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Lina LALP

O documento aborda a emergência da literatura moçambicana, destacando sua evolução desde as tradições orais até a contemporaneidade, e analisa a contribuição de autores como José Craveirinha, Noémia de Sousa e Rui de Noronha. A literatura é apresentada como um reflexo das mudanças sociais e históricas do país, com ênfase na luta pela identidade e liberdade durante o colonialismo. O trabalho também discute a importância da literatura política e de combate na mobilização da população moçambicana durante a luta pela independência.

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O documento aborda a emergência da literatura moçambicana, destacando sua evolução desde as tradições orais até a contemporaneidade, e analisa a contribuição de autores como José Craveirinha, Noémia de Sousa e Rui de Noronha. A literatura é apresentada como um reflexo das mudanças sociais e históricas do país, com ênfase na luta pela identidade e liberdade durante o colonialismo. O trabalho também discute a importância da literatura política e de combate na mobilização da população moçambicana durante a luta pela independência.

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:

A emergencia da literatura mocambicana


Lina Joao Manhica
Código: 708226284

Curso: Licenciatura em Ensino de Língua


Portuguesa
Disciplina: : LALP
Ano de Frequência: 3º
Turma: H

Maputo,Setembro, 2024

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problema)
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ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
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Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência /
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Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área de
estudo
2.0
 Exploração dos dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
práticos
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Aspectos gerais Formatação tamanho de letra, 1.0
paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª
Referências  Rigor e coerência das
edição em citações 4.0
Bibliográficas citações/referências
e bibliografia
bibliográficas

Folha para recomendações de melhoria:

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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 5

1.1. Objectivo Geral .................................................................................................................... 5

1.1.1. Objectivos Específicos ..................................................................................................... 5

1.2. Metodologia ......................................................................................................................... 5

2. A literatura ............................................................................................................................... 6

2.1. Surgimento da Literatura Moçambicana .............................................................................. 6

2.2. Literatura politica e de combate ........................................................................................... 7

3. O papel de José Craveirinha, Noémia de Sousa e Rui de Noronha, na formação da Literatura


Moçambicana .................................................................................................................................. 8

3.1. O papel de José Craveirinha ................................................................................................ 8

3.2 O papel de Noémia de Sousa ................................................................................................... 9

3.3 Papel de Rui de Noronha ........................................................................................................ 10

4. Periodização da literatura moçambicana ............................................................................... 11

2º período ...................................................................................................................................... 11

O 3º período .................................................................................................................................. 12

O 4º período .................................................................................................................................. 12

O 5º período .................................................................................................................................. 13

5. Conclusão .............................................................................................................................. 14

6. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 15

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1. Introdução
Neste prsesente trabalho de pesquisa de cadeira de LALP iremos abordar questoes inerentes que
diz respeito à emergencia da literatura mocambicana. A literatura moçambicana reflete a rica
diversidade cultural, social e histórica de Moçambique, emergindo como uma forma poderosa de
expressão e preservação da identidade nacional. Este trabalho visa explorar a cronologia da
literatura moçambicana desde as suas origens até os dias atuais, oferecendo uma análise detalhada
dos seus principais períodos e características.

A literatura moçambicana é um espelho das mudanças históricas e sociais que o país atravessou
ao longo dos séculos. Desde as suas raízes em tradições orais até as formas literárias modernas,
ela continua a evoluir, refletindo e moldando a identidade de Moçambique. A análise cronológica
dos seus períodos literários revela uma rica tapeçaria de vozes que documentam as experiências,
desafios e aspirações do povo moçambicano.

1.1.Objectivo Geral
 Conhecer o quadro cronológico da literatura moçambicana, das origens aos nossos dias.

1.1.1. Objectivos Específicos


 Dar o conceito de literatura de Moçambique;
 Identificar os períodos literários da literatura moçambicana;
 Caracterizar os períodos da literatura moçambicana.
O trabalho está organizado da seguinte forma introdução onde são abordados os objectivos do
trabalho; A literatura; O período colonial; A litrearura mocambicana no periodo de Independência;
A literatura moçambicana após a independência; A literatura contemporânea moçambicana por
fim conclusão e, bibliografia.

