PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS – PUCGO
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES – EFPH
CURSO DE GRADUAÇÃO DE TEOLOGIA
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA
PROFESSOR: Pe. Ms. SILVIO ROGÉRIO ZURAWSKI
ACADÊMICO: José Marcos Rezende Fernandes Araújo
a) Refletir sobre a definição de Teologia – apresentar os 4 elementos que constituem o
conceito de Teologia.
b) Dissertar sobre o Sujeito da Teologia (a pessoa do aprendiz de Teologia – sua relação com
o Deus Uno e Trino e a Igreja com seu Magistério).
c) Apresentar o Objeto da Teologia: distinguindo o objeto material e formal e a grandeza do
teologizável como objetos segundo.
Discutir sobre o estudo teológico é refletir inicialmente acerca de quatro elementos
fundantes da Teologia. Sendo eles a Revelação, a fé, a cientificidade e a comunhão eclesial.
Antes de traçar um breve olhar sobre essas características é preciso deixar claro que elas de
maneira alguma excluem ou limitam a pesquisa teológica. Isto é, ter em mente esses elementos
para o desenvolvimento do estudo sobre Deus, não faz com que o intelectual caminhe sob o
julgo de um fardo, mas sim, que empenhe com total segurança de estar cada vez mais
alcançando a Verdade (Jo 14, 6). Portanto, essa breve análise busca evidenciar melhor sobre o
que seriam esses elementos constituintes da Teologia e como eles se desenvolvem.
A revelação é um conceito muito importante na teologia cristã, pois se refere à maneira
como Deus se comunica com a humanidade. Existem duas categorias de revelação divina: a
revelação geral, que se refere à maneira como Deus se revela através da natureza e da razão
humana, e a revelação especial, que se refere à maneira como Deus se revela através de eventos
históricos e da escritura sagrada. Para os cristãos, a Bíblia é a principal fonte de revelação
especial, e Jesus Cristo é visto como a encarnação de Deus na terra, revelando o caráter e a
vontade de Deus de uma maneira única e definitiva.
A relação entre fé e teologia é fundamental na tradição cristã. A fé é a crença em algo
que não pode ser comprovado empiricamente, mas que é aceito como verdadeiro com base em
experiências pessoais, tradições e ensinamentos religiosos. Na teologia, a fé é estudada como
uma forma de conhecimento que é diferente do conhecimento científico, mas que é igualmente
importante para a compreensão da religião e da vida espiritual. A fé é a crença em Deus e suas
promessas, enquanto a teologia é o estudo sistemático e reflexivo da fé. A teologia ajuda a
aprofundar a compreensão da fé, mas não pode substituir a experiência pessoal e íntima com
Deus. Em resumo, a teologia é uma ferramenta importante para aprofundar a fé, mas não pode
substitui-la.
A relação entre cientificidade e teologia pode ser descrita como a aplicação de métodos
científicos na teologia para avaliar as evidências e argumentos disponíveis e chegar a
conclusões fundamentadas. Isso ajuda a estabelecer a credibilidade da teologia como uma
disciplina acadêmica respeitável e a torná-la mais acessível a um público mais amplo. No
entanto, é importante lembrar que a teologia não é uma ciência exata e que a cientificidade não
é o único critério para avaliar a validade das afirmações teológicas. A teologia também envolve
questões de fé e espiritualidade, que não podem ser avaliadas apenas por meio de métodos
científicos. Portanto, a cientificidade deve ser vista como uma ferramenta útil na teologia, mas
não como o único critério para avaliar a validade das afirmações teológicas.
A comunidade eclesial de suporte é muito importante para a teologia, pois é o lugar
onde as questões religiosas e espirituais são vivenciadas e experimentadas. É onde as pessoas
se reúnem para adorar, orar, estudar e discutir questões teológicas. A comunidade religiosa
também é um lugar onde as pessoas podem encontrar apoio emocional e espiritual, bem como
orientação moral e ética. A teologia lida com questões profundas e complexas, e a comunidade
religiosa pode ajudar as pessoas a lidar com essas questões de maneira significativa. A
comunidade religiosa pode fornecer um ambiente de aprendizado e discussão, onde as pessoas
podem compartilhar ideias, fazer perguntas e receber feedback. Além disso, a comunidade
religiosa pode ajudar a moldar a teologia, fornecendo um contexto para a reflexão teológica que
é enraizado na experiência religiosa e espiritual das pessoas.
Em resumo a Revelação, a fé, a cientificidade e a comunidade eclesial são pontos
chaves para um bom e frutuoso desenvolvimento da pesquisa teológica porque eles revelam o
caminho de uma compreensão da fé cristã. A relação desses pontos entre si são a essência da
Teologia enquanto estudo de Deus.
