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Livro-Processos Licitatorios Contratos e Terceirização

O documento aborda os processos licitatórios, contratos e terceirização na administração pública, destacando a evolução da legislação com a nova Lei 14.133/21. Ele explora conceitos fundamentais, princípios e a importância da transparência e eficiência nas licitações públicas. Além disso, oferece recursos audiovisuais e reflexões para aprofundar o conhecimento sobre o tema.

Enviado por

Fabiano Castro
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Livro-Processos Licitatorios Contratos e Terceirização

O documento aborda os processos licitatórios, contratos e terceirização na administração pública, destacando a evolução da legislação com a nova Lei 14.133/21. Ele explora conceitos fundamentais, princípios e a importância da transparência e eficiência nas licitações públicas. Além disso, oferece recursos audiovisuais e reflexões para aprofundar o conhecimento sobre o tema.

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PROCESSOS

LICITATÓRIOS,
CONTRATOS E
TERCEIRIZAÇÃO

ADRIANA PESSÔA

ACESSE AQUI ESTE


MATERIAL DIGITAL!
EXPEDIENTE

Coordenador(a) de Conteúdo Revisão Textual


Daniele de Lourdes Curto da Costa Elaine Machado
Projeto Gráfico e Capa Ilustração
Arthur Cantareli Silva Andre Luis Azevedo da Silva e
Editoração Eduardo Aparecido Alves
Daiane Victória Maass Fotos
Design Educacional Shutterstock e Envato
Ávila Tobias

FICHA CATALOGRÁFICA

N964 Núcleo de Educação a Distância. PESSÔA, Adriana.


Processos Licitatórios, Contratos e Terceirização / Adriana Pessôa. -
Florianópolis, SC: Arqué, 2024.

220 p.

ISBN papel 978-65-6137-470-5


ISBN digital 978-65-6137-468-2

1. Processos 2. Licitatórios 3. Terceirização 4. EaD. I. Título.

CDD - 342.24

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
03506848
RECURSOS DE IMERSÃO

P E N SA N D O JU NTO S APROFU NDANDO

Este item corresponde a uma proposta Utilizado para temas, assuntos ou con-
de reflexão que pode ser apresentada por ceitos avançados, levando ao aprofun-
meio de uma frase, um trecho breve ou damento do que está sendo trabalhado
uma pergunta. naquele momento do texto.

E U I N D I CO ZOOM NO CONHECIMENTO

Utilizado para agregar um conteúdo


Utilizado para desmistificar pontos
externo.
que possam gerar confusão sobre o
tema. Após o texto trazer a explicação,
essa interlocução pode trazer pontos
adicionais que contribuam para que
PRODUTOS AUDIOVISUAIS o estudante não fique com dúvidas
sobre o tema.
Os elementos abaixo possuem recursos
audiovisuais. Recursos de mídia dispo-
níveis no conteúdo digital do ambiente
virtual de aprendizagem.
INDICAÇÃO DE FIL ME

Uma dose extra de


conhecimento é sempre
P L AY N O CO NH E C I M E NTO
bem-vinda. Aqui você
Professores especialistas e con- terá indicações de filmes
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INDICAÇÃO DE L IVRO
E M FO CO

Utilizado para aprofundar o Uma dose extra de


conhecimento em conteúdos conhecimento é sempre
relevantes utilizando uma lingua- bem-vinda. Aqui você terá
gem audiovisual. indicações de livros que
agregarão muito na sua
vida profissional.

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SUMÁRIO

7UNIDADE 1

LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E LEGAIS . . . . . . . . . . . . . . . 8

LEI 8666/93 À LEI Nº 14.133/2021: AS PRINCIPAIS MUDANÇAS, DESAFIOS E


PERSPECTIVAS NA REALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA . . . . . . . . . . . . . 30

FASES DA LICITAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

77UNIDADE 2

MODALIDADES LICITATÓRIAS E CRITÉRIOS DE JULGAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . 78

CONTRATAÇÃO DIRETA, DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO . . . . . . . . . 100

LICITAÇÃO E CATEGORIAS DE CONTRATAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

145
UNIDADE 3

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146

REGIME SANCIONATÓRIO, SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E PENAIS . . . . . . . . . . . 170

QUESTÕES PRÁTICAS NA GESTÃO PÚBLICA RELACIONADAS ÀS LICITAÇÕES,


CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E TERCEIRIZAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194

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UNIDADE 1
TEMA DE APRENDIZAGEM 1

LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS


INTRODUTÓRIOS E LEGAIS

MINHAS METAS

Reconhecer as Licitações Públicas.

Compreender o conceito de Licitações Públicas.

Explicar os princípios informadores da licitação, expressos na Constituição Federal e na lei


de regência, bem como seus princípios correlatos.

Identificar o significado de vigência, revogação, ab-rogação e vacatio legis.

Entender o que são normas gerais de licitações.

Demonstrar os conceitos de poder vinculado e poder discricionário.

Relacionar os conceitos de oportunidade e conveniência.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Já imaginou como seria uma cidade sem a construção de estradas, hospitais, pontes
e escolas? Vivemos as licitações públicas cotidianamente. A atividade econômica é
alavancada com o poder público ao construir estradas, pontes, hospitais, creches,
escolas, rodovias, executar obras de engenharia, comprar suprimentos para atender
hospitais públicos, contratar serviços de mão de obra terceirizada especializada
em determinado assunto e até contratar profissional do setor artístico, como um
músico ou banda, celebrar contratos administrativos com a iniciativa privada.
Muita coisa há de se fazer e o Estado está atuando diretamente enquanto agente
de construção dessas políticas públicas que visam diminuir as desigualdades sociais
e regionais, incrementando ações de desenvolvimento da economia com geração de
novos empregos. O poder de compra do Estado é gigantesco. Ele aliena, adquire bens
e serviços, executa obras, define metas, contrata mão-de-obra, planeja seu orçamento,
faz empréstimo, administra seus bens, igual aos indivíduos em suas vidas privadas.
Toda essa dinâmica envolve tanto o Estado, por meio de sua máquina ad-
ministrativa e do seu corpo de agente públicos, como também os licitantes en-
volvidos no procedimento licitatório. Cada um ocupa um papel importante no
desenrolar desse processo. Os interessados com a apresentação de suas propostas,
o Estado com a formulação do edital e seus critérios, e a coletividade como fiscal
e destinatária final. Todos contribuindo como formuladores de boas práticas de
gestão que, hoje, com as modernas tecnologias de informação, possibilitam aces-
so de todos de forma ágil e eficaz, trazendo a ideia de uma publicidade entendida
não apenas enquanto informação, mas também uma informação qualificada, que
abrange a transparência. A participação cidadã é construída com todos.
Para tanto, a Administração Pública com seus agentes públicos lança mão de
um procedimento muito específico e detalhado visando a futura contratação. É
necessário obedecer a um regramento minucioso no qual é assegurada a igual-
dade de oportunidade entre os interessados, dentre outros critérios.
Estudante, como garantir a transparência, a igualdade de oportunidades e a
eficiência nas licitações públicas, considerando o papel do Estado, dos licitantes
e da coletividade, em um contexto de grande relevância econômica e social?
Vamos imaginar um município que deseja construir uma nova escola para atender
à crescente demanda de estudantes. Nesse caso, a licitação pública é necessária para
selecionar a empresa de construção que executará o projeto. Você pode identificar

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

como o Estado formula o edital, estabelece critérios para a escolha do vencedor da


licitação e como os licitantes apresentam suas propostas. A transparência e publicidade
nesse processo é fundamental para garantir que a escolha seja feita de maneira justa.
Essa situação prática ilustra a importância das licitações públicas e como os
princípios de transparência, igualdade de oportunidades e eficiência desempe-
nham um papel fundamental na busca por uma Administração Pública justa e
eficaz, que atenda às necessidades da sociedade de forma equitativa e responsável.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Política pública é uma construção social que envolve diferentes atores: governo,
Administração Pública, atores políticos e a sociedade. O papel do governo na cria-
ção e implementação de políticas públicas afeta diretamente a vida cotidiana das
pessoas, já que ela serve para melhorar a vida da coletividade. Vamos entender
melhor do que se trata e desvendar como é a implementação desse processo
na prática? Acesse o nosso podcast! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
A licitação é um procedimento fundamental no âmbito da Administração Pública.
Ele visa selecionar fornecedores para a contratação de bens, serviços e obras de
interesse do Estado. Esse procedimento busca assegurar a escolha da proposta
mais vantajosa para a Administração Pública. Assim, com base em critérios
predefinidos e em conformidade com os princípios legais, o Estado consegue
executar ações e programas em prol do bem comum.
Estudante, convidamos você a participar de um momento essencial para manter
atualizadas as mudanças que impactam diretamente a área de licitações e contra-
tos, assistindo ao vídeo O que muda, na prática, com a nova lei de licitações? Nele
são destacadas as nuances da Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei 14.133/21).
Você terá acesso a insights detalhados que proporcionarão uma compreensão
aprofundada das mudanças significativas que a nova legislação traz consigo. A
oportunidade de se familiarizar com essas alterações é fundamental para garantir
que sua atuação profissional esteja alinhada com as mais recentes diretrizes e me-
lhores práticas. https://m.facebook.com/institutogmpr/videos/live06-o-que-
-muda-na-pr%C3%A1tica-com-a-nova-lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-institu-
to-gmpr/523724825478266/?_se_imp=0dFluUaQIEd3OQAyi.

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U N I AS S E LVI

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

PRINCIPAIS CONCEITOS PARA COMPREENDER LICITAÇÕES


PÚBLICAS E O DEVER DE LICITAR

A Lei 8.666/93 conhecida como a Lei de Licitações e Contratos Administrativos era


a legislação vigente no Brasil que regulamenta os processos de licitação e contratação
pública. Hoje temos um novo marco legal com a chegada da Lei 14.133/21, publicada
em abril de 2021. Ela trouxe importantes mudanças para a legislação de licitações e
contratos públicos, visando a modernização e aprimoramento dos processos, promo-
vendo maior eficiência, transparência e sustentabilidade nas contratações públicas.
Para entendermos como são realizadas as licitações públicas, vamos dar uma
olhada no que dizem os doutrinadores consagrados no tema licitações?
Para Celso Antônio Bandeira de Mello (2015, p. 346), “os particulares po-
dem fazer escolhas livremente, já a Administração quando se propõe a contratar
necessita realizar um procedimento ou processo prévio e esse processo ou pro-
cedimento é chamado de licitação”.
Para Hely Lopes Meirelles (1994, p. 247, grifo nosso):


Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a
Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para
o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se
através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Ad-
ministração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade
a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade
nos negócios administrativos.

José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 246, grifo nosso) ensina que:


Licitação é o procedimento administrativo vinculado por meio
do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela con-
trolados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos
vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato,
ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

Na definição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2020, p. 415, grifo nosso)


licitação seria:


[…] procedimento administrativo pelo qual um ente público, no
exercício da função administrativa, abre a todos os interessados,
que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocató-
rio, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais sele-
cionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato.

Segundo Victor Aguiar Jardim de Amorim (2012, p. 23-24, grifo nosso):


Por se tratar de um procedimento administrativo, a licitação
deve ser compreendida como um conjunto ordenado e sucessi-
vo de atos praticados por agentes públicos (ou nessa condição) e
por particulares, objetivando a consecução de um efeito final con-
substanciado na seleção da proposta de contratação mais vantajosa.

O dever de licitar é uma imposição legal que determina que a Administração


Pública deve realizar licitações sempre que desejar contratar algo que envolva
despesas públicas. No entanto, é importante destacar que existem situações em
que o dever de licitar pode ser excepcionado.
A própria Lei de Licitações prevê casos em que a contratação direta, sem
a realização de licitação, é permitida, como em situações de emergência ou
quando houver inviabilidade de competição, ou seja, algumas contratações
podem ser feitas por meio de dispensa ou inexigibilidade de licitação, quando
a lei autoriza, por exemplo, em casos de emergência ou quando há uma única
fonte de fornecimento. Mesmo nessas situações, a legalidade e a moralidade
na contratação devem ser observadas.

E U IN D ICO

Confira o vídeo Administração Pública, Função Administrativa e Órgãos Públicos. Ele


contribuirá para que você entenda como a Administração Pública se organiza em seus
diferentes papéis. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=-RFTB7oBKnY.

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U N I AS S E LVI

PRINCÍPIOS DAS LICITAÇÕES PÚBLICAS

Para iniciarmos nossa conversa precisamos entender o que vem a ser princípios.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Para que servem os Princípios?

Os princípios são fundamentais para a interpretação e integração do ordenamen-


to jurídico, eles servem como verdadeiros vaga-lumes, lançando luz àquilo que
não está muito claro nas regras. Seu poder de concretização é mais fluido do que
as regras jurídicas. Os princípios têm poder normativo igual às regras jurídicas,
ou seja, por meio deles é possível resolver determinado caso concreto e aplicá-lo
como fundamento para solução de uma questão ou um problema fático.
Para Daniel Sarmento (2002, p. 42), “os princípios representam as traves-
-mestras do sistema jurídico, irradiando seus efeitos sobre diferentes normas
e servindo de balizamento para a interpretação e integração de todo o setor do
ordenamento em que radica”.
A Constituição Federal estabelece a obrigatoriedade de que obras, serviços,
compras e alienações sejam contratadas mediante prévio processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os licitantes envolvidos na
disputa (Art.37, inciso XXI, da CF/88). Vejamos:


Art. 37. (…)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga-
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

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A nova Lei 14.133, de 1º de abril de 2021, prevê em seu Capítulo II, Art. 5º o
seguinte elenco de princípios:


Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da econo-
micidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como
as disposições do Decreto-Lei nº 4.657,de 4 de setembro de 1942
(Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).

Economicidade Desenvolvimento
nacional Legalidade
sustentável

Celeridade
Impessoalidade
Proporcionalidade
Moralidade
Competitividade

Razoabilidade Publicidade

ART. 5°
Segurança PRINCÍPIOS Eficiência
jurídica

Julgamento Interesse público


objetivo

Vinculação ao Probidade
edital administrativa
Motivação
Igualdade
Segregação de
funções
Eficácia Transparência Planejamento

A nova lei 14.133 foi promulgada em 1º de abril de 2021, com aplicação imediata,
e revogou a Lei nº 8.666/93, a Lei do Pregão, Lei nº 10520/02, e os Arts. 1º a 47 da

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Lei nº 12.462/11 (Lei do RDC – Regime Diferenciado de Contratação). Houve


um tempo para os órgãos e as empresas se organizarem para a transição.
Em outras palavras, a Nova Lei de Licitações estabeleceu a revogação das Leis
nº 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos), 10.520/2002 (Lei do Pregão), e os
Arts. 1º a 47 da Lei nº 12.462/2011 (Lei que trata do RDC – Regime Diferenciado
de Contratações Públicas), mas isso não de maneira imediata.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Qual o significado de vacatio legis?

CICLOS DE VIDA DE UMA LEI: VIGÊNCIA, VACATIO E


REVOGAÇÃO

Assim como nós, as leis nascem, vivem e morrem. As leis também têm um ciclo
vital, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas.
O termo vacatio legis tem origem no latim e é comumente utilizado no âm-
bito jurídico para se referir ao período de tempo que ocorre entre a publicação
de uma nova lei e o início de sua vigência. Em outras palavras, a vacatio legis
é o intervalo em que uma lei é disponibilizada publicamente, mas ainda não
possui eficácia jurídica, permitindo que a sociedade e os órgãos públicos se
adaptem às novas normas legais.
Esse intervalo é essencial para que as pessoas e entidades afetadas pela nova
lei tenham tempo suficiente para compreender as mudanças e tomar as medidas
para se adequar a ela. Durante a vacatio legis uma norma legal é publicamente
conhecida, mas não pode ser aplicada.
A vacatio legis pode variar em duração. Em muitos sistemas jurídicos, in-
cluindo o brasileiro, a duração padrão da vacatio legis é estabelecida por lei ou
regulamento. No Brasil, a regra geral para a vacatio legis está prevista no Artigo
1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que estabelece
que as leis entram em vigor após 45 dias de sua publicação, a menos que a própria
lei estabeleça um prazo diferente.

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Assim, a LINDB ensina que a lei começará a vigorar em todo o país após 45 dias
da publicação, esse período entre a publicação e o vigor da lei chamamos de vacatio
legis. Atente-se também ao “Salvo disposição contrária”, pois a lei poderá prever prazo
diferente dos 45 dias ou prever que terá vigência imediata, como foi o caso da Nova
Lei de Licitações, Lei 14.133/21, que teve sua aplicação imediata a partir da publicação.
De modo que, esse tempo é usado pelo legislador para permitir que o sistema se
adapte às mudanças legais de maneira mais suave. Isso é particularmente relevante
quando as alterações legais são substanciais e afetam um grande número de pessoas
e organizações. A vacatio legis atua como um modulador temporal, período de
transição que facilita a implementação e o cumprimento das novas regras.
Em resumo, a vacatio legis é um conceito jurídico que representa o intervalo
entre a publicação de uma nova lei e o início de sua vigência, permitindo que as
partes interessadas se adaptem às mudanças legais. Esse período desempenha
um papel importante na previsibilidade e na segurança jurídica, garantindo que
as leis sejam aplicadas de maneira planejada e eficaz.
Já o termo revogação é a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a efi-
cácia. Portanto, quanto à revogação, ela poderá ser parcial, atingindo só uma parte da
norma, permanecendo em vigor o restante, por exemplo, (chamada de derrogação)
ou total/absoluta consiste na supressão integral da norma (chamada de ab-rogação).

E U IN D ICO

Para que você possa aprofundar o ciclo de fases das leis, indicamos a Enciclopé-
dia Jurídica da PUCSP. Acesse em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbe-
te/127/edicao-1/revogacao.

A COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA EDITAR


NORMAS GERAIS EM MATÉRIA DE LICITAÇÃO

A Constituição Federal de 1988 estabelece que a União, os estados, o Distrito Fe-


deral e os municípios têm competência de legislar sobre licitações, conforme o
Artigo 22, inciso XXVII. No entanto, a Constituição também prevê a competência
privativa da União para expedir normas gerais de licitação, estabelecendo diretri-
zes básicas que devem ser seguidas por todas as esferas do poder público no país.

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Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modali-
dades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e funda-
cionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido
o disposto no Art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades
de economia mista, nos termos do Art. 173, § 1°, III.

No Brasil, o sistema federativo divide o poder entre diferentes entidades governa-


mentais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Cada esfera de governo
possui autonomia própria para criar leis e regulamentações que se apliquem ao seu
território e às suas competências. No entanto, quando se trata de licitação pública,
a Constituição Federal de 1988 atribuiu à União a competência privativa para
estabelecer normas gerais que nortearão os processos licitatórios em todo o país.
De acordo com esse dispositivo, compete privativamente à União legislar
sobre as normas gerais de licitação e contratação, em todas as esferas de governo.
Isso significa que a União tem o poder exclusivo de estabelecer os princípios
e diretrizes que serão aplicados a todos os órgãos públicos, sejam eles federais,
estaduais ou municipais, em seus procedimentos de licitação.
A razão por trás dessa competência privativa da União é garantir a unifor-
midade e a padronização nos processos de licitação em todo o território nacio-
nal. Isso evita a existência de regras diferentes nos diferentes entes federativos
e promove a igualdade e a justiça na concorrência para a contratação de bens,
serviços e obras pelo poder público. Sem normas gerais e condicionantes pela
União, cada estado ou município poderia adotar seus próprios critérios, o que
poderia gerar desigualdades, ineficiências e insegurança jurídica.
As normas gerais de licitação previstas pela União estão contidas na Lei nº
8.666/1993, que institui as regras gerais para as licitações e contratações públicas
no Brasil. E a nova Lei nº 14.133/2021 de Licitações, também incorpora normas
gerais atualizadas para os procedimentos de contratação pública.
No entanto, vale ressaltar que a competência da União para estabelecer
normas gerais não exclui a capacidade de estados e municípios de regulamentos
em questões específicas relacionadas às suas necessidades locais, desde que não
contrariem as normas gerais federais. Isso permite uma flexibilidade necessária
para que as entidades atendam às particularidades de suas respectivas adminis-
trações, mantendo, ao mesmo tempo, a conformidade com as diretrizes gerais
determinantes pela União. 8

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De modo que, a competência privativa da União para expedir normas gerais de


licitação é um pilar importante pois ela garante a uniformidade, e os Estados
e Municípios, cada um na sua esfera federativa, pode dispor regulamentando
localmente cada situação.
Podemos compreender que essa competência privativa da União tem algu-
mas justificativas e implicações importantes, já que a segurança jurídica é o prin-
cipal vetor para a uniformidade das normas, sem abandonar as questões locais,
como vimos acima. A unificação com as normas gerais de licitação promove a
harmonização dos procedimentos licitatórios em todo o território nacional. Isso
é fundamental para evitar a fragmentação e a disparidade de regras, garantindo
uma base para comum a condução dos processos licitatórios.

Ao exercer sua competência privativa, a União pode criar normas que padro-
nizam e simplifiquem os procedimentos de licitação. Isso não apenas facilita o
cumprimento das obrigações legais por parte dos entes federativos, mas também
torna o processo mais acessível e compreensível para os participantes.
Embora a União estabeleça normas gerais, as esferas estaduais e munici-
pais têm a prerrogativa de criar regulamentações específicas para atender às
particularidades locais. Isso permite que as normas gerais sejam adaptadas à
realidade de cada região, desde que não entrem em conflito com os princípios
fundamentais estabelecidos pela União.

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U N I AS S E LVI

PODERES ADMINISTRATIVOS: O PODER VINCULADO E O


PODER DISCRICIONÁRIO

Para o Estado exercer suas políticas e colocar em prática todo o manancial de que
dispõe, visando o interesse da coletividade, o ordenamento jurídico atribuiu-lhe
certas prerrogativas denominadas poderes administrativos. São formas que o
Estado tem de sobrepor a sua vontade frente à vontade individual. Esses poderes
devem ser entendidos como instrumentos, já que a utilização ilegal, inadequada,
imoral dos poderes administrativos leva ao abuso de poder.
O poder vinculado é caracterizado pela estrita observância da lei. Nesse
contexto, a Administração Pública atua seguindo rigorosamente as normas le-
gais estabelecidas. Um exemplo claro desse poder é encontrado nas licitações
públicas. Quando a legislação exige a escolha da proposta mais vantajosa para
a administração, a atuação do gestor público é vinculada a esses critérios, não
havendo espaço para interpretação subjetiva.
Por outro lado, o poder discricionário confere à Administração uma margem de
liberdade para agir, permitindo a escolha de medidas mais adequadas conforme as cir-
cunstâncias. Um exemplo desse poder é a concessão de licenças ambientais. A legislação
estabelece parâmetros, mas a Administração tem o poder discricionário para avaliar as
peculiaridades de cada situação e decidir sobre a concessão ou não da licença, levando
em consideração variáveis como impacto ambiental, benefícios sociais, entre outros.
Vale ressaltar que, embora o poder discricionário confere certa flexibilidade
à Administração, ele não é absoluto e deve ser exercido dentro dos limites legais,
éticos e razoáveis. Decisões arbitrárias ou que violem direitos fundamentais po-
dem ser objeto de revisão judicial.
O poder vinculado e o poder discricionário representam as duas faces da
atuação da Administração Pública, refletindo a necessidade de equilíbrio entre
a rigidez legal e a flexibilidade na gestão dos interesses públicos.
O poder vinculado está intimamente relacionado à ideia de legalidade na
administração pública. Ele garante que a administração obedeça às restrições que
a lei estabelece, sem qualquer margem de interpretação ou decisão discricionária.
Essa restrição é essencial para evitar abusos de poder e garantir a previsibilidade
e a segurança jurídica nas relações entre o Estado e os cidadãos. Por exemplo,
quando um órgão público decide contratar bens, serviços ou obras, deverá seguir
as regras e critérios estabelecidos em lei.

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Nesse contexto, a administração não tem liberdade de escolher fornecedores


com base em critérios subjetivos, mas deve aderir a processos predefinidos que ga-
rantam a transparência e a igualdade de oportunidades para todos os participantes.
Outro exemplo em que o poder vinculado é aplicado é a concessão de benefí-
cios previdenciários. Quando um cidadão preenche os requisitos estabelecidos na
lei para a concessão, por exemplo, a Administração Pública é obrigada a conceder
o benefício, sem a possibilidade de recusa com base em critérios subjetivos.
É um princípio fundamental para manter a integridade e a legalidade na
Administração Pública. Ele estabelece limites claros para a atuação do Estado e
garante que os cidadãos sejam tratados de acordo com a lei, evitando arbitrarie-
dades e decisões arbitrárias por parte da administração. Contudo, é importante
ressaltar que esse princípio coexiste com o poder discricionário, que permite
à administração agir com maior flexibilidade em outras situações, desde que
dentro dos limites da lei. A combinação equilibrada de poder vinculado e discri-
cionário é essencial para a eficácia e a justiça na Administração Pública.
Vale ressaltar, que nesse contexto do poder vinculado não se está impe-
de a flexibilidade na Administração Pública. Ele simplesmente estabelece que,
quando a lei determina procedimentos ou critérios específicos, a Administração
deve segui-los rigorosamente. Caso contrário, os atos administrativos podem ser
considerados ilegais e, portanto, passíveis de anulação ou responsabilização. Em
alguns casos, a lei pode conceder à Administração certa margem de apreciação,
permitindo a escolha entre diversas alternativas para atingir um objetivo.
No tocante ao poder discricionário, Celso Antônio Bandeira de Mello (MEL-
LO, 2015, p. 860) ensina que:


Em rigor, no Estado de Direito inexiste um poder, propriamente
dito, que seja discricionário, fruível pela Administração Pública.
Há, isto sim, atos em que a Administração Pública pode manifestar
competência discricionária e atos a respeito dos quais a atuação
administrativa é totalmente vinculada.

Também os cidadãos, por meio de recursos administrativos e judiciais, podem


contestar ações da Administração Pública que sejam consideradas ilegais ou
arbitrárias. Isso garante a supervisão da legalidade dos atos administrativos e
mantém a Administração Pública responsável perante a sociedade.

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U N I AS S E LVI

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

No tocante à oportunidade e conveniência (ou "mérito administrativo") deve-se


entender que a Administração Pública enfrenta constantemente a necessidade
de tomar decisões que afetam a sociedade e o interesse público.
Assim, como nós, no desempenho de nossas vidas, precisamos tomar rápidas
decisões e escolher o melhor caminho a seguir, a Administração Pública também
enfrenta essa questão. Nesses casos entra a oportunidade e conveniência administra-
tiva. Ele confere às autoridades administrativas a capacidade de julgar quando e como
exercer seus poderes discricionários para atender ao melhor interesse da coletividade.
Embora o princípio da oportunidade e conveniência estejam intrinsecamente li-
gados ao poder discricionário, não significa que a Administração possa agir de forma
arbitrária ou sem fundamentação. Para tomar decisões, com base na oportunidade
e conveniência, a Administração Pública deve observar diversos parâmetros, sob
pena de restarem invalidados, por vício de legalidade, os seus atos administrativos.
Um desses parâmetros é a legalidade, em que qualquer ação deve estar em
conformidade com a lei. Não se afasta a legalidade quando atos discricionários
são realizados pela Administração Pública.
A finalidade pública também deve ser observada em todas as decisões da Admi-
nistração Pública com seu foco no bem-estar da sociedade e no interesse público. Isso
garante que a Administração atue de acordo com os objetivos para os quais foi criada.

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U N I AS S E LVI

A proporcionalidade atua no sentido de evitar a adoção de medidas excessi-


vas e irrazoáveis. Esse princípio busca assegurar um equilíbrio entre os meios uti-
lizados e os fins pretendidos, evitando excessos ou restrições desnecessárias. Um
exemplo claro do princípio da proporcionalidade na Administração Pública pode
ser encontrado à restrição de direitos individuais em prol do interesse público.
Se a Administração impuser limitações excessivas ou desproporcionais à li-
berdade de expressão em uma manifestação pública, isso poderá ser questionado
sob o princípio da proporcionalidade. Em resumo, o princípio da proporciona-
lidade na Administração Pública visa assegurar que as ações do poder público
sejam razoáveis e equilibradas, evitando excessos ou restrições desnecessárias.
Sua aplicação contribui para a proteção dos direitos individuais e o alcance efi-
ciente dos objetivos estabelecidos pela Administração.
A motivação é outro pilar de muita importância, já que as decisões devem ser
devidamente fundamentadas. Isso significa que a Administração deve explicar
as razões pelas quais decidiu agir de uma determinada maneira e não de outra.
Celso Antônio Bandeira de Mello (MELLO, 2015, p. 990) ao discorrer sobre
o poder vinculado da Administração Pública nos ensina que:


Se a lei todas as vezes regulasse, vinculadamente, a conduta do ad-
ministrador, padronizaria sempre a solução, tomando-a invariável
mesmo perante situações que precisam ser distinguidas e que não
se poderia antecipadamente catalogar com segurança, justamente
porque a realidade do mundo empírico é polifacética e comporta
inumeráveis variantes. Donde, em muitos casos, uma predefinição
normativa estanque levaria a que a providência por ela imposta
conduzisse a resultados indesejáveis.

O poder de avaliar a oportunidade e a conveniência é frequentemente aplicado


em questões como a contratação de serviços, a aplicação de políticas públicas, a
alocação de recursos e a tomada de decisões políticas. Por exemplo, ao decidir
sobre a implementação de um programa de saúde pública, a Administração Pú-
blica pode levar em consideração fatores como a urgência, o impacto esperado
e os recursos disponíveis. No entanto, a aplicação do princípio da oportunidade
e conveniência não é ilimitada. As decisões da Administração estão sujeitas ao
controle, tanto administrativas quanto judiciais. Esse controle verifica se as ações

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

foram tomadas de forma razoável, de acordo com os princípios indicados ante-


riormente, e dentro dos limites da lei.
Aqui entra a transparência e a prestação de contas que desempenham um
papel fundamental na garantia de que as decisões oportunas e convenientes sejam
tomadas de maneira responsável. A sociedade tem o direito de conhecer o pro-
cesso de tomada de decisão e de questionar a Administração quando considerar
que as ações não estão em conformidade com o interesse público.
Embora a oportunidade e a conveniência proporcionem flexibilidade à adminis-
tração, elas não autorizam decisões arbitrárias. Essas avaliações devem ser fundamen-
tadas em critérios objetivos, levando em conta o interesse do público e a conformi-
dade com a lei. Além disso, é importante notar que esses critérios não são absolutos.
Ela está sujeita às limitações legais e à possibilidade de controle judicial para garantir
que os princípios de legalidade, moralidade e finalidade pública sejam respeitados.

E M FO CO

Preparamos um vídeo para você compreender melhor como construir o sucesso


no dia a dia. Acesse o material e fique por dentro desse tema importante que con-
tribuirá para o seu desenvolvimento. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Chegando ao final deste Tema de Aprendizagem, vamos recordar alguns tópicos
estudados e tentar conectar com o que vimos até aqui sobre a lei aplicável ao tema
das licitações públicas e suas bases conceituais.
Sabemos que a Constituição Federal estabelece a obrigatoriedade de que
obras, serviços, compras e alienações sejam contratadas mediante prévio proces-
so de licitação pública que assegure a igualdade de condições a todos os licitantes
envolvidos na disputa (Art.37, inciso XXI, da CF/88). Também enxergamos o
poder gigante de compra em que o Estado movimenta com as licitações públicas,

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U N I AS S E LVI

envolvendo a máquina pública, os particulares, a coletividade que é a destinatária


para usar e fruir dos serviços públicos que são disponibilizados.
Todo esse movimento é grandioso e precisa de braços para uma boa ges-
tão dos profissionais envolvidos, sejam eles públicos ou privados, já que essa
engrenagem movimenta não só o Estado, mas também o particular quando
participa das licitações. Todos esses atores estão envolvidos e precisam saber
das leis que regem o procedimento para tanto poder ofertar boas propostas
quanto fiscalizar o que está sendo feito.
Daí os princípios informadores, tanto os previstos na Constituição Federal
(princípios expressos) como os previstos na legislação infraconstitucional. Os prin-
cípios informadores, como estudamos, o próprio nome diz: “informam”, orientando
a prática dos atos administrativos que serão levados a termo, tanto pelo Estado como
pelo particular envolvido. Os licitantes são peça fundamental dessa engrenagem.
É por meio da iniciativa privada que as obras, os serviços e as compras são
feitos. A economia gira seu botão, seu relógio dinamizador das indústrias e das
empresas, aliadas que são nesse processo de contratações públicas, entregando
propostas, apresentando recursos, manifestando interesse, participando de au-
diências públicas em constante interação dialógica com o Poder Público. Cada
vez mais estamos caminhando no sentido de uma Administração Pública dialó-
gica, basta ver as inovações advindas do novo marco legal das licitações públicas,
a Lei 14.133 de 1º de abril de 2021.
Compreendemos a importância dos princípios com exemplos de aplicação
integrando, com seu poder normativo, o ordenamento jurídico juntamente com
as regras. Mediante os princípios, conseguimos espelhar o sentido e alcance das
normas, que pela sua densidade, podem ofuscar o sentido axiológico de alcance.
Em resumo, a conexão entre a teoria e a prática no contexto das licitações
públicas é fundamental para você, estudante, que busca ingressar no mercado
de trabalho nessa área. Você precisa compreender os princípios, as regras, as
mudanças legais e os poderes administrativos para garantir a conformidade com
a lei, a eficiência e a transparência nos processos licitatórios. Além disso, deve
estar preparado para se adaptar às novas normas legais e para agir de forma ética
e responsável no exercício de suas funções.

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AUTOATIVIDADE

1. Licitação pública é um procedimento administrativo que visa adquirir ou contratar bens,


serviços e obras pela Administração Pública, garantindo a concorrência, a transparência e
a igualdade de oportunidades para fornecedores.

Com relação ao excerto sobre o conceito de Licitação pública, responda se é Verdadeiro


ou Falso.

2. Qual é o principal objetivo das licitações públicas?

I - Promover o nepotismo.
II - Garantir a escolha de fornecedores específicos que estejam no cadastro único.
III - Assegurar a eficiência e a moralidade na Administração Pública.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

3. Com relação às licitações, qual é o dever fundamental da Administração Pública?

a) Contratar sem licitar.


b) Utilizar a dispensa de licitação em todos os casos.
c) Realizar licitações sempre que possível.
d) Escolher fornecedores sem critérios usando o cadastro único.
e) Ignorar a concorrência quando se tratar de licitações regionais.

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REFERÊNCIAS

AMORIM, V. A. J. Licitações e contratos administrativos: teoria e jurisprudência. Brasília: Senado


Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2021.

BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657,de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas do direito


brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República, 4 set. 1942. Disponível em: https://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de Contratações


Públicas - RDC; altera a Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização
da Presidência da República e dos Ministérios, a legislação da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 4 ago. 2011. Disponível em: https://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12462.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de lici-
tação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Gov.br, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/legislacao-geral/
leis/lei-no-10-520-de-17-de-julho-de-2002. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1 abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 33. ed. Rio de Janeiro: Forense,2020.

CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro.15. ed. São Paulo: Malheiros,1994.

MELLO, C. A. B. de. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

SARMENTO, D. A ponderação de interesses na Constituição Federal. 1. ed. Rio de Janeiro: Lu-


men Juris, 2002.

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GABARITO

1. A afirmação é verdadeira. A licitação pública é o processo pelo quais órgãos e públicos


contratam bens, serviços e obras, obedecendo a regras e critérios preestabelecidos, a fim
de garantir a concorrência entre fornecedores e promover a transparência e a igualdade de
oportunidades no uso dos recursos públicos.

