Aprofundamento de Funçoes
Aprofundamento de Funçoes
Você vai estudar as funções por diferentes perspectivas complementares: entender o conceito
matemático, analisar as propriedades por métodos analíticos e explorar as representações gráficas. O foco
estará na consolidação da noção de função real de uma variável real.
Profa. Loisi Carla Monteiro Pereira
1. Itens iniciais
Propósito
Compreender a relevância do conceito de função para interpretação e resolução de problemas diversos,
inclusive fenômenos naturais, sociais e de outras áreas.
Objetivos
• Reconhecer graficamente o domínio, a imagem e o contradomínio de funções.
Introdução
Para fazermos modelos matemáticos de nossa realidade, associamos quantidades numéricas aos
acontecimentos, fatos e objetos que desejamos estudar ou analisar. É comum obtermos relações expressas
em termos de fórmulas ou expressões matemáticas, porém, muitas vezes, as expressões obtidas nem sempre
dão origem a um número real para todos os possíveis valores da variável independente.
Este conteúdo aborda as funções reais de variável real, em que tanto o domínio quanto o contradomínio são
subconjuntos de R ou até mesmo todo o R. Mostraremos como as funções se comportam em determinados
intervalos da reta real e algumas de suas aplicações.
Ao observar a natureza, percebemos diversos fenômenos que ocorrem de forma repetitiva em intervalos
regulares de tempo, seguindo padrões cíclicos — como as estações do ano e os batimentos cardíacos, por
exemplo. Fenômenos desse tipo são representados por uma classe importante de funções: as periódicas.
Dentro desse grupo, destacam-se as funções trigonométricas, como seno, cosseno e tangente.
Para começar, assista ao vídeo a seguir e veja como é importante aprofundar o entendimento sobre as
funções.
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1. Domínio, imagem e o contradomínio de funções
Função
Definindo funções e seus domínios
As funções são relações matemáticas que seguem algumas regrinhas, e seus domínios precisam de uma
análise detalhada. Vamos aprendê-las neste vídeo. Confira!
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As funções estão presentes em várias áreas da nossa vida, desde o cálculo de custos e lucro até a otimização
de processos contábeis e econômicos. Você já parou para pensar o que define funções? Sabe o que é um
domínio da função e como analisá-lo? Vamos explorar juntos como essas ferramentas matemáticas são
fundamentais na resolução de problemas práticos e no avanço das tecnologias!
Aparecem dois conjuntos na imagem: A e B. Primeiro, observe que cada elemento de A tem um único
correspondente em B, ou seja, para cada elemento do conjunto do domínio, temos um único elemento
correspondente na imagem. Dizemos, então, que a relação entre A e B é uma função.
Já no segundo caso, vemos que entre o conjunto A e B, o elemento b tem dois correspondentes no conjunto
B, o que significa que ele tem dois elementos de imagem, e isso caracteriza que essa relação não é uma
função. Sendo assim, podemos definir a função como sendo uma relação entre dois conjuntos, em que cada
elemento do domínio tem somente um elemento de imagem.
Agora, como definir domínio e imagem? Na verdade, se pegarmos a imagem, que representa uma função,
temos, nos conjuntos A e B, três conjuntos distintos: o conjunto domínio (D), o conjunto contradomínio (CD) e
o conjunto imagem (Im). O conjunto do domínio é de onde saem as setinhas do conjunto A. Por isso o conjunto
A é chamado de domínio. O conjunto contradomínio é o conjunto B, pelo simples fato de ele estar recebendo
as setinhas. Já o conjunto imagem é formado pelos elementos de B que recebem as setinhas.
Na imagem, de fato, todos os elementos do conjunto B recebem a setinha, mas vamos analisar agora o
conjunto a seguir.
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abaixo.
Função de x em y.
Perceba que todos os elementos do conjunto x tem um único elemento de correspondência no conjunto y, o
que caracteriza uma função, porém sobra um elemento de y sem ligação. Isso nos diz que os conjuntos:
domínio, contradomínio e imagem são:
Perceba que existe uma diferença entre o contradomínio e a imagem, sendo a imagem formada pelos
elementos que receberam a ligação dos elementos do conjunto x.
