que,
potencialmente, gerou o evento danoso. Somente o
fato danoso gera a responsabilidade civil. Ganha relevo
aqui as causas, o grau de culpa dos envolvidos, os fatos
concorrentes. Esta teoria está consagrada nos artigos
944 e 945 do CC, sendo a que prevalece na nossa
doutrina.

▪ Obs.: Causalidade alternativa: quando há um grupo e


não se consegue identificar qual pessoa do grupo causou
dano a outra pessoa. Então o grupo responde.

15
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do
dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização.

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente


para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em
confronto com a do autor do dano.

16
▪ Exemplo: artigo 938 quando o condomínio responde por
um objeto lançado ou caído de um prédio, se não for
possível identificar de onde caiu o objeto.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele,


responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

 Teoria do dano direto e imediato: está no artigo 403 do CC,


quando trata das perdas e danos.

Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do


devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos
efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
17
 Excludentes do nexo de causalidade:

▪ culpa exclusiva ou fato exclusivo da vítima;


▪ culpa exclusiva ou fato exclusivo de terceiro;
▪ caso fortuito e força maior: caso fortuito seria o evento
imprevisível decorrente de ato humano ou natureza. Já
força maior seria evento previsível, porém inevitável,
também decorrentes de ato humano ou natureza. No
entanto, a doutrina não é unânime com relação aos
conceitos e muitos autores usam ambos como
sinônimos.

18
 Asexcludentes de responsabilidade servem tanto para
a responsabilidade objetiva como para a subjetiva.

 Em alguns casos, a responsabilidade civil é agravada,


por determinação de lei. Ex.: contrato de transporte,
em que a responsabilidade do transportador não é
afastada por culpa ou fato exclusivo de terceiro (artigo
735 do CC).

Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador


por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de
terceiro, contra o qual tem ação regressiva.

19
O enunciado 443 das Jornadas de Direito Civil informa
que o caso fortuito e a força maior somente serão
consideradas como excludentes da responsabilidade
civil quando o fato gerador do dano NÃO FOR CONEXO
com a atividade desenvolvida.

Súmula 479, STJ: As instituições financeiras respondem


objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias.

▪ FORTUITO EXTERNO: Rompe nexo causal → não há


dever de indenizar.
▪ FORTUITO INTERNO (inerente à atividade): não rompe
nexo causal → dever de indenizar. 20
 DANO: a doutrina divide, tradicionalmente os danos
em:

1 - Danos clássicos ou tradicionais: materiais e morais


2 - Danos novos ou contemporâneos: danos estéticos, danos
morais coletivos, danos sociais e danos por perda de uma
chance.

 Na Súmula 37 do STJ (1992) já se falava na


possibilidade de cumulação de danos morais com danos
materiais.

 Em2009, o STJ editou a Súmula 387, permitindo a


cumulação de danos estéticos e morais. 21
 DANOS PATRIMONIAIS OU MATERIAIS: constituem
prejuízos ou perdas materiais que a pessoa sofreu.
Podem ser danos emergentes/positivos ou lucros
cessantes ou negativos.

▪ EMERGENTES OU POSITIVOS: o que efetivamente se


perdeu. Exemplo: artigo 948, I do CC, para o caso de
homicídio, em que familiares deverão ser reembolsados
pelas despesas do funeral, etc.

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem


excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima,
seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os
devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima. 22
▪ LUCROS CESSANTES/NEGATIVOS: o que razoavelmente
se deixou de lucrar. Exemplo: taxista que pleiteia lucros
cessantes pela batida em seu carro.

 DANOS MORAIS: Previsão na CF, artigo 5°, V e X. Os danos


morais são aqueles que lesam os direitos da personalidade
(artigo 11 – 21 do CC). No dano moral há uma compensação
pelos danos suportados.

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os


direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária.

23
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o
juiz, a requerimento do interessado, adotará as
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815)

CF/88 art. 5°.


