0% acharam este documento útil (0 voto)
31 visualizações6 páginas

Sabia Que1 Plantas Aromaticas Medicinais

A Península Ibérica é um importante centro de diversidade de plantas aromáticas e medicinais (PAM), com cerca de 500 espécies identificadas. A colheita sustentável dessas plantas é crucial para preservar os ecossistemas e evitar a extinção de espécies, sendo necessário seguir boas práticas e obter autorizações para a coleta. A produção comercial de PAM tem crescido em Portugal, com ênfase na produção biológica e na adaptação ao cultivo em pequenos espaços.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
31 visualizações6 páginas

Sabia Que1 Plantas Aromaticas Medicinais

A Península Ibérica é um importante centro de diversidade de plantas aromáticas e medicinais (PAM), com cerca de 500 espécies identificadas. A colheita sustentável dessas plantas é crucial para preservar os ecossistemas e evitar a extinção de espécies, sendo necessário seguir boas práticas e obter autorizações para a coleta. A produção comercial de PAM tem crescido em Portugal, com ênfase na produção biológica e na adaptação ao cultivo em pequenos espaços.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 6

Unidade Estratégica Investigação e Serviços de

Sistemas Agrários e Florestais e


Sanidade Vegetal

SAFSV-SQ 1/2016

julho/2016

PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS (PAM)

A Península Ibérica é um dos maiores


centros de diversidade de plantas
aromáticas e medicinais (PAM) do Mundo,
devido à influência continental, medi-
terrânica e atlântica. Das 3800 espécies
identificadas na flora do Continente, Açores
e Madeira, cerca de 500 são aromáticas e
medicinais (Figueiredo et al., 2007).
Desde sempre o Homem utilizou as plantas
que encontrava, primeiro como alimento,
complementando a caça e a pesca e, depois,
porque foi conhecendo melhor as suas
características e propriedades, passou a
usá-las também para fins curativos e
aromáticos.

Na Idade Média, todos os conventos tinham um horto em que as plantas medicinais estavam localizadas junto à
enfermaria e as aromáticas junto à cozinha. Os jardins eram também um local de contemplação e de lazer
(Mesquita, 2004). A utilização de PAM teve o seu apogeu no século XVII, quando começaram a integrar as plantas
dos jardins e a riqueza destes era avaliada pelo número de espécies de PAM que tinham (Ferreira e Saraiva, 2006).

As PAM são um recurso natural com


elevado valor, cuja procura tem vindo a
aumentar, pelo que é muito importante
conhecê-las, valorizá-las e utilizá-las de
uma forma sustentada.
Sendo a Península Ibérica, como já
referido, um dos maiores centros de
PAM, é possível recolher no seu habitat
natural as plantas com grande facilidade,
desde que bem identificadas. Uma
mesma planta pode ser designada por
nomes diferentes e o mesmo nome pode
corresponder a mais do que uma planta,
consoante a região do país em que se
encontram. Pode também confundir-se
uma planta tóxica ou venenosa para o
Homem, com outras inofensivas (Saraiva et al., 2010). Há que ter também atenção pois uma colheita
indiscriminada pode conduzir à degradação dos ecossistemas, à delapidação de habitats e ainda à extinção de
algumas espécies que se encontram em reduzidas quantidades.

1
PLANTAS AROMÁTICAS SABIA QUE…
E MEDICINAIS (PAM)

Os coletores de plantas espontâneas deverão


conhecer as características botânicas das Rosmaninho
espécies que pretendem colher e os respetivos
nomes científicos. Em caso de dúvida, consultar
Floras, Farmacopeias e livros de referência, ou
solicitar ajuda nos Serviços Regionais de
Agricultura, Universidades, Institutos Politéc-
nicos e Herbários. Registar os locais de colheita,
de preferência com coordenadas GPS, para se
poder voltar ao local em caso de dúvida ou
necessidade.
Aquando da colheita, a sustentabilidade ambi-
ental deve ser salvaguardada pelos coletores,
de forma a garantir a continuidade das espé- Lavandula luisieri (Rozeira) Rivas-Martínez
cies, pelo que deverão ser seguidas Boas
Práticas que limitem a colheita indiscriminada
dos recursos naturais. Deve ter-se ainda em
atenção a propriedade dos locais onde se
pretende colher e pedir autorização prévia ao Tomilho
proprietário (no caso de propriedades pri-
vadas), à entidade gestora (no caso de proprie-
dades públicas, como baldios, matas nacionais,
etc.) ou ao Instituto de Conservação da
Natureza e das Florestas (no caso de áreas
protegidas) (Ferreira e Costa, 2015).
A organização Fair Wild definiu um ‘código de
ética para a colheita sustentável de plantas
aromáticas e medicinais’ que foi adaptado em
Portugal por organizações ambientais
(https://habitatsconservation.files.wordpress.c
om/2011/11/cocc81digo-de-ecc81tica-na-
colheita-de-plantas-aromacc81ticas2.pdf), do Thymus camphoratus Hoffmanns. & Link
qual se destacam alguns procedimentos que
visam a sustentabilidade destes recursos
naturais:

