Livro-Processos Licitatorios Contratos e Terceirização
Livro-Processos Licitatorios Contratos e Terceirização
LICITATÓRIOS,
CONTRATOS E
TERCEIRIZAÇÃO
ADRIANA PESSÔA
FICHA CATALOGRÁFICA
220 p.
CDD - 342.24
Impresso por:
03506848
RECURSOS DE IMERSÃO
Este item corresponde a uma proposta Utilizado para temas, assuntos ou con-
de reflexão que pode ser apresentada por ceitos avançados, levando ao aprofun-
meio de uma frase, um trecho breve ou damento do que está sendo trabalhado
uma pergunta. naquele momento do texto.
E U I N D I CO ZOOM NO CONHECIMENTO
INDICAÇÃO DE L IVRO
E M FO CO
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SUMÁRIO
7UNIDADE 1
FASES DA LICITAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
77UNIDADE 2
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UNIDADE 3
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UNIDADE 1
TEMA DE APRENDIZAGEM 1
MINHAS METAS
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P L AY N O CO NHEC I M ENTO
Política pública é uma construção social que envolve diferentes atores: governo,
Administração Pública, atores políticos e a sociedade. O papel do governo na cria-
ção e implementação de políticas públicas afeta diretamente a vida cotidiana das
pessoas, já que ela serve para melhorar a vida da coletividade. Vamos entender
melhor do que se trata e desvendar como é a implementação desse processo
na prática? Acesse o nosso podcast! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.
VAMOS RECORDAR?
A licitação é um procedimento fundamental no âmbito da Administração Pública.
Ele visa selecionar fornecedores para a contratação de bens, serviços e obras de
interesse do Estado. Esse procedimento busca assegurar a escolha da proposta
mais vantajosa para a Administração Pública. Assim, com base em critérios
predefinidos e em conformidade com os princípios legais, o Estado consegue
executar ações e programas em prol do bem comum.
Estudante, convidamos você a participar de um momento essencial para manter
atualizadas as mudanças que impactam diretamente a área de licitações e contra-
tos, assistindo ao vídeo O que muda, na prática, com a nova lei de licitações? Nele
são destacadas as nuances da Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei 14.133/21).
Você terá acesso a insights detalhados que proporcionarão uma compreensão
aprofundada das mudanças significativas que a nova legislação traz consigo. A
oportunidade de se familiarizar com essas alterações é fundamental para garantir
que sua atuação profissional esteja alinhada com as mais recentes diretrizes e me-
lhores práticas. https://m.facebook.com/institutogmpr/videos/live06-o-que-
-muda-na-pr%C3%A1tica-com-a-nova-lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-institu-
to-gmpr/523724825478266/?_se_imp=0dFluUaQIEd3OQAyi.
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“
Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a
Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para
o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se
através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Ad-
ministração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade
a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade
nos negócios administrativos.
José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 246, grifo nosso) ensina que:
“
Licitação é o procedimento administrativo vinculado por meio
do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela con-
trolados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos
vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato,
ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico.
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“
[…] procedimento administrativo pelo qual um ente público, no
exercício da função administrativa, abre a todos os interessados,
que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocató-
rio, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais sele-
cionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato.
“
Por se tratar de um procedimento administrativo, a licitação
deve ser compreendida como um conjunto ordenado e sucessi-
vo de atos praticados por agentes públicos (ou nessa condição) e
por particulares, objetivando a consecução de um efeito final con-
substanciado na seleção da proposta de contratação mais vantajosa.
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Para iniciarmos nossa conversa precisamos entender o que vem a ser princípios.
“
Art. 37. (…)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga-
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.
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A nova Lei 14.133, de 1º de abril de 2021, prevê em seu Capítulo II, Art. 5º o
seguinte elenco de princípios:
“
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da econo-
micidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como
as disposições do Decreto-Lei nº 4.657,de 4 de setembro de 1942
(Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
Economicidade Desenvolvimento
nacional Legalidade
sustentável
Celeridade
Impessoalidade
Proporcionalidade
Moralidade
Competitividade
Razoabilidade Publicidade
ART. 5°
Segurança PRINCÍPIOS Eficiência
jurídica
Vinculação ao Probidade
edital administrativa
Motivação
Igualdade
Segregação de
funções
Eficácia Transparência Planejamento
A nova lei 14.133 foi promulgada em 1º de abril de 2021, com aplicação imediata,
e revogou a Lei nº 8.666/93, a Lei do Pregão, Lei nº 10520/02, e os Arts. 1º a 47 da
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Assim como nós, as leis nascem, vivem e morrem. As leis também têm um ciclo
vital, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas.
O termo vacatio legis tem origem no latim e é comumente utilizado no âm-
bito jurídico para se referir ao período de tempo que ocorre entre a publicação
de uma nova lei e o início de sua vigência. Em outras palavras, a vacatio legis
é o intervalo em que uma lei é disponibilizada publicamente, mas ainda não
possui eficácia jurídica, permitindo que a sociedade e os órgãos públicos se
adaptem às novas normas legais.
Esse intervalo é essencial para que as pessoas e entidades afetadas pela nova
lei tenham tempo suficiente para compreender as mudanças e tomar as medidas
para se adequar a ela. Durante a vacatio legis uma norma legal é publicamente
conhecida, mas não pode ser aplicada.
A vacatio legis pode variar em duração. Em muitos sistemas jurídicos, in-
cluindo o brasileiro, a duração padrão da vacatio legis é estabelecida por lei ou
regulamento. No Brasil, a regra geral para a vacatio legis está prevista no Artigo
1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que estabelece
que as leis entram em vigor após 45 dias de sua publicação, a menos que a própria
lei estabeleça um prazo diferente.
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Assim, a LINDB ensina que a lei começará a vigorar em todo o país após 45 dias
da publicação, esse período entre a publicação e o vigor da lei chamamos de vacatio
legis. Atente-se também ao “Salvo disposição contrária”, pois a lei poderá prever prazo
diferente dos 45 dias ou prever que terá vigência imediata, como foi o caso da Nova
Lei de Licitações, Lei 14.133/21, que teve sua aplicação imediata a partir da publicação.
De modo que, esse tempo é usado pelo legislador para permitir que o sistema se
adapte às mudanças legais de maneira mais suave. Isso é particularmente relevante
quando as alterações legais são substanciais e afetam um grande número de pessoas
e organizações. A vacatio legis atua como um modulador temporal, período de
transição que facilita a implementação e o cumprimento das novas regras.
Em resumo, a vacatio legis é um conceito jurídico que representa o intervalo
entre a publicação de uma nova lei e o início de sua vigência, permitindo que as
partes interessadas se adaptem às mudanças legais. Esse período desempenha
um papel importante na previsibilidade e na segurança jurídica, garantindo que
as leis sejam aplicadas de maneira planejada e eficaz.
Já o termo revogação é a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a efi-
cácia. Portanto, quanto à revogação, ela poderá ser parcial, atingindo só uma parte da
norma, permanecendo em vigor o restante, por exemplo, (chamada de derrogação)
ou total/absoluta consiste na supressão integral da norma (chamada de ab-rogação).
E U IN D ICO
Para que você possa aprofundar o ciclo de fases das leis, indicamos a Enciclopé-
dia Jurídica da PUCSP. Acesse em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbe-
te/127/edicao-1/revogacao.
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Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modali-
dades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e funda-
cionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido
o disposto no Art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades
de economia mista, nos termos do Art. 173, § 1°, III.
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Ao exercer sua competência privativa, a União pode criar normas que padro-
nizam e simplifiquem os procedimentos de licitação. Isso não apenas facilita o
cumprimento das obrigações legais por parte dos entes federativos, mas também
torna o processo mais acessível e compreensível para os participantes.
Embora a União estabeleça normas gerais, as esferas estaduais e munici-
pais têm a prerrogativa de criar regulamentações específicas para atender às
particularidades locais. Isso permite que as normas gerais sejam adaptadas à
realidade de cada região, desde que não entrem em conflito com os princípios
fundamentais estabelecidos pela União.
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Para o Estado exercer suas políticas e colocar em prática todo o manancial de que
dispõe, visando o interesse da coletividade, o ordenamento jurídico atribuiu-lhe
certas prerrogativas denominadas poderes administrativos. São formas que o
Estado tem de sobrepor a sua vontade frente à vontade individual. Esses poderes
devem ser entendidos como instrumentos, já que a utilização ilegal, inadequada,
imoral dos poderes administrativos leva ao abuso de poder.
O poder vinculado é caracterizado pela estrita observância da lei. Nesse
contexto, a Administração Pública atua seguindo rigorosamente as normas le-
gais estabelecidas. Um exemplo claro desse poder é encontrado nas licitações
públicas. Quando a legislação exige a escolha da proposta mais vantajosa para
a administração, a atuação do gestor público é vinculada a esses critérios, não
havendo espaço para interpretação subjetiva.
Por outro lado, o poder discricionário confere à Administração uma margem de
liberdade para agir, permitindo a escolha de medidas mais adequadas conforme as cir-
cunstâncias. Um exemplo desse poder é a concessão de licenças ambientais. A legislação
estabelece parâmetros, mas a Administração tem o poder discricionário para avaliar as
peculiaridades de cada situação e decidir sobre a concessão ou não da licença, levando
em consideração variáveis como impacto ambiental, benefícios sociais, entre outros.
Vale ressaltar que, embora o poder discricionário confere certa flexibilidade
à Administração, ele não é absoluto e deve ser exercido dentro dos limites legais,
éticos e razoáveis. Decisões arbitrárias ou que violem direitos fundamentais po-
dem ser objeto de revisão judicial.
O poder vinculado e o poder discricionário representam as duas faces da
atuação da Administração Pública, refletindo a necessidade de equilíbrio entre
a rigidez legal e a flexibilidade na gestão dos interesses públicos.
O poder vinculado está intimamente relacionado à ideia de legalidade na
administração pública. Ele garante que a administração obedeça às restrições que
a lei estabelece, sem qualquer margem de interpretação ou decisão discricionária.
Essa restrição é essencial para evitar abusos de poder e garantir a previsibilidade
e a segurança jurídica nas relações entre o Estado e os cidadãos. Por exemplo,
quando um órgão público decide contratar bens, serviços ou obras, deverá seguir
as regras e critérios estabelecidos em lei.
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Em rigor, no Estado de Direito inexiste um poder, propriamente
dito, que seja discricionário, fruível pela Administração Pública.
Há, isto sim, atos em que a Administração Pública pode manifestar
competência discricionária e atos a respeito dos quais a atuação
administrativa é totalmente vinculada.
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Se a lei todas as vezes regulasse, vinculadamente, a conduta do ad-
ministrador, padronizaria sempre a solução, tomando-a invariável
mesmo perante situações que precisam ser distinguidas e que não
se poderia antecipadamente catalogar com segurança, justamente
porque a realidade do mundo empírico é polifacética e comporta
inumeráveis variantes. Donde, em muitos casos, uma predefinição
normativa estanque levaria a que a providência por ela imposta
conduzisse a resultados indesejáveis.
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NOVOS DESAFIOS
Chegando ao final deste Tema de Aprendizagem, vamos recordar alguns tópicos
estudados e tentar conectar com o que vimos até aqui sobre a lei aplicável ao tema
das licitações públicas e suas bases conceituais.
Sabemos que a Constituição Federal estabelece a obrigatoriedade de que
obras, serviços, compras e alienações sejam contratadas mediante prévio proces-
so de licitação pública que assegure a igualdade de condições a todos os licitantes
envolvidos na disputa (Art.37, inciso XXI, da CF/88). Também enxergamos o
poder gigante de compra em que o Estado movimenta com as licitações públicas,
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AUTOATIVIDADE
I - Promover o nepotismo.
II - Garantir a escolha de fornecedores específicos que estejam no cadastro único.
III - Assegurar a eficiência e a moralidade na Administração Pública.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.
BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.
BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de lici-
tação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Gov.br, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/legislacao-geral/
leis/lei-no-10-520-de-17-de-julho-de-2002. Acesso em: 24 abr. 2024.
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
MELLO, C. A. B. de. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
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GABARITO
2. Alternativa B. Nepotismo (I) – Errada. Nepotismo não é objetivo das licitações públicas.
3. Alternativa C. Realizar licitações sempre que possível está ancorada no princípio da obriga-
toriedade da licitação prevista no artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal brasileira. De
acordo com esse artigo, a licitação é obrigatória em todas as contratações de obras, serviços,
compras e alienações realizadas pela administração pública, exceto nos casos de dispensa
ou inexigibilidade de licitação previstas na lei.
a) Contratar sem licitar – Errada. A contratação sem licitar é, em regra, proibida, conforme
previsto no Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal e na Lei nº 8.666/1993, que exige
a licitação como regra geral.
b) Utilizar a dispensa de licitação em todos os casos – Errada. A dispensa de licitação é uma
exceção e só pode ser utilizada nos casos expressamente previstos nas Leis nº 8.666/1993
e 14.133/21 como nas situações de emergência ou de pequeno valor, não podendo ser
aplicada indistintamente.
d) Escolher fornecedores sem critérios usando o cadastro único – Errada. A escolha de for-
necedores deve ser realizada com base em critérios objetivos e em conformidade com a lei
de licitações, não sendo permitido escolher fornecedores sem critérios claros e objetivos.
e) Ignorar a concorrência quando se tratar de licitações regionais – Errada. O dever funda-
mental da administração pública em relação às licitações é sempre estimular e promover a
concorrência, pois a igualdade e a competição devem ser mantidas em todas as fases de
licitação, art. 37, XXI, Constituição Federal – ressalvados os casos especificados na legislação,
as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta.
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MINHAS ANOTAÇÕES
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
MINHAS METAS
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VAMOS RECORDAR?
Convidamos você a participar de um momento educativo essencial para estar
atualizado às mudanças que impactam diretamente a área de licitações e contratos
públicos. Assista ao vídeo da escola da AGU – Advocacia Geral da União que é
bem esclarecedor sobre as recentes alterações na legislação. Esse conteúdo é
indispensável para profissionais que desejam estar à frente das transformações
no cenário da atualidade da lei. Acesse o link: https://www.youtube.com/
watch?v=u0F2FP4_OZU.
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marco legal com a chegada da nova lei. Ela trouxe importantes mudanças para a
legislação de licitações e contratos públicos, visando a modernização e aprimo-
ramento dos processos, promovendo maior eficiência, transparência e susten-
tabilidade nas contratações públicas. Muitas novidades foram implementadas.
