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Revista-3 J. N. Andrews

A revista Cultura e Adventismo, publicada pelo Grupo de Pesquisa Cultura e Adventismo do Centro de Pesquisas Ellen G. White, foca na memória adventista e no patrimônio cultural adventista no Brasil. A terceira edição destaca a vida e contribuições de John Nevins Andrews, considerado um dos mais influentes pioneiros do adventismo, abordando sua teologia e missão na Europa. Os artigos exploram eventos significativos de sua vida, sua compreensão do Santuário e seu legado missionário.

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Revista-3 J. N. Andrews

A revista Cultura e Adventismo, publicada pelo Grupo de Pesquisa Cultura e Adventismo do Centro de Pesquisas Ellen G. White, foca na memória adventista e no patrimônio cultural adventista no Brasil. A terceira edição destaca a vida e contribuições de John Nevins Andrews, considerado um dos mais influentes pioneiros do adventismo, abordando sua teologia e missão na Europa. Os artigos exploram eventos significativos de sua vida, sua compreensão do Santuário e seu legado missionário.

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CULTURA

eADVENTISMO
Centro White Press - Todos os direitos reservados

A revista Cultura e Adventismo é uma publicação do Grupo de Pesquisa Cultura e Adventismo


do Centro de Pesquisas Ellen G. White (Unasp-EC).

Editor geral: Renato Stencel


Coordenação editorial: Christian Lorca
Revisão: Maria Júlia Galvani, Giovana Souto Pereira, Christian Lorca
Davi Vieira de Amorim
Diagramação: Davi Vieira de Amorim

Cultura e Adventismo - v. 2, n.1 (2023) - Engenheiro Coelho: Centro White, 2023.


29 cm.
Semestral: 2023-1.

ISSN 2965-4297 (versão online)


1. Teologia - Periódicos. I. Centro de Pesquisas Ellen G. White.
Idioma: Português

Centro Universitário Adventista de São Paulo


Estrada Municipal Pastor Walter Boger, S/N - Lagoa Bonita, Eng. Coelho - SP, 13448-900.
Sumário

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 4

JOHN NEVINS ANDREWS E ALGUNS DOS EVENTOS DE SUA VIDA E


TRAJETÓRIA ENTRE OS ANOS DE 1829 E 1849............................................. 5
João Fábio de Oliveira

A TEOLOGIA DE JOHN NEVINS ANDREWS SOBRE O SANTUÁRIO EM


1853............................................................................................................................... 14
Marcelo Pfeiffer

JOHN NEVINS ANDREWS: UM LEGADO DE MISSÃO................................... 24


Edmilson Marçal

ESTUDO SOBRE A COMPREENSÃO DE JOHN NEVINS ANDREWS DE


APOCALIPSE 14:6-12.............................................................................................. 43
Isaac Vieira de Amorim

ESTUDO SOBRE A OBRA DE MISSIONÁRIA DE JOHN N. ANDREWS NA


SUÍÇA E SUA RELEVÂNCIA PARA A MISSÃO ADVENTISTA NA
EUROPA....................................................................................................................... 52
Davi Vieira de Amorim
4

Introdução
O Grupo de Pesquisa Cultura e Adventismo é liderado pelo Dr. Renato Stencel,
Diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White e formado por alunos do Centro Universitário
Adventista de São Paulo. As pesquisas são produzidas por funcionários e bolsistas do Centro
de Pesquisas Ellen G. White e pelos alunos do Grupo de Pesquisa. Dedica-se ao estudo da
memória adventista mundial, em especial as obras de Ellen G. White, e do patrimônio cultural
adventista no Brasil. A primeira linha de pesquisa é denominada Ellen G. White e a
construção do pensamento adventista e explora o patrimônio literário da autora,
relacionando-o a outros constructos que fazem parte da ortodoxia e ortopraxia adventista. A
segunda linha intitula-se Desenvolvimento Histórico da Igreja Adventista do Sétimo Dia e
tem como enfoque a investigação dos aspectos histórico-culturais do desenvolvimento do
adventismo no Brasil. Tem como objetivo que os valores espirituais incutidos na história do
adventismo e as diversas contribuições desse movimento à sociedade, através de seus
pioneiros e instituições, que possam ser adequadamente preservados e estudados.

A terceira edição da revista tem por objetivo promover um memorial histórico a John
Nevins Andrews. Ellen G. White afirma ser ele "'um dos mais capacitados de nossas fileiras'', e
que sem dúvidas, ofereceu incomparável contribuição para a consolidação do corpo
doutrinário adventista e a organização institucional. Atualmente, o maior centro educacional
adventista do mundo, situada na região de Berren Springs, Michigan, leva o seu nome. Neste
sentido, os cinco artigos desta edição destacarão eventos importantes de sua vida, sua
contribuição teológica à Igreja Adventista do Sétimo Dia (referente a compreensão do
Santuário e das Três Mensagens Angélicas), e sua contribuição missionária, no que diz
respeito a compreensão da missiologia pelos adventistas, e o crescimento do corpo da Igreja
no continente Europeu.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


5

JOHN NEVINS ANDREWS E ALGUNS DOS EVENTOS DE SUA VIDA


E TRAJETÓRIA ENTRE OS ANOS DE 1829 E 1849
João Fábio de Oliveira

Resumo: John Nevins Andrews foi chamado por Ellen G. White de o homem mais hábil de
nossas fileiras; também foi o primeiro a identificar os Estados Unidos da América como a
segunda besta de Apocalipse 13 – e isto em 1851, com apenas 21 para 22 anos de idade –; e foi,
sem dúvida, o pioneiro que melhor organizou e publicou material teológico a respeito da
doutrina do Sábado do quarto mandamento e de sua história. O objetivo deste artigo é
compreender os principais eventos da vida de John Andrews nos seus primeiro 20 anos de
vida. O método utilizado foi análise bibliográfica. Conclui-se que Andrews foi o produto de
uma família e comunidade de peregrinos temente a Deus que valorizava muito mais a verdade
bíblica a eles revelada do que uma vida de conforto neste mundo. Além disso, percebe-se que a
que a religião ocupou o principal lugar em seu coração e isto norteou todas as grandes
decisões de sua vida.

Palavras-chave: Andrews; Religião; Família; Cultura; Adventismo.

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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1. Introdução

Afirmar que a segunda besta da Terra de Apocalipse 13:11 é uma representação


profética dos Estados Unidos da América do Norte parece ao imaginar ocidental um conceito
muito culturalmente doutrinado por americanos, e como afirmado por alguns, um total
absurdo.

Entretanto, em 1851, quase um século antes dos Estados Unidos emergirem como a
maior superpotência do planeta, esta afirmação foi apresentada em um artigo escrito de
maneira tão clara e biblicamente robusta, o qual mudou e guiou a visão adventista do sétimo
dia no que diz respeito ao seu entendimento profético e escatológico. O escritor deste artigo
era um diligente estudioso e religioso jovem estadunidense de apenas 21 para 22 anos de idade
chamado John Nevins Andrews (VALENTINE, 2019, p. 155).

Considerado o mais hábil homem das fileiras dos adventistas do sétimo dia por Ellen
G. White (WHITE, 2014. p. 782), Andrews - um autodidata dono de um voraz apetite por
leitura, era um cuidadoso estudante da Bíblia Sagrada (ibid., p. 781), sendo reconhecidamente
capaz de lê-la com proficiência em diversos idiomas desde seus tenros 13 anos de idade.
Posteriormente, diziam ser ele capaz de recitar de memória todo o Novo Testamento. Algo que
tornam ainda mais notórias estas habilidades intelectuais adquiridas é o fato de que Andrews
foi circunstancialmente forçado a abandonar o ensino formal desde muito jovem, devido a
crises de saúde.

Por sinal, saúde era um constante ponto de desequilíbrio no estilo de vida de Andrews,
a ponto de, em 1877, aproximadamente dois anos e meio após ir à Europa como o primeiro
missionário oficialmente enviado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, ele contraiu
pneumonia e precisou dos cuidados de um renomado médico de Basel, Suíça. Este médico
observou que J. N. Andrews, naquele momento, estava em profundo estado de inanição; e este
estado Andrews atribuiu

a um regime árduo de trabalho, somado a uma consideravelmente pobre dieta


de pão de padeiro, graham pudding (que segundo pesquisas na internet é
uma espécie de pavê feito de biscoitos graham cracker), batatas e
ocasionalmente um repolho (LEONARD, 1985, p. 1).

Entretanto, esta pesquisa monográfica, abordará alguns dos mais destacados marcos da
origem de Andrews e sua juventude, com ênfase em sua família e as mais relevantes influências
– principalmente religiosas – de sua vida até o ano de 1849, quando completou 20 anos de
vida. Mais intencional e especificamente, como estes marcos ajudaram a nortear o curso das
mais importantes escolhas de sua vida até ser moldado no estudioso pregador evangelista que,
nos anos de 1850 em diante, muito contribuiu tanto na sistematização quanto no ensino de
cernes doutrinas do adventismo do sétimo dia, tais como o ministério de Jesus no santuário
celestial, a tríplice mensagem angélica e o descanso sabático do sétimo dia segundo o quarto
mandamento do decálogo – ao qual dedicou seu mais extenso e intenso estudo, qual acabou
culminando em seu celebrado livro, A História do Sábado.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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2. Origem, Família e Influências na vida de John Andrews

Natural da cidade de Poland, Maine, John N. Andrews nasceu em 1829, filho de


Edward Andrews, então com 31 anos, e Sarah Nevins, com 26 anos quando se tornou mãe.
Os avós paterno e materno de Edward, David Andrews e John Nevins, haviam servido juntos
no exército de George Washington e, desde então, eram bons amigos. Portanto a união deste
casal era algo celebrado por eles e família, a ponto de darem o nome ao seu filho mais velho
em homenagem ao bisavô materno do menino. John também teve mais três irmãos, dos
quais dois morreram ainda quando criancinhas. (VALENTINE, 2020; LEONARD, 1985, p.
15).

Gilbert Valentine (2019, p. 33 e 34) relata que a espiritualidade profunda e sensível de


John Nevins Andrews muito devia à “uma autodisciplina Metodista da Nova Inglaterra”
aliada a um “senso aguçado que seus pais inculcaram nele desde o nascimento”. Levando isto
em conta, é inevitável considerar que Andrews – assim como outros pioneiros da IASD
como Joseph Bates – era um homem tanto de seu tempo quanto da região onde fora criado.

O seu tempo era o adventismo pré-1888, “um adventismo moldado por sua teologia
de ‘obedeça e viva’” (ibid., p. 35). E a região de onde veio, a Nova Inglaterra do período
vitoriano (LEONARD, 1985, p. 16 e 17) é uma região historicamente famosa por seu povo de
aguçada paixão e sensibilidade, moldados tanto pelos extremos de temperaturas – desde o
rigoroso inverno até ao seco e escaldante calor do verão, capaz de causar incêndios
(VALENTINE, 2019, p. 114) – quanto pelo forte senso de missão e consciencioso serviço,
frutos da cultura local qual valorizava "liberdade individual, família, fé religiosa, lealdade e
acima de tudo, (o senso do) dever" (VALENTINE, 2020).

A abolição da escravidão e a causa da temperança eram questões comumente trazidas


à tona por pregadores Metodistas durante a década de 1830 (ibid., p. 61), e J. N. Andrews,
sendo filho de Metodistas praticantes e piedosos, certamente teve contato com estas questões
desde cedo. Para se ter ideia, sua mãe Sarah o instrui tão solidamente no seu entendimento
da doutrina básica que quando ele tinha apenas cinco anos de idade, seu nome já aparecia no
rol de membros da Igreja Metodista Episcopal.

Tal alistamento de seu nome não era um mero registro para engordar os números de
membros da congregação, pois o próprio Andrews relatou posteriormente a James White
que a sua primeira convicção religiosa ocorreu no meio da década de 1830, aos seus cinco
anos de idade, quando ele escutou o pregador Daniel B. Randall pregar um sermão sobre
Apocalipse 20:11 e 12. Usando suas próprias palavras: "Tão vívida foi a impressão causada
(por esta pregação) em minha mente, que tenho raramente lido esta passagem desde aquele
tempo, sem me recordar daquele discurso" (LEONARD, 1985, p. 6).

Maravilhoso é ler um relato de que o livro da Revelação de Jesus Cristo era pregado
nos púlpitos da mais popular igreja protestante daquele tempo! E, principalmente, ver o
resultado, da marca profunda na mente e coração que esta pregação deixou nele enquanto
criança que, também, certamente, influenciada por pais piedosos, provou do Pão que veio do
céu, qual arruinou para Andrews o gosto por tudo que não fosse Ele.

Vol. 02, n. 01- Ano 2023


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E grande foi o apetite pela religião prática e rica na


Palavra de Deus de John N. Andrews a ponto de,
indubitavelmente, influenciá-lo, desde cedo, na cadeia de
importantes eventos e decisões tomadas durante sua
juventude quais moldaram o rumo do restante de sua vida.

A respeito de tais eventos e decisões, temos que


entrar mais uma vez no assunto da família estendida dos
Andrews, a consideravelmente numerosa rede de apoio, que
contava com nove tios e tias, além de um grande número de
primos, qual J. N. Andrews e seus pais tiveram por grande
parte de suas vidas, principalmente durante o período em
que viveram em North Paris, Maine, desde o nascimento de
John em 1829 até mudarem-se para Waukon, Iowa em
1856. Esta mesma rede incluía: “quatro fazendeiros, um
advogado, três comerciantes bem-sucedidos e um
especulador imobiliário” (VALENTINE, 2020). Do lado de
Fonte: White Estate sua mãe, John também podia contar com mais sete tios e
tias que residiam comparativamente mais espalhados pela
Nova Inglaterra que os Andrews e que incluía em suas fileiras comerciantes, professores e um
advogado.

Redes de apoio deste calibre trazem certas seguranças, por assim dizer, como apoio
financeiro, emocional, educacional etc. – algo que a família estendida Andrews- Nevins cumpria
cabalmente (VALENTINE, 2019, p. 107). Entretanto, ela também traz consigo o contato
frequente com a dura (e, por hora, inevitável) realidade da perda de entes queridos para a morte.

Cedo em sua vida, John havia tido contato próximo com avós, tios, primos e irmãos que
acabaram falecendo; alguns deles afligidos a longos períodos de sofrimento por causa de diversas
enfermidades como, por exemplo, o câncer em estágio terminal que sua muito querida Tia Polly
teve, quando John tinha apenas dezesseis anos de idade (VALENTINE, 2019, p. 54 e 107).

Apesar de doloroso, este ponto possui um grande poder moldador de um caráter mais
robusto para o bem (Eclesiastes 7:2). Isto, seguramente, despertou na consciência de J. N.
Andrews uma necessidade maior de – como ele mesmo disse em uma solene conversa posterior
com um jovem rapaz – “firmar os pés com segurança do outro lado, onde você estará seguro
para sempre” (VALENTINE, 2019, p. 54).

Aliado a este senso de eternidade tão intrinsecamente tecido no coração humano


(Eclesiastes 3:11), no início de 1843, aos seus doze para treze anos de idade, Andrews relata que
“desenvolveu uma aguçada sensibilidade a assuntos espirituais, quais levaram a sua conversão”.
Isto é algo qual ele menciona estar ligado com a pregação do Advento de Joshua V. Himes e
outros pregadores Mileritas naquela região desde o ano anterior de 1842. Sobre o impacto que a
pregação do iminente advento naquele território:

Jornais locais relatam que o movimento Milerita "espalhou como incêndio" e


ganhou grandes números de aderentes "em toda a parte da cidade" nas aldeias ao re-

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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dor do lar de John Andrews. Andrews e sua família comprometeram-se com o


movimento e junto com um grupo de famílias que partilhavam da mesma
mentalidade formaram uma própria pequena congregação Milerita em North Paris.
(VALENTINE, 2020).

Sobre o impacto individual que o Milerismo teve na vida de J. N. Andrews, Valentine


(2019, p. 62) menciona que:

O encontro com a pregação Adventista marcou o início de um novo grande


desenvolvimento em sua vida qual continuaria a moldar seus valores (por assim
dizer) Nova-Inglaterranos, demandar seus interesses acadêmicos, e introduzi-lo a
todo um âmbito de desafiadores novos deveres.

Voltando ao assunto da família estendida de John Nevins Andrews, havia entre seus tios
paternos o destacado Tio “Captain” Charles Andrews, advogado, que em 1842 havia se casado
com Persis Sibley Andrews, uma mulher bem-educada e de origem nobre, que mantinha um
elegantemente bem-escrito diário de onde muito da vida do clã e da comunidade daquele tempo
está documentado: o PSABD, acróstico de Persis Sibley Andrews Black Diary, hoje localizado no
Maine Historical Society, localizado na capital estadual de Portland.

Charles havia sido um advogado de considerável renome e, mesmo não sendo tão
prospero quanto dizem (LEONARD, 1985, p. 17), ofereceu pagar os estudos, em 1843, de John
N. Andrews, então um jovem de 14 anos, na recém-inaugurada Grammar School do professor
Mr. Talleyrand Grover em Dixfield, Maine – uma das cidades mais desenvolvidas Maine, para
onde Charles havia recentemente se mudado. Foi nesta escola que Andrews teve, pela primeira
vez, o contato com os idiomas que caracterizaram a reconhecida profundeza de seus estudos
posteriores como o francês, o latim, o hebraico e o grego.

Grandes eram as expectativas de seus tios a respeito de John. Eles desejavam que ele se
formasse como advogado e eventualmente entrasse para o congresso do governo americano,
como Charles havia feito, atuando por dois anos como um representante no legislativo do estado
do Maine.

Contudo, no início de 1844, J. N. Andrews regressou para North Paris, por motivos que
sua Tia Persis expressou de maneira certeira num registro de seu diário deste período, dizendo
que o “pobre John” estava perdido por ter entrado de cabeça, junto com seus pais, no
movimento Milerita, um movimento qual Persis descrevia tendo qualquer coisa menos senso
comum (VALENTINE, 2019, p. 58; LEONARD, 1985, p. 16). O choque desta decisão foi
ampliado pelo fato de que Persis, falando sobre o desempenho acadêmico do seu sobrinho,
registrou em seu diário que: “Ele era bem versado em Latim, Álgebra e gramática de língua
inglesa, porém ‘melhor que tudo’ ele tinha ‘senso comum de primeira linha’”. (VALENTINE,
2020).

Esta, muito provavelmente, foi a mais impactante decisão das que Andrews tomou em
sua juventude, pois ela marcou o abrupto término da educação formal do jovem, então com
apenas 14 para 15 anos de idade. Esta decisão testemunhou a posição de destaque que a religião
cristã tinha em sua vida. Nesta decisão acompanhou-o ambos seus pais, Edward e Sarah Andrews

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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e juntos enfrentaram os muitos desafios que a acompanharam tanto antes de 22 de outubro de


1844 (também conhecido como o dia do Grande Desapontamento) quanto, principalmente,
depois.