2. Alternativa B. Nepotismo (I) – Errada. Nepotismo não é objetivo das licitações públicas.

(II) escolha de fornecedores específicos – Errada. Na licitação se busca competição de for-


necedores distintos e não específicos. A ideia do registro cadastral (também chamado de
registro de fornecedores) nada mais é do que uma habilitação prévia.
Correta: III. Assegurar a eficiência e a moralidade na administração pública.

3. Alternativa C. Realizar licitações sempre que possível está ancorada no princípio da obriga-
toriedade da licitação prevista no artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal brasileira. De
acordo com esse artigo, a licitação é obrigatória em todas as contratações de obras, serviços,
compras e alienações realizadas pela administração pública, exceto nos casos de dispensa
ou inexigibilidade de licitação previstas na lei.

a) Contratar sem licitar – Errada. A contratação sem licitar é, em regra, proibida, conforme
previsto no Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal e na Lei nº 8.666/1993, que exige
a licitação como regra geral.
b) Utilizar a dispensa de licitação em todos os casos – Errada. A dispensa de licitação é uma
exceção e só pode ser utilizada nos casos expressamente previstos nas Leis nº 8.666/1993
e 14.133/21 como nas situações de emergência ou de pequeno valor, não podendo ser
aplicada indistintamente.
d) Escolher fornecedores sem critérios usando o cadastro único – Errada. A escolha de for-
necedores deve ser realizada com base em critérios objetivos e em conformidade com a lei
de licitações, não sendo permitido escolher fornecedores sem critérios claros e objetivos.
e) Ignorar a concorrência quando se tratar de licitações regionais – Errada. O dever funda-
mental da administração pública em relação às licitações é sempre estimular e promover a
concorrência, pois a igualdade e a competição devem ser mantidas em todas as fases de
licitação, art. 37, XXI, Constituição Federal – ressalvados os casos especificados na legislação,
as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 2

LEI 8666/93 À LEI Nº 14.133/2021:


AS PRINCIPAIS MUDANÇAS,
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
NA REALIDADE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

MINHAS METAS

Identificar as regras de transição da nova lei 14.133/21.

Compreender o que são fases da contratação.

Diferenciar os princípios da nova Lei 14.133/21 versus Lei 8.666/93.

Entender os princípios expressos do art. 37, captu, Título da Administração Pública da


Constituição Federal de 1988.

Compreender o significado de gestão de riscos.

Identificar os objetivos da licitação da nova lei 14.133/21.

Compreender o sentido de governança das contratações.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


A Lei de Licitações, anteriormente regulamentada pela Lei 8.666/93, passou
por uma significativa reformulação com a entrada em vigor da Lei 14.133/21,
promovendo avanços e modernização no processo de contratação pública no
Brasil. A nova legislação representa um marco importante no aprimoramento
da administração pública, alinhando-se com as demandas contemporâneas da
sociedade por mais eficiência, transparência e sustentabilidade.
Uma das principais características da Lei 14.133/21 é a sua abrangência. Ela
não apenas revoga a Lei 8.666/93, mas também a Lei 10.520/02, que tratava do
pregão, e a Lei 12.462/11, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações
(RDC). Dessa forma, a nova legislação consolida em um único texto legal os
procedimentos licitatórios, trazendo maior uniformidade e simplificação.
Estudante, você saberia responder como a implementação eficaz da Lei
14.133/21 pode promover uma mudança cultural na Administração Públi-
ca brasileira, alinhando-a com as demandas contemporâneas por eficiência,
transparência e sustentabilidade?
A Lei 14.133/21 introduz uma série de inovações e melhorias, dentre elas po-
demos citar a ampla utilização do pregão que passa a ser o procedimento padrão
para a maioria das contratações, extinção das modalidades licitatórias de tomada
de preços e convite, permanecendo as de concorrência e leilão.
Novas modalidades são introduzidas, como o diálogo competitivo, o sistema
de registro de preços e a contratação integrada, que permitem maior flexibilidade
para atender a diferentes necessidades de compras.
O incentivo à inovação e sustentabilidade é uma marca forte na nova lei,
instituindo programa de integridade (compliance) para os licitantes. O modelo
de compliance visa estabelecer a prevenção de fraudes e atos de corrupção, pro-
movendo a integridade na Administração Pública.
Há maior previsibilidade com a nova lei, buscando reduzir incertezas e litígios,
proporcionando maior segurança jurídica. Podemos citar, por exemplo, o extenso rol
de 60 (sessenta) incisos do das Definições, o que demonstra a preocupação do legis-
lador em traçar cuidadosamente os conceitos atinentes ao procedimento licitatório.
A nova Lei de Licitações – Lei 14.133/23 – não representa um rompimen-
to brusco da lei antiga – Lei 8.666/93 – com o novo estatuto. Mesmo com uma
principiologia renovada muitos conceitos advindos do regime anterior são

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

contextualizados sob a nova roupagem. Os conceitos base, por assim dizer,


não se perderam, foram renovados.
Passo importante na busca por uma Administração Pública mais eficiente
e alinhada com as necessidades da sociedade seu sucesso dependerá da corre-
ta aplicação e fiscalização e, claramente, sinaliza a intenção de modernização e
aprimoramento da gestão dos recursos públicos no Brasil.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

A nova Lei de Licitações trouxe uma novidade que é a atuação de advogados


públicos na defesa judicial de agentes que tenham atuado em processos de li-
citações e contratos. O tema já é objeto de apreciação no STF. Vamos entender
melhor do que se trata? Ouça o podcast e se aprofunde nesse assunto. Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Convidamos você a participar de um momento educativo essencial para estar
atualizado às mudanças que impactam diretamente a área de licitações e contratos
públicos. Assista ao vídeo da escola da AGU – Advocacia Geral da União que é
bem esclarecedor sobre as recentes alterações na legislação. Esse conteúdo é
indispensável para profissionais que desejam estar à frente das transformações
no cenário da atualidade da lei. Acesse o link: https://www.youtube.com/
watch?v=u0F2FP4_OZU.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

REGRAS DE TRANSIÇÃO DA LEI NOVA 14.133/21

A Lei 8.666/93 conhecida como a Lei de Licitações e Contratos Administrativos


que regulamenta os processos de licitação e contratos públicos está dando passa-
gem para a Lei 14.133/21, publicada em 1º de abril de 2021. Hoje, temos um novo

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marco legal com a chegada da nova lei. Ela trouxe importantes mudanças para a
legislação de licitações e contratos públicos, visando a modernização e aprimo-
ramento dos processos, promovendo maior eficiência, transparência e susten-
tabilidade nas contratações públicas. Muitas novidades foram implementadas.
A nova lei 14.133, de 1º de abril de 2021 teve sua aplicação imediata - conforme
o Art. 194 da lei, não teve, portanto, vacatio legis. Contudo, a lei nº 8.666/93, a Lei do
pregão lei nº 10520/02, e os Arts. 1º a 47 da lei nº 12.462/11 (Lei do RDC – registro
diferenciado de contratação) não foram revogados de imediato com a entrada da lei
14.133/21, sendo revogados em 30 de dezembro de 2023 conforme prevê a Lei comple-
mentar nº 198, de 28 de junho de 2023 que alterou o Art. 193 da lei 14.133/21, vejamos:


Art. 193. Revogam-se:
II - em 30 de dezembro de 2023: (Redação dada pela Lei Comple-
mentar nº 198, de 2023)
a) a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 198, de 2023).
b) a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002; e (Redação dada pela Lei
Complementar nº 198, de 2023).
c) os Arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. (Reda-
ção dada pela Lei Complementar nº 198, de 2023) (BRASIL, 2023a).

Em retrospectiva, é importante registrar, que a Lei 14.133/21 previa uma regra de


transição em seu Artigo 193, II, de dois anos contados a partir de sua publicação
para a revogação da lei nº 8.666/93, a Lei do Pregão lei nº 10520/02, e os Arts. 1º
a 47 da lei nº 12.462/11 (Lei do RDC – registro diferenciado de contratação), em
que seria possível optar por licitar ou contratar de acordo com a Lei 14.133/21
ou de acordo com as leis citadas, e a opção escolhida deveria ser indicada ex-
pressamente no edital, vedada a aplicação combinada das leis.
Ocorre que a revogação foi adiada para que os órgãos pudessem se ajustar ao
novo normativo, sendo então publicada a lei complementar nº 198/23 que fixou
o prazo de 30 de dezembro de 2023 para a revogação.
Entretanto, é importante registrar que as normas que foram revogadas vão
produzir efeitos jurídicos e reger as contratações públicas por alguns anos, de
acordo com o regime legal de transição que foi escolhido pela Administração
Pública à época da transição.

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Esse regime de transição está contemplado nos Artigos 190 e 191 da Lei
14.133/21, vejamos:


Art. 190. O contrato cujo instrumento tenha sido assinado antes da
entrada em vigor desta Lei continuará a ser regido de acordo com
as regras previstas na legislação revogada.
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do
Art. 193, a Administração poderá optar por licitar ou contratar dire-
tamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no
referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada expressamen-
te no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada
a aplicação combinada desta Lei com as citadas no referido inciso.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Adminis-
tração optar por licitar de acordo com as leis citadas no inciso II do
caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas
regras nele previstas durante toda a sua vigência (BRASIL, 2021).

Agora, cuidado, não há possibilidade de combinar as duas leis. A opção é por


uma ou por outra.

A P RO F UNDA NDO

Estudante, você sabia que em 8/3/2023 foi publicado o Decreto 11.430, que re-
gulamenta a Lei 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), para
estabelecer regras sobre a exigência de um percentual mínimo de mão de obra
constituída por mulheres vítimas de violência doméstica, e sobre a utilização de
ações de equidade entre mulheres e homens no ambiente de trabalho como cri-
tério de desempate em licitações no âmbito da Administração Pública Federal
Direta, autárquica e fundacional. Venha saber mais sobre o assunto, assistindo a
Webinar do Ministério do Planejamento e Orçamento sobre o decreto nº 11.430/23
que regulamenta a exigência de percentual mínimo de mão de obra constituído
por mulheres vítimas de violência doméstica. Acesse em: https://www.youtube.
com/watch?v=oLNzBO9j_K4.

Mas lembre-se que é vedada a combinação das duas leis, ou seja, é uma ou a outra,
a administração pública pode escolher aplicar de imediato a lei nova ou continuar
utilizando a lei antiga. E qual a razão disso? Para poder se adaptar! Pense comigo

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aqui. Quando você compra um aparelho novo para sua casa, vamos imaginar
uma nova geladeira, há uma série de coisas a fazer, não é?! Primeiro temos que
retirar os alimentos da antiga para não estragar e colocar na nova, entender o
funcionamento da nova, saber se a carga elétrica é compatível, ler o manual de
instrução, achar um novo lugar na casa para colocar a geladeira nova que acaba
de chegar, desligar a velha e, finalmente, ligar tudo na nova! Ufa, que trabalheira!
Foi assim que o legislador pensou quando previu um prazo de até dois anos para
o convívio das normas. Para que a Administração Pública, por meio dos seus órgãos e
agentes públicos, possa se adaptar. E não somente essa adaptação é de responsabilidade
da Administração Pública. A iniciativa privada também precisa se adequar e entender
os novos desafios e funcionalidades para poderem participar do processo de seleção.

A NOVA LEI GERAL DE LICITAÇÕES E CONTRATOS

Tivemos início de um novo marco legal sobre licitações e contratações públicas


com a entrada da Lei 14.133/21 no ordenamento jurídico do Brasil. Houve um
aprimoramento do modelo concebido pela lei 8.666/93 com a combinação de
outros institutos já conhecidos, como a lei do pregão e o modelo do Regime

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Diferenciado de Contratação, que antes estavam disciplinados em outras leis e


que agora se juntam compondo o novo marco legal.
As normas gerais de licitação previstas pela União estavam contidas na Lei
nº 8.666/1993, onde eram previstas regras gerais para as licitações e contratações
públicas no Brasil.
Igual passo tomou a nova Lei nº 14.133/2021 de Licitações, também incorpo-
rando normas gerais pela União, agora atualizadas, compondo um novo marco
legal para as contratações públicas.

NOVIDADES LEGISLATIVAS: DECRETO 11.430/23 E


DECRETO 11.462/23

Uma novidade foi a edição do Decreto 11.430, de 8 de março de 2023. Ele dispõe
sobre a exigência em contratações públicas de percentual mínimo de mão de obra
constituída por mulheres, vítimas de violência doméstica, e sobre a utilização
pelo licitante de ações de equidade entre mulheres e homens no ambiente de
trabalho como critério de desempate em licitações. Seria uma espécie de cotas
dentro das licitações públicas. Esse movimento é um avanço no campo das polí-
ticas públicas voltado para o incremento de ações afirmativas. O intuito é rever
desigualdades na sociedade para proteger determinados grupos e minorias de
excluídos que tiveram direitos negados ou renegados historicamente.
Para implementação dessas medidas, o Ministério da Gestão e da Inovação
em Serviços Públicos e o Ministério das Mulheres firmarão acordo de coope-
ração técnica com as unidades responsáveis pela política pública de atenção às
mulheres vítimas de violência doméstica.
Outra novidade foi a norma editada em 2023, o Decreto 11.462, de 31 de
março de 2023 que regulamenta os Art. 82 a Art. 86 da nova Lei nº 14.133/21
para dispor sobre o sistema de registro de preços para a contratação de bens e
serviços, inclusive obras e serviços de engenharia.
O registro de preços é um dos cinco procedimentos auxiliares trazidos pela
nova Lei de Licitações e Contratos. O objetivo é tornar o procedimento licitatório
mais ágil. Os procedimentos auxiliares trazidos pela Lei 14.133/2021 são: siste-
ma de registro de preços, credenciamento, pré-qualificação, registro cadastral e
procedimento de manifestação de interesse.

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E U IN D ICO

Para entender melhor esse tema, sugerimos que leia a Lei complementar 198/23
Art. 3º. Acesse em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp198.htm.

PRINCÍPIOS DA LEI 14.133/21 X PRINCÍPIOS DA LEI


8.666/93

A Lei 14.133/21 trouxe um rol renovado de princípios. Parte deles já são co-
nhecidos, tanto do direito administrativo em geral e da jurisprudência quanto
expresso na Constituição Federal Art. 37, caput.
O avanço da lei foi prever princípios, antes implícitos, agora dispondo-os
expressamente no texto legal.
Destaque para as contribuições de Rodrigo Bordalo (BORDALO, 2021, p. 23)
a respeito do novo princípio do planejamento, ínsito no texto da lei:


Nesse sentido, encontra-se o princípio do planejamento, originário
da Ciência da Administração, e que enfatiza a etapa de concepção,
de pesquisa e de organização prévia das contratações pretendidas
pela Administração. Afasta-se com isso a improvisação. A ocor-
rência de problemas nas licitações e a má-qualidade dos contratos
públicos firmados, muitas vezes, decorrem de uma precariedade na
etapa inicial de sua elaboração. Uma das aplicações procedimentais
deste princípio é a fase preparatória do processo licitatório, discipli-
nada de modo mais preciso na nova lei.

Rodrigo Bordalo, ao tratar do princípio da segregação, entende que o princípio


estabelece uma barreira ao amplo exercício de competências públicas envolvendo
licitações e contratos. Assim, é vedada a designação do mesmo agente público para
atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possi-
bilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes (BORDALO, 2021, p. 23).
Vejamos a contribuição dos autores Lindineide Cardoso e Paulo Ribeiro Al-
ves sobre o princípio da transparência (CARDOSO; ALVES, 2021, p. 51).

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Não há como falar sobre transparência sem imediatamente nos lem-
brarmos da norma que alterou a maneira como a Administração
Pública lida com a publicidade de seus atos: Lei n. 12.527/2011 ou
Lei de Acesso à Informação (LAI). Nela, vemos dispositivo explícito
relacionado às contratações públicas (...) soma-se a isso o fato de a
transparência estar exposta como um dos princípios explícitos da
aplicação da nova Lei de Licitações, descritos no seu art. 5º. Vê-se,
portanto, que a transparência pública abarcará todo o macropro-
cesso de contratação, revelando-se como corolário do princípio da
publicidade, previsto no Art. 37 da Constituição Federal como um
dos princípios basilares da Administração Pública.

A referência ao princípio da competitividade previsto no Art. 5º diz respeito


a critérios da dimensão econômica presente nos processos de contratação. O
Estado, ao contratar, alavanca o mercado na busca de propostas vantajosas, e a
iniciativa privada tem interesse nessa demanda de serviços e de bens oferecendo
seus produtos e serviços por meio de uma relação de competitividade.
O que se busca é uma competitividade justa em modelos de mercado moder-
nos. Isso inclui também a eficácia administrativa na gestão dos processos, com
modelos de governança das contratações. São atributos da eficiência: raciona-
lização, economicidade e celeridade. Eficiência e eficácia são designadas como
sinônimos trazendo a ideia de obter o resultado almejado com a concreção dos
fins preestabelecidos e, no caso das licitações e contratos, significa economici-
dade, celeridade e racionalização.
No direito administrativo o alcance do princípio da motivação traz o sentido
de que a motivação do ato administrativo deve ser explícita, clara devendo trans-
mitir um discurso explícito, a fim de que se possa identificar o motivo do ato.
É fundamental observar que a Lei 14.133/21, responsável por reformular a
legislação de licitações no Brasil, traz consigo princípios distintos em relação à
Lei 8.666/93, que foi revogada. Enquanto a legislação anterior priorizava pro-
cedimentos mais rígidos, a nova lei apresenta inovações, destacando conceitos
como diálogo competitivo, sustentabilidade e a adoção de critérios de integri-
dade, conceitos mais alinhados às demandas contemporâneas da administração
pública. Analisemos as diferenças no quadro a seguir:

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LEI 14.133/21 LEI 8.666/93


DOS PRINCÍPIOS DOS PRINCÍPIOS

Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão


observados os princípios da legalidade, da
Art. 3º A licitação destina-se a garantir
impessoalidade, da moralidade, da publi-
a observância do princípio constitucio-
cidade, da eficiência, do interesse público,
nal da isonomia, a seleção da proposta
da probidade administrativa, da igualdade,
mais vantajosa para a administração e a
do planejamento, da transparência, da
promoção do desenvolvimento nacional
eficácia, da segregação de funções, da
sustentável e será processada e julgadas
motivação, da vinculação ao edital, do
em estrita conformidade com os princí-
julgamento objetivo, da segurança jurídica,
pios básicos da legalidade, da impessoa-
da razoabilidade, da competitividade,
lidade, da moralidade, da igualdade, da
da proporcionalidade, da celeridade, da
publicidade, da probidade administrativa,
economicidade e do desenvolvimento
da vinculação ao instrumento convoca-
nacional sustentável, assim como as dis-
tório, do julgamento objetivo e dos que
posições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de
lhes são correlatos.
setembro de 1942 (Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro).

Quadro 1 – Diferença das Leis nº 14.133/21 e 8.666/93 / Fonte: a autora.

Vamos analisar os princípios para uma melhor compreensão:

O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se ao fato que na Administração Pública não há liberdade nem vontade pes-
soal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza.

O PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se à necessidade de que as decisões e ações no processo licitatório sejam


pautadas por critérios objetivos e impessoais, evitando favorecimentos pessoais ou
direcionamento para beneficiar determinados indivíduos ou empresas. Podemos citar
como exemplo; a redação do edital deve ser clara e objetiva, sem incluir requisitos que
favoreçam uma empresa específica.

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O PRINCÍPIO DA MORALIDADE NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Está associado à conduta ética e à integridade no processo licitatório. Sua aplicação


visa garantir que as decisões relacionadas à licitação estejam alinhadas com valores
éticos e morais. O agente público, como ser humano dotado de raciocínio, deve,
necessariamente, distinguir o que é bom do que é ruim, o bem do mal, o correto do
incorreto, de modo que, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético da sua con-
duta. Um exemplo de aplicação desse princípio é o impedimento de conluio e fraudes,
devendo ser adotadas medidas para evitar acordos com o objetivo de manipular o
processo licitatório ou fraudar a competição.

O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se à necessidade de tornar transparentes e acessíveis a todos os interessados


as informações relativas aos processos licitatórios. Exemplo de aplicação é a comu-
nicação efetiva, ou seja, não basta só publicar um ato relacionado à licitação, essa in-
formação precisa ser clara, de forma que todos entendam, com o estabelecimento de
mecanismo eficaz de comunicação, esclarecendo dúvidas, fornecendo informações e
assegurando a transparência ao longo de todo o processo.

O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Está relacionado à busca pela melhor utilização dos recursos públicos, visando à
obtenção de resultados satisfatórios ao interesse público de modo que, enquanto a
eficácia tem como parâmetro o alcance de resultados, a eficiência é a medida da utili-
zação dos recursos para alcançar esses resultados. Assim, podemos citar como exem-
plo a redução da burocracia, simplificando os trâmites com modelos padronizados de
processos de licitação, bem como a capacitação de servidores com investimento em
treinamento e capacitação.

O PRINCÍPIO DO INTERESSE PÚBLICO

Visa garantir que as contratações governamentais estejam alinhadas com os objetivos


coletivos, promovendo o bem comum e a satisfação das necessidades da sociedade,
ou seja, todas as ações e decisões no processo licitatório devem estar alinhadas com
o benefício coletivo e atender aos objetivos públicos. Esse princípio é aplicado quando
a Administração Pública considera as necessidades públicas escolhendo propostas
que atendam adequadamente às necessidades reais da Administração Pública, não
priorizando interesses particulares em detrimento do bem comum.

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O PRINCÍPIO DA PROBIDADE ADMINISTRATIVA NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Está relacionado à integridade e honestidade na condução dos processos licitatórios.


Uma pessoa proba é uma pessoa honesta. A aplicação desse princípio visa prevenir a
corrupção, o nepotismo e outros comportamentos que possam comprometer a lisura
e a moralidade no âmbito da Administração Pública. Exemplo de aplicação desse prin-
cípio é o impedimento da participação de empresas ou profissionais que mantenham
vínculos familiares com membros da comissão responsáveis pelo processo licitatório.

O PRINCÍPIO DA IGUALDADE NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Impede que sejam estabelecidas condições que se traduzam em preferência de uns licitan-
tes em desvantagem de outros e, em homenagem ao próprio princípio da igualdade, que
há a compatibilização entre a regra isonômica e outros interesses prestigiados constitucio-
nalmente e que se refere a tratar os iguais de modo igual e aos desiguais de modo desigual,
na medida de sua desigualdade (igualdade material). Assim, por exemplo, é possível que na
licitação ocorra critérios diferenciadores para as micro e pequenas empresas cujo objetivo é
incentivar a economia do setor. Vê-se, assim, que é possível discriminar, em prol da compa-
tibilização do princípio, uns em detrimentos de outros, mas o tratamento desigual encontra
limites na proporcionalidade e na razoabilidade para que possa ser considerado legítimo.
Outro exemplo de aplicação do princípio da igualdade na sua vertente material é quando
são reservadas vagas para pessoas com deficiência e cotas raciais, em que o que se visa é
restaurar por meio de políticas públicas as desigualdades estruturais. De modo que a igual-
dade material é a concretização da igualdade na prática e significa tratar os iguais de forma
igual e os desiguais de forma desigual na exata medida das suas desigualdades.

O PRINCÍPIO DO PLANEJAMENTO NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se à necessidade de uma cuidadosa preparação e organização de todas as fases do


processo licitatório, como por exemplo realizar estimativa prévia de custos precisa, conside-
rando todas as despesas relacionadas ao objeto da licitação para garantir a disponibilidade
orçamentária sem atropelos que possam gerar a descontinuidade da obra ou do serviço.

O PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Busca assegurar que todas as informações relacionadas ao processo sejam acessíveis


e compreensíveis para a sociedade, garantindo a fiscalização e o acompanhamento
por parte dos cidadãos. Um exemplo desse princípio é a criação do Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP) que é o sítio eletrônico oficial destinado à divulgação
centralizada dos atos exigidos pela Lei nº 14.133, de 2021.

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O PRINCÍPIO DA EFICÁCIA NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se à busca pela obtenção de resultados eficientes, econômicos e satisfatórios


na contratação de bens e serviços. Um exemplo que podemos citar é estabelecer
critérios de julgamento que valorizem não apenas o preço, mas também a qualidade,
e outros elementos que contribuam para a eficácia do objeto contratado.

O PRINCÍPIO DA SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se à necessidade de distribuir e separar as responsabilidades e funções


entre os agentes envolvidos no processo, evitando concentração excessiva de
poder e com isso se reduz o risco de irregularidades. Por exemplo, a separação
entre o ordenador de despesas, pessoa responsável pela alocação dos recursos, e
o responsável pela condução da licitação é fundamental para evitar interferências
indevidas na escolha dos fornecedores e fraudes. A implementação de políticas de
rotatividade de funções também é outro exemplo, evitando que os mesmos agen-
tes estejam presentes em todas as etapas do processo licitatório, o que contribui
para a prevenção de conflitos de interesse.

O PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se à necessidade de fundamentar e justificar todas as decisões tomadas ao


longo do processo licitatório, garantindo transparência e possibilitando a compreen-
são das razões que levaram a determinadas escolhas

O PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO EDITAL E DO JULGAMENTO OBJETIVO NA


LICITAÇÃO PÚBLICA

Refere-se a que as partes envolvidas devem se submeter estritamente aos termos e


condições estabelecidos no edital, tanto os licitantes como a Administração Pública.

O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Visa garantir a estabilidade, previsibilidade e confiança no ambiente jurídico do pro-


cesso licitatório, por exemplo, uma vez publicado o edital suas regras não devem ser
alteradas de maneira arbitrária, proporcionando estabilidade e segurança aos licitan-
tes que se basearam nas condições iniciais para participar.

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O PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE NA LICITAÇÃO


PÚBLICA

Refere-se à necessidade de que as decisões administrativas no processo licitatório sejam


sensatas, proporcionais e adequadas às circunstâncias, levando-se em conta os meios e os
fins, no caso a finalidade pública. A razoabilidade do ato administrativo reside na observância
de critérios racionalmente aceitáveis, segundo o senso comum, ou seja, conforme a razão do
chamado homem médio. Esse critério visa invalidar condutas do poder público desarrazoa-
das e incoerentes praticadas em desconsideração às situações e as conjunturas que seriam
feitas por quem tivesse a aptidão normal de prudência e sensatez. Na proporcionalidade o
ato administrativo deve encontrar limites numa proporção razoável entre a sua extensão e
intensidade, de um lado, e a finalidade pública do outro como um balizador. Como exemplo,
aplicar penalidades de forma proporcional à gravidade da infração, evitando sanções excessi-
vas que não estejam devidamente justificadas pela natureza da irregularidade.

O PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Visa promover a ampla concorrência entre os participantes, garantindo igualdade de


oportunidades e estimulando a busca pela proposta mais vantajosa para a adminis-
tração pública, como assegurar que a licitação permita a participação de diferentes
empresas, fomentando a competição e evitando situações de monopólio, bem como
incentivar a competição com base na inovação.

O PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE NA LICITAÇÃO PÚBLICA

Visa garantir que os recursos públicos sejam utilizados de maneira eficiente e que as
despesas decorrentes da contratação sejam justificadas, buscando a melhor relação
entre custo e benefício, por exemplo, realizar pesquisas de preços no mercado para
garantir que os valores estimados no edital sejam compatíveis com a realidade, bem
como considerar a possibilidade de contratar serviços compartilhados, quando viável,
visando otimizar recursos ao compartilhar custos com outras entidades públicas como
a utilização da Ata de Registro de Preços, por exemplo.

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O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL NA LICITAÇÃO


PÚBLICA

Visa conciliar o desenvolvimento econômico do país com a preservação ambiental


e a promoção da responsabilidade social, como estabelecer critérios no edital que
incentivem a participação de licitantes que ofereçam produtos ou serviços com carac-
terísticas sustentáveis, como certificações ambientais, eficiência energética ou baixo
impacto ambiental, bem como incluir cláusulas contratuais que determinem o des-
carte responsável de resíduos gerados durante a execução do contrato, promovendo
a gestão ambiental adequada. A Administração Pública deve utilizar o seu poder de
compra para gerar benefícios que estimulem pequenos produtores e novas tecnolo-
gias que visam a utilização de tecnologias limpas.

OBJETIVOS DA LICITAÇÃO

A nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos, nº 14.133 de 1º de abril de


2021 (BRASIL, 2021) em seu Art. 11 elenca os objetivos da licitação:


Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:
I – Assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de con-
tratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive no
que se refere ao ciclo de vida do objeto;
II – Assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como
a justa competição;
III – Evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifesta-
mente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos;
IV – Incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é res-
ponsável pela governança das contratações e deve implementar
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles in-
ternos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios
e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos
estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro
e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planeja-
mento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência,
efetividade e eficácia em suas contratações.

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Proposta mais vantajosa para


administração pública

Tratamento isonômico
Governança das
5 2 entre os licitantes, com
contratações.
OBJETIVOS justa competição
DA LICITAÇÃO
LEI Nº 14.133/21 ART.11

Incentivo a inovação e o Evitar sobrepreço, preços


desenvolvimento nacional 4 3 manifestamente inexequíveis
sustentável e superfaturamentos

As fases ou ciclos da contratação estão interligadas de modo umbilical, e o fra-


casso de um ciclo pode comprometer toda a lógica construída na fase anterior.
As fases seriam o planejamento, a seleção do fornecedor e a contratação
propriamente dita com a celebração do ajuste contratual. Nota-se que há uma
sequência lógica entre essas fases. Dessa Forma, uma perspectiva de governança
de gestão de riscos é necessária para o sucesso de todo o processo, ou seja, há
uma cobrança para que a alta administração do órgão contratante se envolva no
processo de licitação e contratação, estabelecendo uma efetiva governança por
meio de processos de trabalho que permitam a gestão de riscos dessas contra-
tações visando que o objeto do contrato não seja perdido no meio do caminho,
por inexequibilidade da proposta ofertada no início do projeto.
A gestão de riscos significa considerar desde o início da contratação todos
os riscos envolvidos do empreendimento com plano de metas/contingência em
caso de inoperabilidade dos serviços, por exemplo.
As contribuições de Victor Aguiar Jardim de Amorim (AMORIM, 2021, p.
67) sobre o Art. 11 da lei:


O parágrafo único do art. 11 da Lei no 14.133/2021 evidencia a res-
ponsabilidade da alta administração de cada órgão ou entidade por
implementar, avaliar, monitorar e direcionar os processos e estru-

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

turas de governança de suas contratações. Por alta administração”


entendem-se os agentes públicos que dirigem a organização em
nível estratégico, correspondendo, em geral, aos ordenadores de
despesa em cada órgão e entidade e que ostentam maior enverga-
dura hierárquica na organização.

GOVERNANÇA DAS CONTRATAÇÕES

Governança das contratações significa que o processo licitatório deve ser feito com
planejamento. O processo licitatório deve ser entendido como um processo sistêmico
que envolve desde o início, com a abertura do edital e o chamamento público, até o
final do contrato. É um longo caminho e essa trajetória deve ser minuciosamente
detalhada em planos de trabalho, isso significa Governança da Contratação.
A lei no parágrafo único do art. 11 previu que a alta administração é respon-
sável pela governança das contratações e deve implementar processos e estru-
turas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar
e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos. Esse dispositivo
da lei foi um claro chamamento do legislador ordinário à alta administração
do órgão executor da licitação para que sejam estabelecidas normas internas
que prevejam alocação de agentes para que não haja concentração de servidores
realizando tarefas iguais, capacitação, criação de cargos e estruturas compatíveis
com o desafio que é fazer boas escolhas e licitar com sucesso.
A lei nova já chegou inovando muito nesse tema da Governança dispondo
como condição para a continuidade do contrato a implantação de programas de
compliance por parte da licitante contratada. Esse programa trata de uma série
de medidas, e uma delas é o estabelecimento de programas de integridade.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Programa de integridade são instrumentos de compliance e consistem em proce-


dimentos internos que as empresas estabelecem, sejam elas públicas ou privadas,
chamado de controles internos. Esses controles internos possuem mecanismos
que visam promover auditoria para detectar eventuais desvios ou irregularidades.
Ela age preventivamente, auxiliando os gestores na tomada de decisões e previ-
nem riscos graves para as empresas.

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U N I AS S E LVI

Conforme dispõe o Tribunal de Contas da União (TCU), sobre Governança


(BRASIL, 2013, p. 56),


(...) a função da governança é garantir que as ações das organiza-
ções estejam alinhadas com o interesse público. Por isso, considera
importante: (a) a integridade, os valores éticos; (b) a abertura e o
engajamento das partes interessadas; (c) a definição de resultados
e de benefícios sustentáveis em termos econômicos, sociais e am-
bientais; (d) a definição de intervenções necessárias para poten-
cializar e otimizar resultados e benefícios; e (e) o desenvolvimento
das capacidades (das organizações, da liderança e dos indivíduos)
necessárias àquele fim; (f) a gestão de riscos e de desempenho
(sustentado por controles internos e instrumentos robustos de
gestão das finanças públicas); e (g) a transparência e a accountabi-
lity (possível por meio da implementação de boas práticas, como
as relacionadas a prestação de contas e responsabilização).

E M FO CO

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tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Vivenciamos diariamente o impacto das licitações públicas em nossa sociedade.
A atividade econômica é impulsionada pelo poder público, que constrói infraes-
truturas vitais como estradas, pontes, hospitais, escolas, além de realizar obras de
engenharia e adquirir suprimentos para hospitais. Esse colossal poder de com-
pra do Estado, ao celebrar contratos administrativos com a iniciativa privada,
dinamiza a economia, gerando empregos e contribuindo para a redução das
desigualdades sociais e regionais.
O poder de compra do Estado reflete uma dinâmica semelhante à nossa vida
cotidiana. Assim como nós compramos, vendemos, alugamos e contratamos, o
Estado, por meio de sua máquina administrativa, executa essas mesmas ações.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

A peculiaridade está na complexidade desses processos para a Administração


Pública, que precisa seguir estritamente a lei em suas decisões.
A governança das contratações, presente na fase preparatória das licitações,
representa um avanço importante. A nova lei estabelece a obrigatoriedade de
implantação de programa de integridade pelos licitantes vencedores em contra-
tações de grande vulto, promovendo a transparência e ética nos processos.
Os princípios da licitação, fundamentados na Constituição Federal de 1988,
norteiam todo o sistema de contratações públicas no Brasil. Valores como legali-
dade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade e eficiência são essen-
ciais em cada etapa do processo licitatório, contribuindo para a boa governança
e desenvolvimento sustentável do país.
Em resumo, a interligação entre teoria e prática nas licitações públicas é vital
para o sucesso dos processos. A compreensão profunda do novo marco legal,
aliada à aplicação efetiva dos princípios, contribui não apenas para o fortaleci-
mento da democracia e boa governança, mas também para a eficiência e ética na
utilização dos recursos públicos. A Governança, como ferramenta moderna, pro-
move a transparência e integridade nos contratos, impulsionando tanto o setor
público quanto à iniciativa privada em direção a um futuro mais eficiente e ético.

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AUTOATIVIDADE

1. Qual dos seguintes princípios não está previsto na Lei 14.133/21, que regulamenta as lici-
tações e contratos administrativos no Brasil?

a) Princípio da competitividade.
b) Princípio da eficiência.
c) Princípio da transparência.
d) Princípio do planejamento.
e) Princípio do diálogo competitivo.

2. As licitações devem ser feitas observando o princípio da segregação de funções.

Dentre os objetivos da licitação, quais opções estão conforme o estabelecido na Lei 14.133/21?

I - Assegurar a proposta mais vantajosa para a administração pública.