A nova lei 14.133, de 1º de abril de 2021 teve sua aplicação imediata - conforme
o Art. 194 da lei, não teve, portanto, vacatio legis. Contudo, a lei nº 8.666/93, a Lei do
pregão lei nº 10520/02, e os Arts. 1º a 47 da lei nº 12.462/11 (Lei do RDC – registro
diferenciado de contratação) não foram revogados de imediato com a entrada da lei
14.133/21, sendo revogados em 30 de dezembro de 2023 conforme prevê a Lei comple-
mentar nº 198, de 28 de junho de 2023 que alterou o Art. 193 da lei 14.133/21, vejamos:
“
Art. 193. Revogam-se:
II - em 30 de dezembro de 2023: (Redação dada pela Lei Comple-
mentar nº 198, de 2023)
a) a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 198, de 2023).
b) a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002; e (Redação dada pela Lei
Complementar nº 198, de 2023).
c) os Arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. (Reda-
ção dada pela Lei Complementar nº 198, de 2023) (BRASIL, 2023a).
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Esse regime de transição está contemplado nos Artigos 190 e 191 da Lei
14.133/21, vejamos:
“
Art. 190. O contrato cujo instrumento tenha sido assinado antes da
entrada em vigor desta Lei continuará a ser regido de acordo com
as regras previstas na legislação revogada.
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do
Art. 193, a Administração poderá optar por licitar ou contratar dire-
tamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no
referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada expressamen-
te no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada
a aplicação combinada desta Lei com as citadas no referido inciso.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Adminis-
tração optar por licitar de acordo com as leis citadas no inciso II do
caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas
regras nele previstas durante toda a sua vigência (BRASIL, 2021).
A P RO F UNDA NDO
Estudante, você sabia que em 8/3/2023 foi publicado o Decreto 11.430, que re-
gulamenta a Lei 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), para
estabelecer regras sobre a exigência de um percentual mínimo de mão de obra
constituída por mulheres vítimas de violência doméstica, e sobre a utilização de
ações de equidade entre mulheres e homens no ambiente de trabalho como cri-
tério de desempate em licitações no âmbito da Administração Pública Federal
Direta, autárquica e fundacional. Venha saber mais sobre o assunto, assistindo a
Webinar do Ministério do Planejamento e Orçamento sobre o decreto nº 11.430/23
que regulamenta a exigência de percentual mínimo de mão de obra constituído
por mulheres vítimas de violência doméstica. Acesse em: https://www.youtube.
com/watch?v=oLNzBO9j_K4.
Mas lembre-se que é vedada a combinação das duas leis, ou seja, é uma ou a outra,
a administração pública pode escolher aplicar de imediato a lei nova ou continuar
utilizando a lei antiga. E qual a razão disso? Para poder se adaptar! Pense comigo
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aqui. Quando você compra um aparelho novo para sua casa, vamos imaginar
uma nova geladeira, há uma série de coisas a fazer, não é?! Primeiro temos que
retirar os alimentos da antiga para não estragar e colocar na nova, entender o
funcionamento da nova, saber se a carga elétrica é compatível, ler o manual de
instrução, achar um novo lugar na casa para colocar a geladeira nova que acaba
de chegar, desligar a velha e, finalmente, ligar tudo na nova! Ufa, que trabalheira!
Foi assim que o legislador pensou quando previu um prazo de até dois anos para
o convívio das normas. Para que a Administração Pública, por meio dos seus órgãos e
agentes públicos, possa se adaptar. E não somente essa adaptação é de responsabilidade
da Administração Pública. A iniciativa privada também precisa se adequar e entender
os novos desafios e funcionalidades para poderem participar do processo de seleção.
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Uma novidade foi a edição do Decreto 11.430, de 8 de março de 2023. Ele dispõe
sobre a exigência em contratações públicas de percentual mínimo de mão de obra
constituída por mulheres, vítimas de violência doméstica, e sobre a utilização
pelo licitante de ações de equidade entre mulheres e homens no ambiente de
trabalho como critério de desempate em licitações. Seria uma espécie de cotas
dentro das licitações públicas. Esse movimento é um avanço no campo das polí-
ticas públicas voltado para o incremento de ações afirmativas. O intuito é rever
desigualdades na sociedade para proteger determinados grupos e minorias de
excluídos que tiveram direitos negados ou renegados historicamente.
Para implementação dessas medidas, o Ministério da Gestão e da Inovação
em Serviços Públicos e o Ministério das Mulheres firmarão acordo de coope-
ração técnica com as unidades responsáveis pela política pública de atenção às
mulheres vítimas de violência doméstica.
Outra novidade foi a norma editada em 2023, o Decreto 11.462, de 31 de
março de 2023 que regulamenta os Art. 82 a Art. 86 da nova Lei nº 14.133/21
para dispor sobre o sistema de registro de preços para a contratação de bens e
serviços, inclusive obras e serviços de engenharia.
O registro de preços é um dos cinco procedimentos auxiliares trazidos pela
nova Lei de Licitações e Contratos. O objetivo é tornar o procedimento licitatório
mais ágil. Os procedimentos auxiliares trazidos pela Lei 14.133/2021 são: siste-
ma de registro de preços, credenciamento, pré-qualificação, registro cadastral e
procedimento de manifestação de interesse.
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Para entender melhor esse tema, sugerimos que leia a Lei complementar 198/23
Art. 3º. Acesse em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp198.htm.
A Lei 14.133/21 trouxe um rol renovado de princípios. Parte deles já são co-
nhecidos, tanto do direito administrativo em geral e da jurisprudência quanto
expresso na Constituição Federal Art. 37, caput.
O avanço da lei foi prever princípios, antes implícitos, agora dispondo-os
expressamente no texto legal.
Destaque para as contribuições de Rodrigo Bordalo (BORDALO, 2021, p. 23)
a respeito do novo princípio do planejamento, ínsito no texto da lei:
“
Nesse sentido, encontra-se o princípio do planejamento, originário
da Ciência da Administração, e que enfatiza a etapa de concepção,
de pesquisa e de organização prévia das contratações pretendidas
pela Administração. Afasta-se com isso a improvisação. A ocor-
rência de problemas nas licitações e a má-qualidade dos contratos
públicos firmados, muitas vezes, decorrem de uma precariedade na
etapa inicial de sua elaboração. Uma das aplicações procedimentais
deste princípio é a fase preparatória do processo licitatório, discipli-
nada de modo mais preciso na nova lei.
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Não há como falar sobre transparência sem imediatamente nos lem-
brarmos da norma que alterou a maneira como a Administração
Pública lida com a publicidade de seus atos: Lei n. 12.527/2011 ou
Lei de Acesso à Informação (LAI). Nela, vemos dispositivo explícito
relacionado às contratações públicas (...) soma-se a isso o fato de a
transparência estar exposta como um dos princípios explícitos da
aplicação da nova Lei de Licitações, descritos no seu art. 5º. Vê-se,
portanto, que a transparência pública abarcará todo o macropro-
cesso de contratação, revelando-se como corolário do princípio da
publicidade, previsto no Art. 37 da Constituição Federal como um
dos princípios basilares da Administração Pública.
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Refere-se ao fato que na Administração Pública não há liberdade nem vontade pes-
soal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza.
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Está relacionado à busca pela melhor utilização dos recursos públicos, visando à
obtenção de resultados satisfatórios ao interesse público de modo que, enquanto a
eficácia tem como parâmetro o alcance de resultados, a eficiência é a medida da utili-
zação dos recursos para alcançar esses resultados. Assim, podemos citar como exem-
plo a redução da burocracia, simplificando os trâmites com modelos padronizados de
processos de licitação, bem como a capacitação de servidores com investimento em
treinamento e capacitação.
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Impede que sejam estabelecidas condições que se traduzam em preferência de uns licitan-
tes em desvantagem de outros e, em homenagem ao próprio princípio da igualdade, que
há a compatibilização entre a regra isonômica e outros interesses prestigiados constitucio-
nalmente e que se refere a tratar os iguais de modo igual e aos desiguais de modo desigual,
na medida de sua desigualdade (igualdade material). Assim, por exemplo, é possível que na
licitação ocorra critérios diferenciadores para as micro e pequenas empresas cujo objetivo é
incentivar a economia do setor. Vê-se, assim, que é possível discriminar, em prol da compa-
tibilização do princípio, uns em detrimentos de outros, mas o tratamento desigual encontra
limites na proporcionalidade e na razoabilidade para que possa ser considerado legítimo.
Outro exemplo de aplicação do princípio da igualdade na sua vertente material é quando
são reservadas vagas para pessoas com deficiência e cotas raciais, em que o que se visa é
restaurar por meio de políticas públicas as desigualdades estruturais. De modo que a igual-
dade material é a concretização da igualdade na prática e significa tratar os iguais de forma
igual e os desiguais de forma desigual na exata medida das suas desigualdades.
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2
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U N I AS S E LVI
Visa garantir que os recursos públicos sejam utilizados de maneira eficiente e que as
despesas decorrentes da contratação sejam justificadas, buscando a melhor relação
entre custo e benefício, por exemplo, realizar pesquisas de preços no mercado para
garantir que os valores estimados no edital sejam compatíveis com a realidade, bem
como considerar a possibilidade de contratar serviços compartilhados, quando viável,
visando otimizar recursos ao compartilhar custos com outras entidades públicas como
a utilização da Ata de Registro de Preços, por exemplo.
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2
OBJETIVOS DA LICITAÇÃO
“
Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:
I – Assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de con-
tratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive no
que se refere ao ciclo de vida do objeto;
II – Assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como
a justa competição;
III – Evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifesta-
mente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos;
IV – Incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é res-
ponsável pela governança das contratações e deve implementar
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles in-
ternos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios
e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos
estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro
e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planeja-
mento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência,
efetividade e eficácia em suas contratações.
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U N I AS S E LVI
Tratamento isonômico
Governança das
5 2 entre os licitantes, com
contratações.
OBJETIVOS justa competição
DA LICITAÇÃO
LEI Nº 14.133/21 ART.11
“
O parágrafo único do art. 11 da Lei no 14.133/2021 evidencia a res-
ponsabilidade da alta administração de cada órgão ou entidade por
implementar, avaliar, monitorar e direcionar os processos e estru-
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2
Governança das contratações significa que o processo licitatório deve ser feito com
planejamento. O processo licitatório deve ser entendido como um processo sistêmico
que envolve desde o início, com a abertura do edital e o chamamento público, até o
final do contrato. É um longo caminho e essa trajetória deve ser minuciosamente
detalhada em planos de trabalho, isso significa Governança da Contratação.
A lei no parágrafo único do art. 11 previu que a alta administração é respon-
sável pela governança das contratações e deve implementar processos e estru-
turas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar
e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos. Esse dispositivo
da lei foi um claro chamamento do legislador ordinário à alta administração
do órgão executor da licitação para que sejam estabelecidas normas internas
que prevejam alocação de agentes para que não haja concentração de servidores
realizando tarefas iguais, capacitação, criação de cargos e estruturas compatíveis
com o desafio que é fazer boas escolhas e licitar com sucesso.
A lei nova já chegou inovando muito nesse tema da Governança dispondo
como condição para a continuidade do contrato a implantação de programas de
compliance por parte da licitante contratada. Esse programa trata de uma série
de medidas, e uma delas é o estabelecimento de programas de integridade.
ZO O M N O CO NHEC I M ENTO
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“
(...) a função da governança é garantir que as ações das organiza-
ções estejam alinhadas com o interesse público. Por isso, considera
importante: (a) a integridade, os valores éticos; (b) a abertura e o
engajamento das partes interessadas; (c) a definição de resultados
e de benefícios sustentáveis em termos econômicos, sociais e am-
bientais; (d) a definição de intervenções necessárias para poten-
cializar e otimizar resultados e benefícios; e (e) o desenvolvimento
das capacidades (das organizações, da liderança e dos indivíduos)
necessárias àquele fim; (f) a gestão de riscos e de desempenho
(sustentado por controles internos e instrumentos robustos de
gestão das finanças públicas); e (g) a transparência e a accountabi-
lity (possível por meio da implementação de boas práticas, como
as relacionadas a prestação de contas e responsabilização).
E M FO CO
NOVOS DESAFIOS
Vivenciamos diariamente o impacto das licitações públicas em nossa sociedade.
A atividade econômica é impulsionada pelo poder público, que constrói infraes-
truturas vitais como estradas, pontes, hospitais, escolas, além de realizar obras de
engenharia e adquirir suprimentos para hospitais. Esse colossal poder de com-
pra do Estado, ao celebrar contratos administrativos com a iniciativa privada,
dinamiza a economia, gerando empregos e contribuindo para a redução das
desigualdades sociais e regionais.
O poder de compra do Estado reflete uma dinâmica semelhante à nossa vida
cotidiana. Assim como nós compramos, vendemos, alugamos e contratamos, o
Estado, por meio de sua máquina administrativa, executa essas mesmas ações.
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2
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AUTOATIVIDADE
1. Qual dos seguintes princípios não está previsto na Lei 14.133/21, que regulamenta as lici-
tações e contratos administrativos no Brasil?
a) Princípio da competitividade.
b) Princípio da eficiência.
c) Princípio da transparência.
d) Princípio do planejamento.
e) Princípio do diálogo competitivo.
Dentre os objetivos da licitação, quais opções estão conforme o estabelecido na Lei 14.133/21?
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
3. Quais dos seguintes princípios estão estabelecidos na Lei 14.133/21 como princípios das
licitações e contratos administrativos?
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.
BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.
BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de lici-
tação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Gov.br, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/legislacao-geral/
leis/lei-no-10-520-de-17-de-julho-de-2002. Acesso em: 24 abr. 2024.
BRASIL. Lei Complementar nº 198, de 28 de junho de 2023. Altera a Lei Complementar nº 91,
de 22 de dezembro de 1997. Brasília, DF: Presidência da República, 28 jun. 2023. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp198.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.
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REFERÊNCIAS
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GABARITO
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MINHAS ANOTAÇÕES
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
FASES DA LICITAÇÃO
MINHAS METAS
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P L AY N O CO NHEC I M ENTO
Você sabe qual a diferença real entre adjudicação e homologação? Quem faz a ad-
judicação? Quem faz a homologação? Saiba mais sobre como a homologação as-
segura a legalidade do processo licitatório neste episódio de Podcast: Desvendan-
do os Mistérios da Adjudicação e Homologação nos Processos Licitatórios. Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.
VAMOS RECORDAR?