Para se ter uma ideia, o jornal Oxford Democrat reportou uma certa ocasião em 1844 em
que mulheres haviam sido induzidas, sob o efeito da pregação de um indivíduo, a removerem
qualquer coisa falsa ou artificial. Isto incluiria correntes, broches, gorros, decorações floridas,
perucas e dentaduras (VALENTINE, 2019, p. 72). Estas demonstrações de fanatismo, apesar de
declaradamente incomuns, traziam uma grande sombra de descrédito à mensagem profética
abraçada pela comunidade de Mileritas de North Paris. E para tornar mais complicado o que já
não estava fácil, a congregação Milerita daquela localidade tinha uma forte propensão ao
fanatismo.

“Os Adventistas em Paris, Maine, eram individuais emotivos e teimosos”, relata Leonard
(1985, p. 16) e alguns deles tendiam fortemente para as devastadoras ideias fanáticas que
ganharam terreno em muitos grupos de Adventistas do estado do Maine durante meados da
década de 1840. A mais danosa fonte de confusão era a crença de que Jesus havia vindo
espiritualmente em 22 de outubro de 1844, e, desde então, vivia na pessoa perfeita de seus
santos.

Se isto fosse verdade, então o sétimo milênio – o sábado eterno – havia começado; e já
que no sábado não se trabalha, os Sabatarianos, como eram então chamados, de North Paris
recusaram-se a trabalhar. Ainda mais, para provar que estavam espiritualmente no céu, partindo
de uma nada-menos-que-bizarra interpretação de Mateus 18, passaram a humilharem-se e
tornarem-se como criancinhas, renunciando ao uso de cadeiras, mesas e, em determinadas
ocasiões, andavam engatinhando como infantes.

Esta prática, lamentavelmente, chegou ao a ponto de até mesmo causar um incidente


envolvendo uma carruagem e cavalos que se assustaram com um homem engatinhando na
frente deles, qual resultou não apenas em imediata violência por parte do condutor do veículo
contra o homem que engatinhava, como também, posterior e indiretamente, na perda da guarda
dos filhos por parte do iludido Sabatariano. (VALENTINE, 2019, p. 79-91).

Mais ainda, por estarem espiritualmente já no céu, julgavam serem como os anjos, quais
não se casam ou se dão em casamento (Mateus 22:30), o que abriu caminho para a obtenção de
esposas espirituais: uniões supostamente platônicas sem contato físico. Também entram na lista
das perplexas práticas o lavar os pés uns dos outros e outras práticas que ofendiam o senso de
boas maneiras da época vitoriana.

Foi também nestes duros anos que o perturbado, para se dizer o mínimo, pastor leigo
Jesse Stevens cometeu suicídio enforcando-se com uma corda feita de um lençol rasgado
(VALENTINE, 2019, p. 109 e 110). Um evento de tal sombria magnitude certamente trouxe
ainda mais olhares acusadores e preconceituosos das pessoas que conviviam e observavam o
remanescente Milerita daquela comunidade. Os Andrews não ficaram imunes em relação às
práticas fanáticas da comunidade Milerita remanescente, pois há um registro do diário de Tia
Persis, datado de março de 1846, qual diz:

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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Trouxemos à tona que nosso irmão Edward (Andrews) – quem – pobre


e iludido homem – com sua família ainda creem na veloz vinda de
Cristo – que o dia da graça ocorreu no passado deste ano. Eles não têm
trabalhado por mais de dois anos e têm vivido na constante expectativa
de que cada dia o mundo seria consumido por fogo. Eles têm gastado
toda a propriedade de sua comunidade de "Santos" e quase exaurido a
caridade e paciência de seus amigos para que "se o tempo continuar"
conforme disse Edward ele esperava que eles seriam obrigados a voltar
ao trabalho. Algumas famílias semelhantes situadas com propriedades
de $3000 a $4000 tem gastado todas suas posses e o que o é pior têm
mantido suas crianças longe da escola e da indústria e os educado
somente em cant <sic> e desilusão. (LEONARD, 1985, p. 17).

Entretanto, nem tudo neste período que a comunidade de North Paris deve ser
descartado como equivocado fanatismo. Ao não trabalharem, as portas dos lares dos fiéis ao
movimento Sabatariano abriram-se aos seus amigos de fé; e foi assim que os Stonewells
vieram morar com a família Andrews em 1845.

A jovem Marian Stonewell, então com quinze anos de idade, leu a cópia do tratado
sobre o descanso do sétimo dia, de T. M. Preble, antes que seu pai, o de facto dono da cópia.
Ela leu não apenas o panfleto, como também as referências bíblicas nele mencionados e tomou
a decisão de observar o descanso sabático do quarto mandamento sozinha, se necessário. Até
o final daquela semana, tanto seu irmão, Oswald, e ela estavam prontos para a guarda do
sábado. Na segunda-feira depois disto, resolveram compartilhar o panfleto com John N.
Andrews, então com dezessete anos. Marian o desafiou e Andrews concluiu que também
guardaria o correto sábado. Marian, então, de uma maneira descrita como indiferente, sugeriu
que Andrews desse o tratado para seus pais lerem. Não muito tempo depois, todos os pais das
duas famílias estavam não apenas determinados a guardarem o sétimo dia bíblico como
também dispostos a investirem seus escassos recursos em mais literatura sobre o assunto
(VALENTINE, 2019, p. 91 e 92; SCHWARZ, 1979, p. 60). E foi assim que John N. Andrews
começou a guardar o sábado e, ao lado de seus pais e irmão de fé, começou a aprofundar-se a
respeito do assunto.

O próximo notável (e registrado) marco na vida de Andrews e da comunidade


Sabatariana de North Paris ocorre em 1849, quando James e Ellen White os visitou em
setembro daquele ano. O fanatismo havia causado divisões e rompimento entre os membro da
pequena comunidade, a ponto de fazerem, àquela altura, anos que não mais reuniam-se. Estes
anos foram descritos como “tristes e dolorosos”; e a mútua confiança entre os irmãos de fé
permanecia “quase (que) totalmente destruída” (LEONARD, 1985, p. 17).

Guiados pela Sabedoria que sobrepuja tudo, James e Ellen foram instrumentos de
reconciliação daquele grupo tanto com Deus quanto com o próximo, com o próprio J. N.
Andrews relatando que as reuniões com o casal White foram “um tempo de sincera confissão,
e profunda humilhação diante de Deus”.
Estas reuniões de setembro de 1849 ocorreram próximo ao final de uma série de
reuniões que James e Ellen White – juntos com Joseph Bates e outros – aconteceram em
variados locais da Nova Inglaterra, durante dezoito meses anteriores. Estas reuniões eram
tanto o fruto de seu desejo de compartilhar suas convicções teológicas ainda em
desenvolvimento, quanto também buscar e coletar as reflexões pessoais sobre o Grande Desa-

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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pontamento de 1844 de um número considerável de pessoas, com o intento de reconstruir, se


possível, uma comunidade formada destes corajosos irmãos espalhados com renovada
esperança (VALENTINE, 2019, p. 119).

Aquela reunião, conforme Ellen White escreveu, foi “um local verde no deserto”, e
apontou para rumos mais felizes para a comunidade de crentes de North Paris. Conforme
escreveu Malaquias, o coração dos pais e dos filhos foram convertidos através de confissão e
genuínos pedidos de perdão entre todos os grupos envolvidos. Foi neste momento de sua vida
que J. N. Andrews proferiu que “permutaria mil erros por uma verdade”. (LEONARD, 1985,
p. 17 e 18).

3. Considerações finais

O jovem J. N. Andrews era muito mais que um promissor estudioso; ele era um filho
de pais piedosos que, dentro de sua compreensão do que era verdade, demonstraram estar
dispostos a fazer grandes sacrifícios para permanecerem e aprofundarem-se cada vez mais
nela. Andrews também, desde tenra idade, demonstrava autonomia, sendo capaz de tomar
decisões conscienciosas com base em seu sincero relacionamento com Deus.

John Andrews também era um homem com profundo carinho e zelo por sua
comunidade, permanecendo nela mesmo sob zombaria e reprovação de colegas, imprensa e
até familiares bem-intencionados, porém não ainda impressionados com a verdade presente
que há de ser pregada à última geração de seres humanos deste mundo (Apocalipse 14:6-12).

E claro, J. N. Andrews era um homem que buscava viver o que pregava e aprofundava-
se no conhecimento do Deus que o ajudou a tornar seu rosto como seixo e não ser
envergonhado (Isaías 50:7). Como pode isto ser dito sobre Andrews? Observe a reflexão dele
mesmo sobre o Grande Desapontamento e os eventos que o seguiram:

Os que esperavam o Senhor em 1843 e 1844 ficaram desapontados. Para


muitos, esse fato é razão suficiente para rejeitar todas as evidências da
questão. Reconhecemos que nos desapontamos, mas não podemos
aceitar que esse desapontamento forneça razão suficiente para negar a
mão de Deus nessa obra. A igreja judaica se desapontou quando, ao fim do
ministério de João Batista, Jesus Se apresentou como o Messias
prometido. Os discípulos que haviam crido foram mais tristemente
desapontados quando Aquele em quem esperavam para a libertação de
Israel foi preso e assassinado por mãos ímpias. E após Sua ressurreição,
quando os discípulos esperavam que Ele restaurasse o reino a Israel, não
puderam evitar o desapontamento ao perceberem que Ele voltaria para o
Pai e que seriam deixados a enfrentar tribulações e angústias por um
longo tempo. Mas o desapontamento não é evidência de que a mão de
Deus não estivesse guiando Seu povo. O desapontamento devia levá-los a
corrigir seus erros, e não a abandonar sua confiança em Deus. Foi por
causa do desapontamento no deserto que os filhos de Israel negaram,
tantas vezes, a direção divina. Eles nos servem como advertência, a fim
de que não caiamos, seguindo o mesmo exemplo de incredulidade.
(LOUGHBOROUGH, 2014, p. 159)

Estas palavras – e o relato histórico de que elas foram genuinamente vividas por ele e
seus irmãos de fé – são fruto de uma religião genuína, profunda, sensível, de só ocorre com
quem é muito ligado a Videira (João 15).

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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6. Referências bibliográficas

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução: João Ferreira de Almeida. 2. ed. revista e
atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

John Andrews: The Ablest Man in Our Ranks. Lineage. Disponível em: < https://
lineagejourney.com/read/john-andrews-the-ablest-man-in-our-ranks>. Acesso em 30 de mai.
de 2022.

John N. Andrews. Ellen G. White Estate. Disponível em: < https://whiteestate.org/resources/


pioneers/jandrews/>. Acesso em 30 de mai. de 2022.

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Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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A TEOLOGIA DE JOHN NEVINS ANDREWS SOBRE O SANTUÁRIO


EM 1853
Marcelo Pfeiffer

Resumo: J. N. Andrews (1829-1883) ofereceu incalculável contribuição para a formação


doutrinária dos adventistas do sétimo dia. Em relação ao Santuário, Andrews entendia ser
este o ponto central da fé adventista. O objetivo deste artigo é estudar a compreensão de
Andrews sobre o Santuário. O método de pesquisa é análise bibliográfica, tendo com base a
série de artigos publicada por ele em 1853 na revista Review and Herald. Conclui-se, neste
trabalho, que Andrews definiu em um viés apologético a crença em dois Santuários
(terrestre e celestial), comprovando a visão adventista em relação aos eventos das 2300
tardes e manhãs.

Palavras-chave: Adventismo; Andrews; doutrina; Santuário.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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1. Introdução

J. N. Andrews (1829-1883), o maior teólogo/estudioso da Bíblia entre os pioneiros


adventistas, entendia que o santuário era “a grande doutrina central” no sistema adventista do
sétimo dia, pois está “inseparavelmente ligada a todos os pontos de sua fé e apresenta o tema
como um grande todo” (ANDREWS, 1867, p. 12, tradução minha).

De acordo com Timm (2007, p. 246), “os fundadores do adventismo do sétimo dia
trataram exaustivamente do tema do santuário”. Ellen G. White (1884, p. 258) destacou que
Daniel 8:14 foi “o verso da Escritura que, acima de todos os demais, havia sido o fundamento
e a coluna central da fé do advento”. Comentando este texto, J.N. Andrews, segundo Timm
(2007, p. 247), afirmou ser o santuário de Daniel 8:14 como “a habitação do único Deus vivo e
verdadeiro”.

Segundo Damsteegt (2021, p. 83) a série de artigos de Andrews na revista Review and
Herald no ano de 1853 sobre o santuário “foi, de longe, a mais importante e influente desse
período.” É importante destacar que a série de artigos de Andrews possuía, pelo contexto
histórico em que foram publicados, certo teor apologético, pois conforme Damsteegt (2021, p.
83) "Andrews escreveu numa época em que o periódico milerita, Advent Herald, começou a
negar a relação entre Daniel 8 e 9.” Inclusive, alguns adventistas estavam inclinados a crer que
o chifre pequeno se tratava de Antíoco Epifanes, ao invés do poder romano papal, como
tradicionalmente criam os adventistas sabatistas.

Os artigos de Andrews sobre o santuário em 1853 foram escritos em reação as dúvidas


e perguntas do período, mas também buscavam trazer soluções bíblico-teológicas para o
desapontamento de 1844.

2. O Santuário na Profecia do Tempo do Fim

2.1 O Pensamento de Andrews sobre Daniel 8 e 9 (1852)

O primeiro artigo de Andrews na Review and Herald foi publicado em 23 de dezembro


de 1852. Tratava-se de Daniel 8 e 9 em relação ao santuário e o chifre pequeno – que segundo
ele, refere-se ao poder papal e não Antíoco IV Epifanes. Além disso, para Andrews (1852, p.
121, tradução minha, grifo meu) “o assunto do santuário da Bíblia envolve os fatos mais
importantes ligados ao nosso desapontamento”. Portanto, envolvia apologética – em defesa da
fé adventista.

No que diz respeito a Daniel 8 e 9 e a identificação do poder simbolizado como “chifre


pequeno” – segundo Andrews (1852, p. 121, tradução minha, grifo meu), a chave está em
estudar a explicação da profecia em Daniel 9, que é, segundo ele, “o comentário inspirado de
Daniel 8”. Mas, quais são os argumentos de Andrews para a identificação do chifre pequeno
como referindo-se ao papado?

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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a) Porque O Chifre Pequeno Não Pode Ser Antíoco IV Epifanes

Andrews (1852, p. 121-122, tradução minha) enumerou pelo menos 5 motivos pelos
quais Antíoco Epifanes não pode ser identificado como o chifre pequeno.

I. Antíoco foi parte dos 25 reis do “chifre sírio” – dos quatro divididos após a morte
de Alexandre. Portanto, não poderia ser “um outro chifre notável” – pois saiu de
um dos quatro. O chifre pequeno deve ser encontrado de fora destes quatro.

II. O texto diz que esse poder seria “excessivamente grande” – trazendo a ideia de um
crescimento na sucessão dos impérios/poderes. Andrews percebeu que seria
inconcebível afirmar que Antíoco, comparado com o poder grego (representado
por Alexandre) seria “excessivamente grande” – e que seria muito mais sensato e
natural, interpretar como referindo-se ao poder romano, que foi um dos maiores
impérios que o mundo já conheceu.

III.O terceiro argumento dizia respeito ao pagamento de tributos. Antíoco foi


obrigado a pagar tributos a um superior; Roma exigiu tributos de seus inferiores.

IV. Segundo Andrews (1852, p. 122, tradução minha):

O poder em questão era "pequeno" no início, mas aumentou ou cresceu


"excessivamente para o sul, e para o leste, e para a terra gloriosa". O que isso
pode descrever senão as marchas conquistadoras de um reino poderoso?
Roma estava quase diretamente a noroeste de Jerusalém, e suas conquistas
na Ásia e na África foram, é claro, para o leste e o sul; mas onde estava a
conquista de Antíoco? Ele tomou posse de um reino já estabelecido, e Sir
Isaac Newton diz, "ele não o ampliou".

V. Por fim, Andrews (1852) argumentou que este poder predito na profecia deveria
se colocar contra o Príncipe dos príncipes, identificado como Jesus Cristo.
Sendo que Antíoco morreu 164 anos antes do nascimento de Jesus, ele não pôde
atacá-Lo, como Roma pôde, sendo o império dominante no nascimento de
Jesus.

b) Porque o Chifre Pequeno deve ser identificado como o poder papal.

Em seguida, Andrews expôs 8 argumentos do porquê o papado deve ser identificado


como o chifre pequeno de Daniel 8. Abaixo destaca-se apenas 2:

1. Roma foi o maior poder perseguidor do “povo santo” na história, mais do que
todos os outros anteriores juntos, pois destruiu milhares de cristãos.

2. Roma foi o poder que mais diretamente se colocou contra o Príncipe dos
príncipes, pois o pregou na cruz.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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A seguir, Andrews passou a expor o tema das 2.300 tardes e manhãs, buscando
comprovar que o período profético foi explicado apenas no capítulo 9 do livro de Daniel. Ele
adotou o princípio dia ano de interpretação, e o pressuposto de que o anjo Gabriel foi até
Daniel, como registrado no capítulo 9 de seu livro, para explicar o que não fora entendido no
capítulo 8; isto é, as 2.300 tardes e manhãs. Para J. N. Andrews, é sensato crer que o capítulo 9
é uma explicação do 8, pois no capítulo 10 é dito que o profeta “entendeu a visão”, e no
capítulo 8 é dito que “não havia quem a entendesse” – ou seja, entre estes dois capítulos, houve
o esclarecimento, e, segundo Andrews, este se deu no capítulo 9 do livro.

c) A Ligação Entre o Capítulo 8 e 9 de Daniel

Andrews (1852) defendeu que a melhor tradução para a palavra “determinadas” do


verso 24 do capítulo 9 de Daniel, deve ser “cortadas” – do hebraico chatak. Ou seja, do período
de 2.300 anos, cortou-se “setenta semanas” para o povo judeu – em outras palavras, as setenta
semanas devem ser entendidas como um período dentro das 2.300 tardes e manhãs.

Portanto, os dois períodos devem começar juntos, no mesmo ano. Em suma, Andrews
(1852) enxergou o início do cômputo como dando-se no sétimo ano de Artaxerxes I. Isto foi
no outono de 457 a.C, quando o rei expediu o decreto para a reconstrução da cidade e do
templo de Jerusalém, conforme registrado em Esdras 7:11-26. Para Andrews (1852), devia-se
somar 490 anos proféticos, findando a contagem no ano 34 d.C, ano que, segundo ele, os
apóstolos se voltaram a pregar aos gentios. Em outras palavras, “o tempo de graça à nação
judaica como povo eleito, findou ali”.

Dentro das setenta semanas, o pioneiro acreditava que a data correta para o batismo de
Jesus deve ser o ano 27 d.C e o ano de sua morte, o ano 31 d.C. Inclusive, isto está de acordo
com o texto que menciona que na “metade da semana o Messias seria cortado”.

Seguindo a linha de raciocínio da profecia, ao findar as setenta semanas no outono de


34 d.C, para findarem-se as 2.300 tardes e manhãs, apenas restava somar 1810 anos. Para
Andrews, não haveria possibilidade de chegar a outra data, senão, ao outono de 1844.

d) O Santuário como a Chave para Explicar o Desapontamento

De acordo com Andrews (1852), a compreensão correta do que é o santuário e sua


purificação é a chave para compreender o desapontamento de 1844. Dadas essas exposições
específicas sobre alguns pontos das profecias de Daniel 8 e 9, é válido avaliar-se a visão geral de
Andrews sobre o santuário em si.