Existem diversos tipos de funções e, em geral, na matemática, elas são representadas com o auxílio de
polinômios, mas existem outros tipos de funções, como a trigonométrica, mas aqui vamos focar as funções
polinomiais. A função é normalmente representada por: f(x), em que f representa a função, e o x dentro do
parêntese representa a variável dessa função, que chamamos de variável independente.
Por que isso?
O x é o elemento do domínio, que vai levar ao contradomínio da função f(x), um valor. Ao fazer isso, a função
f(x) vai processar esse valor e, após processar, vai nos retornar um segundo valor, que é o resultado de f(x).
Esse resultando chamamos de imagem. Sendo assim, podemos dizer que x é a variável independente da
função e f(x) a variável dependente da função. Isso porque seu valor depende do processamento do
contradomínio, que terá valores diferentes para cada valor de entrada de x. Por exemplo, considere a função:
Perceba que x é a nossa variável independente. Por quê? Porque x é o número que vamos escolher para entrar
na função. O cálculo: x + 10 é o contradomínio. Por quê? Porque quando inserirmos o valor de x, vamos
realizar um cálculo, que nada mais é do que o processamento do valor de x, e o resultado encontrado será a
imagem, que nada mais é do que o valor de f(x). Vamos exemplificar!
Vamos atribuir para essa função os mesmos valores do domínio da última imagem, ou seja:
Perceba, então, que x tem que assumir os valores: 1,2,3,4,5,6. Vamos então realizar essa substituição!
x x + 10 f (x)
1 1+10 11
2 2+10 12
3 3+10 13
4 4+10 14
5 5+10 15
6 6+10 16
Mas o domínio sempre será de todos os números reais? A resposta é não! E, para isso, vamos ver dois
exemplos:
1º exemplo
Perceba agora que a função mudou, e ela tem um na parte de baixo da fração. Será que aqui podemos
colocar todos os números reais no lugar do ? A resposta é não! E sabe por quê? Simples, não existe número
nenhum que possa ser dividido por zero, ou seja, não existe: . Pense! Quanto seria a divisão de 8 pedaços
de pizza para zero pessoas? Isso não faz sentido, correto? É o mesmo caso dessa fração . Não faz sentido.
Nesse caso, como não pode ter zero embaixo (no denomiador da fração), o domínio são todos os números
reais, exceto o zero, ou seja:
Lemos esse conjunto domínio da seguinte maneira: x pertence aos reais, exceto o zero. Esse asterístico
significa que o zero não faz parte do conjunto domínio.
Podemos ver que o zero não faz parte do domínio, vendo o gráfico a seguir.
O gráfico aparece no lado positivo do plano cartesiano e também no lado negativo, mas ele salta o zero, ou
seja, não passa por x=0.
2° exemplo
Perceba que, agora, a função envolve uma raiz quadrada, e dentro de uma raiz quadrada não pode haver
número negativo, afinal, não existe raiz quadrada de número negativo. Isso significa que a função pode ter
valores positivos ou zero, pois raiz quadrada de zero é zero. Logo, o domínio é:
Lemos da seguinte forma: x pertence aos reais, tal que x tem que ser maior ou igual a zero.
Vejamos no gráfico!
Viu? O gráfico dessa função começa no zero e se desenvolve para todos os valores de x positivos. Por isso
seu domínio é definido em .
Entendeu agora como analisamos domínio de uma função? Nós olhamos para a função e vemos se tem
alguma restrição, daí explicitamos qual é essa restrição, como fizemos nos dois exemplos anteriores.
3º exemplo
Vamos descrever o domínio da função do terceiro exemplo em vídeo. Não deixe de conferir!
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Imagine uma função como uma máquina que transforma números. Você insere um valor (a entrada,
pertencente ao domínio) e a máquina o processa, produzindo um novo valor (a saída, que faz parte da
imagem). A imagem de uma função é o conjunto de todos os possíveis valores de saída que a função pode
gerar. Em outras palavras, é o conjunto de todos os valores que a função "atinge".