 Deixar as plantas, de onde se colheram partes, com  Não colher demasiado material que implique um
possibilidade de sobreviverem e de se reproduzirem; decréscimo significativo da população, devendo
respeitar-se as seguintes percentagens máximas
 Não colher espécies: raras na região; protegidas por
de colheita, para garantia da regeneração das
lei; que não se reproduzam facilmente; de cresci-
plantas: raízes/bolbos (20% da população);
mento lento; doentes ou danificadas;
folhas (30%); flores (70% de cada planta);
 Colher só plantas adultas ou parte delas, unicamente sementes/frutos (70% a 80%);
nos períodos definidos para a espécie, quando há
garantia de qualidade;
 Não danificar espécies vizinhas da área de
colheita;
 Colher só o material estritamente necessário;
 Colher apenas em áreas não poluídas.
 Não repetir o local de colheita em cada época/ano;
2
PLANTAS AROMÁTICAS SABIA QUE…
E MEDICINAIS (PAM)

Alfazema
Uma solução para evitar a colheita
indiscriminada será trazer as plantas para
cultura, ou seja, domesticá-las, cultivá-las.
No entanto, há casos em que o cultivo de
determinadas plantas não é lucrativo pois:
há espécies de difícil domesticação; a
qualidade de algumas plantas espon-
tâneas é considerada superior à das culti-
vadas; não há custos de produção e os de
colheita são relativamente baixos; há
plantas que são utilizadas em peque-
níssimas quantidades, pelo que a sua
produção não se justifica (Valagão, 2010).
Lavandula angustifolia Miller

Perante estas duas hipóteses de colheita das


espécies espontâneas e da domesticação das Manjericão
mesmas através do seu cultivo, há que
ponderar muito bem as situações e optar por
um equilíbrio, tendo em conta a sustentabi-
lidade do sistema.

Para produzir matéria-prima de qualidade, será Ocimum basilicum L.


indispensável optar por um modo de produção
‘amigo’ do ambiente e do consumidor, tais Manjericão-roxo
como por exemplo a Produção Integrada e a
Produção Biológica. Seja qual for a opção,
devem ser seguidas as ‘Boas Práticas de
Produção e de Colheita’, que contemplam um
conjunto de procedimentos a seguir para uma
produção sustentável do ponto de vista Ocimum basilicum L. var. purpurascens Benth.
técnico, social e económico, de modo a obter
uma produção de qualidade e com o menor
impacto ambiental. Só deste modo será possível garantir a qualidade e a segurança alimentar dos produtos
finais. A produção comercial de PAM tem aumentado nos últimos anos em Portugal, sendo o modo de
produção biológico o mais difundido.

A maioria das plantas aromáticas é de fácil cultivo e a sua adaptabilidade a uma pequena horta (Passarinho e
Ferreira, 2010), jardim, ou até mesmo em floreiras e vasos na varanda, ou no parapeito da janela da cozinha,
propiciam a criação de um pequeno ‘jardim’ com os temperos favoritos sempre à mão. Além desta vantagem
utilitária, importa relembrar que a proximidade e convívio com este pequeno núcleo da natureza, de formas,
cores e aromas variados e ainda singularidades sazonais específicas, pode representar uma atividade de lazer
fácil e harmoniosa na qual os aspetos contemplativos e olfativos proporcionados pelas plantas aromáticas
desempenham um papel muito significativo, assim como pela versatilidade da sua utilização em arranjos
florais de plantas frescas ou secas.