II - A fim de garantir a justa competição, estimular o sobrepreço e os preços que se apre-
sentem inexequíveis e superfaturamentos.
III - Somente estabelecer tratamento isonômico entre os licitantes iguais bem como a justa
competição entre os desiguais.

Assinale a alternativa correta:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

3. Quais dos seguintes princípios estão estabelecidos na Lei 14.133/21 como princípios das
licitações e contratos administrativos?

a) Princípio da Arbitragem e Princípio da Confidencialidade.


b) Princípio da Inconstitucionalidade e Princípio da Igualdade.
c) Princípio da Eficiência e Princípio da Propriedade Privada.
d) Princípio da Isonomia e Princípio da Publicidade.
e) Princípio do diálogo competitivo e Princípio da Governança.

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REFERÊNCIAS

AMORIM, V. A. J. Licitações e contratos administrativos: teoria e jurisprudência. Brasília: Senado


Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2021.

BORDALO, R. R. Nova Lei de licitações e contratos administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657,de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas do direito


brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República, 4 set. 1942. Disponível em: https://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de Contratações


Públicas - RDC; altera a Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização
da Presidência da República e dos Ministérios, a legislação da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 4 ago. 2011. Disponível em: https://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12462.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança/ Tribunal de Contas


da União. Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, Coordenação-Ge-
ral de Controle Externo dos Serviços Essenciais ao Estado e das Regiões Sul e Centro-Oeste.
Brasília, DF: Tribunal de Contas da União, 2013. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/data/
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PDF. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de lici-
tação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Gov.br, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/legislacao-geral/
leis/lei-no-10-520-de-17-de-julho-de-2002. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1 abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei Complementar nº 198, de 28 de junho de 2023. Altera a Lei Complementar nº 91,
de 22 de dezembro de 1997. Brasília, DF: Presidência da República, 28 jun. 2023. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp198.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 11.430 de 8 de março de 2023. Regulamenta a Lei nº 14.133, de 1º de abril de


2021, para dispor sobre a exigência, em contratações públicas, de percentual mínimo de mão
de obra constituída por mulheres vítimas de violência doméstica [...]. Brasília, DF: Presidência
da República, 8 mar. 2023b. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-
2026/2023/decreto/D11430.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Decreto 11.462 de 31 de março de 2023. Regulamenta os art. 82 a art. 86 da Lei nº


14.133, de 1º de abril de 2021, para dispor sobre o sistema de registro de preços para a contrata-
ção de bens e serviços, inclusive obras e serviços de engenharia, no âmbito da Administração
Pública federal direta, autárquica e fundacional. Brasília, DF: Presidência da República, 31 mar.
2023c. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/
D11462.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

CARDOSO, L. O.; ALVES, P. R. A Nova lei de licitações e a inexorável chegada da governança


das contratações. Brasília: Editora Mente Aberta, Rede Governança Brasil, 2021. E-book.

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GABARITO

1. Alternativa E. Princípio do diálogo competitivo.

2. Alternativa A. Assegurar a proposta mais vantajosa para a administração pública.

3. Alternativa D. Princípio da Isonomia e Princípio da Publicidade.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 3

FASES DA LICITAÇÃO

MINHAS METAS

Compreender o conceito de Procedimento Licitatório e Fases da Licitação.

Identificar os conceitos doutrinários sobre as Fases da Licitação.

Entender as diferenças entre as Fases da Licitação.

Explorar as principais mudanças advindas na nova lei geral de licitações e contratações


como a inversão de fases habilitação e julgamento.

Compreender as Fases da Licitação no contexto da lei 8.666/93 e na nova lei geral de


licitações pública a lei 14.133/21.

Entender a Fase Preparatória.

Relacionar os conceitos de Fase interna e Fase externa.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Estudante, vamos iniciar o tema analisando como a complexa ritualística do
procedimento licitatório pode ser otimizada para garantir não apenas a eficiên-
cia da Administração Pública, mas também a participação efetiva dos licitantes.
Promovendo, dessa maneira, transparência, agilidade e assegurando a seleção da
proposta mais vantajosa em contratos públicos.
Imagine a situação em que um município planeja a construção de uma nova ponte
para melhorar a mobilidade urbana. O procedimento licitatório é iniciado com a auto-
rização da autoridade máxima do órgão, que reconhece a necessidade pública da obra.
Agentes especializados elaboram estudos detalhados para definir o escopo do projeto.
Portanto, no sistema das Licitações, a Administração Pública se vale de um pro-
cedimento chamado procedimento licitatório. Esse procedimento administrativo é
formal e isso significa dizer que, para a garantia do interesse público e dos interes-
sados em contratar com o poder público, são estabelecidas diversas fases e etapas.
Por estar envolvido dinheiro público, esse procedimento é formal, solene, com leis
e princípios específicos. Há uma ritualística própria disciplinada normativamente
tanto na Constituição Federal como em leis infraconstitucionais.
Podemos citar como exemplo dessa ritualística, um engenhoso passo-a-passo
de fases, como a autorização feita pela autoridade máxima do órgão para que
o certame licitatório ocorra, estudos para definir o objeto que se vai adquirir,
previsão de recursos orçamentários para desembolso das despesas advindas do
contrato, feitura do edital por agentes treinados e especializados no assunto, fei-
tura da minuta do contrato a ser firmada no futuro, empenho orçamentário para
que se possa honrar o pagamento da obra, serviço ou compra, e assim por diante.
Dentro do contexto das fases da licitação, devemos compreender que há um
caminho a ser percorrido que exige uma sucessão de atos e fatos, tanto da Ad-
ministração Pública, como de atos e fatos dos licitantes.
Há fases internas e externas, ou seja, fases que ocorrem internamente no
órgão que está elaborando os estudos preparatórios, não sendo ainda divulgado
publicamente. E a fase externa, em que o procedimento licitatório é conhecido
externamente para que os interessados possam ler o edital e se manifestarem,
seja por meio das propostas seja apresentando um recurso.
Vamos entender como essas fases são conduzidas dentro da órbita licita-
tória? Vamos lá!

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Você sabe qual a diferença real entre adjudicação e homologação? Quem faz a ad-
judicação? Quem faz a homologação? Saiba mais sobre como a homologação as-
segura a legalidade do processo licitatório neste episódio de Podcast: Desvendan-
do os Mistérios da Adjudicação e Homologação nos Processos Licitatórios. Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Assista ao vídeo A preparação da fase interna na Nova Lei de Licitações e reflita
sobre as oportunidades que a Lei 14.133/21 oferece para aprimorar os processos
internos de licitação.
Após assistir ao vídeo elabore um roteiro que explore as nuances da fase interna,
destacando as principais alterações legislativas e fornecendo insights importantes
para gestores públicos, empresários e profissionais envolvidos em processos
licitatórios. Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=YDPX7nrvVBA.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E AS FASES DA LICITAÇÃO

Destacamos que licitação é um procedimento administrativo formal, vinculado,


por meio da qual a Administração Pública seleciona a melhor proposta entre as
oferecidas pelos licitantes proponentes com o objetivo de firmar um contrato futuro
que atenda aos interesses públicos e coletivos almejados naquele procedimento.
Esse procedimento demanda uma ritualística própria que não se exaure ins-
tantaneamente. É necessário uma série de atos ordenados que se materializam
por meio de fases.
Essas fases são dispostas na lei de modo sequencial: a fase preparatória (pla-
nejamento), a fase de divulgação do edital, apresentação de propostas, seleção de
fornecedores julgamento), de habilitação (análise de documentos habilitatórios),
recursal e a fase de homologação.

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U N I AS S E LVI

Na Lei nº 8.666/93 não houve a


preocupação de dispor de capítu-
lo próprio dedicado às fases da li-
citação, já na Lei 14.133/21 houve
uma preocupação em dar ênfase
às fases da licitação, visto que há
um capítulo inteiro que trata do
tema da fase preparatória que é o
Capítulo II da Lei 14.133/21.
Enquanto na Lei nº 8.666/93
o procedimento previa: edital,
habilitação, julgamento, homo-
logação e adjudicação – habi-
lita para depois julgar – no
Pregão inverteram-se as fases de jul-
gamento e habilitação, ou seja, primeiro
julga para depois habilitar. Essa inversão
de fases também foi reproduzida na nova sis-
temática legal e é uma das novidades que a Lei
14.133/21 trouxe.
A fase de julgamento é invertida e se apresenta antes
da fase de habilitação, como já existia no procedimento
do pregão, só que agora essa previsão consta da própria
lei geral de contratações públicas. Essa foi uma gran-
de novidade dentro das fases da licitação que a nova
lei trouxe, deixando mais sistematizadas as fases e suas
funções dentro do procedimento.
Nos termos do Art. 17 da nova lei de licitações as
fases do processo de licitação observarão as seguintes
fases, em sequência: I - preparatória; II - de divulgação
do edital de licitação; III - de apresentação de propostas
e lances, quando for o caso; IV - de julgamento; V - de
habilitação; VI - recursal; e VII - de homologação.

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Observe o esquema a seguir para melhor visualização das fases.

Preparatória

De divulgação do edital de
licitação
FASES DA LICITAÇÃO

De apresentação de
propostas e lances, quando
for o caso

De julgamento

De habilitação

Recursal

De homologação

Figura 1 – Fases da Licitação / Fonte: a autora.

Percebe a sequência lógica das fases? O próprio Artigo 17 fala textualmente “em
sequência” o que por si só denota que o legislador pretendeu trazer esse sentido
sequencial que deve ser observado no procedimento licitatório. De modo que,
as fases anteriores se mostram essenciais ao sucesso das posteriores. Inclusive,
essa organização também retrata o caráter de Governança que a nova lei de licita-
ções traz muito fortemente em vários de seus dispositivos e que nada mais é que
estabelecer controles eficientes à mitigação de riscos, sendo a gestão de riscos e
controle preventivo também um dos instrumentos de governança.
Artigo 17 da Lei 14.133/21 (BRASIL, 2021):

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Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em
sequência:
I - preparatória;
II - de divulgação do edital de licitação;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV - de julgamento;
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação.
§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá, me-
diante ato motivado com explicitação dos benefícios decorrentes,
anteceder as fases referidas nos incisos III e IV do caput deste artigo,
desde que expressamente previsto no edital de licitação.
§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma
eletrônica, admitida a utilização da forma presencial, desde que
motivada, devendo a sessão pública ser registrada em ata e gra-
vada em áudio e vídeo.
§ 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o inciso
IV do caput deste artigo, o órgão ou entidade licitante poderá,
em relação ao licitante provisoriamente vencedor, realizar análi-
se e avaliação da conformidade da proposta, mediante homolo-
gação de amostras, exame de conformidade e prova de conceito,
entre outros testes de interesse da Administração, de modo a
comprovar sua aderência às especificações definidas no termo
de referência ou no projeto básico.
§ 4º Nos procedimentos realizados por meio eletrônico, a Admi-
nistração poderá determinar, como condição de validade e eficácia,
que os licitantes pratiquem seus atos em formato eletrônico.
§ 5º Na hipótese excepcional de licitação sob a forma presencial a que
refere o § 2º deste artigo, a sessão pública de apresentação de propos-
tas deverá ser gravada em áudio e vídeo, e a gravação será juntada aos
autos do processo licitatório depois de seu encerramento.
§ 6º A Administração poderá exigir certificação por organização in-
dependente acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qua-
lidade e Tecnologia (Inmetro) como condição para aceitação de:

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I - estudos, anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos;


II - conclusão de fases ou de objetos de contratos;
III - material e corpo técnico apresentados por empresa para fins
de habilitação.

Quando se tem mapeado de forma detalhada cada fase, fica mais fácil gerir
eventuais problemas que possam surgir no meio do caminho. Lembre-se que
o procedimento licitatório é um procedimento formal e, para tanto, requer o
cumprimento solene de etapas que vão desde a fase interna do planejamento até
a homologação. Observe como há uma ritualística envolvida. E esse ritual, sendo
bem organizado e claro, evita fraudes e traz segurança jurídica para tomada de de-
cisões tanto por parte da Administração Pública como para as empresas licitantes.

A habilitação no processo licitatório é uma fase crucial para garantir que a empresa
interessada em participar da licitação possua condições jurídicas, técnicas,
econômicas e financeiras para executar o contrato.

Durante o processo licitatório a habilitação ocorre após a análise da proposta


apresentada pelos concorrentes. Essa foi uma novidade trazida pela Lei 14.133/21
que inverte as fases. A ideia é que, após verificar a adequação da proposta às exi-
gências públicas do edital, a administração avalie se a empresa licitante possui a
capacidade necessária para cumprir as obrigações contratuais.
Os documentos exigidos para a habilitação variam de acordo com o tipo
de licitação e as especificidades do objeto a ser contratado. Em geral, incluem
comprovações de regularidade fiscal, trabalhista, previdenciária, habilitação ju-
rídica, qualificação técnica, e, em alguns casos, garantias de que a empresa tem
condições financeiras de realizar o contrato.
Pela nova sistemática da lei 14.133/21, a habilitação é realizada pela comissão
de contratação ou pelo agente de contratação, que verifica a conformidade e a
validade dos documentos apresentados. A ideia é garantir que a empresa licitante
não apenas apresente uma proposta condizente com o edital, mas também que
ela possua capacidade técnica e financeira para efetivamente executar o contrato,
caso seja escolhida como vencedora.

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É fundamental que as empresas interessadas em participar de licitações es-


tejam atentas aos requisitos de habilitação, organizando antecipadamente a sua
documentação. Caso a empresa esteja inabilitada, ela perde a chance de concorrer
ao contrato, sendo desclassificada do certame.

CONCEITOS DOUTRINÁRIOS

O procedimento licitatório, a depender do ato a ser executado, é dividido em


fases interna e externa. A fase interna começa com o ato de abertura do processo
administrativo e é a fase de preparação da contratação.
Gustavo Santanna (SANTANNA, 2013) explica que a inversão das fases já
existia no procedimento do pregão, sendo uma das mais marcantes alterações
trazidas à época em que ele foi criado. Essa inversão consiste na inversão das
fases de habilitação e julgamento, vindo esta antes daquela. Isso proporcionou
maior celeridade ao trâmite licitatório em que o pregoeiro (e não a comissão
de licitação, como era no procedimento da Lei nº 8.666/93) primeiro procede
a abertura dos envelopes contendo as propostas e, somente depois de definir
quem é o licitante classificado em primeiro lugar, é aberto o envelope com os
documentos de habilitação.
Vejamos o que diz a doutrina a respeito das fases da licitação:
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello (MELLO, 2015, p. 594-
595), as fases de licitação são:


Sendo a licitação um procedimento, desdobra-se em fases. A
realização e regular exaurimento de cada qual é pressuposto e
requisito da fase subsequente. Daí que a conclusão da etapa ante-
cedente condiciona a irrupção da subsequente. Entendemos que
a licitação, após sua abertura pelo edital, isto é, a partir de sua
etapa externa, compreende dois momentos fundamentais (sem
prejuízo de subdivisões outras), a saber: a) análise das condições
dos interessados que afluem à licitação; e b) análise das propostas.
Estes são seus dois estádios fundamentais.

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Maria Sylvia Zanella Di Pietro nos ensina sobre o procedimento com fases no
modo invertido (DI PIETRO, 2019, p. 291) :


Sabe-se que, no procedimento estabelecido pela Lei nº 8.666/1993,
a habilitação precede necessariamente o julgamento, o que tem sido
objeto de críticas por parte da doutrina, pelos conflitos comuns na
fase de habilitação, em que já se estabelece competição entre os
licitantes; esses conflitos normalmente não são resolvidos na via
administrativa, levando as partes a litigarem no Poder Judiciário,
atrasando o término do procedimento, em prejuízo do interesse
público. Na Lei nº 10.520, de 17/7/2002, que instituiu o pregão
como modalidade de licitação, essa inversão é prevista em caráter
obrigatório, conforme Art. 4º, incisos VII a XIII.

Já para a doutrinadora Lindineide as fases da contratação retratam o macropro-


cesso de planejar (CARDOSO, 2021, p. 7):


De ressaltar que o objetivo primordial das contratações públicas
reside no atendimento ao interesse público, que deve ser respaldado
em um macroprocesso de planejamento que envolve fases pontuais
e bem estruturadas que visem, sobretudo, ao atendimento das ne-
cessidades demandadas através de solução adequada (produtos,
serviços), sem descuidar da análise dos possíveis riscos inseridos
em todas as fases da pretensa contratação. Não há como falar em
execução contratual eficiente sem que tenha havido, no âmbito do
próprio órgão, preliminarmente, um processo de planejamento bem
estruturado que vise, sobretudo, a identificar objetivamente as suas
necessidades, conceber uma solução técnica para o seu atendimento
e determinar a viabilidade econômica e jurídica da contratação.

Destaque para as contribuições de Alexandre Mattos, quando estuda a nova lei


de licitações e suas fases (MATTOS, 2021, p. 48):


A única ressalva feita à sequência dessas fases é a possibilidade de
que a etapa de habilitação (V) venha a anteceder as etapas de apre-
sentação de propostas e lances (III) e de julgamento (IV), desde
que devidamente motivado os benefícios dessa inversão, além de

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previsão expressa no edital de licitação (Art. 17, §1°, NLLC). Além


disso, as licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma
eletrônica, admitida a utilização de forma presencial desde que mo-
tivada, oportunidade em que a sessão pública deve ser registrada
em ata e gravada em áudio e vídeo (Art. 17, §2°, NLLC). O fato é
que a nova lei geral de licitações e contratos inova em relação à lei
8.666/93, agora trazendo a possibilidade da inversão das fases de
habilitação e julgamento, o que já era possível somente na modali-
dade de licitação pregão e que agora está disciplinada na lei geral.

Assim, o processo de licitação é um procedimento formal, sequenciado por fases,


e a Administração Pública deve estruturar o procedimento com o seu plano de
contratação anual e com as leis orçamentárias, bem como abordar todas as consi-
derações técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação.

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DA FASE PREPARATÓRIA E DAS FASES INTERNAS E


EXTERNAS

A fase preparatória está disposta no Art. 18 da nova lei de licitações, a Lei


14.133/21 (BRASIL, 2021) e o legislador ordinário reservou uma seção inteira
dentro do Capítulo II para disciplinar a matéria.
O princípio do planejamento é a força motora des- Princípio do
sa fase . É na fase preparatória que são elaborados os planejamento é a
documentos que darão base estruturante à condução força motora dessa
do processo. Por meio desse planejamento, são defini- fase
dos o objeto da contratação e elaborado o edital, defi-
nem-se metas, prazos, valores, enfim, é a fase interna do procedimento licitatório.

Descrição da
Elaboração
necessidade
do edital de
da
licitação
contratação
fundamentada
Elaboração de em estudo
técnico Definição
minuta de contrato,
preliminar do objetivo
quando necessária Termo de referência,
anteprojeto, projeto
básico ou projeto,
executivo, conforme
o caso
Regime de
fornecimento
de bens, de Caracterize
prestação de o interesse
serviços ou público
de execução envolvido
de obras e FASE
serviços de PREPARATÓRIA
engenharia
Definição das garantias
e das condições de
rebebimento
Minuta de contrato
como anexo do
Definição das
edital
condições de
execução e
pagamento
Análise
dos riscos
Orçamento
estimado, com as
Motivação
Modalidade composições dos
circunstanciada Critério de
de licitação preços
julgamento

Figura – Fases Preparatórias / Fonte: https://www.canva.com/design/DAF2UBCXzig/EM4Fy1OS_2zBNylL-


7l6OZA/view?utm_content=DAF2UBCXzig&utm_campaign=share_your_design&utm_medium=link&utm_
source=shareyourdesignpanel. Acesso em: 24 abr. 2024.

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Vejamos o que diz o Artigo 18 da lei 14.133/21 (BRASIL, 2021) ao tratar da fase
preparatória:


Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada
pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de con-
tratações anual de que trata o inciso VII do caput do Art. 12 desta
Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, bem como
abordar todas as considerações técnicas, mercadológicas e de gestão
que podem interferir na contratação, compreendidos:
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estu-
do técnico preliminar que caracterize o interesse público envolvido;
II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por
meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto
executivo, conforme o caso;
III - a definição das condições de execução e pagamento, das garan-
tias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento;
IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utili-
zados para sua formação;
V - a elaboração do edital de licitação;
VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que
constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação;
VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços
ou de execução de obras e serviços de engenharia, observados os
potenciais de economia de escala;
VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo
de disputa e a adequação e eficiência da forma de combinação des-
ses parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a gerar
o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração
Pública, considerado todo o ciclo de vida do objeto;
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como
justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante indicação
das parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do ob-
jeto, e de qualificação econômico-financeira, justificativa dos critérios
de pontuação e julgamento das propostas técnicas, nas licitações com
julgamento por melhor técnica ou técnica e preço, e justificativa das
regras pertinentes à participação de empresas em consórcio;

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X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da lici-


tação e a boa execução contratual;
XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da
licitação, observado o art. 24 desta Lei.
§ 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I do caput
deste artigo deverá evidenciar o problema a ser resolvido e a sua
melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabilidade téc-
nica e econômica da contratação, e conterá os seguintes elementos:
I - descrição da necessidade da contratação, considerado o proble-
ma a ser resolvido sob a perspectiva do interesse público;
II - demonstração da previsão da contratação no plano de con-
tratações anual, sempre que elaborado, de modo a indicar o seu
alinhamento com o planejamento da Administração;
III - requisitos da contratação;
IV - estimativas das quantidades para a contratação, acompanhadas
das memórias de cálculo e dos documentos que lhes dão suporte,
que considerem interdependências com outras contratações, de
modo a possibilitar economia de escala;
V - levantamento de mercado, que consiste na análise das alterna-
tivas possíveis, e justificativa técnica e econômica da escolha do
tipo de solução a contratar;
VI - estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços uni-
tários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe
dão suporte, que poderão constar de anexo classificado, se a Admi-
nistração optar por preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação;
VII - descrição da solução como um todo, inclusive das exigências
relacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for o caso;
VIII - justificativas para o parcelamento ou não da contratação;
IX - demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de eco-
nomicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos,
materiais e financeiros disponíveis;
X - providências a serem adotadas pela Administração previamente
à celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de servido-
res ou de empregados para fiscalização e gestão contratual;
XI - contratações correlatas e/ou interdependentes;
XII - descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas medi-
das mitigadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de energia

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e de outros recursos, bem como logística reversa para desfazimento


e reciclagem de bens e refugos, quando aplicável;
XIII - posicionamento conclusivo sobre a adequação da contratação
para o atendimento da necessidade a que se destina.
§ 2º O estudo técnico preliminar deverá conter ao menos os elemen-
tos previstos nos incisos I, IV, VI, VIII e XIII do § 1º deste artigo e,
quando não contemplar os demais elementos previstos no referido
parágrafo, apresentar as devidas justificativas.
§ 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar para contrata-
ção de obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada a
inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de desempe-
nho e qualidade almejados, a especificação do objeto poderá ser
realizada apenas em termo de referência ou em projeto básico,
dispensada a elaboração de projetos.

Nessa fase, a Administração pode realizar audiências públicas, no modo pre-


sencial ou no formato eletrônico, com vistas a ouvir a opinião e promover de-
bates com a participação dos cidadãos. Essas audiências visam ampliar o debate
sobre determinada tecnologia, por exemplo, ou uma novidade no mercado, ou
mesmo sobre qual a melhor solução a ser adotada, aberta a indivíduos e a grupos
sociais determinados, visando à legitimidade da ação administrativa por meio
de oitivas de especialistas em determinada matéria.

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A descrição da necessidade da contratação, considerado o problema a ser resolvido


sob a perspectiva do interesse público, deve vir motivada, ou seja, a Administração
Pública deve indicar o motivo que ensejou tal escolha e não outra, por exemplo.
Para melhor viabilização Rodrigo Bordalo em sua obra Nova Lei de Licita-
ções e Contratos Administrativos, 2021, p. 45, faz um recorte dos instrumentos
previstos na fase preparatória com um quadro comparativo entre a Lei 8.666/93
e aqueles inseridos pela nova Lei 14.133/21. Vejamos:

LEI N. 8.666/93 PREVIA


INSTRUMENTOS DEFINIÇÃO
EXPRESSAMENTE?

Documento que integra a primeira


fase do planejamento (descrição
ESTUDO TÉCNICO Não
da necessidade de contratação)
PRELIMINAR Não
e que serve de base aos demais
instrumentos.

TERMO DE Documento descritivo do objeto


Não
REFERÊNCIA contratual de bens e serviços.

Peça técnica que subsidia a elabo-


ANTEPROJETO Não
ração do projeto básico.

Documento com nível de precisão


adequado para definir a obra ou
serviço (custo, métodos, prazo
PROJETO BÁSICO Sim
etc.), de modo a assegurar sua
viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental.

Documento contendo os elemen-


PROJETO
Sim tos para execução da obra, com
EXECUTIVO
detalhamento do projeto básico.

Quadro 1 – Instrumentos da Fase Preparatória – Art 18 Lei 14.133/ / Fonte: Bordalo (2021, p. 45).

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Na fase preparatória há a descrição do objeto. O objeto deve ser muito bem de-
finido, de modo claro e objetivo já que ele – o objeto da licitação – é quem dará
o norte para todas as etapas seguintes, como escolha da modalidade licitatória,
definição dos prazos de execução e de entrega da compra ou do serviço e os
documentos necessários para habilitar as empresas licitantes.
A fase preparatória é concebida como um período no qual a Administração
Pública realiza estudos e levantamentos necessários para estruturar de maneira
eficiente e transparente a contratação que pretende realizar. Nesse sentido, a nova
lei visa proporcionar uma melhor qualidade nas decisões tomadas, mitigando
riscos e assegurando maior eficácia na gestão dos recursos públicos.
Essa etapa compreende a elaboração do termo de referência ou projeto básico
que deve conter informações sobre o objeto da contratação como as necessidades a
serem atendidas, os critérios de seleção, os prazos e demais elementos fundamentais
para o entendimento do que está sendo licitado. O cuidado na construção desse do-
cumento é crucial, uma vez que ele servirá como base para todo o processo licitatório
subsequente, será divulgado no portal eletrônico e todos podem ver e consultar.
Além disso, a Lei 14.133/21 estabelece a possibilidade de realização de au-
diências públicas durante a fase preparatória, em casos específicos. Amplian-
do, assim, a participação da sociedade e garantindo maior transparência. Essa
inovação busca envolver os cidadãos nas decisões que impactam diretamente
a comunidade, promovendo, assim, a responsabilização e a fiscalização efetiva
das ações do poder público.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

A fase preparatória está atrelada à eficiência, economicidade e qualidade das


contratações públicas, na medida em que busca uma maior segurança jurídica e a
redução dos problemas durante a execução do contrato. Isso se dá com um plano
muito bem elaborado de metas alinhadas com a modernização e aprimoramento
do sistema de compras governamental.
A etapa seguinte à divulgação do edital é a apresentação das propostas pelas
empresas licitantes e é nessa fase que ocorre a disputa entre as empresas e é con-
siderada como a fase externa.

E M FO CO

Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este


tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

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U N I AS S E LVI

NOVOS DESAFIOS
Estudante, chegamos ao ponto crucial de nossa jornada de estudos, em que a teoria se
entrelaça com a prática, preparando-o para os desafios do futuro ambiente profissio-
nal. Ao explorarmos as fases da licitação, percebemos como a recente Lei 14.133/21
trouxe inovações, destacando a relevância da fase preparatória no processo licitatório.
Imaginemos um cenário prático que você, em seu futuro profissional, poderá
enfrentar: um município busca contratar uma empresa de tecnologia para imple-
mentar um sistema de gestão. Antes mesmo de iniciar o procedimento licitatório,
é vital compreender a importância da fase preparatória. Aqui, o planejamento se
torna o ponto de partida, pois é durante essa fase que se define a necessidade da
contratação e se estabelece o objeto por meio de documentos como o Termo de
Referência, Projeto Básico e o Estudo Técnico Preliminar.
Nessa etapa, são delineadas as condições de execução e do pagamento, são
calculados o orçamento estimado e as composições dos preços. Toda essa com-
plexidade é compilada no Edital de licitação e na minuta do contrato, propor-
cionando a base essencial para o andamento do procedimento.
É notável que a fase preparatória vai além da burocracia, ela é o ponto de
partida estratégico, determinando a modalidade de licitação, o critério de julga-
mento e estabelecendo o princípio do planejamento para garantir uma condução
eficiente do procedimento.
Vimos que a inversão de fases, agora regulamentada pela nova lei, destaca-se
como uma ferramenta ágil, em que o julgamento das propostas precede a habili-
tação, economizando tempo e simplificando a verificação documental.
A legislação recente também trouxe a preferência por licitações eletrônicas,
consolidando uma prática já conhecida no Pregão Eletrônico. Essa mudança,
ao integrar o modelo eletrônico à nova lei geral, visa proporcionar segurança
jurídica e unificar as práticas licitatórias em um único documento legal.
Portanto, estudante, ao absorver esses conhecimentos, você está não apenas
compreendendo as fases da licitação, mas também se preparando para um am-
biente profissional dinâmico e desafiador. Lembre-se de que a aplicação prática
desses conceitos será fundamental em sua jornada futura, em que a conexão entre
teoria e prática é a chave para o sucesso. Continue explorando, questionando
e integrando seu aprendizado para se destacar no universo profissional que o
aguarda. Estamos construindo juntos o alicerce para um futuro promissor.

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AUTOATIVIDADE

1. Quais são as fases da licitação de acordo com a Lei 14.133/21?

a) Fase de Habilitação, Fase de Julgamento, Fase de Homologação, Fase de Adjudicação


e Fase de Contratação.
b) Fase de Inexigibilidade, Fase de Anulação, Fase de Planejamento, Fase de Licitação e
Fase de Execução.
c) Fase preparatória, fase de divulgação do edital de licitação, fase de apresentação de
propostas e lances, quando for o caso, fase de julgamento, fase de habilitação, fase
recursal, fase de homologação.
d) Fase de Manifestação de Interesse, Fase de Diálogo Competitivo, Fase de Seleção de
Participantes, Fase de Propostas e Fase de Homologação.
e) Fase de Anulação, Fase de Deliberação, Fase de Contratação, Fase de Fiscalização e
Fase de Avaliação.

2. Quanto às principais diferenças entre as fases da licitação previstas na Lei 14.133/21 e na


Lei 8.666/93, analise as afirmativas a seguir:

I - Na Lei 14.133/21, a fase de habilitação é feita logo no início, incluindo a manifestação de


interesse, enquanto na Lei 8.666/93, destaca-se a fase de habilitação posteriormente.
II - A Lei 14.133/21 introduziu a fase de diálogo competitivo, ausente na Lei 8.666/93.
III - Na Lei 8.666/93, a fase de habilitação precede o julgamento que define a melhor pro-
posta, ao contrário da Lei 14.133/21 que inovou trazendo a inversão de fases onde a
habilitação passa a ser uma fase final.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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AUTOATIVIDADE

3. No contexto do processo licitatório em conformidade com a Lei 14.133/21, qual a diferença


fundamental entre adjudicação e homologação?

a) A adjudicação refere-se à escolha do licitante vencedor, enquanto a homologação é a


aprovação final do processo pela autoridade competente.
b) Adjudicação e homologação são atos exclusivos dos processos licitatórios na fase de
recursos.
c) A adjudicação é o ato de formalizar o contrato com o licitante vencedor, enquanto a
homologação é o registro formal de todos os participantes do processo.
d) Adjudicação e homologação são procedimentos distintos, mas ambos dizem respeito à
fase de habilitação dos licitantes.
e) A adjudicação é a análise técnica das propostas, enquanto a homologação é a análise
financeira, ambas feitas pela comissão de licitação.

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REFERÊNCIAS

BORDALO, R. R. Nova Lei de licitações e contratos administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de lici-
tação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Gov.br, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/legislacao-geral/
leis/lei-no-10-520-de-17-de-julho-de-2002. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1 abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

CARDOSO, L. O.; ALVES, P. R. A Nova lei de licitações e a inexorável chegada da governança


das contratações. Brasília: Editora Mente Aberta. Rede Governança Brasil, 2021. E-book.

DI PIETRO, M. S. Z. Parcerias na administração pública: concessão, permissão, franquia, tercei-


rização, parceria público-privada. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.

MATTOS, A. F. Nova lei de licitações e contratos administrativos: comentários à Lei n°


14.133/2021. Brasília: Ed. dos Autores, 2021. E-book.

MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

SANTANNA, G. da S. Direito administrativo: série objetiva/ Gustavo Santanna. 3. ed. Porto Ale-
gre: Verbo Jurídico, 2013.

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GABARITO

1. Alternativa C. Fase preparatória, fase de divulgação do edital de licitação, fase de apresenta-


ção de propostas e lances, quando for o caso, fase de julgamento, fase de habilitação, fase
recursal, fase de homologação.

2. Alternativa B. Na Lei 8.666/93, a Fase de habilitação precede o julgamento que define a


melhor proposta, ao contrário da Lei 14.133/21 que inovou trazendo a inversão de fases onde
a habilitação passa a ser uma fase final.

3. Alternativa A. A adjudicação refere-se à escolha do licitante vencedor, enquanto a homolo-


gação é a aprovação final do processo pela autoridade competente.

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UNIDADE 2
TEMA DE APRENDIZAGEM 4

MODALIDADES LICITATÓRIAS E
CRITÉRIOS DE JULGAMENTO

MINHAS METAS

Propiciar reflexão a respeito das modalidades licitatórias.

Apreender conhecimentos relativos aos critérios de julgamento.

Demonstrar os elementos característicos das modalidades licitatórias advinda da nova lei


geral de licitações.

Explicar a nova modalidade de licitação, diálogo competitivo, advinda da lei 14.133/21,

Compreender o novo critério de julgamento, maior retorno econômico, advindo da lei


14.133/21.

Entender como se aplicam os critérios de julgamento aos tipos de modalidades licitatórias.

Refletir a respeito das diferenças entre os tipos de critérios de julgamento.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


A partir da promulgação da Lei 14.133 de 1º de abril de 2021, que instituiu o novo
marco legal das licitações e contratos administrativos no Brasil, as modalidades
licitatórias passaram por significativas alterações em relação à Lei 8.666/93. A
nova legislação buscou aprimorar e modernizar o processo de contratação pú-
blica, considerando demandas contemporâneas e estimulando a eficiência na
administração dos recursos públicos. No entanto, tais mudanças também susci-
tam questionamentos e desafios a serem superados.
Nesse passo, tivemos a introdução de novas modalidades, como o diá-
logo competitivo e o procedimento de manifestação de interesse. Essas
mudanças requerem uma compreensão profunda das novas regras e pro-
cedimentos, o que destaca a importância da capacitação constante dos pro-
fissionais envolvidos em licitações.
Um exemplo prático seria o desafio enfrentado por órgãos públicos e em-
presas na transição de modelos consolidados para essas novas modalidades, de-
mandando ajustes nos processos internos e na compreensão dos novos critérios.
Dessa forma, a atualização legislativa, embora promissora, demanda um cui-
dadoso processo de adaptação e aprimoramento das práticas adotadas no cenário
das licitações no país.
Uma das notáveis inovações introduzidas é a modalidade de diálogo com-
petitivo, que permite uma interação mais direta entre a Administração e os
participantes do procedimento licitatório, fomentando soluções inovadoras e
customizadas de acordo com as necessidades específicas do órgão contratante.
Essa abordagem, alinhada com as demandas contemporâneas, amplia as possi-
bilidades de contratação de projetos mais inovadores.
Este é apenas um vislumbre do vasto panorama que a Lei 14.133/21 trou-
xe. Ao explorar essas modalidades licitatórias, somos convidados a adotar uma
mentalidade proativa, buscando compreender e aproveitar as oportunidades que
surgem nesse novo cenário.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

A promulgação da Lei 14.133/21 marca um divisor de águas no cenário das licita-


ções e contratos no Brasil, introduzindo inovações significativas. Uma dessas novi-
dades é o Estudo Técnico Preliminar (ETP) documento da etapa do planejamento
da contratação em que é demonstrado o interesse público envolvido e a melhor
solução para o caso concreto, dando base ao anteprojeto, ao termo de referência
ou ao projeto básico a serem elaborados posteriormente, caso se conclua pela
viabilidade da contratação.
Vamos entender melhor o que é Estudo Técnico Preliminar (ETP) na prática? Aces-
se nosso podcast, te espero lá! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital
do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
A Lei 14.133/21 preserva modalidades tradicionais como a Concorrência, mas
incorpora importantes aprimoramentos visando simplificar procedimentos e
tornar o processo mais eficaz.
Estudante, assista ao webinar Uma visão geral das mudanças e as novas
modalidades de licitação. Nele o professor Murilo Jacoby abordará as mudanças e
as modalidades da nova Lei de Licitações. É uma oportunidade de se familiarizar
com as últimas atualizações, estratégias eficazes e as novas modalidades que
estão moldando o panorama das licitações. Esse é um evento imperdível para
aqueles que buscam se manter à frente das tendências em processos licitatórios.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=oVtVuqofSlY.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

O QUE SÃO MODALIDADES LICITATÓRIAS

Modalidades licitatórias são os modos pelos quais a Administração Pública contra-


ta bens e serviços de que necessita, para que possa bem exercer as atividades des-
tinadas a assegurar aos cidadãos a satisfação de suas necessidades, coletivamente.

