Entrega da Avaliação - Trabalho da Disciplina [AVA 1]
Nome: Componente curricular:
Vannily Oliveira Pereira Construção do pensamento
Curso: Investigação Forense e Perícia Criminal
Objetivos
Esta atividade envolve os seguintes objetivos:
• Refletir sobre os universos teóricos do racionalismo ocidental à luz da teoria crítica
nietzschiana.
• Promover processos de aprendizagens por meio de leituras decoloniais nos
atravessamentos cartográficos de Suely Rolnik.
• Articular palavras, materialidades, fluxos e campos de forças nos agenciamentos do
mundo tecnológico e das malhas do pensamento de Gilles Deleuze.
• Considerar o desafio da subjetividade na relação tecnológica vigente nas
abordagens de Nietzsche, Deleuze e Derrida.
• Discutir conceitos-chave de diferentes áreas do conhecimento pela vida da
perspectiva filosófica de Nietzsche.
Repertório profissional
Descrição
Essa atividade versa sobre os seguintes conteúdos:
· Introdução ao contexto teórico do racionalismo ocidental: via crítica de Nietzsche em
Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra Moral.
· A decolonização da construção do pensamento nas cartografias de Suely Rolnik.
· Mundo tecnológico e espetacular e as malhas de pensamentos.
· Saberes transitórios, saberes lógicos e os enfretamentos filosóficos do mundo
contemporâneo.
Diretivas de Execução
Observe a situação e as perguntas a seguir:
I. Já parou para pensar nas diversas áreas de atuação profissional no contexto do Brasil?
Faça a seguinte reflexão:
· Por que, por exemplo, a presença de mulheres nos cursos de Engenharia é historicamente
reduzida?
· Há uma essência de sentido para essa realidade?
· Essa forma de pensar é uma prática de regulação da ordem do discurso, ou seja, da
linguagem, de uma lógica de pensamento, ou existem de fato regras explícitas, regras
escritas, registradas em lei?
· Quais as reações sociais e familiares quando uma mulher opta por uma área
tradicionalmente de atuação do universo masculino?
· Que tipo de constrangimento tal prática produz?
· Esse modo de pensamento é uma verdade ou uma representação?
II. Após realizar essa reflexão, anote as possíveis respostas de forma livre. Não se
preocupe, nessa etapa, de fazer um registro ordenado das ideias.
III. Leia o trecho retirado do texto Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, de
Nietzsche, e relacione ao contexto abordado. Veja que o filósofo considera metáforas esses
modos de pensar que se solidificaram como verdades. Nesse sentido, é possível considerar,
de acordo com o pensamento de Nietzsche, que tais situações são modos de ver que foram
naturalizados e não verdades absolutas? Leia a seguir e procure registrar as aproximações
entre o texto e as respostas que você registrou.
O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias,
antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e
retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas,
canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são,
metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e
agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas.
(NIETZSCHE, F. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral. Tradução: Fernando de
Moraes Barros. São Paulo: Hedra, 2007).
IV. Suely Rolnik fala como as formas de subjetivação tornam-se “pele” e tomam nosso
pensamento. A autora analisa como essas formas de pensamento formataram o que ela
define de inconsciente colonizado. Registre as ideias principais.
V. Na contemporaneidade, com o advento das redes sociais, ocorreu a produção de uma
espetacularização do “eu”, impondo, de certa forma, modos de agir, de viver e de nos
relacionar com o outro. Assista à entrevista de Paula Sibilia, pesquisadora, autora do livro
O Show do Eu: a intimidade como espetáculo. Fique atento (a) à fala da autora e dos
demais entrevistados no programa. Anote as ideias debatidas na entrevista. Para ver o
vídeo, acesse: O Show do Eu: a intimidade como espetáculo
Entregável
Seu texto deve ser enviado em formato PDF e ter no mínimo 1 página e no máximo 2.
Elabore um texto no qual faça uma reflexão sobre o tema da entrevista com Paula Sibília e
relacione a ideia de construção das subjetividades abordada por Suely Rolnik e o
pensamento de Nietzsche apresentado no item III: Sobre verdade e mentira no sentido
extra-moral. O mais importante é:
1. Apresente a sua reflexão a partir das leituras realizadas nas unidades.
2. Cite os textos aqui propostos.
3. Estabeleça relações entre os textos, a entrevista e as reflexões que vem realizando.
4. O tema do seu texto deve ser: “Eu, uma ficção?”
Resposta
O racionalismo ocidental, a subjetividade na relação tecnológica e os campos de forças
agenciados no mundo tecnológico e na cultura ocidental são temas que têm sido muito
discutidos na filosofia e em outras áreas do conhecimento. A atividade proposta nos
convida a refletir sobre esses temas, relacionando-os a diferentes autores e conceitos.
