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Recepção de Textos: Ler e Interpretar Diferentes Tipos de Textos
Este tópico envolve a compreensão e a análise de diversos tipos de textos, como literários,
jornalísticos, publicitários, entre outros. Para isso, é necessário desenvolver habilidades de leitura
crítica eujNos textos argumentativos, os autores tentam persuadir o leitor sobre um ponto de vista
ou opinião. Para isso, eles usam recursos como:
Exemplos e ilustrações: “Muitos estudos demonstram que o aumento do consumo de açúcar está
relacionado ao aumento de doenças cardíacas.ógicos e Morfológicos
Este tópico aborda dois grandes aspectos da língua: a fonologia, que se refere aos sons das
palavras, e a morfologia, que estuda a estrutura das palavras. Vamos detalhar cada um desses
conceitos:
Classificação de Fonemas
Os fonemas são as menores unidades sonoras que formam as palavras. Existem dois tipos
principais de fo
Polissílaba: palavra com mais de três sílabas (exemplo: "extraordinário").
Acentuação
A acentuação envolve o uso dos sinais gráficos (acento agudo, circunflexo e til) para marcar a
tonicidade das palavras. Existem regras que determinam quando e onde usar os acentos,
principalmente para monossílabos, oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas.
Monossílabos tônicos: Eles são acentuados quando são palavras que possuem mais de uma
sílaba, mas são acentuados nas palavras que terminam em a, e ou o.
Exemplo: pá, pé, pó.
Oxítonas: Palavras cuja sílaba tônica é a última. Elas são acentuadas quando terminam em a(s),
e(s), o(s), em ou ens.
Exemplo: café, papel, também.
Paroxítonas: Palavras cuja sílaba tônica é a penúltima. Elas são acentuadas quando não
terminam em a(s), e(s), o(s), em ou ens.
Exemplo: táxi, lápis.
Proparoxítonas: Palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima. Todas as proparoxítonas são
acentuadas.
Exemplo: técnico, lógico.
Ortoépia e Prosódia
Ortoépia refere-se à pronúncia correta das palavras. É essencial para a fala clara e adequada no
uso da língua.
Prosódia é o estudo da intonação, ritmo e acentuação das palavras e frases. A forma como você
pronuncia as palavras, o tom de voz e a ênfase podem alterar o significado de uma frase.
Exemplo de questionamento sobre ortoépia: "Assinale a alternativa em que a palavra 'idéia' está
pronunciada corretamente."
Alternativa correta: "Ideia" (sem o acento).
Ortografia
A ortografia refere-se à forma correta de escrever as palavras. O estudo da ortografia envolve a
observância das regras para o uso das letras, como a correta grafia de palavras com s, z, x e
outras letras, que podem ser confusas em algumas palavras.
Exemplo de questão de vestibular: "Qual das alternativas está corretamente escrita?" A)
Concentraçao
B) Concentração
C) Concentração
D) Concentraçao
Alternativa correta: B) "Concentração."
Classes de Palavras
A morfologia também trata das classes de palavras, que são as categorias gramaticais a que
pertencem as palavras de uma língua, como:
Substantivo: nome de coisas, pessoas, lugares (ex: livro, casa, João)
Verbo: ação, estado ou fenômeno (ex: correr, dormir, ser)
Adjetivo: qualifica o substantivo (ex: bonito, alto, inteligente)
Pronome: substitui o substantivo (ex: ele, ela, nós)
Artigo: define ou indefinido o substantivo (ex: o, a, um, uma)
Exemplo de Questão de Vestibular (UEMA)
Leia a frase abaixo:
"A vida é bela."
Pergunta: Qual é a classe gramatical da palavra "vida"?
A) Substantivo
B) Adjetivo
C) Verbo
D) Pronome
Resposta: A alternativa correta é A) Substantivo.