1.2.Metodologia
Para a materialização deste trabalho recorreu-se ao método de pesquisa bibliográfica aquela
baseada na análise da literatura já publicada em forma de livros, artigos e literatura (teses,
dissertações, monografias, relatórios, etc.) tal como sugere (Gil, 2008).

Palavra-chave: literatura, períodos

5
2. A literatura
A literatura é uma das manifestações artísticas do ser humano, ao lado da música, dança, teatro,
escultura, arquitetura, dentre outras. Ela representa comunicação, linguagem e criatividade, sendo
considerada a arte das palavras. A literatura é mais complexa e etérea: forma, junto à obra e à
linguagem, um triângulo cujo interior de uma brancura essencial questiona o próprio conceito de
literatura – esse branco é o que mais se aproxima daquilo que chega às nossas mãos e à nossa
inteligência classificado como literatura.

Comforme Foucault (2005) saliteita que: a literatura não é o fato de uma linguagem se transformar
em obra, nem o fato de uma obra ser fabricada com a linguagem; a literatura é um terceiro ponto,
diferente da linguagem e da obra, exterior à linha reta entre a obra e a linguagem, que, por isso,
desenha um espaço vazio, uma brancura essencial onde nasce a questão “O que é literatura?”,
brancura essencial que, na verdade, é essa própria questão. Por isso, a questão não se superpõe à
literatura, não se acrescenta a ela por obra de uma consciência crítica suplementar: ela é o próprio
ser da literatura originariamente despedaçada e fraturada (p. 141).

2.1.Surgimento da Literatura Moçambicana


Segundo Laranjeira (1992), o mais importante a destacar na imprensa da época é, O Brado
Africano (1918) dos irmãos José e João Albasini, de orientação para temas das populações locais,
em que se reúnem os autores como Rui de Noronha, Fonseca Amaral ou Virgílio Lemos. João
Albasini é também autor de uma obra fundacional na poesia moçambicana, O Livro da Dor (1925).
Por outro lado, os primórdios da ficção devem-se a João Dias com Godido (1952).

O autor acima afirma também que, nos inícios do século XX escreve também Rui de Noronha
(Sonetos, 1946, postumamente). Mais tarde surgem as revistas Itinerário (1941–1955) e,
sobretudo, Msaho (1952), preocupada com a “moçambicanidade”, com número único, em cujas
páginas foi publicado o que era essencial na poesia da época.

Neste período, antes da independência, há pelo menos três poetas que devem ser salientados:
Noémia de Sousa (Sangue Negro), José Craveirinha, o “poeta nacional”, com obra nos jornais,
revistas e gavetas (Xigubo, 1964, Karingana ua Karingana, 1974, Cela 1, 1980, e Maria, 1988) e
Rui Knopfli (Mangas Verdes com Sal, 1969).

6
Ainda nesta senda, Laranjeira (1992) sublinha que, na prosa destaca-se Luís Bernardo Honwana
(Nós Matámos o Cão Tinhoso, 1964) e Orlando Mendes, o autor do primeiro romance
moçambicano (Portagem, 1966). Em 1971–1972 saem ainda os cadernos Caliban sob a direcção
de António Quadros, Eugénio Lisboa e Rui Knopfli, de carácter cosmopolita, não vinculado à luta
pela libertação, onde são publicados autores portugueses ao lado de moçambicanos.

Após a independência, aparece a revista Charrua (1984), em que se revelam os novos autores como
Ungulani Ba Ka Khosa, e Gazeta de Artes e Letras (da revista Tempo), dirigida por Luís Carlos
Patraquim, um dos maiores nomes da poesia contemporânea (Monção, 1980). Entre os autores
contemporâneos, mundialmente conhecidos e traduzidos, destacam-se Mia Couto e Paulina
Chiziane.

2.2.Literatura politica e de combate


Ferreira (1976) afirma que, a literatura política e de combate em Moçambique surgiu no contexto
da luta pela independência do país, que durou de 1964 a 1974. Esse movimento literário teve como
principal objectivo mobilizar a população para a luta contra o colonialismo português e reivindicar
a afirmação da identidade moçambicana.

O nacionalismo e a moçambicanidade foram temas centrais dessa literatura. Os escritores e poetas


procuraram destacar a cultura e as tradições do povo moçambicano, evidenciando a sua
diversidade e riqueza, ao mesmo tempo em que denunciavam a exploração e a opressão imposta
pelo colonialismo português.