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U N I AS S E LVI

As modalidades serão definidas a partir daquilo que se pretende contratar,


seja um serviço, uma obra, ou simplesmente a aquisição de um produto. Assim,
cada modalidade vai ter o formato adequado àquele objeto da contratação, se
diferenciando conforme seu objeto.
Segundo Fortini, Oliveira e Camarões (2021, p.17):


Modalidade de licitação, no direito brasileiro, significa a marcha do
procedimento pelo qual é escolhido o contratado dentro de um rito
concorrencial. Isto é, existem procedimentos diversos para licitar os
contratos a serem firmados pela Administração, correspondendo
cada um deles a uma modalidade de licitação. Essa variedade existe
em razão das diversas espécies de contratos celebrados pelo Poder
Público, pelo que se exige uma adequação entre o procedimento
de adjudicação, o objeto a ser contratado e a realidade do mercado.

A nova lei geral de licitações, Lei 14.133 de 1º de abril de 2021, não manteve todas as
modalidades licitatórias previstas na antiga regra geral mediante a Lei 8.666/93. Foram
extintas as modalidades tomada de preços e convite e foi criada uma nova modalidade
licitatória chamada de diálogo competitivo. Além disso, o pregão, que antes era defini-
do em lei esparsa autônoma, foi incorporado à nova lei geral de licitações e contratos.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

PREGÃO

A modalidade licitatória pregão é definida como a modalidade obrigatória para


aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento pode ser o de
menor preço ou de maior desconto. Bens e serviços comuns são aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos por
meio de especificações usuais no mercado.

Podemos citar como exemplo de bens e serviços comuns; a aquisição de canetas,


lápis, papéis, mesas, cadeiras, veículos, aparelhos de ar refrigerado etc., e de execução
de serviços; a confecção de chaves, serviços comuns de engenharia, manutenção de
veículos, colocação de piso, troca de azulejos, pintura de paredes etc.

São produtos que não precisam de detalhes técnicos minuciosos e seu valor de
mercado é facilmente identificável mediante consulta de preço. Não envolvem
grandes especificidades técnicas, sendo comercializados por inúmeras empresas.
Assim, a modalidade licitatória pregão não se aplica para contratar serviços
mais técnicos de natureza predominantemente intelectual e obras, existem moda-
lidades próprias que vão atender esse tipo de objeto, como veremos mais à frente.

CONCORRÊNCIA

A modalidade de licitação concorrência é utilizada para a contratação de bens e


serviços especiais, obras e serviços comuns e especiais de engenharia.
No novo formato trazido pela nova lei geral de licitações e contratos, a moda-
lidade concorrência não é mais definida com base no valor estimado do contrato
como previa a Lei 8.666/93, ou seja, independentemente do valor envolvido da
contratação pode-se usar a concorrência, o que vai nortear a escolha por essa
modalidade é o objeto.
Quanto aos critérios de julgamento que podem ser usados na concorrência,
temos: o menor preço, a melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço,
maior retorno econômico e maior desconto.

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U N I AS S E LVI

CONCURSO

A modalidade Concurso é a modalidade para escolha de trabalho técnico, cien-


tífico ou artístico mediante a concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor.
Verifica-se que foi mantida a mesma concepção adotada no regime da Lei ante-
rior lei 8.666/93. O critério de julgamento do Concurso será o de melhor técnica
ou de conteúdo artístico.
Um exemplo comum é o concurso público para a elaboração de projetos
arquitetônicos de edificações públicas. Outro exemplo de contratação na moda-
lidade de concurso, é o concurso de ideias para a criação de logomarcas e obras
de arte. A escolha dessa modalidade está atrelada à qualidade estética e funcional
urbana dos projetos por meio da introdução de conceitos e ideias inovadoras
nos espaços urbanos.

LEILÃO

A modalidade licitatória Leilão destina-se à alienação dos bens móveis inservíveis


ou legalmente apreendidos e os bens imóveis. Outra mudança de regra, em rela-
ção ao regime anterior da lei geral de licitações, a lei 8.666/93, em comparação ao
novo regime da lei 14.133/21, é a de que independentemente do valor dos bens
móveis, é possível a aplicação da modalidade Leilão para alienação. No regime
anterior era necessário obedecer determinado teto de valor como balizador para
que fosse realizado o Leilão.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

O critério de julgamento utilizado na modalidade lici-


tatória Leilão é o de maior lance ofertado. Em outras Na modalidade
palavras, os licitantes fazem ofertas monetárias, sendo licitatória Leilão é
que a baliza da seleção da melhor proposta se dá por o de maior lance
critério monetário (valor). Nesse critério, o vencedor ofertado
é aquele que oferece o lance mais alto, ou seja, o maior
valor financeiro. Imagine que uma prefeitura está realizando um leilão para vender
um terreno. O lance inicial é de R$100.000,00, valor pelo qual o bem foi avaliado.
Os licitantes interessados começam a fazer seus lances: Lic. A: R$110.000,00; Lic.
B: R$120.000,00; Lic. C: R$130.000,00; Lic. A: R$135.000,00; Lic. B: R$140.000,00.
Nesse exemplo, o licitante B fez o maior lance, portanto, ele seria o vencedor do
leilão e teria o direito de adquirir o terreno pelo valor de R$140.000,00.

DIÁLOGO COMPETITIVO

A modalidade licitatória Diálogo Competitivo não existia no regime geral ante-


rior sendo uma novidade trazida pela nova lei 14.133/21. É um modelo inovador
para nosso ordenamento jurídico e tem inspiração na União Europeia que é
utilizado desde 2004.
A nova modalidade está prevista no Artigo 32 da lei 14.133/21 e é voltada para
contratações mais complexas em que a Administração Pública não possui todas as
informações técnicas de que necessita para firmar o futuro contrato e, por isso, se
vale de ouvir os especialistas no assunto para poder tomar a medida mais acertada.
Rodrigo Bordalo (2021, p. 69) assim se manifesta sobre a condução do diá-
logo competitivo:


A condução do diálogo competitivo é feita por comissão de contrata-
ção composta de, pelo menos, três servidores efetivos ou empregados
públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração.
Admite-se a contratação de profissionais para assessoramento técnico
da comissão, os quais devem assinar termo de confidencialidade e se
absterem de desenvolver atividades que possam configurar conflito
de interesse. Outrossim, a Administração não poderá revelar a outros
licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas comuni-
cadas por um licitante sem o seu consentimento.

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Ela representa um marco interessante no campo das contratações públicas, pois


traz a ideia de uma Administração Pública mais dialógica. Desse modo, é esta-
belecida uma forma de aproximação com setor privado já que possui a expertise
adequada para que a Administração Pública possa modelar da melhor forma
possível o negócio que pretende contratar.
A modalidade licitatória Diálogo Competitivo visa proporcionar uma in-
teração entre a Administração Pública e os licitantes, permitindo a discussão de
soluções inovadoras para demandas complexas e singulares. Essa modalidade
se destaca por seu caráter flexível, possibilitando a adaptação das propostas às
reais necessidades do órgão contratante. No entanto, é essencial ressaltar que
a implementação eficaz do Diálogo Competitivo requer a estrita observância
dos princípios da transparência e da igualdade, conforme preconizado pela Lei
14.133/21, garantindo que o processo se desenvolva de maneira justa e ética.
Ao possibilitar a interação entre as partes interessadas, o Diálogo Competiti-
vo emerge como uma ferramenta valiosa para promover a inovação e a qualidade
nas contratações públicas, especialmente em projetos complexos e inovadores.
Contudo, é necessário um cuidado constante para evitar práticas que possam
comprometer a equidade e a lisura do processo licitatório.
A Lei nº 14.133/21 estabelece condições específicas para que ocorra essa mo-
dalidade, vejamos o que diz a Lei em seu Artigo 32:


Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações
em que a Administração:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satis-
feita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
com precisão suficiente pela Administração;
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque
para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
III - (VETADO).

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§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as se-


guintes disposições:
I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital
em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as exigências já defi-
nidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis
para manifestação de interesse na participação da licitação;
II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão
ser previstos em edital, e serão admitidos todos os interessados que
preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
III - a divulgação de informações de modo discriminatório que pos-
sa implicar vantagem para algum licitante será vedada;
IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes as so-
luções propostas ou as informações sigilosas comunicadas por um
licitante sem o seu consentimento;
V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração,
em decisão fundamentada, identifique a solução ou as soluções que
atendam às suas necessidades;
VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão registra-
das em ata e gravadas mediante utilização de recursos tecnológi-
cos de áudio e vídeo;
VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso
em que cada fase poderá restringir as soluções ou as propostas a
serem discutidas;
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluí-
do, juntar aos autos do processo licitatório os registros e as grava-
ções da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação
de edital contendo a especificação da solução que atenda às suas
necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção
da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta)
dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados na forma do
inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão
conter os elementos necessários para a realização do projeto;
IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às
propostas apresentadas, desde que não impliquem discriminação
nem distorçam a concorrência entre as propostas;
X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com
critérios divulgados no início da fase competitiva, assegurada a con-
tratação mais vantajosa como resultado;

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XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação


composta de pelo menos 3 (três)servidores efetivos ou empregados públi-
cos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida
a contratação de profissionais para assessoramento técnico da comissão;
XII - (VETADO).
§ 2º Os profissionais contratados para os fins do inciso XI do § 1º deste
artigo assinarão termo de confidencialidade e abster-se-ão de ativi-
dades que possam configurar conflito de interesse (BRASIL, 2021).

Observe-se que a modalidade é aplicável para casos muito específicos de con-


tratação, por exemplo, inovação tecnológica ou técnica, impossibilidade de a
Administração Pública ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções
disponíveis no mercado e a impossibilidade de as especificações técnicas serem
definidas com precisão suficiente pela Administração.

E U IN D ICO

Estudante, convidamos você a explorar uma fonte valiosa de conhecimento sobre


o tema Diálogo Competitivo. Para aprofundar seus estudos e compreender melhor
essa modalidade inovadora de licitação, recomendamos que visite a seguinte pá-
gina na web: https://www.portaldecompraspublicas.com.br/novidades/dialo-
go-competitivo-entenda-a-nova-modalidade-de-licitacao_1138.
Esperamos que essa fonte enriqueça seus estudos e contribua para sua formação
acadêmica. Aproveite a leitura e fique à vontade para compartilhar suas impres-
sões e insights sobre esse tema que é inovador.

Marilene Carneiros Matos (2023, p.204) pondera que a modalidade licitatória de


diálogo competitivo foi inspirada no Art. 30 da Diretiva 2014/24 da União Europeia,
depois incorporada a legislações internas como da Inglaterra, Holanda, França e
Portugal. Na Europa é chamada de diálogo concorrencial. Seu objetivo é atender às
necessidades de obras, serviços e compras em que o poder público sabe de suas ne-
cessidades, mas não sabe, diante da variabilidade do mercado, como melhor supri-las.
Nessa perspectiva, trata-se de instituto que se assemelha, no objetivo, ao Pro-
cedimento de Manifestação de Interesse (PMI), pois se intenta provocar o mer-
cado a compartilhar de sua expertise para que o poder público tenha condições
de engendrar contratações mais ajustadas às suas necessidades.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

No entanto, enquanto o PMI se realiza antes da licitação, o diálogo compe-


titivo abrirá a interlocução, ou seja, o debate sobre possibilidades técnicas e de
inovação com os licitantes que já participam da licitação, isto é, já há uma situação
de interesses posta na mesa, com uma provável futura contratação.
O diálogo competitivo abre margem para a Administração Pública estabe-
lecer, no curso do certame, a solução que melhor atenda a suas necessidades,
após o diálogo estimulado dentro do bojo do procedimento licitatório, daí, em
fase subsequente, competitiva, os licitantes terão oportunidade de apresentar
propostas com base nessa solução. Assim, a ideia é que se aprende dialogando, o
que permite que haja o alinhamento de interesses e expectativas, dado que muitos
modelos de negócio apresentam suas complexidades.

MODALIDADES DE LICITAÇÃO MODALIDADES DE LICITAÇÃO


LEI 8.666/93 LEI 14.133/21
ART. 22 ART. 28

Pregão Pregão
Concorrência Concorrência
Concurso Concurso
Leilão Leilão
X Diálogo competitivo
Tomada de Preços X
Convite X

Quadro 1 – Quadro Comparativo/ Modalidades de licitação / Fonte: a autora.

Como podemos perceber no Quadro 1, houve alteração nas modalidades licitató-


rias. O Art. 22 da Lei 8.666/93 previa que são modalidades de licitação, a concor-
rência, tomada de preços, convite, concurso e leilão. Já a Lei 14.133/21 mantém as
modalidades licitatórias pregão, concorrência, concurso e leilão, cria a modalidade
diálogo competitivo e exclui as modalidades tomada de preços e convite.

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O diálogo competitivo surge como uma modalidade de licitação inovadora e


dinâmica, propondo uma abordagem mais flexível e participativa nos processos de
contratação pública. Ao permitir uma interação mais intensa entre a administração
pública e os potenciais licitantes, o diálogo competitivo busca aprimorar as soluções
propostas, adaptando-as às reais necessidades e especificidades do órgão contratante.
Nesse contexto, é crucial destacar que a eficácia do diálogo competitivo está
intrinsecamente ligada à transparência e à equidade, princípios fundamentais que
garantem a lisura do processo. Mediante esse modelo, as partes envolvidas têm a opor-
tunidade de trocar informações e esclarecer dúvidas, promovendo um ambiente mais
colaborativo e, consequentemente, fomentando a inovação e a qualidade nas entregas.
A possibilidade de diálogo mais intenso pode gerar situações em que infor-
mações privilegiadas possam ser compartilhadas, criando desafios para a Ad-
ministração Pública garantir uma competição equitativa. Além disso, a subjeti-
vidade na interpretação das reais necessidades da administração pode levantar
questões sobre a imparcialidade do processo.
Dessa forma, a implementação do diálogo competitivo requer uma análise
criteriosa e constante, a fim de evitar potenciais distorções e assegurar que essa
modalidade atenda aos princípios fundamentais da legalidade, impessoalidade,
moralidade e eficiência na contratação pública.
A sociedade deve estar atenta para assegurar que a implementação do diálogo
competitivo não resulte em práticas que comprometam a lisura e a imparciali-
dade dos processos licitatórios. Em suma, o diálogo competitivo emerge como
uma ferramenta valiosa para a modernização dos procedimentos de contratação
pública, mas seu sucesso depende diretamente da capacidade de conciliar a flexi-
bilidade inerente a essa modalidade com os princípios basilares da transparência
e justiça, de forma a garantir benefícios duradouros para todos os envolvidos.

CRITÉRIOS DE JULGAMENTO

Critérios de julgamento são balizadores de que se vale a Administração Pública


para classificar os licitantes durante o processo de licitação, relativamente, às
ofertas que são apresentadas. Cada modalidade licitatória conforma critérios de
julgamentos específicos levando-se em consideração o objeto contratado.

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A Lei 14.133/21 inovou no tema incorporando novos critérios na lei geral de licita-
ções, como é o caso do critério de julgamento maior retorno econômico. O critério
de menor preço e o de maior desconto são critérios de julgamento admitidos para as
licitações de bens e serviços comuns (Art. 6º, XIII, Lei 14.133/21), sendo, portanto,
possível a adoção da modalidade Pregão para utilização desse critério de julgamento,
tendo em vista a taxatividade do inciso XLI do Art. 6º no sentido de ser obrigatória
a adoção da modalidade pregão no caso de aquisição de bens e serviços comuns.
Na modalidade licitatória Concorrência os critérios de julgamento admis-
síveis são o menor preço, a melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço,
maior retorno econômico e maior desconto. Na modalidade Leilão o critério de
julgamento dos fornecedores será o que oferecer o maior lance. Já na modali-
dade licitatória Concurso que visa a escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico o critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico
para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor.
Na modalidade Diálogo competitivo, a Administração Pública apresentará,
por ocasião da divulgação do edital, suas necessidades, e estabelecerá o prazo
mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse, de modo
que haja uma fase de pré-qualificação em que os critérios são definidos.
Há, portanto, uma pré-seleção para verificar quem estaria habilitado para o diálo-
go, e o edital deverá estipular critérios objetivos para a pré-seleção de quem vai parti-
cipar da fase do diálogo. No diálogo competitivo há duas fases, uma que pré-qualifica
os que vão participar do diálogo e uma outra fase competitiva propriamente dita.
A fase de diálogo serve para aferir possíveis soluções para as necessidades
da Administração, com estímulo à criação de rodadas de diálogo. Há uma regra
de confidencialidade durante a fase de diálogos e a Administração Pública não
poderá revelar a outros licitantes as soluções propostas nem como os encami-
nhamentos dos diálogos estão sendo desenhados.
Observe como tudo isso é delicado. Como forma de contrapor aproximações
que venham gerar problemas a lei previu que as reuniões com os licitantes pré-
-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo. A fase competitiva inicia-se após o fim dos diálogos,
com a publicação de novo edital que conterá a especificação da solução que atenda às
necessidades da Administração e os critérios de julgamento objetivos a serem utiliza-
dos para seleção da proposta mais vantajosa. Haverá prazo mínimo de 60 (sessenta)
dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados apresentarem suas propostas.

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LEI 8.666/93 - ART. 45, §1º - LEI 14.133/21 - ART. 33 -


(REGIME ANTERIOR) (REGIME ATUAL)

Menor preço Menor preço

-------- Maior desconto

Melhor técnica Melhor técnica ou conteúdo artístico

Técnica e preço Técnica e preço

Maior lance, no caso da modalidade


Maior lance ou oferta
licitatória Leilão

-------- Maior retorno econômico

Quadro 3 – Comparativo – Critérios de julgamento / Fonte: a autora.

O julgamento por maior retorno econômico é utilizado exclusivamente para a ce-


lebração de contrato de eficiência. De acordo com o inciso LIII do Art. 6º da nova
Lei Geral de Licitações, nº 14.133, de 1º de abril de 2021, entende-se por contrato
de eficiência o “contrato cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir
a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar
economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, remunerado
o contratado com base em percentual da economia gerada” (BRASIL, 2021).

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E M FO CO

Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este


tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Estudante, chegamos ao ponto crucial de nossa jornada de estudos, em que a
teoria se entrelaça com a prática, preparando-o para os desafios do futuro am-
biente profissional. Ao explorarmos as modalidades da licitação, percebemos
como a recente Lei 14.133/21 trouxe inovações, destacando a relevância da nova
modalidade licitatória, Diálogo Competitivo, e a reconfiguração dos critérios de
julgamento com o novo critério, maior retorno econômico, incorporado à nova
Lei Geral, e utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência.
As novas modalidades licitatórias e os novos critérios de julgamento introdu-
zidos pela Lei 14.133/21 representam uma tentativa de modernizar e otimizar os
processos de contratação pública no Brasil. Ao incorporar modalidades como o
Diálogo Competitivo, a legislação visa oferecer maior flexibilidade e adaptabili-
dade aos desafios contemporâneos enfrentados pelos órgãos públicos. Contudo, a
implementação bem-sucedida dessas inovações demanda uma gestão cuidadosa,
garantindo que a flexibilidade não resulte em situações que comprometam a
equidade e a transparência nos processos licitatórios.
Essa transição para novas modalidades também impõe desafios práticos.
Imagine que você, em seu ambiente profissional futuro, tenha que estabelecer
critérios objetivos para a fase dos diálogos na modalidade de licitação Diálogo
Competitivo, como você agiria no caso concreto já que desconhece a tecnologia
envolvida, porém precisa contratar essa nova solução tecnológica por exemplo.
Como o foco da Administração Pública é selecionar participantes aptos a
indicarem soluções que ela mesmo desconhece, como agir diante do caso con-
creto? A escolha deve recair em critérios objetivos, porém pode haver aqui certa
dificuldade já que a própria Administração Pública não sabe como deve agir, por
isso a fase de diálogos é fundamental.

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Em meio a esses desafios, é preciso reconhecer que a evolução das modalida-


des licitatórias e a incorporação de novos critérios de julgamento é um processo
dinâmico. Aperfeiçoamentos contínuos, diálogo aberto entre os atores envolvidos
e a pronta identificação e correção de eventuais distorções são essenciais para
garantir que as mudanças propostas pela Lei 14.133/21 cumpram seu propósito
de modernização e melhoria da gestão pública no Brasil.
Portanto, estudante, ao absorver esses conhecimentos, você compreenderá
as complexidades e os desafios das regulamentações e legislações que regem as
contratações públicas. Assim, está se preparando para um ambiente profissional
dinâmico e desafiador em que a tomada de decisões repercutirá em toda a socie-
dade. Lembre-se de que a busca por soluções práticas e inovadoras será funda-
mental em sua jornada futura. Permaneça interrogando e procurando respostas
de modo a sempre ter o olhar voltado para o futuro que o aguarda.

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AUTOATIVIDADE

1. Com relação às modalidades de licitação de acordo com a Lei 14.133/21, Art. 32, analise as
afirmativas a seguir:

I - Visa contratar objeto que envolva inovação tecnológica ou técnica.


II - Participação exclusiva de empresas estrangeiras.
III - Restrição ao uso apenas em casos de serviços de engenharia

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

2. Quais são as principais diferenças entre as fases da licitação previstas na Lei 14.133/21 e
na Lei 8.666/93?

a) Na Lei 14.133/21, foi introduzida a modalidade de Diálogo Competitivo, que permite a


negociação direta entre a Administração Pública e os licitantes selecionados, enquanto
na Lei 8.666/93, essa modalidade não existe.
b) A Lei 14.133/21 manteve as mesmas modalidades da Lei 8.666/93, sem introduzir ne-
nhuma alteração significativa
c) A Lei 14.133/21 extinguiu a modalidade Concorrência que existia na Lei 8.666/93
d) Na Lei 14.133/21, a modalidade Pregão foi substituída por Tomada de Preços, combinando
as modalidades.
e) A Lei 14.133/21 não manteve as mesmas modalidades da Lei 8.666/93, inovando com
combinações de modalidades licitatórias entre si

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AUTOATIVIDADE

3. Qual dos seguintes conjuntos de critérios de julgamento está de acordo com as disposições
da Lei 14.133/21?

a) Melhor técnica, técnica e preço, maior desconto, menor lance ou oferta, maior lance, no
caso de pregão.
b) Melhor técnica, no caso de diálogo competitivo, menor preço, maior desconto, maior
lance ou oferta.
c) Técnica e preço, menor desconto, menor preço, menor retorno econômico.
d) Maior competição, menor lance, no caso de serviços de engenharia, menor retorno eco-
nômico.
e) Menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço,
maior lance, no caso de leilão, maior retorno econômico.

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REFERÊNCIAS

BORDALO, R. R. Nova lei de licitações e contratos administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1 abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

FORTINI, C.; OLIVEIRA, R. S. L. de; CAMARÃO, T. Nova lei de licitações: destaques importantes.
Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Belo Horizonte: Fórum, 2021. E-Book.

MATOS, M. et al. Nova lei de licitações e contratos Lei nº 14.133/2021: debates, perspectivas e
desafios. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2023.

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GABARITO

1. Alternativa B.

2. Alternativa A. Na Lei 14.133/21, foi introduzida a modalidade de Diálogo Competitivo, que


permite a negociação direta entre a Administração Pública e os licitantes selecionados,
enquanto na Lei 8.666/93, essa modalidade não existe.

Art. 28, § 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação
daquelas referidas no caput deste artigo (Lei 14.133/21).

3. Alternativa E. Menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e
preço, maior lance, no caso de leilão, maior retorno econômico.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 5

CONTRATAÇÃO DIRETA, DISPENSA


E INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO

MINHAS METAS

Aprender a regra geral de licitar e suas exceções.

Refletir a respeito do significado de contratação direta.

Compreender a dispensa e inexigibilidade de licitação.

Demonstrar os elementos característicos diferenciadores entre dispensa de licitação e


inexigibilidade de licitação.

Apreender as hipóteses de aplicação da dispensa de licitação.

Explorar as hipóteses de aplicação da inexigibilidade de licitação.

Ponderar sobre as diferenças entre os tipos de contratação direta.

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INICIE SUA JORNADA


Estudante, vamos iniciar o tema da dispensa de licitação pensando juntos sobre
a obrigatoriedade de licitar. A partir deste tema de aprendizagem, compreen-
deremos que o princípio da obrigatoriedade da licitação impõe a necessidade
da realização da licitação pela Administração Pública toda vez que ela queira
contratar serviços ou fazer compras do particular.
Entretanto, a lei prevê algumas hipóteses que, pelas suas particularidades,
inviabilizam ou não se compatibilizam com o procedimento em si, por exemplo,
diante da demora do processo em casos de necessidade de uma contratação ur-
gente, ou mesmo pela própria característica do serviço que se pretende contratar.
Imagine uma situação de emergência ou calamidade pública, quando caracte-
rizada circunstância que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, serviços, e outros bens, públicos ou particulares. Nesse caso, a condição
extraordinária requer uma atuação mais rápida da Administração Pública, agindo
imediatamente para sanar de forma preventiva e urgente a situação calamitosa.
Esses casos são uma exceção à regra geral que exige a realização de processo
licitatório para a contratação de bens e serviços pela Administração Pública,
visto que a emergência da situação requer a contratação direta com os possíveis
fornecedores a fim de atender, com a urgência que o caso requer, a necessidade
da população sem a demora de todo o processo.
Outro exemplo que podemos citar; imagine a Administração Pública com
a necessidade de contratar serviços técnicos profissionais especializados, de na-
tureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização. Nesse
caso, há inviabilidade de competição, tendo em vista a exclusividade e particu-
laridades intrínsecas do objeto da contratação.
A ressalva à obrigatoriedade de licitar está prevista na Constituição Federal,
portanto, estudante, o princípio da obrigatoriedade de licitar possui exceções e
elas dizem respeito às formas de contratação direta por parte da Administração
Pública que estão previstas nos Artigos 74 e 75 da lei 14.133 de 1º de abril de 2021.

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P L AY N O CO NHEC I M ENTO

O Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é uma das novidades trazidas


pela Nova Lei de Licitações. O Portal representa um avanço significativo no cenário
das compras governamentais no Brasil. Trata-se de uma plataforma eletrônica que
tem como objetivo centralizar e facilitar o processo de contratação pública, promo-
vendo a transparência, eficiência e aprimoramento na gestão dos recursos públicos.
Vamos entender melhor o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP ) na
prática? Acesse nosso podcast, esperamos você lá! Recursos de mídia disponí-
veis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o que são Serviços Técnicos Especializados? Vamos recordar?
A Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei 14.133/21) prevê no Art. 6º, XVIII, que
são serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual
aqueles realizados em trabalhos relativos a estudos técnicos, planejamentos,
projetos básicos e projetos executivos, pareceres, perícias e avaliações em geral,
assessorias e consultorias técnicas e auditorias financeiras e tributárias, fiscalização,
supervisão e gerenciamento de obras e serviços, patrocínio ou defesa de causas
judiciais e administrativas, treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, restauração
de obras de arte e de bens de valor histórico.
Com análise das informações sobre os Serviços Técnicos Especializados elabore um
texto demonstrando a relação entre os serviços técnicos especializados e a inexigibili-
dade de licitação prevista no Artigo 74,III, da lei 14.133 de 1º de abril de 2021.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

COMPREENDENDO O SIGNIFICADO DE CONTRATAÇÃO


DIRETA

A contratação direta é uma exceção e pode ser justificada em situações especí-


ficas. Um exemplo válido seria a contratação direta de serviços técnicos espe-
cializados, nos casos em que há singularidade do objeto e expertise necessária

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que somente uma empresa ou profissional específico possui. Fundamenta-se


no inciso III do Artigo 74 da Lei 14.133 de 1º de abril de 2021, que estabelece a
inexigibilidade de licitação quando houver inviabilidade de competição.
Por exemplo, se uma agência governamental precisa de serviços altamente
especializados em pesquisa científica e existe apenas um instituto de pesquisa
reconhecido nacionalmente capaz de realizar o trabalho de maneira satisfatória, a
contratação direta pode ser justificada. Nesse contexto, a singularidade e a notória
especialização são fundamentais para a escolha dessa modalidade de contratação.
A Constituição Federal prevê que a Administração Pública deverá se valer
da licitação como regra geral, prevendo a ressalva nos casos especificados em lei.


Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga-
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica, indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações (BRASIL, 1988).

A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) ao exigir a licitação faz ressalva


para “os casos especificados na legislação”, de modo que deixa em aberto essa
possibilidade que trata das hipóteses de contratações diretas via dispensa de li-
citação ou inexigibilidade.
No entanto, é essencial ressaltar que a contratação direta deve ser acompanhada
de uma rigorosa fundamentação e documentação que demonstram a inviabilidade
de competição e a justificativa para a escolha específica do contratado. A transpa-
rência e a legalidade são princípios que devem ser preservados mesmo nas situações
de contratação direta, garantindo a adequada utilização dos recursos públicos.
A Lei 14.133 de 1º de abril de 2021 prevê em seu Artigo 72 que o processo de
contratação direta, que compreende os casos de inexigibilidade e de dispensa de
licitação, deverá ser instruído com os documentos de formalização da demanda

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e, se for o caso, estudo técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência,


projeto básico ou projeto executivo. Deverá conter a estimativa de despesa e ter
o parecer jurídico que demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos para a
contratação direta, assim como a demonstração da compatibilidade da previsão
de recursos orçamentários com o compromisso que será assumido.
A comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e
qualificação mínima necessária também é exigida no procedimento de contra-
tação direta, assim como a razão da escolha do contratado, justificativa de preço
e autorização da autoridade competente. O ato que autoriza a contratação direta
ou o extrato decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à disposição
do público em sítio eletrônico oficial.
Há também a previsão, na hipótese de contratação direta indevida ocorrida
com dolo, fraude ou erro grosseiro, de que o contratado e o agente público res-
ponsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário, sem prejuízo
de outras sanções legais. Perceba, estudante, que apesar de ser uma exceção à
regra geral licitar o procedimento da contratação direta possui requisitos legais
que precisam ser demonstrados no processo.

AP RO F U N DA NDO

Estudante, uma novidade no âmbito da dispensa de licitação é o Programa de


Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Cozinha Solidária, recentemente inau-
gurados como novas hipóteses de dispensa de licitação. A Lei federal nº 14.628, de
20 de julho de 2023 acrescentou os incisos XVII e XVII ao Artigo 75 da Lei 14.133/21.
O Programa Cozinha Solidária tem como finalidade fornecer alimentação gratuita
à população em situação de vulnerabilidade e risco social, com vistas à promoção
de políticas de segurança alimentar e nutricional e de assistência social. Nesse viés,
é possível a contratação de bens e serviços mais rápidos para esses programas, a
fim de dar maior efetividade e eficiência para as políticas públicas da área social.

ENTENDENDO O SIGNIFICADO DE DISPENSA DE LICITAÇÃO

A dispensa de licitação é uma exceção à regra geral, que exige a realização de


processo licitatório para a contratação de bens e serviços pela Administração

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Pública. Existem diversas situações em que a legislação permite a dispensa de


licitação. Vejamos o que diz a Lei 14.133/21 em seu Artigo 75:


Art. 75. É dispensável a licitação:
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00
(cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de
serviços de manutenção de veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras;
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas
em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se
verificar que naquela licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas
propostas válidas;
b) as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fi-
xados pelos órgãos oficiais competentes;
IV - para contratação que tenha por objeto:
a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira
necessários à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos
do fornecedor original desses equipamentos durante o período de
garantia técnica, quando essa condição de exclusividade for indis-
pensável para a vigência da garantia;
b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacio-
nal específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições
ofertadas forem manifestamente vantajosas para a Administração;
c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contra-
tação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$
300.000,00 (trezentos mil reais);
d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de
exploração de criação protegida, nas contratações realizadas por insti-
tuição científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública ou por agência
de fomento, desde que demonstrada vantagem para a Administração;
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período
necessário para a realização dos processos licitatórios correspon-
dentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente
com base no preço do dia;

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f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam,


cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais
de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de
manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato
do comandante da força militar;
h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares das
forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz no
exterior, hipótese em que a contratação deverá ser justificada quanto
ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificada pelo
comandante da força militar;
i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades
diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional
ou de adestramento;
j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos ur-
banos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta
seletiva de lixo, realizados por associações ou cooperativas forma-
das exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas
pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com
o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, am-
bientais e de saúde pública;
k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de
autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades do órgão
ou com elas compatível;
l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos
destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previstas nos
incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto
de 2013, quando houver necessidade justificada de manutenção de
sigilo sobre a investigação;
m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao trata-
mento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde;
V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos
Arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de
2004, observados os princípios gerais de contratação constantes
da referida Lei;

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VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da


segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de Estado
da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Armadas
ou dos demais ministérios;
VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, inter-
venção federal ou de grave perturbação da ordem;
VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan-
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços
públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos
e outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição
dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou
calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de
ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação
dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada
com base no disposto neste inciso;
IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno,
de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade
que integrem a Administração Pública e que tenham sido criados
para esse fim específico, desde que o preço contratado seja compa-
tível com o praticado no mercado;
X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para
regular preços ou normalizar o abastecimento;
XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo
ou com entidade de sua Administração Pública indireta que envol-
va prestação de serviços públicos de forma associada nos termos
autorizados em contrato
de consórcio público ou em convênio de cooperação;
XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia
de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), con-
forme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por
ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de absorção
tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles definidos no
instrumento firmado para a transferência de tecnologia;
XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão de
avaliação de critérios de técnica, quando se tratar de profissional
técnico de notória especialização;

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XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiên-


cia, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por ór-
gão ou entidade da Administração Pública, para a prestação de
serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o
praticado no mercado e os serviços contratados sejam prestados
exclusivamente por pessoas com deficiência;
XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por finalida-
de estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa,
extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e
estímulo à inovação, inclusive para gerir administrativa e financeira-
mente essas atividades, ou para contratação de instituição dedicada à
recuperação social da pessoa presa, desde que o contratado tenha in-
questionável reputação ética e profissional e não tenha fins lucrativos;
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno,
de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que,
regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão
da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação em
projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institu-
cional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive
na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses
projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia
de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do
caput deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico
em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado.
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno,
de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que,
regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão
da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação em
projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institu-
cional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive
na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses
projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia
de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do
caput deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico
em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado; e (Reda-
ção dada pela Medida Provisória nº 1.166, de 2023)

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XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de


insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regi-
mental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Ad-
ministração Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e
tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa
e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que
envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
SUS, nos termos do inciso XII deste caput , e que tenha sido criada para
esse fim específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
XVII - para a contratação de entidades privadas sem fins lucrativos
para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de
acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para
beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou
pela falta regular de água.
XVII - para contratação de entidades privadas sem fins lucrativos
para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais
de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos,
a fim de beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela
seca ou pela falta regular de água; e
XVIII - para contratação de entidades privadas sem fins lucrativos,
para a implementação do Programa Cozinha Solidária, que tem como
finalidade fornecer alimentação gratuita preferencialmente à popula-
ção em situação de vulnerabilidade e risco social, incluída a população
em situação de rua, com vistas à promoção de políticas de segurança
alimentar e nutricional e de assistência social e à efetivação de direitos
sociais, dignidade humana, resgate social e melhoria da qualidade de
vida (Incluído pela Lei nº 14.628, de 2023) (BRASIL, 2021).