Para entender melhor, vamos explorar o conceito de intervalo de existência da imagem, que descreve os
valores mínimos e máximos que a imagem pode assumir. Uma forma poderosa de determinar a imagem é
através da função inversa. A ideia é simples: se a função original leva o domínio à imagem, a inversa faz o
caminho contrário, levando a imagem de volta ao domínio. Vamos aprender isso por meio de exemplos:
Agora que conhecemos a inversa da função, vamos encontrar o domínio da função inversa. Perceba que não
temos nenhuma restrição em . Podemos usar todos os números positivos, todos os negativos, e
o zero também pode fazer parte. Então, uma vez que não há restrição, podemos definir o domínio de ,
como todos os reais. Logo, nesse caso, a imagem de são todos os números reais, ou seja:
Isso significa dizer que o conjunto de números que pertencem à imagem estão no intervalo de: .
Agora, vamos explorar a função . Seguindo o mesmo processo para encontrar a inversa, vamos
escrever a função na forma de equação:
A inversa é . Aqui, o domínio da inversa é todos os números reais exceto o zero (não podemos
dividir por zero). Consequentemente, a imagem de também são todos os reais, exceto o zero,
representado por .
Perceba que calcular o módulo de -5 é elevar -5 ao quadrado e depois tirar sua raiz quadrada, ou seja:
Perceba, que para realizar a análise, existe uma pegadinha nessa função. Isso porque o domínio dessa função
permite todos os reais, todavia, a imagem não é de todos os reais. Como assim? Perceba que, se entrarmos
com um número negativo no lugar de x, o resultado será positivo, por exemplo:
Então, como na aplicação do número negativo, isso nos remete a um valor positivo, a imagem estará definida
somente para os reais positivos, ou seja:
Perceba que, para valores negativos de , temos valores de positivos, e para valores de positivos,
temos valores de positivos, e o zero também participa da função.
Agora que você já leu o exemplo e a solução, vamos concretizar esse aprendizado neste vídeo. Confira!
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Domínio
Confira a definição do domínio da função neste vídeo.
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Exemplo 1
Dado o gráfico de uma função, uma forma de encontrar o domínio da função é projetar o gráfico no eixo .
Vemos que o domínio da função é o intervalo no eixo das abscissas indicado em vermelho. Seu domínio é o
intervalo fechado:
Exemplo 2
Observe o gráfico da função g:
Gráfico: Função g
Vemos que o domínio da função g é o conjunto no eixo das abscissas indicado em vermelho. Seu domínio é a
união de intervalos disjuntos (intervalos cuja interseção é vazia):
Domínio da função
Assista ao vídeo e veja mais um exemplo de domínio da função.
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Imagem
Exemplo 1
Dado o gráfico de uma função, uma forma de encontrar a imagem da função é projetar o seu gráfico no eixo
.
A imagem da função é o intervalo fechado indicado em vermelho no eixo . Sua imagem é o intervalo
fechado.
Exemplo 2
Observe o gráfico da função g:
Gráfico: A função g
Vemos que a imagem da função é o intervalo indicado em vermelho no eixo . Sua imagem é o intervalo (
.
Exemplo 3
Considere agora o gráfico da função h:
Gráfico: Função h
Se projetarmos o gráfico da função no eixo Oy, vemos que a imagem da função h é o intervalo indicado em
vermelho no eixo Oy, conforme mostrado a seguir.
Exemplo 4
Assista ao vídeo e confira mais um exemplo de imagem da função.
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Exemplo 5
Observe o gráfico da função f e o intervalo [− 2/3; 5/12] destacado em verde no eixo Oy, que é um subconjunto
da imagem de f.
Gráfico: Função f
Se pegarmos a parte do gráfico restrita à região entre as retas y = − 2/3 e y = 5/12 , temos:
Teoria na prática
A startup InovaTech desenvolveu um aplicativo inovador. O lucro da empresa, em milhares de reais, em função
do tempo t (em meses) desde o lançamento do aplicativo, é modelado pela seguinte função:
a) O domínio da função L(t), considerando as restrições do problema. Expresse o domínio como uma união de
intervalos.
O caso InovaTech
Vamos utilizar as análises matemáticas aprendidas, para encontrar neste vídeo, o domínio e a imagem da
função que descreve o lucro em função do tempo. Assista!
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Mão na massa
Questão 1
Dona Bete é uma boleira renomada por seus bolos deliciosos. Para facilitar o cálculo do preço das
encomendas, ela utiliza a seguinte função matemática:
x representa o diâmetro do bolo em centímetros (cm) e o resultado de f(x) corresponde ao preço por fatia do
bolo (em reais).