Um exemplo dessa preocupação com a afirmação da identidade moçambicana pode ser visto no
poema “Identidade”, de José Craveirinha em que o autor ressalta a importância da cultura e da
língua moçambicanas como elementos fundamentais da identidade do povo do país.

Para Laranjeira (1992), Outro importante escritor da literatura de combate em Moçambique foi
Luís Bernardo Honwana, que em seu livro “Nós Matámos o Cão Tinhoso”, retracta a vida das
populações rurais moçambicanas sob o domínio colonial. O livro evidencia a luta pela
sobrevivência em um contexto de opressão e exploração, destacando a resistência e a força do
povo moçambicano.

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Noémia de Sousa, por sua vez, foi uma importante poetisa e jornalista que se destacou por seus
poemas de cunho político e social. Em sua poesia, ela denuncia a exploração e a opressão imposta
pelo colonialismo português, evidenciando a importância da luta pela liberdade e pela igualdade
de direitos. Em seu poema “A África Chora”, Noémia de Sousa retracta a dor e o sofrimento do
povo africano diante das injustiças e das violências cometidas pelo colonialismo.

3. O papel de José Craveirinha, Noémia de Sousa e Rui de Noronha, na formação da


Literatura Moçambicana
José Craveirinha, Noémia de Sousa e Rui de Noronha desempenharam importantes papeis na
formação da literatura Moçambicana. Abaixo faz-se uma breve análise sobre o papel de cada um
deles.

3.1.O papel de José Craveirinha


Segundo Lopes (2002), José Craveirinha é considerado um dos principais escritores
moçambicanos e teve um papel fundamental na formação da literatura do país. Como poeta,
contista e jornalista, Craveirinha destacou-se pela sua preocupação com as questões sociais e
políticas de Moçambique, evidenciando a luta do povo moçambicano contra o colonialismo
português.

Uma das principais contribuições de Craveirinha foi a sua colaboração no “O Brado africano”
fundano pelos irmãos Albasine. O Brado Africano foi uma importante plataforma para a
divulgação da literatura moçambicana e africana em geral. A revista foi lançada em 1948 e se
tornou um espaço de resistência cultural e política, onde escritores e intelectuais moçambicanos
puderam expressar suas ideias e denunciar as injustiças do colonialismo.

Além disso, Craveirinha é conhecido por ter introduzido a poesia moderna em Moçambique,
influenciando gerações de poetas que vieram depois dele. Sua poesia, que muitas vezes aborda
temas como a identidade moçambicana, a luta pela liberdade e a injustiça social, trouxe uma nova
sensibilidade à literatura do país e ajudou a definir uma estética literária própria.

Outra importante contribuição de Craveirinha para a literatura moçambicana foi a sua preocupação
com a língua portuguesa como ferramenta de expressão literária. Craveirinha acreditava que a
literatura moçambicana deveria ser escrita em português, mas que os escritores deveriam buscar

8
uma linguagem que fosse ao mesmo tempo acessível ao público e rica em elementos culturais
moçambicanos.

Em sua obra, Craveirinha evidencia uma profunda conexão com a cultura e a história do povo
moçambicano, e sua poesia é permeada de elementos simbólicos e referências a tradições orais.
Seu trabalho abriu caminho para uma nova geração de escritores e poetas que vieram depois dele
e que se inspiraram em sua visão de uma literatura moçambicana comprometida com a luta pela
liberdade e a afirmação da identidade do país.

Em resumo, o papel de José Craveirinha na formação da literatura moçambicana foi fundamental,


tanto por sua actuação como editor e divulgador da literatura do país, quanto por sua contribuição
como poeta e defensor de uma linguagem literária acessível e rica em elementos culturais
moçambicanos. Sua obra e visão literária influenciaram profundamente a literatura de
Moçambique e continuam a inspirar novas gerações de escritores e poetas.

3.2 O papel de Noémia de Sousa


Noémia de Sousa foi uma importante figura na formação da literatura moçambicana,
especialmente por seu trabalho como poeta, jornalista e activista. Como muitos escritores da época,
Noémia de Sousa buscou abordar em sua obra questões sociais e políticas que afectavam o povo
moçambicano durante o período colonial.

