David Ausubel e a aprendizagem significativa.
Para o especialista em Psicologia Educacional, o conhecimento prévio do aluno é
a chave para a aprendizagem significativa.
DAVID AUSUBEL
Filho de imigrantes judeus, o pesquisador sofreu durante anos na escola por não
ter sua história pessoal considerada pelos educadores.
O pesquisador norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) dizia que,
quanto mais sabemos, mais aprendemos. Famoso por ter proposto o conceito de
aprendizagem significativa - que encerra a série Teoria Passada a Limpo -, ele é
contundente na abertura do livro Psicologia Educacional: "O fator isolado mais
importante que influencia o aprendizado é aquilo que o aprendiz já conhece".
Quando sua teoria foi apresentada, em 1963, as ideias behavioristas
predominavam. Acreditava-se na influência do meio sobre o sujeito. O que os
estudantes sabiam não era considerado e entendia-se que só aprenderiam se
fossem ensinados por alguém.
A concepção de ensino e aprendizagem de Ausubel segue na linha oposta à dos
behavioristas. Para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar
ideias existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e
acessar novos conteúdos. "Quanto maior o número de links feitos, mais
consolidado estará o conhecimento", diz Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora
do ensino de Ciências e Biologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de
Janeiro.
Nascido em Nova York, nos Estados Unidos, Ausubel era filho de imigrantes
judeus. "Seu interesse pela forma como ocorre a aprendizagem é resultado do
sofrimento que ele passou nas escolas norte-americanas", comenta Rosália Maria
Ribeiro de Aragão, professora aposentada da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Por isso, apesar de sua formação em Medicina Psiquiátrica, ele
dedicou parte de sua vida acadêmica à Psicologia Educacional.
Na avaliação de Marco Antonio Moreira, da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFGRS), os conceitos do norte-americano são compatíveis com outras
teorias do século 20, como a do desenvolvimento cognitivo, de Jean
Piaget (1896-1980), e a sociointeracionista, de Lev Vygotsky(1896-1934).
Ensino que faz sentido.
Pensada para o contexto escolar, a teoria de Ausubel leva em conta a história do
sujeito e ressalta o papel dos docentes na proposição de situações que favoreçam
a aprendizagem. De acordo com ele, há duas condições para que a aprendizagem
significativa ocorra: o conteúdo a ser ensinado deve ser potencialmente
revelador e o estudante precisa estar disposto a relacionar o material de maneira
consistente e não arbitrária (leia o trecho de livro no quadro à direita). "Essas
condições são ignoradas na escola", lamenta Moreira, que, assim como Rosália,
conheceu Ausubel durante sua passagem pelo Brasil em 1975, em eventos
promovidos pelo professor Joel Martins (1920-1993), da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP).
"Ensinar sem levar em conta o que a criança já sabe, segundo Ausubel, é um
esforço vão, pois o novo conhecimento não tem onde se ancorar", afirma Rosália.
Mas há outro requisito, que se refere ao desafio diário de tornar a escola um
ambiente motivador. Pode-se preparar a melhor atividade, mas é o aluno que
determina se houve ou não a compreensão do tema. "De nada adianta
desenvolver uma aula divertida se ela for encaminhada de forma automática,
sem possibilitar a reflexão e a negociação de significados", comenta a
pesquisadora Evelyse.
Há quem credite o fracasso escolar apenas à falta de disposição do aluno em
aprender, esquecendo que o professor é o profissional qualificado para criar os
momentos com potencial de possibilitar a construção do conhecimento. O
fracasso escolar tem causas variadas, por essa razão o contexto deve também
ser considerado. No livro O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma
Weisz explica que uma boa situação de aprendizagem é aquela em que as
crianças pensam sobre o conteúdo estudado. Elas têm problemas a resolver e
decisões a tomar em função do que se propõe. Segundo Telma, o docente
precisa garantir a máxima circulação de informação possível. Além disso, o
assunto trabalhado deve manter suas características socioculturais reais, sem se
transformar em um objeto escolar vazio de significado social.
A memorização também é útil.