Para garantir que a função f(x) calcule corretamente o preço por fatia, qual deve ser o domínio da função, ou
seja, quais valores de x (diâmetro do bolo) são permitidos para que o cálculo faça sentido no contexto da
situação?
Questão 2
Um economista está analisando uma função que representa o lucro de uma empresa em função da quantidade
de produtos vendidos, dada por:
Aqui, L(x) representa o lucro e x é o número de produtos vendidos. Para garantir que as análises sejam
precisas, é necessário entender o domínio dessa função, ou seja, quais valores de x são aceitos.
Qual das opções a seguir apresenta a análise correta do domínio da função L(x)?
Questão 3
Considere a função a seguir.
A função apresentada mostra uma parábola descrita por: , que é uma função do segundo
grau.
Com base na imagem, assinale a alternativa que indica o valor da imagem para o elemento do domínio igual a
2.
A 0
B 1
C 2
D 3
E -2
Questão 4
Considere a função matemática apresentada no gráfico a seguir.
Em que coordenada da abscissa ocorre a disjunção dos intervalos da função?
A x = -1
B x=2
C x=0
D x=-2
E x=4
Questão 5
Um contador está desenvolvendo uma planilha para calcular o crescimento de um investimento ao longo do
tempo. Para isso, ele usará uma função que deve ter um domínio restrito a valores não negativos, ou seja,
, representando o tempo em anos.
Qual das opções a seguir apresenta uma função cujo domínio é ?
Questão 6
Um analista financeiro está estudando a variação do preço de uma ação ao longo dos anos, utilizando a
função , em que representa a flutuação do preço da ação em função do tempo ,
medido em anos.
Qual das opções apresenta a análise correta sobre o domínio da função e a imagem que ela pode assumir ao
longo do tempo?
Verificando o aprendizado
Questão 1
(PETROBRAS - 2008) Considere que f é uma função definida do conjunto D em R por: ƒ(x) = x² − 4x + 8. Sendo
Im a imagem de f, é correto afirmar que, se:
A , então
B , então
C , então
D , então
E , então
Questão 2
Considere a função f(x) = 120x ÷ (300−x). Podemos afirmar que o domínio da função f é:
Funções injetoras
Conhecendo funções injetoras
Descubra o que é uma função injetora neste vídeo e entenda a importância de conhecer o seu
comportamento.
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Funções injetoras parece um nome complicado, mas a ideia é bem simples e útil, principalmente
quando pensamos em organização e processos em uma empresa.
Imagine que você esteja organizando os funcionários em diferentes equipes para um projeto. Uma função
injetora no mundo da matemática é como garantir que cada funcionário (que seria o nosso x) tenha uma única
função ou tarefa atribuída (que seria o nosso f(x)), e que funções ou tarefas diferentes sejam sempre
atribuídas a funcionários diferentes. Não pode haver dois funcionários fazendo a mesma função se eles são
pessoas diferentes.
Formalizando um pouco, mas sem complicação: uma função é dita injetora (ou injetiva) se, para quaisquer
dois números, , que fazem parte do domínio da função , e que são diferentes um do outro
, os resultados da função para esses números — ou seja, e — também são sempre
diferentes na imagem de .
Em termos mais práticos ainda, pense assim: se você tem dois inputs diferentes ( e ), você sempre
vai ter outputs diferentes, como: ( e . É como um sistema de senhas único para cada usuário,
cada pessoa (input) tem uma senha diferente (output).
Vamos entender com o auxílio de diagramas. Para isso, vamos repetir: uma função é injetora quando só existe
uma única ligação entre domínio e imagem. Nenhum elemento de imagem pode receber mais do que um
elemento de domínio, veja!
\(\text { Função injetora de } A \rightarrow B \text {. }\)
Perceba que todos os elementos do domínio (conjunto A) têm um único correspondente na imagem (conjunto
B) e que nenhum elemento da imagem tem mais de um elemento do domínio. É, literalmente, "um para cada
um".
Vamos explorar três exemplos de funções injetoras, também conhecidas como funções um-para-um.
