UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
CURSO DE ODONTOLOGIA
JOÃO VITOR DE MELO FONTANA
O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO EM
TODAS AS FASES DO DESENVOLVIMENTO
HUMANO
LONDRINA
2021
O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO POR FAIXA ETÁRIA
Buscando um atendimento cada vez mais humanizado, eficiente e holístico,
não só contemplando o estado funcional e estético dos dentes, mas oferecendo
ajuda emocional e bom acolhimento, é fundamental que o dentista conheça o
desenvolvimento biopsicossocial humano em todas as idades (bebês, crianças,
adolescentes, adulto e idoso), bem como de deficientes (mentais, sensoriais ou
motores).
Para os bebês, considerados pelo Ministério da Saúde, indivíduos até dois
anos de idade, o atendimento, normalmente do odontopediatra, está focado
nos pais. Busca-se ensiná-los a escovarem os dentes do bebê, mesmo até
sem os dentes, já que o bebê muitas vezes leva objetos à boca, trazendo
consigo bactérias indesejáveis. Além disso, é função do dentista informar os
pais que após seis meses de vida, é importante a diminuição da amamentação
e o início da alimentação sólida.
Depois da fase citada, há a infância, marcada dos 2 aos 9 anos de idade.
Nessa fase, a criança passa a conhecer o mundo, tendo grande
desenvolvimento afetivo, social e psíquico. Normalmente, o dentista tem sua
imagem semelhante a um ser mal, principalmente na visão da criança, uma vez
que possui ferramentas pontiagudas. Por isso, o atendimento precisa entrar o
mais perto possível do universo da criança.
Começando pelo consultório, é interessante ter livros ou filmes infantis e
brinquedos, já que o entretenimento é importante. Durante a consulta, o
odontopediatra deve olhar nos olhos da criança, buscar criar um vínculo
falando sobre assuntos do universo infantil, como heróis, princesas ou
animações. Nessa hora, o cirurgião dentista deve tentar amenizar o medo da
criança do consultório, deixando mais leve o atendimento e explicando o
tratamento aos pais e à criança de forma lúdica.
Além disso, o profissional deve ensinar aos pais e ao paciente como escovar
os dentes e passar o fio dental em consultas ou indo a escolas, dando
palestras e assim, praticando a promoção da saúde. Nesses momentos,
precisa-se explicar, ainda de forma lúdica, a importância de se ter bons hábitos
alimentares, privilegiando verduras e frutas a produtos industrializados.
Também, nessa faixa etária, o processo de socialização ganha força, sendo
que a criança faz amigos na escola, igreja, vizinhança. Na interação, é possível
que o pequeno ganhe hábitos que levem à má oclusão, como roer unha e
respirar pela boca. Portanto, é dever do dentista orientar os pais e a criança a
tentar evitar esses vícios.
Após essa fase, vem a adolescência, momento de transição entre a vida infantil
para a vida adulta, em que se ganha muito em amizades, entretanto, muitas
vezes, há grande instabilidade emocional do indivíduo, caracterizada por baixa
autoestima, ansiedade, irritação. Por isso, o tratamento deve ser total,
abordando parte estética, funcional, mas também emocional, buscando estar
aberto às angústias, confissões e sentimentos do jovem.
Somado a isso, grande parte dos jovens buscam experimentar o novo nessa
idade: álcool, drogas, cigarros, narguilé. Nesse sentido, é fundamental que o
dentista conquiste a confiança do adolescente e converse, de modo sincero e
informal, com ele sobre os riscos desses experimentos, os quais podem levar a
maiores índices de câncer bucal e pulmonar.
Além disso, grande parte dos adolescentes só vai aos consultórios por dor ou
em busca de tratamentos estéticos, sendo da responsabilidade do dentista
frisar pela escovação e por tratamentos funcionais, se houver danos
periodontais.
Após a adolescência vem a fase adulta até os 59 anos. Nessa fase, o paciente
encontra-se no começo e ápice da carreira profissional, marcada por intenso
trabalho e muitas vezes, pelo estresse. Portanto, é da responsabilidade do
profissional da saúde perceber os danos desse trabalho intenso na arcada
dentária e indicar o melhor tratamento possível.
Para esta faixa etária, segundo MOTA; FARIAS;DOS SANTOS (2012), grande
parte dos pacientes prefere cirurgiões dentistas que sejam bons tecnicamente,
mas também sejam atenciosos. Por isso, é indispensável que o atendimento
seja descontraído, mas cordial, focado no paciente, buscando-se conhecer as
emoções, realidade pessoal, afazeres do indivíduo.
É também fundamental que a linguagem do atendimento seja de acordo com a
escolaridade do paciente, buscando o maior entendimento possível.
Aos idosos, ou seja, pessoas com mais de 60 anos, busca-se um atendimento
cordial, respeitoso, mas carinhoso, que busque entender a realidade
emocional, financeira e que permita uma conversa com o paciente. Sabe-se
que muitos idosos procuram UBS e permanecem lá por mais tempo que o
necessário para conversarem, pois sentem-se sós, por isso é importante que
haja esse apoio por parte do profissional.