3. Sintaxe: Termos da Oração; Composição do Período: Coordenação e Subordinação;
Sintaxe de Concordância, de Regência e de Colocação; Crase e Pontuação
A sintaxe estuda a organização das palavras nas frases, as relações entre elas e as regras que
governam a estrutura do discurso. Vamos entender melhor esses conceitos:
Termos da Oração
Os termos da oração são as partes que formam uma oração, e cada um tem uma função
específica. Os principais termos são:
Sujeito: É o termo que indica quem ou o que pratica a ação ou sofre o efeito da ação. Exemplo: O
cachorro latiu.
Predicado: Indica o que se diz sobre o sujeito. Exemplo: O cachorro latiu muito alto.
Dentro do predicado, podemos ter outros termos como:
Complemento verbal: Complementa o verbo, como os objetos diretos e indiretos. Exemplo: Ele
comprou um presente para Maria (objeto indireto).
Adjunto adverbial: Termo que modifica o verbo, acrescentando informações sobre como, quando,
onde ou em que circunstâncias a ação foi realizada. Exemplo: Ele correu rápido.
Composição do Período: Coordenação e Subordinação
Os períodos são as estruturas formadas pelas orações. Um período pode ser simples (formado
por uma única oração) ou composto (formado por mais de uma oração).
Coordenação: Quando as orações são independentes, ou seja, cada uma poderia existir sozinha.
Elas são ligadas por conjunções coordenativas, como: e, mas, ou, pois.
Exemplo: Ele estudou, e passou no vestibular.
As orações são independentes, ligadas pela conjunção "e".
Subordinação: Quando uma oração depende da outra para fazer sentido. A oração principal é
chamada de oração principal, e a oração dependente é a oração subordinada. As orações
subordinadas são ligadas por conjunções subordinativas, como: que, porque, se, quando.
Exemplo: Ele passou no vestibular porque estudou muito.
A oração subordinada "porque estudou muito" depende da oração principal "Ele passou no
vestibular" para ter sentido completo.
Sintaxe de Concordância
A concordância trata da relação entre os termos da oração, ou seja, como as palavras se ajustam
para formar frases que fazem sentido e respeitam as regras gramaticais. Existem três tipos de
concordância que você precisa entender:
Concordância verbal: O verbo deve concordar com o sujeito em número (singular ou plural) e
pessoa (primeira, segunda ou terceira).
Exemplo: Os alunos estudam muito para o vestibular (plural).
Exemplo: O aluno estuda muito para o vestibular (singular).
Concordância nominal: O adjetivo, o artigo e o pronome devem concordar com o substantivo em
gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural).
Exemplo: A bela aluna ganhou o prêmio. (feminino, singular).
Exemplo: Os belos alunos ganharam o prêmio. (masculino, plural).
Concordância com o pronome de tratamento: O verbo concorda com o pronome de tratamento,
que é considerado sempre na terceira pessoa do singular.
Exemplo: Vossa Excelência está convidado para a reunião.
Sintaxe de Regência
A regência trata da relação entre o verbo e seus complementos, como o objeto direto e indireto, e
também entre os nomes (substantivos, adjetivos, etc.) e suas preposições. Existem três tipos
principais de regência:
Regência verbal: O verbo exige que o complemento seja ligado a ele por uma preposição ou não.
Exemplo:
Verbo com preposição: Ele gosta de estudar. (verbo "gostar" exige a preposição "de").
Verbo sem preposição: Ele viu o filme. (verbo "ver" não exige preposição).
Regência nominal: O substantivo ou adjetivo exige uma preposição para se ligar ao seu
complemento.
Exemplo de regência nominal: Ele tem medo de escuro. (substantivo "medo" exige a preposição
"de").
Regência com pronomes: Alguns pronomes também exigem preposição, como os pronomes
demonstrativos, possessivos e pessoais.
Exemplo: Ela se lembrou de você.
Sintaxe de Colocação
A colocação pronominal trata da posição dos pronomes pessoais átonos em relação aos verbos.
Existem três regras principais:
Ênclise: Quando o pronome pessoal átono vem após o verbo, sem que haja nenhuma palavra
entre eles. Usamos a ênclise quando o verbo está no início da oração ou quando não há palavras
que atraem o pronome para outra posição.
Exemplo: Farei-te um favor.
Ênclise: Ocorre quando o pronome pessoal átono fica no meio de dois verbos, e normalmente é
entre o verbo auxiliar e o principal.