Atenção
Lembre-se que uma função é injetora se cada elemento da imagem está associado a um único elemento
do domínio. Em outras palavras, se , então .
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Perceba que temos uma reta crescente (que cresce da esquerda para a direita). E que cada elemento de x tem
um único correspondente em y, e que cada elemento em y recebe somente um elemento em x. Por isso, essa
função afim é injetora.
Observação: funções afins do tipo , em que é diferente de zero, são sempre injetoras. O
coeficiente angular diferente de zero garante que a reta seja inclinada e, portanto, cada valor de na
imagem corresponde a um único valor de no domínio.
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Perceba que, assim como na função afim, temos somente um para um de x e y. E por isso, a função
exponencial é uma função injetora.
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Gráfico: função \(f(x) = ax^2 - x - 12\).
Repare no gráfico que temos alguns exemplos de valores distintos do domínio com a mesma imagem, perceba
quando e quando também. Outro exemplo: quando e
quando .
O fato de existirem elementos distintos do domínio com a mesma imagem faz com que a função não seja
injetora.
Funções sobrejetoras
Função sobrejetora
Assista ao vídeo para entender o que é uma função sobrejetora e conferir exemplos práticos que ajudam a
identificar se uma função possui ou não essa característica.
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Imagine lançar uma campanha de marketing e
descobrir que ela só alcançou uma parte do
mercado (público-alvo). Frustrante, não? No
universo matemático, as funções também lidam
com essa questão de "alcance": como garantir
que todos os elementos de um conjunto sejam
"atingidos" por uma regra específica? É aqui
que entra o conceito de função sobrejetora.
Em outras palavras, quando o conjunto imagem é igual ao conjunto contradomínio, temos uma função
sobrejetora. Vamos ver o diagrama com os balõezinhos para entender melhor:
Nenhum elemento do conjunto B ficou sem ligação, logo, o conjunto imagem é igual ao conjunto
contradomínio e ambos são iguais ao conjunto B.
Exemplo 1
Para entender o comportamento de uma função sobrejetora, vamos analisar o comportamento de uma função
afim do tipo . A função a ser analisada é: .
Perceba que os domínios da função são todos os reais e, como já vimos, as imagens de qualquer função afim,
também são todos os reais. Logo, nesse caso, o conjunto contradomínio é igual ao conjunto imagem, o que faz
essa função ser sobrejetora.
Agora, vamos falar de uma função que não apresenta o comportamento sobrejetor: a função quadrática.
Exemplo 2
Vamos analisar a função quadrática . Observe o gráfico!
Gráfico: Função quadrática \(f(x)=x^2\).
Perceba que a imagem da função está totalmente acima do eixo , ou seja, a imagem pertence somente aos
reais positivos. Por conta disso, essa função não é sobrejetora, pois os valores negativos do contradomínio
não interagem com os elementos do domínio.
Função bijetora
É uma função que é injetora e sobrejetora ao mesmo tempo. Ou seja, para cada elemento da imagem, pode
haver somente um elemento do domínio, e o conjunto imagem precisa ser igual ao conjunto contradomínio.
Demonstrando no diagrama de balõezinhos, temos:
Exemplo 1: Vamos considerar a função afim . Perceba que essa é uma função afim do
tipo , em que . O gráfico dessa função nos mostra o seguinte:
Função afim \(f(x) =4x\).
Perceba que o domínio pertence a todos os reais, e a imagem também, uma vez que se trata de uma função
afim. Para cada ponto do domínio, temos um ponto de imagem diferente, o que nos faz ver que a função é
injetora. Além disso, o conjunto imagem é igual ao conjunto contradomínio, que é o conjunto dos números
reais, logo, ela também é sobrejetora. Isso faz dessa função uma função bijetora.
Teoria na prática
Imagine que sua agência de marketing foi contratada para uma campanha publicitária inovadora voltada para
o público de meia-idade (45 a 65 anos). O objetivo ambicioso é alcançar 5 milhões de pessoas desse grupo
demográfico em apenas 3 dias utilizando anúncios on-line. A equipe de analistas de dados desenvolveu um
modelo matemático para prever o alcance da campanha ao longo do tempo, baseado em uma função que leva
em conta a viralização do conteúdo e o investimento em impulsionamento.
