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Mediterrâneo e Médio Oriente Na Antiguidade

O documento aborda a pré-história e a evolução dos hominídeos, destacando a transição do Homo erectus para o Homo sapiens sapiens. Discute a importância da descoberta da escrita e as mudanças nas percepções de tempo e evolução que moldaram a arqueologia moderna. Além disso, menciona as indústrias líticas e a evolução cultural e tecnológica da humanidade ao longo do Paleolítico.
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Mediterrâneo e Médio Oriente Na Antiguidade

O documento aborda a pré-história e a evolução dos hominídeos, destacando a transição do Homo erectus para o Homo sapiens sapiens. Discute a importância da descoberta da escrita e as mudanças nas percepções de tempo e evolução que moldaram a arqueologia moderna. Além disso, menciona as indústrias líticas e a evolução cultural e tecnológica da humanidade ao longo do Paleolítico.
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MEDITERRÂNEO

E MÉDIO ORIENTE
NA ANTIGUIDADE

PRÉ-HISTÓRIA EUROPEIA
EGITO
MESOPOTÂMIA

Guia Temático para Professores


MEDITERRÂNEO E MÉDIO
ORIENTE NA ANTIGUIDADE

PRÉ-HISTÓRIA.

em algo pré-histórico, geralmente imaginamos:


a) dinossauros,-
b) homens das cavernas,-
c) homens das cavernas e dinossauros (Flintstones, Família Dinossauro).
Considerando que os dinossauros sumiram da face da Terra há 65
milhões de anos e que os hominídeos apareceram um pouco depois — h'
3 milhões de anos —, podemos deixar de lado as alternativas b e c, não é?
sã espécie dos dinossauros!
História da Humanidade ''z ser dividida em História e Pré-história.
.. ,ios de Pré-história começa com o
lídeos até a descoberta da escrita, entre 3
milhões de anos e 3 mil anos atrás. Portanto, a Pré-história corresponde a
99% da história da humanidade. Por convenção, a História começa ao
redor de 3 mil anos antes de Cristo, com o surgimento dos primeiros textos,
embora isso só tenha acontecido no Oriente Médio. Se o que chamamos
de História começa com a descoberta ou a introdução da escrita nas
diversas regiões do mundo, e se levássemos este conceito ao pé da letra,
poderíamos dizer, por exemplo, que a História do Brasil começa em 1500
d.C. (depois de Cristo).

PRÉ-HISTÓRIA: história velha, conceito novo.

Pré-história, mas nem sempre esta visão foi tão clara. Imagine um mundo
com 5 mil anos de existência, com toda sua história conhecida, e onde
todo o universo, a vida e o homem surgissem em apenas uma semana, e
um livro registrasse esses fatos, que são inquestionáveis. Este mundo
existiu: estamos falando do mundo ocidental do início do século XIX,
quando a Bíblia exercia grande influência no pensamento científico.
A noção da Pré-história é o resultado de diversas mudanças nos
conceitos de Tempo, de Vida e de Universo, alterações estas que
remodelaram a visão do mundo.
Em primeiro lugar, houve uma mudança na noção do Tempo: os
geólogos começaram a demonstrar que a Terra tinha bem mais que 3 mil
anos, provavelmente centenas de milhões de anos1.
Em segundo lugar, os avanços nos estudos dos fósseis mostraram
que os animais e as plantas que existiam antes não eram como os de
hoje. Em vez de um mundo criado pronto, começaram a surgir
evidências de um mundo mutável. Muitos dos cientistas da época tentaram
enquadrar essas evidências com o que já era conhecido acerca do mundo:
fósseis eram de animais que morreram em um antiso cataclismo, do qual
o Dilúvio de Noé era o melhor documentado. Portanto, tais fósseis seriam de
animais e de plantas antediluvianas (pré-históricas). Entretanto, esses mesmos
fósseis mostravam faunas e floras diferentes em distintos períodos de tempo,
permanecendo a questão: houve diversos cataclismos? Em todo o caso, o
: : :; :e : ::...:: homem só foi criado por ocasião do último cataclismo,
mantendo, portanto, a condição de filho dileto da criação.
Porém, entre 1830 e 1860, esse modelo teórico ruiu diante de três eventos:
1836 - A criação do Sistema das 3 Idades: C.J. Thomsen, intelectual
dinamarquês, propôs um sistema para classificar objetos por épocas ou
por Idades (Idade da Pedra, Idade do Bronze e Idade do Ferro). Com isto,
ele estabeleceu o princípio de estudar e classificar objetos antediluvianos
em uma ordem cronolósica.
1841 - A Antiguidade do Homem: nesse ano, na França, Jacques Boucher
de Perthes descobriu ferramentas de pedra lascada associadas a ossos de
animais fósseis extintos. Esta descoberta levou à conclusão de que o homem
não era tão novo como se pensava.
1859 - O Conceito de Evolução: publicou-se o livro A Orisem das
Espécies, de Charles Darwin. Embora esta não tenha sido a primeira teoria
evolucionista, Darwin demonstrou, e de modo convincente, como as
mudanças teriam ocorrido na história da vida a partir da Seleção Natural e
da Adaptação. As implicações eram claras: a espécie humana emersiu a
partir do mesmo processo.
Partindo desses três conceitos, sursiu um novo passado a ser estudado,
baseado em questões que poderiam ser testadas cientificamente. Este foi o
nascimento da Arqueolosia Moderna e da Pré-história.

OS HOMENS DA PRÉ-HISTÓRIA

Há cerca de 5 milhões de anos um ramo dos srandes primatas africanos


especializou-se em um novo tipo de locomoção: a Bipedia, o andar ereto
sobre duas pernas.
O mais antiso fóssil é o Ardipithecus ramidus, encontrado na Etiópia e com
idade de 4,5 milhões de anos. Com 4 milhões de anos, diversas espécies de
Australopithecusforam encontradas dispersas em várias resiões da África: o
sursimento de várias espécies de Australopithecus e sua dispersão parece-nos
indicar que a bipedia foi um sucesso adaptativo. Esta adaptação forneceu
condições a esses hominídeos de explorarem mais ambientes do que outros
primatas não-bípedes, possibilitando-lhes a não dependência somente de
ambientes de florestas, e a aquisição da Terrestrialidade, o que os fez passar
efetivamente das árvores para o solo.
Entretanto, até o momento, não há provas conclusivas de que os
Australopitecíneos criassem ferramentas (há uma srande diferença entre usar
um objeto natural como ferramenta e criar uma ferramenta, ação esta que
implica modificar a forma e as propriedades de um objeto natural para uma
tarefa específica), não havendo indicações, portanto de que esses
hominídeos tivessem Cultura. Apesar da noção de "cultura = ferramentas"
ser controversa, este fato ainda é a única forma de estimar a presença de
alsum grau de abstração intelisente nos hominídeos fósseis, uma vez que
todos eles apresentam cérebros e corpos pouco maiores do que os de
um chimpanzé (em torno de 500 cm3 e 1,30 m de altura).
Estima-se que entre 3 a 2,5 milhões de anos, um novo género de hominídeo
tenha surgido: o Homo habilis. Embora haja ainda muitas discussões acerca
da existência de uma espécie (H. habilis') ou de duas (H. hdbilis e H.
rudolfensis), é consenso que a capacidade cerebral dos primeiros Homo era
maior que a dos Australopitecíneos (cerca de 750 cm3), assim como era maior
o tamanho corporal, com aumento proporcionalmente similar (cerca de 1,30
m de altura e 52 kg), diferença que acarretou a mudança de várias
características anatómicas. Coincidência ou não, as mais antigas evidências de
instrumentos de pedra lascada têm cerca de 2,6 milhões de anos, ou seja,
coincidem com o surgimento desse género.
A pedra é o primeiro material que conhecemos como matéria-prima das
mais antigas ferramentas (ou Artefatos). Por quê? A resposta está nas
propriedades desse material — dureza + relativa facilidade em modificar sua
forma — e em sua abundância na Natureza. Porém, o fator mais importante
para os arqueólogos é a durabilidade das rochas, pois mesmo que os
primeiros hominídeos tenham usado madeira ou ossos para fazer suas
primeiras ferramentas, tais materiais não possuem a durabilidade das rochas. O
fato de encontrarmos apenas objetos em pedra não quer dizer que esta tenha
sido a única matéria-prima, nem a primeira, a ser utilizada pela humanidade na
feitura de artefatos.
As primeiras ferramentas de pedra lascada consistem em seixos (pedras
arredondadas) com algumas lascas retiradas, conhecidas como "choppers". A
este conjunto de vestígios chamamos Cultura Olduvaiense

Um novo hominídeo surgiu há cerca de 2 milhões de anos: o Homo


erectus. Este homem fóssil apresenta um aumento considerável no volume
cerebral e no tamanho corporal: entre 850 a 1.100 cm3, até 1,80 m de
altura e cerca de 65 kg. Esta nova espécie também demonstra uma nova série
de padrões de comportamento, que são, no mínimo, revolucionários, até o
seu desaparecimento, ocorrido há 500 mil anos.
1) Locais onde foram encontrados: fora da África, os fósseis de Homo
erectus foram achados na Indonésia (datados de 1,8 milhões de anos), na
Geórgia, sul da Rússia (1,6 milhões de anos) e na China (750 mil anos).
2) Surge o Caçador: antes do Homo erectus não havia evidências claras de
que o homem praticasse a caça. Aliás, muitas das evidências indicavam que o
consumo de carne se restringisse a carniça e ao tutano de ossos. Já nos sítios
do Homo erectus, a presença de ossadas de animais era mais frequente,
sendo provável que o aumento na quantidade de proteína tenha sido uma das
causas do aumento do tamanho do Homo erectus.
3) A Casa: aparecem estruturas parecidas a acampamentos organizados, com
acúmulos de pedras lascadas (fabricação de instrumentos) e de restos de animais.
4) Domesticação do Fogo: o homem não descobriu o fogo, uma vez que
este elemento é um fenómeno natural,- o que o Homo erectus fez foi descobrir
como controlá-lo. Este processo parece ter ocorrido há cerca de 600 mil anos.
5) Surge a Infância: nos mamíferos, os filhotes nascem com pelo menos
; • ; : : ;e : : : r : ::;:.-: :ereòra cos adultos. Entretanto, nos Ho/no erectas
esta regra não é mais possível, pois, se ela pudesse ser aplicada, o cérebro do
- com capacidade de 1.100 cm3 — deveria serar um bebé Homo
erecft/scom 550 cm3. Ora, os bebés humanos nascem com 385 cm3, portanto,
;:~ :•:•;; :-: ' ; :-.- cacacidade do Homosapiensadulto. Os bebés
humanos vêm ao mundo com um cérebro prematuro e, em consequência,
otevem passar por um período maior de cuidados dos pais, com uma infância
.: : : - _-a^; pé es oadrões da natureza.
6) Produção sistemática de ferramentas: o Homo erectus passa a fabricar
••: : "entas com maior frequência, e seus instrumentos se tornam mais
: ac :-;3:s como os machados bifaciais (datados de 1,4 milhões de anos),
que requerem uma capacidade cosnitiva muito mais elevada. Os instrumentos
relacionados ao Homo erectus mostram um padrão comum, ao qual os
arqueólogos denominam Cultura Acheulense.