Exemplo: Vou me arrepender dessa decisão.
Próclise: Quando o pronome pessoal átono vai antes do verbo, devido à presença de palavras
que atraem o pronome para perto delas, como advérbios, palavras negativas, pronomes relativos,
conjunções subordinativas, etc.
Exemplo: Não me importa o que aconteça.
Crase
A crase é a fusão da preposição "a" com o artigo definido feminino "a" ou com os pronomes
demonstrativos que começam com a letra "a". A crase é indicada pelo acento grave à.
Quando usar a crase?
Quando a preposição "a" encontra-se com o artigo feminino ou com pronomes demonstrativos
femininos.
Exemplo: Vou à escola. (preposição "a" + artigo feminino "a").
Quando a palavra regida é feminina e exige a preposição "a".
Exemplo: Ela foi à festa.
Quando NÃO usar a crase?
Quando a palavra regida é masculina ou está no plural.
Exemplo: Vou à escola. (escola é um substantivo feminino, mas não há crase porque a palavra
"escola" é precedida de um verbo que exige apenas a preposição "a").
Pontuação
A pontuação tem a função de organizar a leitura e facilitar a compreensão do texto, indicando
pausas, entonações e mudanças de ideias. As principais regras incluem:
Vírgula: Usada para separar orações, elementos em uma lista e alguns adjuntos adverbiais.
Exemplo: Ele estudou, fez exercícios, e ainda assistiu à aula.
Ponto final: Indica o fim de uma frase ou oração.
Exemplo: Aulas terminadas, todos podem ir embora.
Ponto e vírgula: Indica uma pausa maior que a vírgula, mas menor que o ponto final. Usado para
separar orações em um período composto.
Exemplo: Ele estudou durante todo o semestre; agora, está preparado para o exame.
Dois-pontos: Indica que o que vem a seguir é uma explicação ou uma enumeração.
Exemplo: Ele trouxe os seguintes itens: livros, cadernos e canetas.
Exemplo de Questão de Vestibular (FUVEST)
Leia a frase abaixo:
"Você já se decidiu sobre o que vai fazer hoje à tarde?"
Pergunta: Qual a função da crase na palavra "à"?
A) Indica a fusão de uma preposição com o artigo definido feminino.
B) Indica a fusão de uma preposição com o pronome demonstrativo.
C) Não há crase na palavra "à".
D) A crase é usada porque o verbo "decidir" exige a preposição "a".
Resposta: A alternativa correta é A), pois a crase ocorre pela fusão da preposição "a" com o artigo
feminino "a".
4. Semântica: Significação das Palavras; Linguagem Figurada
A semântica é o ramo da linguística que estuda o significado das palavras, das expressões e das
frases. Ela busca compreender como o sentido das palavras pode mudar dependendo do
contexto em que são usadas. A linguagem figurada é um recurso importante que altera o
significado literal das palavras para proporcionar um efeito mais expressivo ou estético.
Significação das Palavras
As palavras podem ter diferentes significados, dependendo do contexto. A significação pode ser
de três tipos principais:
Significado Denotativo: É o significado literal de uma palavra, aquele que ela tem no dicionário. É
o sentido mais comum e direto.
Exemplo: A palavra "coração" denota o órgão do corpo humano responsável pelo bombeamento
do sangue.
Significado Conotativo: É o significado figurado ou subjetivo da palavra, que pode variar conforme
o contexto ou a interpretação do falante. Esse tipo de significado é mais associado a emoções,
associações culturais ou contextos específicos.
Exemplo: Quando alguém diz "Ele tem um coração de ouro", não está se referindo ao órgão, mas
sim a uma pessoa muito bondosa.
Ambiguidade Semântica: Algumas palavras podem ter mais de um significado, dependendo do
contexto em que são usadas. Isso pode gerar diferentes interpretações de uma mesma frase.
Exemplo: A palavra "banco" pode significar um estabelecimento financeiro ou um objeto para
sentar-se.
Exemplo de Questão de Vestibular (UNESP)
Leia a frase abaixo:
"Ele foi ao banco retirar o dinheiro."
