Odontologia Legal
Odontologia Legal
Para aproximarmos esses conteúdos à prática, discutiremos uma situação-problema ao final dos nossos estudos.
O primeiro caso disso relatado pela literatura ocorreu em 4 de maio de 1897 em Paris, mais precisamente no
Bazar da Caridade, que sofreu um incêndio.
Essa figura mostra o local onde a burguesia estava reunida em torno de leilões beneméritos. Houve quase 200
mortos, dos quais 40 restaram sem identificação, dentre eles a Duquesa de D’Aleman e a Condessa Villeneuve.
Por sugestão do cônsul do Paraguai, Dr. Albert Hans, os dentistas daquelas personalidades foram chamados para
identificar, através dos restos carbonizados, seus supostos pacientes, o que tornou possível a identificação das
citadas pessoas, dentre outras que também pereceram na tragédia.
1903
Estudo de Amoedo discursando sobre a importância dos dentes após a morte, sob o aspecto médico-legal.
1909
1912
Resolução nº 63/2005
A Resolução nº 63, de 8 de abril de 2005, do Conselho Federal de Odontologia (CFO), regulamenta a atuação do
odontolegista. A Seção VIII dessa resolução trata sobre a Odontologia Legal.
“Art. 63 - Odontologia Legal é a especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos e
biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios,
resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis.
Parágrafo único. A atuação da Odontologia Legal restringe-se à análise, perícia e avaliação de eventos relacionados com a
área de competência do cirurgião-dentista, podendo, se as circunstâncias o exigirem, estender-se a outras áreas, se disso
depender a busca da verdade, no estrito interesse da justiça e da administração.
”
— CFO, 2015, [s.p.].
”
— CFO, 2015, [s.p.].
O Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de Odontologia, criados pela lei citada e,
posteriormente, instituídos pelo Decreto nº 68.704, de 3 de junho de 1971, formam em seu conjunto uma
autarquia.
O art. 1º da Lei nº 4.324/1964 instituiu a Criação dos Conselhos Federal (CFO) e Regionais de Odontologia (CRO´S):
“Art. 1º Haverá na Capital da República um Conselho Federal de Odontologia e em cada capital de Estado, de Território e no
Distrito Federal (CFO) um Conselho Regional de Odontologia (CRO), denominado segundo a sua jurisdição, a qual alcançará,
respectivamente, a do Estado, a do Território e a do Distrito Federal.
”
— BRASIL, 1964, [s.p.].
O CFO e cada CRO são dotados de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e
financeira, conforme o art. 2 da mesma lei:
“Art. 2º O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Odontologia ora instituídos constituem em seu conjunto uma
autarquia, sendo cada um dêles dotado de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e
financeira, e têm por finalidade a supervisão da ética profissional em tôda a República, cabendo-lhes zelar e trabalhar pelo
perfeito desempenho ético da odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.
”
— BRASIL, 1964, [s.p.].
Cabe aos Conselhos Regionais de Odontologia ser uma extensão da atuação do CFO em cada Estado, buscando
cada vez mais a descentralização das ações administrativas e de fiscalização.
Ressalta-se que o Decreto nº 68.704, de 3 de junho de 1971, regulamenta a Lei nº 4.324, de 14 de abril de
1964.
Artigo 6º
O art. 6º, inciso I ao IX, da Lei nº 5.081/1966, trata sobre as competências do CD. Destaca-se que o inciso I desse
artigo determina que é função do Cirurgião-Dentista: “praticar todos os atos pertinentes à Odontologia,
decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso regular ou em cursos de pós-graduação” (BRASIL, 1966, [s.p.]).
A necessidade de capacitação ao exercício de atividades referentes à saúde bucal, prevista nesse inciso, relaciona-
se à Resolução CNE/CE nº 03/2002 (Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Odontologia) e
também se relaciona à Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional).
Voltando às competências do CD previstas no art. 6º da Lei nº 5.081/1966, cabe a esse profissional, segundo o
inciso II: “prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia”
(BRASIL, 1966, [s.p.], grifos nossos). Nesse caso, é importante o conhecimento da posologia a ser administrada,
além de saber que a prescrição fora da área de sua competência passa dos limites da atuação do CD, constituindo
ilícitos penais.
“III - atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros, inclusive, para justificação de faltas ao
emprego;
IV - proceder à perícia odontolegal em foro cível, criminal, trabalhista e em sede administrativa;
”
— BRASIL, 1966, [s.p.], grifos nossos.
Quanto ao inciso IV, é interessante mencionar o que compreende os tipos de perícia mencionados:
Perícia cível
Ressarcimento de danos.
Erro profissional.
Agressões –Acidentes.
Perícia trabalhista
Acidentes.
Doenças profissionais.
Perícia administrativa
Perícia criminal
Identificação de vivos/cadáver.
Lesões corporais.
”
— BRASIL, 1966, [s.p.], grifos nossos.
