Francisco Paulo
De Crescenzo Marino
ne Editora
SaraivaOB Sie
oa Hesiqe Shomer, 270, ein Cat — Si ods — SP
47 05413909
AB: (11) 3613300
au 0800055 7688
Do 2 0 6, ds 630s 1930
soriveutGedisnciaconbt
ese: esi ont
FILiAls
ee
ces beet, $6— ext
mn 6394207 ~ fax (92 36334762 ~ Horas
FE
WB
ioe 1 85
so
PAULO)
war ss)
fon | eT TO -Bos
res, 610~ ooo
rics
5 3706133 - Ft
ss EON) —Seu be
me a a / |
fo fy
ga eat
caae
wis a a el
ea st )- HEO-B
foe ine
p pao a
vo en cos
ee i 5) 301451 fede
tee Mt
oe 2 ea (iy S87
Hie
sate Ti30119~ Wott
io fe eo BIT STS
re ante
fost
eg sul sean
ah wr 0 / TM / 187
tai
ra yet 197 Bonin
wees i
ioe
(SBN 978-85-02-07538-2
Dados Intemnacionas de Catlogacco na Publicayéo (CIP)
(Cémore Brasileira do Lino, SP, Basi)
Horino, Francisco Paulo De Crescenzo
Contrtos coigados no diteito brsilero / Francisco
Poulo De Crescenzo Marino. ~ Séo Paulo : Serva, 2009.
Eibogata,
1. Contatos coigados 2. Contratos coligados « Brasil
| Titulo.
08-08352 COU-347.44(81)
Indice para cotélogo sistemtico:
1. Bios: Contos coligados : Ove ci
34744181)
Diretor editorial Antonio Luz de Toledo Pato
Diretor de produgio editorial Luiz Roberto Cri
‘Editora Monvell Sonos
Assistentesedilorois Rosana Simone Sika
oisso Cosmres
roduc edi lig hes
isso Bosc Maria Cowra
Esto Vis Aseved Viera
Preparagéo de oi ‘Avia Lia de Olvera Godoy
phe! Yossi Nunes Rodrigues
‘tee chgramaéo Cisne hpi Agudo de Fetes
‘Séinio de Povo Limo
Cloudirene de Mowra Santos Sika
Revsio de proves Ris de isi Ovior Garg
cade Css Gongoes:
Setsuko Araki
‘Serviges editoriis ala Maro de Amneido Costa
ol Ceting Norges
‘Ana Poula Mazzoco
(apo Ardea Viele
Imagem Brick House Picwes/conica/Getts Images
Data de fechamento da edicao: 1°-9-20
Divides?
Acesse www saravajurcom br
Heshuna pe esta pbicero pode se neuro po quot mea
oa fina sem bi watzeio Fé Seca
‘A viologéo dos diteitos autores ¢ crime estebelecido no lei n. 9.610/98
patil pl eign 184d (go PenaIll
CONTRATOS COLIGADOS: CONCEITO,
ESPECIES E LIMITES
12. CONCEITO DE CONTRATOS COLIGADOS
Contratos cligados podem ser conceituados conto contates que, por fara de
dlspsicio eal da natures acessva de um dls ou do contd contatal expres oy im.
licito), encontramese em relagio de dependéncia unilateral ou reciproca.
Da nogio apresentada podem-se deduzir os dois “elementos essenciais”
colgngo contatuajuridcamente relevant: pluie de conto, ndo egy,
sariamente celebrados entre as mesmas partes i) vinculo de dependéncia Unilateral
ou reciproca.
da
A existéncia de dois ou mais contratos distingue a coligacio contratya] de
algumas figuras de contrato tinico que podem com ela a confundir (Contratos
Complexos, mistos e plurilaterais), contribuindo para delimiti-la de modg oo
quado”®. Ja o vinculo contratual possui aptidio para Produzir diverso,
Juridicos, o que diferencia a coligagio em relagio a pluralidade de cone
dependentes,
S efeitos
Tratos ine
O conceito proposto apresenta de modo intencionalmente abertg °8 efeitos
Cias Do.