Pergunta: Qual o significado da palavra "banco" nesta frase?
A) Estabelecimento financeiro.
B) Objeto para sentar.
C) Local para armazenar coisas.
D) Lugar para estudar.
Resposta: A alternativa correta é A), pois o contexto indica que "banco" se refere a um
estabelecimento financeiro.
Linguagem Figurada
A linguagem figurada é uma forma de expressão onde as palavras são usadas com significados
diferentes dos literais. A intenção é enriquecer o texto, tornando-o mais expressivo e criativo.
Existem várias figuras de linguagem que podem ser utilizadas para esse fim, como:
Metáfora: Consiste na substituição de uma palavra por outra com a qual tenha uma relação de
semelhança.
Exemplo: "O céu está chorando." (Neste caso, "chorando" é uma metáfora para a chuva.)
Metonímia: Consiste em substituir uma palavra por outra com a qual tenha uma relação de
proximidade ou causa e efeito.
Exemplo: "Ele leu Machado de Assis." (Aqui, "Machado de Assis" substitui as obras de Machado
de Assis.)
Sinédoque: Relaciona uma parte de algo com o todo ou o todo com a parte.
Exemplo: "Vimos muitas cabeças no evento." (Aqui, "cabeças" é uma sinédoque que representa
pessoas.)
Antítese: Consiste na aproximação de ideias opostas.
Exemplo: "O dia estava quente, mas o vento gelado cortava a pele." (O contraste entre quente e
gelado forma uma antítese.)
Paradoxo: É a união de ideias aparentemente contraditórias, mas que, quando analisadas,
possuem sentido.
Exemplo: "O silêncio falava mais do que palavras." (O silêncio, normalmente entendido como
ausência de som, é paradoxalmente atribuído a falar mais do que palavras.)
Hipérbole: Consiste em exagerar uma ideia para dar maior expressividade.
Exemplo: "Estou morrendo de fome!" (A pessoa não está literalmente morrendo, mas expressa
que está com muita fome.)
Eufemismo: Consiste em suavizar uma ideia ou expressão para que ela não soe tão forte ou
ofensiva.
Exemplo: "Ele faleceu." (Em vez de dizer "Ele morreu", o termo "faleceu" suaviza a informação.)
Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se quer expressar, com a intenção de provocar uma
reflexão.
Exemplo: "Que ótima ideia fazer a prova sem estudar!" (A frase sugere sarcasmo, já que, na
verdade, a pessoa não acha isso uma boa ideia.)
Aliteração: É a repetição de sons consonantais para criar um efeito sonoro.
Exemplo: "O rato roeu a roupa do rei de Roma."
Assonância: É a repetição de sons vocálicos em uma frase ou verso.
Exemplo: "A alma alada anda à procura de uma casa."
Exemplo de Questão de Vestibular (ENEM)
Leia a frase abaixo:
"Ela está no fundo do poço."
Pergunta: Qual figura de linguagem está presente na frase?
A) Metáfora
B) Ironia
C) Hipérbole
D) Eufemismo
Resposta: A alternativa correta é A), pois "no fundo do poço" é uma metáfora para uma situação
difícil, mas não se refere literalmente ao fundo de um poço.
5. A Literatura como Herança e Cultura Viva
A literatura é considerada um dos principais veículos de transmissão de valores, saberes e
tradições de uma sociedade. Ela não é apenas um reflexo do passado, mas também uma forma
de manter e reinventar a cultura de uma comunidade. A literatura, ao longo do tempo, funciona
como uma herança cultural e também como uma cultura viva, que se renova a cada geração.
A Literatura como Herança Cultural
Quando falamos que a literatura é uma herança cultural, estamos nos referindo ao fato de que os
textos literários acumulam as experiências, as ideias, as preocupações e os sonhos de um povo
ao longo das gerações. Através da literatura, é possível preservar e transmitir as tradições, as
histórias e as visões de mundo de uma sociedade para as futuras gerações.