Sobre o inciso VI, observa-se que a Resolução CFO nº 51/2004 baixa normas para habilitação do CD na aplicação
da analgesia relativa ou sedação consciente, com óxido nitroso.
“VII - manter, anexo ao consultório, laboratório de prótese, aparelhagem e instalação adequadas para pesquisas e análises
clínicas, relacionadas com os casos específicos de sua especialidade, bem como aparelhos de Raios X, para diagnóstico, e
aparelhagem de fisioterapia;
VIII - prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que comprometam a vida e a saúde do
paciente; [Extrapola o previsto no inciso II.]
IX - utilizar, no exercício da função de perito odontólogo, em casos de necropsia, as vias de acesso do pescoço e da cabeça.
”
— BRASIL, 1966, [s.p.], grifos nossos.
Em relação ao inciso VII, é interessante mencionar que a ANS, por meio da Súmula nº 11 /2007, prevê que a
solicitação de exames laboratoriais/complementares e internações hospitalares por CD devem ser cobertos pelas
operadoras de planos privados de saúde.
Por fim, o exposto no inciso IX comtempla a identificação de cadáveres; a perícia criminal oficial - prerrogativa do
CD; a autonomia técnica, científica e funcional.
Artigo 7º
O art. 7º da Lei nº 5.081/1966 elenca as ações vedadas ao Cirurgião-Dentista:
”
— BRASIL, 1966, [s.p.], grifos nossos.
Saiba que o previsto na alínea “c”, que veda ao CD “o exercício de mais de duas especialidades (inscrição no
conselho)” (BRASIL, 1966, [s.d.]), foi alterado devido à Resolução CFO-195/2019, a qual “autoriza o cirurgião-
dentista a realizar o registro, a inscrição e a divulgação de mais de duas especialidades” (CFO, 2019a, p. 1). Esse
documento resolve:
“Art. 1º. Autorizar o registro, a inscrição e a regular divulgação, por cirurgião-dentista, de mais de duas especialidades
odontológicas, desde que realizadas em conformidade com a legislação específica do ensino odontológico.
Art. 2º. Determinar, aos setores competentes, a adequação do sistema de cadastro para possibilitar a inserção das
informações.
”
— CFO, 2019a, p. 1.
Também é importante ter em mente que o previsto na alínea “d” do art. 7º da Lei nº 5.081/1966, que veda ao CD
“consultas mediante correspondência, rádio, televisão, ou meios semelhantes” (BRASIL, 1966, [s.p.]), foi alterado
devido à Resolução CFO-226/2020, a qual “dispõe sobre o exercício da Odontologia a distância, mediado por
tecnologias” (CFO, 2020, p. 1). Dessa forma, essa resolução viabiliza acesso à assistência odontológica de qualidade
e com segurança, principalmente em um momento de pandemia, tanto para os profissionais quanto para os
pacientes. A normativa também preserva e valoriza a relação Cirurgião-Dentista/Paciente, garantindo, assim, o
exercício da Odontologia de forma digna e correta, como sempre foi feito.
“Art. 1º. Fica expressamente vedado o exercício da Odontologia a distância, mediado por tecnologias, para fins de consulta,
diagnóstico, prescrição e elaboração de plano de tratamento odontológico.
Parágrafo único. Admite-se como exceção os casos em que, estando o paciente obrigatoriamente sob supervisão direta de
Cirurgião-Dentista, este realize a troca de informações e opiniões com outro Cirurgião-Dentista, com o objetivo de prestar
uma melhor assistência ao paciente.
Art. 2º. Será admitido o telemonitoramento realizado por Cirurgião-Dentista, que consiste no acompanhamento a distância
dos pacientes que estejam em tratamento, no intervalo entre consultas, devendo ser registrada no prontuário toda e
qualquer atuação realizada nestes termos.
Art. 3º. Admite-se também, enquanto durar o estado de calamidade pública declarado pelo Governo Federal, a
teleorientação realizada por Cirurgião-Dentista com o objetivo único e exclusivo de identificar, através da realização de
questionário pré-clínico, o melhor momento para a realização do atendimento presencial.
Art. 4º. É vedada às operadoras de planos de saúde odontológicos e demais pessoas jurídicas, a veiculação de publicidade e
propaganda utilizando o termo TELEODONTOLOGIA.
Parágrafo único: Não será permitida a realização da teleorientação e do telemonitoramento por centrais de atendimento
ou qualquer outro meio que centralize o recebimento de demandas e as distribua automaticamente.
Art. 5º. A Telessaúde na Odontologia, como estratégia de e-saúde (Saúde Digital) no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), deverá observar os princípios e diretrizes disciplinados nesta Resolução, bem como as disposições legais que a
regem.
Art. 6º. A responsabilidade profissional do atendimento cabe ao Cirurgião-Dentista assistente do paciente. Os demais
envolvidos responderão solidariamente na proporção em que contribuírem por eventual dano ao mesmo.