A transição entre o Homo erectus e o Homo sapiens sapiens (nós) é um dos


capítulos mais nebulosos da Evolução Humana, pois a identificação dos
primeiros seres humanos modernos depende de uma anatomia que satisfaça aos
critérios de "moderno": indivíduos menos robustos, com crânio curto, alto e
arredondado, com face pequena e queixo proeminente. Porém, fósseis que
tenham essas características e apresentem uma antiguidade adequada são raros,
porque os métodos para a obtenção da idade de fósseis pertencentes ao
intervalo entre 200 mil e 60 mil anos apresentam frequentemente muitos
problemas, dando margem a uma grande incerteza quanto à sua proveniência.
Neste quadro, a única exceção é o Homem de Neandertal — ou o Homo sapiens
neandertalensis — que apresenta uma grande quantidade de fósseis encontrados
desde Portugal até o Ira, e desde o norte da Alemanha até a Sicília, e cujas idades
são bem estabelecidas (entre 150 mil e 30 mil anos).
O Homem de Neandertal é a imagem popular do Homem das Cavernas:
grotesco, atarracado, bruto e com ar bestial, carregando um tacape numa mão e
segurando a mulher pelos cabelos, na outra. Esta visão é resultado de
reconstituições tendenciosas e que, por muito tempo, o consideraram um beco
sem saída da evolução. Hoje os cientistas vêem este hominídeo de modo
diferente: primeiramente, embora sua aparência devesse ser inegavelmente
robusta e atarracada, o Homem de Neandertal não era grotesco nem bestial,
afinal, estamos diante de um fóssil com a mesma capacidade craniana que a
nossa (cerca de 1350 cm3). Outras evidências indicam um maior grau de
sofisticação na cultura dos Neandertais, pois eles apresentam uma tecnologia
relativamente sofisticada de lascamento — a Cultura Mousteriense e a
Chatelperroniense — que passa a usar as lascas para fazer também
instrumentos. Os Neandertais também são os primeiros a enterrar seus mortos e a
cuidar de seus doentes, feridos e velhos.
Apesar desses dados, o status dos Neandertais e de outros fósseis de
Homo sapiens desse mesmo período com relação à nossa espécie ainda é
polémico. A discussão sobre a origem do Homo sapiens gira em torno
basicamente de duas hipóteses:
1) a Continuidade Regional: de acordo com esta hipótese, a evolução do Homo erectus para o Homo sõpiens
deu-se de forma gradual em vários pontos do mundo.
2) a Origem Única: propõe que o Homo sapiens apareceu na África e que tenha gradualmente substituído
ou assimilado as populações de Homo erectus.
Apesar das controvérsias, o fato é que os mais antigos fósseis de nossa espécie — modestamente
denominada de Homo sdpiens sapiens (o homem duplamente sapiente) — têm cerca de 130 mil anos. Os
feitos pré-históricos de nossa espécie são particularmente notáveis, entre 60 mil a 10 mil anos atrás, como:
- o desenvolvimento de lecnologias de lascamento mais sofisticadas, em que o Homem passa a produzir
lascas mais uniformes em forma e tamanho, as chamadas lâminas (lascas compridas, delgadas e finas);
- uma melhora sensível na caça, na pesca e na coleta, e a primeira "explosão demográfica" da humanidade;
- a colonização da Austrália e das Américas,-
- o surgimento da Arte.

O TESTEMUNHO DAS PEDRAS

Como pudemos observar, a evolução do Homem foi acompanhada, em certa medida, por uma evolução
cultural/tecnológica, cuja principal evidência se encontra nos vestígios da fabricação de instrumentos de
pedra lascada, ou nas Indústrias Líticas.
A humanidade utilizou a pedra lascada entre 2,6 milhões e 10 mil anos, período conhecido como a Idade da Pedra
ou Paleolítico, subdividido em Paleolítico Inferior (Olduvaiense e Acheulense), Médio (Mousteriense) e Superior.

Fig. 1. O género Homo e as Culturas da Idade da Pedra

Neolítico

Paleolítico Superior

P Homo sapiens sapiens

| P Paleolítico Médio

Homo sapiens arcaico

Paleolítico Inferior

Homo erectus

Homo habilis

500000 1000000 l 500000 2000000 2500000 3000000

Anos
Podemos distinguir duas tendências no desenvolvimento destas
indústrias líticas:
1) O melhor aproveitamento da matéria-prima nas culturas do Paleolítico
Inferior: um seixo de 500 s, aP°s levar alguns golpes feitos com outra pedra, era
transformado em uma ferramenta com bordo cortante (gume). Na tabela abaixo e
na fig. 2 podemos apreciar a diferença entre o Olduvaiense (H. habilis) e o
- : • • : . - : • M- - erectus). Esta diferença se acentua nas culturas do Paleolítico
Médio, quando a Humanidade passada utilizar e a modificar as lascas de modo
sistemático, ou seja, quando, a partir de um seixo, várias ferramentas podem ser
feitas. Finalmente, no Paleolítico Superior, o Homo sapiens sapiens desenvolve o
íascamento laminar, e maximiza o aproveitamento das rochas.

CULTURA COMPRIMENTO DO GUME (500 g.)


Olduvaisense 5 cm
Acheulense 20 cm
Mousteriense 100 cm
Paleolítico Superior - Gravetiense 300 a 1200 cm

Fig. 2. O seixo e seus produtos

Paleolítico Inferior
Chopper Olduvaiense

Machado Bifacial
Acheulense

Paleolítico Médio

fc"" "

Paleolítico Superior Núcleos Instrumentos


:3fr^..A

2) O aumento na variedade de instrumentos: apesar de ser uma consequência


óbvia do melhor rendimento no íascamento, reflete também, em cada etapa, um
aumento no grau de abstração necessária para conceber o produto final, o
instrumento. Por exemplo, na fig. 2 podemos notar que o choppernão passa de
um seixo com algumas lascas retiradas, o que requer um grau de planejamento
mínimo. Mas o machado bifacial é um objeto que tem pouca semelhança com o
seixo, requerendo um planejamento mais elaborado, uma vez que o artesão deve
imaginar a ferramenta antes de começar a lascá-la.
OS CAÇADORES-ARTISTAS DA EUROPA

Nas cavernas da Europa Ocidental — especialmente na França — encontra-se o que foi reconhecido, pela
primeira vez, como uma manifestação da Arte pré-histórica. No Paleolítico Superior da Europa, foram
identificadas cinco srandes culturas pré-históricas, abaixo apresentadas:

Fig. 3. As Culturas do Paleolítico Superior

Magdaleniense

Solutreense

Auriqnacience

Chatelperroniense

10000 15000 20000 2;::: ;::::

a.C.

Cada uma destas culturas é diferenciada basicamente pela presença de


indústrias líticas e de estilos artísticos diferentes.
I. O Chatelperroniense apresenta uma indústria com muitos caracteres
mousterienses, e possivelmente foi a última cultura Neandertal.
Distribuição: França.
II. O Aurignaciense marca a chesada do H.sapiens sâpiens na Europa. Surse a
técnica de lascamento laminar, e a indústria óssea também se expande e se
diversifica com a aparição de diversos utensílios elaborados com esse material. A
arte surse na forma de pequenas estatuetas em osso e em marfim, com sravuras
de fisuras seométricas rudimentares e de animais sobre blocos de rocha.
Distribuição: França, Espanha, Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, Hunsria, países da
ex-lusoslávia e Roménia.
III. O Gravetiense é caracterizado pelas pontas de La Gravette, entre outros
utensílios líticos. Surgem cabanas circulares (4 a 5 m de diâmetro). Estatuetas
femininas (as "Vénus" pré-históricas) são esculpidas em marfim, osso e pedra e
figuras animais mais realistas são gravadas nas paredes de cavernas. Surgem as
meiras pinturas. Distribuição: França, Espanha, Itália,
Memanha, Áustria, Hunsria, Polónia e Roménia.
IV. C Solutreense apresenta as pontas de pedra mais
:: • :: :=s 33 dade 00 Peara: as pontas de folha, longas
e finas. Na arte, os solutreenses empreendem as
primeiras esculturas "monumentais", baixos relevos em
Srandes blocos e em cavernas, representando animais,
geralmente cavalos, bovinos e bisões. Distribuição:
França, Espanha.
V. O Magdaleniense apresenta uma maior variedade de
utensílios líticos e em osso que seus predecessores, muitos
dos quais decorados com imagens geométricas ou figuras
animais gravadas ou esculpidas. Nesse período são feitos
os grandes "afrescos" nas Cavernas de Lascaux e Altamira,
com representações sofisticadas e realistas. Distribuição:
quase toda a Europa (exceto Ilhas Britânicas e Escandinávia)
e Oriente Médio.

Os homens do Paleolítico Superior viveram na "Era do


Gelo": por várias vezes o resfriamento da Terra cobriu
boa parte da Europa com as calotas glaciais, alternando
a paisagem de florestas temperadas pelas tundras
árticas. Ao redor de 10 mil anos atrás, uma nova idade
geológica começou — o Holoceno —,s marcada pelo
aquecimento global. A retirada das geleiras modificou
novamente o meio ambiente e, em consequência, o
modo de vida dos homens.
A NOVA PEDRA NO CAMINHO: O NEOLÍTICO

A Revolução Neolítica (ou Neolítico, ou Revolução Asrícola) representa um dos


períodos mais importantes da história da humanidade. Entre 12 mil e 7 mil anos atrás,
após quase 1 milhão de anos vivendo de caça e coleta, e orsanizado em bandos
nómades de 25 a 50 pessoas, o homem descobriu a domesticação de animais e de
plantas, e as primeiras cidades apareceram.
Ltói dos eventos slobais que marcou grandemente esse período refere-se à mudança
climática mundial ocorrida há 12 mil anos (transição Pleistoceno-Holoceno), quando o
clima passou a ser mais quente e úmido, produzindo mudanças na fauna e na flora.
Tradicionalmente supomos que os caçadores, em resposta a essa crise ambiental,
desenvolveram a agricultura e o pastoreio como forma de aumentar a produção de
alimento, passando a viver em grandes comunidades sedentárias que, por sua vez,
passaram a apresentar estruturas sociais e políticas mais complexas, ocorrências todas
que se sucederam de forma relativamente abrupta, ou seja, revolucionária.
Hoje sabemos que as primeiras comunidades sedentárias e mais complexas se
caracterizavam como sendo as de caçadores-coletores, que surgiram antes da
agricultura (com exceção das Américas). A resposta dos caçadores-coletores, portanto,
frente à crise ambiental, pautou-se na reorganização de suas soe edades de bandos
para comunidades sedentárias tribais, e gradativamente, eies foram descobrindo e
adotando a domesticação de plantas e animais.
Duas inovações técnicas marcam este período:
a) Pedra Polida: esta tecnologia consiste basicamente em lascar uma pedra até que
esta tenha aproximadamente a forma do objeto pretendido. A partir daí, essa pedra é
"lixada" com areia até se chegar ao artefato desejado. Geralmente os utensílios são
lâminas de machados, pilões e almofarizes, ferramentas associadas ao consumo de
alimentos vegetais, tal tecnologia é mais custosa, pois leva muito mais tempo (dias) para
um machado polido ser feito do que um machado lascado (horas). No entanto, a
ferramenta resultante é muito mais resistente e durável.
b) Cerâmica: consiste na confecção de artefatos compostos por argila endurecida
pelo fogo. Sua adoção no Neolítico é relacionada com o aumento do papel dos
alimentos para a comunidade, pois eles devem ser preparados por cozimento
(tubérculos e cereais) para seu consumo.
Nenhuma das tecnologias apresentadas acima e essencialmente uma
invenção neolítica, pois exemplares de cerâmica e de polimento aparecem no
Paleolítico Superior, porém, na forma de objetos raros, "especiais", como
estatuetas e outros objetos de arte mobiliária. A inovação do Neolítico com
relação a essas técnicas está na substituição de uma função "cerimonial" antes
adotada por uma função cotidiana.
É claro que a influência deste período pré-histórico em nossas vidas permanece
até hoje: todas as plantas e animais de importância económica foram domesticados
no Neolítico, com exceção do cachorro (Paleolítico) e do rato branco (séc. XX).