Ao analisar as interações entre professor, aluno e conhecimento, Ausubel ainda
definiu a aprendizagem mecânica. Nela, os conteúdos ficam soltos ou ligados à
estrutura mental de forma fraca. São memorizadas frases como as ditas em sala
de aula ou lidas no livro didático. "A escola deve almejar a aprendizagem
significativa, mas isso não pressupõe que a mecânica tenha de ser
desconsiderada", pondera Evelyse.
De acordo com o pesquisador norte-americano, essas duas formas de conhecer
não são antagônicas. Ambas fazem parte de um processo contínuo. Há ocasiões
em que é preciso memorizar algumas informações que são armazenadas de
forma aleatória, sem se relacionar com outras ideias existentes. No entanto, o
processo de aprendizagem não pode parar aí. Outras situações de ensino, assim
como a interação com as demais crianças, devem contribuir para que novas
relações aconteçam, para que cada um avance e construa seu conhecimento.
Rosália explica que a aprendizagem significativa é duradoura, enquanto a
mecânica é efêmera, com o passar do tempo há uma maior probabilidade de
esquecer o que foi memorizado porque as informações ficam soltas, servindo
apenas para situações já conhecidas. Na primeira, também pode ocorrer o
esquecimento, mas de uma forma distinta, pois permanece um conhecimento
residual cujo resgate é possível e relativamente rápido.
Além do mais, nem sempre basta ter a informação. "Aprender leva tempo e as
horas passadas na escola podem não ser suficientes para mudar as ideias que o
seu cotidiano e a sua história reforçam", comenta a pesquisadora da Fiocruz.
"Nós ainda temos uma escola que treina o aluno para memorizar, e não para
pensar", critica Evelyse. Ela enfatiza ainda que o papel do estudante não é o de
mero anotador e nem mesmo se resume a passar de ano. "Sua função é
interpretar a informação e avaliar se concorda com o professor. É uma cultura
difícil de construir, mas necessária", pondera.
A forma de avaliação também precisa mudar. Quando a aprendizagem é
significativa, a turma consegue colocar em jogo seus conhecimentos. Então é
possível abordar o mesmo tema em situações diferentes.
Outro equívoco é considerar a aprendizagem significativa como um produto
acabado (leia a questão de concurso no quadro acima). "Estudar o que é célula
no Ensino Fundamental é uma coisa, na pós-graduação é outra. O conhecimento
evolui", diz Evelyse.
Trecho de livro.
"A essência do processo de aprendizagem significativa é que as ideias expressas
simbolicamente são relacionadas às informações previamente adquiridas pelo
aluno através de uma relação não arbitrária e substantiva (não literal).” David
Ausubel, Joseph D. Novak e Helen Hanesian no livro Psicologia Educacional
Comentário.
A aprendizagem significativa somente é possível quando um novo conhecimento
se relaciona de forma substantiva e não arbitrária a outro já existente. Para que
essa relação ocorra, é preciso que exista uma predisposição para aprender. Ao
mesmo tempo, é necessária uma situação de ensino potencialmente significativa,
planejada pelo professor, que leve em conta o contexto no qual o estudante está
inserido e o uso social do objeto a ser estudado.
Questão de concurso
Prefeitura de Teresópolis, RJ, 2005. Concurso para professor de Ciências
Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessário investir
em ações que potencializem a disponibilidade do aluno para a aprendizagem, o
que se traduz, por exemplo, no empenho em estabelecer relações entre seus
conhecimentos prévios sobre um assunto e o que está aprendendo sobre ele.
(Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998).
A afirmação acima destacada, partindo de uma perspectiva construtivista,
convida o professor a refletir que, ao iniciar uma nova situação de ensino e
aprendizagem, devemos considerar que:
a) Em geral, os conceitos prévios dos alunos são esquemas mentais alternativos,
imperfeitos, incompletos e, por isso, devem, desde o primeiro momento, ser
afastados do contexto da sala de aula e do ensino.
b) Antes de qualquer nova situação de ensino, deve ser feita uma investigação
extensa de todos os conhecimentos prévios que possam influenciar o objeto de
estudo, devendo ser discutidos apenas no início de uma situação de ensino.
c) O conhecimento prévio dos alunos constitui um amplo esquema de
ressignificação, devendo ser mobilizado durante todo o processo de ensino e
aprendizagem, pois com base neles o indivíduo interpreta o mundo.
d) A natureza da estratégia didática não influencia a disponibilização dos
conhecimentos prévios dos estudantes.
e) Todo conhecimento prévio surge do contexto social do estudante e, portanto,
deve ser substituído por meio da transmissão clara e objetiva de novos materiais
adequados de ensino.