Art. 7º. A não observância dos termos desta Resolução é considerada infração ética de manifesta gravidade para fins de
processo ético.
Parágrafo único: Compete ao Conselho Regional a fiscalização e a adoção de medidas administrativas e/ou judiciais para o
cumprimento do disposto nesta Resolução.
”
— CFO, 2020, p. 2.
Por fim, o previsto na alínea “f” do art. 7º da Lei nº 5.081/1966, que veda ao CD “divulgar benefícios recebidos de
clientes”, sofreu alteração por meio da Resolução CFO-196/2019, a qual “autoriza a divulgação de autorretratos
(selfie) e de imagens relativas ao diagnóstico e ao resultado final de tratamentos odontológicos” (CFO, 2019b, p. 1).
“Art. 1º. Fica autorizada a divulgação de autoretratos (selfies) de cirurgiões-dentistas, acompanhados de pacientes ou não,
desde que com autorização prévia do paciente ou de seu representante legal, através de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE.
§ 1º. Ficam proibidas imagens que permitam a identificação de equipamentos, instrumentais, materiais e tecidos biológicos.
Art. 2º. Fica autorizada a divulgação de imagens relativas ao diagnóstico e à conclusão dos tratamentos odontológicos
quando realizada por cirurgião-dentista responsável pela execução do procedimento, desde que com autorização prévia do
paciente ou de seu representante legal, através de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE.
§ 1º. Continua proibido o uso de expressões escritas ou faladas que possam caracterizar o sensacionalismo, a
autopromoção, a concorrência desleal, a mercantilização da Odontologia ou a promessa de resultado.
Art. 3º. Fica expressamente proibida a divulgação de vídeos e/ou imagens com conteúdo relativo ao transcurso e/ou à
realização dos procedimentos, exceto em publicações científicas.
Art. 4º. Em todas as publicações de imagens e/ou vídeos deverão constar o nome do profissional e o seu número de
inscrição, sendo vedada a divulgação de casos clínicos de autoria de terceiros.
Art. 5º. Em todas as hipóteses, serão consideradas infrações éticas, de manifesta gravidade, a divulgação de imagens,
áudios e/ou vídeos de pacientes em desacordo com essa norma.
Art. 6º. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação na Imprensa Oficial, revogados as disposições em
contrário.
”
— CFO, 2019b, p. 1-2, grifos nossos.
Estudo do Código de Ética Odontológica e do Código de Processo Ético
Ética
Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”. O Dicionário Online de
Português ([s.d.], [s.p.]) define ética como a “reunião das normas de valor moral presentes numa pessoa,
sociedade ou grupo social: ética parlamentar; ética médica”.
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo.
Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
Moral
A moral pode ser entendida como “o conjunto de regras a serem seguidas que são englobadas por meio da
cultura, da tradição, da educação e do cotidiano” (MEUS DICIONÁRIOS, [s.d.], [s.p.]). O conceito de moral está
relacionado com o comportamento do ser humano que é aceito, esperado e incentivado por outros seres
humanos dentro de uma sociedade.
Deontologia profissional
Trata-se do conjunto de normas que estabelecem as formas de agir permitidas e/ou proibidas para as pessoas de
uma determinada profissão. A deontologia é a ética profissional das obrigações práticas.
Todas as profissões implicam uma ética, uma vez que se relacionam sempre com os seres humanos.
A ética de cada uma das profissões depende dos deveres ou da “deontologia” que cada profissional aplique aos
casos concretos que se podem apresentar no âmbito social e pessoal.
Saiba mais
Relação com o paciente
O Cirurgião-Dentista precisa deixar bem claro para o paciente os riscos, objetivos, custos e alternativas ao
tratamento proposto.
Sigilo profissional
É proibido, por exemplo, exibir pacientes em propagandas do consultório. A única ressalva é para
publicações científicas, quando o profissional exerce a docência, desde que haja a autorização do paciente ou
de seu responsável legal.
A seguir, destacamos alguns trechos dos Capítulos I e II do Código de Ética Odontológica (Resolução CFO-
118/2012):
“CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º. O Código de Ética Odontológica regula os direitos e deveres do cirurgião-dentista, profissionais técnicos e auxiliares,
e pessoas jurídicas que exerçam atividades na área da Odontologia, em âmbito público e/ou privado, com a obrigação de
inscrição nos Conselhos de Odontologia, segundo suas atribuições específicas.
Art. 2º. A Odontologia é uma profissão que se exerce em benefício da saúde do ser humano, da coletividade e do meio
ambiente, sem discriminação de qualquer forma ou pretexto.
Art. 3º. O objetivo de toda a atenção odontológica é a saúde do ser humano. [...]