2.3 Exposição Geral de Andrews Sobre o Santuário (1853)

a) O Poder Romano Em Duas Fases: Paganismo e Papado

De acordo com Damsteegt (2021, p. 85):

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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Andrews identificou o chifre pequeno em harmonia com a posição milerita


como dois poderes perseguidores, ou “desolações” de Satanás: o paganismo e o
papado. Esses poderes, consequentemente, representavam “as duas grandes
formas de oposição pelas quais Satanás tem desolado a igreja e deitado por terra
o santuário do Deus vivo” ao longo dos tempos.

Em resumo, na mente de Andrews, o santuário terrestre, construído por Moisés, era


“um modelo da habitação de Deus diante de nós” (ANDREWS, 1853a, p. 131, tradução minha).
Em seguida, na sua argumentação, Andrews passou a discorrer sobre a visão do apóstolo Paulo
do santuário da primeira aliança.

Ele passa a usar uma série passagens bíblicas para comprovar que o santuário terrestre
era um “padrão” ou uma “representação” do verdadeiro tabernáculo existente no Céu. Entre
outros, ele cita: Hebreus 9:1-5; 13:11; Êxodo 25:9, 40; 26:30; Atos 7:44; Hebreus 8:5 e Hebreus
9:23-24. (ANDREWS, 1853a, p. 132).

Em verdade, Andrews era um profundo estudioso do Santuário na Bíblia. Além de


detectar que a palavra “santuário” não ocorre no livro de Deuteronômio, segundo ele, no
restante do pentateuco, “a palavra santuário, que significa a habitação de Deus, ocorre nessa
conexão 25 vezes. Veja: Ex. 30: 13, 24; 38: 24, 25, 26; Lev. 5: 15; 27: 3, 25; Números 3: 47, 50; 7:
13, 19, 25, 31, 37, 43, 49, 55, 61, 67, 73, 79, 85, 86; 18: 16”. (ANDREWS, 1853a, p. 132, tradução
minha).

2.4 O Santuário Típico dá Lugar ao Verdadeiro

De acordo com Damsteegt (2021, p. 86) “Hebreus e os Evangelhos fornecem ampla


evidência de que o santuário típico eventualmente deu lugar ao santuário celestial”. Para
Andrews, na Bíblia, existem pelo menos 10 evidências conclusivas para tal argumentação:

I. O santuário da primeira aliança acabou com esta aliança, e não é o mesmo


santuário na nova aliança. (Heb. 9:1-2, 8-9; At. 7:48-49).

II. Aquele santuário era uma figura para o tempo presente, ou para esta dispensação
(Hb. 9:9). Isto é, Deus, durante a dispensação típica, não pôs a descoberto o
verdadeiro tabernáculo, mas deu ao povo uma figura ou sombra dele.

III.Quando a obra do primeiro tabernáculo estava concluída, o caminho do templo de


Deus no Céu foi aberto (Hb. 9:8; Sl 11:4; Jr. 17:12).

IV. O santuário típico e as ordenanças carnais ligadas a ele deveriam durar só até ao
tempo da reforma. E, quando esse tempo chegou, Cristo veio, como sumo
sacerdote dos bens vindouros, a um maior e mais perfeito tabernáculo (Hb.
9:9-12).

V. O romper do véu do santuário terrestre, por ocasião da morte de nosso Salvador,


evidenciou que seus serviços estavam concluídos (Mt 27:50-51; Mc 15:38; Lc
23:45).

VI. Cristo solenemente declarou que ele havia sido deixado desolado (Mt 23:37-38; Lc
13:34-35).

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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VII. O santuário está ligado ao exército (Dn 8:13). E o exército, que é a igreja
verdadeira, não teve nem santuário nem sacerdócio na antiga Jerusalém nos últimos
1.800 anos, mas teve ambos no Céu (Hb. 8:1-6).

VIII. Enquanto o santuário típico estava erguido, era evidência de que o caminho para
o verdadeiro tabernáculo não estava aberto. Mas, quando seus serviços foram abolidos,
o tabernáculo no Céu, do qual ele era uma figura, tomou seu lugar (Hb. 10:1-9; 9:6-12).

IX. Os lugares santos feitos por mãos, figuras ou sombras das coisas que estão nos
Céus, foram superados pelas próprias coisas celestiais (Hb. 9:23-24).

X. O santuário, desde o início do sacerdócio de Cristo, é o verdadeiro tabernáculo de


Deus no Céu. Isso é claramente declarado em Hebreus 8:1-6. Esses pontos são
evidência conclusiva de que o santuário terrestre da primeira aliança deu lugar ao
santuário celestial da nova aliança (ANDREWS, 1853b, p. 138-139, tradução minha).
2.5 A Explicação de Gabriel em Daniel 9:24-27

Em verdade, “Gabriel predisse que o santuário terrestre seria destruído pouco depois da
rejeição do Messias e jamais seria reconstruído, mas seria desolado até a consumação” (9:26-27)
(ANDREWS, 1853b, p. 139, tradução minha; DAMSTEEGT, 2021, p. 88). Ao mesmo tempo, o
anjo destrinchou sobre a nova aliança, a sua igreja (9:27), seu sacrifício (Jesus, 9:26) e seu
santuário (celestial, 9:24) (DAMSTEEGT, 2021).

Andrews escreveu que “Gabriel informou a Daniel que antes do término das 70
semanas, que pertenciam ao santuário terrestre, o Santo dos Santos seria ungido.” “Esse ‘Santo
dos Santos’”, ele disse, “é o verdadeiro tabernáculo no qual o Messias deve oficiar como
sacerdote” (ANDREWS 1853b, p. 139, tradução minha).

Além disso, Andrews viu confirmação bíblica para a transferência da Terra para o Céu
na relação tipo-antítipo entre as inaugurações dos dois santuários na Bíblia (DAMSTEEGT,
2021). Ele escreveu:

Como a ministração do tabernáculo terrestre começou com sua unção, assim no


ministério mais excelente de nosso grande Sumo Sacerdote, o primeiro ato, como
mostrado a Daniel, é a unção do verdadeiro tabernáculo ou santuário do qual Ele
é ministro (Êx 40:9-11; Lv 8:10-11; Nm 7:1, Dn 9:24) (ANDREWS, 1853b, p. 139,
tradução minha).

No que se refere a nova aliança, ele entendia que “O anjo traz a nova aliança à visão de
Daniel. ‘Ele [o Messias] confirmará a aliança com muitos por uma semana.’” (Dan. 9:27; Mat.
26:28). (ANDREWS, 1853b, p. 139, tradução minha) . Ou seja, o anjo Gabriel esclareceu a
Daniel da futura vinda de uma nova aliança, e com ela, de um novo santuário, o verdadeiro;
com um novo sacerdote, o real, e com o mais perfeito sacrifício: o de Cristo.

Em suma, o sacerdócio levítico deu lugar ao sacerdócio segundo a ordem de


Melquisedeque (ANDREWS, 1853b). Mas o que pensava John Andrews a respeito do santuário
celestial “em si”?

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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2.6 O Santuário Celestial

2.6.1 Dois lugares santos

Para Andrews (1853c) existem dois compartimentos no santuário celestial, como havia
no santuário terrestre.

I. O tabernáculo erguido por Moisés, após quarenta dias de exame daquele que lhe foi
mostrado no monte, consistia em dois lugares santos, [Ex. 26, 30-33,] e é declarado
como sendo um padrão ou modelo correto daquele edifício. Ex. 25, 8, 9, 40;
comparado com o cap. 39, 32-43. Mas se o santuário terrestre consistisse em dois
lugares santos, e o grande original do qual foi copiado consistisse em apenas um,
em vez de semelhança, haveria perfeita desigualdade.

II. O templo foi construído em todos os aspectos de acordo com o modelo que Deus
deu a Davi pelo Espírito. 1 Cron. 28: 10-19. E Salomão, dirigindo-se a Deus, diz:
"Tu me ordenaste construir um templo sobre o teu santo monte, e um altar na
cidade em que habitas, uma semelhança do santo tabernáculo que tu tens
preparado desde o início." 1 Reis 6, 2 Crônicas 3. Esta é uma prova clara de que o
tabernáculo celestial contém o mesmo (ANDREWS, 1853c, p. 145, tradução
minha).
Portanto, Andrews defendeu a existência de dois compartimentos físicos e reais no Santuário
Celestial, da mesma forma que havia esta divisão no tabernáculo terrestre.

3. A Ministração e a Purificação do Santuário Terrestre e Celestial (1853)

3.1 Santuário Terrestre

Basicamente, no cerimonial diário, os pecadores deveriam impor as mãos sobre a cabeça do


animal e confessar seus pecados, e eles então eram transferidos aos animais (Lv 1-3). Com
o sangue derramado, era aspergido no santuário, transferindo os pecados e a culpa deles
[do sangue] ao santuário (DAMSTEEGT, 2021, p. 90; ANDREWS, 1853c, p. 146).

No dia dez do sétimo mês, dever-se-ia purificar o santuário através da ministração do sumo-
sacerdote no Lugar Santíssimo, como explicitado em Lv 16. Os pecados, “registrados” com
o sangue das vítimas ao longo do ano no tabernáculo, eram removidos ou retirados
da congregação, como afirmou Andrews (1853c, p. 146, tradução minha) “O Santuário foi
então purificado dos pecados do povo, e esses pecados foram levados pelo bode
expiatório do Santuário [para o deserto]”.

Após isso, o teólogo cita Hb 8:1-6, Cl 2:17, Hb 10:1 e Hb 9:11-12 para argumentar que todo
este ritual servia como figura e sombra das realidades celestiais, e que isto deveria realizar-
se/cumprir-se no Céu, no Santuário Celestial, pois “no maior e mais perfeito tabernáculo,
Cristo é o ministro dessas coisas boas, assim prefiguradas” (ANDREWS, 1853c, p. 146,
tradução minha).

3.2 Santuário Celestial

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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Sendo assim, através da tipologia bíblica, Andrews (1853c, p. 147) defendeu que da
mesma forma como na “sombra das coisas celestiais”, o pecado do pecador era transferido
para o tabernáculo mediante a “oferta do sangue do sumo sacerdote, [...] assim ocorre na
substância2”. “Aquele que carregou nossos pecados em sua morte, oferece por nós seu sangue
no Santuário Celestial.” E, porque “os pecados dos homens são levados até Ele mediante o
sangue da oferta pelo pecado, [...] eles devem ser removidos” através de um processo de
purificação parecido ao do tabernáculo terrestre.

No que tange ao início da purificação do Santuário Celestial, é interessante notar que


para Andrews, “nosso Senhor deve continuar sua ministração no primeiro compartimento até
que chegue o período de seu ministério dentro do segundo véu, diante da arca do testamento
de Deus” (ANDREWS, 1853c, p. 147, tradução minha). Isto é, a tipologia diária e anual
cumpre-se no ministério celestial de Jesus também. Até outubro de 1844, Jesus esteve no
primeiro compartimento realizando sua obra de intercessão conforme o pioneiro.

De acordo com o teólogo, o Dia da Expiação continha dois propósitos principais: o


perdão da iniquidade e a purificação do santuário. Ele escreveu: “Nosso Sumo Sacerdote está
em pé diante do propiciatório3 (parte de cima da arca), e lá Ele oferece seu sangue, não
meramente para a purificação do santuário, mas também para o perdão da iniquidade e
transgressão (ANDREWS, 1853c, p. 148; DAMSTEEGT, 2021, p. 91).

Portanto, ao findar o Dia da Expiação,

O Azazel, ou bode expiatório antitípico [Satanás], então terá recebido os pecados


daqueles que foram perdoados no santuário, e no lago de fogo, sofrerá pelos pecados
que instigou. O povo de Deus, o anfitrião, estará livre para sempre de sua iniquidade
(ANDREWS, 1853c, p. 148, tradução minha).

Concluindo, Andrews entendia que mesmo após o final do pecado, o Santuário


permaneceria para sempre com o povo de Deus.

No meio daquele Paraíso de Deus, onde os santos permanecerão para sempre,


contemplamos seu glorioso santuário [Ez 37; Ap 21:1-4]; e aqui o deixamos,
satisfeitos se pudermos estar entre o número dos que servirão a Deus nesse templo,
para todo o sempre (Ap 7:13-15) (ANDREWS, 1853c, p. 149).

No que se refere a série de 4 artigos de 1853 de Andrews sobre o santuário analisados


acima, James White escreveu no mesmo ano que foi “a melhor obra que já foi publicada sobre
a verdade presente” (WHITE, 1853, p. 184). Talvez por sintetizar com clareza o tema que mais
ardia o coração dos pioneiros em seus primeiros anos após o desapontamento.

4. Considerações finais

Neste artigo foi visto que:

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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I. Andrews escreveu sob um ponto de vista apologético a respeito da doutrina do


santuário. Seu propósito foi defender a fé adventista em meio a críticas. Ele buscou
comprovar a solidez da hermenêutica adventista sob o método Sola Scriptura.

II. Andrews comprovou que Antíoco Epifanes não pode ser o chifre pequeno. Por
meio de 5 argumentos, evidenciou a base bíblica na interpretação do poder
referido como o papado.

III.Ademais, o autor destacou a íntima ligação entre o capítulo 8 e 9 do livro de


Daniel. Assumia o princípio dia ano de interpretação profética, e escreveu
detalhadamente sobre as profecias das 2.300 tardes e manhãs e setenta semanas.

IV.Andrews definiu algumas expressões bíblicas como “homem da iniquidade”,


“transgressão desoladora” e “diário”.

Além disso, o pioneiro escreveu a respeito do “Santuário em si”. Ele o pensava como a
“habitação do Deus vivo” – que mora no Céu. Poderia ser chamado de “casa de Deus” – o
lugar onde Ele mora. Para ele, existem dois santuários na Bíblia da Terra e do Céu. O primeiro
construído por homens e o segundo construído por Deus. “Cópia” e “verdadeiro”. Enquanto o
santuário terrestre era o centro da antiga aliança, o Santuário Celestial é o centro da nova
aliança.

Enquanto o tabernáculo terrestre era o centro da adoração e fé judaicas, o tabernáculo


celestial é o centro da adoração e fé dos cristãos (ou deveria ser). Para tanto, ele forneceu 10
argumentos para isso.

Ele também mencionou a explicação do anjo intérprete Gabriel, que falou a respeito
disso em Daniel 9:24-27.

John Andrews cria em um Deus histórico-temporal-análogo. Ele carregava consigo


(sua mentalidade teológica) o pressuposto de que Deus é histórico, as profecias se cumprem na
história, e que não há dicotomia cosmológico-ontológica no universo. Para o pioneiro, assim
como para a maioria dos primeiros adventistas do sétimo dia, não há separação entre o Céu e a
Terra, no que tange a ontologia.4

A tipologia entre o terrestre e o celestial era vista em termos completamente literais,


mesmo que não em exatos detalhes. Não apenas na compartimentalização dos lugares, mas nos
rituais diário e anual, havia contínuos vislumbres terrenos das realidades celestiais.

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ANDREWS, J.N. The Sanctuary. Review and Herald, 06 jan. 1853a.

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Centro de Pesquisas Ellen G. White


23

ANDREWS, J.N. The Sanctuary. Review and Herald, 23 de dezembro de 1852.

ANDREWS, J.N. The Sanctuary. Review and Herald, 18 de junho de 1867.

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Desenvolvimento das Doutrinas Adventistas. 5a ed. Engenheiro Coelho, SP. UNASPRESS,
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WHITE, J. Brother Andrews’ work on the Sanctuary. Review and Herald, 31 de março de 1853.

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


24

JOHN NEVINS ANDREWS: UM LEGADO DE MISSÃO


Edmilson Marcal

Resumo: John Nevins Andrews figura entre os mais notáveis pioneiros na história do
adventismo, no ano de 1874 foi responsável por alargar as fronteiras da missão adventista
em esfera mundial, a começar pela Europa. Sua trajetória de vida deixou um legado de
missão preservado na história. O objetivo desde estudo é esclarecer os principais eventos,
desafios, princípios e métodos que marcaram a primeira missão (além-mar) oficial da IASD
realizada no continente europeu. Desenvolvendo, a partir desses elementos, o legado
transmitido por Andrews e sua família no trabalho missionário. O método que norteou o
trabalho foi o de análise bibliográfica. Dentre os principais autores pesquisados destaca-se
Virgil Robinson (1975), Gilbert M. Valentine (2020), Norma Collins (2007) e Fábio Da Silva
(2015) como escritores que investigaram a temática abordada no artigo. Como resultado do
estudo, obtemos as principais temáticas que giram em torno da missão de Andrews e seus
dois filhos na Europa, como o amadurecimento da IASD quanto as missões internacionais,
o processo de adaptação no campo europeu, a assimilação dos métodos que resultara no
avanço da mensagem e os princípios que proporcionaram a continuidade e fé nesta difícil
obra. A pesquisa conclui que o notório progresso deixado por John Andrews e seus filhos é
proporcional a seu amor a Deus e Sua Palavra, bem como pela salvação das almas. O
conjunto de crenças e práticas que envolvem o legado missionários de Andrews devem ser
objeto de sinceros estudos e prática no aperfeiçoamento das missões mundiais.

Palavras-chave: Andrews, Missão, Europa, Família, Suíça.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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1.Introdução

Desde suas raízes mais profundas a Igreja Adventista do Sétimo Dia é fruto do trabalho
missionário. O principal grupo formativo, como o foi o movimento Millerita, está marcado
pelo espírito de abnegação e proclamação da eminente volta de Jesus. Sustentando esse
pensamento, George Knight declara que “Missão é tudo sobre o que a igreja Adventista do
Sétimo Dia é. Missão é a única razão pela existência da denominação.” (1995, p. 7, tradução
nossa) Quanto ao tema abordado, é importante ressaltar que essa obra não é realizada por uma
sala, prédio ou nome de uma instituição, mas por homens e mulheres que aceitaram o
chamado e se colocaram à disposição da condução e sustentação de Deus.

Partindo desse princípio Bíblico da convocação divina (Maros 16:15), e a cooperação


humana, o presente artigo irá focar na vida e obra do primeiro missionário enviado
oficialmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, John Nevins Andrews, missionário que
cumpriu cabalmente seu ministério. Em relação ao importante pioneiro da missão adventista,
será ressaltado os principais aspectos que giram entorno de seu chamado, ministério na
Europa, desafios enfrentados e seu legado missiológico não somente aos adventistas, mas para
o mundo.