Resposta correta: C.
Comentário.
Os conhecimentos prévios dos alunos sempre devem ser levados em
consideração. Incorretas ou incompletas, as ideias prévias trazem informações
sobre a forma como eles pensam. Somente ao analisá-las o docente consegue
propor as situações de ensino mais adequadas para que eles atribuam
significados à nova informação e, se for o caso, coloquem em xeque seus
conhecimentos.
Resumo do conceito.
Aprendizagem significativa.
Elaborador: David Ausubel (1918-2008).
O processo ideal ocorre quando uma nova ideia se relaciona aos conhecimentos
prévios do indivíduo. Motivado por uma situação que faça sentido, proposta pelo
professor, o aluno amplia, avalia, atualiza e reconfigura a informação anterior,
transformando-a em nova.
TEORIAS DE APRENDIZAGEM DE AUSUBEL
Aprendizagem Significativa
Processo por meio do qual uma nova informação é relacionada de maneira
substantiva e não arbitrária a um aspecto relevante da estrutura cognitiva.
Aprendizagem Mecânica
Ocorre quando novas informações são aprendidas praticamente sem interagir
com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva (sem se ligar a
subsunçores específicos).
Aprendizagem por Recepção
Ocorre quando o que deve ser aprendido é apresentado na sua forma final.
Aprendizagem por Descoberta
Ocorre quando o conteúdo principal a ser aprendido deve ser descoberto pelo
aprendiz.
A aprendizagem por recepção ou por descoberta, só será significativa se o novo
conteúdo se incorporar de forma substantiva, não-arbitrária e não-literal à
estrutura cognitiva.
Subsunçor.
É um conceito já existente na estrutura cognitiva capaz de servir de ancoradouro
a uma nova informação de modo a que esta adquira significado para o sujeito.
Na aprendizagem significativa há um processo de interação no qual os conceitos
mais relevantes e inclusivos interagem com o novo material, servindo de
ancoradouro, incorporando-o e assimilando-o. A aprendizagem significativa
caracteriza-se por uma interação entre os aspectos específicos e relevantes da
estrutura cognitiva e as novas informações, por meio das quais essas adquirem
significado e são integradas à estrutura cognitiva de maneira não-arbitrária e
não-literal.
Ausubel vê o armazenamento de informação na mente humana como sendo
altamente organizado, formando uma espécie de hierarquia conceptual. Os
elementos mais específicos do conhecimento são ligados a (e assimilados por)
conceitos, a ideias, a proposições mais gerais e inclusivas. A nova informação é
armazenada de maneira arbitrária e literal, não interagindo com aquela já
existente na estrutura cognitiva.
Ausubel não estabelece a distinção entre aprendizagem significativa e mecânica
como sendo uma dicotomia, mas sim como um continuum. A aprendizagem só
será significativa se o conteúdo descoberto estabelecer ligações a subsunçores
relevantes já existentes na estrutura cognitiva. Aprendizagem por descoberta
não é necessariamente significativa, nem aprendizagem por recepção é
obrigatoriamente mecânica.
Aprendizagem por descoberta e aprendizagem por recepção tanto podem ser
significativas ou mecânicas. Ausubel não nega o valor da aprendizagem por
descoberta, ou seja, o que é descoberto torna-se significativo da mesma forma
que aquilo que é apresentado na aprendizagem receptiva.
O "Método da Descoberta" pode ser adequado a certas finalidades, mas para a
aquisição de grandes corpos de conhecimento isto é inexequível pelo que não há
que criticar o "Método Expositivo". As aprendizagens, por descoberta e por
recepção, podem ocorrer simultaneamente ao longo de um continuuum.
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
• Incorporação substantiva, não arbitrária, não literal, de novo conhecimento
à estrutura cognitiva.
• Esforço deliberado para ligar novo conhecimento à conceitos de ordem
superior, mais inclusivos na estrutura cognitiva.
• Compromisso efetivo de relacionar novos conhecimentos a conhecimentos
prévios.