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Art. 5º. Constituem direitos fundamentais dos profissionais inscritos, segundo suas atribuições específicas:
I - diagnosticar, planejar e executar tratamentos, com liberdade de convicção, nos limites de suas atribuições, observados o
estado atual da Ciência e sua dignidade profissional;
II - guardar sigilo a respeito das informações adquiridas no desempenho de suas funções;
III - contratar serviços de outros profissionais da Odontologia, por escrito, de acordo com os preceitos deste Código e
demais legislações em vigor;
IV - recusar-se a exercer a profissão em âmbito público ou privado onde as condições de trabalho não sejam dignas,
seguras e salubres;
V - renunciar ao atendimento do paciente, durante o tratamento, quando da constatação de fatos que, a critério do
profissional, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional. Nestes casos tem o
profissional o dever de comunicar previamente, por escrito, ao paciente ou seu responsável legal, fornecendo ao cirurgião-
dentista que lhe suceder todas as informações necessárias para a continuidade do tratamento;
VI - recusar qualquer disposição estatutária, regimental, de instituição pública ou privada, que limite a escolha dos meios a
serem postos em prática para o estabelecimento do diagnóstico e para a execução do tratamento, bem como recusar-se a
executar atividades que não sejam de sua competência legal; e,
VII - decidir, em qualquer circunstância, levando em consideração sua experiência e capacidade profissional, o tempo a ser
dedicado ao paciente ou periciado, evitando que o acúmulo de encargos, consultas, perícias ou outras avaliações venham
prejudicar o exercício pleno da Odontologia.
”
— CFO, 2012, [s.p.].
Para os nossos estudos também é relevante destacar alguns trechos do Capítulo III do Código de Ética
Odontológica (Resolução CFO-118/2012):
“CAPÍTULO III
DOS DEVERES FUNDAMENTAIS
Art. 8º. A fim de garantir a fiel aplicação deste Código, o cirurgião-dentista, os profissionais técnicos e auxiliares, e as
pessoas jurídicas, que exerçam atividades no âmbito da Odontologia, devem cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e
legais da profissão, e com discrição e fundamento, comunicar ao Conselho Regional fatos de que tenham conhecimento e
caracterizem possível infringência do presente Código e das normas que regulam o exercício da Odontologia.
Art. 9º. Constituem deveres fundamentais dos inscritos e sua violação caracteriza infração ética:
[...]
III - zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão;
IV - assegurar as condições adequadas para o desempenho ético-profissional da Odontologia, quando investido em função
de direção ou responsável técnico;
V - exercer a profissão mantendo comportamento digno;
VI - manter atualizados os conhecimentos profissionais, técnico-científicos e culturais, necessários ao pleno desempenho
do exercício profissional;
VII - zelar pela saúde e pela dignidade do paciente;
VIII - resguardar o sigilo profissional;
IX - promover a saúde coletiva no desempenho de suas funções, cargos e cidadania, independentemente de exercer a
profissão no setor público ou privado;
X - elaborar e manter atualizados os prontuários na forma das normas em vigor, incluindo os prontuários digitais;
XI - apontar falhas nos regulamentos e nas normas das instituições em que trabalhe, quando as julgar indignas para o
exercício da profissão ou prejudiciais ao paciente, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes;
XII - propugnar [atuar em defesa] pela harmonia na classe;
XIII - abster-se da prática de atos que impliquem mercantilização da Odontologia ou sua má conceituação;
XIV - assumir responsabilidade pelos atos praticados, ainda que estes tenham sido solicitados ou consentidos pelo paciente
ou seu responsável;
XV - resguardar sempre a privacidade do paciente;
XVI - não manter vínculo com entidade, empresas ou outros desígnios que os caracterizem como empregado, credenciado
ou cooperado quando as mesmas se encontrarem em situação ilegal, irregular ou inidônea;
XVII - comunicar aos Conselhos Regionais sobre atividades que caracterizem o exercício ilegal da Odontologia e que sejam
de seu conhecimento;
XVIII - encaminhar o material ao laboratório de prótese dentária devidamente acompanhado de ficha específica assinada;
[...]
”
— CFO, 2012, [s.p.].
Quanto ao exposto no inciso X (“elaborar e manter atualizados os prontuários na forma das normas em vigor,
incluindo os prontuários digitais” – CFO, 2012, [s.p.]), é necessário mencionar que o Conselho Federal de
Odontologia (CFO), por meio do Parecer nº 125/1992, prevê que os prontuários devem ser arquivados por, no
mínimo, dez anos após o último comparecimento do paciente. Se o paciente tiver idade inferior aos dezoitos anos
à época do último contato profissional, deve-se considerar dez anos a partir do dia que o paciente tiver
completado ou vier a completar os dezoito anos. Isso porque, seguindo o art. 205 do novo Código Civil, as ações
prescrevem em dez anos.