Apesar da obrigatoriedade de realização do processo licitatório conforme pre-


visão da Constituição Federal de 1988, Artigo 37, inciso XXI, a legislação in-
fraconstitucional, a Lei 14.133/21 de 1º de abril de 2021, prevê as hipóteses em
que esse procedimento pode ser dispensado, sendo facultado à Administração
Pública realizar ou não a licitação. Nesse caso, trata-se da dispensa de licitação.
Os motivos que levam a dispensa incluem diversas situações como o custo da
licitação, conforme disposto no Art. 75, incisos I e II da lei 14.133/21 (BRASIL,

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2021,), em que estão previstas faixas de valores nos quais a licitação pode ser dis-
pensada. Vamos verificar, de forma didática, como isso se apresenta no texto da lei:


Art. 75. É dispensável a licitação:
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00
(cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de
serviços de manutenção de veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras [...]
(BRASIL, 2021).

Em outras palavras, nos casos de obras, serviços de engenharia e serviços de


manutenção de veículos automotores a licitação pode ser dispensada caso o va-
lor da contratação seja inferior a R$100.000,00 (cem mil reais). A outra hipótese
que diz respeito ao custo da licitação é o caso de compras e serviços, em que a
lei autoriza a dispensa caso a contratação tenha um valor estimado inferior a
R$50.000,00(cinquenta mil reais).
Outras hipóteses têm como fundamento o custo temporal, visto que, em
razão da necessidade de uma contratação mais célere do que um processo de
licitação, se faz necessário a Administração Pública se valer da dispensa da lici-
tação por motivos de necessidade ou urgência. Se trata de situações em que, se
a Administração fosse esperar a tramitação do processo licitatório, o tempo de
espera poderia acarretar prejuízos ou a própria ineficácia do contrato.
Essas hipóteses estão previstas no Art. 75 da lei 14.133/21 (BRASIL, 2021).
Vejamos:


Art. 75. É dispensável a licitação:
IV - para contratação que tenha por objeto:
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período
necessário para a realização dos processos licitatórios correspon-
dentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente
com base no preço do dia;
i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades
diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional
ou de adestramento;

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VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da


segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de Estado
da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Armadas
ou dos demais ministérios;
VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, inter-
venção federal ou de grave perturbação da ordem;
VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan-
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços
públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos
e outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição
dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou
calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de
ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação
dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada
com base no disposto neste inciso [...] (BRASIL, 2021).

Também podemos citar como exemplo as hipóteses nas quais a licitação é dis-
pensada em razão de uma situação que pode ser mais benéfica para a Adminis-
tração Pública, visto que a realização do processo licitatório não vai acarretar,
necessariamente, em benefício para a Administração.
É o caso de a Administração ter iniciado processo licitatório há menos de
um ano e, na época da sua realização, não surgiram licitantes interessados ou, se
houve licitantes, as propostas apresentadas por eles não eram válidas. Vejamos
o que diz o Art. 75 da lei 14.133/21 (BRASIL, 2021):


Art. 75. É dispensável a licitação:
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas
em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se
verificar que naquela licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas
propostas válidas;
b) as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fi-
xados pelos órgãos oficiais competentes [...] (BRASIL, 2021).

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Nesse caso, a lei permite a dispensa da licitação, porém para sua realização a contra-
tação futura terá que manter todas as condições definidas no edital de licitação que
foi frustrado. A dispensa de licitação é um tema de grande relevância no contexto
da Administração Pública, pois representa uma exceção à regra geral, que exige a
realização de processos licitatórios para a contratação de bens e serviços.
Contudo, é essencial ressaltar que a ampliação das hipóteses de dispensa não
pode comprometer os princípios basilares da Administração Pública, como a
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A dispensa de
licitação, embora represente uma agilidade nos processos, deve ser utilizada de
forma responsável e em conformidade com os ditames legais
Celso Antônio Bandeira de Mello ( 2015, p. 556) assim se coloca, quando
discorre sobre dispensa e inexigibilidade de licitação:


Em tese, a dispensa contempla hipóteses em que a licitação seria pos-
sível, entretanto, razões de tomo justificam que se deixe de efetuá-la
em nome de outros interesses públicos que merecem acolhida. Já a
inexigibilidade resultaria de inviabilidade da competição, dada a sin-
gularidade do objeto ou do ofertante, ou mesmo – deve-se acrescen-
tar – por falta dos pressupostos jurídicos ou fáticos da licitação não
tomados em conta no arrolamento dos casos de licitação dispensável.

ENTENDENDO O SIGNIFICADO DE INEXIGIBILIDADE DE


LICITAÇÃO

Além dos casos de dispensa de licitação, a lei geral de licitação (Lei 14.133, de 1º
de abril de 2021) também prevê os casos de inexigibilidade de licitação. Na ine-
xigibilidade de licitação a competição é inviável, diferente do que ocorre com a
dispensa, que é materialmente possível, ou seja, há a possibilidade de competição,
porém a lei faculta a dispensa que fica essa decisão na escolha discricionária da
Administração. Já na inexigibilidade não há possibilidade de competição ou
por conta do objeto ou por conta de uma pessoa, que atenda às necessidades
da Administração Pública, sendo, portanto, inviável a licitação no caso concreto.
A lei 14.133, de 1º de abril de 2021 assim dispõe sobre a inexigibilidade em
seu Artigo 74:

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Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em
especial nos casos de:
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou con-
tratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivos;
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou
por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crí-
tica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos
executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou
tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de
campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâ-
metros específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços
de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento;
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instala-
ções e de localização tornem necessária sua escolha.
§ 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a Admi-
nistração deverá demonstrar a inviabilidade de competição mediante
atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, declaração do
fabricante ou outro documento idôneo capaz de comprovar que o
objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou represen-
tante comercial exclusivos, vedada a preferência por marca específica.
§ 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, consi-
dera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua
contrato, declaração, carta ou outro documento que ateste a ex-

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clusividade permanente e contínua de representação, no País ou


em Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada a
possibilidade de contratação direta por inexigibilidade por meio de
empresário com representação restrita a evento ou local específico.
§ 3º Para fins do disposto no inciso III do caput deste artigo, consi-
dera-se de notória especialização o profissional ou a empresa cujo
conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempe-
nho anterior, estudos, experiência, publicações, organização, apa-
relhamento, equipe técnica ou outros requisitos relacionados com
suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e re-
conhecidamente adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
§ 4º Nas contratações com fundamento no inciso III do caput deste
artigo, é vedada a subcontratação de empresas ou a atuação de pro-
fissionais distintos daqueles que tenham justificado a inexigibilidade.
§ 5º Nas contratações com fundamento no inciso V do caput deste
artigo, devem ser observados os seguintes requisitos:
I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos
custos de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de
utilização, e do prazo de amortização dos investimentos;
II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e dispo-
níveis que atendam ao objeto;
III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser
comprado ou locado pela Administração e que evidenciem vanta-
gem para ela (BRASIL, 2021).

Rodrigo Bordalo nos ensina sobre inexigibilidade ( 2021, p. 72):


Essa categoria de contratação direta se verifica quando for inviável
uma competição entre eventuais licitantes, pressuposto lógico de
qualquer licitação. Uma licitação nessas condições é impossível, não
podendo ser exigida; daí o nome que lhe é atribuído, “inexigibilidade”.
As hipóteses de inexigibilidade estão elencadas no Art. 74 da Lei n.
14.133/2021, que possui cinco incisos. Trata-se de um rol meramente
exemplificativo, na medida em que qualquer circunstância em que
seja inviável uma competição representa uma licitação inexigível.

A inexigibilidade ocorre quando a competição é inviável, devido a:

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■ Existência de um produtor ou representante exclusivo, em que o objeto


que a Administração Pública quer adquirir só possa ser fornecido por ele.
■ Contratação que envolve profissional do setor artístico, desde que consa-
grado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
■ Contratação de serviços técnicos especializados de natureza predominan-
temente intelectual, com profissionais ou empresas de notória especiali-
zação, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação.

Para a inexigibilidade, é necessário que:

■ O objeto só pode ser fornecido por um único produtor ou representante.


■ O profissional do setor artístico seja consagrado pela crítica especializada
ou pela opinião pública.
■ Os serviços técnicos sejam de notória especialização.
■ A inexigibilidade não se aplica a serviços de publicidade e divulgação.

Vamos ver como isso está previsto na Lei 14.133/21:


Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em
especial nos casos de:
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou con-
tratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivos;
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou
por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crí-
tica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos
executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou
tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;

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e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;


f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de
campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâme-
tros específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de enge-
nharia que se enquadrem no disposto neste inciso [...] (BRASIL, 2021).

Portanto, a Constituição Federal em seu Artigo 37, inciso XXI, estabelece que
a Administração Pública deve realizar licitação para contratar obras, serviços,
compras e alienações, ressalvadas as exceções previstas em lei, ou seja, a própria
Constituição permite a contratação direta quando faz referência às ressalvas da
licitação em si. Dentre essas exceções, destaca-se a inexigibilidade de licitação,
prevista no artigo 74 da Lei de Licitações, Lei nº 14.133/21.
A inexigibilidade ocorre quando a Administração Pública reconhece a in-
viabilidade de competição, seja pela natureza singular do objeto a ser contratado,
seja pela notória especialização do fornecedor. Em outras palavras, a situação
demanda um serviço ou produto específico, que apenas um fornecedor é capaz
de fornecer devido à sua expertise ou singularidade.
A Lei de Licitações estabelece que a inexigibilidade pode ocorrer em casos
de contratação de serviços técnicos profissionais especializados, como consulto-
ria, assessoria e direção técnica. Além disso, a singularidade do objeto pode ser
reconhecida em contratos que envolvam bens ou serviços artísticos, culturais,
científicos ou relacionados a obras intelectuais.
O reconhecimento da inexigibilidade é uma atribuição da própria Adminis-
tração Pública, que deve fundamentar e justificar de maneira clara e objetiva as
razões que levaram a essa decisão. A transparência e a legalidade nesse processo
são cruciais para garantir a integridade e a lisura do procedimento de contratação
direta por inexigibilidade.
Portanto, a inexigibilidade de licitação é um instrumento previsto na legis-
lação para situações específicas em que a competição não é viável, assegurando
que a Administração Pública possa se valer por contratar direto, de acordo com
os princípios legais, devendo o processo ser instruído com todos os documentos
que comprovem a compatibilidade da previsão legal.

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E M FO CO

Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este


tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Estamos em um momento crucial de nossa jornada acadêmica, no qual vamos
conectar a teoria com a realidade profissional que você enfrentará no futuro. Ao
mergulharmos no tema das contratações diretas, é fascinante perceber como
a recém-aprovada Lei 14.133/21 trouxe inovações significativas, destacando a
importância das situações que possibilitam a dispensa de licitação.
Imagine uma sala de reuniões corporativas, discutindo estratégias de con-
tratação com base nas novas diretrizes legais e você, estudante, tenha que fazer
a escolha por um processo de inexigibilidade de licitação para contratação de
profissional de notória especialização para prestar consultoria técnica para o
órgão em que trabalha.
Aqui a tomada de decisão é crucial já que as contratações diretas, embora
possam parecer uma solução rápida e eficiente em determinadas situações, apre-
sentam implicações negativas que merecem atenção cuidadosa. Essa prática,
quando não devidamente regulamentada e fiscalizada, pode gerar uma série de
problemas que comprometem a transparência, a competitividade e a efetividade
na gestão dos recursos públicos e privados.
Uma das principais preocupações relacionadas às contratações diretas é o
risco de favorecimento ou nepotismo. Sem o processo de licitação, as oportuni-
dades de negócio podem ser direcionadas a empresas ou indivíduos ligados aos
tomadores de decisão, minando a justiça e a equidade no ambiente profissional.
Isso não apenas prejudica a credibilidade das instituições envolvidas, mas tam-
bém cria um ambiente propício para a corrupção.
Além disso, a ausência de competição inerente às contratações diretas pode
resultar em preços inflacionados e na falta de qualidade nos serviços ou pro-
dutos adquiridos. Outro ponto a ser considerado é a falta de accountability, ou
responsabilização, que pode estar associada às contratações diretas, tornando

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mais complexo responsabilizar as partes envolvidas por eventuais falhas ou ina-


dequações nos serviços prestados.
Portanto, embora as contratações diretas possam ser justificadas em determi-
nados contextos, é crucial que sejam acompanhadas de um rigoroso controle e
fiscalização para evitar abusos. A transparência, a equidade e a eficiência nos pro-
cessos de contratação são fundamentais para garantir que os recursos públicos e
privados sejam utilizados de maneira responsável e em benefício da coletividade.
Continuemos essa jornada de aprendizado, conectando o que foi estudado
com a prática, moldando assim nossos passos para enfrentar os grandes desafios
do mercado de trabalho que nos aguarda.

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AUTOATIVIDADE

1. A licitação é regra para a Administração Pública quando compra ou contrata bens e serviços.
No entanto, a lei apresenta exceções a essa regra. São os casos de contratação direta por
meio de dispensa ou inexigibilidade. A dispensa ocorre por conta de razões excepcionais
preestabelecidas na lei, já a inexigibilidade ocorre quando é totalmente inviável a compe-
tição, tendo como uma das razões a exclusividade do produto.

Quais as situações em que a contratação direta não é permitida, de acordo com a legislação
brasileira de licitações?

I - Em casos de emergência ou calamidade pública, quando caracterizada urgência de


atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade
dos serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros
bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendi-
mento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência
da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a
recontratação de empresa já contratada com base no disposto nesta previsão.
II - Para aquisição de bens e serviços para contratação que envolva valores inferiores a R$
100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de
manutenção de veículos automotores.
III - A empresa contratante possui parentesco próximo com a empresa contratada.

É correto o que se afirma em:

a) III, apenas.
b) I, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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AUTOATIVIDADE

2. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a exigência de licitação é estabelecida para


os contratos de obras, serviços, compras e alienações, ressalvados os casos específicos
previstos na legislação.

A Constituição Federal de 1988 exige licitação para os contratos de obras, serviços, compras
e alienações, com as ressalvas dos casos especificados na legislação?

a) Não, a Constituição Federal de 1988 exige licitação somente para casos de guerra e
calamidade pública.
b) Sim, a Constituição Federal de 1988 exige licitação para contratos de obras, serviços,
compras e alienações, desde que realizados na modalidade licitatória Concorrência.
c) Não, a Constituição Federal somente exige licitação para casos de serviços de engenharia.
d) Não, a Constituição Federal não exige licitação para contratos de obras, serviços, com-
pras e alienações, já que para esses casos serão editados regulamentos próprios nas
esferas estaduais e municipais.
e) Sim, a Constituição Federal de 1988 exige licitação para contratos de obras, serviços,
compras e alienações, ressalvados os casos especificados em lei.

3. Qual critério não é considerado como uma justificativa válida para a dispensa de licitação,
conforme estabelecido na Lei 14.133/21?

a) Valor do contrato inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).


b) Emergência decorrente de calamidade pública.
c) Contratação realizada há menos de um ano, em que não surgiram licitantes interessados
ou não foram apresentadas propostas válidas.
d) Exclusividade de fornecedor.
e) Contratação que envolva valores superiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

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REFERÊNCIAS

BORDALO, R. R. Nova Lei de licitações e contratos administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1º abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

MELLO, C. A. B. de. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

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GABARITO

1. Alternativa A. Artigos 74 e 75 da Lei 14.133/21.

2. Alternativa E.

3. Alternativa E. Contratação que envolva valores superiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais)
(Art. 75 da Lei 14.133/21).

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TEMA DE APRENDIZAGEM 6

LICITAÇÃO E CATEGORIAS
DE CONTRATAÇÃO

MINHAS METAS

Propiciar reflexão a respeito do regime das licitações públicas e suas categorias de


contratos administrativos.

Apreender o significado de cláusulas exorbitantes.

Demonstrar os elementos característicos da contratação de serviços de terceirização.

Explicar os elementos caracterizadores dos regimes de execução direta e indireta.

Explorar os elementos característicos do tipo de contratação Compras.

Assimilar os elementos característicos do tipo de contratação Serviços em geral.

Identificar os elementos característicos do tipo de contratação Obras e Serviços de


Engenharia.

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INICIE SUA JORNADA


Estudante, você conhece as principais demandas atinentes aos processos de
licitação e suas categorias de contratação vivenciadas no cotidiano profis-
sional? A depender do objeto a ser licitado determinados ajustes precisam
ser feitos para que o negócio a ser firmado entre a Administração Pública de
um lado como Contratante e, na outra ponta, o licitante como Contratado
possam ser gerenciados de modo a produzir os resultados esperados.
A atuação profissional na área das licitações não pode ter como objetivo
somente a execução das atividades previstas na legislação, ou em documentos
institucionais e burocráticos, mas, sim, algo muito mais complexo a ser operacio-
nalizado no dia a dia do profissional. A área das licitações é um cenário complexo,
repleto de nuances e desafios em que a prática é fundamental.
Imagine você, estudante, elaborando uma proposta para participar de uma
licitação cujo objeto visa à contratação de obras e serviços de engenharia. Você
terá que ter conhecimento detalhado da obra, o local que será executada, a me-
todologia de execução dos serviços, o cronograma físico-financeiro, para a con-
clusão da obra no prazo estipulado. Caso a obra incorpore tecnologias e métodos
ecoeficientes, isso também pode ser um diferencial na avaliação da sua proposta.
Além disso, o profissional de licitações atua como um guardião da ética. Em
um ambiente de competição acirrada, a integridade é uma moeda valiosa. A
condução de negociações transparentes e a observância rigorosa das regras éticas
são princípios que guiam cada passo desse especialista.
O profissional da área das licitações transcende a execução de simples trâmites
burocráticos, são exigidas abordagens estratégicas, em todas as fases do processo.
Você está preparado para trilhar essa incrível experiência?

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 6

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Diante da necessidade de compreender as inovações trazidas pelo Contrato de


Eficiência, destaca-se o seu diferencial crucial: a remuneração integral do contra-
tado ocorre, exclusivamente, com base no percentual de economia gerada para
a Administração Pública. Nesse contexto, uma das principais notas significativas
desse tipo de contrato é a transferência do risco, já que o contratado assume a
responsabilidade de empregar as ferramentas necessárias para atingir as metas
de eficiência e, consequentemente, ser remunerado pelos serviços prestados.
Em um cenário em que a entrega de resultados é premente, essa modalidade
contratual representa um estímulo adicional à eficiência operacional na entrega de
serviços públicos melhores, por exemplo.
Outro ponto a ser destacado é a inovação inerente a essa modalidade de contrata-
ção. A necessidade de atingir metas de eficiência impulsiona a busca por soluções
inovadoras e mais criativas, fomentando o desenvolvimento de ideias que trans-
cendem os modelos tradicionais de prestação de serviços.
Para maior aproximação com a temática em estudo, ouça nosso podcast! Nele
ponderamos a respeito do Contrato de Eficiência e exemplos práticos em que ele
pode ser aplicado. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambien-
te virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o que são Obras e Serviços de Engenharia? Vamos recordar?
A Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/21) prevê no Art. 45. que as
licitações de obras e serviços de engenharia devem respeitar as normas relativas
às disposições que sejam ambientalmente adequadas; compensação ambiental
definidas no procedimento de licenciamento ambiental; utilização de produtos,
equipamentos e serviços que favoreçam a redução do consumo de energia e
de recursos naturais; avaliação de impacto de vizinhança, na forma da legislação
urbanística; proteção do patrimônio histórico, cultural, arqueológico e imaterial por
meio da avaliação do impacto direto ou indireto causado pelas obras contratadas
e, acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Para aprofundamento, assista ao vídeo Obras e Serviços de Engenharia sob a Nova
Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14133/21). Acesse em: https://www.youtube.
com/watch?v=XddJWH-59ts.

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U N I AS S E LVI

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

LICITAÇÃO E CATEGORIAS DE CONTRATAÇÃO

A Administração Pública para desempenhar suas


atividades e atender os interesses públicos precisa Exteriorização de
celebrar acordos que são manifestados pela exterio- vontade pode ser
rização da vontade administrativa. Essa exterioriza- unilateral
ção de vontade pode ser unilateral, manifestada por
meio dos atos administrativos; bilateral, manifestada por meio dos contratos, ou
plurilateral, manifestada mediante consórcios e convênios.
A expressão contrato administrativo é gênero que comporta qualquer ajuste
bilateral celebrado pela Administração Pública e que possui duas espécies: os
contratos administrativos propriamente ditos e os contratos privados da Admi-
nistração, também chamados contratos semipúblicos.
Os contratos administrativos são ajustes celebrados entre a Administra-
ção Pública e o particular e suas regras são, na maioria, regidas pelo direito
público. É comum nesse tipo de ajuste as chamadas cláusulas exorbitantes,
que conferem poderes de superioridade à Administração Pública em detri-
mento do particular para que possa desempenhar suas funções visando seu
fim maior, que é o interesse público.
Já os contratos privados da Administração, também chamados contratos
semipúblicos, são aqueles em que a Administração Pública e o particular estão
em pé de relativa igualdade e suas regras são regidas, predominantemente, pelo
direito privado. Podemos citar como exemplo desse tipo de ajuste, os contratos de
seguro para os bens públicos que a Administração Pública possua ou o contrato
de locação quando a Administração Pública for a locatária.
Nas duas espécies de contratos, a Administração Pública é a parte do ajuste e o
objetivo é o interesse público. A principal diferença reside no regime jurídico que
será aplicado. Visto isso, vamos entender como o regime das licitações públicas
é aplicado de acordo com as categorias de contratos administrativos.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 6

Das compras

As compras devem observar o devido planejamento que terá como base a expec-
tativa de consumo anual e, quando possível, devem ser processadas por meio do
sistema de registro de preços, que é um registro para contratações futuras com
preços relativos à prestação de serviços, obras e aquisição e locação de bens. O
Sistema de Registro de Preços é um instrumento que se mostra vantajoso de
ser aplicado quando a Administração Pública oferece serviços ou produtos de
maneira contínua, como bens de papelaria, por exemplo.
Nesse caso, a necessidade contínua em adquirir determinado produto ou ser-
viço vai variar de acordo com a necessidade. Assim, para não haver abertura de
diversos procedimentos licitatórios para cada aquisição, a utilização do sistema de
registro de preços se mostra eficaz na medida em que a Administração Pública rea-
liza uma única licitação, cujo vencedor registra os respectivos preços do Certame.
Cada vez que a Administração precisar de determinada quantidade daquele
produto ou serviço, simplesmente, celebra os correspondentes contratos com o
vencedor por certo período de tempo, cujo valor já estará registrado em ata. As-
sim, são agilizadas as contratações e se evita a manutenção de estoques custosos
demais para os cofres públicos.
Vejamos como a Lei nº 14.133/21 conceitua compra:

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Art. 6º [...]
X - compra: aquisição remunerada de bens para fornecimento de
uma só vez ou parceladamente, considerada imediata aquela com
prazo de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento
(BRASIL, 2021).

Os princípios que regem a contratação por compra são os princípios de padro-


nização, parcelamento e responsabilidade fiscal. A Administração Pública deve
observar critérios de padronização em que são verificadas as compatibilidades
de especificações estéticas, de desempenho e técnicas. É possível que determi-
nado ente público faça adesão à padronização feita por outro ente público de
igual esfera da federação ou superior, ou seja, determinado ente público do
Estado, Município ou Distrito Federal.
O parcelamento é possível quando for tecnicamente viável e economicamente
vantajoso devendo ser observado o custo para a Administração Pública de vários
contratos frente à vantagem da redução de custos com a divisão do objeto da
contratação em itens. Com o parcelamento busca-se a ampliação da competição
evitando, com isso, a concentração de mercado.
No tocante ao princípio da responsabilidade fiscal devem ser observados os
critérios de comparação entre a despesa estimada e a previsão do orçamento que
irá honrar o gasto do futuro contrato.
Rodrigo Bordalo nos ensina sobre o modelo de contratação de compras
(BORDALO, 2021, p. 101-102):


As compras realizadas pela Administração devem observar o
necessário planejamento, com base na expectativa de consumo
anual. Quando pertinente, devem ser processadas por meio de
sistema de registro de preços. Além disso, devem ser observados
os seguintes princípios:
• Padronização (deve ser considerada a compatibilidade de especi-
ficações estéticas, técnicas ou de desempenho). A lei admite que
determinado ente público faça a adesão à padronização realizada
por outro, de igual ou superior esfera federativa;
• Parcelamento (caso tecnicamente viável e economicamente van-
tajoso). O objetivo é ampliar a competição e evitar a concentração
de mercado;

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• Responsabilidade fiscal (comparação da despesa estimada com a


previsão no orçamento).

Vejamos como o planejamento de compras está disciplinado na Lei nº 14.133/21:


Art. 40. O planejamento de compras deverá considerar a expectativa
de consumo anual e observar o seguinte:
I - condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor
privado;
II - processamento por meio de sistema de registro de preços, quan-
do pertinente;
III - determinação de unidades e quantidades a serem adquiridas
em função de consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será
obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quanti-
tativas, admitido o fornecimento contínuo;
IV - condições de guarda e armazenamento que não permitam a
deterioração do material;
V - atendimento aos princípios:
a) da padronização, considerada a compatibilidade de especifica-
ções estéticas, técnicas ou de desempenho;
b) do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economica-
mente vantajoso;
c) da responsabilidade fiscal, mediante a comparação da despesa
estimada com a prevista no orçamento (BRASIL, 2021).

No caso de compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos que
não resultem obrigações futuras, inclusive quanto a assistência técnica, inde-
pendentemente de seu valor, o instrumento de contrato poderá ser dispensado
e a Administração poderá substituí-lo por outro instrumento hábil, como car-
ta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de
execução de serviço.
José dos Santos Carvalho Filho ( 2019, p. 193) assim nos ensina, quando
discorre sobre contrato de compras:


São aqueles que se destinam à aquisição de bens móveis necessá-
rios à consecução dos serviços administrativos. A Administração,
para atingir seus fins, precisa a todo momento adquirir bens da

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mais variada espécie, e isso pela simples razão de que múltiplas e


diversificadas são as suas atividades. De fato, e apenas para exempli-
ficar, é necessário adquirir medicamentos, instrumentos cirúrgicos
e hospitalares, equipamentos etc., se o objetivo é a assistência mé-
dica; material escolar, carteiras etc., se o Estado visa à atividade de
educação, e assim também para as demais atividades.

E U IN D ICO

O Portal da Transparência do Governo Federal é um site de acesso livre em que


o cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público é utilizado,
bem como assuntos relacionados à gestão do dinheiro público. As informações exis-
tentes no Portal referem-se ao Poder Executivo e à esfera federal. O Portal dá trans-
parência às informações, disponibilizando dados sobre diversos assuntos na área
de licitações e contratos, inclusive com categorização de contratações em grupos
de objetos de compra, como materiais, serviços ou obras. Acesse em: https://por-
taldatransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/licitacoes-e-contratacoes.

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Dos serviços em geral

As licitações de serviços em geral deverão atender aos princípios da padroniza-


ção, que consiste em considerar a compatibilidade de especificações estéticas,
técnicas ou de desempenho, como também ao princípio do parcelamento, nos
mesmos moldes das compras.
A Lei nº 14.133/21, no Artigo 6º, conceitua serviço como atividade ou con-
junto de atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou ma-
terial, de interesse da Administração.
Quando se tratar de contratação de serviços de manutenção e assistência
técnica, o edital da licitação deverá especificar o local da realização dos serviços,
sendo admitido o deslocamento de técnico ao local da repartição pública ou a
exigência de que o contratado tenha unidade de prestação de serviços em dis-
tância que seja compatível com as necessidades da Administração.
Vejamos como a Lei nº 14.133/21 define os princípios atinentes aos serviços:


Art. 47. As licitações de serviços atenderão aos princípios:
I - da padronização, considerada a compatibilidade de especifica-
ções estéticas, técnicas ou de desempenho;
II - do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economi-
camente vantajoso.
§ 1º Na aplicação do princípio do parcelamento deverão ser con-
siderados:
I - a responsabilidade técnica;
II - o custo para a Administração de vários contratos frente às van-
tagens da redução de custos, com divisão do objeto em itens;
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a
concentração de mercado.
§ 2º Na licitação de serviços de manutenção e assistência técnica, o edi-
tal deverá definir o local de realização dos serviços, admitida a exigência
de deslocamento de técnico ao local da repartição ou a exigência de
que o contratado tenha unidade de prestação de serviços em distância
compatível com as necessidades da Administração (BRASIL, 2021).

Na hipótese de contratação de serviços de terceirização, somente pode ser


admitida a execução por terceiros para as atividades acessórias, instrumentais

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ou complementares que constituam área de


competência legal do ente público, ou seja,
a Administração não pode terceirizar ati-
vidades que dizem respeito às atividades
intrínsecas da área de competência legal do
órgão, sob pena de configurar fuga à realiza-
ção de concurso público.
Também está vedado o estabelecimento de
vínculos de subordinação com funcionários da
empresa prestadora do serviço terceirizado e a
Administração Pública, sob pena de configu-
rar vínculo empregatício entre o ente público
e o contratado.
Nesse sentido, assim prevê a Lei nº
14.133/21, em seu Artigo 48:


Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as
atividades materiais acessórias, instrumentais ou com-
plementares aos assuntos que constituam área de com-
petência legal do órgão ou da entidade, vedado à Admi-
nistração ou a seus agentes, na contratação do serviço
terceirizado:
I - indicar pessoas expressamente nominadas para execu-
tar direta ou indiretamente o objeto contratado;
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato
normativo a ser pago pelo contratado;
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcioná-
rio de empresa prestadora de serviço terceirizado;
IV - definir forma de pagamento mediante exclusivo
reembolso dos salários pagos;
V - demandar a funcionário de empresa prestadora de ser-
viço terceirizado a execução de tarefas fora do escopo do
objeto da contratação;
VI - prever em edital exigências que constituam inter-
venção indevida da Administração na gestão interna
do contratado.

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Parágrafo único. Durante a vigência do contrato, é vedado ao contrata-


do contratar cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral
ou por afinidade, até o terceiro grau, de dirigente do órgão ou entidade
contratante ou de agente público que desempenhe função na licitação
ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, devendo essa proibição
constar expressamente do edital de licitação (BRASIL, 2021).

Obras e serviços de engenharia

A contratação de obras e serviços de engenharia, quando executada de forma indi-


reta, consiste na celebração de um contrato administrativo em que o ente público
transfere a outrem a execução de determinada obra ou serviço de engenharia me-
diante remuneração paga ao contratado em decorrência da execução do serviço.
As obras e os serviços de engenharia possuem regras próprias a depender do
tipo de execução que será realizado.

Na execução indireta, o ente público contrata com terceiros a execução daquela


obra ou daquele serviço de engenharia. Já a execução direta é aquela feita pela
própria Administração Pública.

Vejamos como a Lei nº 14.133/21 conceitua obra:


Art. 6º [...]
XII - obra: toda atividade estabelecida, por força de lei, como pri-
vativa das profissões de arquiteto e engenheiro que implica inter-
venção no meio ambiente por meio de um conjunto harmônico de
ações que, agregadas, formam um todo que inova o espaço físico da
natureza ou acarreta alteração substancial das características origi-
nais de bem imóvel [...] (BRASIL, 2021).

Na execução indireta de obras e de serviços de engenharia são admitidos os re-


gimes de empreitada por preço unitário, por preço global, empreitada integral,
contratação por tarefa, contratação integrada e semi-integrada e fornecimento
de prestação de serviço associado.

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Vejamos como a Lei nº 14.133/21 conceitua serviços de engenharia:


Art. 6º [...]
XXI - serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de atividades
destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de
interesse para a Administração e que, não enquadradas no conceito
de obra a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, são estabe-
lecidas, por força de lei, como privativas das profissões de arquiteto e
engenheiro ou de técnicos especializados, que compreendem:
a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia que
tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em termos de
desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de adap-
tação de bens móveis e imóveis, com preservação das características
originais dos bens;
b) serviço especial de engenharia: aquele que, por sua alta hetero-
geneidade ou complexidade, não pode se enquadrar na definição
constante da alínea “a” deste inciso [...] (BRASIL, 2021).

A empreitada por preço unitário diz respeito à contratação para execução da obra
ou do serviço por um preço certo, de unidades determinadas. Já a empreitada por
preço global considera a contratação da obra ou do serviço por um preço certo e total.

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O regime de empreitada integral diz respeito à contratação da integralidade


do empreendimento considerado em sua totalidade, considerando todas as eta-
pas da obra, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade do
contratado até a entrega ao contratante em condições funcionais e operacionais.
A contratação por tarefa é aquela contratação de mão de obra para pequenos
trabalhos, por preço certo, podendo ser com ou sem fornecimento de materiais.
Na contratação integrada, o contratado é responsável por elaborar e desen-
volver os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia,
fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-opera-
ção e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
Já na contratação semi-integrada o regime de contratação é aquele em que
o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo, exe-
cutar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais
e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e
suficientes para a entrega final do objeto.
O fornecimento e prestação de serviço associado é aquele regime de con-
tratação em que, além do fornecimento do objeto, o contratado responsabiliza-se
por sua operação, manutenção ou ambas, por tempo determinado.
Rodrigo Bordalo (2021, p. 105) ao discorrer sobre contratações de obras
e serviços de engenharia aponta que, levando-se em consideração o potencial
impacto que obras e serviços de engenharia provocam, a Lei nº 14.133/2021
dispõe sobre a necessidade de respeitar aspectos de sustentabilidade, tanto
social quanto ambiental.
Nesse contexto estariam, por exemplo, a disposição final de resíduos sólidos
gerados em decorrência das obras, a utilização de bens e serviços que favoreçam
a redução do consumo de energia e de recursos naturais, realização de avaliação
de impacto de vizinhança, que detém previsão no Estatuto da Cidade (Lei nº
10.257/01), proteção do patrimônio cultural, bem como medidas de acessibili-
dade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2023, p. 92) ao discorrer sobre os regimes
de execução advindos da nova lei de licitações assim ensina:

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Verifica-se a ampliação dos regimes de execução indireta previs-
tos no Art. 10, II, da Lei 8.666/1993 (empreitada por preço global,
empreitada por preço unitário, tarefa e empreitada integral). Ao
lado dos regimes tradicionais, a nova Lei de Licitações incluiu a
contratação integrada, a contratação semi-integrada e o forneci-
mento e prestação de serviço associado. Importante dizer que as
contratações integrada e semi-integrada já eram previstas no âm-
bito das empresas estatais (Art. 42, V e VI, da Lei 13.303/2016). A
contratação integrada era igualmente prevista no RDC (Art. 8.º,
V, da Lei 12.462/2011). Na contratação integrada, o contratado é
responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e execu-
tivo, com fundamento no anteprojeto elaborado pela administração
pública, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou
prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e
as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do
objeto (Art. 6.º, XXXII, da Lei nº 14.133/2021). No caso da contrata-
ção semi-integrada, por sua vez, o contratado elabora e desenvolve
o projeto executivo, executa obras e serviços de engenharia, fornece
bens ou presta serviços especiais e realiza montagem, teste, pré-ope-
ração e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega
final do objeto (Arts. 6.º, XXXIII, e 113 da Lei nº 14.133/2021).