Para Leite (2005), uma das principais contribuições de Noémia de Sousa para a literatura
moçambicana foi sua poesia, que foi considerada inovadora e revolucionária em seu tempo. Sua
obra, “Sangue Negro” aborda temas como a luta pela libertação, a opressão colonial e a afirmação
da identidade negra moçambicana.

Além disso, Noémia de Sousa foi uma das primeiras escritoras moçambicanas a utilizar a língua
portuguesa de forma consciente e crítica, buscando subverter a linguagem dominante e torná-la
mais acessível ao público moçambicano. Em sua poesia, ela frequentemente incorporou elementos
da cultura moçambicana, como provérbios, cantigas e mitos, e fez uso da língua ronga, uma das
línguas nativas de Moçambique.

Outra importante contribuição de Noémia de Sousa foi a sua actuação como jornalista e activista
político. Ao longo de sua carreira, Noémia de Sousa desafiou as normas literárias e culturais da
época, utilizando a poesia como uma forma de resistência e afirmação da identidade moçambicana.

9
Sua obra e actuação política inspiraram gerações de escritores e activistas e ajudaram a definir uma
estética literária própria para Moçambique (Leite, 2005).

3.3 Papel de Rui de Noronha


Rui de Noronha, nascido em 1909 em Moçambique, foi uma das figuras mais importantes na
formação da literatura moçambicana, particularmente na poesia. A sua obra é uma referência
incontornável para a literatura moçambicana e lusófona e é considerada uma expressão singular
da poesia africana em língua portuguesa.

Segundo Ferreira (1976), Rui de Noronha, como muitos escritores da sua geração, lutou contra o
colonialismo português e procurou afirmar a sua identidade moçambicana através da literatura. A
sua obra poética revela uma sensibilidade muito apurada para as tradições e a cultura
moçambicana, ao mesmo tempo que denuncia a exploração colonial e a opressão racial.

Na poesia de Rui de Noronha, é frequente encontrar uma forte crítica social e uma denúncia da
exploração do povo moçambicano pelo colonizador. A sua poesia também destaca o orgulho na
cultura africana e a luta pela libertação dos povos africanos. Como afirmou o próprio Rui de
Noronha, a sua poesia tinha como objectivo “criar um sentimento de moçambicanidade, que não
significasse o antagonismo racial ou o isolamento, mas a compreensão e o amor pela terra e pelo
povo moçambicano”, Laranjeira (1992).

Em resumo, o papel de Rui de Noronha na formação da literatura moçambicana foi fundamental,


sobretudo pela sua poesia inovadora e crítica, que se tornou uma referência para a literatura
africana de língua portuguesa.

Em suma, a literatura moçambicana é um importante património cultural, que reflecte a história e


as lutas do povo de Moçambique. A literatura política e de combate desempenhou um papel
fundamental na luta pela independência e na construção da identidade nacional, ao expressar as
aspirações e os desafios enfrentados pelo país. Ao longo deste trabalho, foi possível compreender
como José Craveirinha, Noémia de Sousa e Rui de Noronha são algumas das figuras mais
proeminentes na formação da literatura moçambicana e como suas obras literárias e seus
engajamentos políticos e sociais foram fundamentais para a construção da identidade nacional e
da moçambicanidade.

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4. Periodização da literatura moçambicana
Periodização é a classificação de uma língua em períodos, segundo características estruturais que
perduram durante certo tempo. Por vezes, a periodização se faz por século, classificando os
períodos, por exemplo: em Quinhentista, Setecentista, etc. (FERREIRA: 2004).

Em termos mais simplistas diria que falar de periodização, é debruçar-se sobre as “balizas
cronológicas” (tão simples quanto isso). A literatura moçambicana situa-se fundamentalmente em
cinco períodos? (que fique bem claro que esta divisão está baseada na abordagem de Pires
Laranjeira, podendo assim existir autores com abordagens diferentes desta, o que é cientificamente
natural que aconteça!): Talvez sim, talvez não…mas enfim, no que concerne ao 1º Período
(insipiência), que inicia com a permanência dos portugueses até 1924.