Agora, vamos conhecer o que determina a Seção I do Capítulo V do Código de Ética Odontológica (Resolução CFO-
118/2012):
“CAPÍTULO V
DO RELACIONAMENTO
Seção I
Com o Paciente
Art. 11º. Constitui infração ética:
I - discriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto;
II - aproveitar-se de situações decorrentes da relação profissional/paciente para obter vantagem física, emocional,
financeira ou política;
III - exagerar em diagnóstico, prognóstico ou terapêutica;
IV - deixar de esclarecer adequadamente os propósitos, riscos, custos e alternativas do tratamento;
V - executar ou propor tratamento desnecessário ou para o qual não esteja capacitado;
VI - abandonar paciente, salvo por motivo justificável, circunstância em que serão conciliados os honorários e que deverá
ser informado ao paciente ou ao seu responsável legal de necessidade da continuidade do tratamento;
VII - deixar de atender paciente que procure cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro cirurgião-
dentista em condições de fazê-lo;
VIII - desrespeitar ou permitir que seja desrespeitado o paciente;
IX - adotar novas técnicas ou materiais que não tenham efetiva comprovação científica;
X - iniciar qualquer procedimento ou tratamento odontológico sem o consentimento prévio do paciente ou do seu
responsável legal, exceto em casos de urgência ou emergência;
XI - delegar a profissionais técnicos ou auxiliares atos ou atribuições exclusivas da profissão de cirurgião-dentista;
XII - opor-se a prestar esclarecimentos e/ou fornecer relatórios sobre diagnósticos e terapêuticas, realizados no paciente,
quando solicitados pelo mesmo, por seu representante legal ou nas formas previstas em lei;
XIII - executar procedimentos como técnico em prótese dentária, técnico em saúde bucal, auxiliar em saúde bucal e auxiliar
em prótese dentária, além daqueles discriminados na Lei que regulamenta a profissão e nas resoluções do Conselho
Federal; e,
XIV - propor ou executar tratamento fora do âmbito da Odontologia.
”
— CFO, 2012, [s.p.].
Para concluir, conheça também o que preveem alguns trechos dos Capítulos VI, VII e XVI do Código de Ética
Odontológica (Resolução CFO-118/2012):
“CAPÍTULO VI
DO SIGILO PROFISSIONAL
Art. 14º. Constitui infração ética:
I - revelar, sem justa causa, fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão do exercício de sua profissão;
II - negligenciar na orientação de seus colaboradores quanto ao sigilo profissional; e,
III - fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir paciente, sua imagem ou qualquer outro elemento que o
identifique, em qualquer meio de comunicação ou sob qualquer pretexto, salvo se o cirurgião-dentista estiver no exercício
da docência ou em publicações científicas, nos quais, a autorização do paciente ou seu responsável legal, lhe permite a
exibição da imagem ou prontuários com finalidade didático-acadêmicas; [...]
CAPÍTULO VII
DOS DOCUMENTOS ODONTOLÓGICOS
Art. 18º. Constitui infração ética:
[...]
III - expedir documentos odontológicos: atestados, declarações, relatórios, pareceres técnicos, laudos periciais, auditorias
ou de verificação odontolegal, sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não
corresponda à verdade;
[...]
CAPÍTULO XVI
DO ANÚNCIO, DA PROPAGANDA E DA PUBLICIDADE
[...]
Art. 42º. Os anúncios, a propaganda e a publicidade poderão ser feitos em qualquer meio de comunicação, desde que
obedecidos os preceitos deste Código.
Art. 43º. Na comunicação e divulgação é obrigatório constar o nome e o número de inscrição da pessoa física ou jurídica,
bem como o nome representativo da profissão de cirurgião-dentista e também das demais profissões auxiliares
regulamentadas. No caso de pessoas jurídicas, também o nome e o número de inscrição do responsável técnico.
[...]
Art. 44º. Constitui infração ética:
I - fazer publicidade e propaganda enganosa, abusiva, inclusive com expressões ou imagens de antes e depois, com preços,
serviços gratuitos, modalidades de pagamento, ou outras formas que impliquem comercialização da Odontologia ou
contrarie o disposto neste Código;
II - anunciar ou divulgar títulos, qualificações, especialidades que não possua, sem registro no Conselho Federal, ou que
não sejam por ele reconhecidas;
III - anunciar ou divulgar técnicas, terapias de tratamento, área da atuação, que não estejam devidamente comprovadas
cientificamente, assim como instalações e equipamentos que não tenham seu registro validado pelos órgãos competentes;
IV - criticar técnicas utilizadas por outros profissionais como sendo inadequadas ou ultrapassadas;
[...]
X - anunciar serviços profissionais como prêmio em concurso de qualquer natureza ou através de aquisição de outros bens
pela utilização de serviços prestados;
XI - promover direta ou indiretamente por intermédio de publicidade ou propaganda a poluição do ambiente;
XII - expor ao público leigo artifícios de propaganda, com o intuito de granjear clientela, especialmente a utilização de
imagens e/ou expressões antes, durante e depois, relativas a procedimentos odontológicos;
XIII - participar de programas de comercialização coletiva oferecendo serviços nos veículos de comunicação;
[...]
”
— CFO, 2012, [s.p.].