Ao tratar sobre Deus, o teólogo se envolve em um assunto que ultrapassa a
compreensão humana e adentra no campo do divino. O homem só conhece a Deus a partir da
Revelação e a partir do que Deus se revela e quer que conheçamos a Ele, o mistério de Deus
fica um mistério que dEle se revela como ele quer. Para isso a relação da teologia com Deus
Pai e sua criação é fundamental para a compreensão da teologia como um discurso sobre Deus
e sua ação no mundo. Por isso, requer uma relação pessoal e íntima com Deus Pai e sua criação
para ser verdadeiramente compreendida. A teologia cristã é o discurso da Palavra de Deus e,
portanto, tem como objeto principal Deus e sua criação. Assim a fonte principal da Teologia é
Deus, o teólogo deve ir construindo um caminho até chegar ao objeto fundamental que é Deus,
que é a própria fonte de toda a teologia.
“Deus é um mistério que só pode ser revelado por Ele mesmo” (Ef 1,9), e, por isso,
aqueles que se dedicam ao estudo teológico devem estar conscientes de que são meros
instrumentos da Revelação divina, o que Deus se manifesta. A Revelação do Mistério de
Salvação é um tema central na teologia cristã, pois se refere à maneira como Deus Pai decidiu
salvar a humanidade da condenação eterna, se revelando e querendo fazer a conhecer e
demonstrar o seu plano de salvação. O teólogo deve buscar compreender e explicar esse
mistério com humildade e reverência, sabendo que a compreensão plena é impossível. Além
disso, é mencionado que a forma científica que toma o discurso teológico é impregnada pela
apreensão mística e misteriosa do lumen fidei que está na raiz da formalidade teológica. Essa
apreensão mística é obra da vontade, sim, mas enquanto iluminada pela graça divina.
A Igreja de Cristo é o corpo de crentes que seguem a Jesus Cristo como Senhor e
Salvador1. Essa igreja é composta por homens e mulheres que, através da orientação do Espírito
Santo, são responsáveis por transmitir a mensagem da salvação a toda a humanidade2. Assim,
o desenrolar do caminho intelectual do teólogo deve seguir os moldes daqueles que Deus
designou para liderar a Igreja de Cristo na Terra (Mt 10, 5-8). Esses homens são plenamente
inspirados pelo Espírito Santo (At 2, 1-4) e possuem a responsabilidade de transmitir a
mensagem da salvação de maneira clara e precisa. A Revelação divina é transmitida de forma
autêntica, sendo um ato de amor e de comunicação entre Deus e a humanidade e a transmissão
do “DABAR” foi confiada aos apóstolos primeiramente de anunciar e depois foram passadas
aos Bispos que são os sucessores dos apóstolos e que é missão da Igreja até os dias atuais e
deve ser transmitida e apresentada a todos até os fins dos tempos “Para que o Evangelho fosse
perenemente conservado integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os bispos como seus
sucessores, entregando-lhes o seu próprio ofício de magistério” (CIC 77)3.
O teólogo deve buscar compreender a revelação divina por meio da leitura e estudo da
Bíblia, além de se manter em comunhão com a Igreja, representada pelo magistério. É preciso
ter em mente uma ótima definição desse termo tratado pelo teólogo jesuíta Sesboüé: “deve-se
compreender um corpo hierárquico designável que exerce por missão a função de ensinar na
1
Lumen Gentium, n. 3.
2
LG, n. 4.
3
CIC- catecismo da Igreja Católica.
Igreja e possui autoridade para determinar o que pertence à fé, em suma, o magistério vivo.”4
Somente dessa forma, seguindo as indicações dessa autoridade às questões de fé, é que o
aprendiz de teologia poderá ser fiel à mensagem da salvação e contribuir para o avanço do
Reino de Deus na Terra. A pessoa do teólogo deve ter o objeto de seu estudo na verdade que é
o próprio Deus, e o seu projeto de salvação com o seu principal objetivo é o chamado a
contemplação e o estudo, aprofundar na verdade revelada “A investigação teológica deve
simultaneamente procurar um profundo conhecimento da verdade revelada e não descurar a
ligação com o seu tempo, para que assim possa ajudar os homens formados nas diversas
matérias a alcançar um conhecimento mais completo da fé.”5 O teólogo deve ter duas atitudes
na investigação da verdade e que intensificar a sua vida na investigação como um saber
científico objeto de sua ciência, aprofundada no saber racional e iluminada pela fé
Podemos dizer por fim que o teólogo é um instrumento da Revelação do Mistério de
Salvação designado por Deus Pai para a humanidade, através do que Deus se revelou e quis
fazer a conhecer pelo homem “Deus é um mistério que só pode ser revelado por Ele mesmo”
(Ef 1,9). O teólogo deve seguir os moldes daqueles que Deus deixou como responsáveis pela
Igreja de Cristo na Terra, sabendo que são plenamente inspirados pelo Espírito Santo. O teólogo
é uma pessoa que se dedica ao estudo e reflexão sobre a fé cristã e a doutrina da Igreja deve
resguarda os assuntos e ter respeito pela doutrina. E os seus deveres incluem intensificar sua
vida de fé, unir pesquisa científica e oração, buscar a inteligência da fé, auxiliar o Povo de Deus
a dar razão da própria esperança.