A função que modela o alcance de pessoas da campanha em função do tempo x (em dias) é dada por:
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Mão na massa
Questão 1
- Tipo: Injetora (cada x tem um único ), não sobrejetora (não cobre todos os reais).
Observação: os termos negativos = 0,0078125 e = 0,25 são muito menores que 1, por isso, eles
foram dispensados.
Questão 2
Uma empresa de manufatura produz determinado produto. O custo total de produção (em milhares de reais) é
dado pela função C(q) = q² + 2q + 5, em que q representa a quantidade de produtos produzidos (em milhares
de unidades). A capacidade máxima de produção da empresa é de 10 mil unidades.
Analise a função C(q) e assinale a opção correta sobre a análise de domínio, imagem e natureza da função:
Questão 3
Uma empresa de varejo utiliza uma função para modelar a demanda (em milhares de unidades) de um produto
em função do seu preço p (em reais): D(p) = 10 – 0,5p, onde 0 ≤ p ≤ 20.
Questão 4
Uma empresa de consultoria possui 8 consultores e precisa alocá-los em 6 projetos distintos. Cada consultor
pode ser alocado em apenas um projeto e cada projeto precisa de, pelo menos um, consultor.
Modelando a alocação de consultores como uma função que mapeia consultores em projetos,
Questão 5
Uma empresa de e-commerce modela seu estoque de um produto pela função E(t) = 1000 - 50t, onde t é o
tempo em dias (começando em t=0 com estoque cheio) e E(t) é o número de unidades em estoque. A
empresa realiza uma nova encomenda para reabastecer o estoque exatamente quando o nível atinge 200
unidades.
Considerando o período de tempo desde t=0 até o momento exato em que a nova encomenda é feita, qual
alternativa descreve corretamente o domínio relevante (D) desse período, a imagem correspondente (I) dos
níveis de estoque, e a classificação da função E(t) como uma aplicação de D em I?
◦ Injetora (Um-para-um)? Sim. Como E(t) é uma função linear com inclinação não nula (-50),
cada valor de t no domínio [0, 16] corresponde a um único valor E(t) na imagem [200, 1000].
Se t1 ≠ t2, então E(t1) ≠ E(t2).
◦ Sobrejetora (Sobre)? Sim. Considerando a função como uma aplicação do domínio D = [0, 16]
no contradomínio I = [200, 1000], todo elemento da imagem I é atingido por algum elemento
do domínio D. Ou seja, para qualquer nível de estoque y entre 200 e 1000, existe um tempo t
entre 0 e 16 tal que E(t) = y.
◦ Bijetora? Sim. Uma função é bijetora se for simultaneamente injetora e sobrejetora (quando o
contradomínio considerado é a própria imagem relevante).
A função E(t), restrita ao ciclo operacional t ∈ [0, 16], mapeia este domínio bijetivamente na
imagem [200, 1000]. A alternativa (a) descreve corretamente o domínio, a imagem e a
classificação. A alternativa (d) está parcialmente correta (a função é injetora), mas
incompleta, pois também é sobrejetora sobre a imagem relevante, tornando-a bijetora. As
demais alternativas erram o domínio, a imagem ou ambos.
Questão 6
Considerando o domínio natural da função no contexto do problema (D) e a imagem correspondente dos
níveis de produtividade (I), qual alternativa descreve corretamente D, I e a classificação da função P(t)?
◦ A imagem consiste nos valores possíveis de P(t) para t no domínio [0, ∞).
◦
No início (t=0): P(0) = 100 = 100 = 100(1 - 1) = 0. A produtividade
começa em 0%.
◦ Conforme t aumenta e tende ao infinito (t → ∞): O termo -0.2t tende a -∞. O
termo tende a 0.
◦ Assim, P(t) tende a 100(1 - 0) = 100. A produtividade se aproxima assintoticamente de 100%,
mas nunca a atinge para valores finitos de t, pois é sempre maior que zero.
◦ Para verificar se a função é crescente, calculamos a
derivada: = .
Como é sempre positivo, P'(t) é sempre positivo para t ≥ 0. Isso confirma que a
função é estritamente crescente.