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral ou
à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

 Importante destacar que, além da compensação em


dinheiro, também é possível uma compensação “in natura”
para os danos morais, como retratação pública ou outro
meio. 24
 Classificação dos danos morais:

 Quanto ao sentido:

DANO MORAL EM SENTIDO PRÓPRIO: aquilo que a


pessoa sente, causando a ela dor, tristeza,
humilhação etc.

DANO MORAL EM SENTIDO IMPRÓPRIO: não necessita


de prova do sofrimento para sua caracterização. A
simples ofensa ao direito da personalidade, já seria
suficiente para a configuração de dano moral.

25
 Quanto à necessidade de prova:

DANO MORAL PROVADO OU SUBJETIVO: é a regra


geral, necessita ser comprovado pelo autor do
processo.

DANO MORAL OBJETIVO OU PRESUMIDO (in re ipsa):


não necessita de prova. São exemplos: morte de
pessoa da família, lesão estética, lesão a direito
fundamental, uso indevido de imagens para fins
lucrativos.

26
 Quanto à pessoa atingida:

DANO MORAL DIRETO: aquele que atinge a própria


pessoa em sua honra subjetiva (autoestima) ou
objetiva (repercussão social).

DANO MORAL INDIRETO ou EM RICOCHETE: atinge a


pessoa de forma reflexa, como nos casos de morte de
um familiar. São exemplos: lesão à personalidade do
morto, perda de um animal de estimação.

27
 Algumas súmulas relacionadas ao tópico:

▪ Súmula 388 STJ: A simples devolução indevida de


cheque caracteriza dano moral.

▪ Súmula 403 STJ: Independe de prova do prejuízo a


indenização pela publicação não autorizada de imagem
de pessoa com fins econômicos ou comerciais

▪ Súmula 642 STJ: O direito à indenização por danos


morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para
ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.

28
 DANOS MORAIS EM PESSOA JURÍDICA: o artigo 52 do
CC informa que a proteção dos direitos da
personalidade, no que couber, também é aplicável
para as pessoas jurídicas.

▪ Súmula 227 do STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano


moral. Assim, os direitos da personalidade não são
exclusivos da pessoa humana.

A pessoa jurídica não tem honra subjetiva, e sim


OBJETIVA (consequência social da honra).

29
 Súmula 385 STF: Da anotação irregular em cadastro de
proteção ao crédito, não cabe indenização por dano
moral, quando preexistente legítima inscrição,
ressalvado o direito ao cancelamento.

 Súmula 498 STF: Não incide imposto de renda sobre a


indenização por danos morais.

 Súmula 326 STJ: Na ação de indenização por dano


moral, a condenação em montante inferior ao
postulado na inicial não implica sucumbência
recíproca

30
 Danos estéticos: O dano estético vem sendo entendido
como uma categoria autônoma, que difere do dano
moral e do dano material. Assim, queimaduras,
amputações etc. são exemplos de danos estéticos e
que são tutelados pelos tribunais. Importante lembrar
que não há no Código Civil dispositivo legal que fale
sobre dano estético. Contudo, há a Súmula 387 do STJ
que permite a cumulação com danos morais: "É lícita a
cumulação das indenizações de dano estético e dano
moral.

 Danos morais coletivos: Ainda bastante debatido na


jurisprudência e doutrina, e seria o dano que atinge,
ao mesmo tempo, direitos da personalidade de pessoas
determinadas ou determináveis (possível de
identificação).
31
 DANOS SOCIAIS: causa danos à sociedade, tanto por
rebaixamento moral, quanto por diminuição a
qualidade de vida. Há um caso emblemático, julgado
pelo TJ-RS, que condenou por fraude a empresa que
oferecia o “Toto bola”.

 DANOS POR PERDA DE UMA CHANCE: ocorre quando


uma pessoa vê frustrada uma expectativa futura e
que, se não houvesse a “perda de uma chance” tal
expectativa teria se confirmado.

32
 Entendea doutrina que haveria a perda de uma chance
quando a probabilidade de oportunidade for maior que
50%.

 Um exemplo é o advogado que perde prazos na esfera


judicial. Ela pode ser verificada em especial em
circunstâncias médicas/advocatícias, etc.