Diz-se período de insipiência devido à, é bom que se diga, aparente inexistência de produção
literária, cenário que se modifica com a introdução do prelo (antigo material tipográfico, para
impressão de textos) no ano de 1854.

2º período
O 2º período (prelúdio), vai da publicação de “O livro da dor” de João Albasini (1925) até o fim
da II guerra mundial, incluindo, além desta obra, os poemas dispersos de Rui de Noronha nos anos
30, depois publicados, postumamente, em livro com o título Sonetos (1946) por ter sido o género
mais cultivado por ele.

Nota-se neste autor, uma inovação, pelo facto de, pela primeira vez, um autor expressar-se “sem
papas na língua” sobre os problemas do africano (moçambicano) para o africano. Tenhamos como
exemplo o poema “Surge et ambula” e “Carregadores”. Entretanto, Rui de Noronha, também se
plasmou em formas mais libertas de constrangimentos e versou temas relacionados com tradições
nativas de Moçambique, como no caso do celebrado poema «Quenguelequêzê». Nota-se também
a inversão de certa mitologia propagandística da história colonial que Rui de Noronha operou
poeticamente, desfazendo a versão de um Mouzinho de Albuquerque como herói destemido e de
um Ngungunhane, imperador, derrotado, dominado e humilhado (porém, alguns autores afirmam
não ser este o início duma literatura moçambicana propriamente dita).

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O 3º período
O 3º período (Formação), vai de 1945/48 a 1963, caracteriza-se pela intensa formação da literatura
moçambicana. Pela primeira vez, uma consciência grupal instala-se no seio dos escritores, tocados
pelo Neo-realismo que já se fazia sentir em Portugal e, a partir dos primeiros anos de 1950, pela
Negritude.

É neste período que, Noémia de Sousa escreve os seus poemas (conhecidos até hoje) entre 1948 e
51, ainda sem conhecer a Negritude francófona, mas estando a par dos negrismos americanos. Em
1951, propagou-se o seu livro “Sangue negro”, formado por 43 poemas (mais um do que noutra
versão posterior).

Destaca-se também, neste período, o jornal cultural Msaho (1952, n.° único), proibido pela
censura, destinava-se, como o título indicia, ao compromisso investigatório e solidário com a
cultura ancestral e popular. A década de 50, sendo a de movimentos grupais, viu surgir, desde
logo, a publicação de textos, exclusivamente poéticos, em selecções e antologias. Poesia em
Moçambique (1951), organizada por Luís Polanah, com um prólogo de Orlando de Albuquerque
e Vítor Evaristo, saída em Lisboa.

José Craveirinha sobressai, nesta década, junto de Noémia de Sousa, Rui Nogar, Rui Knopfli,
Virgílio de Lemos, Rui Guerra, Fonseca Amaral, Orlando Mendes, entre outros.

O 4º período
O 4º período (Desenvolvimento), prolonga-se desde 1964 até 1975, o que significa que, está entre
o início da luta armada de libertação nacional e a independência do país (a publicação de livros
fundamentais coincide com estas datas políticas). Diz-se Desenvolvimento, pois, caracteriza-se
pela coexistência de uma intensa actividade cultural e literária nas zonas suburbanas, apresentando
textos de cariz não explícita e marcadamente político e que tematizavam a luta armada., pois,
caracteriza-se pela coexistência de uma intensa actividade cultural e literária nas zonas suburbanas,
apresentando textos de cariz não explícita e marcadamente político e que tematizavam a luta
armada.

Em 1964, Luís Bernardo Honwana publica “Nós matámos o cão-tinhoso”, um conjunto de contos
que finalmente emancipa a narrativa em relação à preponderância da poesia. Nesse mesmo ano,
sai, em Lisboa, o livro “Chigubo”. Depois, até à independência, aparece aquele que tem sido

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apresentado como o primeiro romance moçambicano, “Portagem” (1966), de Orlando Mendes, os
três números da revista “Caliban”, em 1971, justamente quando a FRELIMO editava um primeiro
volume de Poesia de combate, para, já em 1974, surgir, então, o Karingana ua karingana, de José
Craveirinha, uma recolha de poemas escritos a partir de 1945.