◦ Como a função começa em P(0)=0 e cresce continuamente, aproximando-se de 100 sem
nunca atingi-lo, a imagem (conjunto de valores de produtividade possíveis) é I = [0, 100). Isso
elimina as opções (a) (que exclui 0) e (d) (que inclui 100).
◦ Injetora? Sim. Como a derivada P'(t) é sempre positiva no domínio [0, ∞), a função P(t) é
estritamente crescente. Funções estritamente crescentes (ou decrescentes) são sempre
injetoras (um-para-um), pois valores diferentes de t no domínio levarão a valores diferentes
de P(t).
◦ Sobrejetora? Depende do contradomínio considerado. Se o contradomínio for [0, 100), então
ela é sobrejetora. Se for [0, 100] ou ℝ, ela não é sobrejetora. A classificação nas opções
parece focar nas propriedades intrínsecas da função sobre seu domínio natural.
◦ Bijetora? Uma função só é bijetora se for injetora e sobrejetora. Como ela é injetora, mas não
necessariamente sobrejetora sobre qualquer contradomínio além de [0, 100), "Injetora" é a
classificação mais segura e universalmente correta baseada apenas na análise da função e
sua derivada.
A função tem domínio [0, ∞) e imagem [0, 100). Ela é estritamente crescente e, portanto, injetora. A
alternativa (b) é a única que apresenta corretamente o domínio, a imagem e uma classificação válida
(Injetora).
Verificando o aprendizado
Questão 1
Considere a função bijetora ƒ: [1,+ ∞) → (−∞, 3] definida por ƒ(x) = −x² + 2x + 2 e seja (a, b) o ponto de
interseção de ƒ com sua inversa ƒ−1. O valor numérico da expressão a + b é
A 2.
B 4.
C 6.
D 8.
E 9.
−x² + 2x + 2 = x ⇔ −x² + x + 2 = 0 ⇔ x = 2 ou x = −1
Como o domínio de ƒ é o intervalo [1, +∞), o único valor de x que nos interessa é x = 2 e, para este valor,
ƒ(2) = 2. Assim, o ponto buscado é (a, b) = (2, 2) e então a + b = 4.
Questão 2
Considere a função , dada por:
A ƒ é sobrejetora.
B ƒ é injetora.
C ƒ é bijetora.
D .
E .
Utilizando o teste da horizontal, vemos que a função não é injetora e, consequentemente, não é bijetora.
Em contrapartida, . Logo, a função não é sobrejetora.
3. Funções crescentes e decrescentes
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Uma função é dita crescente em um intervalo se, para quaisquer dois pontos e nesse intervalo,
com , temos .
Em termos mais simples, uma função crescente é aquela em que o valor da função aumenta à medida que o
valor de x aumenta. Ou seja, ela cresce, da esquerda para a direita. Já a função decrescente, decresce da
esquerda para a direita, como podemos ver nos exemplos a seguir.
Funções crescentes:
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Vejamos alguns exemplos que nos ajudam a elucidar as funções crescentes e decrescentes de forma prática!
Uma empresa de desenvolvimento de software contratou um novo programador. O gerente de projetos usa
esta função para prever a produtividade do funcionário ao longo do tempo.
• No início (t = 0), P(0) = 20%, indicando que o novo funcionário começa com 20% da produtividade
máxima.
• Após 12 meses (t = 12), P(12) ≈ 91%, indicando que o funcionário está próximo da produtividade
máxima.
O gerente pode usar essas informações para planejar alocações de projetos, definir expectativas realistas e
programar treinamentos adicionais se necessário.
Uma empresa de manufatura comprou uma máquina de corte a laser por $50.000. O contador usa essa função
para calcular o valor contábil da máquina ao longo do tempo.
O CFO pode usar essas informações para decidir quando é mais vantajoso para substituir o
equipamento, considerando o custo de manutenção versus o valor residual.
Uma startup de e-commerce está considerando aumentar seu investimento em marketing digital. O CMO usa
essa função para projetar o impacto na receita mensal.
O CMO pode usar esses dados para justificar o aumento no orçamento de marketing, mostrando o potencial
retorno sobre o investimento.
O gerente pode usar essas informações para determinar o nível ideal de produção, equilibrando custos
unitários mais baixos com a demanda do mercado e a capacidade de armazenamento.