A importância da Pré-História na formação de nossa espécie e de nossa sociedade é


inegável, cujo legado temos procurado compreender e reavaliar paulatina e
constantemente.

Na verdade hoje se estima que a terra tem cerca de 4 Bilhões de anos e o Universo mais de 15 bilhões.
O PASSADO EGÍPCIO: TRÊS MIL ANOS DE HISTÓRIA

A civilização faraónica possui uma extraordinária continuidade em


sua história, sendo uma das mais longas do mundo. A explicação
dessa longevidade pode ser atribuída ao relativo isolamento desse
grande oásis cercado por imensos desertos, mas principalmente,
pelo seu estado centralizado fortemente estruturado, sob o coman-
do de um homem considerado um representante dos deuses na
Terra, o faraó.
Por conveniência geral, a história egípcia foi dividida em dinastias
e estas, agrupadas em blocos, chamados Antigo, Médio e Novo
Impérios. Os intervalos entre estes grandes blocos, que
correspondem aos períodos de enfraquecimento do Estado Faraóni-
co, são denominados Períodos Intermediários.

O NASCIMENTO DO ESTADO E A UNIFICAÇÃO DO EGITO

Ao longo de uma evolução de milhares de anos, os habitantes do


Vale do Nilo passaram do estado de caçadores-coletores — que
viviam em grupos nómades — para o de agricultores sedentários,
que se instalaram de forma definitiva às margens do Nilo e criando,
progressivamente, comunidades e vilas, desenvolvendo a cerâmica
e a cestaria e sepultando os seus mortos em cemitérios no deserto
ocidental. Essas pequenas vilas formaram pequenos reinos locais,
tanto no Alto como no Baixo Egito. Por volta de 3100 a.C, ocorreu a
unificação desses reinos sob a autoridade de um rei único. Desses
primeiros reis só conhecemos praticamente os seus nomes, como o
rei Escorpião e o rei Narmer, que tornaram o Egito um dos primeiros
estados organizados, governado por um rei poderoso a que chama-
mos de faraó.
Durante as duas primeiras dinastias, o Egito consolidou a sua
unificação utilizando-se da escrita como uma forma de controle da
economia e da sociedade. Foi a época da consolidação de grandes
centros religiosos, como Hieracômpolis, e da capital do Egito
unificado, Mênfis.

10
MAR MEDITK.RRÂ.NKO

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BAIXO EGITO llcliópolis
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Dfl flGCICULTUBfl, BflSE Dfl BIQUEZfl EGÍPCIfl. ChEGflnDO l DESERTO
LÍBIO
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váBios BBflços, focmflnoo um GBflnoE DEUfl, com TEccfls Oásis do SINAI
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FÉCTEI5 CHEIflS DE PflSSflBOS, PLflRTflS E flnifTlfllS.
DOS DESECTOS QUE CEBCflVflíTl O DlLO, OS EGÍPCIOS EXTBflÍBflm
flS PEDCflS USflDflS HflS COnSTBUÇÕES DE SEUS TEÍTIPLOS, TÚmULOS E
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DESERTO
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ALTO EGITO
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TBflnSBOBDflVfl, FECTILIZflVfl OS CflmPOS. 05 EGÍPCIOS flmiGOS
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Vale dos Reis, *KiT-gk
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O RILO TflmBÉm EBfl ESSEncifli como vifl DE comunicflçflo
l Kôrn Dmbo
DO Pflís, POIS pEcmiTifl fl ciBCULflçfio DE Funcionados fl SECVIÇO
DO FflCflÓ, DE TCOPflS IDILITflCES, DE [TlEBCflDOCES, DE mflTECIflL
UTILIZflDO nflS GBflnDES COnSTCUÇÕES E DE mEBCflDOCIflS,
LICflODO O mUriDO flFBICflnO flO mEDITEBBflnEO.

ANTIGO IMPÉRIO: BAIXA \UB1A

A ERA DAS PIRÂMIDES


cerca de 2575-2134 a.C.

A maior parte dos faraós desse período teve a sua capital em Mênfis, e foi nos desertos ocidentais próximos ao
Nilo que construíram os seus túmulos em forma de pirâmides. A primeira delas, feita pelo faraó Djoser, da III
Dinastia, em Saqqara, foi o monumento pioneiro em todo o mundo a utilizar a rocha como material de construção.
Seus sucessores, pertencentes à IV Dinastia, também foram construtores de pirâmides no platô de Giza,
próximo à atual capital do Esito, Cairo. As mais célebres são as de Queóps, Quefrem — que além de sua
pirâmide construiu também a srande esfinse — e Miquerinos. Ao redor das pirâmides desses srandes faraós
foram construídas as tumbas dos nobres e dos altos funcionários da corte, chamadas mastabas.
Nessa época, o faraó era considerado não só uma encarnação do deus Hórus na Terra, mas passou a ser
chamado de "Filho de Ré", o deus sol, o único proprietário das terras e das riquezas. Todos os domínios da
vida económica e social eram controlados por uma burocracia numerosa, dirisida por altos funcionários da
corte, muitos deles parentes próximos do faraó. O principal desses administradores era o "Vizir", uma espécie
de primeiro ministro, diretor dos tesouros e das obras do faraó. Ele controlava uma rede de escribas e
funcionários espalhados por todo o Esito.
Por fim, estava a srande massa de trabalhadores e camponeses responsável pela riqueza do país. O Antiso
Império foi para os esípcios uma época sloriosa, lembrada sempre pelos seus srandes feitos. Mas o poder
fortemente centralizado dos últimos reis da VI Dinastia terminou por sucumbir às pretensões e aos golpes dos
governadores das províncias.
11
I PERÍODO INTERMEDIÁRIO: A QUEDA DO PODER CENTRAL
cerca de 2134-2040 a.C.

Com o fim do Antiso Império, o Egito entrou em um período conturbado. Os faraós que
•: • : i'" •'.". c : . e ; nício da XI Dinastia sucederam-se rapidamente, e nenhum
consesuiu se firmar no poder, sendo praticamente desconhecidos da História. A causa do
declínio pode ser atribuída às mudanças climáticas que trouxeram a seca e a fome ao Egito
:: - - z . . = : 3C ~r-"53oecimentodo Estado Faraónico.
Rapidamente o país se dividiu em principados rivais, situação que durou mais de um século.

MÉDIO IMPÉRIO: A ÉPOCA CLÁSSICA DO EGITO


cerca de 2040-1640 a.C.

Após as turbulências do l Período Intermediário, o Egito foi unificado sob a autoridade


do faraó Mentuhotep II, da XI Dinastia. Foi uma época em que surgiu uma nova capital —
Tebas — e na XII Dinastia, sob o reinado de Amenemhat e Senusret, iniciou-se um período
de estabilidade política, riqueza artística e prosperidade. Para residência real foi escolhida
a região do Fayum, um grande oásis a 80 Km de Mênfis, cujas terras férteis foram
aproveitadas para o desenvolvimento da agricultura na região. Novas pirâmides foram
construídas em Lisht e Dahshur.
Ao sul, a Baixa Núbia foi anexada ao Egito e, ao norte, uma parte da Palestina foi
ocupada militarmente.
A administração foi reorganizada e o poder dos governadores das províncias, limitado.
Novas carreiras burocráticas foram criadas e a função de escriba, mais valorizada.
Durante esse período de prosperidade as estátuas de particulares se multiplicaram, aumentou o
número de pessoas letradas e diversos textos literários foram produzidos. As crenças funerárias
relacionadas a Osíris, o deus dos mortos, tornaram-se cada vez mais populares.

II PERÍODO INTERMEDIÁRIO: A INVASÃO DO EGITO


cerca de 1640-1532 a.C.

A XII Dinastia terminou com o relativo declínio do poder faraónico e uma nova divisão do
país. Pouco se sabe acerca da XIII e XIV Dinastia, apenas que foram paralelas, governadas
por altos funcionários que se auto-intitulavam faraós. O enfraquecimento do poder central
permitiu a instalação, no Baixo Egito, de um povo vindo da Ásia, que lentamente se infiltrou
no Delta.- eram os hicsos, cujo significado pode ser traduzido como "Chefe dos Países
Estrangeiros". Uma invasão que, no início, foi pacífica, transformou-se mais violenta numa
segunda etapa, com a ocupação de Mênfis. As vitórias dos hicsos deram-se, em grande
parte, devido ao uso de carros de guerra puxados por cavalos, desconhecidos dos egípcios
até então. Os hicsos fundaram a capital em Aváris, no Delta oriental, criando as XV e XVI
Dinastias. Enquanto isto, surgia, em Tebas, uma nova dinastia puramente egípcia, que por
meio de sucessivas batalhas, derrotou os hicsos e expulsou-os do Egito.

NOVO IMPÉRIO: A IDADE DE OURO DO EGITO


cerca 1550-1070 a.C.