Exemplo: As obras de Machado de Assis, José de Alencar e Clarice Lispector são exemplos de
como a literatura brasileira serve como uma herança cultural. Seus escritos preservam a história,
os dilemas e os valores da sociedade brasileira em diferentes momentos históricos.
A literatura também preserva o vocabulário, as formas de expressão e os códigos culturais.
Muitos dos nossos costumes, lendas e mitos são perpetuados através de narrativas literárias.
Exemplo: O Ciclo do Cordel, uma manifestação literária popular no Nordeste do Brasil, preserva
tradições e saberes da cultura nordestina, passando de geração em geração, mantendo a
memória viva de diversas épocas.
A Literatura como Cultura Viva
Além de ser uma herança, a literatura é também uma cultura viva. Ou seja, ela não é algo que
apenas pertence ao passado, mas sim algo que continua a evoluir e a se renovar com o tempo,
adaptando-se às mudanças sociais, políticas e culturais. A literatura reflete e responde ao
contexto em que é produzida, sendo capaz de dialogar com as questões contemporâneas.
A literatura viva é aquela que se reinventa, que traz novas perspectivas e que questiona as
normas estabelecidas. Os escritores contemporâneos, por exemplo, fazem uso de novos estilos,
linguagens e formas de expressão que dialogam com os leitores atuais e com as problemáticas
contemporâneas, como o feminismo, as questões raciais, as desigualdades sociais e ambientais,
entre outras.
Exemplo: Chimamanda Ngozi Adichie, Luiz Ruffato, Djamila Ribeiro e Raduan Nassar são autores
que, através de suas obras, abordam temas como identidade, resistência e as complexidades da
vida moderna, mantendo a literatura como um espaço de reflexão e de crítica social.
A Literatura e a Identidade Cultural
A literatura também é essencial para a construção da identidade cultural de um povo. Através
dela, é possível compreender a visão de mundo, os valores e as questões políticas de uma
sociedade, além de perceber como ela se posiciona frente às transformações do mundo.
Exemplo: A obra de Graciliano Ramos, como "Vidas Secas", reflete sobre a miséria e as
condições de vida no Nordeste do Brasil, fazendo com que a literatura não apenas registre, mas
também questiona as condições sociais e econômicas de uma população. Essa literatura contribui
para a compreensão da realidade brasileira e da identidade do povo nordestino.
Além disso, a literatura também desempenha um papel fundamental na preservação da
diversidade cultural, mostrando que existem diferentes formas de ver o mundo, dependendo do
contexto histórico, social e geográfico.
A Literatura como Forma de Resistência e Transformação
A literatura, como cultura viva, tem o poder de resistir às injustiças e de transformar a sociedade.
Escritores que retratam a opressão, a luta por direitos e a busca por liberdade criam textos que
têm o poder de influenciar e mobilizar as pessoas para mudanças sociais e políticas.
Exemplo: Obras como "O Primo Basílio" de José de Alencar ou "Memórias Póstumas de Brás
Cubas" de Machado de Assis abordam críticas à sociedade e às estruturas de poder da época,
desafiando as normas estabelecidas e trazendo novas visões sobre as relações sociais.
A literatura também tem a capacidade de educar e formar a consciência crítica de seus leitores.
Ao refletir sobre as injustiças e ao apresentar diferentes realidades, ela ensina a importância da
empatia, do entendimento das diferenças e da luta por igualdade.
A Literatura e as Mudanças Tecnológicas
A literatura também está se adaptando às novas tecnologias. Hoje, podemos encontrar livros
digitais, blogs literários, podcasts e até mesmo obras interativas. Essas novas formas de
publicação e leitura mostram que a literatura se mantém como uma cultura viva, sempre se
ajustando às mudanças tecnológicas e comportamentais da sociedade.
Exemplo: Plataformas como Kindle e Scribd permitem a leitura de livros digitais, enquanto autores
como Mário Rodrigues e Daniel Galera têm seus livros traduzidos para o formato digital,
alcançando um público mais amplo e renovando a forma como as pessoas se relacionam com a
literatura.
A Literatura e o Futuro
A literatura tem um papel fundamental no futuro das sociedades, pois ela mantém o conhecimento
humano e a memória coletiva vivas. Ela nos permite compreender o passado para entender o
presente e, assim, buscar alternativas para o futuro.