 Nãohá previsão na lei sobre a perda de uma chance,


mas ela é aplicada por nossos Tribunais.

33
2.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA E
SUBJETIVA

 A responsabilidade civil subjetiva é baseada na


“teoria da culpa”, já que é necessária a verificação
de culpa, para que se possa configurar tal requisito.

 Para a verificação da responsabilidade civil subjetiva


é necessário: conduta humana, culpa, nexo causal e
dano (artigo 927 “caput” do CC):

“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
34
 A responsabilidade objetiva está consagrada no
parágrafo único do artigo 927:

Art. 927.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

 Para sua configuração são necessários: conduta


humana, nexo causal e dano.

35
Ébaseada na TEORIA DO RISCO, sendo que há várias
modalidades da teoria:

▪ Teoria do risco administrativo: art. 37, parágrafo 6° da


CF. É usado no caso de responsabilidade objetiva do
Estado.
▪ Teoria do risco da atividade: art. 927, parágrafo único,
segunda parte.
▪ Teoria do risco-proveito: risco decorre de uma atividade
lucrativa.
▪ Teoria do risco integral: não há excludente, como
algumas situações de danos ambientais.

36
 Deacordo com o CC, haverá responsabilidade objetiva
nas situações:

▪ Nos casos expressos em lei:

▪ Abuso de direito (art. 187);


▪ Por fato de terceiro (artigo 932/933/934);
▪ Por fato de animal (artigo 936);
▪ Pela ruína de edifício ou construção (artigo 937);
▪ Por objeto caídos ou lançados de prédio (artigo 938).

37
▪ Nos casos em que o causador do dano realiza uma
atividade de risco. A ideia é que o risco apresentado
seja excepcional, acima da normalidade.

▪ Ex.: motorista de cargas perigosas, de valores,


motoboy, trabalhador na construção civil etc.

38
 RESPONSABILIDADECIVIL POR ATOS DE TERCEIROS OU
RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA

▪ Artigo 932:
▪ Pais, por filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;
▪ O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados,
que se acharem nas mesmas condições;
▪ O empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;

39
▪ Importante lembrar que não é necessário que haja
vínculo empregatício.
▪ Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus
hóspedes, moradores e educandos.
▪ Este é o caso do hóspede que CAUSA danos a
terceiros.
▪ Os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia.

40
 O artigo 933 do CC prevê expressamente que a
responsabilidade é OBJETIVA - os terceiros serão
responsabilizados, ainda que não HAJA CULPA por parte
deles.

 A jurisprudência e a doutrina entendem que, quando há


aplicação do CC, para que haja a condenação dos pais, é
necessária a comprovação da culpa dos filhos.

 Para que tutores e curadores sejam responsabilizados, é


necessária a comprovação de culpa dos
tutelados/curatelados. O mesmo ocorre com
empregador/empregado, etc.

41
 De acordo com o artigo 934 se o empregador, por
exemplo, pagar a indenização, terá direito de Regresso
contra o empregado que causou o dano. Há uma
exceção: relações entre ascendentes e descendentes
incapazes não haverá direito de regresso.

 Um ponto muito importante diz respeito à


solidariedade entre todos os sujeitos do artigo 942, já
que o parágrafo único informa que são solidariamente
responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas
designadas no artigo 932.

42
 RESPONSABILIDADE DO INCAPAZ → artigo 928 do CC: a
responsabilidade do incapaz é subsidiária.

 Assim, primeiro respondem os responsáveis pelo


incapaz. Se estas pessoas não tiverem condições
financeiras ou não forem obrigadas a tanto, então se
irá responsabilizar o incapaz.

 Mesmo assim a indenização deverá ser equitativa e se


privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do
seu sustento, então tal indenização não terá lugar.

43
 Parágrafo único do 942 - ainda há discussões que
tratam sobre a responsabilidade do incapaz ser ou não
subsidiária. No entanto, a jurisprudência e a
doutrina dizem que sim, em decorrência do artigo 928,
ela será SUBSIDIÁRIA, não tendo aplicação o parágrafo
único do artigo 942.

 RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE ANIMAL: art. 936


do CC – o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o
dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.