O faraó Ahmósis expulsou os hicsos, reunificou as Duas Terras e fundou uma nova Dinastia, a
XVIII. Tebas voltou a ser a capital do Egito e iria colher os frutos do período mais rico da história
egípcia. Uma grande atividade arquitetônica teve início, principalmente em Karnak, o grande
centro de culto do deus Amon. A Núbia, que no II Período Intermediário havia se rebelado,
12
seria reconquistada. As resiões da Palestina e da Síria passariam a ser submissas ao Egito.
Campanhas militares e comerciais garantiriam que as riquezas do Mediterrâneo Oriental
chegassem ao Egito. Numerosos estrangeiros entrariam no Egito como comerciantes e
soldados, introduzindo novas crenças e influenciando a arte. Em Tebas, à margem esquerda do
Nilo, os reis construiriam as suas tumbas escavadas no Vale dos Reis. No auge da glória da XVIII
Dinastia, surgiria um faraó que modificaria radicalmente o pensamento político e religioso:
Amenhotep IV promoveu o culto de um deus único, Aton, o disco solar. Este faraó mudou o
seu norge para Akhenaton e fundou uma nova capital, hoje conhecida como Amarna. Os
templos de Amon foram abandonados e suas imagens e nomes destruídos. Essas mudanças,
que parecem ser uma primeira tentativa de implantação de uma religião monoteísta da História,
não sobreviveram após a morte de Akhenaton.
Amarna foi abandonada e o seu sucessor, Tutankhamon, restaurou os antigos deuses e
voltou para a capital Tebas. Com a XIX Dinastia surgiram grandes faraós construtores de
grandes templos por todo o Egito, como Séthi l e, principalmente, o seu filho Ramessés II.
Este último, também foi um grande guerreiro, tendo lutado contra o Império Hitita que
ameaçava as fronteiras do Egito. O último grande faraó do Novo Império foi Ramessés III, da
XX Dinastia, que evitou que os Povos do Mar, filisteus e líbios, invadissem o Delta do Egito.
Progressivamente, o Egito perdia a sua influência no Oriente Próximo e os faraós
enfrentavam os sacerdotes de Amon na disputa pelo poder.

Ill PERÍODO INTERMEDIÁRIO: O CREPÚSCULO DOS FARAÓS


cerca de 1070-712 a.C.

Sob os últimos Ramessés, uma crise económica e a fragilidade política conduziram a uma
divisão do poder entre os grandes sacerdotes de Amon em Tebas — que governavam o Alto
Egito — e uma dinastia de faraós, que governava a partir de uma nova capital, Tânis. Nas XXII e
XXIII Dinastias uma sucessão de militares líbios tornou-os faraós. Na XXV Dinastia, reis núbios
fizeram-se faraós e puseram fim à invasão assíria, que com Assurbanipal, havia saqueado Tebas,
profanado o Templo de Amon e incendiado a cidade. Sob o reino desses faraós africanos o
Egito buscou, na glória do passado do Antigo e Médio Império, inspiração para sua arte e
literatura. Da cidade de Sais, no Delta, surgiram os fundadores da XXVI Dinastia, que
reconstituíram a unidade do país e consolidaram a aliança com o mundo grego. Em seguida, o
Egito foi ocupado pelos persas, comandados por Cambises e Dario l, que também se fizeram
entronizar como faraós.
O Egito ainda conheceria um último período de independência com a XXX Dinastia, a
última Dinastia, que seria derrotada por uma segunda invasão persa. O libertador do Egito
- Alexandre, o Grande — que derrotou os persas, foi proclamado faraó e reconhecido
como Filho de Amon, e fundou uma nova capital às margens do Mediterrâneo, Alexandria.
Após a morte de Alexandre, um de seus generais, o macedônio Ptolomeu, herdou o Egito
e reivindicou a herança dos faraós. Por 300 anos a Dinastia dos Ptolomeus impôs ao Egito
uma administração baseada no modelo grego, porém sobre uma sociedade e população
egípcias. A língua, a escrita e a religião dos egípcios antigos permaneceram, principalmente
nos templos. A última soberana da Dinastia dos Ptolomeus foi Cleópatra VII que, com seus
encantos, conquistou Júlio César e Marco António. Com a sua morte, o Egito passou a ser
uma província do Império Romano.
Pelas mãos dos romanos o cristianismo chegou ao Egito, já no primeiro século. O
imperador Justiniano, em 543 d.C., ordenou o fechamento dos templos e a perseguição
aos sacerdotes, estabelecendo o cristianismo como a religião oficial do Egito. Em 639 d.C.
os árabes muçulmanos chegam ao Egito e o Islamismo tornou-se a religião oficial. Logo em
seguida foi fundada uma nova capital, o Cairo.
13
OS HIERÓGLIFOS

;istema de escrita dos egípcios antigos surgiu aproximadamente na época


: : : = : !: : : es:a :. : fc aôr co. As recentes escavações feitas pelos arqueólogos
D cemitério real de Ábidos, onde os primeiros reis foram sepultados,
nitem datar o surgimento da escrita em torno de 3300 a. C., o que significa
que a escrita egípcia é uma das mais antigas do mundo.
Os egípcios possuíam diferentes sistemas de escrita. Os mais antigos foram os
hieróglifos, palavra grega que significa "imagens sagradas incisas". Eram, principalmente,
usados nas inscrições reais e religiosas gravadas na pedra.
Uma forma simplificada dessa escrita foi utilizada desde a III Dinastia até o III
culo d. C., na qual os sinais eram escritos à tinta com pincel sobre papiro, couro
ou lascas de pedra e cacos de cerâmica. Era chamada hierática, que em grego
significa "escrita sacerdotal". Era utilizada para textos religiosos, comerciais,
literários e correspondências.
A partir da XXVI Dinastia uma outra escrita, ainda mais abreviada e rápida, foi
desenvolvida: a demótica, do grego "escrita popular". Era utilizada, principalmente,
sobre papiro e cacos cerâmicos. Era uma verdadeira escrita estenográfica, por onde
os sinais se interligavam, utilizada em textos literários e com finalidades cotidianas.

O SISTEMA HIEROGLÍFICO

A escrita hieroglífica possuía 1200 sinais, dos quais 700 eram os mais frequen-
tes, e chegou a atingir mais de 7 mil sinais durante o Período Ptolomaico.
Existiam dois tipos principais de sinais: os que representavam sons
(fonogramas) formado por sinais que representavam de uma a quatro consoantes;
as vogais não eram escritas. A combinação desses sinais formava palavras.

Hieróglifo
Hieróglifo Linear Hierático Demótico

2900 a.C. 2700 a.C. 2000 a.C. Cerca de 500 a.C.


I
Cerca de
I
Cerca de Cerca de Cerca de
2800 a.C 2600 a.C. 1800 a.C. 1500 a.C. 100 a.C. 1500 a.C 1900 a.C. 1300 a.C. 200 a.C.

14
O segundo grupo era composto por sinais (desenhos) que correspondiam a uma palavra ou ideias completas
(ideogramas), isto é, a palavra era representada diretamente pela imagem do que deveria ser representado: por
exemplo o desenho de uma casa significa casa. Os egípcios antigos combinavam esses dois sistemas de escrita.
>

OS ESCRIBAS

Saber ler e escrever era essencial para a administração faraónica. Os registros de tudo o que era produzido, estocado e
comercializado, bem como acobrança de impostos e o pagamento pelos serviços, eram guardados em arquivos. Sendo
assim, aquele que sabia ler e escrever tinha um grande futuro a serviço do faraó. Nas escolas egípcias, chamadas "Casas da
Vida", os professores ensinavam o sistema hieroglífico e hierático por meio de cópias de textos mais antigos e de cálculos
matemáticos que os alunos deveriam fazer.
Uma vez terminada a formação, o jovem escriba poderia ocupar postos na administração das províncias ou da capital,
ou tornar-se sacerdote, médico, astrónomo ou arquiteto, completando os seus estudos nas escolas dos templos.

DTE 15 SÉCUL'
DESCODHECIDOS, flTÉ QUE €ÍTt 1822, UIT1 JOVEITl FBflnCÊS
CHflíTlflDO jEflíl-fCflnÇOIS CHflfTlPOLLIOn DESCOBBIU fl
CHflVE PflBfl DECIfBfl-LOS, UTILIZflnDO fl CÓPIfl DE UlTlfl
mscBiçflo flCHflDfl Em umfl ESTEIO conHEODfl como
PEDBfl DE BOSETTfl, QU€ POSSUÍfl O mESÍTlO TEXTO
ESCBITO Em EGÍPCIO í GBEGO, E QUE UTILIZflVfl TBES
ESCBITflS: O HlEBÓGLIfO, O DEfTlÓTICO E O GBEGO.
Os EGÍPCIOS ESCBEViflm os nomES DE SEUS FflBflós E
BEIS DEHTBO DE BETflHGULOS COm OS CflílTOS
flBBEDOnDflDOS, QUE CHflmflmOS DE CflBTUCHO.
CHflmPOLLIOn COmEÇOU IDEmiFICflODO flS LETBflS DE
DtriTRO DOS CflBTUCHOS, COITlPflBflnDO-flS COm OS
RELIGIÃO EGÍPCIA
nomES ESCBITOS Em GBEGO.

Os egípcios antigos acreditavam que o mundo dos


vivos, assim como o dos mortos, era controlado por deuses

- O nomE pflPiBO DESicnfl umfl pLflnifl muno


e deusas. Existia um grande número de divindades, muitas
das quais eram forças da natureza, e eram representadas
sob a forma humana, animal ou híbrida — que juntava
comum nfls mflBGEns DO PILO. Os EGÍPCIOS, no formas humanas a animais.
míCIO DE SUfl HISTÓSIfl, COÍTIEÇflBflm fl UTILIZflB O
Algumas divindades eram adoradas somente em suas
CflULE DESSfl PLflnTfl PflBfl fl FflBBICflÇflO DE UÍTI TIPO
DE PflPEL, TflíTIBÉm CHflmflDO PflPIBO. O CflULE É
cidades de origem, outras eram populares por todo o
DESCflSCflDO £ fl POLPfl COBTflDfl Em TIBflS FlPflS, Egito. Alguns de seus deuses foram mais importantes em
DISPOSTflS VEBTICflLmEnTE, LflDO fl LflDO. SOBBE ESSfl determinados períodos de sua história, como o deus Ré,
cflmflDfl É DisPOSTfl umfl SEGunofl, durante o Antigo Império, ou o deus Amon durante o Novo
HOBizonrflLmEnTE, TflmBÉm LflDO fl inço, Império.
BESULTflnDO no FOBITlflTO flPBOXimflDO DE UlTlfl Uma característica dos deuses egípcios era a sua mobili-

I FOLHfl DE CflDEBnO.
flS TIBflS SflO UmEDECIDflS COm flGUfl £ SOBB£
ELflS É COLOCflDO Um PESO. DEPOIS DE SECflS, O
PESO É BEmOVIDO E flS FIBBflS FICflm COLflDflS UÍTlflS
dade e sincretismo, isto é, a capacidade de se associarem
uns com os outros, dessa forma, um deus ou deusa poderia
emprestar o seu nome e os seus atributos a outros deuses,
flS OUTBflS. BTflS FOLHflS EBflfTl COLflDflS EnTBE SI
somando, assim, as forças, e aumentando o seu poder.
FOBITlflnDO BOLOS, UTILIZflDOS PELOS ESCBIBflS QUE Assim, ísis, por exemplo, poderia associar-se a Háthor, e
USfiVflíT) Tinifl PBETfl E VEBITIELHfl. esta com Sekhmet, ou Hórus e Amon associarem-se a Ré.
15
A MORTE E OS MORTOS

Os egípcios antigos acreditavam que a morte não era o fim


da vida, mas o início de uma nova existência. Este
pensamento foi uma consequência da observação dos ciclos
da natureza, principalmente do sol e da cheia do Rio Nilo. O
sol, que se levanta todas as manhãs, percorre o céu para se
pôr (morrer) ao entardecer e renascer na manhã seguinte.
A cheia do Rio Nilo, que chegava todos os anos na mesma
época, inundava a terra seca, trazendo a vida às plantas e
animais, mas após a cheia, a terra ressecava-se novamente até
o próximo ano, numa constante renovação da vida.
Uma nova vida existia semelhante àquela, porém mais
agradável e livre de problemas, em uma terra de campos
férteis chamada "Campos de Oferendas" ou "Terra dos Bem- l l

aventurados", cujo governante era o deus Osíris.