3
PLANTAS AROMÁTICAS SABIA QUE…
E MEDICINAIS (PAM)

Compilação de dados culturais de dez espécies de PAM (Ferreira, 2014), que podem ajudar a tomar a decisão
sobre qual das plantas produzir.
Alecrim Coentro

Rosmarinus officinalis L. Coriandrum sativum L.


Tipo de solo: Todos, preferindo os calcários bem Tipo de solo: Todos, preferindo os calcários bem
drenados, com boa exposição solar drenados
Multiplicação: Estaca enraizada ou semente Multiplicação: Semente
Necessidade de água: Baixa Necessidade de água: Regar em tempo seco
Colheita: Durante todo o ano Colheita: 40 a 60 dias após sementeira
Funcho Hortelã-comum

Fonelicum vulgare Mill. Mentha spicata L.


Tipo de solo: Todos – pH > 7 Tipo de solo: Ligeiros, areno-argilosos, francos ou de
aluvião, húmidos e bem drenados, com boa exposição
Multiplicação: Semente solar – pH 5,5-7,5
Necessidade de água: Regar em tempo seco Multiplicação: Estaca caulinar ou divisão de pés
Colheita: Folhas e caules de maio a julho Necessidade de água: Regar durante todo o ciclo
Colheita: Até ao início da floração
Hortelã-da-ribeira Manjericão

Mentha cervina L. Ocimum basilicum L.


Tipo de solo: Ligeiros, areno-argilosos, francos ou de Tipo de solo: Ligeiros, ricos em matéria orgânica,
aluvião, não muito secos – pH 5,5-7,5 húmidos e bem drenados – pH ≈ 7
Multiplicação: Estaca caulinar ou divisão de pés Multiplicação: Semente
Necessidade de água: Regar para manter o solo sempre
Necessidade de água: Quando o solo estiver muito seco húmido
Colheita: Até ao início da floração Colheita: De maio a setembro
4
PLANTAS AROMÁTICAS SABIA QUE…
E MEDICINAIS (PAM)

Orégão Poejo

Origanum vulgare L. Mentha pulegium L.


Tipo de solo: Pouco exigente, vegeta bem em solos Tipo de solo: Ligeiros, areno- argilosos, francos ou de
pobres, mas bem drenados e com boa exposição solar aluvião – pH 5,5-7,5
Multiplicação: Semente, estaca caulinar ou divisão de pés Multiplicação: Estaca caulinar, estolho ou semente
Necessidade de água: Regar moderadamente Necessidade de água: Regar durante todo o ciclo
Colheita: Início da floração Colheita: Folhas - início da floração
Sumidades floridas - flores abertas há 15 dias

Rosmaninho Tomilho-limão

Lavandula stoechas L., L. luisieri (Rozeira) Rivas-Martínez Thymus x citriodorus (Pers.) Schreb.
Tipo de solo: Ácidos, arenosos e bem drenados Tipo de solo: Textura média a grosseira, bem drenados e
Multiplicação: Semente, estaca caulinar ou divisão de pés com boa exposição solar – pH ≈ 7
Necessidade de água: Regar moderadamente, para Multiplicação: Divisão de pés ou estaca
manter o solo ligeiramente húmido Necessidade de água: Baixa
Colheita: Folhas - antes da floração Colheita: Folhas - antes da floração
Flores - desde o fim da primavera e durante o verão Sumidades floridas - início da floração

Na escolha da espécie a produzir, além das condições edafoclimáticas e da disponibilidade de água, o valor
económico das mesmas deve ser equacionado em função do destino da produção, nomeadamente para consumo
em fresco, para secagem ou para extração de óleos essenciais (Ferreira et al., 2012).
Escolhida a cultura e o local de produção, é importante avaliar o estado nutricional do terreno, bastando para tal
efetuar análises de terra antes da implantação da cultura para, se necessário, proceder às fertilizações de
implantação e de manutenção. Um plano de fertilização equilibrado induz o aumento da produção de plantas de
qualidade (Veloso, 2015).
Embora as PAM sejam plantas rústicas quando no seu estado espontâneo, em cultura podem ser infestadas ou
infetadas por pragas e doenças.