”
— CÓDIGO..., 2020, [s.p.].
Lembre-se
A consciência das implicações éticas, legais e sociais da pesquisa em seres humanos se dá somente depois da
Segunda Guerra Mundial, particularmente, através dos julgamentos dos crimes de guerra pelo Tribunal de
Nuremberg.
A análise levada a cabo em Nuremberg revelou o desvio da conduta de pesquisadores que, na busca dos
bens da saúde e da vida, deixaram de respeitar esses mesmos bens nos sujeitos de pesquisa.
1988
1996
Resolução CNS nº 196/1996, que criou a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), a qual tem
como principais atribuições: zelar pelo cumprimento da resolução; monitorar e aconselhar.
2012
Resolução CNS nº 466/2012, que atualizou e ampliou a Resolução CNS nº 196/1996 (revogada).
2016
Resolução nº 510/2016, que trata sobre a ética em pesquisas em Ciências Humanas e Sociais.
2012 – Resolução CNS nº 466/2012, atualização e ampliação da Resolução CNS nº 196/1996 (revogada)
Em 1996, no Brasil, foi criada a Resolução CNS nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, a que qualquer
pesquisa com seres humanos deveria ser submetida, independente de sua natureza, atendendo a quesitos como:
Essa resolução tem como característica o respeito aos valores culturais, sociais, morais, religiosos, éticos e
costumes em pesquisa com comunidades.
Sabemos que a Resolução CNS nº 196/1996 foi atualizada e ampliada pela Resolução 466/2012. Portanto, toda
pesquisa envolvendo seres humanos deverá obedecer às diretrizes da presente Resolução CNS nº 466/2012.
Esta resolução define o CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) e a CONEP, além de enfatizar o caráter de integralidade
e de parceria do sistema Cepas/CONEP, o qual deve atuar num trabalho cooperativo e de inter-relação.
Toda instituição deve criar, organizar e manter um CEP e toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser
submetida à aprovação desse comitê. A instância superior aos CEPs é a CONEP (Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa).
Cabe ressaltar que em relação a danos sofridos pelos sujeitos da pesquisa, se ocorrer, são de responsabilidade do
pesquisador e da instituição.
Saiba mais
A Plataforma Brasil é o sistema oficial de lançamento de pesquisas para análise e monitoramento do Sistema
CEP/CONEP.
Autonomia
Um indivíduo autônomo é aquele que toma suas próprias decisões sem interferências exteriores. Quando ele
tem acesso à informação completa, compreensível e adequada, há redução da sua vulnerabilidade. Então,
após esclarecimento, é possível o consentimento livre do pesquisado (e/ou responsável).
Beneficência
Estabelece que devemos fazer o bem aos outros, independentemente de desejá-lo ou não. Tem como
finalidade promover o bem-estar (não causar danos), pesando os bens e os males, priorizando sempre os
primeiros. Então, trata-se da ponderação entre riscos e benefícios para o pesquisado.
Não maleficência
Consiste na obrigação de não causar danos aos outros. Isso deve guiar as atividades de pesquisa. Trata-se da
garantia de que danos previsíveis serão evitados.
O pesquisador deve dar suporte aos pesquisados em caso de danos e interromper a pesquisa com o
aparecimento de riscos ou efeitos adversos.
Justiça ou equidade
Consiste na obrigação de respeitar a igualdade de direitos dos sujeitos de pesquisa. Trata-se de garantir aos
sujeitos de pesquisa o acesso equitativo ao benefício derivado da pesquisa. (Relevância da pesquisa com
vantagens significativas para o pesquisado.)
Saiba mais
A bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a ética e a biologia, fundamentando os
princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco.
O sujeito da pesquisa não deve ser incluído no estudo sem os devidos esclarecimentos prévios. Portanto, o
respeito à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após consentimento livre e esclarecido
dos sujeitos da pesquisa.
O TCLE deve:
Dar a liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase
da pesquisa, sem prejuízo ao seu tratamento.
Garantir o sigilo e a privacidade dos sujeitos quanto aos dados que possam identificá-lo.
Ser assinado, em duas vias por cada um dos sujeitos da pesquisa ou por seus representantes legais.
Atenção
Considera-se que toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve riscos. O dano eventual poderá ser
imediato ou tardio, comprometendo o indivíduo ou a coletividade.
“Art. 5° Todos são iguais perante à lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
[...]
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer.
”
— BRASIL, 1988, [s.p.], grifo nosso.
O exercício legal da Odontologia está disposto na Lei nº 5.081, de 24 de agosto de 1966, que é resultante do(a):
“Art. 2º O exercício da Odontologia no território nacional só é permitido ao cirurgião-dentista habilitado por escola ou
faculdade oficial ou reconhecida, após o registro do diploma na Diretoria do Ensino Superior [MEC], no Serviço Nacional de
Fiscalização da Odontologia, na repartição sanitária estadual competente e inscrição no Conselho Regional de Odontologia
[Lei nº 4.324/1964 – Criação do CFO e CROs] sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade.