No primeiro momento, somos levados a refletir sobre as diversas áreas de atuação
profissional no contexto do Brasil. A pergunta "Por que a presença de mulheres nos
cursos de Engenharia é historicamente reduzida?" nos remete a uma reflexão sobre as
questões de gênero e suas relações com o universo masculino. Podemos pensar que essa
redução se deve, em parte, à construção social das identidades de gênero e aos
estereótipos que associam a Engenharia a uma área de atuação masculina. Esses
estereótipos são reforçados tanto pela cultura quanto pela educação, que muitas vezes
não incentivam as meninas a seguirem carreiras na área de Exatas. Além disso, a
presença de mulheres em áreas tradicionalmente masculinas pode gerar
constrangimentos e preconceitos, tanto por parte da sociedade quanto da família.
Nesse sentido, a leitura do texto de Nietzsche, "Sobre Verdade e Mentira no Sentido
Extra Moral", é bastante pertinente. O filósofo mostra como a verdade é construída por
meio de metáforas e convenções, e como essas verdades são naturalizadas e tomadas
como absolutas. Podemos pensar que o mesmo acontece com as construções sociais,
como as ideias de gênero, que são construídas por meio de convenções e metáforas, e
que acabam se naturalizando e se transformando em verdades absolutas. Assim,
podemos entender que a presença reduzida de mulheres em cursos de Engenharia é uma
construção social que foi naturalizada ao longo do tempo, e que não se trata de uma
verdade absoluta.
Já Suely Rolnik, em suas cartografias decoloniais, analisa como as formas de
subjetivação se tornam "pele" e tomam nosso pensamento. A autora fala sobre o
inconsciente colonizado, que é formado por padrões de pensamento e comportamento
que foram construídos historicamente, e que continuam a influenciar nosso pensamento e
ação. Podemos pensar que as construções sociais de gênero e as desigualdades de gênero
fazem parte desse inconsciente colonizado, que precisa ser desconstruído para que
possamos construir novas formas de subjetividade e de pensamento.
Por fim, a espetacularização do "eu", que é discutida por Paula Sibilia em sua entrevista,
pode ser entendida como um agenciamento do mundo tecnológico e da cultura ocidental
que influencia nossa subjetividade e nossas formas de pensamento. As redes sociais, em
particular, são espaços em que as pessoas constroem suas identidades e expõem suas
vidas de forma pública, o que pode gerar uma pressão para que essas identidades sejam
cada vez mais espetaculares e atraentes. Essa pressão pode levar as pessoas a se
afastarem de suas verdadeiras identidades e a adotarem personas que são construídas
para agradar e impressionar os outros. Esse processo pode ser especialmente difícil para
as mulheres, que muitas vezes são objeto de objetificação e julgamento baseados em sua
aparência e comportamento.
Em relação à tecnologia, podemos pensar que a subjetividade na relação tecnológica
também é influenciada por esses campos de força agenciados. A tecnologia, em si
mesma, não é neutra e objetiva, mas é construída por meio de decisões políticas,
econômicas e culturais. Essas decisões são tomadas por indivíduos e grupos que têm
seus próprios interesses e valores, que são, por sua vez, moldados pelas construções
sociais e pelas ideologias que permeiam a cultura ocidental.
Podemos citar, como exemplo, a falta de diversidade e inclusão em muitas empresas de
tecnologia, que pode levar a uma produção de tecnologia que reflete apenas as
perspectivas de um grupo limitado de pessoas. Isso pode ter consequências significativas
para a forma como essa tecnologia é usada e percebida pelos usuários, especialmente
aqueles que pertencem a grupos marginalizados.
Em suma, a reflexão proposta nos leva a considerar como as construções sociais, as
formas de subjetividade e os campos de força agenciados influenciam nossa relação com
a tecnologia e nossas escolhas profissionais. Ao reconhecer essas influências e trabalhar
para desconstruí-las, podemos abrir espaço para novas perspectivas e práticas que são
mais inclusivas, justas e conscientes.