É essencial que não se trate o idoso como criança, afinal ele não é. Também é
interessante se referir ao idoso, não apenas ao acompanhante. Cabe ao
cirurgião dentista ensinar e frisar pela escovação dos dentes ou próteses e
também buscar contato com os outros médicos dos idosos para se ter mais
informações.
Há também a questão do conforto do idoso, sendo que muitas vezes sente dor
na cadeira odontológica. Pensando nisso, o dentista deve procurar a melhor
forma de atendê-lo, mesmo que traga mais esforço, a fim de que o paciente da
terceira idade se sinta melhor.
Além desses grupos há ainda as pessoas com deficiência, como a mental
(quando há limitação em 2 ou mais áreas da conduta adaptativa), física ou
sensorial. É fundamental que o dentista estude esses grupos, a fim de,
primeiramente, quebre os preconceitos intrínsecos dentro dele e busque a
melhor forma de atendimento à pessoa com deficiência.
Para atendê-los melhor, é fundamental que o consultório seja acessível ao
deficiente físico, com rampas ou elevadores. Também deve haver melhor forma
de comunicação com o paciente, se for um deficiente auditivo, buscar um
intérprete ou aprender o idioma de LIBRAS e em casos de deficiências
mentais, buscar explicar ao máximo do tratamento, levando em conta a
gravidade da deficiência.
É fundamental que o profissional conheça os níveis leves, moderados, severos
e profundo da deficiência mental, explicando aos pacientes e/ou
acompanhantes como escovar os dentes e passar fio dental. O cirurgião
precisa, muitas vezes, abdicar de rigidez para atender, tendo que ser calmo,
pacífico e flexível, buscando a melhor forma da operação, amenizando medo e
dor dos pacientes.
Há também o grupo das mulheres em gestação, a qual sua saúde bucal
influencia diretamente a saúde do bebê. É fundamental que o cirurgião dentista
faça cuidados a mais, como garantir maior conforto na cadeira odontológica,
cuidar com contraindicação de medicamentos e maior cuidado com raios x.
Também buscar tratamentos apenas no segundo semestre, onde há menos
problema.
O cirurgião deve entender o lado emocional da paciente grávida, buscar dar
apoio e conversar sobre angústia, medo, felicidade e entre outros.
Portanto, para ser um bom profissional, precisa-se entender que doença não é
apenas um fator biológico, mas está ligada a emoções, finanças, ambiente,
sociabilidade, buscando dar apoio ao paciente de modo ativo nessas áreas.
Também é fundamental que conheça o desenvolvimento biopsicossocial de
cada faixa etária, pois assim, poderá adequar linguagem, abordagem, ensinos,
cuidados e tratamento de paciente para paciente.
Considerações finais:
O presente trabalho foi escrito no intuito de mostrar o quão fundamental é o
estudo da psicologia aplicada e o estudo das etapas do desenvolvimento
humano, bem como, o conhecimento sobre as deficiências. Dentro do que foi
exposto, fica claro que o preparo dos futuros profissionais de odontologia, com
o contato com a psicologia, é fundamental para que busquem um tratamento
holístico, se atentando a cada detalhe fisiológico, emocional e social dos
pacientes e também ensinem formas de autocuidado, principalmente dentais,
para que haja a promoção de saúde.
Nesse sentido, o dentista precisa estudar as fases do desenvolvimento
biopsicossocial para poder adaptar a linguagem, interesses, expectativas de
tratamento, bem como poder suprir os problemas de cada faixa etária
(conversar sobre álcool e drogas com adolescentes por exemplo) e encaminhá-
lo a um profissional adequado.
Somado a isso, é essencial o estudo de deficiências por parte do cirurgião
dentista, sendo que tal prática, primeiramente, é responsável para erradicar o
preconceito intrínseco no profissional, permitindo um tratamento mais
humanizado e correto. Além disso, permite a flexibilidade do profissional,
adaptando a abordagem do profissional ao deficiente, a forma de tratamento, a
moldagem da infraestrutura do consultório ou região de atuação.
Portanto, o estudo de psicologia é fundamental para um tratamento mais
diferenciado, humanizado e inclusivo, sem preconceitos. Urge sempre a
necessidade no profissional de ajudar o paciente em todas as áreas da vida,
agindo com base na proatividade.
Referências:
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MOTA, Luciane de Queiroz; FARIAS, Danilo Barboza Lopes Magalhães; DOS
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http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
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Guia Dentista organizado. Dicas para um bom atendimento na odontopediatria.
2018. Disponível em: https://www.dentistaorganizado.com.br/noticia.html?
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26/09/21
Blog Surya Dental. Odontogeriatria : o que você deve saber para atuar nessa
área. 2021. Disponível em: https://www.dentistaorganizado.com.br/noticia.html?
id=125&Dicas-para-um-bom-atendimento-na-odontopediatria.htm Acesso em
25/9/21