A teologia é uma disciplina que se concentra em compreender e interpretar a natureza
de Deus, e como Ele se relaciona com a criação e a humanidade. Além disso, a teologia lida
com questões que se estendem além do escopo estrito do discurso sobre Deus, como a história,
a sociedade e a cultura. O teologizável é tudo aquilo que é estudado à luz de Deus e da Fé, com
isso abre para estudos as questões éticas, cultural e histórica, são questões ligadas a realidades
da humanidade que se liga a teologia por ser relacionada com ação de Deus no mundo e no
homem. A teologia também busca entender como a ação de Deus na história influencia a vida
e o comportamento humano. Para realizar seu objetivo, a teologia usa uma variedade de
métodos, incluindo a análise de textos sagrados, a tradição da Igreja, a filosofia e a ciência.
Com esses recursos, os teólogos se esforçam para produzir conhecimentos coerentes, úteis e
4
SESBOÜÉ, Bernand. O magistério em questão: autoridade, verdade e liberdade na Igreja. Edição Vozes,
Petrópolis: RJ. 2004
5
cf. constituição pastoral Gaudium et Spes, Sobre a Igreja no Mundo de hoje de 7 dez. 1965, n. 62
relevantes sobre Deus e a experiência humana, que podem ajudar a informar e guiar as práticas
religiosas e sociais.
O objeto de estudo da Teologia é Deus e todas as questões relacionadas a Ele, como a
criação do mundo, a salvação da humanidade, a graça divina e a revelação divina. É uma ciência
que transcende o estudo restrito do discurso sobre Deus, pois trata também de temas como a
história, a pregação e a libertação. A teologia busca compreender a natureza divina, as
Escrituras Sagradas e a tradição da Igreja, sendo que a fé é o objeto formal dessa disciplina,
pois é através dela que se chega ao conhecimento de Deus. A teologia é uma atividade complexa
e profunda, que exige uma reflexão crítica e metódica para se chegar a um conhecimento cada
vez mais aprofundado sobre Deus e sua relação com a humanidade e o mundo. Por isso, é uma
disciplina que exige do estudioso a capacidade de analisar e interpretar textos, tradições e
experiências de fé, sempre com o intuito de compreender mais profundamente o mistério divino
e não usar somente a razão mais que se deve usar a Fé para se chegar a Deus e estudar a teologia
com a fé e razão interligadas.
Além disso, a teologia é uma disciplina que busca aprofundar o conhecimento de Deus
e sua relação com o mundo e com o homem. Para isso, ela utiliza métodos e abordagens
específicas, como a análise de textos sagrados, a filosofia e a história das religiões. No entanto,
é importante lembrar que a teologia não é apenas uma ciência intelectual, mas também uma
prática espiritual e moral. O estudo teológico não deve ser dissociado da vida da comunidade
cristã e da experiência pessoal de fé. Por isso, o teólogo deve estar aberto ao diálogo com outras
tradições religiosas e com as diversas áreas do conhecimento humano, sem perder de vista a
centralidade da mensagem cristã na sua reflexão. Em suma, a teologia é uma busca constante
de compreensão e aprofundamento da fé, a serviço da missão da Igreja de anunciar o Evangelho
de Jesus Cristo ao mundo.
Por fim, a teologia é uma ciência que tem como objeto material Deus e tudo o que se
relaciona com Ele, tais como a criação, a salvação, a graça e a revelação. Seu objeto formal é a
fé, e por isso a reflexão teológica é sempre crítica e metódica, buscando aprofundar o
conhecimento de Deus e de sua relação com o mundo e com o homem. É importante ressaltar
que a fé é o ponto de partida e o critério para a reflexão teológica, e que é por meio dela,
transmitida pela pregação viva da Igreja, que o teólogo tem acesso a Deus. A teologia se
desenvolve a partir do querigma da Igreja e é aceita no ato de fé, pelo qual o homem se submete
à Palavra de Deus.
A teologia é uma atividade complexa que ultrapassa o campo estrito do discurso sobre
Deus, uma vez que também trata de realidades como a libertação, o mundo, a história e a
pregação, entre outros temas. Seu objetivo é aprofundar o conhecimento de Deus e sua relação
com o mundo e com o homem, por meio da mediação da fé acolhida na tradição viva da Igreja.
Portanto, a teologia é uma ciência importante para aqueles que desejam entender e refletir sobre
a relação do homem com Deus e com o mundo que o cerca.
REFERÊNCIAS
CONGREGAÇÃO DA DOUTRINA DA FÉ. Instrução Sobre a Vocação Eclesial do Teólogo,
Nº 122. São Paulo: Paulinas 1990.
Constituição Pastoral GAUDIUM ET SPES, Sobre a Igreja no Mundo de hoje de 7 dezembro
de 1965. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II.
BOFF, Clodovis. Teoria do método teológico. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
SESBOÜÉ, Bernand. O magistério em questão: autoridade, verdade e liberdade na Igreja.
Edição Vozes, Petrópolis: RJ. 2004.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 19ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas,
Loyola, Ave-Maria, 2017.
LIBANIO, J. B.; MURAD, A. Introdução à teologia. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2005.