”
— BRASIL, 1988, [s.p.], grifo nosso.
Quanto à inscrição no CRO, cabe observar que o Decreto nº 68.704, de 3 de junho de 1971, determina que:
“Art. 23. A inscrição deverá ser requerida ao Presidente do Conselho Regional, com a declaração de nome completo, filiação,
data e lugar do nascimento, nacionalidade, estado civil, endereço da residência e do local de trabalho, juntando o
interessado, além do título ou certificado profissional, carteira de identidade e, quando se tratar de brasileiro nato ou
naturalizado, prova de quitação com o serviço militar e com as obrigações eleitorais.
”
— BRASIL, 1971, [s.p.].
Inscrição provisória
Inscrição principal
Inscrição secundária
Segunda inscrição.
Secundária Planaltina.
Inscrição remida
70 anos de idade.
Inscrição temporária
Revalidação do diploma.
“Art. 3º. Poderão exercer a Odontologia no território nacional os habilitados por escolas estrangeiras, após a revalidação do
diploma e satisfeitas as demais exigências do artigo anterior.
”
— BRASIL, 1966, [s.p.], grifo nosso.
Segundo Vanrell (2009), na atuação odontológica incidem várias normativas, não só na esfera cível, mas também
penal (criminal), ética e administrativa.
De acordo com Noronha (2007), “crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico
protegido pela lei penal”. Crime é uma violação da lei que relaciona os delitos vinculados a uma determinada pena.
Segundo o art. 1º do Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal” (BRASIL, 1940, [s.p.]).
O exercício ilegal da Odontologia está disposto no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o Código Penal
brasileiro. As atividades ilícitas relacionadas pelo Código Penal são:
O art. 282 do CP prevê que é ilícito “exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa” (BRASIL, 1940, [s.p.],
grifo nosso).
O profissional, mesmo sem cobrar nada, não pode exercer a profissão ou as atribuições dela sem cursar a
graduação e/ou não ser especialista em determina área, na qual atual como tal. Isso vale também para
estagiários, TSBs, ASBs, TPDs e APDs.
O crime de falsidade ideológica foi instituído no art. 299 do Código Penal e refere-se à omissão e alteração de
documentos, públicos e privados, com o intuito de obter qualquer tipo de vantagem.
O art. 299 prevê que é ilícito “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar,
ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”. Esse mesmo artigo
determina como pena: “reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a
três anos, e multa, [...] se o documento é particular” (BRASIL, 1940, [s.p.]).
O curandeirismo é praticado por quem não possui habilitação profissional, ao contrário do charlatão, que
possui habilitação profissional. Trata-se do empírico ou falso dentista.
Segundo o art. 284 do CP, o indivíduo exerce o curandeirismo “I - prescrevendo, ministrando ou aplicando,
habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo
diagnósticos”. Nesse caso, a pena é a “detenção, de seis meses a dois anos”. O parágrafo único do mesmo
artigo explica que: “se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa”
(BRASIL, 1940, [s.p.]).
Trata-se do uso de mentira e falsidade. Segundo o art. 283 do CP, consiste em: “inculcar ou anunciar cura por
meio secreto ou infalível”. Nesse caso, a pena é a “detenção, de três meses a um ano, e multa” (BRASIL, 1940,
[s.p.]).
Para terminar, lembre-se de que o ato ilícito contraria a lei e configura-se como crime (cível e/ou penal).
Saiba mais
Falsidade ideológica versus falsa identidade
Situação-problema
Para que o trabalho odontológico transcorra de uma forma tranquila, harmônica e produtiva é preciso ser
planejado, no entanto, imprevistos podem acontecer.
Em determinado dia, ocorreu uma complicação durante uma cirurgia, acarretando atraso nas consultas
subsequentes.
Após o término da cirurgia, quatro pacientes permaneciam na sala para serem atendidos:
Uma criança, acompanhada pela mãe, que apresentava sinais de impaciência, pois tinha sido a primeira a
chegar.
Uma gestante que referia dor no dente quando comia algum alimento gelado.
Um senhor que referia não ter dormido à noite devido à dor de dente.
Todos tinham sido agendados previamente, exceto o senhor que apresentou dor na noite anterior.
Diante dos fatos e dos seus conhecimentos sobre o Código de Ética Odontológica (CEO) e do Código de Defesa do
Consumidor (CDC):
Sintomas clínicos.
Anamnese.
Situação 1
Atender à criança, pois estava com a consulta previamente agendada e tinha sido a primeira a chegar.
A criança neste caso não seria preferencial, pois há pacientes idosos e com sintomatologia dolorosa.
Situação 2
Atender a gestante, pois estava com a consulta previamente agendada e referia dor esporádica.
Seria correto seu atendimento prioritário em uma situação na qual ela apresentasse sintomatologia dolorosa.