As novas gerações de escritores também têm um papel importante nesse processo, pois suas
obras continuarão a refletir as questões do seu tempo e ajudarão a formar o entendimento da
cultura no futuro.
Exemplo de Questão de Vestibular (UNESP)
Leia o trecho abaixo:
"A literatura não é um lugar no qual se buscam respostas definitivas, mas um campo de perguntas
que nos remetem a um futuro ainda em construção."
Pergunta: O trecho acima expressa uma visão da literatura como:
A) Um registro da história e da cultura de um povo.
B) Uma ferramenta para alcançar respostas definitivas sobre a sociedade.
C) Uma forma de se esquecer das dificuldades do presente.
D) Um meio de criar uma reflexão sobre o futuro e as possibilidades de transformação.
Resposta: A alternativa correta é D), pois o trecho ressalta a literatura como um espaço de
reflexão sobre o futuro e suas possibilidades.
6. A Literatura e a Pluralidade de Perspectivas: Estética, Expressão Subjetiva, Relação com
a Realidade Exterior e a Sua Intervenção na Vida Social
A literatura é uma arte plural, ou seja, é capaz de reunir e refletir diversas perspectivas sobre a
vida, o mundo e os conflitos humanos. Ela não se limita a um único ponto de vista ou a uma única
maneira de ver as coisas. Pelo contrário, a literatura tem a capacidade de explorar diferentes
dimensões da experiência humana, dando voz a múltiplos pontos de vista e representando a
diversidade de opiniões, culturas e realidades.
A Estética na Literatura
A estética é o ramo da filosofia que se ocupa do estudo da beleza, da arte e do gosto. Na
literatura, a estética se refere à forma como a obra é estruturada, aos recursos e à linguagem
utilizados para criar efeitos artísticos, emocionais e intelectuais. A literatura é uma arte que
permite aos escritores expressarem sua visão de mundo de forma única, usando diferentes
estilos, formas e gêneros.
Exemplo: O Modernismo brasileiro, representado por autores como Mário de Andrade e Oswald
de Andrade, propôs uma nova estética literária que rompia com os modelos tradicionais e
buscava uma identidade genuinamente brasileira. As obras desse período eram inovadoras, e a
estética modernista buscava traduzir as complexidades da vida moderna, sem aderir aos padrões
europeus.
A estética literária também está intimamente relacionada à linguagem, ao uso de figuras de
linguagem e à construção de imagens poéticas que provocam no leitor uma sensação estética.
Expressão Subjetiva na Literatura
A expressão subjetiva é um dos aspectos mais fortes da literatura. Ela se refere à forma como o
escritor coloca suas próprias experiências, sentimentos, emoções e pontos de vista no texto. A
subjetividade permite que a literatura vá além da simples narração de fatos, dando ao texto uma
profundidade emocional e pessoal.
Cada autor, ao escrever, transmite uma visão particular sobre o mundo, seja por meio da escolha
de temas, da maneira como aborda as questões, ou da maneira como descreve os personagens e
as situações. Essa subjetividade é uma das grandes forças da literatura, pois permite uma
diversidade de vozes e interpretações.
Exemplo: Clarice Lispector, em sua obra "A Hora da Estrela", trabalha com a subjetividade de
seus personagens, dando voz a um ponto de vista íntimo, profundo e psicológico. O leitor é
conduzido pelas emoções e pensamentos da protagonista, que são expressões da subjetividade
da autora.
A literatura também permite a reflexão sobre a condição humana, sobre os dilemas interiores,
sobre os conflitos pessoais, proporcionando uma identificação com os leitores que compartilham
dessas questões internas.
Relação com a Realidade Exterior
A literatura, ao mesmo tempo que é uma expressão subjetiva, também está profundamente
conectada com a realidade exterior. Muitas obras literárias surgem como uma resposta a eventos
históricos, sociais, políticos e culturais. A literatura reflete a realidade da sociedade em que foi
criada, e muitas vezes serve para documentar ou criticar essa realidade.