5
PLANTAS AROMÁTICAS SABIA QUE…
E MEDICINAIS (PAM)

Bibliografia:
Lúcia-lima
Ferreira, A., Coelho, I.S., Saraiva, I., Dargent, L., Serrano, M.C., Ferreira, M.E.,
Duarte, F., Valente, S., Candeias, D., Franco, P. (2012). Plantas Aromáticas e
Medicinais. Produção e Valor Económico. Edição CEVRM, 64 pp.
Ferreira, M.E. (2014). As plantas aromáticas e medicinais (PAM) na Dieta
mediterrânica: porquê, quando e como?. Em: Romano, A. (Ed.), A Dieta
Mediterrânica em Portugal: cultura, alimentação e saúde. Universidade do
Algarve: pp 203-214.
Ferreira, M.E., Costa, M. (2015). Colheita de PAM. Guia para a Produção de
Plantas Aromáticas e Medicinais em Portugal. 4 pp. (http://epam.pt/guia/).
Ferreira, M.E., Saraiva, I. (2006). Plantas da flora local com valor alimentar e
aromático. Em: Valagão, M.M. (org.), Tradição e Inovação Alimentar. Dos
recursos silvestres aos itinerários turísticos, pp. 21-43. Ed. Colibri e INIAP,
Lisboa.
Figueiredo, A.C., Barroso, J.G., Pedro, L.G. (2007). Plantas aromáticas e
medicinais. Fatores que afetam a produção. Em: Figueiredo, A.C., Barroso,
J.G., Pedro, L.G. (eds.), Potencialidades e aplicações das plantas aromáticas e
medicinais. Curso Teórico-Prático, pp. 1-18, 3.ª edição, Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa - Centro de Biotecnologia Vegetal, Aloysia triphylla (L’Hér.) Britt.
Lisboa.
Mesquita, S. (2004). Breve história dos Hortos de aromáticas e medicinais em Portugal, Apenas Livros Lda., Lisboa.
Passarinho, J.A., Ferreira, M.E. (2010). Um horto de plantas alimentares e ervas aromáticas condimentares. Em: Valagão, M.M. (org.),
Natureza, gastronomia & lazer. Plantas silvestres alimentares e ervas aromáticas condimentares, pp. 103-127. Ed. Colibri, Lisboa.
Saraiva, I., Ferreira, M.E., Passarinho, J.A., Valagão, M.M., Silva, J.G. (2010). Conhecer melhor as nossas plantas. Em: Valagão, M.M.
(org.), Natureza, gastronomia & lazer. Plantas silvestres alimentares e ervas aromáticas condimentares, pp. 129-225. Ed. Colibri, Lisboa.
Valagão, M.M. (2010). Prática e inovação das tradições gastronómicas. Em: Valagão, M.M. (org.), Natureza, gastronomia & lazer.
Plantas silvestres alimentares e ervas aromáticas condimentares, pp. 227-297. Ed. Colibri, Lisboa.
Veloso, A. (2015). Algumas notas sobre nutrição e fertilização de culturas aromáticas, medicinais e condimentares. Vida Rural, 1812:38-
40.

SABIA QUE…
• Os Herbários do INIAV, I.P. prestam • A identificação dos principais constituintes
consultas de identificação de plantas. dos óleos essenciais
de plantas secas, também pode ser
• A colheita de amostras de terra, de água efetuada no INIAV;
de rega e de plantas para análise nos
laboratórios do INIAV, I.P. devem seguir • Todos os assuntos relacionados com
normas (http://www.iniav.pt/menu-de- consultas e/ou análises devem ser dirigidos
topo/servicos-produtos/analises- a:
laboratoriais/normas-de-colheita-de-amostras).
Serviço de Apoio ao Cliente do INIAV, I.P.
• As análises de terra efetuadas no INIAV,
I.P. são acompanhadas de uma [email protected]
recomendação de fertilização. Tel.: (+351) 21 440 35 00
• No Laboratório de Sanidade Vegetal do
INIAV, I.P. faz-se a identificação de pragas
e doenças com base em amostras vegetais
(http://www.iniav.pt/menu-de-topo/servicos-
produtos/analises-laboratoriais/requisicoes-de-
analises/sanidade-vegetal).

Autor:
Créditos fotográficos:
Francisco Barreto; Isabel de Maria Mourão; Margarida Costa; Maria Elvira Ferreira Maria Elvira Ferreira
6

Você também pode gostar