1.1 Compreensão limitada

Foi apresentado a importância da missão no contexto da formação e propósito da


Igreja Adventista do Sétimo Dia, todavia antes que o primeiro missionário fosse enviado, era
necessário amadurecer o conceito de missão entre o povo do advento. Mesmo reconhecendo a
missão como um alicerce fundamental dentre os pilares originadores da Igreja Adventista, sua
compreensão precisou passar por uma reformulação e desenvolvimento. De início, logo após o
Grande Desapontamento despertou-se uma crença perigosa dentro do movimento, de acordo
com Gerard Damsteegt:

Imediatamente após o desapontamento, houve entre quase todos os adventistas a


sensação de que a porta de Mt 25,10, que tinha sido identificada como a porta da
graça para as igrejas e o mundo, tinha ficado fechada para sempre no 10º dia do
sétimo mês,1844. Durante um curto período, este conceito "extremo" de porta
fechada, que excluiu a possibilidade de salvação para todos os que não tinham
participado no movimento do Sétimo Mês e se separaram das igrejas, levou quase
todos os esforços missionários dos Adventistas entre os não-Adventistas a uma
paralisação completa (1977, p. 79, tradução nossa).

Tendo como referência a citação acima, a noção de que a “Porta da Graça” havia se
fechado para o mundo nesse período, como descrito acima, trouxe uma noção equivocada, e
quase nula da missão do povo do advento. Houve um tempo em que a missão foi
interrompida, e ainda que este pilar tenha sido paralisado, não estaria para sempre deste
modo. Ellen White declara que:
Por algum tempo depois da decepção de 1844, mantive, juntamente com o corpo do
advento, que a porta da graça estava para sempre fechada para o mundo. Este ponto
de vista foi adotado antes de minha primeira visão. Foi a luz a mim concedida por
Deus que corrigiu nosso erro, e habilitou-nos a ver a verdadeira atitude. (2013 p. 59)

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Mesmo Ellen White por algum tempo, juntamente ao povo do advento, havia
crido que em 22 de outubro de 1844 (10º dia do 7º mês judaico) a porta da graça havia se
fechado. Inclusive “os pioneiros compreenderam inicialmente as visões como confirmação do
seu erro da porta fechada” (NSMEAD, 1980, p.51). A verdade sobre essa data foi
revelada gradualmente por Deus, tal como é descrito nas Sagradas Escrituras, “a vereda
dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito.” (Provérbios 4:18)

Anos depois, ainda alguns pensamentos equivocados precisavam ser mais bem
compreendidos. Uma resposta dada pelo pioneiro Uriah Smith na Review and Herald (1859),
revela que sua compreensão sobre a proclamação da mensagem angélica se limitava
maiormente ao território dos Estados Unidos, já que este era composto por pessoas de vários
lugares do globo. Foi então, na década de 1870, que a visão de missões estrangeiras cresceu
consideravelmente (MAXELL, 1982). Concluindo a ideia do progresso missionário, desde a
primeira data citada (1844) se passaram 30 anos até que oficialmente a IASD enviasse seu
primeiro missionário além-mar.

2. O primeiro contato missionário na Europa

Frequentemente John Nevins Andrews é tomado como o primeiro missionário


da Igreja Adventista do Sétimo Dia. No entanto, é importante mencionar o
trabalho e participação de um homem chamado Michel Belina Czechowski, o qual foi o
responsável pela entrada da mensagem adventista em território Europeu. Segundo a
Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia (1996), Michel Belina Czechowski foi um Padre
Católico convertido a IASD, ele detinha em seu coração o desejo de ir para Europa
como um missionário oficial da denominação. Os líderes da época, todavia, consideravam
que a jovem organização adventista ainda não estava preparada para essa empreitada e a
proposta dele lhes parecia questionável.

O ex-padre Católico não havia se conformado com essa decisão, de forma informal e
contra os conselhos de seus irmãos de fé, incluindo Ellen White, ele “persuadiu os líderes
do advento cristão a patrocinar sua missão à Itália” (SCHWARZ; GREENLEAF, 2016, p. 172).
É evidente que depois os próprios líderes perceberam que ele estava pregando a mensagem
do sábado, deixando assim de fornecer os recursos ao missionário adventista. Mesmo imerso
nas dificuldades e agindo contra a decisão dos líderes da IASD, Mervyn Maxwell sublinha que:

Ellen White não disse que se Czechowski fosse à Europa Deus o iria abandonar!
Deus evidentemente abençoou a pregação desse ex-sacerdote católico. Contudo,
sem emitir julgamento, somos tentados a pensar em como poderia ter sido diferente
(1982, p.169).

É evidente que “um Deus cheio de compaixão, e gracioso, longânimo e abundante em


misericórdia” Salmo 86:15, seria benevolente, e abençoaria os esforços do relutante
missionário. Porém, se ele tivesse considerado os conselhos recebidos, como citado acima, seu
trabalho possivelmente poderia ter atingido uma esfera maior, com raízes mais duradouras.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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De acordo com os autores Schwarz e Greenleaf (2016), não se sabe precisamente quais
proporção tomaram a obra de Czechowski na entrada da mensagem adventista na Europa.
Sabe-se que seu persistente e obstinado trabalho resultou na entrada da mensagem adventista
na Suíça, Itália e Romênia.

Os esforços missionários realizada na Europa por Michel Belina Czechowski,


prepararam a vinda do primeiro missionário oficial da Igreja. Fortalecendo essa ideia Alberto
Timm salienta, “Sem dúvida, a obra que Czechowski realizou na Europa foi significativa, no
sentido de preparar o caminho para o estabelecimento futuro da IASD nesse
continente” (2017 p.78). Dez anos mais tarde, chamado oficialmente pela liderança, Andrews
chega ao campo missionário, podendo ver o trabalho realizado por M. B. Czechowski e sua
esposa A. E. Butler.

2.1 J. N. Andrews

O primeiro missionário adventista enviado oficialmente, John Nevins Andrews, fez


parte de um grupo seleto entre os pioneiros, que contribuíram fortemente para o
desenvolvimento da IASD. Andrews foi “Pastor, missionário, escritor, editor e erudito; amigo
íntimo de Tiago e Ellen White. (FORTIN, 2018, p.322) Ele nasceu num povoado agrícola no
Maine em 29 de julho de 1829. Logo em tenra idade de vida ele foi impactado pela Palavra de
Deus. Desde sua juventude, demonstrava ser um avido estudante da Bíblia, fortalecendo essa
percepção, Renato Stencel escreve:

Aos cinco anos de idade Andrews ouviu a pregação de um pastor baseada em


Apocalipse 20:11 - "Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja
presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles." Tais palavras
exerceram tão vívida impressão sobre sua mente que ele jamais se esqueceu daquela
mensagem. Desde sua infância Andrews adotou a Bíblia como seu livro de estudos e
pesquisas, tornando-a sua bússola para apontar o caminho da verdade e justiça (2014,
p.1).

A partir dessas considerações, é possível compreender os fatores que determinaram


um bom desenvolvimento de Andrews desde seus primeiros anos. O seu amor pelas escrituras
aperfeiçoou seu caráter, de forma que o estilo de vida e o seu chamado para missão se
desdobravam durante os anos de sua vida. Houve um episódio que marcou sua lealdade e
compromisso com a missão, em sua juventude seu tio Charles ofereceu pagar seus estudos
para que Andrews se tornasse um advogado, seguindo uma carreira política. Nesta ocasião, ele
demostrou ter a certeza do seu chamado e convicção da sua fé, “sem titubeios ou vacilações,
John declinou da proposta que lhe foi dirigida. Jamais haveria de permutar sua fé na Palavra
de Deus por uma honrosa cadeira no parlamento” (OLIVEIRA, 1985). Passando pela escola
do sofrimento, semelhante ao que outros pioneiros passaram, Andrews suportou problemas
de saúde na infância. Norma Collins salienta:

John Nevins não tinha saúde muito boa, e foi-lhe necessário deixar a escola muito
cedo. A partir de então, estudou sozinho. Carregava sempre um livro consigo, e toda
vez que tinha um momento livre, abria as páginas e assimilava algumas palavras ou
uma frase com seu cérebro prodigioso. (2007, p.155).

Paralelamente aos outros pioneiros, de acordo com Enoch de Oliveira, o jovem


Andrews “aos quinze anos, após ouvir a proclamação milerita, uniu-se com entusiasmo e
devoção ao grupo dos fiéis que aguardavam a iminente vinda do Senhor. Sofreu a terrível e re-

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finadora experiência que significou o grande desapontamento de 1844.” (1985 p. 228). E de


igual modo a outros pioneiros, ele pôs-se a estudar as escrituras a fim de compreender melhor
o evento tão significativo. A vida do jovem Andrews podia ser exprimida na resposta ao Salmo
119:9-11 “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o
segundo a tua palavra.” É importante ressaltar, Andrews não se tornou missionário ao chegar
na Europa, segundo Enoch de Oliveira (1985, p. 230):

Sob sua liderança o movimento adventista iniciou a marcha vitoriosa rumo ao Oeste.
Ocorria então a grande epopéia da expansão dos Estados Unidos no vasto território
em direção às praias do Pacífico. Homens e mulheres empacotavam seus limitados
pertences e lotavam com eles os carroções e, em seguida, moviam-se centenas e
milhares de quilômetros em busca de melhores oportunidades e possibilidades. Sob a
orientação de Andrews a Igreja também avançou, alcançando no Oeste seus mais
assinalados triunfos.

Em seu ministério anterior a missão internacional, Andrews era responsável por um


grande crescimento da IASD no Estados Unidos. Todas essas cenas, projetavam o
desenvolvimento do primeiro missionário da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

2.2 O primeiro missionário oficial para além-mar

Como citando anteriormente, desde 1844 houve um notável progresso na


compreensão da missão entre os líderes da igreja adventista, culminando na década de 1870.
Esse amadurecimento pode ser acompanhado a partir de algumas ocorrências, que podemos
observar de forma cronológica, tal como a criação da “Sociedade Missionária Adventista”,
ainda no ano de 1869. Foi ela criada, com objetivo de levar as verdades do terceiro anjo em
esfera internacional, por intermédio de revistas, inclusive missionários. (WHITE. J., 1869).
Em 1870, no mês de junho, os suíços enviam Ademar Vuilleumier para América para se
preparar para a missão, sendo ele também, uma constante lembrança para os líderes da igreja,
da necessidade do país europeu. (OLSEN, 1925). A cabo do ano de 1871, Ellen White recebe
uma revelação quanto ao assunto citado, de acordo com Greenleaf e Schwarz:

uma visão indicando a necessidade de mais dedicação na apresentação do adventismo


a outros. Como resultado, ela estimulou jovens a aprenderem novas línguas [...] as
publicações em língua estrangeira eram necessárias em mais abundância, escreveu a
sra. White. Mas isso não era suficiente, homens e mulheres deveriam ser enviados
para o exterior a fim de dar um testemunho pessoal (2016, p. 174).

Incessantes apelos eram feitos, o senso do envio de um missionário para Europa se


propagava cada vez mais entre a liderança e o casal White. Por parte dos irmãos adventistas na
Suíça, pedidos constantes eram feitos para o envio de um missionário, o que comovia
profundamente a pessoa de John N. Andrews (ROBINSON, 1975). Em continuidade a essa
busca, no mês de novembro de 1873 em uma reunião da Conferência Geral o assunto do envio
de um missionário a Suíça foi discutido, então Tiago White sugeriu que o enviassem Andrews
para introduzir a missão na Europa. O pastor que representaria a igreja internacionalmente
(DA SILVA, 2015).

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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Gradualmente o envio de Andrews se aproximava, e ainda que houvesse um preparo e


objetivo de desenvolver um trabalho missionário na Europa, esse chamado não era tão
simples. A proporção desse empreendimento exigiria da família Andrews uma difícil decisão,
ampliando essa noção, Robinson salienta que:

Durante dois anos ele tinha desfrutado do isolamento pacífico da sua casa em
Lancaster do Sul. Charles e Mary estavam a sair-se bem na academia. Com livre
acesso às bibliotecas de Boston e da Universidade de Harvard, ele tinha conseguido
fazer pesquisa lá ao rever o seu importante livro History of the Sabbath. Com o seu
amor pelo estudo e escrita silenciosa, hesitou em deixar a sua agradável casa,
preparar-se para dominar duas ou três novas línguas, atravessar o oceano, e
mergulhar na tarefa de realmente lançar a obra na Europa (1975, p.84, tradução
nossa).

Um dos maiores desafios de Andrews estava relacionado a abandonar a estabilidade e


as perspectivas que seu lar e sua nação poderiam oferecer a ele e seus filhos. Tomando está
decisão ele deixava a seguridade de sua pátria, indo para o campo missionário encarar os
desafios que estariam diante dele e seus filhos, desafios estes que serão explorados mais
adiante no artigo.

Chegando o ano de 1874, no mês de abril, Ellen White recebe uma visão que
impulsionaria a decisão de Andrews frente ao seu chamado para Europa. Na visão um anjo
lhe aparecia, e declarou:

O Mensageiro celestial que conosco estava, disse: “Jamais percam de vista o fato de
que a mensagem é mundial. Deve ela ser dada a todas as cidades, a todas as vilas; deve
ser proclamada nos caminhos e valados. Não limitem a proclamação da
mensagem.” [...] O Mensageiro Se volveu para um dos presentes, e disse: “Suas idéias
acerca do trabalho para este tempo são demasiadamente acanhadas. Sua luz não deve
se limitar a um espaço pequeno, nem ser posta debaixo do alqueire ou da cama; deve
ser posta no castiçal, para que produza claridade para todos quantos estão na casa de
Deus — o mundo. É preciso ter mais ampla concepção da obra.” (WHITE, 2006,
p.38-39).

Está revelação, concedida por Deus a Ellen White, produziu maior convicção da parte
de Andrews sobre a missão a ser executada na Europa, como também advertiu a igreja e sua
liderança, quanto a responsabilidade e proporção de sua missão na esfera mundial.

O assunto do envio de um missionário não foi tratado com negligência por parte dos
líderes da igreja, de acordo com Robinson “A decisão de enviar um missionário da América
para a Europa não foi feita apressadamente. Muitas reuniões foram realizadas, e o problema
foi exaustivamente discutido.” (1975, p.83, tradução nossa). Segundo a resolução tomada no
dia 14 de agosto de 1874, o presidente Butler (1874) recomendou a Conferência Geral que
tomasse alguma ação em relação ao envio de J. N. Andrews para Suíça, ao passo que o Comitê
Executivo era acionado para o envio do missionário.

Frente aos apelos dos irmãos europeus, o apoio da família White, o proposito
missionário em seu coração, as advertências inspiradas sobre a missão mundial, e por fim, a
conclusão da Conferência Geral para o envio oficial, John Nevins Andrews aceitou alargar as
fronteiras de sua vida missionária. Ele deu um passo corajoso e significativo.

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Além da retomada de sua herança apostólica, a missão mundial da Igreja Adventista


Do Sétimo Dia estava dando seus primeiros passos, de ordem oficial, para o cumprimento do
seu chamado como movimento profético. Tal como está descrito, o povo remanescente se
preparava, para proclamar o evangelho eterno “aos que habitam na terra, a toda nação, tribo,
língua e povo” (Apocalipse14:6), se tornando oficialmente, no dia 15 de setembro de 1874 um
movimento mundial.

3. Desenvolvimento da Missão na Europa

Tendo em vista o envio de Andrews para o campo missionário, nesta porção será
desenvolvido quais foram as primeiras impressões missionárias, abordagens utilizadas por ele
e sua comitiva, as dificuldades enfrentadas e as proporções do trabalhado realizado na
Europa. O continente europeu, naquele contexto, estava sendo contemplado pela pregação do
evangelho, seu território carregaria as primeiras pegadas da missão mundial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia. Juntamente a J. N. Andrews estavam seus dois filhos, Mary de
doze anos, Charles de dezesseis e Ademar Vuilleumier, um guardador do sábado suíço, que
mais para frente seria seu intérprete.

Grande expectativa por parte da liderança, e uma grande responsabilidade pesava


sobre Andrews e sua família, a eles fora dada uma missão de alto escalão e deveriam, por
tanto, correspondê-la de igual modo. A essa altura, John Nevins Andrews não era um homem
despreparado, um neófito na obra de Deus, contudo, o que o esperava na Europa não seria
um desafio de pequena magnitude. Elementos, como idioma, geografia, que envolvem clima,
alimentação, recursos, aprovação por parte da liderança local e da Conferência Geral, seria
grandes obstáculos. Andrews e seus dois filhos, porém, não retrocederam.

3.1 Projeção da Missão na Europa

A partida da família Andrews para Suíça não foi uma casualidade. O primeiro
missionário adventista saía de sua terra natal vislumbrando uma missão a ser cumprida, e
fortes convicções sobre a importância dela. Acompanhado por um objetivo em especial, que
envolvia:

estabelecer e organizar a Igreja Adventista na Suíça como centro de influência para


todas as outras nações. Precisava estabelecer regras e procedimentos além de ter que
convencer os irmãos suíços de que tais regras e procedimentos eram bons e
necessários (DA SILVA, 2015, p.80).

Este objetivo por sua vez, seria cultivado e acompanhado pela liderança da
Conferência Geral no continente americano. O trabalho realizado pelo pioneiro na Suíça, não
possuía uma visão limitada ao país local, mas se projetava para a formação de um núcleo de
missão para toda a Europa. A partir deste núcleo, os missionários vislumbravam influenciar
as nações vizinhas de forma a se expandir por todo o continente, e o mundo.

Antes que ações fossem realizadas para cumprir essa missão, constata-se que tempos antes da
chegada de Andrews e sua família, já havia a presença de guardadores do sábado na Suíça,
todavia contava com um número pequeno. Estes grupos, foram responsáveis pelos vários
apelos para o envio de um missionário ao país. Segundo Gilbert Valentine este grupo era
composto por:

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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cerca de cinquenta suíços adultos guardadores do sábado numa rede de famílias inter-
relacionadas, em grande parte relojoeiros por ocupação, agrupados em cinco ou seis
aldeias montanhosas a norte de Neuchatel, tinham pedido à igreja que lhes enviasse
um missionário para ser seu ministro e usar a sua comunidade como base para levar a
mensagem da igreja acerca do sábado e o iminente Segundo Advento à Europa (2020,
p.15, tradução nossa).

Segundo demostrado no estudo, havia grupos de guardadores do sábado no país. Parte


dos grupos já existentes, foram frutos do missionário Czechowski sete anos antes da chegada
de Andrews. Mais tarde depois de seu afastamento, descobrindo a existência da IASD em
Battle Creek, eles buscaram reforço missionário para o avanço da obra, e possuíam expectativa
de receber um pastor, que treinasse os líderes e jovens das comunidades, com proposito de
prepará-los para desempenhar o serviço evangelístico em seu país. (VALENTINE, 2020, p.15,
tradução nossa)

3.2 Primeiros passos da Missão na Europa

Na terça-feira dia 15 de setembro de 1874, a família Andrews e Ademar Vuilleuimer


embarcavam em sua jornada em direção a Europa. Passando aproximadamente um mês de
viagem, na quinta-feira dia 16 de outubro de 1874, os dois irmãos de Ademar esperavam sua
chegada na estação ferroviária de Neuchatel, na Suíça, país dos primeiros passos da missão na
Europa (VALENTINE, 2019). No primeiro sábado da família na Suíça, dia 18 de outubro,
Andrews havia sido convidado para pregar na ocasião. O seu primeiro sermão de sábado foi
sobre a ascensão do Movimento Adventista, ocupando-se maiormente no trabalho realizado
pelos pioneiros do casal White e Joseph Bates. O grupo de fiéis presentes na reunião era
pequeno, em sua maioria estavam em outras comunidades espalhadas, principalmente ao leste
(ROBINSON, 1975).