Exemplo: "1984", de George Orwell, é um exemplo de como a literatura pode se conectar com a
realidade exterior, representando uma sociedade distópica e totalitária. A obra de Orwell foi escrita
como uma crítica ao autoritarismo e à opressão política, refletindo as tensões sociais e políticas
da época.
Além disso, a literatura pode fornecer uma interpretação única de eventos históricos e sociais,
oferecendo aos leitores uma perspectiva que pode ser diferente daquela que é oficial ou
dominante.
Exemplo: "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, apresenta uma visão detalhada e cruenta da seca
no Nordeste brasileiro, mostrando o impacto da fome e da miséria na vida dos sertanejos. A obra,
além de refletir a realidade social da época, também denuncia as desigualdades e injustiças
enfrentadas pelos mais pobres.
A Intervenção na Vida Social
A literatura tem o poder de intervir na vida social. Ao criar uma representação do mundo, ela pode
influenciar a maneira como as pessoas pensam e agem, questionando normas estabelecidas,
propondo novas ideias e provocando reflexões sobre questões sociais e políticas.
A literatura também pode mobilizar os leitores para a ação, seja em movimentos sociais, seja na
conscientização sobre problemas como a desigualdade social, o racismo, a opressão ou a
violência. Muitas vezes, a literatura é usada como uma ferramenta de resistência, como forma de
questionar sistemas de poder ou de promover a mudança.
Exemplo: A obra "O Primo Basílio", de José de Alencar, expõe as tensões sociais e as
desigualdades nas relações de classe, abordando temas como a infidelidade, o status social e a
hipocrisia das convenções da sociedade urbana do século XIX. Esse tipo de obra pode influenciar
os leitores a questionar as normas e valores da sociedade em que vivem.
A literatura também pode construir pontes entre diferentes culturas e favorecer a compreensão
mútua, promovendo um diálogo intercultural e permitindo que diferentes perspectivas sejam
compartilhadas e compreendidas.
Exemplo de Questão de Vestibular (ENEM)
Leia o trecho abaixo:
"O escritor é um ser que está sempre a serviço da história, do momento, da sociedade. Mas é
também um indivíduo que se posiciona diante dela, que não se limita a ser um mero reflexo, mas
um criador de novas possibilidades."
Pergunta: O trecho acima expressa a relação entre literatura e:
A) O papel do escritor como observador passivo da sociedade.
B) A literatura como uma expressão subjetiva do autor e sua capacidade de intervir na realidade.
C) O papel da literatura na criação de uma realidade objetiva e impessoal.
D) A literatura como um reflexo fiel da história e da cultura de uma sociedade.
Resposta: A alternativa correta é B), pois o trecho destaca a literatura como uma expressão
subjetiva do autor que também tem o poder de intervir e transformar a realidade.
7. Noções de Versificação: Metro, Rima e Ritmo
A versificação é o conjunto de técnicas que organizam o verso, sendo uma característica
essencial da poesia. Ela envolve o uso de métrica, rima e ritmo para criar uma musicalidade
própria no poema, além de dar estrutura e harmonia ao texto. Vamos entender melhor o que são
esses três elementos fundamentais.
1. Metro
O metro é a medida do verso, ou seja, a quantidade de sílabas poéticas que ele possui. Cada
verso pode ser composto por diferentes quantidades de sílabas, e isso cria um ritmo específico
para o poema. Em português, as sílabas poéticas não correspondem exatamente às sílabas
gramaticais; isso significa que, ao contar o número de sílabas de um verso, devemos levar em
consideração a poética da linguagem, ou seja, a forma como as palavras se agrupam no contexto
do poema.
Os versos podem ser classificados de acordo com o número de sílabas poéticas que possuem. As
classificações mais comuns são:
Verso monossílabo: 1 sílaba poética.
Verso dissílabo: 2 sílabas poéticas.
Verso trissílabo: 3 sílabas poéticas.
Verso tetrassílabo: 4 sílabas poéticas.
Verso pentassílabo: 5 sílabas poéticas.
Verso hexassílabo: 6 sílabas poéticas.