Notem que dentre os serviços de engenharia alguns são comuns, cujas ações são obje-
tivamente padronizáveis em termos de desempenho e qualidade e, outros serviços de
engenharia considerados como serviços especiais, que por conta de sua alta heteroge-
neidade e complexidade não podem se enquadrar como serviço comum de engenharia.

E M FO CO

Preparamos um vídeo para você compreender melhor como construir o sucesso


no dia a dia. Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referen-
te a este tema importante que contribuirá para o seu desenvolvimento. Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

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NOVOS DESAFIOS
Estudante e futuro profissional, é crucial ressaltar que você enfrentará desafios
significativos nesse cenário . É fundamental, no âmbito do tema das licitações e
contratações, superar a constante complexidade normativa, devendo o profis-
sional de licitações e contratos enfrentar a constante atualização da legislação,
o que torna essencial manter-se informado sobre as mudanças legais.
Para isso, é fundamental o exercício da leitura crítica da realidade, bus-
cando intervir nas raízes dos problemas da Administração Pública, sem
perder a leitura da letra fria da lei, que no caso da nova lei geral de licitações
públicas, Lei nº 14.133/21, traz uma principiologia moderna com um rol
de conceitos no seu Artigo 6º.
No contexto empresarial contemporâneo, o profissional que atua com lici-
tações e contratos enfrenta desafios crescentes e dinâmicos. As transformações
sociais, tecnológicas e econômicas têm impactado diretamente as práticas nesse
campo, demandando do especialista uma constante adaptação e atualização.
Temas como sustentabilidade nas contratações que envolvam obras e serviços
de engenharia e responsabilidade social têm se refletido nas licitações, deman-
dando a incorporação de critérios socioambientais nos processos de seleção.
Imagine você, estudante, elaborando um edital de licitação com exigências de
práticas sustentáveis, incentivando a contratação de empresas comprometidas
com a responsabilidade social e ambiental.
No contexto em que a inovação e a responsabilidade são imperativos,
projetos de alta complexidade relacionados à infraestrutura para energias
renováveis, como construção de parques eólicos e solares, frequentemente
passam por licitações públicas. Exemplo prático: o governo realiza um pro-
cesso licitatório para a construção de um parque solar visando a diversifica-
ção da matriz energética e a promoção da sustentabilidade.
Diante dos desafios apresentados, fica claro que você, profissional que
atua com licitações e contratos, precisa estar atento às mudanças do ambiente
empresarial e governamental.
Continuemos nessa jornada de aprendizado, alavancando esse processo de
estudado com a prática, nesse cenário em que a gestão pública busca por soluções
inovadoras para as demandas da sociedade, e você, estudante, está trilhando o ca-
minho para enfrentar os grandes desafios do mercado de trabalho que o aguarda.

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AUTOATIVIDADE

1. As compras devem observar o devido planejamento que terá como base a expectativa de
consumo anual e, quando possível, devem ser processadas por meio do sistema de registro
de preços, que é um registro para contratações futuras com preços relativos à prestação de
serviços, obras e aquisição e locação de bens. O Sistema de Registro de Preços é um ins-
trumento que se mostra vantajoso de ser aplicado quando a Administração Pública oferece
serviços ou produtos de maneira contínua, como bens de papelaria, por exemplo.

Qual é o significado de compra, conforme estabelecido no Art. 6º da Lei nº 14.133/21, que


institui a nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos no Brasil?

a) Aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente.


b) A transferência de propriedade de um bem ou serviço, independentemente de licitação.
c) O ato de adquirir produtos do Mercosul.
d) A negociação de bens ou serviços entre entidades públicas, sem a participação de em-
presas privadas.
e) A alienação de bens públicos por meio de processo licitatório.

2. A Lei nº 14.133/21, no Artigo 6º, conceitua serviço como atividade ou conjunto de atividades
destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse da Admi-
nistração (BRASIL, 2021).

Com base no Art. 47 da Lei nº 14.133/21, que estabelece os princípios das licitações de ser-
viços, analise as afirmativas a seguir:

I - O princípio do parcelamento é aplicável quando for tecnicamente viável e economica-


mente vantajoso.
II - O princípio da padronização considera a compatibilidade de especificações estéticas,
técnicas ou de desempenho.
III - Na aplicação do princípio do parcelamento deverão ser considerados a responsabilidade
técnica e o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a concentração de
mercado.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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AUTOATIVIDADE

3. A Lei nº 14.133/21 conceitua compra como sendo a aquisição remunerada de bens para
fornecimento de uma só vez ou parceladamente, considerada imediata aquela com prazo
de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento (BRASIL, 2021).

De acordo com o Art. 40 da Lei nº 14.133/21, que trata do planejamento da contratação, qual
é a definição correta do planejamento de compra?

a) O planejamento de compra é o estágio do processo de contratação em que se define


a adjudicação.
b) Etapa em que se estabelecem as penalidades.
c) O planejamento de compras deverá considerar a expectativa de consumo anual e as
condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado.
d) A determinação da modalidade de licitação a ser adotada, considerando a natureza e
complexidade do objeto a ser contratado.
e) Etapa em que são definidas as condições em que se dará a homologação.

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REFERÊNCIAS

BORDALO, R. R. Nova Lei de licitações e contratos administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1º abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e contratos administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.

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GABARITO

1. Alternativa A. Aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou


parceladamente.

2. Alternativa E. Art. 47, incisos I e II e § 1º, incisos I e III da Lei nº 14.133/21 -

Art. 47 - As licitações de serviços atenderão aos princípios:


I - da padronização, considerada a compatibilidade de especificações estéticas, técnicas
ou de desempenho;
II - do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economicamente vantajoso.
§ 1º Na aplicação do princípio do parcelamento deverão ser considerados:
I - a responsabilidade técnica;
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a concentração de mercado.

3. Alternativa C. O planejamento de compras deverá considerar a expectativa de consumo anual


e as condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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UNIDADE 3
TEMA DE APRENDIZAGEM 7

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

MINHAS METAS

Propiciar reflexão a respeito da natureza jurídica dos contratos administrativos.

Apreender conhecimentos relativos às chamadas cláusulas exorbitantes.

Explicar a formalização dos contratos administrativos.

Demonstrar os elementos característicos do contrato administrativo e sua distinção com


o contrato de natureza privada.

Entender como se dá a inexecução contratual.

Conhecer a disciplina legal dos contratos.

Refletir a respeito das diferenças entre contratos administrativos e contratos de natureza


privada.

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INICIE SUA JORNADA


Estudante, você conhece as principais características de um contrato adminis-
trativo? Suas particularidades em comparação a um contrato de natureza priva-
da feito entre particulares? Vamos iniciar o tema dos contratos administrativos
pensando juntos sobre a natureza jurídica do contrato administrativo.
Toda vez que a Administração Pública firma compromissos recíprocos com
o particular celebra um contrato cuja estrutura é, basicamente, regulada por
normas de direito público. Há algumas hipóteses em que o contrato administra-
tivo será substituído por outro instrumento hábil como carta-contrato, nota de
empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.
A participação em licitações públicas é uma oportunidade para empresas e
Administração Pública firmarem contratos importantes no desenvolvimento de
nosso país, visando o fim maior que é o interesse público. Para isso, é importante
entender o processo de elaboração de um contrato administrativo já que ele é
crucial para a concretização do processo de licitação.
Imagine você, estudante, elaborando um contrato com vistas à contratação
para a reforma de um edifício governamental, incluindo reparos estruturais,
modernização de instalações elétricas e hidráulicas, e adaptações para acessi-
bilidade. Você terá que estudar as leis e regulamentos locais e nacionais que
regem as licitações públicas. Isso inclui entender os tipos de licitação, critérios
de elegibilidade e os documentos exigidos.
O contrato administrativo é o documento-chave que formaliza a relação
entre a empresa e a Administração Pública. Sua estrutura deve conter a iden-
tificação das partes envolvidas, a descrição clara do objeto do contrato, prazos
e cronograma de execução.
Nesses contratos, o atendimento aos requisitos legais é uma característica
peculiar já que comporta determinados requisitos que colocam a Adminis-
tração Pública em patamar de superioridade em relação ao particular. São as
chamadas cláusulas exorbitantes. As cláusulas exorbitantes são prerrogativas
que a Administração possui sobre o particular que se justificam na supremacia
do interesse público sobre o privado.
Portanto, estudante, o contrato administrativo que você redigirá deverá atender
a vários requisitos legais que estão previstos na lei geral de licitação, a Lei 14.133
de 1º de abril de 2021. Isso garantirá a validade e eficácia do seu futuro contrato.

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P L AY N O CO NHEC I M ENTO

O comitê de resolução de disputas são meios alternativos de resolução de confli-


tos nos contratos administrativos. Esse instituto é uma novidade no Brasil, mas no
cenário internacional já é amplamente utilizado. Ouça nosso podcast! Nele, você
apresentamos exemplos práticos em que ele já foi aplicado. Recursos de mídia
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o que significa o princípio da supremacia do interesse público?
Dentre os pilares fundamentais do regime jurídico-administrativo está o princípio
da supremacia do interesse público. Aliado à indisponibilidade do interesse público
forma a espinha dorsal do sistema jurídico do direito administrativo. A supremacia
do interesse público impede qualquer transação por parte do administrador
público, que deve prioritariamente gerir e preservar os bens e interesses públicos
em benefício da coletividade.
Explore conosco os meandros desse conceito essencial!
Assista ao vídeo AGU Explica - Princípio da Supremacia do Interesse Público. Acesse
em: https://www.youtube.com/watch?v=uveXNyPl_J8.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Contrato administrativo é uma espécie do gênero contrato, sendo a ele aplicadas
as normas de regência de direito público. Não obstante, é plenamente possível a
aplicação supletiva das normas de direito privado quando a Administração Pú-
blica celebra, por exemplo, contrato de locação de imóvel público. Nesse caso, os
princípios e regras do direito privado poderão ser aplicados supletivamente, sendo
adequados ao contrato administrativo para que possa surtir seus efeitos legais.
Os contratos administrativos são disciplinados pelas regras e princípios do
direito público, porém nada impede que regras e princípios do direito privado
sejam aplicados no âmbito dos contratos administrativos. Isso ocorrerá sem-
pre que não existirem regras ou princípios do direito público que possam ser
utilizados para a solução de questões verificadas em contratos celebrados pela

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Administração Pública, e desde que essas regras ou princípios do direito privado


sejam compatíveis com o direito público.
Os Contratos Administrativos estão regulados na Lei 14.133 de 1º de abril
de 2021 no Art. 89, vejamos:


Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas
cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a eles serão aplica-
dos, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as
disposições de direito privado.
§ 1º Todo contrato deverá mencionar os nomes das partes e os de
seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou sua lavratura,
o número do processo da licitação ou da contratação direta e a sujei-
ção dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.
§ 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as con-
dições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os
direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em con-
formidade com os termos do edital de licitação e os da proposta
vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação
direta e os da respectiva proposta (BRASIL, 2021).

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Na relação jurídica do contrato administrativo figurará de um lado a Administra-


ção Pública, como parte contratante, e de outro lado a pessoa física ou jurídica,
ou consórcio de pessoas jurídicas, como contratado.
Na relação jurídica contratual, a Administração Pública terá uma posição
de preponderância, e isso é explicável pelo fato de que a Administração Pública,
visando alcançar o fim comum que é o interesse público, tem o poder de se valer
de determinadas prerrogativas com vistas a prevalecer o interesse público.
Essa situação de preponderância da Administração Pública está contida na
lei de regência em diversos dispositivos. Vejamos o que diz o Capítulo IV - Das
Prerrogativas da Administração, Art. 104 da Lei 14.133/21:


Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às fina-
lidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do
ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal
e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar a apuração administrativa de faltas con-
tratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláu-
sulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para
que se mantenha o equilíbrio contratual (BRASIL, 2021).

Nos contratos privados entre particulares, isso não ocorre porque a relação entre
eles está em pé de igualdade, não havendo supremacia de um sobre o outro.
Rafael Carvalho Rezende Oliveira ( 2023, p. 745-746) conceitua contrato da
seguinte forma:

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Contratos administrativos são os ajustes celebrados entre a Admi-
nistração Pública e o particular, regidos predominantemente pelo
direito público, para execução de atividades de interesse público.
É natural, aqui, a presença das cláusulas exorbitantes (Art. 58 da
Lei 8.666/1993 e Art. 104 da Lei 14.133/2021) que conferem su-
perioridade à Administração em detrimento do particular. Inde-
pendentemente de previsão contratual, as cláusulas exorbitantes
serão observadas nos contratos administrativos, pois a sua aplicação
decorre diretamente da Lei.

FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Os contratos administrativos devem ser precedidos do processo de licitação,


salvo as hipóteses legais de dispensa e inexigibilidade. A minuta do contrato
é um anexo do Edital devendo, portanto, integrar o instrumento convocatório.
Os contratos devem ser escritos sendo nulos e de nenhum efeito os contratos
verbais, salvo o de pequenas compras ou de prestação de serviços de pronto pa-
gamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 11.981,20 (onze
mil novecentos e oitenta e um reais e vinte centavos). Esse valor foi atualizado
pelo Decreto nº 11.871, de 29 de dezembro de 2023 (BRASIL, 2023).

Será admitida a forma eletrônica na celebração de contratos e de termos aditivos,


atendidas as exigências previstas em regulamento.

Também é obrigatório o instrumento de contrato, salvo nas hipóteses de dispensa


de licitação em razão de valor e quando se tratar de compras com entrega ime-
diata e integral dos bens adquiridos e dos quais não resultem obrigações futuras,
inclusive quanto à assistência técnica, independentemente de seu valor. Nesses
casos a Administração Pública poderá substituí-lo por outro instrumento hábil,
como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou
ordem de execução de serviço
Nos contratos administrativos determinadas cláusulas são necessárias e o
Art. 92 da Lei 14.133/21 assim dispõe:

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Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante
vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação direta e à
respectiva proposta;
III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto
aos casos omissos;
IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e
a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de atua-
lização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e
a do efetivo pagamento;
VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e
o prazo para liquidação e para pagamento;
VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega,
observação e recebimento definitivo, quando for o caso;
VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da
classificação funcional programática e da categoria econômica;
IX - a matriz de risco, quando for o caso;
X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços,
quando for o caso;
XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equi-
líbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
XII - às garantias oferecidas para assegurar sua plena execução,
quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas pelo contratado
no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos
mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas técnicas aplicáveis, e
as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o caso;
XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades
cabíveis e os valores das multas e suas bases de cálculo;
XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para
conversão, quando for o caso;
XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução
do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumi-
das, todas as condições exigidas para a habilitação na licitação, ou
para a qualificação, na contratação direta;

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XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva


de cargos previstas em lei, bem como em outras normas específicas,
para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social
e para aprendiz;
XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos
definidos em regulamento;
XIX - os casos de extinção (BRASIL, 2021).

A Administração Pública convocará o licitante vencedor para assinatura do


contrato dentro do prazo e das condições estabelecidas no edital de licitação,
sob pena de perder o direito à contratação. Se o convocado não aparecer para
assinatura do contrato é facultado à Administração Pública convocar os licitan-
tes remanescentes, na ordem de classificação, para a celebração do contrato nas
mesmas condições propostas pelo licitante vencedor.
Vejamos o que a Lei 14.133/21 dispõe sobre o procedimento de convocação
do licitante vencedor para assinatura do contrato:


Art. 90. A Administração convocará regularmente o licitante ven-
cedor para assinar o termo de contrato ou para aceitar ou retirar o
instrumento equivalente, dentro do prazo e nas condições estabe-
lecidas no edital de licitação, sob pena de decair o direito à contra-
tação, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei.
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, por
igual período, mediante solicitação da parte durante seu transcur-
so, devidamente justificada, e desde que o motivo apresentado seja
aceito pela Administração.
§ 2º Será facultado à Administração, quando o convocado não assi-
nar o termo de contrato ou não aceitar ou não retirar o instrumento
equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, convocar os
licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para a celebra-
ção do contrato nas condições propostas pelo licitante vencedor.
§ 3º Decorrido o prazo de validade da proposta indicado no edital
sem convocação para a contratação, ficarão os licitantes liberados
dos compromissos assumidos.
§ 4º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos
termos do § 2º deste artigo, a Administração, observados o valor
estimado e sua eventual atualização nos termos do edital, poderá:

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I - convocar os licitantes remanescentes para negociação, na ordem


de classificação, com vistas à obtenção de preço melhor, mesmo que
acima do preço do adjudicatário;
II - adjudicar e celebrar o contrato nas condições ofertadas pelos
licitantes remanescentes, atendida a ordem classificatória, quando
frustrada a negociação de melhor condição.
§ 5º A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o contrato
ou em aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo esta-
belecido pela Administração caracterizará o descumprimento total
da obrigação assumida e o sujeitará às penalidades legalmente es-
tabelecidas e à imediata perda da garantia de proposta em favor do
órgão ou entidade licitante.
§ 6º A regra do § 5º não se aplicará aos licitantes remanescentes
convocados na forma do inciso I do § 4º deste artigo.
§ 7º Será facultada à Administração a convocação dos demais li-
citantes classificados para a contratação de remanescente de obra,
de serviço ou de fornecimento em consequência de rescisão con-
tratual, observados os mesmos critérios estabelecidos nos §§ 2º e
4º deste artigo (BRASIL, 2021).

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Rodrigo Bordalo nos ensina sobre o procedimento de contratação (BORDALO,


2021, p. 58):


O procedimento envolve a convocação pela Administração do lici-
tante vencedor (adjudicatário) para o assinar o termo de contrato
dentro do prazo estabelecido no edital, que pode ser prorrogado
uma vez, por igual período. A sua recusa em firmá-lo implica a
decadência do direito à contratação, sem prejuízo da cominação de
sanções administrativas decorrentes da caracterização de descum-
primento da obrigação assumida no âmbito do certame licitatório.

Notem que, na hipótese de nenhum licitante aceitar a contratação nas


condições propostas pelo licitante vencedor, a Administração Pública
poderá convocar os licitantes remanescentes para negociação, obedeci-
da a ordem de classificação, visando à obtenção de preço melhor, mesmo
que acima do preço do adjudicatário. Restando frustrada a negociação
de preço melhor, a Administração Pública poderá adjudicar e celebrar o
contrato nas condições ofertadas pelos licitantes, então remanescente,
com obediência a ordem de classificação.

CLÁUSULAS EXORBITANTES

Como vimos, os contratos administrativos têm como principal marca a busca


pelo interesse público, e isso faz com que a relação contratual entre a Administra-
ção Pública e o particular contratado não se estabeleça em situação de igualdade.
Isso se justifica em nome da Supremacia do Interesse Público de que é
titular a Administração Pública, sendo então a ela outorgada determinadas
prerrogativas que vão colocá-la em um patamar diferenciado de superiori-
dade em face do particular que com ela firmou o contrato. Essa supremacia
vai se manifestar por meio de determinadas cláusulas contratuais que são
denominadas de “cláusulas exorbitantes”, que como o nome mesmo diz
conferirão à Administração Pública poderes exorbitantes à Administração
contratante em face do particular contratado.
Vejamos o que dispõe a Lei 14.133/21 sobre o tema:

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Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às fina-
lidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal
e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar a apuração administrativa de faltas con-
tratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláu-
sulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para
que se mantenha o equilíbrio contratual (BRASIL, 2021).

Rafael Carvalho Rezende Oliveira ( 2023, p. 774) conceitua cláusulas exorbitan-


tes da seguinte forma:


Os contratos administrativos são caracterizados pelo desequilíbrio
das partes, uma vez que as cláusulas exorbitantes, previstas no Art.58
da Lei 8.666/1993, conferem prerrogativas à Administração e sujei-
ções ao contratado, independentemente de previsão editalícia ou
contratual. São cláusulas exorbitantes: alteração unilateral, rescisão
unilateral, fiscalização, aplicação de sanções e ocupação provisória.

Visto isso, vamos analisar de modo didático como cada uma dessas prerrogativas
funcionam e seu campo de atuação.

Alteração unilateral

A primeira das cláusulas exorbitantes diz que a Administração Pública poderá


modificar o contrato unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de
interesse público, respeitados os direitos do contratado.

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Essa cláusula exorbitante refere-se à possibilidade de modificação pela Ad-


ministração Pública em contratos administrativos. Isso se justifica pela supre-
macia do interesse público e a sua indisponibilidade que são a base de toque
da existência do direito administrativo e dos contratos que por ele são regidos.
De modo que o interesse público além de ser o fundamento da possibilidade
de mutabilidade nos contratos administrativos ele também irá definir os limites
em que isso é possível.
A Administração Pública pode muitas coisas, mas isso não pode ser inter-
pretado como um direito absoluto, havendo outros direitos em disputa que se-
rão colocados como balizadores. O balizador é sempre a realização do interesse
público nos limites permitidos pela lei observando os direitos dos contratados
no caso concreto.
Importante trazermos um exemplo para melhor visualização dessa prerro-
gativa. Imagine a seguinte situação: contrato administrativo cujo objeto é a aqui-
sição de carros para atender determinada unidade governamental ser alterado
para aquisição de aviões, ou a prestação de serviços de engenharia transformado
em prestação de serviços de treinamento de pessoal.
Essas hipóteses não podem ocorrer sob pena de afronta ao resultado do pro-
cesso licitatório ensejando sua nulidade por vício de legalidade. Isso não é modi-
ficação para melhor adequação às finalidades do interesse público, mas implica a
celebração de outro processo licitatório com outros contrato e objeto.
Rodrigo Bordalo ( 2021, p. 121) nos ensina sobre a implementação das alte-
rações contratuais:


A alteração dos contratos pode ser implementada de duas formas:
unilateralmente ou por acordo entre as partes. Observação A Lei nº
14.133/2021 disciplina de modo mais minucioso o regime de altera-
ção dos contratos administrativos, comparativamente com a Lei nº
8.666/93. Foram, inclusive, incorporadas soluções já sedimentadas
pela jurisprudência. A alteração unilateral representa prerrogativa
contratual detida pela Administração, em caso de modificação do
projeto ou das especificações (mudança qualitativa) ou quando for
necessária ao acréscimo ou diminuição de seu objeto (mudança
quantitativa). Caso a alteração acarrete aumento ou diminuição
dos encargos do contratado, a Administração deve restabelecer, no
mesmo termo aditivo, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.

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Trata-se de uma garantia constitucional do contratado (Art. 37, in-


ciso XXI, CF).Os limites da alteração são:
• Acréscimos ou supressões de até 25% (vinte cinco por cento) do
valor inicial atualizado do contrato de obras, serviços e compras;
• Acréscimo de até 50% (cinquenta por cento), no caso de reforma
de edifício ou de equipamento.

Rescisão unilateral

Outra prerrogativa da Administração Pública diz respeito à possibilidade de


rescisão unilateral do contrato por parte da Administração Pública. Observe
que, não obstante a existência de cláusulas exorbitantes conferindo poderes à
Administração Pública, esse exercício é pautado pela lei e o próprio texto diz
expressamente, ao se referir às hipóteses de rescisão unilateral, nos casos especi-
ficados nesta Lei. Assim, importante assinalar que a administração não poderá
desfazer contratos que tenha celebrado sem que haja fundamento legal para tanto.
Vejamos o que diz a Lei 14.133/21 sobre as hipóteses de extinção dos con-
tratos administrativos:


DAS HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual de-
verá ser formalmente motivada nos autos do processo, assegurados
o contraditório e a ampla defesa, às seguintes situações:
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas editalícias
ou de cláusulas contratuais, de especificações, de projetos ou de prazos;
II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela au-
toridade designada para acompanhar e fiscalizar sua execução ou
por autoridade superior;
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura
da empresa que restrinja sua capacidade de concluir o contrato;
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da
sociedade ou falecimento do contratado;
V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, im-
peditivos da execução do contrato;
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade
de obtê-la, ou alteração substancial do anteprojeto que dela resultar,
ainda que obtida no prazo previsto;

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VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a de-


socupação ou a servidão administrativa, ou impossibilidade de li-
beração dessas áreas;
VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade má-
xima do órgão ou da entidade contratante;
IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos
prevista em lei, bem como em outras normas específicas, para pes-
soa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para
aprendiz (BRASIL, 2021).

Observe, estudante, que a Administração Pública está autorizada pelo ordena-


mento jurídico, por razões de interesse público ou pela inexecução das obrigações
por parte da contratada, a rescindir unilateralmente o contrato. Essas hipóteses
podem se dar em decorrência de atrasos, lentidão, paralisações, descumprimen-
to de normas editalícias ou cláusulas contratuais, sendo situações que afetam à
execução do contrato propriamente dito e que legitimam a rescisão unilateral
por parte da Administração Pública.
Pode haver situações legitimadoras da rescisão unilateral que estão relacio-
nadas à empresa ou à pessoa do contratado, como, a decretação de falência ou
de insolvência civil, dissolução da sociedade, alteração social ou modificação da
finalidade ou da estrutura da empresa que restrinja sua capacidade de concluir o
contrato ou o falecimento do contratado (incisos III e IV do Art. 137).
Outros eventos passíveis de rescisão são aqueles que afetam o interesse público,
em que teremos a rescisão unilateral do contrato declarada pela Administração
Pública em decorrência do interesse público (inciso VIII do Art. 137), e que deve-
rão ser justificadas pela autoridade máxima do órgão ou da entidade contratante.
Ainda pode ocorrer a rescisão unilateral em decorrência de caso fortuito ou
força maior (inciso V do Art. 137), regularmente comprovados, impeditivos da
execução do contrato.

EXIGÊNCIA DE GARANTIA CONTRATUAL

A critério da autoridade competente, e desde que previsto no Edital, a Adminis-


tração Pública pode exigir do contratado garantia como forma de precaução. Em

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caso de eventual rescisão do contrato, a Administração Pública será ressarcida


dos danos decorrentes do inadimplemento da obrigação.
O Art. 96 da Lei 14.133/21 prevê que, a critério da autoridade competente,
poderá ser exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia. Vejamos:


Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá
ser exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia nas
contratações de obras, serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades
de garantia:
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública emitidos sob
a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de
liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil,
e avaliados por seus valores econômicos, conforme definido pelo
Ministério da Economia;
II - seguro-garantia;
III - fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira de-
vidamente autorizada a operar no País pelo Banco Central do Brasil.
IV - título de capitalização custeado por pagamento único, com
resgate pelo valor total.
§ 2º Na hipótese de suspensão do contrato por ordem ou inadim-
plemento da Administração, o contratado ficará desobrigado de
renovar a garantia ou de endossar a apólice de seguro até a ordem
de reinício da execução ou o adimplemento pela Administração.
§ 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês, contado da data
de homologação da licitação e anterior à assinatura do contrato,
para a prestação da garantia pelo contratado quando optar pela mo-
dalidade prevista no inciso II do § 1º deste artigo (BRASIL, 2021).

As três modalidades de garantia previstas na lei são a caução em dinheiro ou títulos


da dívida pública, seguro garantia, fiança bancária e título de capitalização. Cabe
ao contratado optar por uma dessas modalidades em que a Administração Pública
deve assegurar ao particular contratado a escolha dentre as opções garantidoras.
Perceba que a Administração Pública pode exigir ou não do contratado a
prestação de garantia como condição para a execução da avença, ou seja, trata-se
de uma faculdade em que a autoridade competente do órgão contratante poderá

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exercer essa competência discricionária. Por outro lado, uma vez exigida, cabe ao
contratado, como regra, optar por uma das modalidades de garantia.
Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, o valor da garantia será
equivalente a até 5% (cinco por cento) do valor inicial do contrato. A majoração
para até 10% (dez por cento) pode ocorrer, desde que justificada em decorrência
de complexidades técnicas, bem como possíveis riscos de execução.
Vejamos o que diz a lei:


Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a ga-
rantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do valor inicial do
contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez
por cento), desde que justificada mediante análise da complexidade
técnica e dos riscos envolvidos.
Parágrafo único. Nas contratações de serviços e fornecimentos
contínuos com vigência superior a 1 (um) ano, assim como nas
subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual do con-
trato para definição e aplicação dos percentuais previstos no caput
deste artigo (BRASIL, 2021).

RESTRIÇÃO À EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO

Tendo como referência o modelo utilizado no direito privado, quando uma parte
do contrato não cumpre com sua obrigação contratual a outra parte também
poderá não cumprir, amparada numa cláusula chamada exceptio non adimpleti
contractus – exceção do contrato não cumprido – com fulcro no Art. 476 e 477
do Código Civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 , vejamos o artigo:


Da Exceção de Contrato não Cumprido
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes
de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das par-
tes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprome-
ter ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra
recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que
lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la (BRASIL, 2002).

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Pelo modelo civilista, nenhum dos contratantes, antes de cumprir com a sua
obrigação, pode exigir o cumprimento da obrigação do outro. Isso quer dizer que
qualquer das partes poderá valer-se da exceptio, isto é, da exceção do contrato
não cumprido, ou seja, enquanto uma parte não arcar com a sua prestação não
poderá exigir a do outro.
Ocorre que, na sistemática do direito administrativo, essa exceção não poderá
ser invocada pelo particular contratado como fundamento para paralisação de
suas atividades em caso de atraso de pagamento por parte da Administração Pú-
blica, porque o que está em jogo é o interesse público e os serviços públicos não
podem ser paralisados ou sofrerem solução de descontinuidade, pois o interesse
público coletivo, nesse caso, se sobrepõe ao privado.
Muito embora, essa exceção tenha sua restrição no âmbito do direito admi-
nistrativo, devemos ter cautela na interpretação dessa cláusula, porque nem todo
contrato feito pela Administração Pública envolve prestação de serviço público
de modo que a cláusula pode ser alegada quando o objeto não envolver essen-
cialmente um serviço público.
Esse entendimento vem sendo aplicado pela doutrina moderna com certa
relativização do princípio da supremacia do interesse público, visto que ele não
pode ser invocado como escudo de proteção para a Administração Pública fazer
o que ela bem entender quando, por exemplo, ela deixa de pagar seus contratos.
Assim é explicado por Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2023, p. 822), quan-
do ensina sobre a aplicação da cláusula do contrato não cumprido atinente aos
contratos administrativos:


Atualmente, o entendimento mais adequado, sem dúvida, é aquele
que autoriza a exceptio nos casos autorizados pela legislação. Os ar-
gumentos podem ser assim sintetizados: (i) princípio da legalidade:
atualmente, a legislação prevê a exceptio no Art. 78, XIV e XV, da
Lei 8.666/1993 e no Art. 137, § 3.º, II, da nova Lei de Licitações; (ii)
princípio da supremacia do interesse público: esse princípio, que vem
sendo relativizado por grande parte da doutrina, não pode significar
um escudo protetor para ilícitos (contratuais e extracontratuais) ad-
ministrativos; e (iii) princípio da continuidade do serviço público:

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U N I AS S E LVI

nem todos os contratos administrativos têm por objeto a prestação


de serviço público. Todavia, a exceptio não poderá ser invocada, em
princípio, nos contratos que efetivamente envolvam serviços públicos.

PORTAL NACIONAL DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

O Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é uma das novidades tra-


zidas pela Nova Lei de Licitações. Trata-se de uma plataforma que centraliza a
divulgação dos atos exigidos pela lei e será gerido por um comitê. Ele está previsto
no Artigo 174 da Lei 14.133/21:


Art. 174. É criado o Portal Nacional de Contratações Públicas
(PNCP), sítio eletrônico oficial destinado à:
I - divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos por esta Lei;
II - realização facultativa das contratações pelos órgãos e entidades
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes
federativos (BRASIL, 2021).

Trata-se de um sítio eletrônico unificado destinado à divulgação dos atos da


Administração Pública que envolvem as contratações, tanto para consulta dos
preços praticados no mercado, como também permite o acesso a base nacional de
notas fiscais eletrônicas ao Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
(CEIS) e ao Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP).
Ele também reunirá informações da divulgação dos planos de contratação
anuais, catálogos eletrônicos de padronização, editais de credenciamento e de pré-
-qualificação, avisos de contratação direta e editais de licitação, atas de registro de
preços, contratos e termos aditivos, além de modelos de editais para padronização.

E M FO CO

Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este


tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

NOVOS DESAFIOS
Estudante, neste tema, tivemos a oportunidade de percorrer as peculiaridades
que o contrato administrativo possui em comparação aos contratos de natureza
privada. Abordamos as características e particularidades dos contratos quanto
às suas cláusulas exorbitantes, que conferem poder de superioridade à Adminis-
tração Pública para que ela possa exercer o interesse público.
Vimos que, nesses casos, um dos polos da relação contratual ficará desali-
nhado, exatamente porque a supremacia do interesse público deve se sobrepor
ao interesse individual. Os contratos administrativos, em geral, traduzem um
conjunto de direitos e obrigações cujas peculiaridades próprias de sua natureza
são traduzidas no dia a dia de acordo com o objeto a ser contratado e com as
peculiaridades do ajuste.
Cabe a você, futuro profissional, identificar as espécies de contratos possíveis
para cada certame licitatório, como será seu regime de execução, bem como a me-
lhor decisão a ser tomada em caso de conflitos por um atraso na obra ou pelo não
cumprimento de determinada cláusula contratual por parte do contratado. O que
fazer nesse caso concreto? Parte-se para a rescisão unilateral ou seria possível fazer
a transação pela via consensual mediante um comitê de resolução de disputas?
Enfim, são muitas decisões importantes que você terá que tomar na sua vida práti-
ca. Continuemos nessa jornada de aprendizado para realização de grandes conquistas.

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AUTOATIVIDADE

1. O Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é uma das novidades trazidas pela
Nova Lei de Licitações. Trata-se de uma plataforma que centraliza a divulgação dos atos
exigidos pela lei e será gerido por um comitê.

O Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sítio eletrônico oficial conterá, entre
outras, as seguintes informações acerca das contratações:

a) Planos de contratação trimestrais.


b) Cartas, convites e e-mails dirigidos às empresas durante o certame licitatório para maior
transparência dos atos.
c) Imposto de renda dos sócios das empresas que pretendam contratar com o Poder Pú-
blico para evitar fraudes.
d) Planos de contratação mensais e semestrais.
e) Notas fiscais eletrônicas, quando for o caso.

2. São necessárias, em todo contrato, cláusulas que estabeleçam o objeto e seus elementos
característicos.

Diante das cláusulas necessárias em todo contrato, é correto afirmar que é nulo e de nenhum
efeito o contrato verbal com a Administração?