Alguns passos precisavam ser dados por John Andrews, estava diante de um novo
território, nova cultura, em uma diferente localidade mundial. Inicialmente, o seu ministério
na Suíça necessitava de uma boa comunicação com os nativos, não somente ler, mas falar
corretamente. Andrews escreve na Review and Herald que:

Meu primeiro trabalho importante aqui é tornar-me mestre na língua francesa de


modo a falar corretamente e escrever gramaticalmente correto. Não é uma tarefa fácil
de se conseguir. Tenho trabalhado bem cedo e até tarde e tenho assim conseguido
alguns progressos. Sinto-me seguro do sucesso com a ajuda de Deus. É agora o grande
desejo do meu coração, pregar a Cristo na língua francesa com liberdade para ver
pecadores convertidos a Ele (ANDREWS, J. N.,1875c, p.36).

Adquirir essa habilidade seria um grande salto para sua missão na Suíça, ele teria mais
autonomia na pregação, pessoalidade em suas conversas, economizando tempo hábil, e tantas
outras vantagens. Até então, suas pregações deveriam ser traduzidas, e em função dessa
dificuldade Ademar Vuilleumier se tornou seu tradutor e professor da família, o que nem
sempre foi positivo.

O pioneiro das missões deveria apascentar seu novo rebanho europeu, para tal
finalidade, uma de suas primeiras iniciativas foi visitar os guardadores do sábado na Suíça. A
respeito dessa iniciativa Robinson escreveu:

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Pouco depois da sua chegada a Neuchatel, Pastor Andrews e o seu intérprete visitaram
as sociedades adventistas em toda a Suíça. A maioria destes grupos eram pequenos,
compostos por oito a doze pessoas. Mas ficaram muito contentes por se encontrarem
com o ministro dos Estados Unidos da América (1975, p. 90, tradução nossa).

O relato acima revela um traço pastoral no desenvolvimento da missão, pois antes de


se envolver com ações mais diretas, o pioneiro dedicou-se a conhecer e visitar as comunidades
que totalizavam cerca de 50 guardadores do sábado na Suíça. Seguindo os conselhos
inspirados de Ellen White (2007), colocaram-se a visitar de forma pessoal, levando uma maior
compreensão da Palavra de Deus, seguindo assim o método de Cristo, de forma a conquistar
almas para eternidade.

Andrews não havia trabalhado apenas em prol do país sede de seus empreendimentos
missionários, mas como desenvolvido na seção anterior, sua projeção contemplava toda a
Europa. Por tanto, também visitou o país alemão que faz fronteira com a Suíça. Essa
informação de que havia grupos de guardadores do sábado na Prússia foi relatada por James
Erzerberg, um antigo discípulo de Andrews que fora reabilitado por ele para retornar a missão
(VALENTINE, 2020). Depois da animadora notícia dada por Erzerberg, foram os dois em
direção a Elberfeld para conhecer a comunidade, de acordo com Robinson:

Após uma viagem de trem de dois dias, os homens chegaram a Elberfeld. Fizeram
algumas investigações e foram dirigidos para a casa do líder do grupo de guardadores
do Sábado. Para sua grande alegria, souberam que quarenta e seis pessoas estavam a
guardar o Sábado. Este bom grupo de pessoas pensava que eram os únicos cristãos
guardadores do Sábado em todo o mundo (1975, p. 91, tradução nossa).

Dando continuidade a suas investigações, eles descobrem mais uma comunidade de


guardadores do Sábado, Andrews alugou um salão com um bom número de pessoas, que
embora estivessem ao mesmo tempo utilizando entorpecentes2, demostravam estar atentos a
sua fala.

O pioneiro passou cinco semanas trabalhando com a comunidade alemã, e então


voltou para Neuchatel, não deixando o grupo desamparado, deixou seu discípulo Erzerberg
dando continuidade ao discipulado e instrução deles. É extraído desse relato outro ponto
marcante no desenvolvimento do trabalho na Europa, o discipulado e preparo de líderes que
dariam sequência ao trabalho. De acordo com Valentine (2020), os trabalhos evangelísticos
pioneiros de John Andrews prestaram ajuda para o estabelecimento da primeira Igreja
Adventista na Alemanha.

A missão de Andrews não se resumiria as visitas aos guardadores do sábado, ou


mesmo os evangelismos públicos, que eram extremamente difíceis de acontecer mediante a
privação local. Como desenvolvido anteriormente, a IASD ainda não possuía uma estrutura
formada, muito menos uma impressora, de acordo com Robinson “eles quase não tinham
literatura adventista na língua francesa, e o pastor Andrews ansiava poder dar-lhes folhetos e
repletos de verdade” (1975, p. 90, tradução nossa). Esse anseio veio a se realizar na
implementação da revista “Signes del temps”. O pioneiro possuía muitos talentos e desejava
espalhar a verdade a qualquer custo, de um passo a outro estabelecia as bases de sua missão
transcultural.

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3.2 A família de John Nevins Andrews

Em 1874, Andrews embarcava no Navio Atlas da Curnad Line rumo a sua missão na
Europa, mas ele não estava sozinho, sua família o acompanhava nessa empreitada além-mar.
De acordo com a Enciclopédia Adventistas (1966), a família de Andrews era composta por
Angeline com quem se casara em 1856, seu filho mais velho Charles nascido em 1857, Mary
sua outra filha que nasceu em 1861 e outros dois filhos que morreram em tenra idade.
Infelizmente em 1872 a esposa do pioneiro morreu, porém Andrews decidiu não se
casar novamente. Por consequência, na partida para o outro continente estavam apenas os
dois filhos órfãos de mãe e seu pai, agora viúvo.

Segundo a ESDA (2020), Charles estava com dezesseis anos de idade e Mary estava com
seus, apenas, doze anos, mas estavam ambos acompanhado seu pai nessa nova jornada
de seu ministério. Inicialmente, uma das primeiras necessidades era se adequar ao novo
padrão cultural de vida, principalmente no que diz respeito a língua. Em busca de avançar
com o aprendizado do idioma do país, dois anos depois de sua chegada a família Andrews
fez um acordo por escrito, os três durante praticamente todo o dia iriam conversar apenas em
francês em seu lar, podendo utilizar algumas palavras em alemão, separando apenas uma
hora de inglês (ROBINSON,1975).

Ambos os filhos de John Andrews tiveram uma participação distintiva na missão.


Em seu desenvolvimento missionário o filho mais velho Charles, se dedicou ao trabalho de
tipografia3, e nele se aprimorava. Foi descrito por sua mãe Angeline como um ótimo
companheiro em concordância, o pioneiro declara que havia uma aparente preferência de
seu filho em passar mais tempo com ele do que com outros jovens (COLLINS, 2007). Seu
trabalho tipográfico seria de grande importância na obra de publicação, era um grande
ajudador e companheiro de seu pai nesta obra.

A filha mais nova de Andrews, teve uma participação especial na missão na Europa.
Mesmo com seus doze anos de idade, era a responsável no comando da cozinha da casa.
Sua vida certamente foi marcada de muitos sacrifícios, ainda assim Mary se destacou pela sua
erudição. Dois anos após sua chegada, trabalhadores franceses do escritório apontavam que
ela falava como uma garota francesa (ROBINSON, 1975). Ressaltando essas habilidades,
Norma Collins escreve que ela “conseguia perceber erros gramaticais que o irmão Aufrane
passara por alto – e francês era o idioma dele” (2007, p. 167). Mesmo deixando a missão tão
nova, seu desempenho no trabalho parecia ser insubstituível. pioneiros de John Andrews
prestaram ajuda para o estabelecimento da primeira Igreja Adventista na Alemanha.

3.4 Publicação da “Les Signes des Temps”

Como foi abordado na seção anterior, John Nevins Andrews foi um homem
extremamente talentoso em diversas áreas do saber, dentre as quais a escrita se destacou
sobremaneira. Foi como escritor que Andrews havia realizado uma de suas maiores
contribuições a IASD, temos como exemplo seu livro “History of the Sabbath and First Day of
the Week” que aborda de forma cronológica a compreensão do Sábado como o verdadeiro dia
de guarda conforme a Palavra de Deus.

Depois de consultar os líderes e entender os desafios locais, o pioneiro movido pelo an-

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seio de iniciar as publicações no idioma francês realizou uma primeira tentativa de iniciar um
pequeno jornal, porém ao retornar para recolher os exemplares impressos pela gráfica ficou
desapontado. Algumas partes estavam machadas pelo excesso de tinta, noutras a falta de tinta
deixando ilegível as páginas do jornal. Juntamente a seus colaboradores, concluíram que a
tipografia em Neuchatel não poderia oferecer um trabalho conforme a qualidade esperada
(ROBINSON, 1975).

Como solução para a dificuldade na impressão, a família Andrews se mudou para


Basiléia (Suíça) em março de 1876, onde ficavam localizadas as melhores impressoras, como
também uma ótima centralidade estratégica fazendo fronteira com França e Alemanha.
(VALENTINE, 2020). Aprofundando sobre o início da publicação Ellsworth Olsen comentou
que:
Tinha chegado o momento em que os irmãos se sentiam capazes de iniciar a publicação
de uma revista mensal para dar mais publicidade à mensagem. A nova revista chamava-
se Les Signes des Temps (Os Sinais do Tempo), e Basileia, situada na fronteira entre a
Suíça e a Alemanha e não muito longe da França, foi sabiamente escolhida como centro
editorial, e como sede da Missão Europeia. Para este lugar, Pastor Andrews mudou-se
com a sua família na Primavera de 1876. O primeiro número da nova revista apareceu
em julho, e números mensais, de oito páginas cada, seguiram-se com um bom grau de
regularidade (OLSEN, 1925, p. 20, tradução nossa).

Andrews realizara um dos seus maiores empreendimento pretendidos iniciando a “Les


Singnes des Temps”. Seus esforços foram incansáveis de seu trabalho alcançaram resultados,
Norma Collins apresenta que:

Calcula-se que, num período de sete anos, J N. Andrews tenha escrito mais de “480
artigos, ou uma média de cinco ou seis por mês”, para Les Signes des Temps.
Obviamente, o jornal tomava grande parte do seu tempo. Era ele o principal
colaborador, bem como o tradutor ele artigos da Review escritos pelos líderes nos
Estados Unidos. Ele também planejou publicar periódicos em alemão e italiano (2007,
168).

Unindo esforços, Maxwell (1982) comenta que os filhos de J. N. Andrews estavam


diretamente ligados ao progresso do trabalho com o jornal, somando com seu trabalho de
preparo e tradução de artigos da Review and Herald, Charles seguia dedicando suas
habilidades na composição tipográfica, ao passo que Mary ajudava na leitura de provas, já que
havia desenvolvido seu francês como de uma garota nativa da Suíça. Desta forma, Deus
conduzia Andrews e seus filhos a ampliarem o alcance de sua mensagem.

Estando o trabalho de publicação bem encaminhado em Basileia, com o Signes


entrando em seu segundo volume, o Élder Andrews resolveu fazer uma viagem ao sul da Itália,
onde alguns guardavam o sábado. Essas pessoas haviam aceitado os pontos de vista adventistas
sob os trabalhos do Dr. H. P. Ribton, um graduado da Universidade de Dublin, residente em
Nápoles, cuja atenção havia sido primeiramente atraída para a verdade do sábado por meio de
publicações enviadas a um amigo seu pelos Batistas do Sétimo Dia na Inglaterra, e que mais
tarde havia lido a literatura adventista de Basileia. Sendo as condições muito desfavoráveis ao
esforço público, pareceu sábio ao Ancião Andrews dedicar seu tempo principalmente a visitar
o povo em suas casas. Antes de partir, teve o prazer de batizar o Dr. Ribton, juntamente com a
sua esposa e filha, num belo local retirado no porto de Puteoli, provavelmente perto do ponto

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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onde o apóstolo Paulo desembarcou na sua viagem para Roma. Mais tarde, o Dr. Ribton
mudou-se para Alexandria, no Egito, onde ele e três irmãos italianos foram mortos no
massacre de europeus que ocorreu em 11 de junho de 1882 (OP,306).

4. Legado de Missão

Um “legado” pode ser definido, num sentido geral, como resultado de uma ação,
contribuição ou influência de uma pessoa ou um grupo, e que continua a ter impacto no
presente, assim como no futuro. Etimologicamente: A palavra legado deriva do latim
"legatum,i", que significa o que foi passado por herança, testemunho.4 No presente ano de
2023 está completando 140 anos do legado de missão deixado pelo primeiro missionário
oficial da Igreja Adventista Do Sétimo Dia.

As contribuições e influências deixadas por Andrew permanecem até o presente


momento, seus efeitos possibilitaram o crescimento e atual progresso das missões globais.
A herança missionária deixada pelo pioneiro é um modelo a ser seguido, nesta seção será
abordado os desafios enfrentados, os princípios e a missiológia de John Andrews.

4.1 Resiliência na Missão

Um legado de resiliência missionária foi deixado por J. N. Andrews e seus dois filhos.
Como pioneiros das missões adventistas tiveram que enfrentar o desconhecido, a igreja
nesse momento se encontrava inexperiente em missões dessa magnitude. O novo
campo missionário na Europa seria um desafio a família, ainda que o pioneiro tivesse
vivido uma larga experiência em seu país. Em uma declaração na Review and Herald,
Andrews (1880, p. 13) Confessou: “Nunca, em nenhum momento da América, vi tão
grande acúmulo de dificuldades como conhecemos na Europa” enfatizando a proporção do
obstáculo que estava a sua frente no avanço da missão europeia.

Grande número de dificuldades na missão de Andrews viera por parte de tragédias


em sua vida, e cuidados necessários em seu núcleo familiar. Apenas dois anos antes de sua
partida para Europa em 1872, ele perdeu sua esposa Angeline, e seus filhos o amparo
materno. Enfatizando o luto irreparável do pioneiro Robinson (1975, p.76, tradução nossa)
comenta que “Durante semanas, pastor Andrews ficou prostrado de tristeza. Seu velho
amigo John Loughborough escreveu-lhe uma carta da Califórnia, buscando confortá-lo. O
pastor White também enviou suas sinceras condolências. Ele se recuperou do choque da
morte de Angeline muito lentamente.” Essa seria uma de suas maiores cicatrizes, como
também a de seus filhos. Ellen White (1883), havia sido instruída por Deus sobre a
importância de Andrews tornar a casar novamente, mas seu luto e afeição por sua falecida
esposa o impediu. Não atendendo as instruções recebidas, está se tornou uma de suas mais
duras reprovações e dificuldades em sua missão. Mervyn Maxwell comenta que:

A ausência de uma esposa e mãe teria efeitos funestos sobre a saúde dessa família
missionária, mas Andrews havia enfrentado dificuldades indescritíveis como
missionário na terra natal, e não se deteria por motivo algum como missionário
estrangeiro. Seus filhos também estavam submetidos à vontade de Deus (1982, p.186).

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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A carência do apoio de uma “auxiliadora” (Gênesis 2:18) como Deus havia instituído no
Éden traria grande consequências, como a sobrecarga de tarefas na família, e encargos pesados
a seus jovens filhos. Segundo Zurcher (1984) a realidade da família se tornou
lamentável, a irregularidade do salário enviado pela Conferência Geral os levava a
escassez de recursos mínimos e pobreza. Charles comprava a comida, enquanto Mary estava
encarregada de cuidar do preparo, embora ela não houvesse aprendido a cozinhar pela perda
precoce de sua mãe. É evidente que “Muitas das doenças enfrentadas pela família podem ser
atribuídas a maus hábitos alimentares. Além disso, eles consideraram o clima extremamente
úmido e frio. Por semanas seguidas não houve sol” (ROBINSON, 1975, p. 90, tradução
nossa). Esses fatos apresentados esclarecem a morte prematura de Mary a seus 16 anos, que
depois da morte da esposa fora a grande decepção de John Andrews, como também sua
própria morte aos 54 anos, ambos por tuberculose.

Um grande acúmulo de dificuldades desconhecidas aos norte americanos seriam


encontradas pela família missionária. Os filhos do pioneiro eram muito jovens, em
contrapartida “Andrews era um homem de quarenta e quatro anos e isto dificultaria seu
domínio do idioma” (Da Silva, p.31). Foi mediante o esforçado estudo da língua francesa,
aulas com Ademar Vuilleumier, acordos realizados para exclusividade da língua francesa
superou está barreira linguística. Aprender a língua nativa foi um grande passo, mas não
era o suficiente, barreiras culturais e religiosas precisavam ser quebradas.

Ao Andrews buscar orientações com a liderança quanto a estratégias de evangelização


na Suíça, fora apresentado por eles grandes empecilhos, de acordo com Robinson (1975)
os irmãos suíços apontaram que evangelismo público em tendas, alugar um salão para realizar
o trabalho, imprimir jornais sistematicamente e autossustentável seria quase inviável. Pois
“além das barreiras linguísticas e a diversidade cultural, a maior dificuldade era a estreita
aliança entre as igrejas estabelecidas e o Estado, relação que não deixava quase nenhum
espaço para o desenvolvimento de novos movimentos religiosos (FORTIN, 2018, p.898)
de forma que os pastores e líderes locais possuíam um grande domínio político.

Andrews ao fim de sua jornada havia passado por diversas provas, situações que o
levavam a vulnerabilidade desafiando sua saúde física e mental, colocando em risco sua
própria vida. Todavia, nenhuma desses flagelos o fizeram para a obra missionária que Deus o
havia chamado a cumprir. Compartilhava o exemplo vivo de fé e esperança comunicados pela
Palavra de Deus. Concluindo esse pensamento Enoch de Oliveira resume que a “vida de
Andrews foi um constante salmo de vitória sobre a dor e o infortúnio” (1985, p. 231).

4.2 Princípios de Missão

Na seção anterior, foi abordado grandes complicações enfrentadas por Andrews e seus
filhos na missão além-mar, sua persistência estava intimamente ligada com seu amor a Deus e a
salvação de almas. Em resposta a Hiram Edson, que o aconselhava de seus esforços excessivos,
respondeu: "Eu não posso fazer isso", respondeu Andrews. "Eu sinto como o apóstolo Paulo, 'Ai
de mim, se não pregar o evangelho'. Como posso descansar quando almas estão perecendo sem
conhecer Cristo como seu Salvador? Seu questionamento demonstrava um grande apreço pela
salvação dos perdidos e o avanço da mensagem de salvação. Muitos podem se questionar-se

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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quanto a seu tempo dedicado ao estudo e capacitação, mas segundo Fábio Da Silva “Andrews
se aplicou ao estudo da língua não por uma realização pessoal ou um capricho intelectual. O
grande desejo do seu coração era pregar a Cristo e ver pecadores convertidos.” Andrews
procurava de aperfeiçoar e usar suas talentosas habilidades, não para honra própria, e sim pelo
desejo de ver pecadores convertidos ao evangelho eterno.