Assista ao vídeo A preparação da fase interna na Nova Lei de Licitações e reflita
sobre as oportunidades que a Lei 14.133/21 oferece para aprimorar os processos
internos de licitação.
Após assistir ao vídeo elabore um roteiro que explore as nuances da fase interna,
destacando as principais alterações legislativas e fornecendo insights importantes
para gestores públicos, empresários e profissionais envolvidos em processos
licitatórios. Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=YDPX7nrvVBA.
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Preparatória
De divulgação do edital de
licitação
FASES DA LICITAÇÃO
De apresentação de
propostas e lances, quando
for o caso
De julgamento
De habilitação
Recursal
De homologação
Percebe a sequência lógica das fases? O próprio Artigo 17 fala textualmente “em
sequência” o que por si só denota que o legislador pretendeu trazer esse sentido
sequencial que deve ser observado no procedimento licitatório. De modo que,
as fases anteriores se mostram essenciais ao sucesso das posteriores. Inclusive,
essa organização também retrata o caráter de Governança que a nova lei de licita-
ções traz muito fortemente em vários de seus dispositivos e que nada mais é que
estabelecer controles eficientes à mitigação de riscos, sendo a gestão de riscos e
controle preventivo também um dos instrumentos de governança.
Artigo 17 da Lei 14.133/21 (BRASIL, 2021):
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Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em
sequência:
I - preparatória;
II - de divulgação do edital de licitação;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV - de julgamento;
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação.
§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá, me-
diante ato motivado com explicitação dos benefícios decorrentes,
anteceder as fases referidas nos incisos III e IV do caput deste artigo,
desde que expressamente previsto no edital de licitação.
§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma
eletrônica, admitida a utilização da forma presencial, desde que
motivada, devendo a sessão pública ser registrada em ata e gra-
vada em áudio e vídeo.
§ 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o inciso
IV do caput deste artigo, o órgão ou entidade licitante poderá,
em relação ao licitante provisoriamente vencedor, realizar análi-
se e avaliação da conformidade da proposta, mediante homolo-
gação de amostras, exame de conformidade e prova de conceito,
entre outros testes de interesse da Administração, de modo a
comprovar sua aderência às especificações definidas no termo
de referência ou no projeto básico.
§ 4º Nos procedimentos realizados por meio eletrônico, a Admi-
nistração poderá determinar, como condição de validade e eficácia,
que os licitantes pratiquem seus atos em formato eletrônico.
§ 5º Na hipótese excepcional de licitação sob a forma presencial a que
refere o § 2º deste artigo, a sessão pública de apresentação de propos-
tas deverá ser gravada em áudio e vídeo, e a gravação será juntada aos
autos do processo licitatório depois de seu encerramento.
§ 6º A Administração poderá exigir certificação por organização in-
dependente acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qua-
lidade e Tecnologia (Inmetro) como condição para aceitação de:
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3
Quando se tem mapeado de forma detalhada cada fase, fica mais fácil gerir
eventuais problemas que possam surgir no meio do caminho. Lembre-se que
o procedimento licitatório é um procedimento formal e, para tanto, requer o
cumprimento solene de etapas que vão desde a fase interna do planejamento até
a homologação. Observe como há uma ritualística envolvida. E esse ritual, sendo
bem organizado e claro, evita fraudes e traz segurança jurídica para tomada de de-
cisões tanto por parte da Administração Pública como para as empresas licitantes.
A habilitação no processo licitatório é uma fase crucial para garantir que a empresa
interessada em participar da licitação possua condições jurídicas, técnicas,
econômicas e financeiras para executar o contrato.
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U N I AS S E LVI
CONCEITOS DOUTRINÁRIOS
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Sendo a licitação um procedimento, desdobra-se em fases. A
realização e regular exaurimento de cada qual é pressuposto e
requisito da fase subsequente. Daí que a conclusão da etapa ante-
cedente condiciona a irrupção da subsequente. Entendemos que
a licitação, após sua abertura pelo edital, isto é, a partir de sua
etapa externa, compreende dois momentos fundamentais (sem
prejuízo de subdivisões outras), a saber: a) análise das condições
dos interessados que afluem à licitação; e b) análise das propostas.
Estes são seus dois estádios fundamentais.
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3
Maria Sylvia Zanella Di Pietro nos ensina sobre o procedimento com fases no
modo invertido (DI PIETRO, 2019, p. 291) :
“
Sabe-se que, no procedimento estabelecido pela Lei nº 8.666/1993,
a habilitação precede necessariamente o julgamento, o que tem sido
objeto de críticas por parte da doutrina, pelos conflitos comuns na
fase de habilitação, em que já se estabelece competição entre os
licitantes; esses conflitos normalmente não são resolvidos na via
administrativa, levando as partes a litigarem no Poder Judiciário,
atrasando o término do procedimento, em prejuízo do interesse
público. Na Lei nº 10.520, de 17/7/2002, que instituiu o pregão
como modalidade de licitação, essa inversão é prevista em caráter
obrigatório, conforme Art. 4º, incisos VII a XIII.
“
De ressaltar que o objetivo primordial das contratações públicas
reside no atendimento ao interesse público, que deve ser respaldado
em um macroprocesso de planejamento que envolve fases pontuais
e bem estruturadas que visem, sobretudo, ao atendimento das ne-
cessidades demandadas através de solução adequada (produtos,
serviços), sem descuidar da análise dos possíveis riscos inseridos
em todas as fases da pretensa contratação. Não há como falar em
execução contratual eficiente sem que tenha havido, no âmbito do
próprio órgão, preliminarmente, um processo de planejamento bem
estruturado que vise, sobretudo, a identificar objetivamente as suas
necessidades, conceber uma solução técnica para o seu atendimento
e determinar a viabilidade econômica e jurídica da contratação.
“
A única ressalva feita à sequência dessas fases é a possibilidade de
que a etapa de habilitação (V) venha a anteceder as etapas de apre-
sentação de propostas e lances (III) e de julgamento (IV), desde
que devidamente motivado os benefícios dessa inversão, além de
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U N I AS S E LVI
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Descrição da
Elaboração
necessidade
do edital de
da
licitação
contratação
fundamentada
Elaboração de em estudo
técnico Definição
minuta de contrato,
preliminar do objetivo
quando necessária Termo de referência,
anteprojeto, projeto
básico ou projeto,
executivo, conforme
o caso
Regime de
fornecimento
de bens, de Caracterize
prestação de o interesse
serviços ou público
de execução envolvido
de obras e FASE
serviços de PREPARATÓRIA
engenharia
Definição das garantias
e das condições de
rebebimento
Minuta de contrato
como anexo do
Definição das
edital
condições de
execução e
pagamento
Análise
dos riscos
Orçamento
estimado, com as
Motivação
Modalidade composições dos
circunstanciada Critério de
de licitação preços
julgamento
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Vejamos o que diz o Artigo 18 da lei 14.133/21 (BRASIL, 2021) ao tratar da fase
preparatória:
“
Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada
pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de con-
tratações anual de que trata o inciso VII do caput do Art. 12 desta
Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, bem como
abordar todas as considerações técnicas, mercadológicas e de gestão
que podem interferir na contratação, compreendidos:
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estu-
do técnico preliminar que caracterize o interesse público envolvido;
II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por
meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto
executivo, conforme o caso;
III - a definição das condições de execução e pagamento, das garan-
tias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento;
IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utili-
zados para sua formação;
V - a elaboração do edital de licitação;
VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que
constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação;
VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços
ou de execução de obras e serviços de engenharia, observados os
potenciais de economia de escala;
VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo
de disputa e a adequação e eficiência da forma de combinação des-
ses parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a gerar
o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração
Pública, considerado todo o ciclo de vida do objeto;
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como
justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante indicação
das parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do ob-
jeto, e de qualificação econômico-financeira, justificativa dos critérios
de pontuação e julgamento das propostas técnicas, nas licitações com
julgamento por melhor técnica ou técnica e preço, e justificativa das
regras pertinentes à participação de empresas em consórcio;
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Quadro 1 – Instrumentos da Fase Preparatória – Art 18 Lei 14.133/ / Fonte: Bordalo (2021, p. 45).
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Na fase preparatória há a descrição do objeto. O objeto deve ser muito bem de-
finido, de modo claro e objetivo já que ele – o objeto da licitação – é quem dará
o norte para todas as etapas seguintes, como escolha da modalidade licitatória,
definição dos prazos de execução e de entrega da compra ou do serviço e os
documentos necessários para habilitar as empresas licitantes.
A fase preparatória é concebida como um período no qual a Administração
Pública realiza estudos e levantamentos necessários para estruturar de maneira
eficiente e transparente a contratação que pretende realizar. Nesse sentido, a nova
lei visa proporcionar uma melhor qualidade nas decisões tomadas, mitigando
riscos e assegurando maior eficácia na gestão dos recursos públicos.
Essa etapa compreende a elaboração do termo de referência ou projeto básico
que deve conter informações sobre o objeto da contratação como as necessidades a
serem atendidas, os critérios de seleção, os prazos e demais elementos fundamentais
para o entendimento do que está sendo licitado. O cuidado na construção desse do-
cumento é crucial, uma vez que ele servirá como base para todo o processo licitatório
subsequente, será divulgado no portal eletrônico e todos podem ver e consultar.
Além disso, a Lei 14.133/21 estabelece a possibilidade de realização de au-
diências públicas durante a fase preparatória, em casos específicos. Amplian-
do, assim, a participação da sociedade e garantindo maior transparência. Essa
inovação busca envolver os cidadãos nas decisões que impactam diretamente
a comunidade, promovendo, assim, a responsabilização e a fiscalização efetiva
das ações do poder público.
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E M FO CO
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NOVOS DESAFIOS
Estudante, chegamos ao ponto crucial de nossa jornada de estudos, em que a teoria se
entrelaça com a prática, preparando-o para os desafios do futuro ambiente profissio-
nal. Ao explorarmos as fases da licitação, percebemos como a recente Lei 14.133/21
trouxe inovações, destacando a relevância da fase preparatória no processo licitatório.
Imaginemos um cenário prático que você, em seu futuro profissional, poderá
enfrentar: um município busca contratar uma empresa de tecnologia para imple-
mentar um sistema de gestão. Antes mesmo de iniciar o procedimento licitatório,
é vital compreender a importância da fase preparatória. Aqui, o planejamento se
torna o ponto de partida, pois é durante essa fase que se define a necessidade da
contratação e se estabelece o objeto por meio de documentos como o Termo de
Referência, Projeto Básico e o Estudo Técnico Preliminar.
Nessa etapa, são delineadas as condições de execução e do pagamento, são
calculados o orçamento estimado e as composições dos preços. Toda essa com-
plexidade é compilada no Edital de licitação e na minuta do contrato, propor-
cionando a base essencial para o andamento do procedimento.
É notável que a fase preparatória vai além da burocracia, ela é o ponto de
partida estratégico, determinando a modalidade de licitação, o critério de julga-
mento e estabelecendo o princípio do planejamento para garantir uma condução
eficiente do procedimento.
Vimos que a inversão de fases, agora regulamentada pela nova lei, destaca-se
como uma ferramenta ágil, em que o julgamento das propostas precede a habili-
tação, economizando tempo e simplificando a verificação documental.
A legislação recente também trouxe a preferência por licitações eletrônicas,
consolidando uma prática já conhecida no Pregão Eletrônico. Essa mudança,
ao integrar o modelo eletrônico à nova lei geral, visa proporcionar segurança
jurídica e unificar as práticas licitatórias em um único documento legal.
Portanto, estudante, ao absorver esses conhecimentos, você está não apenas
compreendendo as fases da licitação, mas também se preparando para um am-
biente profissional dinâmico e desafiador. Lembre-se de que a aplicação prática
desses conceitos será fundamental em sua jornada futura, em que a conexão entre
teoria e prática é a chave para o sucesso. Continue explorando, questionando
e integrando seu aprendizado para se destacar no universo profissional que o
aguarda. Estamos construindo juntos o alicerce para um futuro promissor.
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AUTOATIVIDADE
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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AUTOATIVIDADE
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.
BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de lici-
tação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Gov.br, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/legislacao-geral/
leis/lei-no-10-520-de-17-de-julho-de-2002. Acesso em: 24 abr. 2024.
MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
SANTANNA, G. da S. Direito administrativo: série objetiva/ Gustavo Santanna. 3. ed. Porto Ale-
gre: Verbo Jurídico, 2013.
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GABARITO
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UNIDADE 2
TEMA DE APRENDIZAGEM 4
MODALIDADES LICITATÓRIAS E
CRITÉRIOS DE JULGAMENTO
MINHAS METAS
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VAMOS RECORDAR?
A Lei 14.133/21 preserva modalidades tradicionais como a Concorrência, mas
incorpora importantes aprimoramentos visando simplificar procedimentos e
tornar o processo mais eficaz.
Estudante, assista ao webinar Uma visão geral das mudanças e as novas
modalidades de licitação. Nele o professor Murilo Jacoby abordará as mudanças e
as modalidades da nova Lei de Licitações. É uma oportunidade de se familiarizar
com as últimas atualizações, estratégias eficazes e as novas modalidades que
estão moldando o panorama das licitações. Esse é um evento imperdível para
aqueles que buscam se manter à frente das tendências em processos licitatórios.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=oVtVuqofSlY.
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U N I AS S E LVI
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Modalidade de licitação, no direito brasileiro, significa a marcha do
procedimento pelo qual é escolhido o contratado dentro de um rito
concorrencial. Isto é, existem procedimentos diversos para licitar os
contratos a serem firmados pela Administração, correspondendo
cada um deles a uma modalidade de licitação. Essa variedade existe
em razão das diversas espécies de contratos celebrados pelo Poder
Público, pelo que se exige uma adequação entre o procedimento
de adjudicação, o objeto a ser contratado e a realidade do mercado.
A nova lei geral de licitações, Lei 14.133 de 1º de abril de 2021, não manteve todas as
modalidades licitatórias previstas na antiga regra geral mediante a Lei 8.666/93. Foram
extintas as modalidades tomada de preços e convite e foi criada uma nova modalidade
licitatória chamada de diálogo competitivo. Além disso, o pregão, que antes era defini-
do em lei esparsa autônoma, foi incorporado à nova lei geral de licitações e contratos.
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4
PREGÃO
São produtos que não precisam de detalhes técnicos minuciosos e seu valor de
mercado é facilmente identificável mediante consulta de preço. Não envolvem
grandes especificidades técnicas, sendo comercializados por inúmeras empresas.