I - É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas


compras ou o de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles
de valor não superior a R$ 10.000,00.
II - É Possível contrato verbal com a Administração independentemente do valor da contra-
tação, visto que a nova lei prima pela eficiência na gestão com contratações mais céleres
III - Não é possível contrato verbal com a Administração Pública em nenhuma hipótese, visto
que a nova lei prima pelo cuidado com casos de corrupção no Governo

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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AUTOATIVIDADE

3. Os contratos regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a eles
serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições
de direito privado

São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam?

a) A vinculação ao edital de cópia autenticada do Imposto de Renda dos licitantes presentes


no certame licitatório.
b) A vinculação ao edital de licitação de Certidão emanada pelo Ministério Público e pelo
Poder Judiciário de habilitação para participar de licitação.
c) A vinculação ao edital de licitação de cópia do passaporte de todos os habilitados.
d) A vinculação ao edital de licitação da certidão de casamento ou de união estável de
todos os habilitados.
e) A vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver
autorizado a contratação direta e à respectiva proposta.

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REFERÊNCIAS

BORDALO, R. R. Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidên-
cia da República, 10 jan. 2002. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406compilada.htm Acesso em: 22 jan. 2024.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1º abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Decreto nº 11.871, de 29 de dezembro de 2023. Atualiza os valores estabelecidos na


Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Brasília, DF: Presidência da República, 29 dez. 2023. Disponí-
vel em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Decreto/D11871.htm#art3
Acesso em: 8 de jan. 2024.

OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e Contratos Administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.

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GABARITO

1. Alternativa E. Lei 14.133/21

Art. 174 -É criado o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sítio eletrônico oficial
destinado à:
§ 2º O PNCP conterá, entre outras, as seguintes informações acerca das contratações:
I - planos de contratação anuais;
II - catálogos eletrônicos de padronização;
III - editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de contratação direta e editais
de licitação e respectivos anexos;
IV - atas de registro de preços;
V - contratos e termos aditivos;
VI - notas fiscais eletrônicas, quando for o caso.

2. Alternativa A. Lei 14.133/21

Art. 95
§ 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas
compras ou o de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles
de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

3. Alternativa E. Lei 14.133/21

Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos
de direito público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos
contratos e as disposições de direito privado.
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver
autorizado a contratação direta e à respectiva proposta;
[...]

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 8

REGIME SANCIONATÓRIO, SANÇÕES


ADMINISTRATIVAS E PENAIS

MINHAS METAS

Propiciar reflexão a respeito da natureza jurídica do regime sancionatório.

Apreender conhecimentos relativos às sanções administrativas e às sanções penais.

Explicar a formalização do regime sancionatório e suas nuances.

Demonstrar os elementos característicos do regime sancionatório.

Entender as sanções penais advindas da nova lei.

Conhecer a diferença entre sanção administrativa, sanção disciplinar e sanção penal.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Estudante, vamos juntos explorar as particularidades do regime sancionatório
na perspectiva do direito administrativo. Um dos aspectos do regime jurídi-
co dos contratos administrativos é a possibilidade de aplicação de sanções por
parte da Administração Pública por razões de inadimplemento e, para tanto,
a Administração Pública vai se valer de prerrogativas que lhes são conferidas
pelo ordenamento jurídico, para que ela possa exercer seu papel fundamental
de persecução do interesse público.
Para que a Administração Pública possa realizar o seu papel, o ordenamento
jurídico lhe confere poderes expressados, por exemplo, na imposição de multas,
penalidades, restrições e até o poder de rescindir unilateralmente a avença con-
tratual, sempre com base em fundamento legal.
No entanto, a amplitude desses poderes suscita questões importantes a serem
consideradas. Até que ponto a Administração Pública deve utilizar tais prerro-
gativas, equilibrando a necessidade de eficiência na gestão com o respeito aos
direitos dos contratados? Como garantir a transparência e a justiça nas decisões
que envolvem imposição de penalidades e rescisão contratual? Essas questões
destacam a complexidade na aplicação desses poderes e a importância de prin-
cípios como legalidade, proporcionalidade e devido processo administrativo.
A responsabilidade pelo ato que deu causa à sanção pode ter como origem uma
conduta administrativamente reprovável ou ser decorrente de um ilícito penal. As
condutas reprováveis de origem penal (sanções penais) são puníveis pelo Estado,
por meio de processo judicial próprio, cujas sanções estão dispostas no Código Pe-
nal em seu Capítulo II-B - Dos Crimes em Licitações e Contratos Administrativos.
Esse contexto levanta reflexões cruciais sobre a interseção entre as esferas
administrativa e penal. Como equilibrar a responsabilização administrativa e
penal, considerando que a punição em ambas as instâncias pode ocorrer para
a mesma conduta? Como garantir que o processo penal seja conduzido com a
devida imparcialidade, respeitando os direitos fundamentais do acusado? Além
disso, é fundamental ponderar sobre como a responsabilidade administrativa
pode impactar ou ser impactada pelo desfecho de um processo penal.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 8

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Estudante, você sabe o que é Processo Administrativo Disciplinar?


O PAD tem como propósito investigar a responsabilidade do servidor por infrações
cometidas durante o desempenho de suas atribuições ou por práticas relaciona-
das ao cargo. Para maior aproximação com o tema, ouça nosso podcast! Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o significado de sanção administrativa? Vamos recordar? A
Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/21) prevê no Art. Art. 155 que o
licitante ou o contratado será responsabilizado administrativamente pelas infrações
que vier a causar segundo um rol de condutas longamente definidas nos incisos
do Artigo 155. Logo após, no Art. 156, a Nova Lei de Licitações e Contratos elenca
as sanções aplicáveis. Assim, estudante, uma coisa é a infração, que é a conduta
adotada pelo licitante ou pelo contratado, já a sanção é a penalidade que será
sofrida por aquele que deu causa à infração.
Com base nas definições supracitadas, assista ao vídeo Sanções Administrativas
na NLLC (Nova Lei de Licitações e Contratos). Acesse em: https://www.youtube.
com/watch?v=H8k7y3D6MWE.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

REGIME SANCIONATÓRIO

Entende-se por regime sancionatório o conjunto de normas que regulam o exer-


cício do poder da Administração Pública de aplicar sanções pela inobservância
de uma obrigação do particular contratado, decorrente de um contrato adminis-
trativo, ou de inobservância de dever funcional de servidor público. Os processos
administrativos disciplinares (PAD) são processos administrativos disciplinares
cujo objetivo é esclarecer a verdade dos fatos constantes de representação asso-
ciadas ao exercício do cargo.

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Importante esclarecer, estudante, que regime sancionatório é o gênero do qual


se ramificam sanções aplicáveis pela Administração Pública aos seus servidores
públicos decorrentes do seu poder de disciplina; sanções aplicáveis aos particu-
lares quando estiverem numa relação negocial com a Administração Pública de-
corrente de seu poder fiscalizador, como é o caso dos contratos administrativos, e
as sanções de origem penal decorrentes de um ato ilícito penalmente condenável
pelo Estado decorrente do poder punitivo estatal.
A conduta reprovável pode repercutir tanto na esfera administrativa como
na esfera cível e penal. Na esfera administrativa será aplicada uma sanção ad-
ministrativa e na esfera penal é atribuída uma sanção penal. O regime jurídico
sancionador é diferente a depender do tipo de infração. Se estivermos diante
de um ato ilícito penal praticado no bojo de uma licitação ou de um contrato
administrativo, aplica-se o Código Penal e, nesse caso, chamamos essas sanções
de sanções penais ou crimes licitatórios.

AP RO F U NDA NDO

A nova lei de licitações (Lei nº 14.133) revogou de imediato a parte penal, Arts. 89 a
108, a constante da antiga lei geral de licitações (Lei 8.666/93). Foi incluído por inter-
médio da nova lei no Código Penal o Capítulo - Dos Crimes em Licitações e Contra-
tos Administrativos, compondo os Arts. 337-E ao 337-P. Considerando a necessidade
dos órgãos públicos se adaptarem à nova normativa, a nova lei (Lei nº 14.133/21)
não revogou de imediato a legislação antiga (Lei nº 8.666/93), tendo sua revogação
adiada. Fato que se deu, definitivamente, em dezembro de 2023. Entretanto, a parte
penal que existia na lei antiga (Lei nº 8.666/93) foi sim revogada de imediato des-
de 1º de abril de 2021 com a entrada em vigor da nova lei (14.133/21).

SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

Os contratos administrativos constituem-se instrumentos pelos quais a Administra-


ção Pública permite que os particulares contratem com o poder público, apresentan-
do propostas e, ao final, são selecionadas as melhores propostas. Visando impedir
que a liberdade do particular interfira na esfera do interesse público de modo a
causar-lhe algum dano, a Administração Pública se vale de determinados poderes
que lhe são próprios, por intermédio da aplicação de sanções administrativas.

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Assim, tanto dar causa à inexecução total ou parcial do contrato como outros
atos infracionais praticados pelos licitantes, dá à Administração Pública prerro-
gativa de aplicar-lhes sanções administrativas por intermédio do seu poder fisca-
lizador-disciplinar. Essas infrações estão no Art. 156 da Lei nº 14.133/21, a saber:


Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa;
III - impedimento de licitar e contratar;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar (BRASIL, 2021).

A depender da gravidade da infração, o caráter sancionatório terá uma dosimetria da


pena mais leve, por exemplo, os casos da sanção de advertência e de multa na forma
que o contrato preveja. Mais graves são as sanções administrativas de impedimento
de licitar e contratar com a Administração Pública e a declaração de inidoneidade.
Para todos os casos, é exigido o devido processo legal administrativo con-
ferindo ao acusado direito de defesa. Os atos infracionais cabíveis de sanção
administrativa estão elencados no Art. 155 da Lei nº 14.133/21.
Rodrigo Bordalo ( 2021, p. 129-130), ao discorrer sobre as sanções adminis-
trativas, ensina que:


A responsabilidade administrativo-disciplinar se baseia no binô-
mio infração-sanção, assentado na relação de causa-consequência.
As infrações estão capituladas no Art. 154 da Lei nº 14.133/2021 e
envolvem tanto o momento da licitação (fraude ao certame, apre-
sentação de declaração falsa na fase de habilitação etc.) quanto
da contratação propriamente dita (inexecução total ou parcial da
avença, entre outras). As modalidades de sanções estão definidas
legalmente, em rol taxativo, no Art. 155. São elas: Advertência: re-
primenda cabível na hipótese de inexecução parcial do contrato;
Multa: sanção pecuniária cujo montante não pode ser inferior a
0,5% nem superior a 30% (trinta por cento) do valor do contrato
licitado ou celebrado. Além da multa-sanção, a Lei nº 14.133/2021

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prevê a multa de mora, no caso de atraso injustificado na execução


da avença; Impedimento de licitar e contratar: veda-se o responsá-
vel, pelo prazo máximo de 3 (três) anos, de licitar ou contratar no
âmbito da Administração direta e indireta do ente federativo que
tiver aplicado a sanção; Declaração de inidoneidade para licitar ou
contratar: impede-se o responsável de licitar ou contratar no âmbito
da Administração Pública direta e indireta de todos os entes federa-
tivos, pelo prazo mínimo de 3(três) anos e máximo de 6 (seis) anos.

Na aplicação das sanções serão considerados a natureza e a gravidade da infração


cometida, as peculiaridades do caso concreto, as circunstâncias agravantes ou
atenuantes e os danos que causarem à Administração Pública. A aplicação das
sanções administrativas não exclui a obrigação de reparação integral do dano
causado à Administração Pública.

DA SANÇÃO DE ADVERTÊNCIA

A primeira sanção arrolada no Artigo 156 da Lei nº 14.133/21 é a sanção de ad-


vertência. Trata-se de sanção de menor gravidade e aplicável nos casos em que
houver a inexecução parcial do contrato, quando não se justificar a imposição
de penalidade mais grave. No caso de inexecução, total a sanção a ser aplicada
deverá ser mais grave.
Essa é a leitura do § 2º do Artigo 156, que prevê a sanção de advertência para
a infração administrativa prevista no Inciso I, § 2º, do Artigo 156 (dar causa à
inexecução parcial do contrato). Vejamos:


Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
I - advertência;
§ 2º A sanção prevista no inciso I do caput deste artigo será aplicada
exclusivamente pela infração administrativa prevista no inciso I do
caput do Art. 155 desta Lei, quando não se justificar a imposição de
penalidade mais grave (BRASIL, 2021, grifo nosso).

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A sanção de advertência poderá ser aplicada cumulativamente com as sanções de


multa, sem contar que a aplicação das sanções previstas não exclui, em hipótese al-
guma, a obrigação de reparação integral do dano causado à Administração Pública.

DA SANÇÃO DE MULTA

Outra sanção arrolada é a multa. A sanção de multa não poderá ser inferior a
0,5% (cinco décimos por cento) nem superior a 30% (trinta por cento) do valor
do contrato licitado ou celebrado com contratação direta, e será aplicada ao res-
ponsável por qualquer das infrações administrativas previstas no Art. 155 da Lei
nº 14.133/21. Em outras palavras, qualquer das infrações previstas no Artigo 155
da Lei nº 14.133/21 poderão ser objeto de multa.
Além da peculiaridade de poder ser aplicada para todas as hipóteses de infra-
ções administrativas, a multa é a única sanção que pode ser aplicada concomitante-
mente com as demais (advertência, impedimento de licitar e contratar e declaração
de inidoneidade para licitar ou contratar). Assim, podemos ter a aplicação da pena
de multa combinada com a pena advertência ou pena de multa mais pena de impe-
dimento de licitar ou contratar ou, ainda, pena de multa mais pena de inidoneidade.
Vejamos o artigo 156, II, § 3º da Lei nº 14.133/21:


Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
II - multa
3º A sanção prevista no inciso II do caput deste artigo, calculada na
forma do edital ou do contrato, não poderá ser inferior a 0,5% (cinco
décimos por cento) nem superior a 30% (trinta por cento) do valor
do contrato licitado ou celebrado com contratação direta e será
aplicada ao responsável por qualquer das infrações administrativas
previstas no Art. 155 desta Lei (BRASIL, 2021, grifo nosso).

Observe, estudante, que para todos os casos sancionatórios deverá ser aberto processo
de apuração com observância do devido processo legal. Isso quer dizer que será dada
oportunidade de defesa prévia ao imputado contratado ou licitante para que apresente
suas razões de defesa no prazo de quinze dias úteis, contado da data de sua intimação.

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A Administração Pública sempre deverá garantir a ampla defesa e o contraditório


(devido processo legal), em face da Constituição Federal de 1988, artigo 5º, LV:


Art. 5º [...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes (BRASIL, 1988).

DA SANÇÃO DE IMPEDIMENTO DE LICITAR E CONTRATAR

A terceira sanção administrativa refere-se ao impedimento de licitar e contra-


tar com a Administração Pública tratando-se de sanção cabível aos casos dos
incisos II ao VII do Art. 155 da Lei nº 14.133/21 e que se referem as seguintes
condutas infracionais:

■ Dar causa à inexecução parcial do contrato, causando grave dano à Ad-


ministração, ao funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse co-
letivo (Inciso II, Art. 155).
■ Dar causa à inexecução total do contrato (Inciso III, Art. 155).
■ Deixar de entregar documentação exigida para o certame (inciso IV, Art. 155).
■ Não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente de-
vidamente justificado (inciso V, Art. 155 ).
■ Não celebrar o contrato ou não entregar documentação exigida para a
contratação, quando convocado dentro do prazo de validade de sua pro-
posta (inciso VI, Art. 155).
■ Ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação
sem motivo justificado (inciso VII, Art. 155) .

A aplicação da sanção de impedimento impedirá o responsável de licitar ou


contratar, no âmbito da Administração Pública direta e indireta do ente fede-
rativo que tiver aplicado a sanção, pelo prazo máximo de 3 (três) anos, quando
não se justificar a imposição de penalidade mais grave.
De modo que, quanto ao alcance, a sanção de impedimento se dá no âmbito
do ente que aplicou a penalidade, ou seja, a sanção de impedimento somente

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impede o sancionado de licitar ou contratar com o ente sancionador que aplicou


a sanção, e não com os demais órgãos ou entidades da Administração Pública,
sendo, portanto, o alcance da pena restrito ao ente federativo que tiver aplicado
a sanção, e pelo prazo máximo de 3 (três) anos.
Vamos ver o que diz o Artigo 156, III, Parágrafo 4º da Lei nº 14.133/21:


Art. 156 Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administra-
tivas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
III - impedimento de licitar e contratar;
§ 4º A sanção prevista no inciso III do caput deste artigo será apli-
cada ao responsável pelas infrações administrativas previstas nos
incisos II, III, IV, V, VI e VII do caput do Art. 155 desta Lei, quando
não se justificar a imposição de penalidade mais grave, e impedirá o
responsável de licitar ou contratar, no âmbito da Administração Pú-
blica direta e indireta do ente federativo que tiver aplicado a sanção,
pelo prazo máximo de 3 (três) anos (BRASIL, 2021, grifo nosso).

Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2023, p. 880-881), ao discorrer sobre os efeitos


territoriais de alcance da aplicação da sanção administrativa, assim ensina:


Nesse ponto, a nova Lei de Licitações pretende resolver a contro-
vérsia em relação aos efeitos territoriais ou espaciais das sanções de
impedimento (ou suspensão) para participar de licitações e contra-
tações e a declaração de inidoneidade. A opção foi pela atribuição
de efeito restritivo para a sanção de “impedimento de licitar e con-
tratar”, que somente será observada perante o ente sancionador, e
de efeito extensivo para a sanção de “declaração de inidoneidade”,
aplicável nacionalmente a todos os entes federados.[...] De acordo
com os §§ 4.º e 5.º do Art. 156 da Lei nº 14.133/2021, enquanto a
sanção de “impedimento de licitar e contratar” possui efeito restriti-
vo e impede a participação em licitação ou a contratação da empresa
punida no âmbito da Administração Pública direta e indireta do
ente federativo sancionador, a sanção de declaração de inidoneida-
de possui efeito extensivo, com o afastamento da empresa sancio-
nada das licitações e contratações promovidas pela Administração
Pública direta e indireta de todos os entes federativos.

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Observe, estudante, que, no caso da sanção de impedimento de licitar e contratar,


a pena aplicada atinge o órgão que tiver aplicado a sanção, e o prazo é no má-
ximo de 3 (três) anos. Isso é importante para não confundir, porque na sanção
administrativa de declaração de inidoneidade, que vamos estudar em seguida,
também há essa questão do efeito territorial da penalidade, sendo que na sanção
de impedimento, como vimos, o alcance é restrito e na sanção de declaração de
inidoneidade o efeito será amplo, atingindo toda a Administração Pública.

DA SANÇÃO DE DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE PARA


LICITAR OU CONTRATAR

A sanção de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Adminis-


tração Pública é a sanção de maior gravidade, visto que é a penalidade aplicável
àqueles que agem dolosamente e dos quais se verifica não possuir idoneidade
para contratar com o poder público.
Vejamos o que diz o Artigo 156, IV, § 5º, da Lei nº 14.133/21 sobre a sanção
de inidoneidade:


Art. 156 Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administra-
tivas previstas nesta Lei, as seguintes sanções:
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
§ 5º A sanção prevista no inciso IV do caput deste artigo será aplicada
ao responsável pelas infrações administrativas previstas nos incisos
VIII, IX, X, XI e XII do caput do Art. 155 desta Lei , bem como pelas
infrações administrativas previstas nos incisos II, III, IV, V, VI e VII
do caput do referido artigo que justifiquem a imposição de penalida-
de mais grave que a sanção referida no § 4º deste artigo, e impedirá o
responsável de licitar ou contratar no âmbito da Administração Pública
direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de
3 (três) anos e máximo de 6 (seis) anos (BRASIL, 2021, grifo nosso).

Trata-se de sanção cabível para as infrações dos incisos VIII a XII do Art. 155 da
Lei nº 14.133/21, bem como os incisos II ao VII do mesmo artigo, nesse último
caso (incisos II ao VII), aplicáveis quando justifique a imposição de penalidade
mais grave que a sanção de impedimento.

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As infrações que justificam a imposição da sanção de declaração de inido-


neidade são:

■ Apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame


ou prestar declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato
(inciso VIII, Art. 155).
■ Fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato
(inciso IX, Art. 155).
■ Comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natu-
reza (inciso X, Art. 155).
■ Praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação (inciso
XI, Art. 155).
■ Praticar ato lesivo previsto no Art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de
2013 (inciso XII, Art. 155).

A aplicação das sanções de impedimento e de declaração de inidoneidade re-


quer a instauração de processo de responsabilização a ser conduzido por uma
comissão composta de dois ou mais servidores estáveis, que avaliarão os fatos e
intimarão o licitante ou o contratado para apresentar defesa escrita e especificar
as provas no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data de intimação.

SANÇÕES PENAIS DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES

Na esfera penal, o elenco de sanções penais correspondem a crimes contra a Ad-


ministração Pública definidos no Código Penal e que podem redundar também
tanto na responsabilização civil como na esfera administrativa.
Entretanto, estudante, há que ter certo cuidado aqui. Essa cumulatividade de
sanções, embora prevista em lei, deve ser interpretada com cautela para evitar
o que chamamos de bis in idem e que significa a sobreposição de sanções com
dupla punição pelo mesmo fato, no caso de haver afronta concomitante.
Assim, é muito importante que você, estudante, saiba diferenciar e entender
que há sanções administrativas cujo espectro de atuação para aplicar as pena-
lidades se restringe à Administração Pública, sendo elas as sanções de adver-
tência, multa, impedimento de licitar e contratar e sanção de declarar inidônea

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o particular licitante ou contratado para licitar ou contratar com os órgãos da


Administração Pública em âmbito nacional.
Esse processo se dá no âmbito administrativo, com respeito ao devido pro-
cesso legal, dando ao sancionado a oportunidade para oferecer defesa e contra-
ditório, respeitando-se os prazos legais.
No tocante a dosimetria das sanções o § 1º do Artigo 156 da Lei nº 14.133/21
dá o rol das circunstâncias que devem ser levadas em consideração na aplicação das
sanções, como a gravidade da infração, as peculiaridades do caso concreto, as cir-
cunstâncias atenuantes e agravantes e o grau de lesão para a Administração pública.
Vejamos o que diz o artigo em questão:


Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções
§ 1º - Na aplicação das sanções serão considerados:
I - a natureza e a gravidade da infração cometida;
II - as peculiaridades do caso concreto;
III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
IV - os danos que dela provierem para a Administração Pública;
V - a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de inte-
gridade, conforme normas e orientações dos órgãos de controle
(BRASIL, 2021).

Observem que o dispositivo legal deixa larga margem de apreciação pela Admi-
nistração Pública quando for realizar a dose da sanção a ser aplicada ao apenado.
Embora haja larga margem de apreciação para a Administração Pública exercer
seu caráter punitivo, isso não significa discricionariedade administrativa, já que
no caso de aplicação de sanções, ainda que haja um juízo de valor a ser exercido
por parte da Administração Pública acerca dos fatos, não é possível cogitar apli-
cação segundo critérios de oportunidade e conveniência administrativa, próprios
do juízo de discricionariedade administrativa.
Para definição do quantum da sanção a ser aplicada, não se usa critérios de opor-
tunidade e conveniência, mas, sim, de critérios de legalidade. Além disso, há que se
ter a aplicação do princípio da proporcionalidade entre o ato ilícito praticado e a
pena a ser aplicada e sua prévia aplicação fica sujeita à análise do órgão responsável
pela representação judicial e extrajudicial da entidade administrativa sancionadora.

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U N I AS S E LVI

Outro ponto importante a ser considerado é que são autônomas as instâncias


de responsabilização penal, cível e administrativa. Isso significa que a mesma
pessoa jurídica pode sofrer sanções com base na Lei de Improbidade Adminis-
trativa que é um ilícito civil (Lei nº 8.429/92), no Código Penal (Decreto-Lei no
2.848/ 40) e na lei de licitações e contratos (Lei nº 14.133/21).
Vejamos os artigos do nosso Código Penal que tratam do assunto:


DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Contratação direta ilegal (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora
das hipóteses previstas em lei: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela
Lei nº 14.133, de 2021).
Frustração do caráter competitivo de licitação (Incluído pela Lei
nº 14.133, de 2021).
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou
para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da li-
citação, o caráter competitivo do processo licitatório: (Incluído pela
Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Patrocínio de contratação indevida (Incluído pela Lei nº 14.133,
de 2021)
Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a Administração Pública, dando causa à instauração de lici-
tação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser decre-
tada pelo Poder Judiciário: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Modificação ou pagamento irregular em contrato administrativo
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modi-
ficação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor
do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a

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Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da licita-


ção ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar
fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Perturbação de processo licitatório (Incluído pela Lei nº
14.133, de 2021)
Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer
ato de processo licitatório: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Violação de sigilo em licitação (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em processo
licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: (In-
cluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Afastamento de licitante (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência,
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer
tipo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou de-
siste de licitar em razão de vantagem oferecida. (Incluído pela Lei
nº 14.133, de 2021).
Fraude em licitação ou contrato (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, li-
citação ou contrato dela decorrente, mediante: (Incluído pela Lei
nº 14.133, de 2021).
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade
ou em quantidade diversas das previstas no edital ou nos instru-
mentos contratuais; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria
falsificada, deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de
validade vencido; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).

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III - entrega de uma mercadoria por outra; (Incluído pela Lei nº


14.133, de 2021).
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercado-
ria ou do serviço fornecido; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa
para a Administração Pública a proposta ou a execução do contrato:
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Contratação inidônea (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declarado
inidôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado ini-
dôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, decla-
rado inidôneo, venha a participar de licitação e, na mesma pena do
§ 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo, venha a contratar
com a Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Impedimento indevido (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscrição
de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover inde-
vidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de registro
do inscrito: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Omissão grave de dado ou de informação por projetista (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Públi-
ca levantamento cadastral ou condição de contorno em relevante
dissonância com a realidade, em frustração ao caráter competi-
tivo da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais
vantajosa para a Administração Pública, em contratação para a
elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto,

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em diálogo competitivo ou em procedimento de manifestação de


interesse: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
§ 1º Consideram-se condição de contorno as informações e os le-
vantamentos suficientes e necessários para a definição da solução de
projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos sondagens,
topografia, estudos de demanda, condições ambientais e demais ele-
mentos ambientais impactantes, considerados requisitos mínimos
ou obrigatórios em normas técnicas que orientam a elaboração de
projetos. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou
indireto, próprio ou de outrem, aplica-se em dobro a pena prevista
no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos neste
Capítulo seguirá a metodologia de cálculo prevista neste Código e
não poderá ser inferior a 2% (dois por cento) do valor do contrato
licitado ou celebrado com contratação direta. (Incluído pela Lei nº
14.133, de 2021) (BRASIL, 1940, Art. 337, grifo nosso).

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Assim, a Lei nº 14.133/2021 insere no Código Penal os seguintes crimes:

Contratação direta ilegal Frustração do caráter competitivo de


(Art. 337-E) licitação (Art. 337-F)

Patrocínio de contratação indevida Modificação ou pagamento irregular em


(Art. 337-G) contrato administrativo (Art. 337-H)

Perturbação de processo licitatório Violação de sigilo em licitação


(Art. 337-I) (Art. 337-J)

Afastamento de licitante Fraude em licitação ou contrato


(Art. 337-K) (Art. 337-L)

Contratação inidônea
Impedimento indevido (Art. 337-N)
Art. 337-M)

Omissão grave de dados ou de informa-


ção por projetista (Art. 337-O)

Quadro 1 – Crimes que a Lei nº 14.133/2021 insere no Código Penal / Fonte: o autor.

E M FO CO

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tema importante que contribuirá para o seu desenvolvimento. Recursos de mídia
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NOVOS DESAFIOS
Estudante, neste tema sobre regime sancionatório, tivemos a oportunidade de
estudar o conceito de sanção administrativa e diferenciá-lo das tipificações
penais que ficam a cargo do Código Penal. Vimos que, quanto ao alcance da
sanção de impedimento e da sanção de declaração de inidoneidade, verifica-se

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que a primeira se dá perante a Administração restrita ao órgão sancionador, e


a segunda, perante a Administração Pública como um todo.
De modo que a penalidade de impedimento somente impede o sancionado
de licitar ou contratar com a entidade que a aplicou e não com os demais órgãos
ou entidades da Administração Pública, e isso no prazo máximo de 3 (três) anos.
Já em relação a sanção de inidoneidade de licitar ou contratar o alcance da pena
é maior, a empresa inidônea estará impedida de participar e contratar com qual-
quer entidade ou órgão da Administração Pública por um prazo mínimo de 3
(três) anos e máximo de 6 (seis) anos.
Em todos os casos a Administração Pública sempre deverá garantir o devi-
do processo legal, dando oportunidade do contraditório e da ampla defesa aos
licitantes ou contratantes sancionados. De modo que a Administração Pública
sempre deverá dar ciência ao contratado e abrir prazo para que ele possa se
manifestar nos autos do processo administrativo sob pena de nulidade do ato
realizado pela Administração Pública.
No tocante à possibilidade de aumentar o leque das sanções administrativas,
isso não pode ocorrer, visto que o elenco de sanções postas à consideração da Ad-
ministração Pública quando do exercício de seu poder sancionador-fiscalizador
é reduzido às sanções de advertência, multa, impedimento de licitar e contratar
e a sanção de declaração de inidoneidade.
O contrato não pode dispor de modo diverso e ampliar ou diversificar esse
elenco de sanções previstas na lei. E isso se dá posto que o poder de punir há de ter
fundamento legal, precisa estar previsto em lei, só a lei pode autorizar sua aplicação
e estabelecer as sanções que a Administração Pública estará autorizada a aplicar.
Cabe a você, futuro profissional, identificar as espécies de sanções e como
será seu regime de aplicação. Enfim, são muitas decisões importantes que você,
estudante, terá que tomar na sua vida prática. Continuemos nessa busca de apren-
dizado, estudando os artigos da lei aplicáveis ao caso concreto e atrelá-los à sua
prática, assim, você conseguirá trilhar essa jornada profissional.

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AUTOATIVIDADE

1. Para que a Administração Pública possa realizar o seu papel, o ordenamento jurídico lhe
confere poderes para, assim, gerir as atividades que lhe cabem (BRASIL, 2021).

Na aplicação das sanções administrativas serão considerados:

a) A implantação de programa de cotas raciais.


b) A implantação de programa de cotas para pessoas com necessidades especiais.
c) Se a infração foi cometida a luz do dia.
d) Se a infração foi cometida durante a noite.
e) A natureza e a gravidade da infração cometida.

2. Visando impedir que a liberdade do particular interfira na esfera do interesse público de


modo a causar-lhe algum dano, a Administração Pública se vale de determinados poderes
que lhe são próprios por intermédio da aplicação de sanções administrativas.

Diante do exposto, analise as afirmativas:

I - Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas a sanção de declaração


de inidoneidade para licitar ou contratar.
II - Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas a sanção de banimento
ou tortura.
III - Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas a sanção de cassação
de aposentadoria.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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AUTOATIVIDADE

3. A depender da gravidade da infração, o caráter sancionatório terá uma dosimetria da pena


mais leve, como por exemplo são os casos da sanção de advertência e de multa, na forma
que o contrato preveja. Mais graves são as sanções administrativas de impedimento de lici-
tar e contratar com a Administração Pública e a declaração de inidoneidade (BRASIL, 2021).

Quais são os atos infracionais previstos na lei geral de licitações e contratos cabíveis de
sanção administrativa?

a) Não dar causa à inexecução parcial do contrato.


b) Manter a proposta conforme os termos do edital de convocação.
c) Apresentar declaração ou documentação verdadeira exigida para o certame.
d) Comportar-se de modo idôneo.
e) Apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar decla-
ração falsa durante a licitação ou a execução do contrato.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF: Presidência
da República, 7 set. 1940. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/
Del2848.htm#art337e. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.

BRASIL. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude
da prática de atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 da Constituição
Federal; e dá outras providências. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021). Brasília, DF: Pre-
sidência da República, 2 jun. 1992. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8429.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1º abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

BORDALO, R. R. Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e Contratos Administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.

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GABARITO

1. Alternativa E. A natureza e a gravidade da infração cometida, conforme inciso I §1º do Art.


156 da Lei nº 14.133/21.

2. Alternativa A. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas a sanção de


declaração de inidoneidade para licitar ou contratar, inciso IV do Art. 156 da Lei nº 14.133/21.

Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas previstas nesta Lei
as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa;
III - impedimento de licitar e contratar;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

3. Alternativa E. Art. 155. O licitante ou o contratado será responsabilizado administrativamente


pelas seguintes infrações:

I - dar causa à inexecução parcial do contrato;


II - dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração, ao
funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
III - dar causa à inexecução total do contrato;
IV - deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
V - não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente
justificado;
VI - não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação,
quando convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
VII - ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo
justificado;
VIII - apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar
declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato;
IX - fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato;
X - comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza;
XI - praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação;
XII - praticar ato lesivo previsto no Art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 9

QUESTÕES PRÁTICAS NA
GESTÃO PÚBLICA RELACIONADAS
ÀS LICITAÇÕES, CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS E
TERCEIRIZAÇÕES

MINHAS METAS

Propiciar reflexão a respeito de casos práticos envolvendo licitações e contratos.

Entender a matriz de riscos, identificando seu significado, elaboração e aplicabilidade.

Refletir sobre casos práticos envolvendo matriz de risco.

Conhecer a Ata de Registro de Preços, identificando seu significado, elaboração e


aplicabilidade.

Compreender a terceirização e a responsabilidade subsidiária da Administração Pública.

Apreender conhecimentos sobre o Portal Nacional de Contratações Públicas.

Explorar a nova modalidade de licitação diálogo competitivo.

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INICIE SUA JORNADA


Estudante, imagine o dia a dia de uma repartição pública. Nesse órgão há a
divisão de licitações e contratos, e sua tarefa administrativa é executar todo
o planejamento do processo licitatório, desde sua origem. O primeiro passo é
identificar a demanda que vem da alta administração por intermédio das che-
fias, geralmente, por meio de memorando direcionado à divisão de licitações,
elencando o objeto que pretende contratar, o valor estimado da contratação
que deverá estar incluído no orçamento do órgão.
Essa despesa deverá estar empenhada previamente para atender o futuro con-
trato. A divisão de licitações e contratos terá um longo caminho a percorrer, com
vários problemas a serem solucionados com tomadas de decisão muito precisas
e fundamentadas em lei:

■ A contratação pode ser realizada por intermédio de uma contratação


direta via dispensa de licitação ou inexigibilidade de licitação?
■ Os valores estimados já foram empenhados?
■ Se trata de execução direta ou indireta?
■ O objeto a ser contratado admite a nova modalidade de diálogo competitivo?
■ Se haverá necessidade de elaborar matriz de risco (cláusula contratual
de riscos e de responsabilidades entre as partes que caracteriza, dentre
outros itens, o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em
termos de ônus financeiro decorrente de eventos supervenientes à con-
tratação); se trata de contrato de terceirização de serviços? Se sim, qual
o papel da Administração Pública diante dos funcionários contratados
que prestarão serviços?
■ Eles são subordinados à Administração Pública ou a empresa contratada?
■ Como regular essa relação contratual, já que são terceiros particulares
prestando serviços dentro de um órgão público?
■ As relações trabalhistas advindas dessa relação passam por tomadas de
decisão da Administração Pública ou seus direitos estão inseridos no
campo das relações trabalhistas próprias dos contratos entre particulares?