Para os egípcios antigos, Osíris teria sido o primeiro rei yrf
do Egito, muito justo e bondoso, em uma época onde os
deuses viviam na Terra junto com os homens. Osíris foi
assassinado pelo seu irmão invejoso chamado Seth que,
após matá-lo, cortou o corpo do irmão em pedaços e
espalhou-os pelo Egito. Após muitas aventuras, ísis, a
esposa de Osíris, conseguiu juntar todo o corpo de seu
marido e, com a ajuda de Anúbis, transformou-o em uma
múmia, a primeira a ser feita, dando assim ao seu marido
uma segunda vida como rei, no Mundo dos Mortos.
Assim como aconteceu com Osíris, os egípcios
antigos buscavam garantir uma vida após a morte,
mumificando o corpo e colocando em seus túmulos
comida, bebida e os seus bens mais valiosos e
queridos, para garantir que fossem reproduzidos
magicamente no Outro Mundo. As pinturas nas
paredes das tumbas foram feitas de maneira a
representar as coisas boas deste mundo e fazer com
que elas continuassem a existir para benefício do
morto na sua outra vida.

tânfrtâi
PflBfl os EGÍPCIOS flrrriGOS TUDO o QUE nriHfl VIDÍI EBfl fOcmflDO POB um
COBPO E POB Um ESPÍBITO. €ST£ ESPÍBITO SE DIVIDIfl fíTI DUflS PflBTES PBinCIPflIS:

- O Kfl ou "DUPLO" £Bfl fl PÍBTE IÍTIÓVEL DO ESPÍBITO. íw BEPBESEniflDO PEW


imflGEm DO mofiTO QUE vivifl rws BTárufls £ rins pirmjBfls.
- O Bfl EBfl fl PflBTE mÓVEL DO ESPÍBITO. EBfl BEPBESEDTflDO POB Um PflSSflBO COÍT1

CflBEÇfl HUmflOfl. €Bfl LIVB£ PflBfl IB flORDE QUISESSE flPÓS fl mOBTE. PODEBIfl

VISITflB OS DEUSES, OS PflBERTES VIVOS, fl mÚÍTIlfl RO TÚÍT1ULO £ O Kfl.

tnOUflHTO O Kfl BEPBESERTflVfl fl FOBÇfl QU£ SUSTERTflVfl fl VIDfl flPÓS fl ÍTIOBTE, O

Bfl EBfl fl mEmÓBIfl DO mOBTO E DE QUEÍT1 ELE FOI RESTfl VIDfl.


PREPARAÇÃO DE UMA MÚMIA

Os esípcios antigos acreditavam em uma outra vida após a morte, mas para que esta outra vida pudesse
existir era necessário manter viva a lembrança de quem foram e de como viveram. Uma das formas
encontradas para manter esta lembrança foi a de se preservar o corpo, evitando a sua decomposição.
Os primeiros egípcios perceberam que os seus mortos enterrados nas areias quentes do deserto secavam e
conservavam a sua aparência. Desta forma, criaram uma técnica que permitia a secagem do corpo e a sua
conservação, cujo nome é conhecido atualmente como mumificação.
Quando uma pessoa morria, a sua família levava o corpo a um grupo de sacerdotes especialistas na arte da
mumificação. Toda a operação era feita em uma tenda chamada de "Tenda da Purificação" ou "Bela Casa", na
qual o corpo era colocado sobre uma mesa grande e estreita. Existiam vários processos de mumificação,
escolhidos conforme os recursos das famílias.
No sistema mais aprimorado e caro, os sacerdotes usavam um instrumento com a forma de gancho para
retirar o cérebro pelo nariz, em pedaços pequenos, que eram jogados fora ou dados para que os gatos
comessem. Em seguida, o interior do crânio era lavado com óleos perfumados e enchido com resina.
Um corte era feito no lado esquerdo do abdómen, perto do umbigo, por onde as vísceras do corpo eram
retiradas, cuidadosamente lavadas, secas e enfaixadas para, finalmente, serem guardadas em quatro vasos
chamados canopos.
O interior do corpo era limpo e preenchido com sal de natrão e resinas perfumadas. Depois, todo o corpo
era coberto de natrão e deixado para secar por aproximadamente quarenta dias. Quando bem seco, o corpo
era limpo e estofado com tecidos ou serragem, e olhos feitos em pedra ou cebolinhas eram colocados nas
órbitas para dar uma aparência viva ao morto. O corpo era, então, todo enrolado com tiras de tecido.
Como era utilizado muito tecido para enrolar o corpo, os familiares levavam frequentemente aos sacerdotes as
roupas do morto ou qualquer outro tecido disponível. Até mesmo velas de barcos eram usadas para esse fim.
Muitos amuletos, de várias formas e materiais, eram colocados entre as faixas, e nelas, encantamentos e
orações eram escritas para proteger a múmia dos maus espíritos em sua viagem ao Mundo dos Mortos.
Durante todo o processo de mumificação um sacerdote, usando uma máscara de chacal representando
Anúbis — o deus condutor das almas dos mortos —, recitava orações.
Após o corpo ter sido todo enfaixado, a cabeça da múmia era coberta por uma máscara que representava
o rosto do morto, e então, ela estava pronta para ser colocada em um caixão, com a forma e a aparência do
morto, e decorado com textos e imagens de deuses.
Dentro do caixão, junto com a múmia, ia um livro escrito em um rolo de papiro com orações e fórmulas
mágicas, chamado de "Livro dos Mortos".
Após todo esse preparo, a múmia, já dentro do caixão, estava pronta para receber as últimas
homenagens de seus parentes e ser colocada dentro de seu sarcófago, em pedra, no interior sua
tumba, lacrada após o funeral.

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-JMÍ CELflcionflDfls fl DEUSES, como o fl QUflflTIDflDE DE flílIÍTIfllS ITlUmiflCflDOS EilCOnTBflDfl É

íífl O flnimflL Dfl DEUSfl BflSTET; O FflLCflO, DO

í O TOUCO, DO DEUS flPIS. POC ISTO,

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TflO GCflriDE OUE, HO iníCIO DO SÉCULO XX, mUITflS fOíflm

EXPOCTflDflS PflBfl fl InGLflTECCfl PflBfl SEDEm mOÍDflS E

USflDflS COmO fEBTILIZflnTE. flum SÓ CflDBEGfllTlEnTO

-.OÇflO flOUELE DEUS, SERDO EIITECBflDOS

OS TEmPLOS OU Em CEmiTÉBIOS ESPECIflIS PflDfl


V.IHÍ ; focflm LEVflDfls 300 miL múmms DE GflTos, o OUE
CUSTOU, Rfl ÉPOCfl, O EQUIVflLEDTE fl B$ 50,00 fl TODELflDfl!

T&IBUflflL DOS
OS EGÍPCIOS flmiGOS flCBEDITflVflm OUE flPÓS O runt

flnTES, TECIfl DE PflSSflC POC UÍTlfl SflLfl OHDE SECIfl JULGflDfl DlflHTE DE Um TCIBUHflL FOBmflDO POC 42 DEUSES.

CflDfl Um DOS DEUSES FflZIfl Umfl flCUSflÇflO E fl flLmfl TECIfl DE PBOVflC QUE HflO COfTlETECfl ílEriHUm DOS CCimES DE OUE ECfl flCUSflDfl. EnTCE

«s flcusflções ESTflVfl: TEC couBflDO; TEC mflLTífliflDO os flnimflis; TEC POLUÍDO fls flcufls; TEC SIDO viOLenifl; E flTÉ iriEsmo TEC fflLflDO DEmflis.
flpós ntGflc os ccimES, o mocro TinHfl o SEU cocflçflo PESfloo Em umfl BflLflnçfl PELO DEUS flnÚBis. Quflnro mflis PESfloo o cocflçfio,
mflioc o númEco DE PEOIDOS comETioos E cflso ISTO ncoriTECESSE, o cocflçfio EC« Dfloo fl um monsTco (pflCTE mpopÓTflmo, pflBTE LESO E pflDTE
CDOCODILO) OUE o comifl, TCflnsfocmflnoo fl flLmfl Em um Fflnmsmfl concEnfloo fl nfio Enrcflc nfl OUTM viofl. ÍTlfls SE o cocflçflo FOSSE LEVE, ISTO
E, LIVCE DE CBIÍT1ES, fl flLITlfl ECfl flCEITfl RO CEIRO DO DEUS OSÍCIS E VIVECIfl DE flLEGCIflS Em Umfl ESPÉCIE DE PflCflíSO, FOCmflDO POC CflmPOS VECDES

CHEIOS DE flnimflis E ORDE SE EnconTCflcifl com SEUS flmiGos E pflremEs, VIVEODO JURTO «os DEUSES.