veis torna inviével qualquer tentativa de reduzi-las a formula rigida.A locucig “telacig
. ” i Ite, ipd
de dependéncia unilateral ou reciproca” designa, respectivamente, as hipoteses &M Que
um 0u todos os contratos sofrem os efeitos da coligagio.
juridicos préprios da coligagio contratual, pois a disparidade de Conseqiién,
° A delimitagao dessas figuras por vezes nao é realizada de modo claro mee Prin, com
se vé da ementa do seguinte acérdao, que equipara eee a na in oe e Contrary,
coligados: “O contrato que envolve num tinico instrumento, ae i es a tO, cone, io arg
exploracio de negécio comercial e fornecimento de poe fe ® Peele compe
e venda mercantil), enquadra-se como misto ou coligado, de forms os interes ore
procamente dependentes entre si para obviara atividade empresa vee “explora Bo deus
Posto de Combustiveis” (Apelagao Civel n. 70001639996, 16* Cama OTIRS, rel. De
Claudir Fidelis Faccenda, j. 04/04/2001), .© vinculo existente entre os contratos coligados pode ser instaurado por forca
de disposigio legal, da natureza acessria de um dos contratos ou, 0 que & mais fre~
giiente, por meio de cliusula contratual expressa ou implicita.
No primeiro caso, tem-se coligagio ex lege. No segundo, é licito falar em coli-
gacio natural. No terceiro, trata-se da coligagio “voluntaria”, que pode ser expressa
ou implicita. Estas espécies de coligacio serio adiante analisadas.
Anote-se, desde ja, que a coligagio natural, advinda da natureza acessoria de um
dos contratos componentes do conjunto contratual, também pode ser considerada
“voluntiria”, uma vez que a celebragio de contrato naturalmente acessério implica a
vontade de coligi-lo a0 principal. Por essa razio, a nogio de coligagio “voluntiria”.
no sentido adotado, deve ser construida a contrario sensu. Haver coligagio “voluntaria”
sempre que a relagio de dependéncia nio tiver origem na lei nem na natureza aces-
séria de um dos contratos. Feita esta adverténcia, parece possivel separar os aludidos
tipos de coligagio.
Importa notar, contudo, que as mesmas “fontes” de coliga a
io podem atu:
fim de desvincular negécios juridicos os quais, prima facie, poderiam ser cor
juridicamente coligados.
iderados
Primeiramente, ha hipéteses nas quais a propria lei extipula a separagio negoci
Assim, em geral, nos casos de abstragiio"”, como se
verifica em algumas normas que
desvinculam os titulos de crédito do negécio subjacente (ng, arts. 888, 906,915 ¢ 916
do Cédigo Civil). Também seri possivel analisar, sob © mesmo enfoque, a indepen-
déncia do contrato de mediagio em relagio aos contratos que © corretor se
compro-
mete a obter (art. 725 do Cédigo Civil).
Seria cabivel ver a mesma “desvinculacio legal” na simulagdo relativa, hipétese
nna qual 0 contrato dissimulado é considerado vilido (quando nio for. por si, nulo), 20
asso que 0 contrato simulado € declarado nulo (art. 167 do Cadigo Civil)
A questo, nesse ponto, é mais complexa, Ha, em te
duas qualificagdes pos
siveis para a simulagdo: negécio juridico unico ou coligagio negocial. A resposta
passa, em primeiro lugar, pela delicada questio da natureza juridica do acordo simu-
latério ou pactum simulationis, sobre a qual nio ha consenso doutrinirio.
Com efeito, para alguns autores 0 acordo simulatério nao consiste em um
verdadeiro e proprio negécio juridico, hipétese em que faltaria, ao menos na simula
Gio absoluta, um dos pressupostos da coliga¢io, isto &,a pluralidade de negécios. Na
opiniio de Messina, 0 acordo simulatério “no entra no quadro dos atos juridicos”,
*” Lembre-se, contudo, que o direito brasileiro nao comporta negécios absolutamente abstra-
tos (ANTONIO JUNQUEIKA DE AZEVEDO, Negécio juridico: existéncia, validade e eficéci
139. 141).