Verso heptassílabo: 7 sílabas poéticas.
Verso octossílabo: 8 sílabas poéticas.
Verso nonassílabo: 9 sílabas poéticas.
Verso decassílabo: 10 sílabas poéticas (um dos mais comuns na poesia portuguesa e brasileira,
especialmente no soneto).
Verso hendecassílabo: 11 sílabas poéticas.
Verso dodecassílabo: 12 sílabas poéticas.
Exemplo de verso decassílabo:
“Se o sol me visitar, eu vou sorrir” (10 sílabas poéticas)
No caso do soneto, que é uma forma fixa de poesia, ele é geralmente composto por dois
quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos), e os versos
geralmente têm dez sílabas poéticas (decassílabos).
2. Rima
A rima é o som repetido no final de duas ou mais palavras, e ela cria uma harmonia sonora entre
os versos. Existem diferentes tipos de rima, que podem ser classificadas de acordo com o lugar
em que ocorrem no poema e a semelhança sonora entre as palavras.
Rima pobre: Quando as palavras que rimam têm uma semelhança sonora simples, sem muita
complexidade. Normalmente, são rimas de monossílabos ou dissílabos.
Exemplo: casa / praça.
Rima rica: Quando as palavras que rimam têm uma sonoridade mais complexa e elaborada, com
mais sílabas ou com sons mais sofisticados.
Exemplo: amor / clamor.
A rima também pode ser classificada de acordo com sua disposição dentro do poema, ou seja, o
padrão que ela segue. Os principais tipos de disposição da rima são:
Rima emparelhada (ou encadeada): quando o primeiro verso rima com o segundo, o terceiro com
o quarto, e assim por diante (AABB).
Exemplo:
No campo verdejante, sob o luar (A)
A lua brilha, a brisa a acariciar (A)
E o som das folhas a dançar no ar (B)
Parece um sonho a nos embalar (B).
Rima alternada: quando o primeiro verso rima com o terceiro, o segundo com o quarto, e assim
por diante (ABAB).
Exemplo:
A brisa suave no entardecer (A)
Faz a natureza cantar (B)
E o vento começa a se mover (A)
Anunciando o luar no mar (B).
Rima interpolada: quando o primeiro verso rima com o quarto, o segundo com o quinto, e assim
por diante (ABCB).
Exemplo:
Na floresta escura e sem fim (A)
Ouvi o som de um pássaro a cantar (B)
O vento que dança é um triste harém (C)
A ecoar nas sombras a se espalhar (B).
3. Ritmo
O ritmo é a cadência da fala, o movimento da poesia através da alternância de sons, pausas e
intensidade. O ritmo é criado pelo metro (o número de sílabas poéticas) e pelas rimas, mas
também pode ser influenciado pelo uso de acentuação, aliterações (repetição de sons
consonantais) e assonâncias (repetição de sons vocálicos).
A alternância entre sons fortes e fracos cria um movimento cadenciado, que pode ser mais lento
ou mais rápido, dependendo do efeito desejado pelo autor. O ritmo ajuda a dar musicalidade ao
poema e a envolver emocionalmente o leitor.
Exemplo de ritmo regular e cadenciado:
“Vou-me embora, triste e solitário (A)
A saudade aperta o peito, bem fundo (B)
Mas o tempo se arrasta, e é solitário (A)
No caminho, a dor é o meu mundo.” (B)
O ritmo é uma característica essencial para criar a sensação de musicalidade na poesia, fazendo
com que o leitor sinta a intensidade emocional que o autor deseja transmitir.
Exemplo de Questão de Vestibular (FUVEST)
Leia o verso abaixo:
"Noite escura, silêncio profundo, (A)
Na rua vazia, a alma a vagar. (B)
O vento sopra, leva o meu mundo, (A)
E os olhos da lua começam a brilhar." (B)
Pergunta: O poema acima apresenta uma rima:
A) Emparelhada
B) Alternada
C) Interpolada
D) Livre
Resposta: A alternativa correta é A), pois o poema segue a disposição AABB, com a rima do
primeiro verso correspondendo ao segundo, e a do terceiro ao quarto.