▪ Há somente duas excludentes nas quais o dono/detentor


não será responsabilizado: culpa da vítima e força
maior. 44
 RESPONSABILIDADE CIVIL DO DONO DE EDIFÍCIO OU
CONSTRUÇÃO PELA SUA RUÍNA: responde pelos danos
que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta
de reparos, cuja necessidade fosse manifesta,
consoante artigo 937 do CC.

▪ Para que haja a configuração, é necessário se


estabelecer que o imóvel necessitava de reparos de
forma manifesta. A responsabilidade é do dono do
edifício ou da construção (construtora, por exemplo).

45
 RESPONSABILIDADE POR OBJETOS CAÍDOS OU
LANÇADOS DO PRÉDIO (DEFENESTRAMENTO): art. 938
do CC - aquele que habitar prédio, ou parte dele,
responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

A responsabilidade é de quem HABITA o prédio. Caso


não se saiba de onde partiu o objeto caído ou lançado,
os tribunais têm entendido pela responsabilização do
condomínio que, após (e caso) identificado o
responsável, poderá ajuizar regresso contra o ofensor.

46
 RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL – art. 935 do CC -
a responsabilidade civil é independente da criminal,
não se podendo questionar mais sobre a existência do
fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal.

 Se no criminal foi decidido sobre existência de fato


e/ou autoria, então haverá dependência entre as
esferas cível e criminal e não se pode mais discutir, no
cível , o que foi decidido no penal.

47
 Excludentes do dever de indenizar: Art. 188 e arts. 929
e 930 do CC

▪ O artigo 188 do CC traz situações que não configuram


atos ilícitos. São elas: legítima defesa, exercício regular
de um direito e estado de necessidade.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular
de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.
48
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no
caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do
perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do
prejuízo que sofreram.

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo


ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o
autor do dano ação regressiva para haver a
importância que tiver ressarcido ao lesado.

49
 RESPONSABILIDADE POR DEMANDA DE DÍVIDA - artigos 939 –
941 do CC - se o autor desistir da ação antes da
contestação, as punições dos artigos 939 e 940 não serão
aplicadas.

Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida


a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará
obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a
descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a
pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo
ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir
mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor,
no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no
segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver
prescrição.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se
aplicarão quando o autor desistir da ação antes de contestada
a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum
prejuízo que prove ter sofrido.
50
 RESPONSABILIDADE EM CASO DE MORTE DE AUTOR OU
VÍTIMA - art. 943 do CC: o direito de exigir reparação e
a obrigação de prestá-la transmitem-se com a
herança.

 Assim, se em uma dívida contratual, morrendo o


credor, por exemplo, o direito de cobrar se transmite
aos seus herdeiros, o mesmo ocorre em uma dívida que
deriva de uma relação extracontratual.

 Tanto os herdeiros do credor de uma obrigação


extracontratual poderão demandar contra o ofensor,
como os herdeiros do ofensor poderão ser
demandados, até o limite do que lhes foi deixado por
herança.
51
 Súmula 642 STJ: "O direito à indenização por danos
morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa
para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória".

52
 INDENIZAÇÃO

▪ Artigos 944 até 954 do CC.

▪ Segundo o artigo 944 a indenização mede-se pela


extensão do dano. Assim, quem estiver obrigado a
reparar o dano causado deverá fazê-lo.

▪ O obrigado deve satisfazer integralmente os deveres


resultantes de sua ofensa. A indenização, sempre que
possível, deverá recolocar a vítima na posição anterior,
a compensando pelos danos sofridos.

53
O que mede a indenização é o dano, e não a culpa.
Mesmo em casos de culpa levíssima, teremos a
responsabilização do ofensor, se ele causou dano a
outra pessoa.

 Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da


culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.

 Art. 945 - culpa concorrente: se a vítima tiver


concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade
de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
54
 Em algumas situações, a vítima também é
parcialmente culpada pelo evento, juntamente com o
ofensor.

 Será verificada a participação da vítima para o evento


danoso a fim de mensurar a quem toca contribuir com
cota maior ou menor de indenização.

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