Verificando o aprendizado
Questão 1
(Adaptada de: UFPE - 2017) No gráfico a seguir, temos o nível da água armazenada em uma barragem ao
longo de três anos:
Questão 2
Se , qual o valor de ?
A 1
B 2
C 3
D 4
E 5
Logo, temos:
4. Funções periódicas
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Função periódica
Definição
Uma função é considerada periódica quando existe um número real T > 0, tal que f(x + T), para todo x no
domínio da função.
O menor dos valores de T > 0, para os quais a propriedade é verificada, é chamado de período da f.
Se uma função f é periódica de período T, então, f também é periódica de período nT, em que n ∈ N, já que:
Exemplo 1
Considere a função f do gráfico a seguir, que corresponde ao eletrocardiograma de uma pessoa saudável:
Eletrocardiograma
Exame que tem o objetivo de detectar se existe alguma falha na condução elétrica pelo coração.
Gráfico: Função f
Observe que o padrão de repetição ocorre em intervalos de comprimento T, e não em intervalos de
comprimento menor. Assim, a função f é uma função periódica de período T.
Exemplo 2
Considere a função:
x 0 1 2 3 4 5
Exemplo 3
Acompanhe neste vídeo as funções seno, cosseno e tangente.
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Imagine que o ponto P se movimenta no ciclo no sentido anti-horário, a partir da posição (1, 0) e dá uma volta
completa, ângulo t varia de 0 até 2π(pi).
0 a π(pi) ÷ 2 Cresce de 0 a 1
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Exemplo 4
O fluxo de ar através da traqueia é uma função
periódica do tempo x e ocorre em ambos os
sentidos dos pulmões (inspiração e expiração).
f(x) = A sen(z x)
A função f é, certamente, uma aproximação, pois T varia de indivíduo para indivíduo. Mas estudos
experimentais mostram que é uma boa aproximação da realidade. Observe o seguinte gráfico:
Gráfico: A = 1 , T = 1 / 4 , A = 2 , T = 1 / 3
Verificando o aprendizado
Questão 1
Sendo ƒ: R → R uma função periódica de período 2, podemos afirmar que
D a função h(x) = ƒ(x + q), sendo q uma constante positiva, não é periódica.
Questão 2
Considere que a função ƒ : [4, +∞[→ [−3, 7] seja periódica com período 6 e seja estritamente crescente no
intervalo [4, 10]. Logo, podemos afirmar que
Além disso, f(28) = f(4)= −3, pois f é sobrejetora e estritamente crescente em [4, 10),
Considerações finais
No estudo das funções reais de variável real, você pôde observar que a descrição de problemas do cotidiano
é realizada com o auxílio das funções.
O entendimento das funções reais de variável real requer aprender, de maneira mais aprofundada, a
determinar o domínio e a imagem de alguns tipos de funções algébricas, bem como reconhecer
geometricamente quando a função é injetora, sobrejetora e bijetora.
Para isso, é muito importante que você faça todos os exercícios propostos e estude bem os exemplos
apresentados para compreender melhor o conteúdo.
Explore +
Explore estes recursos para enriquecer seus estudos:
• GeoGebra: Use o aplicativo on-line para criar representações gráficas interativas e visualizar funções
de forma prática.
• Portal OBMEP do Saber: Acesse conteúdos que ampliam a sua visão sobre matemática aplicada.
• Na obra Desenho da função seno, de André Borges, você encontrará a construção do gráfico da
função seno, que permite visualizar de maneira clara o comportamento dessa função.
• Já em Duração do dia, de Paulo Correia, descubra um exercício interessante que apresenta como as
horas de sol variam ao longo do ano em diferentes regiões do planeta — uma ótima oportunidade para
perceber como a matemática dialoga com fenômenos naturais.
Referências
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil e das Unidades da
Federação. Brasília: IBGE, 2008.
IEZZI, G.; MURAKAMI, C. Fundamentos de Matemática Elementar I. São Paulo: Atual, 2013. v. 1.
LIMA, E.; CARVALHO, P. E. W.; MORCAGO, C. A Matemática do Ensino Médio. 9. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2006.
v. 1.
COVID-19: que países conseguiram contrariar a curva do coronavírus? Visão Saúde, 2020. Consultado em 10
abr. 2025.