100sendo “considerado pelo direito simplesmente como um Fito", Desenvolvendo 0
Ponto, ALBERTO AURICCHIO 1
tica a teoria que vé no pactum simulationis um autén—
tico negécio juridico. Para o autor, trata-se de “simples preliminar de fato do negécio
mulado, privado de uma autonomia de
como negécio juridico auténomo’
0s propria, que o possa fazer qualificar
A doutrina majoritaria. contudo, admite a natureza negocial do acordo simu~
latério™, argumentando que 0 referido acordo, destinando-se a neutralizar, a modi~
ficar ou a integrar uma vontade negocial. nio pode possuir diversa natureza', Na
doutrina nacional, Customte pa Piepape U, MIkaNpa entende que 0 acordo simula
trio nio & negécio juridico auténomo, porém posstii natureza negocial. Tratar-se-
de um pacto™.
Partindo-se da premissa da natureza negocial do pactum simulationis, cabe inda~
gar se é possivel vislumbrar, na simulagio relativa ¢ na absoluta, uma verdadeira coli~
Sa¢io negocial. A doutrina mais recente deixa subentendida a possibilidade de quali-
ficar a simulacio, em especial a relativa, como coligagio contratual, mas nio enfrenta
4 questio, Nesse sentido, Romo afirma que 0 acordo simulatério ¢ 0 contrato simu-
ado sio “componentes, entre si estreitamente relacionados, de uma dinica operacio
contractual”, preferindo, contudo, qualifici-los como “elementos contratuais"**,
Mais detalhada ¢ convincente é a construgio de MESsINEO. Para ele,a simulacio
relativa corresponde a uma fattispecic on procedimento complexo, caracterizado pela
sucessio Iigica de wes ato’
cordo simulatério, contrato simulado e contrato dissimu~
lado. O acordo simulatério possui fungio preparatéria do procedimento, consistindo
€m um verdadeiro “programa de fatura simulagio". Por meio dele, as partes acordam,
sobre 0 contrato que efetivamente desejam realizar, bem como sobre © contrato que
© encobriri, Segue-se © contrato sinnulado (contrato aparente, cujos efeitos nio sio
queridos ~ 20 menos nio integralmente ~ pels partes) ¢.finalmente,o contrato dig.
simulado (contrato oculto, porém efetivamente desejado), © qual incide 5,
obre 9
contrato simulado, substituindo, modificando ou integrando © seu contetido, »
NO todo
°* Simulazione assoluta, in Scritti giuridici, volume V, Milano: Giuffre, 1948, p.92,
* Auniccito, A sinsulagdo no negécio juridico, Coimbra: Coimbra Editora, 1964, p, 6g
Messineo, II contratto in genere, cit., tomo 2, p. 4543 BIANCA, II contratto, cit, yo),
699 € 700; Rovro, Il contratto, cit., p. 696, Para CARIOTA-FERRARA, © acordo 5}
“negozio di accertamento” (I! negozio giuridico nel diritto privato italiano, cit
«® Messinto, Il contratto in genere, cit., tomo 2, p. 454.
“* A simulagao no direito civil brasileiro, Sao Paulo: Saraiva, 1980, p. 52 a 57,
© Il contratto, cit. p. 695 € 702. Também Bianca sustenta qUe COntTatO simuladg ¢
wulado sio “dois aspectos da mesma operagio negocial” (I! contratto, cig, oc OMtta
volume"™ulacio total ou parcial). Somente mediante esse complexo procedi-
ej, Tanto Simulagig atinge o fim pretendido pelas partes.
lara, CORtrape sae simulado quanto © contrato dissinmulado sio, portanto, verda~
Naty ee os go.’ “OMOalliés, deduz-se do art. 167 do Cédigo Civil, que distingue
uy ~'S Negécios juridicos. Ja 0 acordo simulatério, como se viu, possui
al, ec Porém propende-se por consideri-lo um pacto ou um elemento
Degg, - PrOPriamente um contrato.
