verbo
O SUBJUNTIVO NA CONSTRUÇÃO
CONSTR O DO TEXTO
Leia este poema, de José Paulo Paes:
PARAÍSO
Se esta rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar,
não para automóvel matar gente,
mas para criança brincar.
Se este rio fosse meu,
Se esta mata fosse minha, eu não deixava poluir.
eu não deixava derrubar. Jogue esgotos noutra parte,
Se cortarem todas as árvores, que os peixes moram aqui.
onde é que os pássaros vão morar?
Se este mundo fosse meu,
eu fazia tantas mudanças
que ele seria um paraíso
de bichos, plantas e crianças.
(In: Vera Aguiar, coord. Poesia fora da estante. Porto
Alegre: Projeto, 1995. p. 113.)
1. Provavelmente, ao ler os dois primeiros versos do poema, você se lembrou de uma cantiga de roda
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muito conhecida. Quando um texto se relaciona com outro, dizemos que entre eles há intertextua-
lidade ou uma relação intertextual.
a) Escreva em seu caderno a 1ª. estrofe dessa cantiga de roda com a qual o poema de José Paulo Paes
mantém uma relação intertextual. Se essa rua, se essa rua fosse minha, / eu mandava, eu mandava ladrilhar, / com pedrinhas, com
pedrinhas de brilhante, / só pra ver, só pra ver meu bem passar.
b) Compare a 1ª. estrofe do poema com a 1ª. estrofe da cantiga. Qual delas:
• apresenta uma preocupação mais social? A do poema de José Paulo Paes.
• é mais sentimental? A da cantiga de roda.
2. As cantigas de roda são produções poéticas populares, de autores anônimos. Portanto, que varieda-
de da língua se espera que seja empregada nesse tipo de texto?
Uma variedade não padrão.
3. Observe os verbos destacados nestes versos: “Se esta rua fosse minha, / eu mandava ladrilhar”.
a) Classifique-os quanto ao tempo e ao modo. fosse: pretérito imperfeito do subjuntivo; mandava: pretérito imperfeito do indicativo
b) Entre esses tempos verbais não há uma correspondência rigorosa. Reescreva os versos, colocando
os verbos nos tempos e modos exigidos pela variedade padrão da língua. Se esta rua fosse minha, /
eu mandaria ladrilhar
c) Em que outras estrofes se verifica a mesma falta de correlação entre os tempos ver-
bais? Em todas: 2ª. estrofe: fosse/deixava; 3ª. estrofe: fosse/deixava; 4ª. estrofe: fosse/fazia.
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4. Observe os verbos destacados nestes versos: “Se cortarem todas as árvores, / onde é que os pássaros
vão morar?”.
a) A locução verbal vão morar é uma forma simples e coloquial que substitui, no texto, uma forma
verbal mais culta. Qual é essa outra forma? Qual o seu tempo e modo? morarão; futuro do presente do indicativo
b) Como se vê, o poeta preocupou-se em empregar a língua popular, coloquial. Considerando a
origem popular da cantiga de roda — texto a partir do qual o autor criou seu poema —, você
acha que o tipo de língua escolhido é adequado ou inadequado? Por quê?
Espera-se que o aluno perceba que é adequado.
5. Nos contos de fada, sempre que lemos a expressão Era uma vez..., mergulhamos num mundo de
fantasia, onde tudo pode acontecer: príncipes viram sapos, bruxas malvadas se vingam de pobres
moças indefesas, etc.
Na língua, o modo subjuntivo também é porta de entrada para um mundo imaginário, o das
hipóteses e das possibilidades.
a) No poema “Paraíso”, qual é a palavra que nos faz adentrar esse mundo imaginário? A palavra se.
b) O poeta dá ao texto o nome Paraíso. Como é o paraíso imaginado por ele?
Com ruas sem carros, com matas e rios preservados; um mundo em que o ser humano vivesse totalmente integrado à natureza.
c) Ao conhecermos o mundo imaginário do poeta, podemos fazer uma suposição a respeito do seu
mundo real. Na sua opinião, como ele é? Provavelmente, perigoso e poluído.