Assim, a modalidade licitatória pregão não se aplica para contratar serviços
mais técnicos de natureza predominantemente intelectual e obras, existem moda-
lidades próprias que vão atender esse tipo de objeto, como veremos mais à frente.
CONCORRÊNCIA
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CONCURSO
LEILÃO
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DIÁLOGO COMPETITIVO
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A condução do diálogo competitivo é feita por comissão de contrata-
ção composta de, pelo menos, três servidores efetivos ou empregados
públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração.
Admite-se a contratação de profissionais para assessoramento técnico
da comissão, os quais devem assinar termo de confidencialidade e se
absterem de desenvolver atividades que possam configurar conflito
de interesse. Outrossim, a Administração não poderá revelar a outros
licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas comuni-
cadas por um licitante sem o seu consentimento.
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Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações
em que a Administração:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satis-
feita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
com precisão suficiente pela Administração;
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque
para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
III - (VETADO).
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Pregão Pregão
Concorrência Concorrência
Concurso Concurso
Leilão Leilão
X Diálogo competitivo
Tomada de Preços X
Convite X
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CRITÉRIOS DE JULGAMENTO
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A Lei 14.133/21 inovou no tema incorporando novos critérios na lei geral de licita-
ções, como é o caso do critério de julgamento maior retorno econômico. O critério
de menor preço e o de maior desconto são critérios de julgamento admitidos para as
licitações de bens e serviços comuns (Art. 6º, XIII, Lei 14.133/21), sendo, portanto,
possível a adoção da modalidade Pregão para utilização desse critério de julgamento,
tendo em vista a taxatividade do inciso XLI do Art. 6º no sentido de ser obrigatória
a adoção da modalidade pregão no caso de aquisição de bens e serviços comuns.
Na modalidade licitatória Concorrência os critérios de julgamento admis-
síveis são o menor preço, a melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço,
maior retorno econômico e maior desconto. Na modalidade Leilão o critério de
julgamento dos fornecedores será o que oferecer o maior lance. Já na modali-
dade licitatória Concurso que visa a escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico o critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico
para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor.
Na modalidade Diálogo competitivo, a Administração Pública apresentará,
por ocasião da divulgação do edital, suas necessidades, e estabelecerá o prazo
mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse, de modo
que haja uma fase de pré-qualificação em que os critérios são definidos.
Há, portanto, uma pré-seleção para verificar quem estaria habilitado para o diálo-
go, e o edital deverá estipular critérios objetivos para a pré-seleção de quem vai parti-
cipar da fase do diálogo. No diálogo competitivo há duas fases, uma que pré-qualifica
os que vão participar do diálogo e uma outra fase competitiva propriamente dita.
A fase de diálogo serve para aferir possíveis soluções para as necessidades
da Administração, com estímulo à criação de rodadas de diálogo. Há uma regra
de confidencialidade durante a fase de diálogos e a Administração Pública não
poderá revelar a outros licitantes as soluções propostas nem como os encami-
nhamentos dos diálogos estão sendo desenhados.
Observe como tudo isso é delicado. Como forma de contrapor aproximações
que venham gerar problemas a lei previu que as reuniões com os licitantes pré-
-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo. A fase competitiva inicia-se após o fim dos diálogos,
com a publicação de novo edital que conterá a especificação da solução que atenda às
necessidades da Administração e os critérios de julgamento objetivos a serem utiliza-
dos para seleção da proposta mais vantajosa. Haverá prazo mínimo de 60 (sessenta)
dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados apresentarem suas propostas.
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E M FO CO
NOVOS DESAFIOS
Estudante, chegamos ao ponto crucial de nossa jornada de estudos, em que a
teoria se entrelaça com a prática, preparando-o para os desafios do futuro am-
biente profissional. Ao explorarmos as modalidades da licitação, percebemos
como a recente Lei 14.133/21 trouxe inovações, destacando a relevância da nova
modalidade licitatória, Diálogo Competitivo, e a reconfiguração dos critérios de
julgamento com o novo critério, maior retorno econômico, incorporado à nova
Lei Geral, e utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência.
As novas modalidades licitatórias e os novos critérios de julgamento introdu-
zidos pela Lei 14.133/21 representam uma tentativa de modernizar e otimizar os
processos de contratação pública no Brasil. Ao incorporar modalidades como o
Diálogo Competitivo, a legislação visa oferecer maior flexibilidade e adaptabili-
dade aos desafios contemporâneos enfrentados pelos órgãos públicos. Contudo, a
implementação bem-sucedida dessas inovações demanda uma gestão cuidadosa,
garantindo que a flexibilidade não resulte em situações que comprometam a
equidade e a transparência nos processos licitatórios.
Essa transição para novas modalidades também impõe desafios práticos.
Imagine que você, em seu ambiente profissional futuro, tenha que estabelecer
critérios objetivos para a fase dos diálogos na modalidade de licitação Diálogo
Competitivo, como você agiria no caso concreto já que desconhece a tecnologia
envolvida, porém precisa contratar essa nova solução tecnológica por exemplo.
Como o foco da Administração Pública é selecionar participantes aptos a
indicarem soluções que ela mesmo desconhece, como agir diante do caso con-
creto? A escolha deve recair em critérios objetivos, porém pode haver aqui certa
dificuldade já que a própria Administração Pública não sabe como deve agir, por
isso a fase de diálogos é fundamental.
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AUTOATIVIDADE
1. Com relação às modalidades de licitação de acordo com a Lei 14.133/21, Art. 32, analise as
afirmativas a seguir:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
2. Quais são as principais diferenças entre as fases da licitação previstas na Lei 14.133/21 e
na Lei 8.666/93?
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AUTOATIVIDADE
3. Qual dos seguintes conjuntos de critérios de julgamento está de acordo com as disposições
da Lei 14.133/21?
a) Melhor técnica, técnica e preço, maior desconto, menor lance ou oferta, maior lance, no
caso de pregão.
b) Melhor técnica, no caso de diálogo competitivo, menor preço, maior desconto, maior
lance ou oferta.
c) Técnica e preço, menor desconto, menor preço, menor retorno econômico.
d) Maior competição, menor lance, no caso de serviços de engenharia, menor retorno eco-
nômico.
e) Menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço,
maior lance, no caso de leilão, maior retorno econômico.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.
FORTINI, C.; OLIVEIRA, R. S. L. de; CAMARÃO, T. Nova lei de licitações: destaques importantes.
Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Belo Horizonte: Fórum, 2021. E-Book.
MATOS, M. et al. Nova lei de licitações e contratos Lei nº 14.133/2021: debates, perspectivas e
desafios. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2023.
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GABARITO
1. Alternativa B.
Art. 28, § 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação
daquelas referidas no caput deste artigo (Lei 14.133/21).
3. Alternativa E. Menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e
preço, maior lance, no caso de leilão, maior retorno econômico.
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MINHAS ANOTAÇÕES
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
MINHAS METAS
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P L AY N O CO NHEC I M ENTO
VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o que são Serviços Técnicos Especializados? Vamos recordar?
A Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei 14.133/21) prevê no Art. 6º, XVIII, que
são serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual
aqueles realizados em trabalhos relativos a estudos técnicos, planejamentos,
projetos básicos e projetos executivos, pareceres, perícias e avaliações em geral,
assessorias e consultorias técnicas e auditorias financeiras e tributárias, fiscalização,
supervisão e gerenciamento de obras e serviços, patrocínio ou defesa de causas
judiciais e administrativas, treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, restauração
de obras de arte e de bens de valor histórico.
Com análise das informações sobre os Serviços Técnicos Especializados elabore um
texto demonstrando a relação entre os serviços técnicos especializados e a inexigibili-
dade de licitação prevista no Artigo 74,III, da lei 14.133 de 1º de abril de 2021.
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Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga-
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica, indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações (BRASIL, 1988).
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AP RO F U N DA NDO
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Art. 75. É dispensável a licitação:
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00
(cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de
serviços de manutenção de veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras;
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas
em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se
verificar que naquela licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas
propostas válidas;
b) as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fi-
xados pelos órgãos oficiais competentes;
IV - para contratação que tenha por objeto:
a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira
necessários à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos
do fornecedor original desses equipamentos durante o período de
garantia técnica, quando essa condição de exclusividade for indis-
pensável para a vigência da garantia;
b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacio-
nal específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições
ofertadas forem manifestamente vantajosas para a Administração;
c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contra-
tação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$
300.000,00 (trezentos mil reais);
d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de
exploração de criação protegida, nas contratações realizadas por insti-
tuição científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública ou por agência
de fomento, desde que demonstrada vantagem para a Administração;
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período
necessário para a realização dos processos licitatórios correspon-
dentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente
com base no preço do dia;
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2021,), em que estão previstas faixas de valores nos quais a licitação pode ser dis-
pensada. Vamos verificar, de forma didática, como isso se apresenta no texto da lei:
“
Art. 75. É dispensável a licitação:
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00
(cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de
serviços de manutenção de veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras [...]
(BRASIL, 2021).
“
Art. 75. É dispensável a licitação:
IV - para contratação que tenha por objeto:
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período
necessário para a realização dos processos licitatórios correspon-
dentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente
com base no preço do dia;
i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades
diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional
ou de adestramento;
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Também podemos citar como exemplo as hipóteses nas quais a licitação é dis-
pensada em razão de uma situação que pode ser mais benéfica para a Adminis-
tração Pública, visto que a realização do processo licitatório não vai acarretar,
necessariamente, em benefício para a Administração.
É o caso de a Administração ter iniciado processo licitatório há menos de
um ano e, na época da sua realização, não surgiram licitantes interessados ou, se
houve licitantes, as propostas apresentadas por eles não eram válidas. Vejamos
o que diz o Art. 75 da lei 14.133/21 (BRASIL, 2021):
“
Art. 75. É dispensável a licitação:
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas
em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se
verificar que naquela licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas
propostas válidas;
b) as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fi-
xados pelos órgãos oficiais competentes [...] (BRASIL, 2021).
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Nesse caso, a lei permite a dispensa da licitação, porém para sua realização a contra-
tação futura terá que manter todas as condições definidas no edital de licitação que
foi frustrado. A dispensa de licitação é um tema de grande relevância no contexto
da Administração Pública, pois representa uma exceção à regra geral, que exige a
realização de processos licitatórios para a contratação de bens e serviços.
Contudo, é essencial ressaltar que a ampliação das hipóteses de dispensa não
pode comprometer os princípios basilares da Administração Pública, como a
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A dispensa de
licitação, embora represente uma agilidade nos processos, deve ser utilizada de
forma responsável e em conformidade com os ditames legais
Celso Antônio Bandeira de Mello ( 2015, p. 556) assim se coloca, quando
discorre sobre dispensa e inexigibilidade de licitação:
“
Em tese, a dispensa contempla hipóteses em que a licitação seria pos-
sível, entretanto, razões de tomo justificam que se deixe de efetuá-la
em nome de outros interesses públicos que merecem acolhida. Já a
inexigibilidade resultaria de inviabilidade da competição, dada a sin-
gularidade do objeto ou do ofertante, ou mesmo – deve-se acrescen-
tar – por falta dos pressupostos jurídicos ou fáticos da licitação não
tomados em conta no arrolamento dos casos de licitação dispensável.
Além dos casos de dispensa de licitação, a lei geral de licitação (Lei 14.133, de 1º
de abril de 2021) também prevê os casos de inexigibilidade de licitação. Na ine-
xigibilidade de licitação a competição é inviável, diferente do que ocorre com a
dispensa, que é materialmente possível, ou seja, há a possibilidade de competição,
porém a lei faculta a dispensa que fica essa decisão na escolha discricionária da
Administração. Já na inexigibilidade não há possibilidade de competição ou
por conta do objeto ou por conta de uma pessoa, que atenda às necessidades
da Administração Pública, sendo, portanto, inviável a licitação no caso concreto.
A lei 14.133, de 1º de abril de 2021 assim dispõe sobre a inexigibilidade em
seu Artigo 74:
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Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em
especial nos casos de:
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou con-
tratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivos;
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou
por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crí-
tica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos
executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou
tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de
campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâ-
metros específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços
de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento;
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instala-
ções e de localização tornem necessária sua escolha.
§ 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a Admi-
nistração deverá demonstrar a inviabilidade de competição mediante
atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, declaração do
fabricante ou outro documento idôneo capaz de comprovar que o
objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou represen-
tante comercial exclusivos, vedada a preferência por marca específica.
§ 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, consi-
dera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua
contrato, declaração, carta ou outro documento que ateste a ex-
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Essa categoria de contratação direta se verifica quando for inviável
uma competição entre eventuais licitantes, pressuposto lógico de
qualquer licitação. Uma licitação nessas condições é impossível, não
podendo ser exigida; daí o nome que lhe é atribuído, “inexigibilidade”.
As hipóteses de inexigibilidade estão elencadas no Art. 74 da Lei n.
14.133/2021, que possui cinco incisos. Trata-se de um rol meramente
exemplificativo, na medida em que qualquer circunstância em que
seja inviável uma competição representa uma licitação inexigível.
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Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em
especial nos casos de:
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou con-
tratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivos;
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou
por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crí-
tica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos
executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou
tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
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Portanto, a Constituição Federal em seu Artigo 37, inciso XXI, estabelece que
a Administração Pública deve realizar licitação para contratar obras, serviços,
compras e alienações, ressalvadas as exceções previstas em lei, ou seja, a própria
Constituição permite a contratação direta quando faz referência às ressalvas da
licitação em si. Dentre essas exceções, destaca-se a inexigibilidade de licitação,
prevista no artigo 74 da Lei de Licitações, Lei nº 14.133/21.
A inexigibilidade ocorre quando a Administração Pública reconhece a in-
viabilidade de competição, seja pela natureza singular do objeto a ser contratado,
seja pela notória especialização do fornecedor. Em outras palavras, a situação
demanda um serviço ou produto específico, que apenas um fornecedor é capaz
de fornecer devido à sua expertise ou singularidade.
A Lei de Licitações estabelece que a inexigibilidade pode ocorrer em casos
de contratação de serviços técnicos profissionais especializados, como consulto-
ria, assessoria e direção técnica. Além disso, a singularidade do objeto pode ser
reconhecida em contratos que envolvam bens ou serviços artísticos, culturais,
científicos ou relacionados a obras intelectuais.