TÚMULOS: AS CASAS DA ETERNIDADE

Ao lonso de sua história os esípcios antisos construíram uma srande variedade de túmulos,
desde simples covas no deserto — onde os corpos não mumificados das pessoas humildes eram
enterrados com poucos objetos pessoais — até as sisantescas pirâmides feitas para os faraós.
Todas as tumbas tinham em comum a função de proteser o corpo ou a múmia do morto,
Suardar seus bens valiosos e queridos e servir de local de culto, onde os familiares faziam as suas
orações e traziam oferendas para o espírito do morto (/Cá).
As tumbas ou "Casas da Eternidade", como eram chamadas, sempre foram construídas na
resião desértica, fora dos campos férteis, e preferencialmente na marsem esquerda do Rio Nilo,
isto é, a oeste, onde o sol se põe todas as tardes, resião esta considerada "A Terra Sasrada", a
entrada para o Mundo dos Mortos, uma vez que os esípcios antisos acreditavam que o deus sol
viajava pelo céu em um barco e com ele iam os espíritos dos mortos até o poente.
Os esípcios antisos tiveram muitos tipos de túmulos. Durante o Antiso Império a forma mais
usada para o sepultamento dos reis e dos nobres era uma tumba de formato retansular, seme-
lhante a um srande caixote feita de blocos de pedra, conhecida como mastaba. No seu interior
havia salas decoradas e estátuas do morto, além de um poço que levava a uma sala subterrânea
onde ficava o sarcófaso, com a múmia e os bens pessoais. O poço era lacrado após os funerais,
deixando-se abertas somente as salas superiores para as ocasionais visitas dos parentes do morto.
O arquiteto Imhotep baseou-se na forma da mastaba para idealizar a construção da
18
primeira pirâmide, feita para o faraó Djoser da III Dinastia. Partindo inicialmente de uma grande mastaba
ele acrescentou mais cinco, uma sobre a outra, de tamanhos decrescentes, formando um tipo de esca-
daria que levaria o espírito do faraó morto ao .céu. Sob a pirâmide ficavam os poços e as salas para a
múmia do rei e seus pertences.
A ideia de uma pirâmide como túmulo real foi aperfeiçoada pelo faraó Snefru da IV Dinastia, pai do futuro
faraó Queóps. Snefru ordenou que as faces da sua pirâmide fossem lisas, substituindo a ideia de uma escada-
ria gigantesca pela representação dos raios do sol que iluminavam os quatro cantos do mundo, formando uma
pirâmide. Assim, foi construída a primeira pirâmide "verdadeira".
A forma da pirâmide foi mantida pelos faraós seguintes na construção de seus túmulos e também no de
suas rainhas. As mais famosas de todas são as que se encontram no platô de Giza, construídas para servirem
de túmulos para os faraós Queóps, Quefrem e Miquerinos.
As pirâmides tinham um grande incoveniente: elas atraíam 05 ladrões de túmulos que sabiam que, em seu
interior, haviam sido enterradas as riquezas do faraó. Desse modo, após construírem mais de 90 pirâmides, os
faraós abandonaram-nas e passaram a fazer seus túmulos escavados no interior da montanha, em um vale no
deserto de Tebas (atual Luxor) conhecido como "Vale dos Reis".
Cada faraó mandava seus trabalhadores escavarem corredores e câmaras na rocha. Ao contrário das salas e
corredores das pirâmides — que não eram decorados —, estes novos túmulos tinham as suas paredes deco-
radas com cenas religiosas, mostrando o faraó sendo recebido no Mundo dos Mortos. Junto às cenas eram
escritos textos religiosos.
Aproximadamente foram escavados no "Vale dos Reis" aproximadamente 60 túmulos reais. Embora o local
tenha sido escolhido para proteger as tumbas dos ladrões, somente o túmulo do faraó Tutankhamon foi
encontrado selado, guardando ainda os seus tesouros e a sua múmia por mais de 3 mil anos.

ÊSFIÍ1GÉ 'DRÕÉSDÉTUÍTIULO:
Jumo fls piBflmiDES, no pifliô DE O BOUBO D€ TÚmULOS TEVE IDÍdO Jfl

GlZfl, Hfl Umfl GBflnDE ESTflTUfl

BEPBESEnTflHDO Um LEflO DEITflDO

com umfl cflBEÇfl DE HOÍTIEÍTI, E QUE é


'* no TEÍTIPO DOS fflBflós. Os PBÓPBIOS
GUflBDflS, COnSTBUTOBES, SflCEBDOTES €

funcionados Dfl COBTE pflBTiciPflvflm,


conHECiDfl como ESfincE, umfl SECBETflmEnTE, DOS SflQUES. OS LflDBÕES

PflLflVBfl EGÍPCIfl flnTIGfl QUE SIGniFICfl

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REPBESEnifl O FflBflÓ QUEÍBEÍTl — COmO PflPIBO E VIDBO. ESTE TIPO DE

O COnSTBUTOB Dfl SEGURDfl PIBflfTlIDE CBIÍT1E EBfl PUniDO COIT1 fl ÍT1OBTE,

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PIBflmiDES. ESCULPIDfl ER1 UfTl ÚniCO flpós fl ocupflçflo DO EGITO PELOS


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ESCULTUBflS fEITflS PELO HOmERl, Tocnou-SE um nEGÓcio mo


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CHflmflDO "O LIVBO DOS TESOUBOS


EniEBBflDOS", QUE Ensmflvfl como
BOUBflB Um TÚmULO, FOBnECEODO

COmO flLVO PflBfl EXEBCÍCIOS DE TIBOS UlTlfl LISTfl DOS PBOVflVEIS LOCflIS OnDE

DE CflnHflO DOS EXÉBCITOS SE PODEBIfl EnCOnTBflB UÍT1 TESOUBO

mflmELUcos DUBflniE o SÉCULO XVIII, ERTEBBflDO E fÓBmULflS ÍTlflGICflS PflBfl

SITUflÇflO QUE flCflBOU POB flBBflnCflB flFflSTflB OS ESPÍBITOS QUE GUflBDflVfllTl

SEU nflBIZ E BflBBfl. OS TÚmULOS.

à
A TERRA ENTRE RIOS

Mesopotâmia significa «entre rios»: é assim que os


antigos gregos chamavam a região situada entre os rios
w
Eufrates e Tigre. Hoje em dia, a maior parte dela
corresponde ao moderno Iraque.

l Várias populações da Antiguidade, com línguas e tradições


culturais diferentes, estabeleceram-se nessas planícies: os
sumérios, os babilónios, os assírios e outros. A presença da
planície fértil dos rios foi fundamental para o desenvolvimento
das sociedades mesopotâmicas.
A geografia do Oriente Próximo é acidentada, muitas vezes
difícil para a vida humana. Ao redor da Mesopotâmia
espalham-se montanhas e desertos. A leste, estendem-se os
Zagros, cadeia de montanhas que forma uma fronteira natural
com o Elam e com a antiga Pérsia. A oeste, ficam os desertos
da Jordânia e da Síria, paisagem igualmente árida mas
pontuada por vales de rios, como o Jordão e o Orontes. Ao
sul, estende-se o grande deserto da Arábia e, ao norte, levan-
tam-se as cadeias de montanhas da Anatólia e da Arménia.

k
A aridez e a falta de água foram decisivas para o tipo de povoamento da
região, marcado por grupos nómades que transitavam pelos desertos. Mas
na Mesopotâmia, a fertilidade trazida pelas cheias dos rios permitiu e
estimulou uma concentração mais duradoura no território, baseada numa
Ho OBIEPITE Pcóximo c
economia de produção, na criação de animais e na agricultura.
no ÉGITO siTUflm-sf.
Tanto o Eufrates quanto o Tigre nascem nas terras altas da Arménia (atual
VflBIOS BIOS QU€
Turquia) e correm para o sul, até se juntarem e desaguarem no Golfo Pérsico
FOBÍTlflíTl VflLES f.
(na Antiguidade, o mar avançava bem mais para o norte e os rios
GflBflnTÉfn fl flGUfl € fl
desembocavam separadamente no Golfo).
F€BTILIDflD€ DO SOLO
As cheias decorriam do derretimento da neve nas montanhas e das
Pflfifl flS POPULflÇÕB
chuvas no norte, e chegavam ao ponto mais alto entre abril e maio, deixan-
LOCflIS. ÉSTflS BEGIÕfJ, fl
do em seu caminho um aluvião rico em fertilizantes naturais. No entanto,
B€IBfl DOS BIOS TlGB€ £
este regime de cheias se caracterizava pelo descompasso com o calendá-
EufBflTes, OBonrts,
rio agrícola: no momento das cheias, as sementes já tinham sido plantadas
JOBDflO € ÍIlLO, SflO
e estavam em pleno desenvolvimento. Por este motivo, era preciso
conHEciDfls como
proteger as plantações através da construção de diques, além de também
'CBF.scF.nTf. FF.BTIL'.
ser necessário armazenar a água para o período de seca, quando se tinha
de preparar o solo para o plantio. Assim, o importante sistema de irrigação
sempre foi uma das características básicas da paisagem económica
mesopotâmica. Os trabalhos hidráulicos eram feitos, desde muito cedo,
pelas próprias famílias ou pelas comunidades das aldeias. Mais tarde, os
templos e palácios também atuaram de modo a organizar as pessoas e os
materiais necessários à abertura e à limpeza dos canais, à construção de
barragens etc. Os rios também foram um importante fator de comunicação
entre as várias regiões, sevindo como vias de transporte.
21
O povoamento e as transformações sociais
A ocupação humana do território mesopotâmico remonta à Pré-história, em que grupos nómades de caçadores
e coletores transitavam. A presença mais fixa e constante do homem no norte da região, local onde era possível
realizar o cultivo sem irrigação, usando apenas a água das chuvas. Por volta de 6.500 a.C, algumas comunidades já
plantavam e colhiam o seu próprio alimento. O povoamento do sul demorou mais, possível apenas a partir da
utilização de técnicas de irrigação para o controle das águas, há cerca de 5.000 a.C.
A passagem para a vida agrícola.foi lenta, gradual e nunca totalmente completa, pois os antigos meios de
garantir a sobrevivência através da'caça e da coleta persistiram. Muitas vezes, o processo foi interrompido e
comunidades inteiras voltaram ao antigo modo de vida. De qualquer maneira, a agricultura significou que uma
parcela da humanidade deixou de se sustentar apenas com o que a natureza oferecia, passando a interagir
de modo produtivo com o meio ambiente. A base da agricultura mesopotâmica estava no plantio de grãos,
especialmente cevada, cereal resistente à salinização, problema constante na região. A cevada servia à
fabricação do pão — base da alimentação — e da cerveja, principal bebida alcoolizada. O sésamo também
teve lugar de destaque, sendo utilizado na produção de óleo. Das culturas especializadas, as tamareiras
foram predominantes na paisagem.
A domesticação dos animais — iniciada na região por volta de 7.500 a.C. — foi um passo igualmente
importante para a consolidação das sociedades mesopotâmicas. A criação de ovelhas, cabras e porcos
forneceu carne, leite, lã, couro, além de auxílio à agricultura, pois o gado miúdo era usado para pisotear e
enterrar as sementes. O boi foi usado sobretudo como animal de tração, puxando arados e carroças. O
onagro, o asno e a mula foram os principais animais de transporte. O dromedário e o cavalo difundiram-se
mais tarde, sobretudo no primeiro milénio a.C.. O cachorro foi um dos primeiros animais a ser domesticado e
esteve intimamente ligado ao pastoreio de rebanhos.
Várias alterações na cultura material mesopotâmica no final da Pré-história estão ligadas à transição para a
agricultura, como a invenção e difusão da cerâmica. Com a abundante argila da beira dos rios, os homens
começaram a produzir vasos, jarros, urnas funerárias e estatuetas de seus deuses. Desde cerca de 6.500 a.C., a
cerâmica aparece na forma de recipientes toscos, moldados à mão e mal cozidos. Mais tarde, por volta de
4.500 a.C., a cerâmica já era moldada em um torno, e o cozimento passou a ser mais apurado. Os objetos de
cerâmica foram usados abundantemente na vida cotidiana tanto para armazenar e transportar água e alimen-
tos quanto para o cozimento.