São muitas as questões enfrentadas no dia a dia e as decisões envolvem múltiplos


fatores administrativos a serem enfrentados, visto que a Administração Pública

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

está inserida num complexo ordenamento jurídico administrativo, de leis, atos


administrativos e normas infralegais.
Além disso, há também as diretrizes de natureza civil já que a Administra-
ção Pública, além de executar atos administrativos propriamente ditos, também
promove atos de natureza civil, ramo do direito privado, quando celebra, por
exemplo, contratos de natureza civil, como os de locação de imóveis, seguros de
seus bens materiais, bem como contratos de direito real sobre seus imóveis, todos
esses atos de natureza privada.
De modo que, a Administração Pública é um grande pilar de conhecimento,
engloba diversos ramos, tanto de natureza pública quando de natureza privada,
para que possa bem exercer seu fundamento maior, que é a prestação de bons
serviços públicos para toda a coletividade.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

A Contratação Direta é um tema de grande relevância no contexto da Administra-


ção Pública, representa a exceção à regra geral que exige realização de processo
licitatório para a contratação de bens e serviços. Você sabe diferenciar dispensa de
inexigibilidade de licitação? Acesse nosso podcast! Recursos de mídia disponíveis
no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o significado de terceirização? No âmbito da Administração
Pública a terceirização significa a contratação de bens e serviços de terceiros para
atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos
que sejam da área de competência do órgão, ou seja, não se pode terceirizar
atividades finalísticas do órgão, mas sim as atividades acessórias, sob pena de
burlar o devido concurso público para contratação de agentes públicos.
Assista à Webinar Terceirização na prática: o que tem de novo na Lei nº 14.133?
Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=wos-GBbRErQ.

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DESENVOLVA SEU POTENCIAL

MATRIZ DE RISCOS

Matriz de risco é uma cláusula contratual que estabelece os riscos e responsabi-


lidades entre as partes, bem como mantém o equilíbrio econômico-financeiro
inicial do contrato, considerando os encargos financeiros resultantes de eventos
ocorridos após a contratação. Melhor dizendo, se trata, fundamentalmente, de
gestão de riscos durante a execução do contrato por conta de eventos futuros
que podem vir a atrapalhar a boa gestão do contrato. Com isso, se evita atrasos
em obras, por exemplo.
Vejamos o que diz a Lei nº 14.133/21, Art. 6º, XXVII, sobre a matriz de risco:


Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e
de responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus finan-
ceiro decorrente de eventos supervenientes à contratação, contendo,
no mínimo, as seguintes informações:
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do con-
trato que possam causar impacto em seu equilíbrio econômico-fi-
nanceiro e previsão de eventual necessidade de prolação de termo
aditivo por ocasião de sua ocorrência;
b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações
do objeto com relação às quais haverá liberdade para os contratados
inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, em termos
de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto
ou no projeto básico;
c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das fra-
ções do objeto com relação às quais não haverá liberdade para os
contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas,
devendo haver obrigação de aderência entre a execução e a solução
predefinida no anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as
características do regime de execução no caso de obras e serviços
de engenharia; [...] (BRASIL, 2021).

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A alocação de riscos é uma novidade trazida pela nova lei geral de licitações
e contratos, a Lei nº 14.133/21, incorporando o regime à nova lei, tendo em
vista que ele já tinha previsão em outros normativos legais; foi inaugurado
pela Lei 12.462/11 que prevê o Regime Diferenciado de Contratações, o
chamado RDC, sendo depois incorporado no Estatuto das Empresas Estatais
por meio da Lei 13.303/15.
O regime de alocação de riscos visa à distribuição entre o contratante e o
contratado dos riscos envolvidos em contratações de grande vulto e nas contra-
tações com regimes de contratação integrada ou semi-integrada relativamente
a eventos supervenientes que possam vir a ocorrer.
Isso têm relevância no seguinte aspecto: é muito comum uma obra come-
çar e deixar de ser concluída por conta da alegação por parte da empreiteira
contratada de que os custos para dar continuidade à obra estariam desatuali-
zados. Um exemplo foi quando tivemos a pandemia do Coronavírus e muitos
concessionários de serviços públicos de transporte alegaram perda expressiva
de consumidores, ocasionando graves prejuízos para as empresas que tiveram
que redefinir seus custos operacionais. De fato, tratava-se de um evento futuro
e incerto (evento superveniente) que impactou a economia do mundo em geral.
A elaboração de uma matriz de risco visa exatamente mitigar esses eventos
que fogem ao controle, já que se antecipa aos riscos de um desequilíbrio econô-
mico-financeiro inicial do contrato em relação a eventos futuros e não previsíveis.
O edital pode incluir uma matriz para distribuir os riscos entre o contratante
e o contratado. Nesse caso, o cálculo do valor estimado do contrato pode levar em
conta uma taxa de risco adequada ao objeto da licitação e aos riscos atribuídos
ao contratado, seguindo uma metodologia definida pelo ente federativo.
A matriz deve garantir uma distribuição eficiente dos riscos de cada con-
trato e determinar a responsabilidade de cada parte contratante, além de
estabelecer mecanismos para evitar a ocorrência de sinistros e mitigar seus
efeitos, se ocorrerem durante a execução do contrato.
O contrato deve refletir a distribuição de riscos estabelecida pela matriz,
especialmente no que diz respeito às condições para a revisão da equação eco-
nômico-financeira do contrato em situações em que o sinistro, conforme de-
terminado pela matriz de riscos, cause um desequilíbrio não suportado pela
parte que busca a revisão; a possibilidade de rescisão quando o sinistro resultar
em um aumento excessivo de custos ou impedir a continuidade da execução

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do contrato; e a inclusão de seguros obrigatórios previamente definidos no


contrato, com o custo do seguro integrado ao preço oferecido.
Rafael Oliveira ( 2023, p. 773-774) ao falar sobre a matriz de risco ensina que:


A nova Lei de Licitações, em seu Art. 103, admite a repartição de
riscos nos contratos administrativos, com a previsão de matriz
de alocação de riscos, alocando-os entre contratante e contrata-
do mediante indicação daqueles a serem assumidos pelo setor
público ou pelo setor privado ou daqueles a serem compartilha-
dos. Trata-se de tendência já verificada na legislação especial (...).
Serão preferencialmente transferidos ao contratado os riscos que
tenham cobertura oferecida por seguradoras (Art. 103, § 2.º, da
Lei). Entendemos que a solução adotada pela nova Lei de Licita-
ções, nos §§ 1.º e 2.º do Art. 103, foi adequada. A imputação dos
riscos para a parte que possui melhores condições de gerenciá-los
refletirá, naturalmente, na maior segurança jurídica e economi-
cidade da contratação. Isso porque a alocação dos riscos contra-
tuais será quantificada para fins de projeção dos reflexos de seus
custos no valor estimado da contratação (Art. 103, § 3.º, da Lei
14.133/2021). Assim, por exemplo, os riscos políticos, cambiais,
de interpretação judicial, de disponibilidade financeira, de re-
lações internacionais que não são gerenciáveis pelo particular,
deveriam ser assumidos, preferencialmente, pela Administração
Pública e os riscos ligados à construção, operação, rendimento,
tecnologia e competição seriam alocados à contratada.

Quando a contratação envolver obras e serviços de grande porte, ou quando


os regimes de contratação integrada e semi-integrada forem adotados, o edital
deverá incluir, obrigatoriamente, uma matriz de alocação de riscos entre o con-
tratante e o contratado.
Nas modalidades de contratação integrada ou semi-integrada, os riscos de-
correntes de eventos ocorridos após a contratação e relacionados à escolha da
solução de projeto básico pelo contratado devem ser atribuídos à sua responsa-
bilidade na matriz de riscos. Conforme a Lei nº 14.133/21, a previsão no contrato
da matriz de risco se dá no “Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas
que estabeleçam: IX - a matriz de risco, quando for o caso” (BRASIL, 2021).

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Rodrigo Bordalo ( 2021, p.116) ao discorrer sobre matriz de risco, assim ensina:


Um dos aspectos fundamentais do novo regime é a necessidade de
alocação de riscos, que objetiva delimitar sua distribuição entre o
contratante e o contratado. Assim, a elaboração da respectiva matriz
indica aqueles riscos assumidos pelo setor público ou pelo setor pri-
vado, ou aqueles a serem compartilhados. A relevância da matriz de
alocação é a de definir o equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato em relação a eventos supervenientes. A alocação de riscos
não encontra previsão na Lei nº 8.666/93. O seu regramento foi inau-
gurado pela Lei nº 12.462/11 (RDC) e posteriormente foi incorpo-
rado na Lei nº 13.303/15 (Estatuto das Empresas Estatais). De modo
geral, a matriz de alocação de riscos não é obrigatória. A exceção en-
volve a contratação de obras e serviços de grande vulto, ou na hipótese
de adoção dos regimes de contratação integrada ou semi-integrada.

E U IN D ICO

A Controladoria-geral do Distrito Federal elaborou modelos de matriz de riscos de


Contratações e aquisições para consulta. É bem interessante a matriz de risco, já que
orienta a categoria de eventos que podem vir a ocorrer durante a execução do contra-
to, como eventual falha na definição do conteúdo dos Estudos Técnicos Preliminares
(ETP) ou falha no levantamento das soluções de mercado disponíveis, trazendo solu-
ções e causas possíveis dos eventos. Os modelos estão disponíveis em: https://www.
gestaoderiscos.cg.df.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/Modelo-Matriz-de-
-Riscos-de-Contrata%C3%A7%C3%B5es-e-Aquisi%C3%A7%C3%B5es-MRCA.pdf.

ATA DE REGISTRO DE PREÇOS

Aqui vamos distinguir ata de registro de preços e de sistema de registro de pre-


ço, também chamado SRP. Ata de registro de preços é o documento de caráter
vinculativo cujo objetivo é firmar um compromisso para futuras contratações
mediante compromisso obrigacional.
Esse caráter obrigacional vincula tanto os fornecedores quanto os órgão par-
ticipantes, bem como o valor, o objeto a ser contratado e as condições. Firma-se
o compromisso em uma ata (ata de registro de preços) com prazo de vigência

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de 1 (um) ano, prorrogável por igual período, mediante processo de licitação


para registro de preços. O órgão que inicia o processo licitatório para registro
de preços é chamado de órgão ou entidade gerenciadora (Art. 6º, inciso XLVII).
Vamos pensar no seguinte exemplo: imagine que um órgão do Ministério da
Fazenda realiza um pregão com a finalidade de registro de preços para aquisição
de material de escritório, por exemplo, canetas, lápis, papel etc. Com o fim do
Certame, é registrado na respectiva ata o preço do licitante vencedor (empresa A).
Essa ata de registro de preços poderá ser acessada por outro órgão federal (órgão
ou entidade não participante) que poderá, caso ele necessite dos itens registrados
na ata que foi então realizada, utilizar desse Certame realizado pelo Ministério
da Fazenda e contratar com a empresa A pelo valor registrado.
Vejamos o que diz a Lei nº 14.133/21, Art. 6º, incisos XLVI a XLIX sobre o assunto:


Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
XLV - sistema de registro de preços: conjunto de procedimen-
tos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas
modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços
relativos à prestação de serviços, obras e a aquisição e locação de
bens para contratações futuras;
XLVI - ata de registro de preços: documento vinculativo e obrigacio-
nal, com característica de compromisso para futura contratação, no
qual são registrados o objeto, os preços, os fornecedores, os órgãos par-
ticipantes e as condições a serem praticadas, conforme as disposições
contidas no edital da licitação, no aviso ou instrumento de contratação
direta e nas propostas apresentadas (BRASIL, 2021, grifo nosso).

Agora, atenção estudante, a existência de preços registrados implica o compro-


misso obrigacional nas condições estabelecidas na licitação de registro de preços,
porém não obriga a Administração Pública a contratar já que há a faculdade de
realizar licitação, desde que motivada.
A adesão a uma ata de registro de preços está condicionada à vantagem do
preço oferecido, sob pena de haver abuso nas “caronas” em processos já instau-
rados, com oportunidade de oferta no mercado mais econômicas. De modo que
para aderir a uma ata essa escolha precisa estar justificada ao invés do órgão fazer
sua própria licitação já que o objetivo primordial da ata de registro é exatamente,
além de economizar tempo sem ter vários processos licitatórios, o custo envol-

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vido é de suma importância visto que para o fornecedor A, do nosso exemplo


acima, é muito mais vantajoso vender para diversos órgãos públicos com os pre-
ços já registrados em ata ao invés de participar de várias licitações autônomas. É
vantajoso tanto para o Poder Público já que há economia de escala tanto para os
fornecedores que podem oferecer preço melhor tendo em vista a chance de haver
diversas contratações (caronas) em um único processo licitatório.
Já o sistema de registro de preços (SRP) é o sistema para realização dos proce-
dimentos do registro, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades
pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos à prestação de
serviços, obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras.

E U IN D ICO

O Portal Nacional de Contratações Públicas disponibiliza Atas de Registro de Pre-


ços Vigentes, com possibilidade de fazer consultas com filtros por exemplo por
órgão, estado da federação ou município. Acesse em: https://pncp.gov.br/app/
atas?q=&status=vigente&pagina=1.

Rodrigo Bordalo (2021, p. 92-93), ao discorrer sobre o sistema de registro de


preços (SRP), assim ensina:


Convém explicar o contexto desse sistema. Os negócios realizados
pela Administração devem, como regra, ser precedidos de licitação
pública. O procedimento comum baseia-se na realização de uma
licitação para cada aquisição realizada pelo Poder Público. Assim,
caso o ente estatal pretenda, por exemplo, celebrar contrato de com-
pra de 10 máquinas de reprografia (xerox), deve realizar o certame
licitatório para tanto. Posteriormente, se houver necessidade de aqui-
sição de mais maquinários, nova licitação deve ser feita. Há situa-
ções, contudo, envolvendo ajustes de produtos ou serviços que são
utilizados de maneira contínua pela Administração, como bens de
papelaria (folhas de papel, canetas, lápis etc.). Verifica-se a celebração
de contratos sucessivos cuja quantidade de aquisição sofre variação
de acordo com a necessidade do Poder Público. Nesse contexto, o
procedimento comum descrito acima não se mostraria eficiente. A

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solução encontra-se no sistema de registro de preços (SRP), funda-


mentado no seguinte procedimento: ao invés de realizar diversas
licitações para cada aquisição, a Administração realiza uma única
licitação, cujo vencedor registra os respectivos preços objeto do
certame. Cada vez que o ente estatal precisar adquirir determinada
quantidade de produtos ou serviços, simplesmente celebra os cor-
respondentes contratos com o ganhador durante certo período de
tempo. O escopo desse sistema é ampliar a participação de potenciais
interessados, bem como agilizar as contratações públicas, evitando
a ocorrência de estoques, que são custosos para o Poder Público.

Quando a Administração Pública pretender realizar o modelo contratual de-


nominado compras (categoria de contratação), quando possível, deve realizar o
sistema de registro de preços tendo em vista a própria característica do objeto
envolvido na contratação, geralmente bens de consumo de uso geral.

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Rafael Oliveira (2023, p.172-173), ao falar sobre o sistema de registro de preços,


assim ensina:


O SRP, na forma prevista no Art. 6.º, XLV, da Lei 14.133/2021, é o
“conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação
direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de re-
gistro formal de preços relativos à prestação de serviços, a obras e a
aquisição e locação de bens para contratações futuras”. Verifica-se,
desde logo, a ampliação na utilização do SRP no novo diploma le-
gal. Inicialmente restrito às compras e serviços, no regime da Lei
8.666/1993 e do Decreto federal 7.892/2013, a sua utilização foi am-
pliada no RDC para abarcar, ainda, obras e serviços de engenharia
(Art. 88, I, do Decreto federal 7.581/2011). Com a promulgação da
nova Lei de Licitações, o SRP poderá ser utilizado para serviços,
inclusive de engenharia, obras, aquisição e locação de bens.

A P RO F UNDA NDO

Estudante, o Portal de Compras do Governo Federal elaborou o Plano de Gestão


de Riscos da Operacionalização da Nova Lei de Licitações (PGRONLL), a fim de
guiar as ações organizacionais em prol da recepção do novo modelo de gestão. O
convite posto é o de maior previsibilidade, visão sistêmica e conduta ativa em face
da transição em curso.
No link a seguir, além de ter acesso ao Plano de Gestão de Riscos da Operacionali-
zação da Nova Lei de Licitações na íntegra há também um glossário explicativo do
que se trata a Matriz de Risco e você, estudante, também poderá assistir a Webinar
chamada Prepare sua Instituição para as Mudanças: identificação e avaliação de
riscos feito pelo Ministério do Planejamento e Orçamento e Gestão. https://www.
gov.br/compras/pt-br/nllc/identificacao-e-avaliacao-de-riscos.

TERCEIRIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Quando a Administração Pública contrata empresa privada para prestação de ser-


viços e terceiros contratados (por interposta pessoa) que prestam serviços dentro da
repartição pública, haverá a terceirização. Ocorre que, esses serviços que serão ter-
ceirizados não podem envolver as atividades finalísticas do órgão público, somente
sendo admitida para realização de atividades instrumentais (atividades-meio).

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Essa regra vai no sentido de evitar que, pela via da contratação de terceiros, a
Administração Pública deixe de realizar concurso público. Esse fato representaria
burla à lei com grave afronta da disciplina jurídico-administrativa já que a Ad-
ministração Pública deve contratar pessoal via concurso público, sendo possível
contratar terceiros para atividades instrumentais, apenas.
Um ponto importante no tema da terceirização é a questão da pessoalida-
de e da subordinação dos contratados perante a Administração Pública, visto
que eles são contratados e sua relação no tocante a direitos trabalhistas é com
a empresa que venceu a licitação e foi contratada para prestar os serviços, não
havendo vínculo empregatício com a Administração Pública. Esses contratos
geralmente envolvem atividades como contratação de serviços de limpeza,
vigilância e apoio administrativo.
Vejamos o que diz a Lei nº 14.133/21, Art. 48, sobre o assunto:


Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as atividades
materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assun-
tos que constituam área de competência legal do órgão ou da en-
tidade, vedado à Administração ou a seus agentes, na contratação
do serviço terceirizado:
I - indicar pessoas expressamente nominadas para executar direta
ou indiretamente o objeto contratado;
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato normativo a
ser pago pelo contratado;
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcionário de em-
presa prestadora de serviço terceirizado;
IV - definir forma de pagamento mediante exclusivo reembolso
dos salários pagos;
V - demandar a funcionário de empresa prestadora de serviço tercei-
rizado a execução de tarefas fora do escopo do objeto da contratação;
VI - prever em edital exigências que constituam intervenção inde-
vida da Administração na gestão interna do contratado.
Parágrafo único. Durante a vigência do contrato, é vedado ao
contratado contratar cônjuge, companheiro ou parente em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de dirigente
do órgão ou entidade contratante ou de agente público que de-

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sempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na ges-


tão do contrato, devendo essa proibição constar expressamente
do edital de licitação (BRASIL, 2021).

Note, estudante, que o Art. 48 da Lei nº 14.133/21 (lei geral de licitações e con-
tratos) não prevê a terceirização de atividade-fim, o próprio texto legal fala em
atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que
constituam área de competência legal do órgão ou da entidade.
Outro ponto relevante trazido pela Lei nº 14.133/21 no tocante ao tema da
terceirização de serviços é no sentido de evitar o nepotismo e o conflito de in-
teresses nas contratações de serviços feitas pela Administração Pública. Dessa
forma é vedado contratar cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, co-
lateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de dirigente do órgão ou entidade
contratante ou de agente público que desempenhe função na licitação ou atue
na fiscalização ou na gestão do contrato, devendo essa proibição constar expres-
samente do edital de licitação.
Assim como, Administração Pública está proibida de indicar pessoas para
executar direta ou indiretamente o objeto contratado, estabelecer vínculo de su-
bordinação com funcionário de empresa prestadora de serviço terceirizado, bem
como demandar a funcionário da empresa prestadora de serviço terceirizado a
execução de tarefas fora do escopo do objeto da contratação.
Rafael Oliveira (2023, p. 96-97), ao discorrer sobre a terceirização, assim nos
ensina:


Tradicionalmente, com o intuito de evitar que a terceirização seja um
sucedâneo da regra do concurso público, a doutrina e o TCU têm
entendido que a terceirização somente será legítima para atividades
instrumentais (atividades-meio) da Administração. No tocante aos
serviços relacionados às finalidades essenciais da Administração
(atividades-fim), a terceirização é vedada. De forma semelhante, o
TST, por meio da Súmula 331, restringiu as terceirizações às ativi-
dades instrumentais, desde que inexistente a pessoalidade e a su-
bordinação direta. Somente seria considerada lícita a terceirização
que objetivasse a prestação de serviços, sendo vedada a terceirização

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para mero fornecimento de mão de obra, hipótese em que, caracte-


rizadas a pessoalidade e subordinação do vínculo, a Administração
deveria contratar pessoal por meio de concurso público.

Rodrigo Bordalo ( 2021, p. 106), ao discorrer sobre a terceirização, leciona:


A Lei nº 14.133/2021, inovando em relação aos ditames da Lei nº
8.666/93, expressamente disciplina os contornos das contratações
de serviços, somente admitindo a execução por terceiros para as
atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares
aos assuntos que constituam área de competência legal do órgão
ou da entidade pública. São estabelecidas uma série de vedações,
entre as quais indicar pessoas nominadas para executar o objeto do
contrato e estabelecer vínculo de subordinação com funcionário da
empresa prestadora do serviço terceirizado.

Tema também relevante no tocante às terceirizações a responsabilidade da Admi-


nistração Pública sobre eventual inadimplemento de encargos trabalhistas por par-
te da empresa contratada. A discussão se dá ao indagar até que ponto a Administra-
ção Pública tem responsabilidade sobre os terceirizados, prestadores dos serviços
das atividades instrumentais ou acessórias do órgão, em relação à empresa que foi
contratada, caso ela não arque com os direitos trabalhistas dos seus funcionários.
O tema foi objeto de análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou
sobre a responsabilidade subsidiária do poder público nos contratos de tercei-
rização quando ficar constatada a culpa in vigilando da Administração Pública
que deixou de fiscalizar, por exemplo, o contrato administrativo firmado por ela.
Em outras palavras, para que haja a responsabilidade subsidiária do Poder
Público frente a possível inadimplemento de obrigações de encargos trabalhistas
da empresa contratada para com os seus funcionários, tem que haver negligência
do ente público em face do dever de fiscalizar seus contratos administrativos.
De modo que, o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados
do contratado não transfere, automaticamente, ao Poder Público contratante
a responsabilidade pelo seu pagamento, devendo, para tanto, ocorrer culpa in
vigilando da Administração Pública com fundamento no dever de fiscalização
da execução do contrato.

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DIÁLOGO COMPETITIVO

A modalidade licitatória Diálogo Competitivo não existia no regime geral ante-


rior, sendo uma novidade trazida pela nova lei geral de licitações Lei nº 14.133/21.
É um modelo inovador para nosso ordenamento jurídico e tem inspiração na
União Europeia utilizado desde 2004.
A nova modalidade está prevista no Artigo 32 da Lei nº 14.133/21 e é voltada
para contratações mais complexas em que a Administração Pública não possui
todas as informações técnicas de que necessita para firmar o futuro contrato e,
por isso, precisa estabelecer diálogos prévios com especialistas no ramo a ser
contratado para poder tomar a medida mais acertada.
A condução do diálogo competitivo é feita por comissão de contratação com-
posta de pelo menos três servidores efetivos ou empregados públicos perten-
centes aos quadros permanentes da Administração. Admite-se a contratação de
profissionais para assessoramento técnico da comissão, os quais devem assinar
termo de confidencialidade e se absterem de desenvolver atividades que possam
configurar conflito de interesse. Outrossim, a Administração não poderá revelar
a outros licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas comunicadas
por um licitante sem o seu consentimento.

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Ela representa um marco interessante no campo das contratações públicas,


pois traz a ideia de uma Administração Pública mais dialógica. Desse modo é
estabelecida uma aproximação com o setor privado que possui a expertise ade-
quada sobre determinada tecnologia e, assim, a Administração Pública pode
modelar melhor o negócio que pretende contratar.
A modalidade licitatória Diálogo Competitivo visa proporcionar uma in-
teração entre a administração pública e os licitantes, permitindo a discussão de
soluções inovadoras para demandas complexas e singulares. Essa modalidade
se destaca por seu caráter flexível, possibilitando a adaptação das propostas às
reais necessidades do órgão contratante. No entanto, é essencial ressaltar que a
implementação eficaz do Diálogo Competitivo requer a estrita observância dos
princípios da transparência e da igualdade, conforme preconizado pela Lei nº
14.133/21, garantindo que o processo se desenvolva de maneira justa e ética.
Rafael Oliveira ( 2023, p. 343/344), ao discorrer sobre a modalidade licitatória
diálogo competitivo:


O diálogo competitivo, também denominado “diálogo concorren-
cial”, foi adotado no âmbito da União Europeia e, por certo, ser-
viu de inspiração para o legislador nacional incorporá-lo à Lei de
Licitações como nova modalidade de licitação.(...) Nesse contexto,
diversos países europeus incorporaram em seus ordenamentos ju-
rídicos nacionais a previsão do diálogo concorrencial, tais como:
Portugal (Arts. 30.º e 204.º a 218.º do Código de Contratos Públicos),
França (Dialogue compétitif: arts. 26, I, 3.º, 36 e 67 do Code des
marchés publics), Espanha (Diálogo Competitivo:arts. 163 a 167 da
Lei 30/2007 – Contratos del Sector Público) etc. É possível perceber,
portanto, que o diálogo competitivo inserido na nova Lei de Licita-
ções é fortemente influenciado pela experiência no Direito Europeu.

Ao possibilitar a interação entre as partes interessadas, o Diálogo Competitivo


surge como uma nova modalidade de licitação valiosa, já que permite a inova-
ção, especialmente em projetos complexos e inovadores. Contudo, é necessário
cuidado constante para evitar práticas que possam comprometer a equidade e
a lisura do processo licitatório tendo em vista que nesses casos há uma maior
participação de diálogos com interações constantes entre possíveis fornecedores
e a Administração Pública.

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Vejamos o Art. 32 da Lei nº 14.133/21:


Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações
em que a Administração:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satis-
feita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
com precisão suficiente pela Administração;
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque
para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
III - (VETADO) (BRASIL, 2021).

Observe-se que a modalidade é aplicável para casos muito específicos de contra-


tação, como por exemplo, inovação tecnológica ou técnica, impossibilidade de a
Administração Pública ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções
disponíveis no mercado e impossibilidade de as especificações técnicas serem
definidas com precisão suficiente pela Administração.
Marilene Carneiros Matos et al. (2023, p. 204) assim se posicionam sobre a
modalidade diálogo competitivo:


Outra grande novidade que auxilia na inovação é o diálogo competi-
tivo. Trata-se de modalidade inspirada no Art. 30 da Diretiva 2014/24
da União Europeia, depois incorporada a legislações internas como
da Inglaterra, Holanda, França e Portugal. É denominado, na Euro-
pa, de diálogo concorrencial. Seu objetivo é atender às necessidades
de obras, serviços e compras em que o poder público sabe de suas
necessidades, mas não sabe, diante da variabilidade do mercado,
como melhor supri-las. Nessa perspectiva, trata-se de instituto que
se assemelha, no objetivo, ao Procedimento de Manifestação de In-
teresse (PMI), pois se intenta provocar o mercado a compartilhar de
sua expertise para que o poder público tenha condições de engen-

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

drar contratações mais ajustadas às suas necessidades. No entanto,


enquanto o PMI se realiza antes da licitação, o diálogo competitivo
abrirá a interlocução, ou seja, o debate (sobre possibilidades técnicas
e de inovação) com os licitantes que já participam da licitação, isto é,
já há uma situação de interesses postos na mesa, com uma provável
futura contratação. O diálogo competitivo é, portanto, modalidade
que apresenta suas flexibilidades, tendo em vista que abre margem
para a administração estabelecer, no curso do certame, a solução que
melhor atenda a suas necessidades (após o diálogo estimulado dentro
do procedimento licitatório), daí, em fase subsequente, competitiva,
os licitantes terão oportunidade de apresentar propostas com base
nessa solução. Assim, a ideia é que se aprende dialogando, abertura
que permite que haja o alinhamento de interesses e expectativas, dado
que muitos modelos de negócio apresentam suas complexidades.

O Tribunal de Contas da União elaborou um estudo chamado Trilha Diálogo


Competitivo. Nele são apresentadas as etapas das contratações públicas, incluin-
do a preparação interna, seleção prévia de licitantes, diálogo com os licitantes e
a fase competitiva. É destacada a importância do planejamento, da análise do
mercado e da imersão no desafio a ser enfrentado.

E U IN D ICO

Acesse o link: https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileI-


d=8A81881E7FF0EF4B01828247BA090887.

Na modalidade Diálogo competitivo, a Administração Pública apresentará, por


ocasião da divulgação do edital, suas necessidades e estabelecerá prazo mínimo de
25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse, de modo que haja uma
fase de pré-qualificação em que os critérios são definidos. Há, portanto, uma pré-se-
leção para verificar quem estaria habilitado para o diálogo, e o edital deverá estipular
critérios objetivos para a pré-seleção de quem vai participar da fase do diálogo.
No diálogo competitivo há duas fases, uma que pré-qualifica os que vão par-
ticipar do diálogo e uma outra fase competitiva propriamente dita. A fase de diá-
logo serve para aferir possíveis soluções para as necessidades da Administração,

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U N I AS S E LVI

com estímulo à criação de rodadas de diálogo. Há uma regra de confidencialidade


durante a fase de diálogos, e a Administração Pública não poderá revelar a outros
licitantes as soluções propostas nem como os encaminhamentos dos diálogos
estão sendo desenhados.
Observe como tudo isso é delicado. Como forma de contrapor aproximações
que venham gerar problemas, a lei previu que as reuniões com os licitantes pré-
-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo.
A fase competitiva inicia-se após o fim dos diálogos, com a publicação de
novo edital que conterá a especificação da solução que atenda às necessidades
da Administração e os critérios de julgamento objetivos a serem utilizados para
seleção da proposta mais vantajosa. Haverá prazo mínimo de 60 (sessenta) dias
úteis, para todos os licitantes pré-selecionados apresentarem suas propostas.

A P RO F UNDA NDO

Estudante, vamos acompanhar, na prática, um edital de diálogo competitivo? Se-


paramos para você o Edital do Ministério da Defesa (Comando da Aeronáutica,
Edital de Diálogo Competitivo nº 001/CLA/2023nº001/cla/2023).
No link a seguir, terá acesso ao edital e anexos e poderá observar como são feitas as
cláusulas do edital e o passo-a-passo. Acesse o link: https://www2.fab.mil.br/licita-
coesecontratos/index.php?option=com_attachments&task=download&id=9169.

E M FO CO

Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este


tema importante que contribuirá para o seu desenvolvimento. Recursos de mídia
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
A Disciplina Licitações e Contratos é fascinante, pois une teoria e prática de
maneira única. Imagine-se como um detetive desvendando os segredos das com-
pras públicas, identificando necessidades da sua cidade e do seu estado, como

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

a construção de obras de engenharia de uma nova ferrovia ou de um hospital.


A teoria apontando direções a explorar, enquanto a prática é o terreno em que
você, como estudante, coloca suas descobertas em ação.
A teoria das licitações e contratos oferece uma variedade de abordagens, cada uma
contribuindo para a compreensão das complexidades desse campo. É como montar
um quebra-cabeça complexo, em que cada peça do planejamento teórico nos ajuda
a entender as causas e motivações por trás dos processos de licitação e contratação.
Você sentirá, estudante, na sua vida prática, como é fascinante poder parti-
cipar de uma sessão pública de licitação, a disputa acontecendo diante de seus
olhos, com os lances sendo ofertados pelos fornecedores interessados na disputa
do contrato, e você terá que estar preparado para decidir recursos e demais ques-
tionamentos que surgem no decorrer do processo de contratação.
Na aplicação prática, as licitações e contratos desempenham um papel crucial
na formulação de políticas públicas e estratégias administrativas. Pense em si
mesmo como um arquiteto projetando um sistema de justiça mais equitativo e
eficaz, com entrega de melhores serviços públicos para a população.
Além disso, as licitações e contratos também estão envolvidas na intervenção
das cidades, trabalhando para oferecer melhorias de mobilidade urbana e até
mesmo uma visão mais equânime dos recursos naturais com aplicação de polí-
ticas de sustentabilidade ambiental. É como ser um guia, auxiliando a Adminis-
tração Pública e o mercado na aplicação de novas soluções que visem diminuir
as burocracias existentes em nossos sistemas de governo e contribuir para uma
gestão pública mais eficaz e com mais entregas.
O mercado de trabalho nesse campo é vasto e repleto de oportunidades. Você
pode encontrar seu lugar como agente público de um órgão da Administração
Pública ou mesmo atuar como membro de equipes em agências governamentais
ou escritórios no setor privado, ou até mesmo como um empreendedor que cria
sua própria empresa de consultoria.
Em resumo, a disciplina de licitações e contratos é um enigma em que
teoria e prática se combinam para criar um mundo mais justo e eficaz, e com
entrega de melhores serviços públicos. Qual peça você gostaria de ser nessa
jornada? Você fará parte dessa engrenagem e se surpreenderá a cada nova li-
citação e a cada nova contrato!

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AUTOATIVIDADE

1. Na modalidade Concorrência, os licitantes competem por meio de lances e propostas, sen-


do a escolha geralmente baseada no menor preço. Já no Diálogo Competitivo, após a fase
de qualificação, ocorre uma negociação entre a Administração e os licitantes selecionados
para o aprimoramento das propostas (BRASIL, 2021).

Qual é a modalidade de licitação em que a Administração Pública visa contratar objeto que
envolva inovação tecnológica ou técnica, impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua ne-
cessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado e impossibilidade
de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração?

a) Concorrência.
b) Tomada de Preços.
c) Diálogo Competitivo.
d) Convite.
e) Pregão eletrônico.

2. Segundo o Artigo 28 da lei geral de licitações a Lei nº 14.133/21, são modalidades de lici-
tação o pregão, a concorrência, o concurso, o leilão e o diálogo competitivo.

Sobre a principal característica da modalidade licitatória diálogo competitivo, de acordo com


a Lei nº 14.133/21, analise as afirmativas a seguir.

I - Visa contratar objeto que envolva inovação tecnológica ou técnica.


II - Participação exclusiva de empresas estrangeiras.
III - Restrição ao uso apenas em casos de serviços de engenharia.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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AUTOATIVIDADE

3. O Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal de 1988 prevê que a Administração Pública
deverá se valer da licitação como regra geral, porém são admitidas ressalvas nos casos
especificados em lei. Portanto, o princípio da obrigatoriedade de licitar possui exceções,
e elas dizem respeito às formas de contratação direta por parte da Administração Pública
verificadas em processos de dispensa e inexigibilidade (BRASIL, 2021).

No que se refere à dispensa e inexigibilidade de licitação, assinale a alternativa correta:

a) A dispensa de licitação se aplica quando a competição entre fornecedores é viável,


porém a lei faculta a obrigatoriedade de licitar.
b) A dispensa de licitação ocorre quando há inviabilidade de competição, mas existem pelo
menos três fornecedores interessados.
c) A dispensa de licitação e a inexigibilidade de licitação não são aplicadas quando a com-
petição entre fornecedores não é viável.
d) A inexigibilidade de licitação ocorre quando há possibilidade de competição.
e) As hipóteses de inexigibilidade e dispensa foram extintas com o advento da nova lei
geral de licitações Lei nº 14.133/21.

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REFERÊNCIAS

BORDALO, R. R. Nova lei de licitações e contratos administrativos: principais mudanças. São


Paulo: Expressa, 2021.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Brasília, DF: Presidência da República, 1º abr. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm Acesso em: 6 dez. 2023.

MATOS, M. et al. Nova Lei de licitações e contratos Lei nº 14.133/2021: debates, perspectivas e
desafios. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2023.

OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e contratos administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.

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GABARITO

1. Alternativa C.

2. Alternativa A.

3. Alternativa A.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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MINHAS ANOTAÇÕES

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