O reconhecimento da inexigibilidade é uma atribuição da própria Adminis-
tração Pública, que deve fundamentar e justificar de maneira clara e objetiva as
razões que levaram a essa decisão. A transparência e a legalidade nesse processo
são cruciais para garantir a integridade e a lisura do procedimento de contratação
direta por inexigibilidade.
Portanto, a inexigibilidade de licitação é um instrumento previsto na legis-
lação para situações específicas em que a competição não é viável, assegurando
que a Administração Pública possa se valer por contratar direto, de acordo com
os princípios legais, devendo o processo ser instruído com todos os documentos
que comprovem a compatibilidade da previsão legal.
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NOVOS DESAFIOS
Estamos em um momento crucial de nossa jornada acadêmica, no qual vamos
conectar a teoria com a realidade profissional que você enfrentará no futuro. Ao
mergulharmos no tema das contratações diretas, é fascinante perceber como
a recém-aprovada Lei 14.133/21 trouxe inovações significativas, destacando a
importância das situações que possibilitam a dispensa de licitação.
Imagine uma sala de reuniões corporativas, discutindo estratégias de con-
tratação com base nas novas diretrizes legais e você, estudante, tenha que fazer
a escolha por um processo de inexigibilidade de licitação para contratação de
profissional de notória especialização para prestar consultoria técnica para o
órgão em que trabalha.
Aqui a tomada de decisão é crucial já que as contratações diretas, embora
possam parecer uma solução rápida e eficiente em determinadas situações, apre-
sentam implicações negativas que merecem atenção cuidadosa. Essa prática,
quando não devidamente regulamentada e fiscalizada, pode gerar uma série de
problemas que comprometem a transparência, a competitividade e a efetividade
na gestão dos recursos públicos e privados.
Uma das principais preocupações relacionadas às contratações diretas é o
risco de favorecimento ou nepotismo. Sem o processo de licitação, as oportuni-
dades de negócio podem ser direcionadas a empresas ou indivíduos ligados aos
tomadores de decisão, minando a justiça e a equidade no ambiente profissional.
Isso não apenas prejudica a credibilidade das instituições envolvidas, mas tam-
bém cria um ambiente propício para a corrupção.
Além disso, a ausência de competição inerente às contratações diretas pode
resultar em preços inflacionados e na falta de qualidade nos serviços ou pro-
dutos adquiridos. Outro ponto a ser considerado é a falta de accountability, ou
responsabilização, que pode estar associada às contratações diretas, tornando
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AUTOATIVIDADE
1. A licitação é regra para a Administração Pública quando compra ou contrata bens e serviços.
No entanto, a lei apresenta exceções a essa regra. São os casos de contratação direta por
meio de dispensa ou inexigibilidade. A dispensa ocorre por conta de razões excepcionais
preestabelecidas na lei, já a inexigibilidade ocorre quando é totalmente inviável a compe-
tição, tendo como uma das razões a exclusividade do produto.
Quais as situações em que a contratação direta não é permitida, de acordo com a legislação
brasileira de licitações?
a) III, apenas.
b) I, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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AUTOATIVIDADE
A Constituição Federal de 1988 exige licitação para os contratos de obras, serviços, compras
e alienações, com as ressalvas dos casos especificados na legislação?
a) Não, a Constituição Federal de 1988 exige licitação somente para casos de guerra e
calamidade pública.
b) Sim, a Constituição Federal de 1988 exige licitação para contratos de obras, serviços,
compras e alienações, desde que realizados na modalidade licitatória Concorrência.
c) Não, a Constituição Federal somente exige licitação para casos de serviços de engenharia.
d) Não, a Constituição Federal não exige licitação para contratos de obras, serviços, com-
pras e alienações, já que para esses casos serão editados regulamentos próprios nas
esferas estaduais e municipais.
e) Sim, a Constituição Federal de 1988 exige licitação para contratos de obras, serviços,
compras e alienações, ressalvados os casos especificados em lei.
3. Qual critério não é considerado como uma justificativa válida para a dispensa de licitação,
conforme estabelecido na Lei 14.133/21?
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.
MELLO, C. A. B. de. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
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GABARITO
2. Alternativa E.
3. Alternativa E. Contratação que envolva valores superiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais)
(Art. 75 da Lei 14.133/21).
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
LICITAÇÃO E CATEGORIAS
DE CONTRATAÇÃO
MINHAS METAS
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VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o que são Obras e Serviços de Engenharia? Vamos recordar?
A Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/21) prevê no Art. 45. que as
licitações de obras e serviços de engenharia devem respeitar as normas relativas
às disposições que sejam ambientalmente adequadas; compensação ambiental
definidas no procedimento de licenciamento ambiental; utilização de produtos,
equipamentos e serviços que favoreçam a redução do consumo de energia e
de recursos naturais; avaliação de impacto de vizinhança, na forma da legislação
urbanística; proteção do patrimônio histórico, cultural, arqueológico e imaterial por
meio da avaliação do impacto direto ou indireto causado pelas obras contratadas
e, acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Para aprofundamento, assista ao vídeo Obras e Serviços de Engenharia sob a Nova
Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14133/21). Acesse em: https://www.youtube.
com/watch?v=XddJWH-59ts.
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Das compras
As compras devem observar o devido planejamento que terá como base a expec-
tativa de consumo anual e, quando possível, devem ser processadas por meio do
sistema de registro de preços, que é um registro para contratações futuras com
preços relativos à prestação de serviços, obras e aquisição e locação de bens. O
Sistema de Registro de Preços é um instrumento que se mostra vantajoso de
ser aplicado quando a Administração Pública oferece serviços ou produtos de
maneira contínua, como bens de papelaria, por exemplo.
Nesse caso, a necessidade contínua em adquirir determinado produto ou ser-
viço vai variar de acordo com a necessidade. Assim, para não haver abertura de
diversos procedimentos licitatórios para cada aquisição, a utilização do sistema de
registro de preços se mostra eficaz na medida em que a Administração Pública rea-
liza uma única licitação, cujo vencedor registra os respectivos preços do Certame.
Cada vez que a Administração precisar de determinada quantidade daquele
produto ou serviço, simplesmente, celebra os correspondentes contratos com o
vencedor por certo período de tempo, cujo valor já estará registrado em ata. As-
sim, são agilizadas as contratações e se evita a manutenção de estoques custosos
demais para os cofres públicos.
Vejamos como a Lei nº 14.133/21 conceitua compra:
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Art. 6º [...]
X - compra: aquisição remunerada de bens para fornecimento de
uma só vez ou parceladamente, considerada imediata aquela com
prazo de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento
(BRASIL, 2021).
“
As compras realizadas pela Administração devem observar o
necessário planejamento, com base na expectativa de consumo
anual. Quando pertinente, devem ser processadas por meio de
sistema de registro de preços. Além disso, devem ser observados
os seguintes princípios:
• Padronização (deve ser considerada a compatibilidade de especi-
ficações estéticas, técnicas ou de desempenho). A lei admite que
determinado ente público faça a adesão à padronização realizada
por outro, de igual ou superior esfera federativa;
• Parcelamento (caso tecnicamente viável e economicamente van-
tajoso). O objetivo é ampliar a competição e evitar a concentração
de mercado;
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Art. 40. O planejamento de compras deverá considerar a expectativa
de consumo anual e observar o seguinte:
I - condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor
privado;
II - processamento por meio de sistema de registro de preços, quan-
do pertinente;
III - determinação de unidades e quantidades a serem adquiridas
em função de consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será
obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quanti-
tativas, admitido o fornecimento contínuo;
IV - condições de guarda e armazenamento que não permitam a
deterioração do material;
V - atendimento aos princípios:
a) da padronização, considerada a compatibilidade de especifica-
ções estéticas, técnicas ou de desempenho;
b) do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economica-
mente vantajoso;
c) da responsabilidade fiscal, mediante a comparação da despesa
estimada com a prevista no orçamento (BRASIL, 2021).
No caso de compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos que
não resultem obrigações futuras, inclusive quanto a assistência técnica, inde-
pendentemente de seu valor, o instrumento de contrato poderá ser dispensado
e a Administração poderá substituí-lo por outro instrumento hábil, como car-
ta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de
execução de serviço.
José dos Santos Carvalho Filho ( 2019, p. 193) assim nos ensina, quando
discorre sobre contrato de compras:
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São aqueles que se destinam à aquisição de bens móveis necessá-
rios à consecução dos serviços administrativos. A Administração,
para atingir seus fins, precisa a todo momento adquirir bens da
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E U IN D ICO
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Art. 47. As licitações de serviços atenderão aos princípios:
I - da padronização, considerada a compatibilidade de especifica-
ções estéticas, técnicas ou de desempenho;
II - do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economi-
camente vantajoso.
§ 1º Na aplicação do princípio do parcelamento deverão ser con-
siderados:
I - a responsabilidade técnica;
II - o custo para a Administração de vários contratos frente às van-
tagens da redução de custos, com divisão do objeto em itens;
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a
concentração de mercado.
§ 2º Na licitação de serviços de manutenção e assistência técnica, o edi-
tal deverá definir o local de realização dos serviços, admitida a exigência
de deslocamento de técnico ao local da repartição ou a exigência de
que o contratado tenha unidade de prestação de serviços em distância
compatível com as necessidades da Administração (BRASIL, 2021).
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Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as
atividades materiais acessórias, instrumentais ou com-
plementares aos assuntos que constituam área de com-
petência legal do órgão ou da entidade, vedado à Admi-
nistração ou a seus agentes, na contratação do serviço
terceirizado:
I - indicar pessoas expressamente nominadas para execu-
tar direta ou indiretamente o objeto contratado;
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato
normativo a ser pago pelo contratado;
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcioná-
rio de empresa prestadora de serviço terceirizado;
IV - definir forma de pagamento mediante exclusivo
reembolso dos salários pagos;
V - demandar a funcionário de empresa prestadora de ser-
viço terceirizado a execução de tarefas fora do escopo do
objeto da contratação;
VI - prever em edital exigências que constituam inter-
venção indevida da Administração na gestão interna
do contratado.
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Art. 6º [...]
XII - obra: toda atividade estabelecida, por força de lei, como pri-
vativa das profissões de arquiteto e engenheiro que implica inter-
venção no meio ambiente por meio de um conjunto harmônico de
ações que, agregadas, formam um todo que inova o espaço físico da
natureza ou acarreta alteração substancial das características origi-
nais de bem imóvel [...] (BRASIL, 2021).
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Art. 6º [...]
XXI - serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de atividades
destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de
interesse para a Administração e que, não enquadradas no conceito
de obra a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, são estabe-
lecidas, por força de lei, como privativas das profissões de arquiteto e
engenheiro ou de técnicos especializados, que compreendem:
a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia que
tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em termos de
desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de adap-
tação de bens móveis e imóveis, com preservação das características
originais dos bens;
b) serviço especial de engenharia: aquele que, por sua alta hetero-
geneidade ou complexidade, não pode se enquadrar na definição
constante da alínea “a” deste inciso [...] (BRASIL, 2021).
A empreitada por preço unitário diz respeito à contratação para execução da obra
ou do serviço por um preço certo, de unidades determinadas. Já a empreitada por
preço global considera a contratação da obra ou do serviço por um preço certo e total.
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Verifica-se a ampliação dos regimes de execução indireta previs-
tos no Art. 10, II, da Lei 8.666/1993 (empreitada por preço global,
empreitada por preço unitário, tarefa e empreitada integral). Ao
lado dos regimes tradicionais, a nova Lei de Licitações incluiu a
contratação integrada, a contratação semi-integrada e o forneci-
mento e prestação de serviço associado. Importante dizer que as
contratações integrada e semi-integrada já eram previstas no âm-
bito das empresas estatais (Art. 42, V e VI, da Lei 13.303/2016). A
contratação integrada era igualmente prevista no RDC (Art. 8.º,
V, da Lei 12.462/2011). Na contratação integrada, o contratado é
responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e execu-
tivo, com fundamento no anteprojeto elaborado pela administração
pública, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou
prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e
as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do
objeto (Art. 6.º, XXXII, da Lei nº 14.133/2021). No caso da contrata-
ção semi-integrada, por sua vez, o contratado elabora e desenvolve
o projeto executivo, executa obras e serviços de engenharia, fornece
bens ou presta serviços especiais e realiza montagem, teste, pré-ope-
ração e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega
final do objeto (Arts. 6.º, XXXIII, e 113 da Lei nº 14.133/2021).
Notem que dentre os serviços de engenharia alguns são comuns, cujas ações são obje-
tivamente padronizáveis em termos de desempenho e qualidade e, outros serviços de
engenharia considerados como serviços especiais, que por conta de sua alta heteroge-
neidade e complexidade não podem se enquadrar como serviço comum de engenharia.
E M FO CO
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NOVOS DESAFIOS
Estudante e futuro profissional, é crucial ressaltar que você enfrentará desafios
significativos nesse cenário . É fundamental, no âmbito do tema das licitações e
contratações, superar a constante complexidade normativa, devendo o profis-
sional de licitações e contratos enfrentar a constante atualização da legislação,
o que torna essencial manter-se informado sobre as mudanças legais.
Para isso, é fundamental o exercício da leitura crítica da realidade, bus-
cando intervir nas raízes dos problemas da Administração Pública, sem
perder a leitura da letra fria da lei, que no caso da nova lei geral de licitações
públicas, Lei nº 14.133/21, traz uma principiologia moderna com um rol
de conceitos no seu Artigo 6º.
No contexto empresarial contemporâneo, o profissional que atua com lici-
tações e contratos enfrenta desafios crescentes e dinâmicos. As transformações
sociais, tecnológicas e econômicas têm impactado diretamente as práticas nesse
campo, demandando do especialista uma constante adaptação e atualização.
Temas como sustentabilidade nas contratações que envolvam obras e serviços
de engenharia e responsabilidade social têm se refletido nas licitações, deman-
dando a incorporação de critérios socioambientais nos processos de seleção.
Imagine você, estudante, elaborando um edital de licitação com exigências de
práticas sustentáveis, incentivando a contratação de empresas comprometidas
com a responsabilidade social e ambiental.
No contexto em que a inovação e a responsabilidade são imperativos,
projetos de alta complexidade relacionados à infraestrutura para energias
renováveis, como construção de parques eólicos e solares, frequentemente
passam por licitações públicas. Exemplo prático: o governo realiza um pro-
cesso licitatório para a construção de um parque solar visando a diversifica-
ção da matriz energética e a promoção da sustentabilidade.
Diante dos desafios apresentados, fica claro que você, profissional que
atua com licitações e contratos, precisa estar atento às mudanças do ambiente
empresarial e governamental.