Uma das características marcantes do pioneiro, o que incorporou seu ministério,


fortaleceu a sua fé, suas bases teológicas, restaurou suas esperanças nos momentos funestos foi
sua comunhão. O “amor pela Bíblia constitui um dos maiores legados deixados para a IASD. E
usou a página impressa para propagar as Escrituras Sagradas” (DA SILVA, 2015, p. 70). Como
foi explorado na introdução, Andrews fez da Bíblia o manual de sua vida, e desde muito cedo
adotou-a como regra de fé. Esses pressupostos bíblicos trabalhados na vida dele produziram
frutos que se tornaram distintivos em sua jornada missionária. Sua humildade pode ser
observada de forma notória em sua carta privada direcionado a seu amigo Uriah Smith:

No presente momento, por razões de minha prostração, eu estou vendo a morte de


perto. Existe algo que me causa dificuldade e quero apresentar a você na forma de um
pedido. Isso vai diminuir em muito o que você falará sobre minha morte na Review. Eu
te imploro que faça a mais simples e breve declaração possível e eu rogo ainda que você
exclua qualquer palavra de elogio. Uma tira de uma coluna na Review vai ser suficiente
para tudo que vai ser dito (ANDREWS, 1883a).

Essa atitude reforça o princípio Bíblico de abnegação e humildade compartilhado por


João Batista, “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3:30). John Andrews não se
dedicava a causas pessoais, ou interesses egoístas, mas demonstrava seu verdadeiro zelo
missionário, onde sua vida era escondida no grande missionário Jesus Cristo.

4.3 Missiológia de Andrews

O ministério de Andrews na Europa apresentava características distintivas. Antes de


sua chegada ao novo continente ele já possuía uma vasta bagagem missionária, unindo então
seus conhecimentos prévios aos novos desafios obtemos a abordagem missionária utilizada no
continente europeu. Fábio Ferreira aborda essa temática descrevendo que:

Foram muitas horas de trabalho duro em evangelismo abrindo novas igrejas [plantio],
escrevendo artigos para fortalecer os irmãos [base teológica e administrativa para
organização], atendendo para estabelecer organização de igreja, escrevendo e publicando
como missionário de publicações [escrita e publicação missionária], se comunicando em
sua língua e em outras, trabalhando com pessoas de diferentes costumes; seu trabalho foi
formidável. E estas coisas vieram em resultado do compromisso que Andrews possuía
com a Obra de Deus. (DA SILVA, 2015, p. 80)

O pioneiro tinha como característica principal em seus empreendimentos missionários


a plantação de novas igrejas adventistas, fortalecimento teológico e administrativo, atendendo
ao desenvolvimento organizacional, culminando em uma de suas principais abordagens, a
escrita e publicações de cunho evangelístico. Reforçando essa ideia Valentine (2020, p.17,
tradução nossa) escreve que “Andrews durante os sete anos subsequentes debruçou-se em
editar e publicar a revista, acompanhado de campanhas evangelísticas na Suíça e França, assim
como o plantio de novas congregações”. Observa-se duas vertentes de trabalho que se
complementaram na missão, o evangelismo pelas publicações e pessoalmente.

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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Foram apresentados alguns exemplos de seus trabalhos de pregação evangelística e


pessoal, como fora no país alemão:

Andrews fez a maior parte da pregação, enquanto Erzerberg fazia a tradução. Erzerberg
permaneceu por algum tempo na Alemanha após a partida de Andrews e, no final,
muitas dessas pessoas se juntaram à igreja adventista. O primeiro batismo ocorreu em 8
de janeiro de 1876, após o qual foi possível organizar a primeira igreja na Alemanha.
Assim, os fundamentos do trabalho na Alemanha foram estabelecidos (LEONARD,
1985, p. 212, tradução nossa).

Aos moldes apresentados, a mensagem do advento avançava. O pioneiro não somente


pregava nos púlpitos, de acordo com Norma Collins (2007) Andrews usava casas particulares
para o evangelismo, quando fosse possível ele mantinha um contato por correspondência,
demostrando a importância do trabalho pessoal.

Os esforços de Andrews visavam o avanço da obra, os métodos de evangelismo


utilizado em seu país nem sempre eram possíveis, ele “estudou várias estratégias para
evangelizar aqueles países. Pode-se observar que além da pregação, evangelismo pessoal e
público, Andrews fez das publicações sua mais poderosa ferramenta evangelística (STENCEL,
2015, p. 2). Sua persistência em lançar a “Les Signes des Temps”, não foi em vão:

Muitos dos contatos - e conversos - de Andrews se faziam por correspondência. O Dr. H.


P. Ribton, da Itália, era um dos mais fiéis correspondentes de Andrews, tendo recebido
alguns dos seus folhetos e outras publicações de Basiléia. Em 1877, Andrews teve a
oportunidade de visitar a família Ribton, em Nápoles. Depois de estudar a Bíblia com
eles, teve o privilégio de batizar o doutor, sua esposa, a filha e outra pessoa "no mar de
Puteoli, o porto no qual Paulo desembarcou quando viajava para Roma como
prisioneiro··. Através dos esforços perseverantes do Dr. Ribton, dentro de um ano 22
pessoas aceitaram a mensagem do advento em Nápoles (COLLINS, 2007, p. 169).

Esse relato demostra em linhas gerais a amplitude do trabalho de Andrews, validando


a sucessão das ações evangelísticas realizadas pelo primeiro missionário oficial. Os registros
históricos da missão de J. N. Andrews,e os resultados obtidos, têm confirmado o êxito em
muitas estratégias implementadas por ele, o que qualifica positivamente seus
empreendimentos “missiológicos”. Uma avaliação geral realizada por Fábio Ferreira agrega
que:

Graças ao seu profundo amor pelas Escrituras e perseverança em seu método de anunciar
seus ensinos por meio do trabalho de publicações, o número de membros na Suíça quase
triplicou no período de 10 anos, apesar dos muitos obstáculos. Havia cerca de 75
membros quando Andrews chegou em 1874 e passava de 200 em 1884. Sem contar que
sua visão não era a curto prazo, ele semeou a mensagem por várias partes da Europa e
pouco depois de sua morte já haviam colhido quase mil pessoas ao adventismo (DA
SILVA, 2015, p.89).

As estratégias utilizadas por Andrews ainda hoje são replicadas em muitos campos
evangelísticos ao redor do mundo. É possível concluir, conforme os fatos apresentados nesta
seção, os muitos motivos pelos quais Andrews foi escolhido para tal empreendimento, e o
principal deles era seu amor verdadeiro pela obra de Deus e a salvação das almas. As
estatísticas da missão na Europa não podem expressar em sua completude quão grande obra
Deus realizou através da vida do abnegada pioneiro e seus dois filhos.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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5. Considerações Finais

A Igreja Adventista Do Sétimo Dia nasceu com uma missão e para ela fora chamada.
Levando o evangelho eterno deveria “pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação,
e tribo, e língua, e povo” (Apocalipse 14:6). A princípio não haviam compreendido a plenitude
de seu chamado. Os pioneiros acreditavam ser os Estados Unidos seu único campo. Mediante
a revelações da vontade de Deus, Ellen White foi chamada a advertir o povo do advento a
reconhecer que “o campo é o mundo”. Progressivamente essa concepção foi entendida, entre
pedidos de ajuda de outras nações, e apelos de norte-americanos os primeiros passos foram
dados.

No ano de 1874, John Nevins Andrews estava oficialmente inaugurando uma nova fase
da IASD, alargando as fronteiras missionárias numa proporção mundial. Naquele tempo a
Europa contava com pequenas comunidades de guardadores do sábado, como fruto do
trabalho de Czechowski. Muitas expectativas estavam sobre o pioneiro, tanto por parte dos
líderes do IASD, quanto dos grupos de guardadores do sábado. Essa situação demonstrava o
anseio das nações por missionários e a importância do trabalho do pioneiro de levar o
evangelho eterno ao mundo.

A missão não foi somente de John, mas da família Andrews. Seus dois filhos órfãos de
mãe revelaram o mesmo espírito missionário que o pai, ambos foram ativos tanto nas
especificas tarefas de casa, bem como no envolvimento do avanço da mensagem do advento.
Seus talentos foram significativos, Mary corrigindo as provas em francês como uma garota
nativa e Charles fazendo uso de suas habilidades na tipografia. Suas atuações revelaram a
importância que a família de Andrews no cumprimento de sua difícil tarefa.

Os métodos missiológicos de Andrews se mostraram satisfatórios ao final de sua


jornada na Europa. Mesmo em meio a hostilidade e tantas barreiras as abordagens
conhecidas, as publicações conseguiram furar os bloqueios interculturais e preconceitos. A
publicação da “Les Signes des Temps” foi um divisor de águas, além de abrir várias portas que
possibilitariam novas abordagens evangelísticas, criar vínculos com famílias, ela resultou na
conversão de milhões de pessoas que continuaram levando a mensagem do advento. As
abordagens utilizadas por Andrews seguiram uma linha lógica de evangelismo. A começar
pelas publicações, que abriam oportunidade de evangelismo pessoal nas casas, com maior
dificuldade até campanhas públicas, estas se desdobravam no relacionamento e nos estudos
bíblicos, conduzindo muitos europeus a aceitar o evangelho eterno.

Os objetivos demonstrados da missão na Europa não foram alcançados sem tremendo


esforço e sacrifício da parte de John Andrews e seus filhos, tal como conclui Enoch de Olivera
(1986, p. 231): Andrews não se assemelhava a vasos de cristal ou porcelana. As pressões e
opressões da vida ele as suportou com a resistência própria de uma peça de aço. Sua vida não
foi como a de uma planta nascida em um viveiro, mas semelhante a um carvalho altaneiro,
fustigado pela tormenta. Além das estratégias, o pioneiro deixou um legado de resiliência para
a continuidade da obra, que se baseava maiormente em seu amor pelas almas \

Em síntese, diante da exposição geral dos principais eventos que comporão a missão de

Vol. 02, n. 01 - Ano 2023


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Andrews na Europa, o legado de amor a Deus e seus semelhantes construído em


sua juventude, é concebida a frase de Ellen White (1993, p. 324) atribuída a John
Nevins Andrews como “O homem mais capaz de nossas fileiras”. Responsável pelas
primeiras pegadas da IASD como movimento mundial, e vislumbrando seu chamado
ao campo missionário de levar a mensagem do advento aos quatro cantos da terra, a
começar pela Europa.

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43

ESTUDO SOBRE A COMPREENSÃO DE JOHN NEVINS ANDREWS


(1829- 1883) DE APOCALIPSE 14:6-12
Isaac Vieira de Amorim

Resumo: John Nevins Andrews (1829-1883) foi um importante teólogo, e o primeiro


missionário adventista oficial a ser enviado para terras estrangeiras. Trouxe diversas
contribuições para a teologia adventista, que ajudaram no seu estabelecimento doutrinário.
Nesta perspectiva, o presente artigo tem como alvo, explanar a compreensão de Andrews de
Apocalipse 14:6-12 e o seu impacto na compreensão adventista de sua época. A metodologia a
ser empregada será bibliográfica, a partir da análise de artigos publicados pelo próprio
pioneiro (1851; 1855), como também por Mueller (1985) que comentou sobre a interpretação
dele. Além disso, destaca a sua interpretação cronológica do cumprimento das três mensagens
angélicas e sua extensão até a culminação da pregação evangélica.

Palavras- chave: Andrews; anjo; mensagem.

Vol. 01, n. 02 - Ano 2022


44

1. Introdução

John Nevins Andrews (1829-1883) foi um importante teólogo, e missionário da Igreja


Adventista do Sétimo Dia. Contribuiu com importantes publicações para as revistas
adventistas de seu tempo, especialmente envolvendo as questões proféticas. Sobre o seu
intensivo trabalho, Ellen G. White (1827-1915) afirmou

Do que Deus me tem mostrado de tempos a tempos, o irmão Andrews foi o seu servo
escolhido, para fazer uma obra que outros não podiam fazer. Tenho testemunhos onde é
feita a mais distinta referência ao seu precioso dom. A experiência que ele obteve
qualificou-o para o importante trabalho destes últimos dias (Carta 13, 1871).

A partir disso, o presente artigo busca destacar a teologia desenvolvida por Andrews
em seus estudos de Apocalipse 14:6-12. Nesta perspectiva, será dado ênfase às três mensagens
angélicas e a sua interpretação a respeito de cada uma delas. O objetivo é demonstrar a visão
deste pioneiro sobre os textos citados, para contribuir com o desenvolvimento da
interpretação adventista de Apocalipse 14:6-12 ao longo dos anos. A metodologia a ser
empregada é a análise bibliográfica, a partir dos escritos de John N. Andrews (1851; 1855) e de
outros teólogos que escreveram sobre suas interpretações, como Mueller (1985).

Para Andrews (1851), não há como negar que Apocalipse 13-14:1-5 representam uma
cadeia de eventos que demonstram sua conexão temporal do passado, presente e futuro. Da
mesma forma, “podemos notar outra cadeia de eventos, simbolizada por uma série de anjos
proclamando mensagens. Esta cadeia começa com o verso 6 do capítulo 14, onde a antiga
cadeia termina”. (ANDREWS, 1851a, p. 20). Isso permite afirmar que há o início de uma nova
série de eventos com o anjo de capítulo 14:6 (ANDREWS, 1855).

2. O significado das três mensagens

Andrews entendia que as três mensagens angélicas consistiam em uma ordem de


proclamações. Afirmar que são mensagens dadas ao mesmo tempo, não demonstra ser um
ponto coerente à luz da sua interpretação (ANDREWS, 1851b). Segundo ele, “estes três anjos
têm o mesmo caráter, embora as suas mensagens sejam diferentes, e cada um simboliza uma
proclamação distinta a ser dada pelos servos de Deus neste estado mortal, antes do Segundo
Advento.” (ANDREWS, 1851a, p. 20). Em outras palavras, “dizer que estas três mensagens
devem ser dadas ao mesmo tempo, é tão absurdo como ensinar que os sete anjos do
Apocalipse soam todos de uma só vez” (ANDREWS, 1851a, p. 20). A partir disso, ele entende
ser elas dadas uma seguida da outra, de forma que quando uma é dada, a outra então é
entendida e proclamada.

Outro ponto significativo é o propósito dos três anjos de Apocalipse 14:6-12. Konrad
F. Mueller (1919-2012) afirmou acerca da teologia de Andrews sobre as três mensagens
angélicas:
o propósito das três mensagens angélicas, alertando sobre a proximidade do julgamento
são: alertar o povo de Deus, reunir eles em um só corpo, restaurar os mandamentos de
Deus e preparar os seguidores da verdade para o tempo de angústia e a eventual aceitação
no Seu reino (MUELLER, 1985, p. 87).

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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Doravante, “o cumprimento da profecia certamente deve estar na terra (ANDREWS,


1851a, p. 20), onde as mensagens eram necessárias para trazer à luz, e para aperfeiçoar a igreja
de Cristo, preparatória à sua segunda vinda.

2.1 O debate entre duas interpretações

No século 19, duas grandes interpretações eram altamente aceitas entre os estudiosos
da Bíblia, com relação ao tempo de cumprimento da profecia dos três anjos. A primeira
defendia ser a proclamação dos três anjos como estando no futuro, após a Segunda Vinda de
Jesus, e a segunda de que estaria no passado, durante o período dos 1260 dias, descrito em
Daniel 7:25 e 12:7. Em contraste a isso, Andrews entendia que a primeira e segunda
mensagens foram dadas entre os anos de 1840 e 1843, no auge da proclamação da breve volta
de Jesus, e que, portanto, os adventistas teriam a responsabilidade de proclamar a terceira
(ANDREWS, 1851a; 1855).

As duas primeiras mensagens são consideradas como tendo cumprimento no movimento


milerita em 1840, seguido do famoso sermão “Sai dela povo meu” (Come out of her my
people), pregado por Carlos Fitch no verão de 1843(MUELLER, 1985, p. 88).

Logo, não houve dúvidas para Andrews que a igreja Adventista do Sétimo Dia tem o
dever e a responsabilidade de pregar a terceira mensagem angélica até a Volta de Jesus
(MUELLER, 1985).

2.2 As três mensagens angélicas e a parábola da grande ceia

Andrews se destacou como um teólogo sistemático, com a capacidade de analisar


textos e construi-los em um sistema conciso, para chegar-se a uma completa interpretação.
Neste sentido, ele identifica três mensagens que fazem alusão às mensagens escatológicas
contidas em Apocalipse 14:6-12. Nas parábolas de Mateus 22:1-14 e Lucas 14:16-24, é
encontrado, em sua perspectiva, semelhanças com aquilo que vai ser enfatizado por João no
livro do Apocalipse. A partir disso, “ninguém negará que a ceia de Lucas 14:16 e a de
Apocalipse 19:9 é a mesma.” (ANDREWS, 1855, p. 15). Ademais,

essas três chamadas para a ceia das bodas [Lucas 14:16-24] entendemos serem as mesmas
que as três mensagens de Apocalipse 14:6-12. A primeira chamada para a ceia é “à hora da
ceia”, e o primeiro anjo anuncia que “chegou a hora do seu julgamento”. Ninguém
contestará o fato de que o julgamento e a ceia das bodas estão em conexão imediata um
com o outro (Apocalipse 19:20). As três chamadas não são a obra geral do evangelho em
licitação; eles são feitos na hora da ceia, ou seja, no final do dia. E as três proclamações em
Apocalipse 14, da mesma maneira, não são a obra geral do evangelho, mas advertências
especiais dirigidas ao mundo à medida que a grande obra de nosso Sumo Sacerdote está se
encerrando (ANDREWS, 1855, p.16).

Por essas semelhanças, e pelo fato de serem dadas no tempo do fim, é notório
imaginar que esses três anúncios não são dados por anjos literais, mas sim por seres humanos,
que são usados como instrumentos de Deus. “Esses anjos devem, portanto, simbolizar um
corpo de homens proclamando as mensagens” (ANDREWS, 1855, p. 18), acompanhados
pela supervisão de anjos. Para Andrews, não há dúvida “que anjos literais estão envolvidos
neste trabalho”, e são cooperadores

Vol. 01, n. 02 - Ano 2022


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na grande obra de salvação, mas cremos plenamente que as três mensagens serão
compreendidas e respondidas pelo povo de Deus. Que os anjos vão trabalhar independente
da agência humana, não podemos acreditar, pois é contrário à a ordem de Deus para que se
tornem visíveis e preguem o evangelho às nações. (ANDREWS, 1851b, p. 81).

Neste sentido, não se pode desvincular a obra da pregação evangélica com a missão do
povo de Deus.

3. A primeira mensagem angélica

O período que o primeiro anjo atua seria após a sexta trombeta ser tocada. Ele deveria
fazer o seu trabalho antes da parousia. Além disso, “este anjo é o mesmo que foi trazido à vista
no capítulo 10”. (ANDREWS, 1855, p.20). Portanto, Andrews parece unir os eventos que
acontece no capítulo 10 e no capítulo 14. Neste sentido, o pioneiro entendia ser esse capítulo
uma explicação do capítulo 14:6-7, referindo-se ao último povo do tempo do fim (ANDREWS,
1855). A partir disso, a proclamação da primeira mensagem angélica é colocada após o
cumprimento do nono capítulo de Apocalipse, onde é evidenciado no capítulo seguinte um
poderoso anjo do céu com um pequeno livro na mão, que representa a “profecia de Daniel, que
contém a hora profética em que o anjo baseia a sua proclamação: a hora do juízo de Deus é
chegada.” (ANDREWS, 1855, p. 20)

Mueller (1985, p. 90) ao comentar essa perspectiva, afirma:

na grande obra de salvação, mas cremos plenamente que as três mensagens


serão compreendidas e respondidas pelo povo de Deus. Que os anjos vão trabalhar
independente da agência humana, não podemos acreditar, pois é contrário à a ordem de
Deus para que se tornem visíveis e preguem o evangelho às nações. (ANDREWS, 1851b, p.
81).