:-HISTORIfl Hfl ÍT1BOP< (DflTflS


PflLÊOLÍTICO 10.000 fl.C. fl E PESCfl

lomflDismo

6.500 fl.C. DomESTicflCflo DOS flnimflis


flGBICULTUBfl D€ CHUVfl HO DOBTE
EOBíDflÇflO DflS PBIfílEIBflS flLDEIflS

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flGBICULTUBfl POB IBBIGflÇflO
PBIfTlEIBOS TEÍT1PLOS
OCUPflÇflO DO SUL
^ TO&riO PflBfl CEBflmiCfl

(TlETfllS
DlfUSflO DO TBflBflLHO COfTl ÍTlETflL
.BECimEriTO Dfl ESCBITfl
A metalursia também alterou profundamente a base material da civilização mesopotâmica, até então
limitada ao uso da pedra, madeira, fibras, ossos e couro. A partir do sexto milénio a.C. o cobre já era
utilizado para a fabricação de utensílios e armas, sendo 1030 aprimorado com o acréscimo de estanho, que
formava uma lisa de bronze, bem mais resistente. O ferro só se difundiria mais tarde, por volta de 1.300 a.C..

Cidades, Templos e Palácios


A sedentarização culminou com o aparecimento das primeiras cidades. Durante o quarto milénio
a.C., a região sul do vale — a Baixa Mesopotâmia — viu a proliferação de centros urbanos, providos de
quarteirões residenciais, portos, pontes, muralhas, palácios e templos. Dentre estas primeiras
experiências urbanas da história da humanidade estão cidades como Uruk, Shuruppak, Kish, Lagash,
Umma, Eridu, Obeid e Ur. No entanto, as sociedades mesopotâmicas permaneceram tendo um forte
ingrediente nómade ou semi-nômade, funcionando em simbiose com as populações sedentárias.
A antiga Mesopotâmia foi também uma sociedade multi-étnica, formada por vários grupos diferentes. Os
sumérios e os acadianos foram os principais. Os sumérios foram um povo de origem incerta, cuja língua não
era aparentada com nenhuma outra que conhecemos. Eles predominaram no sul da Mesopotâmia e
dominaram-na durante quase todo o terceiro milénio a.C.. Por volta de 2.000 a.C., parece-nos que sua língua
deixou de ser falada gradativamente e o elemento sumério dilui-se entre a população semita. Os acadianos
eram semitas orientais e sua língua tinha parentesco com o árabe e o hebraico. Os babilónios, os assírios e os
amorritas foram os principais grupos semitas que ocuparam a Mesopotâmia.
Os templos e palácios surgiram como expressão do aumento da complexidade social. É-nos difícil
qualificara natureza exata das primeiras organizações complexas surgidas na Mesopotâmia. Certamente
elas tinham um caráter religioso, mas também cumpriam funções propriamente políticas e militares.
Desde o quinto milénio a.C., os templos e palácios se tornaram cada vez mais importantes, e suas
estruturas arquitetônicas passaram a refletir o papel cada vez maior que tinham na sociedade.

£m EBIDU, no SUL Dfl íTlESOPOTflmifl, fís mflis flmiGfls ESTBUiucfls fleguiTETÔmcfls DO início DO QUIÍITO miLÊmo
fl.C. coBBESPoriDiflm fl PEQUEHOS sflnTUflcios, mcDinDo não mflis DO QUE 6 m2, EQUipfloos com um fliiflc E umfl
ÍTlESfl D€ OfEBEnDflS.

SÉCULOS mflIS TflGDE, POB VOLTfl DE


4.000 fl.C. O TEIT1PLO É COmPOSTO
POB Umfl ESTBUTUBfl BEfTl mfllOB £ ÍTlfll5
ELflBOCflDfl, OCUPflnDO CEBCfl DE 200
m2, com um GBflnoE vão cEmcfli
CEBCflDO DE numEfiosos
compflBTimErnos, flnunciflnoo fl
PLflnifl TÍPICfl DO TEÍTIPLO
ÍTlESOPOTflmiCO.

altar mesa de sacrifícios

Fonte: Mesopotâmia e o Antigo


Escala (metros) Médio Oriente, Vol. l. Michael Roaf,
Edições dei Prado, pag. 50.

23
Se, no início, os templos agiram como organizadores dos interesses da comunidade, com o tempo
transformaram-se em organizações que centralizavam grande parte do poder, a tal ponto que alguns autores
sugeriram que, durante o terceiro milénio, as cidades sumérias foram dominadas pela estrutura do Templo-
Estado, que controlava grande parte das terras, da mão-de:obra e dos recursos naturais — em particular a
água —, tendo igualmente uma enorme influência política e cultural.
Paralelamente, o palácio surgiu como um centro de poder e, durante o terceiro milénio, caracterizou-se
como uma estrutura autónoma com relação aos templos. A figura do rei consolidou-se como chefe político
legitimado pelos deuses e seus sacerdotes. A monarquia — de origem divina, na qual o poder era transmitido
por via dinástica — foi a forma corrçnte do poder mesopotâmico.
Ao contrário do Egito, cuja unificação se processou bastante cedo, as cidades-reinos mesopotâmicas
formavam um quadro fragmentado, cada qual com seu próprio território e seu soberano. Muitos movimentos
de expansão levaram a tentativas de unificação de regiões mais vastas, mas elas foram efémeras e a
pulverização foi a regra.

O aparecimento da escrita
As sociedades mesopotâmicas — que conheceram alguns processos dos primordiais da história da huma-
nidade, como a agricultura e a urbanização — foram também as primeiras a desenvolverem um sistema de
escrita, isto é, a de notação da língua falada. Mas a escrita não foi um invento instantâneo. Pelo contrário, foi o
resultado de um longo processo em que se buscava uma forma de registrar e comunicar informações.
As transformações sociais na fase final da Pré-história
fizeram com que as tarefas cotidianas se tornassem mais
complexas: as relações sociais, que antes eram mais
diretas e simples, passaram a ser mais ramificadas,- as
formas de contato social tornaram-se mais diversificadas
e nem sempre se realizavam face a face, implicando a
existência de agentes intermediários. Por outro lado, as
grandes organizações complexas que surgiram, como os
templos e os palácios, tinham necessidade de controlar
a produção, o emprego da mão-de-obra, a circulação
de bens e os contatos com a sociedade. Em seus
primórdios, os sistemas gráficos que surgiram no Oriente
Próximo procuravam responder àquelas exigências
resultantes de um novo contexto social; visavam, sobre-
tudo, fornecer um mecanismo eficiente de controle das
Tokens, cerca de 3.200 a.C. informações que pudesse ser compartilhado socialmen-
(Museu Nacional de Alepe) te. Nesta fase, não havia nem mesmo uma relação ime-
diata e imutável entre um sistema gráfico e uma língua
específica. A produção de textos propriamente ditos só
se daria numa fase mais tardia desse longo processo de
aquisição de instrumentos de comunicação.
Nas últimas décadas, muitos pesquisadores propuseram
uma relação genética entre a escrita cuneiforme e alguns
sistemas pré-históricos de registro e contagem. Numa
primeira etapa, desde 8.000 a.C., vários pequenos objetos
modelados em argila ou, mais raramente, confeccionados
em pedra, podem ter sido usados como dispositivos de
registro e de transmissão de informação. Durante milénios,
estes pequenos objetos (chamados tokens) conservaram
formas simples e lisas, em gera geométricas (cones,
esferas, discos, cilindros etc). No quarto milénio a.C.,
Bullae com impressões na superfície, cerca observamos uma grande diversificação das formas e um
de 3.200 a.C. (Museu Nacional de Alepe) acréscimo de detalhes (incisões, perfurações), que deram
origem aos tokens com plexos. Pretendia-se que esses objetos
servissem de sistema de controle e de cômputo, representando, por
exemplo, bens em circulação. Ainda durante o quarto milénio, os
tokens passaram a ser envelopados em recipientes esféricos de
argila, conhecidos como 'bullae, o que permitia um maior controle
físico das peças, facilitando a contagem e o armazenamento de
informações representadas por um conjunto de tokens.
Um passo decisivo em direção à escrita foi dado quando a
superfície das bullae passqu a ser impressa com os tokens que ela
continha: os pequenos objetos eram, pressionados na argila ainda
fresca, deixando sua marca. Este procedimento permitiu, mais tarde,
que os próprios tokens fossem dispensados e que se desenvolvesse
um sistema em que o registro fosse feito pelo desenho de imagens
na superfície da argila, agora já na forma de tabletes. As primeiras
notações misturaram sinais numéricos e desenhos de bens (grãos,
cabeças de gado, jarros de óleo ou cerveja, etc), formando um
sistema de contabilidade.

A escrita cuneiforme
A palavra latina cuneus significa "cunha". A escrita cuneiforme foi assim chamada devido ao aspecto dos
sinais em forma de cunha que a compõe. No início, o sistema era fundamentalmente pictográfico e os sinais
procuravam representara aparência daquilo que se desejava representar: o desenho de uma mão significava
"mão"; de um galho de cereal significava "cereal" ou "grão". Mas, mesmo nesta fase, muitos sinais eram
bastante abstratos, como, por exemplo, uma cruz dentro de um círculo, que indicava "ovelha". Após esta
etapa ideográfica, os sinais passaram a indicar ideias mais abstraías: o sinal da mão poderia indicar também
"força", ou compor a forma verbal "receber".
Mais tarde, durante o III milénio a.C., os sinais foram se tornando cada vez mais esquemáticos, adquirindo
um aspecto propriamente cuneiforme e ganhando valores fonéticos (ba, ab, bab). Assim, a mão, que em
sumério se lia "shu", deu origem a sinais que poderiam ser lidos como o fonema "shu", mas também "qaf ou
"qad". A escrita passava a se tornar predominantemente fonética, mas os ideogramas continuaram sendo
usados. Por exemplo, a palavra "sharrum", que indica "rei" podia ser escrita foneticamente:

shar ru um = sharrum (rei)

Mas o título "rei" também pode ser representado por um ideograma formado por '7/7' (homem) e "gaf (grande):

= homem

> lugal = rei


•t^v
TLJL
3a' ^J
gg^~ = grande

A cultura material mesopotâmica teve como matéria-prima essencial a argila, abundante nos vales. Ela foi a
base das construções arquitetônicas, templos, palácios, zigurates, residências, e serviu para fabricar o
principal suporte para a escrita: o tablete. Existiam também gravações em pedra e metal, mas o tablete de
argila gravado com a ajuda de um cálamo foi o veículo essencial da escrita cuneiforme.
Além dos sumérios, babilónios e assírios, várias outras populações utilizaram o sistema cuneiforme para
registrar suas línguas: hititas, hurritas, elamitas, persas etc.
25
As sociedades mesopotâmicas foram as primeiras a utilizar
amplamente a escrita, embora o domínio da técnica de ler e de escrever
tenha permanecido extremamente limitado. Para todos os efeitos,
estamos face a uma situação em que os escribas eram os detentores de
um saber de elite, muitas vezes quase esotérico, colocado sob a
proteção de um deus, Nabu, filho de Marduk. Normalmente, os escribas

tí estavam lisados aos templos e palácios: a escrita era utilizada sobretudo


na administração dos nesócios dessas instituições (resistros contábeis,
correspondência entre funcionários e soberanos) e para a produção de
textos que lhes eram próprios, como as inscrições reais, os hinos aos
deuses, os textos mitolósicos e literários etc. No entanto, a utilização de
resistros em tabletes de argila difundiu-se considerável mente nas outras
esferas sociais, servindo ao resistro decqmpras, aluguéis, arrendamen-
tos, atividades comerciais diversas, partilhas de herança, atos de casa-
mento, correspondência privada e assim por diante. Os tabletes
Escriba assírio. Palácio sudoeste cuneiformes correspondem a uma parte significativa dos objetos recu-
de Níneve, c. 630 a.C. perados nas escavações arqueológicas em sítios mesopotâmicos.