Continuemos nessa jornada de aprendizado, alavancando esse processo de
estudado com a prática, nesse cenário em que a gestão pública busca por soluções
inovadoras para as demandas da sociedade, e você, estudante, está trilhando o ca-
minho para enfrentar os grandes desafios do mercado de trabalho que o aguarda.
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AUTOATIVIDADE
1. As compras devem observar o devido planejamento que terá como base a expectativa de
consumo anual e, quando possível, devem ser processadas por meio do sistema de registro
de preços, que é um registro para contratações futuras com preços relativos à prestação de
serviços, obras e aquisição e locação de bens. O Sistema de Registro de Preços é um ins-
trumento que se mostra vantajoso de ser aplicado quando a Administração Pública oferece
serviços ou produtos de maneira contínua, como bens de papelaria, por exemplo.
2. A Lei nº 14.133/21, no Artigo 6º, conceitua serviço como atividade ou conjunto de atividades
destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse da Admi-
nistração (BRASIL, 2021).
Com base no Art. 47 da Lei nº 14.133/21, que estabelece os princípios das licitações de ser-
viços, analise as afirmativas a seguir:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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AUTOATIVIDADE
3. A Lei nº 14.133/21 conceitua compra como sendo a aquisição remunerada de bens para
fornecimento de uma só vez ou parceladamente, considerada imediata aquela com prazo
de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento (BRASIL, 2021).
De acordo com o Art. 40 da Lei nº 14.133/21, que trata do planejamento da contratação, qual
é a definição correta do planejamento de compra?
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REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e contratos administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.
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GABARITO
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MINHAS ANOTAÇÕES
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UNIDADE 3
TEMA DE APRENDIZAGEM 7
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
MINHAS METAS
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P L AY N O CO NHEC I M ENTO
VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o que significa o princípio da supremacia do interesse público?
Dentre os pilares fundamentais do regime jurídico-administrativo está o princípio
da supremacia do interesse público. Aliado à indisponibilidade do interesse público
forma a espinha dorsal do sistema jurídico do direito administrativo. A supremacia
do interesse público impede qualquer transação por parte do administrador
público, que deve prioritariamente gerir e preservar os bens e interesses públicos
em benefício da coletividade.
Explore conosco os meandros desse conceito essencial!
Assista ao vídeo AGU Explica - Princípio da Supremacia do Interesse Público. Acesse
em: https://www.youtube.com/watch?v=uveXNyPl_J8.
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Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas
cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a eles serão aplica-
dos, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as
disposições de direito privado.
§ 1º Todo contrato deverá mencionar os nomes das partes e os de
seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou sua lavratura,
o número do processo da licitação ou da contratação direta e a sujei-
ção dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.
§ 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as con-
dições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os
direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em con-
formidade com os termos do edital de licitação e os da proposta
vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação
direta e os da respectiva proposta (BRASIL, 2021).
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Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às fina-
lidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do
ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal
e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar a apuração administrativa de faltas con-
tratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláu-
sulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para
que se mantenha o equilíbrio contratual (BRASIL, 2021).
Nos contratos privados entre particulares, isso não ocorre porque a relação entre
eles está em pé de igualdade, não havendo supremacia de um sobre o outro.
Rafael Carvalho Rezende Oliveira ( 2023, p. 745-746) conceitua contrato da
seguinte forma:
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Contratos administrativos são os ajustes celebrados entre a Admi-
nistração Pública e o particular, regidos predominantemente pelo
direito público, para execução de atividades de interesse público.
É natural, aqui, a presença das cláusulas exorbitantes (Art. 58 da
Lei 8.666/1993 e Art. 104 da Lei 14.133/2021) que conferem su-
perioridade à Administração em detrimento do particular. Inde-
pendentemente de previsão contratual, as cláusulas exorbitantes
serão observadas nos contratos administrativos, pois a sua aplicação
decorre diretamente da Lei.
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Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante
vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação direta e à
respectiva proposta;
III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto
aos casos omissos;
IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e
a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de atua-
lização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e
a do efetivo pagamento;
VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e
o prazo para liquidação e para pagamento;
VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega,
observação e recebimento definitivo, quando for o caso;
VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da
classificação funcional programática e da categoria econômica;
IX - a matriz de risco, quando for o caso;
X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços,
quando for o caso;
XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equi-
líbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
XII - às garantias oferecidas para assegurar sua plena execução,
quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas pelo contratado
no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos
mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas técnicas aplicáveis, e
as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o caso;
XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades
cabíveis e os valores das multas e suas bases de cálculo;
XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para
conversão, quando for o caso;
XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução
do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumi-
das, todas as condições exigidas para a habilitação na licitação, ou
para a qualificação, na contratação direta;
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Art. 90. A Administração convocará regularmente o licitante ven-
cedor para assinar o termo de contrato ou para aceitar ou retirar o
instrumento equivalente, dentro do prazo e nas condições estabe-
lecidas no edital de licitação, sob pena de decair o direito à contra-
tação, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei.
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, por
igual período, mediante solicitação da parte durante seu transcur-
so, devidamente justificada, e desde que o motivo apresentado seja
aceito pela Administração.
§ 2º Será facultado à Administração, quando o convocado não assi-
nar o termo de contrato ou não aceitar ou não retirar o instrumento
equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, convocar os
licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para a celebra-
ção do contrato nas condições propostas pelo licitante vencedor.
§ 3º Decorrido o prazo de validade da proposta indicado no edital
sem convocação para a contratação, ficarão os licitantes liberados
dos compromissos assumidos.
§ 4º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos
termos do § 2º deste artigo, a Administração, observados o valor
estimado e sua eventual atualização nos termos do edital, poderá:
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O procedimento envolve a convocação pela Administração do lici-
tante vencedor (adjudicatário) para o assinar o termo de contrato
dentro do prazo estabelecido no edital, que pode ser prorrogado
uma vez, por igual período. A sua recusa em firmá-lo implica a
decadência do direito à contratação, sem prejuízo da cominação de
sanções administrativas decorrentes da caracterização de descum-
primento da obrigação assumida no âmbito do certame licitatório.
CLÁUSULAS EXORBITANTES
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Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às fina-
lidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal
e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar a apuração administrativa de faltas con-
tratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláu-
sulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para
que se mantenha o equilíbrio contratual (BRASIL, 2021).
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Os contratos administrativos são caracterizados pelo desequilíbrio
das partes, uma vez que as cláusulas exorbitantes, previstas no Art.58
da Lei 8.666/1993, conferem prerrogativas à Administração e sujei-
ções ao contratado, independentemente de previsão editalícia ou
contratual. São cláusulas exorbitantes: alteração unilateral, rescisão
unilateral, fiscalização, aplicação de sanções e ocupação provisória.
Visto isso, vamos analisar de modo didático como cada uma dessas prerrogativas
funcionam e seu campo de atuação.
Alteração unilateral
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A alteração dos contratos pode ser implementada de duas formas:
unilateralmente ou por acordo entre as partes. Observação A Lei nº
14.133/2021 disciplina de modo mais minucioso o regime de altera-
ção dos contratos administrativos, comparativamente com a Lei nº
8.666/93. Foram, inclusive, incorporadas soluções já sedimentadas
pela jurisprudência. A alteração unilateral representa prerrogativa
contratual detida pela Administração, em caso de modificação do
projeto ou das especificações (mudança qualitativa) ou quando for
necessária ao acréscimo ou diminuição de seu objeto (mudança
quantitativa). Caso a alteração acarrete aumento ou diminuição
dos encargos do contratado, a Administração deve restabelecer, no
mesmo termo aditivo, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
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Rescisão unilateral
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DAS HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual de-
verá ser formalmente motivada nos autos do processo, assegurados
o contraditório e a ampla defesa, às seguintes situações:
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas editalícias
ou de cláusulas contratuais, de especificações, de projetos ou de prazos;
II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela au-
toridade designada para acompanhar e fiscalizar sua execução ou
por autoridade superior;
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura
da empresa que restrinja sua capacidade de concluir o contrato;
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da
sociedade ou falecimento do contratado;
V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, im-
peditivos da execução do contrato;
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade
de obtê-la, ou alteração substancial do anteprojeto que dela resultar,
ainda que obtida no prazo previsto;
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Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá
ser exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia nas
contratações de obras, serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades
de garantia:
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública emitidos sob
a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de
liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil,
e avaliados por seus valores econômicos, conforme definido pelo
Ministério da Economia;
II - seguro-garantia;
III - fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira de-
vidamente autorizada a operar no País pelo Banco Central do Brasil.
IV - título de capitalização custeado por pagamento único, com
resgate pelo valor total.
§ 2º Na hipótese de suspensão do contrato por ordem ou inadim-
plemento da Administração, o contratado ficará desobrigado de
renovar a garantia ou de endossar a apólice de seguro até a ordem
de reinício da execução ou o adimplemento pela Administração.
§ 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês, contado da data
de homologação da licitação e anterior à assinatura do contrato,
para a prestação da garantia pelo contratado quando optar pela mo-
dalidade prevista no inciso II do § 1º deste artigo (BRASIL, 2021).
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exercer essa competência discricionária. Por outro lado, uma vez exigida, cabe ao
contratado, como regra, optar por uma das modalidades de garantia.
Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, o valor da garantia será
equivalente a até 5% (cinco por cento) do valor inicial do contrato. A majoração
para até 10% (dez por cento) pode ocorrer, desde que justificada em decorrência
de complexidades técnicas, bem como possíveis riscos de execução.
Vejamos o que diz a lei:
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Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a ga-
rantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do valor inicial do
contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez
por cento), desde que justificada mediante análise da complexidade
técnica e dos riscos envolvidos.
Parágrafo único. Nas contratações de serviços e fornecimentos
contínuos com vigência superior a 1 (um) ano, assim como nas
subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual do con-
trato para definição e aplicação dos percentuais previstos no caput
deste artigo (BRASIL, 2021).
Tendo como referência o modelo utilizado no direito privado, quando uma parte
do contrato não cumpre com sua obrigação contratual a outra parte também
poderá não cumprir, amparada numa cláusula chamada exceptio non adimpleti
contractus – exceção do contrato não cumprido – com fulcro no Art. 476 e 477
do Código Civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 , vejamos o artigo:
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Da Exceção de Contrato não Cumprido
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes
de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das par-
tes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprome-
ter ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra
recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que
lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la (BRASIL, 2002).
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Pelo modelo civilista, nenhum dos contratantes, antes de cumprir com a sua
obrigação, pode exigir o cumprimento da obrigação do outro. Isso quer dizer que
qualquer das partes poderá valer-se da exceptio, isto é, da exceção do contrato
não cumprido, ou seja, enquanto uma parte não arcar com a sua prestação não
poderá exigir a do outro.
Ocorre que, na sistemática do direito administrativo, essa exceção não poderá
ser invocada pelo particular contratado como fundamento para paralisação de
suas atividades em caso de atraso de pagamento por parte da Administração Pú-
blica, porque o que está em jogo é o interesse público e os serviços públicos não
podem ser paralisados ou sofrerem solução de descontinuidade, pois o interesse
público coletivo, nesse caso, se sobrepõe ao privado.
Muito embora, essa exceção tenha sua restrição no âmbito do direito admi-
nistrativo, devemos ter cautela na interpretação dessa cláusula, porque nem todo
contrato feito pela Administração Pública envolve prestação de serviço público
de modo que a cláusula pode ser alegada quando o objeto não envolver essen-
cialmente um serviço público.
Esse entendimento vem sendo aplicado pela doutrina moderna com certa
relativização do princípio da supremacia do interesse público, visto que ele não
pode ser invocado como escudo de proteção para a Administração Pública fazer
o que ela bem entender quando, por exemplo, ela deixa de pagar seus contratos.
Assim é explicado por Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2023, p. 822), quan-
do ensina sobre a aplicação da cláusula do contrato não cumprido atinente aos
contratos administrativos:
“
Atualmente, o entendimento mais adequado, sem dúvida, é aquele
que autoriza a exceptio nos casos autorizados pela legislação. Os ar-
gumentos podem ser assim sintetizados: (i) princípio da legalidade:
atualmente, a legislação prevê a exceptio no Art. 78, XIV e XV, da
Lei 8.666/1993 e no Art. 137, § 3.º, II, da nova Lei de Licitações; (ii)
princípio da supremacia do interesse público: esse princípio, que vem
sendo relativizado por grande parte da doutrina, não pode significar
um escudo protetor para ilícitos (contratuais e extracontratuais) ad-
ministrativos; e (iii) princípio da continuidade do serviço público:
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U N I AS S E LVI
“
Art. 174. É criado o Portal Nacional de Contratações Públicas
(PNCP), sítio eletrônico oficial destinado à:
I - divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos por esta Lei;
II - realização facultativa das contratações pelos órgãos e entidades
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes
federativos (BRASIL, 2021).
E M FO CO
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7
NOVOS DESAFIOS
Estudante, neste tema, tivemos a oportunidade de percorrer as peculiaridades
que o contrato administrativo possui em comparação aos contratos de natureza
privada. Abordamos as características e particularidades dos contratos quanto
às suas cláusulas exorbitantes, que conferem poder de superioridade à Adminis-
tração Pública para que ela possa exercer o interesse público.
Vimos que, nesses casos, um dos polos da relação contratual ficará desali-
nhado, exatamente porque a supremacia do interesse público deve se sobrepor
ao interesse individual. Os contratos administrativos, em geral, traduzem um
conjunto de direitos e obrigações cujas peculiaridades próprias de sua natureza
são traduzidas no dia a dia de acordo com o objeto a ser contratado e com as
peculiaridades do ajuste.
Cabe a você, futuro profissional, identificar as espécies de contratos possíveis
para cada certame licitatório, como será seu regime de execução, bem como a me-
lhor decisão a ser tomada em caso de conflitos por um atraso na obra ou pelo não
cumprimento de determinada cláusula contratual por parte do contratado. O que
fazer nesse caso concreto? Parte-se para a rescisão unilateral ou seria possível fazer
a transação pela via consensual mediante um comitê de resolução de disputas?
Enfim, são muitas decisões importantes que você terá que tomar na sua vida práti-
ca. Continuemos nessa jornada de aprendizado para realização de grandes conquistas.
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AUTOATIVIDADE
1. O Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é uma das novidades trazidas pela
Nova Lei de Licitações. Trata-se de uma plataforma que centraliza a divulgação dos atos
exigidos pela lei e será gerido por um comitê.
O Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sítio eletrônico oficial conterá, entre
outras, as seguintes informações acerca das contratações:
2. São necessárias, em todo contrato, cláusulas que estabeleçam o objeto e seus elementos
característicos.
Diante das cláusulas necessárias em todo contrato, é correto afirmar que é nulo e de nenhum
efeito o contrato verbal com a Administração?
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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AUTOATIVIDADE
3. Os contratos regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a eles
serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições
de direito privado
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidên-
cia da República, 10 jan. 2002. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406compilada.htm Acesso em: 22 jan. 2024.
OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e Contratos Administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.
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GABARITO
Art. 174 -É criado o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sítio eletrônico oficial
destinado à:
§ 2º O PNCP conterá, entre outras, as seguintes informações acerca das contratações:
I - planos de contratação anuais;
II - catálogos eletrônicos de padronização;
III - editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de contratação direta e editais
de licitação e respectivos anexos;
IV - atas de registro de preços;
V - contratos e termos aditivos;
VI - notas fiscais eletrônicas, quando for o caso.
Art. 95
§ 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas
compras ou o de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles
de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos
de direito público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos
contratos e as disposições de direito privado.
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver
autorizado a contratação direta e à respectiva proposta;
[...]
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MINHAS ANOTAÇÕES
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
MINHAS METAS
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P L AY N O CO NHEC I M ENTO
VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o significado de sanção administrativa? Vamos recordar? A
Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/21) prevê no Art. Art. 155 que o
licitante ou o contratado será responsabilizado administrativamente pelas infrações
que vier a causar segundo um rol de condutas longamente definidas nos incisos
do Artigo 155. Logo após, no Art. 156, a Nova Lei de Licitações e Contratos elenca
as sanções aplicáveis. Assim, estudante, uma coisa é a infração, que é a conduta
adotada pelo licitante ou pelo contratado, já a sanção é a penalidade que será
sofrida por aquele que deu causa à infração.
Com base nas definições supracitadas, assista ao vídeo Sanções Administrativas
na NLLC (Nova Lei de Licitações e Contratos). Acesse em: https://www.youtube.
com/watch?v=H8k7y3D6MWE.
REGIME SANCIONATÓRIO
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AP RO F U NDA NDO
A nova lei de licitações (Lei nº 14.133) revogou de imediato a parte penal, Arts. 89 a
108, a constante da antiga lei geral de licitações (Lei 8.666/93). Foi incluído por inter-
médio da nova lei no Código Penal o Capítulo - Dos Crimes em Licitações e Contra-
tos Administrativos, compondo os Arts. 337-E ao 337-P. Considerando a necessidade
dos órgãos públicos se adaptarem à nova normativa, a nova lei (Lei nº 14.133/21)
não revogou de imediato a legislação antiga (Lei nº 8.666/93), tendo sua revogação
adiada. Fato que se deu, definitivamente, em dezembro de 2023. Entretanto, a parte
penal que existia na lei antiga (Lei nº 8.666/93) foi sim revogada de imediato des-
de 1º de abril de 2021 com a entrada em vigor da nova lei (14.133/21).
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
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Assim, tanto dar causa à inexecução total ou parcial do contrato como outros
atos infracionais praticados pelos licitantes, dá à Administração Pública prerro-
gativa de aplicar-lhes sanções administrativas por intermédio do seu poder fisca-
lizador-disciplinar. Essas infrações estão no Art. 156 da Lei nº 14.133/21, a saber:
“
Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa;
III - impedimento de licitar e contratar;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar (BRASIL, 2021).
“
A responsabilidade administrativo-disciplinar se baseia no binô-
mio infração-sanção, assentado na relação de causa-consequência.
As infrações estão capituladas no Art. 154 da Lei nº 14.133/2021 e
envolvem tanto o momento da licitação (fraude ao certame, apre-
sentação de declaração falsa na fase de habilitação etc.) quanto
da contratação propriamente dita (inexecução total ou parcial da
avença, entre outras). As modalidades de sanções estão definidas
legalmente, em rol taxativo, no Art. 155. São elas: Advertência: re-
primenda cabível na hipótese de inexecução parcial do contrato;
Multa: sanção pecuniária cujo montante não pode ser inferior a
0,5% nem superior a 30% (trinta por cento) do valor do contrato
licitado ou celebrado. Além da multa-sanção, a Lei nº 14.133/2021
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DA SANÇÃO DE ADVERTÊNCIA
“
Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
I - advertência;
§ 2º A sanção prevista no inciso I do caput deste artigo será aplicada
exclusivamente pela infração administrativa prevista no inciso I do
caput do Art. 155 desta Lei, quando não se justificar a imposição de
penalidade mais grave (BRASIL, 2021, grifo nosso).
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DA SANÇÃO DE MULTA
Outra sanção arrolada é a multa. A sanção de multa não poderá ser inferior a
0,5% (cinco décimos por cento) nem superior a 30% (trinta por cento) do valor
do contrato licitado ou celebrado com contratação direta, e será aplicada ao res-
ponsável por qualquer das infrações administrativas previstas no Art. 155 da Lei
nº 14.133/21. Em outras palavras, qualquer das infrações previstas no Artigo 155
da Lei nº 14.133/21 poderão ser objeto de multa.
Além da peculiaridade de poder ser aplicada para todas as hipóteses de infra-
ções administrativas, a multa é a única sanção que pode ser aplicada concomitante-
mente com as demais (advertência, impedimento de licitar e contratar e declaração
de inidoneidade para licitar ou contratar). Assim, podemos ter a aplicação da pena
de multa combinada com a pena advertência ou pena de multa mais pena de impe-
dimento de licitar ou contratar ou, ainda, pena de multa mais pena de inidoneidade.
Vejamos o artigo 156, II, § 3º da Lei nº 14.133/21:
“
Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
II - multa
3º A sanção prevista no inciso II do caput deste artigo, calculada na
forma do edital ou do contrato, não poderá ser inferior a 0,5% (cinco
décimos por cento) nem superior a 30% (trinta por cento) do valor
do contrato licitado ou celebrado com contratação direta e será
aplicada ao responsável por qualquer das infrações administrativas
previstas no Art. 155 desta Lei (BRASIL, 2021, grifo nosso).
Observe, estudante, que para todos os casos sancionatórios deverá ser aberto processo
de apuração com observância do devido processo legal. Isso quer dizer que será dada
oportunidade de defesa prévia ao imputado contratado ou licitante para que apresente
suas razões de defesa no prazo de quinze dias úteis, contado da data de sua intimação.
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Art. 5º [...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes (BRASIL, 1988).
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“
Art. 156 Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administra-
tivas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
III - impedimento de licitar e contratar;
§ 4º A sanção prevista no inciso III do caput deste artigo será apli-
cada ao responsável pelas infrações administrativas previstas nos
incisos II, III, IV, V, VI e VII do caput do Art. 155 desta Lei, quando
não se justificar a imposição de penalidade mais grave, e impedirá o
responsável de licitar ou contratar, no âmbito da Administração Pú-
blica direta e indireta do ente federativo que tiver aplicado a sanção,
pelo prazo máximo de 3 (três) anos (BRASIL, 2021, grifo nosso).
“
Nesse ponto, a nova Lei de Licitações pretende resolver a contro-
vérsia em relação aos efeitos territoriais ou espaciais das sanções de
impedimento (ou suspensão) para participar de licitações e contra-
tações e a declaração de inidoneidade. A opção foi pela atribuição
de efeito restritivo para a sanção de “impedimento de licitar e con-
tratar”, que somente será observada perante o ente sancionador, e
de efeito extensivo para a sanção de “declaração de inidoneidade”,
aplicável nacionalmente a todos os entes federados.[...] De acordo
com os §§ 4.º e 5.º do Art. 156 da Lei nº 14.133/2021, enquanto a
sanção de “impedimento de licitar e contratar” possui efeito restriti-
vo e impede a participação em licitação ou a contratação da empresa
punida no âmbito da Administração Pública direta e indireta do
ente federativo sancionador, a sanção de declaração de inidoneida-
de possui efeito extensivo, com o afastamento da empresa sancio-
nada das licitações e contratações promovidas pela Administração
Pública direta e indireta de todos os entes federativos.
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“
Art. 156 Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administra-
tivas previstas nesta Lei, as seguintes sanções:
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
§ 5º A sanção prevista no inciso IV do caput deste artigo será aplicada
ao responsável pelas infrações administrativas previstas nos incisos
VIII, IX, X, XI e XII do caput do Art. 155 desta Lei , bem como pelas
infrações administrativas previstas nos incisos II, III, IV, V, VI e VII
do caput do referido artigo que justifiquem a imposição de penalida-
de mais grave que a sanção referida no § 4º deste artigo, e impedirá o
responsável de licitar ou contratar no âmbito da Administração Pública
direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de
3 (três) anos e máximo de 6 (seis) anos (BRASIL, 2021, grifo nosso).
Trata-se de sanção cabível para as infrações dos incisos VIII a XII do Art. 155 da
Lei nº 14.133/21, bem como os incisos II ao VII do mesmo artigo, nesse último
caso (incisos II ao VII), aplicáveis quando justifique a imposição de penalidade
mais grave que a sanção de impedimento.
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Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações adminis-
trativas previstas nesta Lei as seguintes sanções
§ 1º - Na aplicação das sanções serão considerados:
I - a natureza e a gravidade da infração cometida;
II - as peculiaridades do caso concreto;
III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
IV - os danos que dela provierem para a Administração Pública;
V - a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de inte-
gridade, conforme normas e orientações dos órgãos de controle
(BRASIL, 2021).
Observem que o dispositivo legal deixa larga margem de apreciação pela Admi-
nistração Pública quando for realizar a dose da sanção a ser aplicada ao apenado.
Embora haja larga margem de apreciação para a Administração Pública exercer
seu caráter punitivo, isso não significa discricionariedade administrativa, já que
no caso de aplicação de sanções, ainda que haja um juízo de valor a ser exercido
por parte da Administração Pública acerca dos fatos, não é possível cogitar apli-
cação segundo critérios de oportunidade e conveniência administrativa, próprios
do juízo de discricionariedade administrativa.
Para definição do quantum da sanção a ser aplicada, não se usa critérios de opor-
tunidade e conveniência, mas, sim, de critérios de legalidade. Além disso, há que se
ter a aplicação do princípio da proporcionalidade entre o ato ilícito praticado e a
pena a ser aplicada e sua prévia aplicação fica sujeita à análise do órgão responsável
pela representação judicial e extrajudicial da entidade administrativa sancionadora.
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DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Contratação direta ilegal (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora
das hipóteses previstas em lei: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela
Lei nº 14.133, de 2021).
Frustração do caráter competitivo de licitação (Incluído pela Lei
nº 14.133, de 2021).
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou
para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da li-
citação, o caráter competitivo do processo licitatório: (Incluído pela
Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Patrocínio de contratação indevida (Incluído pela Lei nº 14.133,
de 2021)
Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a Administração Pública, dando causa à instauração de lici-
tação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser decre-
tada pelo Poder Judiciário: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.133, de 2021).
Modificação ou pagamento irregular em contrato administrativo
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021).
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modi-
ficação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor
do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a
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Contratação inidônea
Impedimento indevido (Art. 337-N)
Art. 337-M)
Quadro 1 – Crimes que a Lei nº 14.133/2021 insere no Código Penal / Fonte: o autor.
E M FO CO
NOVOS DESAFIOS
Estudante, neste tema sobre regime sancionatório, tivemos a oportunidade de
estudar o conceito de sanção administrativa e diferenciá-lo das tipificações
penais que ficam a cargo do Código Penal. Vimos que, quanto ao alcance da
sanção de impedimento e da sanção de declaração de inidoneidade, verifica-se
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AUTOATIVIDADE
1. Para que a Administração Pública possa realizar o seu papel, o ordenamento jurídico lhe
confere poderes para, assim, gerir as atividades que lhe cabem (BRASIL, 2021).
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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AUTOATIVIDADE
Quais são os atos infracionais previstos na lei geral de licitações e contratos cabíveis de
sanção administrativa?
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF: Presidência
da República, 7 set. 1940. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/
Del2848.htm#art337e. Acesso em: 6 dez. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Presidência da Re-
pública, 5 out. 1988 . Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.
BRASIL. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude
da prática de atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 da Constituição
Federal; e dá outras providências. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021). Brasília, DF: Pre-
sidência da República, 2 jun. 1992. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8429.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.
BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. (Revogado pela Lei nº 14.133, de 2021). Brasília, DF:
Presidência da República, 21 jun. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8666cons.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.
OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e Contratos Administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.
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GABARITO
Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas previstas nesta Lei
as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa;
III - impedimento de licitar e contratar;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.
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MINHAS ANOTAÇÕES
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TEMA DE APRENDIZAGEM 9
QUESTÕES PRÁTICAS NA
GESTÃO PÚBLICA RELACIONADAS
ÀS LICITAÇÕES, CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS E
TERCEIRIZAÇÕES
MINHAS METAS
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P L AY N O CO NHEC I M ENTO
VAMOS RECORDAR?
Estudante, você sabe o significado de terceirização? No âmbito da Administração
Pública a terceirização significa a contratação de bens e serviços de terceiros para
atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos
que sejam da área de competência do órgão, ou seja, não se pode terceirizar
atividades finalísticas do órgão, mas sim as atividades acessórias, sob pena de
burlar o devido concurso público para contratação de agentes públicos.
Assista à Webinar Terceirização na prática: o que tem de novo na Lei nº 14.133?
Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=wos-GBbRErQ.
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MATRIZ DE RISCOS
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Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e
de responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus finan-
ceiro decorrente de eventos supervenientes à contratação, contendo,
no mínimo, as seguintes informações:
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do con-
trato que possam causar impacto em seu equilíbrio econômico-fi-
nanceiro e previsão de eventual necessidade de prolação de termo
aditivo por ocasião de sua ocorrência;
b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações
do objeto com relação às quais haverá liberdade para os contratados
inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, em termos
de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto
ou no projeto básico;
c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das fra-
ções do objeto com relação às quais não haverá liberdade para os
contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas,
devendo haver obrigação de aderência entre a execução e a solução
predefinida no anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as
características do regime de execução no caso de obras e serviços
de engenharia; [...] (BRASIL, 2021).