• Prática e exercícios contribuem para a aprendizagem significativa.
Condições para a ocorrência de aprendizagem significativa.
• O material a ser aprendido deve ser relacionável com a estrutura cognitiva
do aprendiz.
• O material deve ser potencialmente significativo.
• O aprendiz deve manifestar uma disposição para relacionar o novo material
à sua estrutura cognitiva.
Assimilação
É o processo que ocorre quando uma ideia, conceito ou proposição,
potencialmente significativa, é assimilado sob uma ideia, conceito ou proposição
já estabelecido na estrutura cognitiva.
Assimilação obliteradora.
Ocorre quando o significado das novas ideias tende, ao longo do tempo, a ser
assimilado pelos significados mais estáveis da estrutura cognitiva.
As vantagens da assimilação obliteradora ocorrem à custa da perda de
diferenciação do conjunto de proposições detalhadas e de informações específicas
que constituem o conhecimento. O processo de assimilação está não somente na
aquisição e retenção de significados, mas também no fato de implicar um
mecanismo de esquecimento subjacente a esses significados.
Modalidades de Aprendizagem Significativa.
• Aprendizagem subordinada: os novos conceitos vão encaixar em conceitos
já existentes na estrutura cognitiva.
• Aprendizagem subordinada derivativa: ocorre quando o material aprendido
é entendido como um exemplo específico de um conceito já estabelecido na
estrutura cognitiva.
• Aprendizagem subordinada correlativa: ocorre quando o material é
aprendido como uma extensão dos conceitos previamente aprendidos.
• Aprendizagem superordenada: o conceito aprendido é mais extenso do que
os conceitos existentes na estrutura cognitiva. Ocorre quando o conceito ou
proposição - mais geral e inclusivo do que as ideias ou conceitos já estabelecidos
na estrutura cognitiva - é adquirido a partir destes e passa a assimilá-los.
• Aprendizagem significativa (Novak): a aprendizagem significativa subjaz à
integração entre pensamento, sentimento e ação.
• Aprendizagem significativa (Schwab): qualquer fenômeno educativo
envolve quatro lugares-comuns.
1. Aprendiz (aprendizagem);
2. Professor (ensino);
3. Matéria de ensino (currículo);
4. Matriz social (contexto educativo).
Aprendizagem significativa Novak
1. Aprendiz;
2. Professor;
3. Conhecimento;
4. Contexto;
5. Avaliação.
Marco conceptual
É uma forma de se organizar a matéria de uma disciplina em que se evidencia
uma unidade no conceito geral.
Rede da disciplina
Forma como se organizam os conteúdos.
Mapa conceptual (desenvolvido por Novak)
É uma forma de representar relações significativas entre conceitos na forma de
proposições (palavras de enlace).
Mapa conceptual = Conceitos + Palavras de enlace + Formas e proposições
verdadeiras
Se um aluno constrói proposições corretas acerca de um assunto e se sabe
relacionar os respectivos conceitos de modo correto é porque aprendeu
significativamente esse assunto.
TEORIA DA INCLUSÃO.
A teoria de Ausubel está interessada em como os indivíduos aprendem grandes
quantidades de material significativo por meio de apresentações verbal/ textual
em um quadro escolar.
Sua teoria contrasta então com as teorias desenvolvidas no contexto de
experiências em laboratório.
De acordo com Ausubel, o aprendizado é baseado em tipos de processos
superordenados, representacionais e combinatórias, que ocorrem durante a
recepção da informação.
Um processo primário em aprendizado é a inclusão, na qual o material novo é
relacionado com as ideias relevantes da estrutura cognitiva existente em uma
base substantiva, não literal.
As estruturas cognitivas representam o resíduo de todas as experiências de
aprendizado. O esquecimento ocorre porque detalhes se tornam integrados e
perdem suas identidades individuais.
Um mecanismo principal de instrução proposto por Ausubel é o uso de
organizadores avançados:
"Estes organizadores são apresentados com antecedência ao aprendizado por si
mesmo, e também são apresentados em um nível mais elevado de abstração,
generalidade e abrangência. E como o conteúdo substantivo de um dado
organizador, ou de uma série de organizadores, é selecionado com base na sua
conveniência para explicar, integrar e interrelacionar o material que eles
precedem, esta estratégia satisfaz simultaneamente o substantivo, assim como o
critério de programação para aumentar a força organizacional da estrutura
cognitiva." (1963 , p. 81).