Em outras palavras, o mistério de Deus cumprido teria alguma ligação com a


centralidade da doutrina do Santuário, peça fundamental e distintiva para o povo
remanescente no tempo do fim, e que marcaria o início do juízo ao fim dos 2300 anos. A obra
de Cristo no Céu, e a proclamação da chegada da hora do juízo à Terra, são realizadas
simultaneamente. (MUELLER, 1985). “Não pode haver, portanto, qualquer dúvida de que a
hora do julgamento de Deus anunciada em Apocalipse 14 é o momento em que Deus Pai se
senta em julgamento como descrito em Daniel.xv” (ANDREWS, 1890, p. 46). E é enquanto
esse julgamento está em sessão que as últimas mensagens de aviso são dirigidas aos homens.
Estas importantes mensagens devem ser levadas a todo o mundo.

Nesta perspectiva, John N. Andrews entende a proclamação ter sido feita, e que a
pregação do advento imediato da Vinda de Cristo tem estado em cumprimento desta profecia.

Será que foi dada a todas as nações da terra? Acreditamos que sim. [...] ‘De uma forma ou
de outra, este grito foi para o exterior através da terra onde quer que os seres humanos se
encontrem, e tivemos oportunidade de ouvir falar do fato. Nos últimos seis anos,
publicações tratando do assunto foram enviadas a quase todas as estações missionárias
inglesas e americanas do globo; a todos, pelo menos, a que tivemos acesso (ANDREWS,
1855, p. 23)

Portanto, o pioneiro entende que o mundo ouviu pelo menos o eco deste grande ardor
ao redor do mundo.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


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4. A segunda mensagem angélica

Em seus estudos, Andrews entende que “a palavra Babilônia significa confusão, e deriva
de Babel, o lugar onde Deus confundiu os habitantes da terra na sua impiedosa tentativa de
construir uma torre para o céu (Gênesis 11:9)” (ANDREWS, 1855, p. 39). Além disso, “o termo
‘Babilônia’ não se refere a todo o mundo perverso, nem a mensagem do segundo anjo diz
respeito a Babilônia como uma cidade específica, mas aos ‘professos adoradores de
Deus’” (MUELLER, 1985, p. 91). Ela também não se refere à Roma Imperial, pois as sete
montanhas associadas à mulher em Apocalipse 17:9 não são as sete colinas de Roma, mas, à luz
de Daniel 2:35, 44 e Jeremias 51:25, reinos sucessivos e suas cabeças (MUELLER, 1985).

Logo, seguindo uma interpretação dos símbolos à luz da Bíblia, Andrews identifica ser
a Babilônia não um único corpo eclesiástico, mas uma composição de outras denominações
corrompidas. “Ele argumentou que a Babilónia compreende todos os sistemas religiosos
corruptos que alguma vez existiram na história da Igreja Cristã. Isto incluía a Igreja Católica
Romana e as igrejas protestantes.”(GARILVA, 2007, p. 227). A partir disso, ele afirma:

Babilônia é o nome da meretriz simbólica que foi vista por João. Uma mulher é o símbolo
de uma igreja (Apocalipse 12). Uma meretriz é o símbolo de uma igreja corrupta (Ezequiel
16). É evidente que a mulher de Apocalipse 17, deve ser interpretada da mesma forma que
a do Cap. 12. Como esse símbolo representa sem dúvida a verdadeira igreja (embora falada
como mulher e sua semente), a prostituta e as suas filhas [Apocalipse 18:5; 2:20-23] são
sem dúvida toda a igreja corrupta(ANDREWS, 1855, p. 46).

O pioneiro entende não poder restringir o termo à igreja papal, pois todos os outros
corpos religiosos “se tornaram corruptos à semelhança da ‘mãe das meretrizes’”xxi
(ANDREWS, 1851b, p. 81). Por terem rejeitado a mensagem do primeiro anjo, as igrejas se
tornaram corruptas. Em outras palavras, podemos concluir que Babilônia, segundo Andrews, é
“como o símbolo da igreja corrompida [...] a soma de todas as igrejas corruptas, ou a igreja
mundana universal.”xxii (MUELLER, 1985, p. 92). O espírito de intolerância, conduzindo
frequentemente à perseguição, “é encontrado em muitas igrejas e não excluindo aquelas nos
Estados Unidos da América.”xxiii (MUELLER, 1985, p. 92)

Nesta perspectiva, a queda de Babilônia ainda não seria a sua destruição total.
Esta é uma queda moral, e denota a rejeição da igreja professada. Ela rejeitou a única
verdade pela qual poderia ter sido curada das suas enfermidades [...]. É evidente que a queda
da Babilónia precede a sua destruição, pois o povo de Deus é chamado a sair dela após a sua
queda, e enquanto a sua destruição ainda está pendente (Apocalipse 18). A sua queda denota
então a sua rejeição, e precede a sua destruição pelas pragas e pelo fogo (ANDREWS, 1851b,
p. 81. Tradução livre).

Segundo John Nevins Andrews (1855, p. 54) “a causa da queda da Babilônia é assim
declarada: ‘Ela fez todas as nações beber do vinho da ira da sua fornicação’. A sua fornicação
foi sua união ilegal com os reis da terra”. A ausência do Espírito Santo da sua organização fez
com que ela se tornasse “habitação de poderes demoníacos e sujeita a fortes
ilusões” (MUELLER, 1985, p. 93) Neste sentido, o vinho constitui as falsas doutrinas que a
igreja intoxicou as nações da terra. Ele destaca então: (1) a doutrina da imortalidade da alma,
(2) a doutrina da trindade que foi estabelecida na igreja pelo Concílio de Niceia, 325 a. C, (3) a
alteração do quarto mandamento, (4) a doutrina dos mil anos de paz e prosperidade antes da
vinda do Senhor, (5) a “doutrina da escravidão”, dentre outros. (ANDREWS, 1855)

Vol. 01, n. 02 - Ano 2022


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Doravante, a mensagem de “sai dela povo meu” (Apocalipse 18:2,3) traz um forte
impacto à mensagem de Apocalipse 14:8. Andrews entende que a primeira mensagem da
queda de Babilônia foi dada em 1843.

5. A terceira mensagem angélica

Dessa maneira, após a primeira e a segunda mensagem angélicas serem proclamadas,


a voz de alerta do terceiro anjo passa a ser ouvida. Ela “não é ouvida até o primeiro e o
segundo anjo terem voado através do meio do céu”(ANDREWS, 1851b, p. 82). “A mensagem
do terceiro anjo é a última especial mensagem de misericórdia e de aviso à
humanidade”(ANDREWS, [18--], p. 1). Ela tem um papel fundamental no contexto do juízo
pré-advento. Andrews entende que “a proclamação do terceiro anjo, que é feita enquanto
Cristo encerra a sua obra no santuário, destina-se a preparar os vivos para a decisão do
Juízo.”(ANDREWS, 1865, p. 16), e “ela está agora perante nós” (ANDREWS, 1851b, p. 82).
Esse alerta ao mundo termina o seu trabalho antes da volta de Jesus, relatado em Apocalipse
14:14-20, “terminada pelo derramamento das sete últimas pragas” (FROOM, 1971, p. 126).
John Andrews entende ser necessário a primeira besta está em seu auge para que a terceira
mensagem seja entregue. (ANDREWS, 1851a)

A besta representada aqui no texto não pode ser considerada com a Besta de dez
chifres em outra forma (ANDREWS, [18--]), mas sim um outro poder que surge “de forma
pacífica, ou de forma semelhante a um cordeiro da terra”(ANDREWS, 1851b, p. 82). A partir
das descrições dadas em Apocalipse 13:11-18, ele entende se encaixar à história da
colonização da América e ao início dos Estados Unidos da América (ANDREWS, 1851b).
Portanto, conclui-se ser essa besta o poder americano e sua união com o civil e o religioso.
Além disso, Andrews discute também o significado da marca da besta.

É a marca daquela besta a quem a imagem foi feita, - a primeira besta. (Apocalipse 19:20;
16:2). Todavia, é aplicada pela besta de dois chifres. Assim, entendemo-la como uma
instituição do Papado, imposta pelo Protestantismo. A besta e a sua imagem unem-se nesta
coisa, denotando a união dos grandes sistemas do falso cristianismo, em oposição aos
santos, que estão empenhados em cumprir os mandamentos de Deus (ANDREWS, 1851b,
p. 85).

Essa instituição do Papado à qual o mundo religioso presta homenagem seria o


“sábado semanal que o ‘homem do pecado’ colocou no lugar do Sábado do quarto
mandamento” (ANDREWS, 1851b, p. 85). Em outras palavras, esse dia seria o “dia
festivo pagão do domingo”(ANDREWS, [18--], p. 20) que o papado substituiu no lugar do
Sábado. O aviso então seria de consequência no futuro para aqueles que trocassem o
verdadeiro pelo falso dia de adoração.

Nesta perspectiva, Andrews entende ser o vinho do furor da ira de Deus “as sete
últimas pragas, e elas são derramadas sobre a última geração dos ímpios como um meio pelo
qual Deus desolará a Terra” (ANDREWS, [18--], p. 2). Ademais, este tormento pelo fogo é
aplicado “no final dos mil anos, quando todos os ímpios são levantados e sofrem
juntos” (ANDREWS, [18--], p. 25), não tendo uma duração ilimitada, pois “seguir-se-ão
novos céus e nova terra, uma vez que a terra atual foi bem-sucedida àquela que foi destruída
pela água.” (ANDREWS, [18--], p. 27). E na terra assim renovada, os justos serão
recompensados.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


49

6. Considerações Finais

A partir das ideias apresentadas, é evidente que Andrews entendia ser as três
mensagens angélicas os avisos que o povo adventista deveria dar em todo mundo. Essas
mensagens, seguidas uma da outra, alertaria ao mundo quanto à sua condição moral, aos
juízos de Deus e as consequências daqueles que aceitaram adorar a besta e a sua imagem e
aceitar a sua marca. Estas proclamações cessariam antes da Volta de Jesus, quando as pragas
seriam derramadas sobre os ímpios.

Nesta visão, podemos organizar aquilo que foi apresentado em uma tabela como a
seguir.

Fonte: arquivo pessoal

Além disso, a sua contribuição para a identificação da besta de dois chifres em


Apocalipse 13:11-18 como os Estados Unidos da América, foi um importante fundamento que
constituiu a compreensão simbólica dos Adventistas do Sétimo Dia, e portanto, influenciou na
compreensão da terceira mensagem angélica especificamente. A partir disso, um importante
tema que acrescentaria no estudo da compreensão de Andrews com respeito a isso, seria como
se deu o desenvolvimento interpretativo que levaram John Nevins Andrews e outros demais
pioneiros a crerem ser os Estados Unidos da América a besta de dois chifres, aprofundando
em aspectos históricos e sociais que contextualizaram estes autores.

Não há como negar que as contribuições de Andrews para a compreensão das três
mensagens angélicas foram cruciais para a Igreja Adventista naquele período, como também
para a compreensão dos adventistas contemporâneos. Ademais, Mueller (1985) entende que
ele merece ser lembrado como um claro e completo expositor das doutrinas da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, e de que, em sua opinião, é notório que este importante pioneiro
“foi chamado por Deus para esse propósito.”(MUELLER, 1985, p. 100). As suas contribuições
contribuíram para compreensão profética dos Adventistas do Sétimo Dia.

Vol. 01, n. 02 - Ano 2022


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Além disso, a sua contribuição para a identificação da besta de dois chifres em


Apocalipse 13:11-18 como os Estados Unidos da América, foi um importante fundamento que
constituiu a compreensão simbólica dos Adventistas do Sétimo Dia, e portanto, influenciou na
compreensão da terceira mensagem angélica especificamente. A partir disso, um importante
tema que acrescentaria no estudo da compreensão de Andrews com respeito a isso, seria como
se deu o desenvolvimento interpretativo que levaram John Nevins Andrews e outros demais
pioneiros a crerem ser os Estados Unidos da América a besta de dois chifres, aprofundando
em aspectos históricos e sociais que contextualizaram estes autores.

Não há como negar que as contribuições de Andrews para a compreensão das três
mensagens angélicas foram cruciais para a Igreja Adventista naquele período, como também
para a compreensão dos adventistas contemporâneos. Ademais, Mueller (1985) entende que
ele merece ser lembrado como um claro e completo expositor das doutrinas da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, e de que, em sua opinião, é notório que este importante pioneiro
“foi chamado por Deus para esse propósito.” (MUELLER, 1985, p. 100). As suas contribuições
contribuíram para compreensão profética dos Adventistas do Sétimo Dia.

7. Referências bibliográficas:

ANDREWS, John N. The angels of rev. xiv – No. 2. Review and Herald, vol. 2, n. 3, p. 20-21,
set. 1851a. Disponível: https://tinyurl.com/yckcu7re. Acesso em: 15/06/2022

ANDREWS, John N. The judgment. Its Events and Their Order. Oakland: Pacific Press
Publishing Company, 1890.

ANDREWS, John N. The Sanctuary of the Bible. Battle Creek: Review and Herald,
1865. Disponível em: https://tinyurl.com/cmubk4pe. Acesso em: 19/07/2022

ANDREWS, John N. The Third Message of Revelation XIV. [S.I.: s.n], [18--]. Disponível em:
https://tinyurl.com/m8hedux4. Acesso em: 10/07/2022

ANDREWS, John N. The three angels of revelation 14: 6-12. Rochester: Advent Review
Office, 1855.

ANDREWS, John N. The three messages of Revelation 14: 6-12. Battle Creek: Review and
Herald Publishing Company, 1892.

ANDREWS, John N. Thoughts on revelation XIII and XIV. Review and Herald, vol. 1, n. 11,
p. 82-86, mai. 1851b. Disponível em: https://tinyurl.com/2p837jtt. Acesso em: 14/06/2022

FROOM, Leroy E. Movement of Destiny. Washington D.C: Review and Herald Publishing
Association, 1971. Disponível em: https://tinyurl.com/y4te5bmd. Acesso em: 19/07/2022

GARILVA, Don Leo M. The Development of Ellen G. White’s Concept of Babylon in The
Great Controversy. Journal of the Adventist Theological Society, Mountain View, vol. 2, n.
18, p. 223-242, 2° sem. de 2007.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


51

MUELLER, Konrad F. The Architect of Adventist Doctrines. In: LEONARD, Harry.; (ed.).
John N. Andrews: the Man and Missionary. Berrien Springs: Andrews University Press,
1985. Disponível em: https://tinyurl.com/bdz7j694. Acesso em: 19/07/2022

Vol. 01, n. 02 - Ano 2022


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ESTUDO SOBRE A OBRA DE J. N. ANDREWS NA SUÍÇA E SUA


RELEVÂNCIA PARA A MISSÃO ADVENTISTA NA EUROPA

Davi Vieira de Amorim

Resumo: John Nevis Andrews exerceu uma influência significativa para a compreensão e
desenvolvimento da missiologia da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Por princípio, seus
estudos sobre Santuário e profecias apocalípticas levou os líderes da Igreja a entenderem a
importância da missão transcultural. Isto foi fortalecido pelo trabalho missionário informal de
adventistas, como Hannah B. More e M. B. Czechowski, nos Estados Unidos e na Europa. O
pastor Andrews também auxiliou na formulação de departamentos missionários na Igreja. Suas
ideias e princípios eram assegurados em Ellen G. White. Isto levou a ser indicado para a
primeira missão transcultural oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Suíça, em 1874. O
presente artigo visa retratar como se desenvolveu o trabalho missionário de Andrews na Suíça,
desde os preparativos institucionais para o envio em 1870 até o findar da obra em 1883. Além
disso, será abordado as implicações de seu trabalho para a missão na Europa. O método
utilizado para elaboração da pesquisa é a análise bibliográfica. O artigo conclui que Andrews foi
um pilar para a construção da identidade missiológica da Igreja Adventista, que fomentou o
avanço da obra em terras além-mar.

Palavras- chave: Andrews; missão; Suíça; contribuição.

Centro de Pesquisas Ellen G. White


53

1. Introdução

Ao falar de Igreja, não podemos negligenciar o tema da missão. Adjunto aos desafios de
compreender as verdades eternas da Bíblia Sagrada, existe também o desafio de as comunicar a
diferentes grupos de pessoas de diferentes culturas e cosmovisões. A Igreja Adventista do
Sétimo Dia não está isenta deste contexto. Ela é uma “denominação movida pela missão, com o
propósito específico de proclamar o ‘evangelho eterno’ a ‘cada nação, e tribo, e língua e
povo’ (Ap. 14:12)” (TIMM, 2011).

Mas ao longo da história da IASD nem sempre foi assim. Em meados de 1844, os
adventistas tinham uma mente fechada para a missão global, entendendo que esta não
teria seu papel naquele contexto. Ellen White, afirma que, neste período, ela acreditava que
“nenhum pecador se converteria” (WHITE, 1958. Tradução livre). Esta ideia foi influenciada
pela crença de que Jesus voltaria a Terra em 22 de outubro de 1844 (OOSTERWAL, 2019).

Porém isso começa a mudar nos anos iniciais de 1850. Com o estudo aprofundado
do Apocalipse, e a compreensão progressiva do Santuário e das Três Mensagens Angélicas,
os adventistas sabatistas começaram a entender que ainda havia tempo de graça para
pecadores que ainda não tinham compreendido a verdade presente. John Nevis Andrews
teve uma contribuição significativa neste sentido, desenvolvendo estudos sistemáticos no
entendimento do Santuário Celestial e das profecias apocalípticas (OOSTERWAL, 2019).
No entanto, os adventistas entendiam que a pregação deveria se restringir apenas aos Estado
Unidos, por este abrigar pessoas de diversas nacionalidades, que imigravam para o país na
segunda metade do século 19 (SMITH, 1859).

Em meados de 1860, a compreensão missiológica da Igreja Adventista passa por outra


fase de transformação. Graças ao trabalho informal de missionários, como Hannah B. More e
M. B. Czechowski, muitos conversos dos Estados Unidos e da Europa (especificamente da
Suíça) começaram a enviar cartas para a sede da Igreja em Battle Creek. Suíços foram
enviados para estudar em instituições adventistas no início de 1870. Neste mesmo ano, a
Associação Geral começa a organizar-se para enviar o primeiro missionário oficial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia além-mar (TIMM, 2011).

O presente artigo visa retratar como se desenvolveu o trabalho missionário de Andrews


na Suíça, desde os preparativos institucionais para o envio em 1870 até o findar da obra em
1883. Além disso, será abordado as implicações de seu trabalho para a missão na Europa. O
método utilizado para elaboração da pesquisa é a análise bibliográfica.