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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9
A alocação de riscos é uma novidade trazida pela nova lei geral de licitações
e contratos, a Lei nº 14.133/21, incorporando o regime à nova lei, tendo em
vista que ele já tinha previsão em outros normativos legais; foi inaugurado
pela Lei 12.462/11 que prevê o Regime Diferenciado de Contratações, o
chamado RDC, sendo depois incorporado no Estatuto das Empresas Estatais
por meio da Lei 13.303/15.
O regime de alocação de riscos visa à distribuição entre o contratante e o
contratado dos riscos envolvidos em contratações de grande vulto e nas contra-
tações com regimes de contratação integrada ou semi-integrada relativamente
a eventos supervenientes que possam vir a ocorrer.
Isso têm relevância no seguinte aspecto: é muito comum uma obra come-
çar e deixar de ser concluída por conta da alegação por parte da empreiteira
contratada de que os custos para dar continuidade à obra estariam desatuali-
zados. Um exemplo foi quando tivemos a pandemia do Coronavírus e muitos
concessionários de serviços públicos de transporte alegaram perda expressiva
de consumidores, ocasionando graves prejuízos para as empresas que tiveram
que redefinir seus custos operacionais. De fato, tratava-se de um evento futuro
e incerto (evento superveniente) que impactou a economia do mundo em geral.
A elaboração de uma matriz de risco visa exatamente mitigar esses eventos
que fogem ao controle, já que se antecipa aos riscos de um desequilíbrio econô-
mico-financeiro inicial do contrato em relação a eventos futuros e não previsíveis.
O edital pode incluir uma matriz para distribuir os riscos entre o contratante
e o contratado. Nesse caso, o cálculo do valor estimado do contrato pode levar em
conta uma taxa de risco adequada ao objeto da licitação e aos riscos atribuídos
ao contratado, seguindo uma metodologia definida pelo ente federativo.
A matriz deve garantir uma distribuição eficiente dos riscos de cada con-
trato e determinar a responsabilidade de cada parte contratante, além de
estabelecer mecanismos para evitar a ocorrência de sinistros e mitigar seus
efeitos, se ocorrerem durante a execução do contrato.
O contrato deve refletir a distribuição de riscos estabelecida pela matriz,
especialmente no que diz respeito às condições para a revisão da equação eco-
nômico-financeira do contrato em situações em que o sinistro, conforme de-
terminado pela matriz de riscos, cause um desequilíbrio não suportado pela
parte que busca a revisão; a possibilidade de rescisão quando o sinistro resultar
em um aumento excessivo de custos ou impedir a continuidade da execução
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A nova Lei de Licitações, em seu Art. 103, admite a repartição de
riscos nos contratos administrativos, com a previsão de matriz
de alocação de riscos, alocando-os entre contratante e contrata-
do mediante indicação daqueles a serem assumidos pelo setor
público ou pelo setor privado ou daqueles a serem compartilha-
dos. Trata-se de tendência já verificada na legislação especial (...).
Serão preferencialmente transferidos ao contratado os riscos que
tenham cobertura oferecida por seguradoras (Art. 103, § 2.º, da
Lei). Entendemos que a solução adotada pela nova Lei de Licita-
ções, nos §§ 1.º e 2.º do Art. 103, foi adequada. A imputação dos
riscos para a parte que possui melhores condições de gerenciá-los
refletirá, naturalmente, na maior segurança jurídica e economi-
cidade da contratação. Isso porque a alocação dos riscos contra-
tuais será quantificada para fins de projeção dos reflexos de seus
custos no valor estimado da contratação (Art. 103, § 3.º, da Lei
14.133/2021). Assim, por exemplo, os riscos políticos, cambiais,
de interpretação judicial, de disponibilidade financeira, de re-
lações internacionais que não são gerenciáveis pelo particular,
deveriam ser assumidos, preferencialmente, pela Administração
Pública e os riscos ligados à construção, operação, rendimento,
tecnologia e competição seriam alocados à contratada.
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Rodrigo Bordalo ( 2021, p.116) ao discorrer sobre matriz de risco, assim ensina:
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Um dos aspectos fundamentais do novo regime é a necessidade de
alocação de riscos, que objetiva delimitar sua distribuição entre o
contratante e o contratado. Assim, a elaboração da respectiva matriz
indica aqueles riscos assumidos pelo setor público ou pelo setor pri-
vado, ou aqueles a serem compartilhados. A relevância da matriz de
alocação é a de definir o equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato em relação a eventos supervenientes. A alocação de riscos
não encontra previsão na Lei nº 8.666/93. O seu regramento foi inau-
gurado pela Lei nº 12.462/11 (RDC) e posteriormente foi incorpo-
rado na Lei nº 13.303/15 (Estatuto das Empresas Estatais). De modo
geral, a matriz de alocação de riscos não é obrigatória. A exceção en-
volve a contratação de obras e serviços de grande vulto, ou na hipótese
de adoção dos regimes de contratação integrada ou semi-integrada.
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Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
XLV - sistema de registro de preços: conjunto de procedimen-
tos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas
modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços
relativos à prestação de serviços, obras e a aquisição e locação de
bens para contratações futuras;
XLVI - ata de registro de preços: documento vinculativo e obrigacio-
nal, com característica de compromisso para futura contratação, no
qual são registrados o objeto, os preços, os fornecedores, os órgãos par-
ticipantes e as condições a serem praticadas, conforme as disposições
contidas no edital da licitação, no aviso ou instrumento de contratação
direta e nas propostas apresentadas (BRASIL, 2021, grifo nosso).
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Convém explicar o contexto desse sistema. Os negócios realizados
pela Administração devem, como regra, ser precedidos de licitação
pública. O procedimento comum baseia-se na realização de uma
licitação para cada aquisição realizada pelo Poder Público. Assim,
caso o ente estatal pretenda, por exemplo, celebrar contrato de com-
pra de 10 máquinas de reprografia (xerox), deve realizar o certame
licitatório para tanto. Posteriormente, se houver necessidade de aqui-
sição de mais maquinários, nova licitação deve ser feita. Há situa-
ções, contudo, envolvendo ajustes de produtos ou serviços que são
utilizados de maneira contínua pela Administração, como bens de
papelaria (folhas de papel, canetas, lápis etc.). Verifica-se a celebração
de contratos sucessivos cuja quantidade de aquisição sofre variação
de acordo com a necessidade do Poder Público. Nesse contexto, o
procedimento comum descrito acima não se mostraria eficiente. A
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O SRP, na forma prevista no Art. 6.º, XLV, da Lei 14.133/2021, é o
“conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação
direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de re-
gistro formal de preços relativos à prestação de serviços, a obras e a
aquisição e locação de bens para contratações futuras”. Verifica-se,
desde logo, a ampliação na utilização do SRP no novo diploma le-
gal. Inicialmente restrito às compras e serviços, no regime da Lei
8.666/1993 e do Decreto federal 7.892/2013, a sua utilização foi am-
pliada no RDC para abarcar, ainda, obras e serviços de engenharia
(Art. 88, I, do Decreto federal 7.581/2011). Com a promulgação da
nova Lei de Licitações, o SRP poderá ser utilizado para serviços,
inclusive de engenharia, obras, aquisição e locação de bens.
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Essa regra vai no sentido de evitar que, pela via da contratação de terceiros, a
Administração Pública deixe de realizar concurso público. Esse fato representaria
burla à lei com grave afronta da disciplina jurídico-administrativa já que a Ad-
ministração Pública deve contratar pessoal via concurso público, sendo possível
contratar terceiros para atividades instrumentais, apenas.
Um ponto importante no tema da terceirização é a questão da pessoalida-
de e da subordinação dos contratados perante a Administração Pública, visto
que eles são contratados e sua relação no tocante a direitos trabalhistas é com
a empresa que venceu a licitação e foi contratada para prestar os serviços, não
havendo vínculo empregatício com a Administração Pública. Esses contratos
geralmente envolvem atividades como contratação de serviços de limpeza,
vigilância e apoio administrativo.
Vejamos o que diz a Lei nº 14.133/21, Art. 48, sobre o assunto:
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Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as atividades
materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assun-
tos que constituam área de competência legal do órgão ou da en-
tidade, vedado à Administração ou a seus agentes, na contratação
do serviço terceirizado:
I - indicar pessoas expressamente nominadas para executar direta
ou indiretamente o objeto contratado;
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato normativo a
ser pago pelo contratado;
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcionário de em-
presa prestadora de serviço terceirizado;
IV - definir forma de pagamento mediante exclusivo reembolso
dos salários pagos;
V - demandar a funcionário de empresa prestadora de serviço tercei-
rizado a execução de tarefas fora do escopo do objeto da contratação;
VI - prever em edital exigências que constituam intervenção inde-
vida da Administração na gestão interna do contratado.
Parágrafo único. Durante a vigência do contrato, é vedado ao
contratado contratar cônjuge, companheiro ou parente em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de dirigente
do órgão ou entidade contratante ou de agente público que de-
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Note, estudante, que o Art. 48 da Lei nº 14.133/21 (lei geral de licitações e con-
tratos) não prevê a terceirização de atividade-fim, o próprio texto legal fala em
atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que
constituam área de competência legal do órgão ou da entidade.
Outro ponto relevante trazido pela Lei nº 14.133/21 no tocante ao tema da
terceirização de serviços é no sentido de evitar o nepotismo e o conflito de in-
teresses nas contratações de serviços feitas pela Administração Pública. Dessa
forma é vedado contratar cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, co-
lateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de dirigente do órgão ou entidade
contratante ou de agente público que desempenhe função na licitação ou atue
na fiscalização ou na gestão do contrato, devendo essa proibição constar expres-
samente do edital de licitação.
Assim como, Administração Pública está proibida de indicar pessoas para
executar direta ou indiretamente o objeto contratado, estabelecer vínculo de su-
bordinação com funcionário de empresa prestadora de serviço terceirizado, bem
como demandar a funcionário da empresa prestadora de serviço terceirizado a
execução de tarefas fora do escopo do objeto da contratação.
Rafael Oliveira (2023, p. 96-97), ao discorrer sobre a terceirização, assim nos
ensina:
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Tradicionalmente, com o intuito de evitar que a terceirização seja um
sucedâneo da regra do concurso público, a doutrina e o TCU têm
entendido que a terceirização somente será legítima para atividades
instrumentais (atividades-meio) da Administração. No tocante aos
serviços relacionados às finalidades essenciais da Administração
(atividades-fim), a terceirização é vedada. De forma semelhante, o
TST, por meio da Súmula 331, restringiu as terceirizações às ativi-
dades instrumentais, desde que inexistente a pessoalidade e a su-
bordinação direta. Somente seria considerada lícita a terceirização
que objetivasse a prestação de serviços, sendo vedada a terceirização
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A Lei nº 14.133/2021, inovando em relação aos ditames da Lei nº
8.666/93, expressamente disciplina os contornos das contratações
de serviços, somente admitindo a execução por terceiros para as
atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares
aos assuntos que constituam área de competência legal do órgão
ou da entidade pública. São estabelecidas uma série de vedações,
entre as quais indicar pessoas nominadas para executar o objeto do
contrato e estabelecer vínculo de subordinação com funcionário da
empresa prestadora do serviço terceirizado.
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DIÁLOGO COMPETITIVO
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O diálogo competitivo, também denominado “diálogo concorren-
cial”, foi adotado no âmbito da União Europeia e, por certo, ser-
viu de inspiração para o legislador nacional incorporá-lo à Lei de
Licitações como nova modalidade de licitação.(...) Nesse contexto,
diversos países europeus incorporaram em seus ordenamentos ju-
rídicos nacionais a previsão do diálogo concorrencial, tais como:
Portugal (Arts. 30.º e 204.º a 218.º do Código de Contratos Públicos),
França (Dialogue compétitif: arts. 26, I, 3.º, 36 e 67 do Code des
marchés publics), Espanha (Diálogo Competitivo:arts. 163 a 167 da
Lei 30/2007 – Contratos del Sector Público) etc. É possível perceber,
portanto, que o diálogo competitivo inserido na nova Lei de Licita-
ções é fortemente influenciado pela experiência no Direito Europeu.
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Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações
em que a Administração:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satis-
feita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
com precisão suficiente pela Administração;
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque
para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
III - (VETADO) (BRASIL, 2021).
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Outra grande novidade que auxilia na inovação é o diálogo competi-
tivo. Trata-se de modalidade inspirada no Art. 30 da Diretiva 2014/24
da União Europeia, depois incorporada a legislações internas como
da Inglaterra, Holanda, França e Portugal. É denominado, na Euro-
pa, de diálogo concorrencial. Seu objetivo é atender às necessidades
de obras, serviços e compras em que o poder público sabe de suas
necessidades, mas não sabe, diante da variabilidade do mercado,
como melhor supri-las. Nessa perspectiva, trata-se de instituto que
se assemelha, no objetivo, ao Procedimento de Manifestação de In-
teresse (PMI), pois se intenta provocar o mercado a compartilhar de
sua expertise para que o poder público tenha condições de engen-
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A P RO F UNDA NDO
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NOVOS DESAFIOS
A Disciplina Licitações e Contratos é fascinante, pois une teoria e prática de
maneira única. Imagine-se como um detetive desvendando os segredos das com-
pras públicas, identificando necessidades da sua cidade e do seu estado, como
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AUTOATIVIDADE
Qual é a modalidade de licitação em que a Administração Pública visa contratar objeto que
envolva inovação tecnológica ou técnica, impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua ne-
cessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado e impossibilidade
de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração?
a) Concorrência.
b) Tomada de Preços.
c) Diálogo Competitivo.
d) Convite.
e) Pregão eletrônico.
2. Segundo o Artigo 28 da lei geral de licitações a Lei nº 14.133/21, são modalidades de lici-
tação o pregão, a concorrência, o concurso, o leilão e o diálogo competitivo.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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AUTOATIVIDADE
3. O Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal de 1988 prevê que a Administração Pública
deverá se valer da licitação como regra geral, porém são admitidas ressalvas nos casos
especificados em lei. Portanto, o princípio da obrigatoriedade de licitar possui exceções,
e elas dizem respeito às formas de contratação direta por parte da Administração Pública
verificadas em processos de dispensa e inexigibilidade (BRASIL, 2021).
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REFERÊNCIAS
MATOS, M. et al. Nova Lei de licitações e contratos Lei nº 14.133/2021: debates, perspectivas e
desafios. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2023.
OLIVEIRA, R. C. R. Licitações e contratos administrativos: teoria e prática. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2023.
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GABARITO
1. Alternativa C.
2. Alternativa A.
3. Alternativa A.
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MINHAS ANOTAÇÕES
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MINHAS ANOTAÇÕES
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