1. Leia estes quadrinhos:
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(Laerte. Gato e gata + um micoleão. São
Paulo: Círculo do Livro, 1995. p. 42.)
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No último quadrinho, a fala do gato segue os padrões da linguagem coloquial ao empregar o verbo
ser no imperfeito do indicativo — era. Substitua essa forma verbal pela forma usada na variedade
padrão. fosse
2. Substitua pela forma verbal usada na variedade padrão a forma verbal queria, presente na fala do
garçom nesta anedotinha de Ziraldo:
O freguês para o garçom:
— Garçom, tem uma mosca nadando na minha sopa.
— O senhor queria que ela morresse afogada?
Leia o poema abaixo para responder às questões de 3 a 6:
O VERBO FLOR
O verbo flor que no coração
é conjugável poderá durar
por quase todas e ser eterna
as pessoas quando o verbo conjugar:
em certos tempos quando eu flor
definidos quando tu flores
a saber: quando ele flor
quase nunca no outono e você flor
no inverno quase não quando nós
quase sempre no verão quando todo mundo flor.
e demais na primavera
(Renato Rocha. Adivinha o que é. São Paulo: Ariola, 1981. MPB4.)
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3. O poeta empregou as palavras pessoas e tempos em dois sentidos: Pessoas refere-se às pessoas do
discurso (eu, tu, etc.) e a todas as pessoas, todo o mundo. E a palavra tempos? Quais são os signi-
ficados que ela adquire no poema? O de tempos verbais e o de tempo enquanto duração das estações.
4. Por que o verbo flor é conjugado quase nunca no outono, quase não no inverno, quase sempre no
verão e demais na primavera? Porque nas duas primeiras estações predomina o frio, época desfavorável para as flores; no verão, em razão do
aquecimento, é possível haver flores; e a primavera é a época própria das flores.
5. Quando o poeta emprega quando eu flor, ele está fazendo um trocadilho (um jogo de palavras)
com uma forma de outro verbo.
a) Qual é o verbo? Qual é essa forma verbal? verbo ser; for
b) Em que tempo e modo está a forma verbal quando eu flor? futuro do subjuntivo
c) Considerando que esse modo verbal é normalmente utilizado para expressar algo que se deseja,
ou que possa vir a acontecer, que relação existe entre a escolha desse modo verbal e o desejo do
eu lírico? O eu lírico manifesta o desejo de que todos, no futuro, virem flores. O modo subjuntivo é o mais indicado para expressar esse desejo.
6. Você sabe que são três as pessoas do discurso e que elas podem estar no singular ou no plural. Na
conclusão do poema, entretanto, o poeta acrescentou mais uma.
a) Qual é ela? todo mundo
b) Por que, na sua opinião, para o poeta é necessário que se inclua mais essa pessoa na conjugação
do verbo flor? Porque só será primavera para todos se todo o mundo florescer ou “virar flor”.
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1. No anúncio a seguir, há duas locuções verbais: vou perder e vai receber.
(Marie Claire, out. 2001.)
a) Como ficaria o texto, se o anunciante empregasse formas verbais simples no lugar dessas locu-
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ções verbais? Querido brinquedo, não perderei a promoção… / E quem comprar um ingresso receberá outro…
b) Com o uso das locuções verbais, o anúncio fica mais formal ou menos formal? Menos formal.
c) Considerando a finalidade do anúncio, a opção pelo uso das locuções verbais é adequada? Por quê?
Sim; porque o emprego de uma linguagem informal aproxima mais o anúncio do leitor.
2. Leia as frases:
Hei de comprar a bicicleta dos meus sonhos.
Estou lendo um livro superinteressante: O dia do coringa, de Jostein Gaarder.
Eu já havia terminado minha lição, quando meus primos chegaram.
Qual dessas frases:
a) indica um fato acabado? A terceira.
b) exprime o firme propósito de realizar alguma coisa? A primeira.
c) exprime uma ação duradoura? A segunda.
3. Leia as frases:
Oi, Léia. Olha! Acabei de pintar este quadro.
Pra quem fica, tchau! Vou dormir!
E a porta foi se abrindo, foi se abrindo e... Aaaai! Um fantasma!!!
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