Ausubel enfatiza que organizadores avançados são diferentes de visões gerais ou
resumos, os quais simplesmente enfatizam as idéias-chaves e são apresentados
no mesmo nível de abstração e generalidade que o resto do material. Os
organizadores agem como uma ponte de inclusão entre o material de
aprendizado novo e as ideias existentes relacionadas.
A teoria de Ausubel tem pontos em comum com as teorias Gestalt e aquelas que
envolvem esquemas (por exemplo, Bartlett) como princípio central. Existem
similaridades também com o modelo de aprendizado espiral de Bruner,
embora Ausubel enfatize que a subsumption envolve a reorganização das
estruturas cognitivas existentes e não o desenvolvimento de novas estruturas,
como as teorias construtivistas sugerem.
Ausubel indica claramente que sua teoria se aplica somente ao aprendizado
recepção (expositivo) em quadros escolares. Ele distingue o aprendizado de
recepção do aprendizado maquinal e de descoberta. O primeiro, porque não
envolve subsumption (isto é, materiais significativos) e o último porque o
aprendiz precisa descobrir a informação por meio da resolução de problemas.
Vários estudos foram conduzidos sobre os efeitos dos organizadores avançados
no aprendizado (ver Ausubel, 1968, 1978).
Eis um exemplo: Ausubel (1963, p. 80) cita o texto de patologia de Boyd como
um exemplo de diferenciação progressiva, pois o livro apresenta a informação de
acordo com os processos gerais (por exemplo, inflamação, degeneração) em vez
de descrever os sistemas dos órgãos separadamente. Ele também cita o currículo
do Physical Science Study Committee, que organiza o material de acordo com as
ideias principais da física, em vez da discussão gradativa do princípio ou
fenômeno (p. 78).
Princípios dessa teoria de aprendizagem:
1. As idéias mais gerais de um assunto devem ser primeiramente apresentadas e
depois, progressivamente, diferenciadas em termos de detalhe e especificidade.
2. Os materiais de instrução devem tentar integrar o material novo com a
informação anteriormente apresentada por meio de comparações e referências
cruzadas de idéias novas e antigas.
Ausubel preocupa-se com a aprendizagem que ocorre na sala de aula da
escola. O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para
que ocorra a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros
e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo, funcionando como ponto de
ancoragem. Ausubel está interessado em saber como os indivíduos aprendem
grandes quantidades de material significativo por meio de apresentações
verbais/textuais em um quadro escolar. Um processo primário em aprendizado é
a inclusão, na qual o conhecimento novo é relacionado com as ideias relevantes
da estrutura cognitiva existente em uma base substantiva. As estruturas
cognitivas representam o resíduo de todas as experiências de aprendizado. A
aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou
proposições relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do indivíduo. O
armazenamento de informações no cérebro é altamente organizado formando
uma hierarquia na qual elementos mais específicos de conhecimentos são ligados
(assimilados) a conceitos mais gerais, mais inclusivos.
Ausubel recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora
para a nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos
classificadores que facilitem a aprendizagem subsequente.
Organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do
material a ser aprendido em si. Sua principal função é de servir de ponte entre o
que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber a fim de que o material possa ser
aprendido de forma significativa. Facilitam a aprendizagem na medida em que
funcionam como "pontes cognitivas".
"A essência do processo de aprendizagem significativa é que idéias
simbolicamente expressas sejam relacionadas de maneira substantiva (não
literal) e não arbitrária ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto de
sua estrutura cognitiva especificamente relevante para a aprendizagem dessas
ideias. Este aspecto especificamente relevante pode ser, por exemplo, uma
imagem, um símbolo, um conceito, uma proposição, já significativo".
Ausubel (1978, p.41): "As ideias mais gerais de um assunto devem ser
apresentadas primeiro e, depois, progressivamente diferenciadas em termos de
detalhe e especificidade. Os materiais de instrução devem tentar integrar o
material novo com a informação anteriormente apresentada por meio de
comparações e referências cruzadas de ideias novas e antigas”.