O 5º período
O 5º período (consolidação), entre 1975 e 1992, é tido como período de Consolidação, por
finalmente passar a não haver dúvidas quanto à autonomia e extensão da literatura moçambicana.
Após a independência, durante algum tempo (1975-1982), assistiu-se sobretudo à divulgação de
textos que tinham ficado dispersos. O livro típico, até pelo título sugestivo, foi “Silêncio
escancarado” (1982), de Rui Nogar (1935-1993), aliás o primeiro e único que publicou em vida.
Outro tipo de textos é o de exaltação patriótica, do culto dos heróis da luta de libertação nacional
e de temas marcadamente doutrinários, militantes ou empenhados, no tempo da independência.

Publicação dos poemas de “Raiz de orvalho”, de Mia Couto (em 1983) e sobretudo da
revista Charrua (a partir de 1984, com oito números), da responsabilidade de uma nova geração
de escritores (Ungulani Ba Ka Khosa, Hélder Muteia, Pedro Chissano, Juvenal Bucuane e outros),
abriu novas perspectivas fora da literatura empenhada, permitindo-lhes caminhos até aí
impensáveis, de que o culminar foi o livro de contos Vozes anoitecidas (1986), de Mia Couto,
considerado como promotor de uma mutação literária em Moçambique, provocando polémica e
discussão acesas.

A partir daí, estava instaurada uma aceitabilidade para a livre criatividade da palavra, a abordagem
de temas tabus, como o da convivência de raças e mistura de culturas, por vezes parecendo
antagónicas e carregadas de disputas (indianos vs. negros ou brancos).

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5. Conclusão
Findo este trabalho de pesquisa pude perceber que a literatura moçambicana é um espelho das
mudanças históricas e sociais que o país atravessou ao longo dos séculos. Desde as suas raízes em
tradições orais até as formas literárias modernas, ela continua a evoluir, refletindo e moldando a
identidade de Moçambique. A análise cronológica dos seus períodos literários revela uma rica
tapeçaria de vozes que documentam as experiências, desafios e aspirações do povo moçambicano.

A literatura moçambicana no período pós-independência desempenhou um papel crucial na


reflexão e construção da identidade nacional. Ao abordar temas como a guerra, a reconstrução, a
modernidade e a tradição, os escritores moçambicanos ajudaram a moldar a consciência cultural e
social do país. Esta literatura continua a ser uma voz poderosa na discussão dos desafios e das
aspirações de Moçambique enquanto nação.

A literatura moçambicana contemporânea é um campo rico e diversificado, que continua a evoluir


em resposta às mudanças sociais, culturais e políticas do país. Abordando uma ampla gama de
temas, desde a identidade e globalização até questões de gênero e memória, os escritores
contemporâneos oferecem novas perspectivas sobre o que significa ser moçambicano no século
XXI. Esta literatura não só reflete as realidades atuais de Moçambique, mas também contribui para
a formação contínua da identidade cultural do país.

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6. Referências bibliográficas
Antunes, I. (2002). Leitura: um instrumento de cidadania no currículo escolar. Revista Portal
do São Francisco – Linguagem e Estudos Sociais.

Bordini, M. (1993). Literatura formação do leitor: alternativas metodológicas. 2.ed. Porto


Alegre: Mercado Aberto.

Couto, M. (1992). A Literatura Moçambicana: Uma Breve Introdução. Maputo. Foucault, M.


(2005). Linguagem e Literatura. Rio de Janeiro.

FERREIRA, M. (1976). No Reino de Caliban III, Antologia Panorâmica da Poesia africana de


Expressão Portuguesa, Lisboa, Plátano Editora.

FERREIRA, M. (1998). No Reino de Caliban. Lisboa, Seara Nova

LARANJEIRA, J. (1992). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, Lisboa.

LEITE, A. M. (2005). Noémia de Sousa: Uma Voz da África. Maputo: Alcance Editores.

Loforte, A. (2011). Literatura Moçambicana e a Construção da Identidade. Revista Crítica de


Ciências Sociais.

LOPES, T. (2002). José Craveirinha: O Poeta do Povo. Lisboa: Caminho.

Mendonça, F. (1988). Literatura Moçambicana. A história e as escritas, Maputo, U.E.M.

Serra, C. (1986). Histórias de Moçambique: Literatura e História. Maputo: Centro de Estudos


Africanos, Universidade Eduardo Mondlane

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