CflBECfl momflnHfl
sinflL fl&cflico )J
c. 3.500 fl.C
5UÍT1EPIO
c. 2.500 fl.C.
BflBILÔniCO flnilGO
c. 1.800 fl.C.
mÉDio-flssÍBio
c. 1.100 fl.C
nEO-flssieio
c. 750 fl.C.

Um OUTPO TIPO DE OBJETO 5UPGIDO EÍT1 ÍDEIO fl ESSE ÍTIESmO PBOCESSO DE flUÍTlEriTO Dfl COITlPL€XIDflDE SOCIflL
fOI O SiriETE, USflDO PflPfl ESTflíTlPflP IfTlflGEnS Em SUPEPFICIE5 ÍTIflLEflVEIS. FEITOS, Em GEPflL, EIT1 PEDPfl, E GPflVflDOS
com imflGEns, os smETES supcipflm no sÉrimo miLÊnio fl.C.. PosTEPiopmEnTE, no ouflcro milénio, SEU
DESEnVOLVimEHTO DEU OUIGEÍTI fl Um SELO TIPICflíTlEnTE mESOPOTflíTIlCO, no FOPÍTlflTO DE CILinDPO. OS SELOS-
ciiínDcicos conHECECflm umfl LflCGfl pcoEusflo E SEU uso ESTEVE inTimflmEnTE flssocmoo flos TOBLETES
cunEiEocmEs: ELES ECflm coLfloos SOBPE fl flcciLfl Pflcfl DEixflp sufl impcEssflo, SEJfl POC cimfl Dfl pcópcm
ESCPITUCfl, SEJfl 5OBBE ESPflÇOS CESEDVflDOS PflCfl fl SELflGEITl nO TflBLETE. €m GECflL, O SELO SEPVIfl PflCfl COnFECIE
LEGiTimiDflDE fl umfl Tuflnsflçflo, Pflcfl confi&mflB um TESTEmunno Em PDOCESSOS ou conT&flros, ou Pflcfl Ficmflc
um compromisso (o pflGflmEnro DE umfl oíviofl ou fl CEflLizflÇflo DE umfl flLiflnçfl DE cflSflmEnTO, POP
EXEmPLO). (TlflS fl SELflGEm TflfTlBÉm EPfl USflDfl PflCfl LflCBflD CECIPIEnTES OU LOCflIS: OS SELOS EBflm imPCESSOS E(T1
ETIQUETflS DE flBGILfl QUE DEVECIflm GflDflnTIP fl IHVIOLflBILIDflDE DE Um CESTO OU DE UíTlfl POPTfl, POC EXEPTIPLO.
Os SELOs-ciLÍnoeicos pooiflm conTEC imflGEns ou insccições (nocmflLmEnTE, nfl focmfl: X FILHO DE y,
SEPVIDOB DO DEUS 1) OU flíTlBflS. Um SELO-CILÍnDBICO EM IGUflLfnEnTE Um OBJETO DE PPESTÍGIO, POIS OS ÍTlflTEPIfllS
USflDOS EPflm CflPOS (HEmflTITfl, LflPIS-LflZÚLl) E fl COnFECÇflO PODIfl SEU ÍDUITO DEFinflDfl, EXIGIHDO Um flPTESflO
HflBILIDOSO. flLGUnS SELOS COnTinHflm PPECES DE PPOTEÇflO flO SEU DOnO, flOQUIDinDO O VflLOP DE UÍT) TflLISmfl.
ílflO ECfl PflCO Um SELO-CILÍnDPICO SED PflSSflDO Em HEPflnÇfl D£ Pfll PflCfl FILHO, USflDO POP ESTE PflPfl SELflP SEUS
PPÓPPIOS DOCUITlEnTOS. OUTPOS FOPflm EnCOnTCflDOS Em TUITlBflS, flO LflDO DO mOBTO.
Foto: Wagner de Souza e Silva MAE/USP

Homem
portando selo.

Fonte: Mesopotâmia e
o Antigo Médio
Selo-cilíndrico. Na imagernj o herói aparece Oriente, Vol. l.
Michael Roaf, Edições
combatendo uma fera. (Acervo MAE/USP) dei Prado, pa$. 71.

flS BTflTUETflS FEmininflS


fl PflSSflGEm Dfl PBÉ-HISTÓeifl PflBfl fl5 5OCI€DflDE5 COÍTlPLEXflS OBGflDIZflDflS EÍT1
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fls CEDfls DE cflçfl pinrflDfls nus PSCEDES Dfls cflVEcnfls DO POLEOLÍTICO CEDECflm
LUGflB fl Um BEPEBTÓBIO ÍT1UITO ÍTlfllS VflSTO E DIVEBSIFICflDO, FOBÍTlflDO POB
BEPBESEriTflÇÕES DOS DEUSES DO PflflTEflO POLITEÍSTfl, DO BEI £ DE SUfl COBTE OU,
ÍTlfllS CflCflíTlEnTE, DE CEFIflS DO COTIDIflílO. Po PEBÍODO flEOLÍTICO, UfTl OBJETO
comum, LflBGflmEnTE DIFUHDIDO no OBIEPITE Pcóximo. FOBflm «s ESTflTUEifls
eEPBESEnTflnDO umfl muLHEB nufl. íTluiTfls VEZES, os «TCIBUTOS SExuflis, como o
PÚBIS E OS SEIOS, EBflíTl DESTflCflDOS; OUTBflS VEZES, flS flHCflS EBflm RBOTUBEfiflOTES
OU, flinDfl, fl mULHEB ESTflVfl flCOITIPflnHflDfl DE UÍT1 BEBÉ. POB ISSO, ÍT1UITO5
flUTOBES flSSOCIflBflm Fl PBOLIfEBflÇflO DESTE TIPO DE líTlfiGEíTl, CORHECIDfl COÍT1O
DEusfl-mflE, flo flumenro DE impoBrâncm Dfl iDÉm DE FEBTiuoflDE Em umfl
SOCIEDflDE QUE, flGOBfl, DEPERDIfl Dfl BEPBODUÇflO DflS COLHEITflS £ DOS flnifTlfllS
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comum E muiTfls ESTflTUETfls FOBflm EnconTBflDfls nfls EscflvflçõES: conFEccionfl-
DflS Em flBGILfl, mUITflS VEZES Em LflBGfl ESCflLfl fl PflBTIB DE mODELflGEm, ELflS
FOBflm BflSTflFITE POPULflBES. fl mULHEB flPflBECE BEPBESEHTflDfl HUfl, COm OS BíflÇOS feminina em terracota.
POUSflDOS SOBBE O PEITO OU SEGUCflílDO OS SEIOS, fl mTEBPBETflÇflO COBBETfl Susa,lrã,c. 15001000 a.C.
DESSflS ESTflTUETflS FEmmmflS £ OBJETO DE COnTBOVÉBSIfl. ÍTlUITOS HELflS VlfiflíTl fl Acervo Mae USP
BEPBESEnTflCflo DE DivmoflDES FEmmmfls, Em pflBTicuLflB nfl ÍTlESOPOTflmifl, como
fl DEUSfl ISHTflB (Inflnnfl, Em SUmÉBIO), CUJfl PEBSOnflLIDflDE OTfl LIGflDfl flS
nOÇÕES DE flmOB E SEXO, mflS TflmBÉm DE GUEBCfl. Umfl OUTCfl POSSIBILIDflOE,
HflO nECESSflBIflmEHTE COHTBflBIfl fl PfiimEIBfl, BELflCIOnfl ESSflS ESTflTUeflS fl
imflGERS PBOPICIflTÓBIflS Dfl FEBTILIDflDE £ Dfl PBOCBIflÇflO, OU fl EX-VOTOS
OFEBECIDOS fl DEUSfl Em flGBflDECimEPTO PELfl GBflVIDEZ. OUTBOS, flinDfl, PERSflm
OUE PODEm 5EB TflLISÍTlflS DE PBOTEÇflO fl GESTflDTE, DESCflCTflDOS COm O HflSCI-

Bibliografia - texto Mesopotâmia

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27
Universidade de São Paulo

Reitor: Adolpho José Melfi


Vice-Reiton HélioíNogueira da Cruz
Pró-Reitor de Cultura e Extensão: Adilson Avansi de Abreu

Museu de Arqueologia e Etnologia

Diretor: Murillo Marx


Divisão Científica: Paulo António Dantas De Blasis
Divisão de Difusão Cultural: Eduardo Góes Neves

Texto Científico:
Levy Figuti (Pré-história Europeia)
António Brancaglion Júnior (Egito)
Marcelo Aparecido Rede (Mesopotâmia)

Editora responsável: Carla Gibertoni Carneiro

Projeto Pedagógico: Camilo de Mello Vasconcellos, Carla Gibertoni Carneiro e


Judith Mader Elazari

Responsável pelo projeto junto à VITAE: Maria Christina de Souza Lima Rizzi

Apoio: Elly Ferrari, Maria Aparecida Alves, Eleuza Gouveia, Eliana Rotolo

Fotos: Wagner Souza e Silva (Acervo MAE/USP)

Projeto gráfico e produção gráfica: Jorge Padilha


Assistente de arte: Milene Nelson

APOIO VITAE
"VITAE não compartilha necessariamente dos conceitos e opiniões expressos neste
trabalho, que são da exclusiva responsabilidade dos autores".

Referências para imagens e ilustrações utilizadas neste guia:


National Geographic, Archéologia, Earth, Scientífic American, Terra, coleção Grandes Impérios e
Civilizações, coleção Nova Clio -A História e seus Problemas, coleção Aventura Visual, Enciclopédia
MAE
Multimídia da Arte Universal, British Museum, Museu de Arqueologia e Etnologia / USP, Grammar
ofOrnamentde Owen Jones. 2004
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MAE

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