2. Preparativos para o envio de J.N. Andrews à Europa

O trabalho informal de Czechowiski proporcionou um crescimento considerável de adeptos


as crenças da Igreja Adventista do Sétimo Dia, apesar de ele ser contrário a filiação de qualquer
membro a este movimento. Porém, após sua saída da suíça, estes recém conversos tiveram
acesso a folhetins e páginas da Review and Herald, que ficava na residência de Czechowiski
quando este residia no país, na cidade de Neuchatel. Estes membros logo enviaram cartas
demonstrando o interesse em conhecer a Igreja Adventista (SCHWARZ, GREENLEAF, 2009).

Vol. 01, n. 02 - Ano 2022


54

Vendo que a obra estava crescendo na Europa, os adventistas viram isso como uma
resposta de Deus para o início de uma missão global. Em 1870, a Igreja organiza uma
Conferência para planejar o envio do primeiro missionário oficial ao “Velho
Mundo” (ZUCHER, 1985). O pastor Andrews relatou a necessidade de organizar uma missão
na Suiça. No mesmo ano, a comissão diretiva da Igreja começou a sugerir nomes para a
realização desta tarefa, e o próprio Andrews foi cotado como o mais capacitado para esta
obra. Em novembro de 1873, Tiago White anuncia: “É esperado que Andrews vá para
Europa em breve”.

O espírito missionário crescia nas instituições adventistas e, em 1874, foi fundado a


Sociedade Missionária Vigilante3 e, adjunto a este projeto, a revista O verdadeiro
missionário . Foi levantado a possibilidade de enviar Andrews como um missionário
informal, porém com as instruções de Ellen White, “os interesses da Missão na Suíça foram
introduzidos” para os delegados da Conferência Geral em agosto de 1874 (ZUCHER, 1985).
Em uma edição da Review and Herald desse mês, acerca da sessão da Conferência Geral desse
ano, é dito

Resolveu-se que a Conferência Geral, sentindo o mesmo interesse na Missão Suíça que foi
expresso na sessão anterior, instrua o Comitê Executivo a enviar o Élder J. N. Andrews à
Suíça assim que possível (BUTLER, 1874. Tradução livre).

Em 15 de setembro de 1874, Andrews embarca em Boston para a realização de seu trabalho


missionário. Ele foi acompanhado de sua filha Maria, de 12 anos, e seu filho Charles, de 17
anos, além do seu intérprete, Ademar Vuillemer (ZUCHER, 1985). Acerca do seu embarque,
Andrews afirma: “Não foi sem dificuldade que pude encerrar meus assuntos neste país para
poder me entregar sem constrangimento à obra de Deus na Europa (ANDREWS, 1874). É
importante notar que Andrews estava a caminho da Suiça para fazer deste polo, o centro de
expansão da mensagem na Europa.

3. Chegada de J.N. Andrews na Suiça

Em uma edição da Review and Herald de 1874, o pastor relata a sua chegada a Suiça,
especificamente, à cidade de Neuchatel no dia 16 de outubro desse ano (ANDREWS, 1874).
Considerando a sua saída em 15 de setembro, confirmamos que sua viagem teve a duração de
um mês (BUTLER, 1874). Lá, foi recebido por Alberto e Lucas Vuilleumier. Estes conheceram
a mensagem adventista pelo trabalho de Michael B. Czechowsk, um polonês que converteu da
fé católica para o adventismo nos Estados Unidos (SCHWARZ, GREENLEAF, 2009).

Andrews instalou-se nesta cidade por encontrar nela condições favoráveis para a
expansão da obra na região. Além de ter adventistas residindo o local, a cidade era próxima de
grandes potências Européias na época, como a França. Além disso, ela foi residência de
William Farel (1489-1565), um dos grandes reformadores do século 16, que juntamente com
Huldrych Zwingli (1484-1531), exerceu forte influência na Suiça (BLACKBURN, 1867).

Em alguns sábados que Andrews esteve com os conversos, ele destaca o interesse que
estes possuíam em conhecer mais sobre a história da Igreja nos Estados Unidos, e ter acesso
aos trabalhos publicados por José Bates e Ellen White (ANDREWS, 1874). Isto motivou An-

Centro de Pesquisas Ellen G. White


55

drews a desenvolver o método de publicações, com a tradução e produção de materiais na


língua nativa, dentro de um viés teológico. Sobre suas expectativas, Andrews comenta

Eu tenho buscado continuamente a benção de Deus em vir aqui, para que eu possa me
preparar para trabalhar para ele. E desde nossa chegada, eu tenho clamado a Deus para que
me encaixar para o trabalho aqui com aceitação e sucesso. Eu tenho que agora educar meus
ouvidos e minha língua para distinguir e pronunciar os sons da língua Francesa. Com a
benção de Deus, eu espero fazer rápido progresso nesse trabalho. [...] Acredito firmemente
que Deus tem muita gente na Europa que está pronta a obedecer à sua santa lei, a reverenciar
o seu Sábado e a esperar o seu Filho do Céu (ANDREWS, 1874. Tradução livre).

O pr. Ademar Volleumier e sua filha Mary ajudavam nas traduções dos periódicos e
sermões para a língua francesa. No entanto, atritos começaram a surgir entre Andrews e
Volleumier. Sobre as traduções realizadas por ele, Ellen White escreve

Ele não ajudou o irmão Andrews como tínhamos o direito de esperar que o fizesse. Ele criou
suspeitas e ciúmes do irmão Andrews. Ele não deu a tradução correta de seu ensinamento,
mas fez algumas de suas observações para serem consideradas com desfavor porque foram
feitas mais fortes do que o irmão Andrews pretendia dar a elas (WHITE, 1990. Tradução
livre).

Neste sentido, a Liderança da Igreja instruiu a Andrews a desenvolver o quanto antes,


familiaridade com a língua nativa. O pastor inicia então um intensivo estudo. Juntamente com
seus filhos, ele decide tirar o inglês de sua casa, comunicando somente em francês entre eles,
durante 5 a 6 horas toda manhã. Esta foi uma dura decisão, mas em pouco tempo, Andres já
conseguia escrever artigos em francês (ZUCHER, 1985).

3.1 Métodos desenvolvidos

Há divergências consideráveis entre a cultura e costumes do Europeus e americanos.


Andrews apresenta este contraste, observando que, no âmbito da reforma de saúde, por
exemplo, os suíços possuíam hábitos que dificultavam a assimilação dos princípios. Além
disso, as ferramentas utilizadas para a manutenção pessoal também eram empecilhos que
estabelecer hábitos alimentares e higiênicos saudáveis. Ele destaca

Talvez os leitores da Review and Herald não possam compreender que é necessariamente
mais difícil introduzir a reforma de saúde neste país do que nos Estados Unidos da América.
Primeiro, porque é quase impossível obter qualquer farinha de Graham. E a dificuldade mais
séria de enfrentar, é os fogões que são construídos de tal forma que é impossível cozer neles
pão de qualquer tipo. As pessoas dependem dos padeiros para o consumo de pães
(ANDREWS 1874. Tradução livre).

O pastor John Andrews possuía dificuldades em aprender o Francês. Seu trabalho


evangelístico só pode ser realizado com certo êxito 3 anos depois de sua chegada ao país. No
entanto, Andrews desenvolveu rapidamente a proeza de escrever o francês e realizar tradução
de textos. Isto levou-o a investir maior energia na elaboração de materiais para publicação
(VALENTINE, 2020). Materiais da Review eram enviados a Europa e partilhado em 15 países
(ANDREWS, SMITH, WHITE, 1875). Em outras palavras, Andrews visava expandir as
publicações por todos os países da Europa, tendo por sede desse trabalho, a Suiça (ANDREWS,
1875).

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Neste sentido, o pastor Andrews começou a elaborar panfletos e folhetos a fim de


suscitar interessados que estivessem guardando o sábado bíblico, ou fosse familiarizado com
alguma doutrina adventista- apesar de não conhecer a instituição (SCHWARZ, GREENLEAF,
2009). Como resultado nos primeiros 30 dias de trabalho aproximadamente, Andrews afirma
Os nossos pontos de vista também ganharam uma posição permanente na Suíça e na Europa.
Existem agora cerca de setenta e cinco crentes lá. Dois dos seus foram enviados para este país
para aprender a língua inglesa, e tornar-se mais completo instruídos na visão Adventista do
Sétimo Dia. (ANDREWS, 1874. Tradução livre. Grifo nosso).

Isto levou a criação da Les Signes des Temps (“Sinais dos Tempos”), em 1876. Este
periódico publicava artigos de autores americanos e nativos suíços conversos ao adventismo.
A revista tratava dos seguintes temas: o cumprimento das profecias que nos conduzem ao fim
dos tempos; obediência aos mandamentos de Deus e fé em Cristo; o segundo advento de
Cristo e os sinais que precedem esse evento; a natureza e destino do homem; o julgamento do
grande dia; a vida futura; a realização de profecia, como mostra a história antiga e vida cristã
(ANDREWS, 1883).

3.2 Críticas ao trabalho de Andrews

O trabalho de Andrews foi bastante questionado em meados dos anos de 1876 a 1877.
Isto se deu pela forte crítica a seu método evangelístico empregado na Suíça, que era voltado à
produção de periódicos e traduções de materiais para o Francês (ANDREWS, 1874.). Além
disso, Andrews era filiado a direção da Review and Herald nos Estados Unidos. Neste sentido,
foi organizado um comitê em 1877 para avaliar o trabalho missionário na Europa, e se era
válido confiar nos métodos empregados (VALENTINE, 2020).

Em resposta a esta onda de críticas, Andrews argumenta a dificuldade de adaptar-se à


língua local, além da dificuldade de desenvolver a gramática para tradução e elaboração de
materiais. Para auxiliá-lo, a Igreja envia Daniel Bourdeau, um canandense de fala francesa. Ele
deveria ficar na Suíça para auxiliar Andrews a desenvolver o seu trabalho. A Igreja queria
empregar o mesmo método evangelístico usado nos EUA para a Europa (GENERAL
CONFERENCE, 1877).

Andrews foi respeitoso em reconhecer o interesse e a preocupação dos seus colegas


americanos, mas salientou a divergência cultural e contextual que envolvia a Europa e os
Estados Unidos. Sobre isso, Valentine comenta
“Há dificuldades em meu caminho das quais você não pode ter ideia até visitar a Europa”,
respondeu ele aos seus críticos de poltrona que afirmavam conhecer melhor as coisas do
outro lado do oceano. Embora respeitoso e cuidadoso em transmitir um tom submisso, ele
afirmou que “nossa situação na Suíça tem sido muito diferente do que você supõe. Tem sido
quase totalmente diferente do que eu esperava encontrar.” (VALENTINE, 2020 apud.
ANDREWS, 1876. Tradução livre).

A crítica parece ser fruto de um desconhecimento dos líderes adventistas americanos


ao que diz respeito ao contexto sociocultural da Europa, e o seus preconceitos quanto a
empregar novos métodos para a missão. Além disso, outro problema afirmado pelos
delegados era o constante gasto que Andrews gerava a Igreja, por suas constantes viagens pela
Europa. Segundo eles, isso não estava proporcionando uma consistência no trabalho
(VALENTINE, 2020).

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As atividades evangelísticas nos Estados Unidos a partir da segunda metade do século 19
estava voltada as publicações (artigos e livros) e estabelecimento de hospitais, escolas,
restaurantes e casas publicadoras. Além disso, havia o objetivo de alcançar estrangeiros no país, a
fim de que esses, ao voltarem a suas respectivas terras natais, evangelizassem seus conterrâneos.
A Igreja utilizou de organização de Uniões e Associações como centros administrativos e gestores
das atividades missionárias (BORBA, 2011)

A mesa diretiva da Comissão da Conferência Geral esperava que estas atividades fossem
desenvolvidas na Europa, em um curto período (uma vez que já havia conversos adventistas na
Europa antes do envio de Andrews) (VALENTINE, 2020). No entanto, ao retratar a situação na
Europa quanto as atividades evangelísticas, o pastor Stephen Haskel comenta

É evidente que mais pode ser feito em Europa por publicações do que pelo pregador vivo.
Parece impossível alcançar as massas, exceto lendo matéria. E há muitas razões por que os
periódicos são melhores que os denominacionais folhetos para primeiro apresentar a verdade.
Os folhetos também são comuns. Tanto na Europa como na América, os países foram
inundados com eles, tornando desagradável para as pessoas. Eles têm sido usados para sugerir
o cristianismo nominal, a história religiosa, ou a defesa de alguma determinada doutrina. Um
periódico que contém matéria de leitura sobre diferentes tópicos, apresenta atrações que seria
impossível para um folheto possuir. Isto é especialmente verdade na Europa. Primeiro dê o
jornal, depois folhetos, panfletos, livros etc. (HASKEL, 1882. Tradução livre).

Em outras palavras, as críticas realizadas pelos delegados da Conferência Geral quanto ao


trabalho de J.N Andrews na Europa, com destaque na Suíça, era proveniente de uma má
compreensão deles quanto ao contexto social do Continente (VALENTINE, 2022).

4. Findar da obra de Andrews na Suíça

Os 9 anos de contribuição missionária de John Nevis Andrews foram significativos. O


crescimento da Igreja nesse período foi consistente. Em um Comitê de Nomeação da igreja
Adventista do Sétimo Dia em 1883, demonstra a seguinte situação na Europa

Foi lido um relatório mostrando o trabalho realizado pelas várias sociedades do Estado, a
Sociedade Geral, e as sociedades em Inglaterra e Suíça, do qual se lê o seguinte: N.º de
membros 6,981; relatórios, 10,383; visitas, 25,030; cartas, 24,015; assinaturas obtidas para
publicações periódicas, 6,643; publicações de páginas distribuídas, 4,947,486; publicações
periódicas distribuídas, 550,324. O relatório financeiro mostrou que as receitas da Sociedade
Geral para o ano foram de $859,58; despesas, 647,57; dinheiro em mão, $2.068,07 (HASKELL,
1883).

Na Suíça, até 1882, havia 110 assinaturas aos periódicos e foram distribuídos 43153
periódicos fruto do labor missionário (HUNTLEY, 1883). Entre 1882 e 1883, 5912 periódicos
foram distribuídos no país. Andrews era o coordenador destas atividades no país neste período
(HUNTLEY, 1883). Em meados de 1880 o país passava por situações políticas conturbadas, como
em toda Europa, fruto dos movimentos revolucionários que se fortaleciam no Continente.

Sobre o resultado desses trabalhos de publicações, Haskell comenta


Milhares de cópias do nosso jornal vão todos os meses para iluminar mentes que habitam na
escuridão. O poder papal tem sido quebrado, para que a luz possa agora brilhar, não só na
Alemanha protestante e na Suíça, mas na França católica e na Itália pouco iluminada. Muitos
das melhores mentes, das mais liberais e avançadas em liberdade de pensamento, estão a
considerar estas verdades (HASKEL, BUTLER, FARGO, 1883. Tradução Livre).

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Acerca da quantidade de membros na Suiça, os dois levantamentos feito pela


Associação Geral em 1883, referente a 1882 não apresentava esse número (HUNTLEY, 1883;
ver também HUNTLEY, 1883). Mas, em relatórios realizados durante o ano de 1883, em
especial, era relatado batismos frequentes na cidade de Neuchatel e Bale, na Suíça
(ANDREWS, 1883; ver também BOURDEAU, 1883). No primeiro semestre de 1883, foram
distribuídas aproximadamente 16.800 revistas em todo o país (STONE, 1883; ver também
ERTZENBERGER, 1883).

A morte de Andrews em 21 de outubro daquele ano gerou uma comoção nas


instituições adventistas em todo o mundo. Porém esta não diminuiu o fervor missionário no
Continente, pelo contrário. John Nevis Andrews deixou um legado metodológico de missão
que foi desenvolvido por outros líderes adventistas posteriormente (OOSTERWAL, 2019).

4.1 Implicações da Obra de Andrews na Suíça para Europa

É importante destacar que a obra de Andrews não se limitou apenas a Suíça nos
primeiros anos. Desde sua chegada no país, em 1874, Andrews visitou pelo menos 5 países
europeus nesse ano. Além disso, ele foi pioneiro na missão adventista na Alemanha
(VALENTINE 2020; ver PFEIFFER, 1985 e LEONARD, 1985).

Ao estudar o contexto cultural dos países europeu, Andrews notou uma certa
familiaridade deles com periódicos e artigos do que com evangelismo público. Isto levou
Andrews a preparar-se para elaborar traduções e aprender o Francês- idioma comumente
falado no Continente (VALENTINE, 2020). A Les Signes des Temps (“Sinais dos Tempos”),
por exemplo, publicou 480 artigos durante o período de 5 a 6 meses, e foi distribuída em toda
a Europa (ZURCHER, 1985).

A Suíça era o centro das ações de Andrews, e o modelo desenvolvido evangelístico que
ele desenvolveu ali foi basilar para o desenvolvimento de seu trabalho em toda Europa. Muitos
suíços, que iam para o Estados Unidos estudarem em instituições adventistas, tornaram-se
missionários intercontinentais. Jovem conversos de outros países também eram enviados por
Andrews aos Estados Unidos para este fim.

5. Considerações finais

John Nevis Andrews proporcionou um legado doutrinário e missiológico extenso à


Igreja Adventista do Sétimo. Ele desenvolveu um método de missão singular, distinto das
denominações protestantes, por esta baseado em uma teologia distintiva. Sua influência foi
crucial para o desenvolvimento de departamento e estruturas missionárias na Igreja, e seu
trabalho na Suíça e Europa foram cruciais para a expansão da verdade presente no Continente,
e a construção de um modelo missionário utilizado ao redor do mundo.

As publicações, sem dúvidas, fizeram parte do trabalho do pastor Andrews, uma vez ser
ele um grande escritor e estudioso das Sagradas Escrituras. Seu empenho e dedicação para o
aprendizado da língua e cultura nativa também foram primordiais para a excelência de seu tra-

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balho. Além disso, Andrews mobilizava suíços conversos ao trabalho missionário, e levantava
recursos para enviá-los a fim de estudarem em instituições adventista nos Estados Unidos, e
voltassem ao campo missionário.

Os níveis de publicações na Suíça foram maiores em todos os anos, desde sua chegada
ao país. Andrews tinha por objetivo desenvolver uma base adventista forte naquele país, a fim
de que este espalhasse as verdades eternas por toda Europa e, consequentemente, pelo mundo.

Por conseguinte, Andrews forneceu uma nova compreensão do termo “mundo” na


qual o evangelho deveria ser pregado. Para ele, não era a geografia, mas as pessoas que
importavam ouvir do evangelho de Jesus Cristo. Por isso, suas estratégias visavam alcançar as
diferentes pessoas em suas diferentes culturas, e isso exigiu metodologias diversas a que eram
empregadas nos Estados Unidos.

Desenvolvendo novos métodos, mas sem abdicar dos princípios, John Nevis Andrews
demonstrou em sua vida e obra, as verdadeiras características de um missionário adventista, e
as motivações necessárias que um servo de Deus deve possuir para o cumprimento da missão
que Deus designou a Igreja Remanescente. Seu fervor missionário é um modelo para a
realização da missão em qualquer tempo.

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