° sa _ ;
ee vinculo enere
i
um del, Mulad,
es © €o contrato dissimulado. Somente esse vinculo faz com que cada
do, U2a Os efeitos proprios ¢, assim, permite que as partes atinjam o fim
"“"38-Se, pois, para MESSINEO, de auténtica coligngio contractual,
incertae ‘lative, portanto, haveria uma espécie de “desvinculagio legal”,
We a Sorte ¢, © que nas hipéteses de abstragio: no obstante a coligagio, a lei prevé
© ambos os contratos seja relativamente independente””. Com isso, evi-
2S to sat MO se afasta a existéncia de coligagio “voluntiria” entre os contratos,
es -
Scios jurgr ent’ % aplica, dependendo do cas0, 0 principio da conservacio dos ne-
licos,
“est Ora, a situagio ¢ bastante diversa na simulacio absoluta. Possui
i. utura simples
ren, oPatente ou il
#8 do acordo sin
ela, ao contririo,
© que hi é um s6 negécio, o qual, por forca do acordo simulate
lusério, isto é, destina-se a nio produzir efeitos. A prépria natu-
ca nulatério, por um lado, e a auséncia de conteiido negocial eficar do
m1 i
ato absolutamente simulado, por outro Indo, parecem eliminar,
absoluta, tanto a Possibilidade quanto a utilidade de qualifici-la como c
acordg simulatério
na simulagio
‘oligagio entre
€ contrato simulado™’,
BH contratto in genere,cit, tomo 2, p-446.a473.
*“Nao 6 concebivel que—admitide, por um sé momento, a unidade [entre contrato simulado
£ Contrato dissimulado) — as partes possam, em um mesmo (e unico) contrato, querer e, 20
Mesmo tempo, no querer; nem obsta, a isso, a circunstancia de que, no contrato simulado eno
dissimulado, o material negocal & parcialmente idéntico, ss0 nao impede que x venvacene
Partes opere diversamente nos dois casos: em um, para exclu os efeitos do contrater no cane,
Para promové-los” (Messinto, I! contratto in genere, it, tomo 2, p. 480). :
“6 11 contratto in genere, cit.,tomo 1, p-729; € tomo 2, p. 454, 470, 475, 479 e 482. Em determi=
nada passagermne aa reece teen que 0 acordo simulatério também seria qualificado
como negécio coli ado ao contrato dissimulado (ob. cit., p. 478).
“ Em sentido semelhante, Messineo, II contratto in genere, cit., tomo 2, p. 481.
10 2, p. 464 a 468,
Messineo, Il contratto in genere, cit., tom ‘ . |
“ Messineo afirma que o problema da estrutura duplice ou una “manifestamente nao pode
a ito in genere, cit., tomo 2, p. 479),
Pér-se” na simulagao absoluta (I! contratto
102Em segundo lugar,
natureza contratual permite implicar, também, uma des-
vinculagio em relagio a contratos que, em tese, poderiam ser tidos como juridica-
mente coligados. Bom exemplo & 0 contrato de garantia auténoma, cuja principal
caracteristica é justamente a desvinculagio ~ ainda que se discuta o aleance desta — em
Telagio a0 contrato-base"™. GaLGANO observa que, nese caso, 3 “coligagio econémi-
ca” nio corresponde uma coligagio juridicamente relevante™",
Por fim, as préprias partes podem estipular a separagio entre contratos econo~
micamente coligados, por meio de cliusula expressa nesse sentido. A cliusula contra
tual estatuindo a separagio entre os contratos 1
10 possui, entretanto, valor absoluto,
devendo ser confirmada pela interpretagio dos contratos"®.
No Ambito dos contratos de consumo ou de adesio, a cliusula de separagio
poderi ser considerada abusiva e, como tal, nula, pois se traduziria na reniincia ante.
cipada a um “efeito natural” do negécio (art. 424 do Cédigo Civil e art. 51, incisos |
€ IV do Cédigo do Consumidor). Deve-se analisar, no caso concreto, sea parte pre
Judicada com a dewinculagio entre os contratos obseve alguma vantagem em troeg
de sua previsio™,
A excegio dos casos de cliusula de separagio inserida em contratos de con.
sumo ou de adesio, parece mais adequado consideri-la somente ineficaz, tody a
que for apurada, por meio de interpretagio dos contratoscoligndos.a existencia
conflito entre a referida cliusula e os demais elementos indicadores da existéne;, as
uma coligag3o contratual. Do ponto de vista dogmitico, tratar-se~i de imerpreta,