Situação 3
Atender a idosa, pois estava com a consulta previamente agendada e, além de ser considerada prioridade, tem
dificuldade de locomoção, o que dificultaria o seu retorno em outro dia.
Seria correto seu atendimento prioritário em uma situação na qual ela apresentasse sintomatologia dolorosa.
Situação 4
Atender o senhor, pois embora não estivesse com consulta agendada previamente, tinha passado a noite toda
com dor de dente.
Situação 5
Explicar a todos os pacientes que houve uma complicação na cirurgia e que, portanto, não seria possível realizar o
atendimento de nenhum deles.
Esta seria a ação menos viável, pois assim nenhum dos pacientes seria atendido, desrespeitando a ética no
atendimento odontológico.
Referências
BRASIL. Decreto nº 20.931, de 11 de janeiro de 1932. Regula e fiscaliza o exercício da medicina, da odontologia, da
medicina veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira e enfermeira, no Brasil, e estabelece penas. CLBR
PUB, 31 dez. 1932. Disponível em: https://bit.ly/3fK7pyv. Acesso em: 7 ago. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, 31 dez. 1940.
Disponível em: https://bit.ly/3agcZHx. Acesso em: 7 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 1.314, de 17 de janeiro de 1951. Regulamenta o exercício profissional dos Cirurgiões-Dentistas.
Diário Oficial da União, 18 jan. 1951. Disponível em: https://bit.ly/2DSOQKV. Acesso em: 7 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 4.324, de 14 de abril de 1964, que institui o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de
Odontologia, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 15 abr. 1964. Disponível em: https://bit.ly/2F0a4XV.
Acesso em: 6 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 5.081, de 24 de agosto de 1966. Regula o Exercício da Odontologia. Diário Oficial da União, 26 ago.
1966. Disponível em: https://bit.ly/3ajlT7m. Acesso em: 6 ago. 2020.
BRASIL. Decreto nº 68.704, de 3 de junho de 1971. Regulamenta a Lei nº 4.324, de 14 de abril de 1964. Diário
Oficial da União, 4 jun. 1971. Disponível: https://bit.ly/30Iu3mx. Acesso em: 7 ago. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em: https://bit.ly/3fDsx9u. Acesso em: 7 ago. 2020.
BRASIL. Resolução CNS nº 196, de 1996. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres
Humanos. 1996[a]. Disponível em: https://bit.ly/2XL8IGZ. Acesso em: 10 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário
Oficial da União, de 23 dez. 1996[b]. Disponível em: https://bit.ly/3iqpRh5. Acesso em: 10 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: https://bit.ly/30w2qNg. Acesso em: 10 ago. 2020.
BRASIL. Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Disponível em: https://bit.ly/3ajmtC4. Acesso em: 10
ago. 2020.
BRASIL. Resolução CNS nº 510, de 7 de abril de 2016. Disponível em: https://bit.ly/3fHcZBp. Acesso em: 10 ago.
2020.
CFO. Resolução CFO-42, de 20 de maio de 2003. Código de Ética Odontológica. Disponível em:
https://bit.ly/2PLlXD7. Acesso em: 10 ago. 2020.
CFO. Resolução nº 63, de 8 de abril de 2005. Entidades de fiscalização do exercício das profissões liberais.
Conselho Federal de Odontologia. Diário Oficial da União, 19 abr. 2005 (nº 74, Seção 1, pág. 104). Disponível em:
https://bit.ly/33JmKN7. Acesso em: 6 ago. 2020.
CFO. Resolução CFO-118, de 11 de maio de 2012. Revoga o Código de Ética Odontológica aprovado pela Resolução
CFO-42/2003 e aprova outro em substituição. Diário Oficial da União, 14 jun. 2012. Disponível em:
https://bit.ly/3ilIByc. Acesso em: 7 ago. 2020.
CFO. Resolução CFO-195, de 29 de janeiro de 2019. Autoriza o cirurgião-dentista a realizar o registro, a inscrição e
a divulgação de mais de duas especialidades, e dá outras providências. Brasília, 29 jan. 2019[a]. Disponível em:
https://bit.ly/2DG2x0f. Acesso em: 7 ago. 2020.
CFO. Resolução CFO-196, de 29 de janeiro de 2019. Autoriza a divulgação de autoretratos (selfie) e de imagens
relativas ao diagnóstico e ao resultado final de tratamentos odontológicos, e dá outras providências. Brasília, 29
jan. 2019[b]. Disponível em: https://bit.ly/2XJXjrd. Acesso em: 7 ago. 2020.
CFO. Resolução CFO-226, de 04 de junho de 2020. Dispõe sobre o exercício da Odontologia a distância, mediado
por tecnologias, e dá outras providências. Brasília, 4 jun. 2020. Disponível em: https://bit.ly/33GiuOF. Acesso em: 7
ago. 2020.
CÓDIGO de Nuremberg. In: Wikipedia: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia Foundation, 2020].
Disponível em: https://bit.ly/30J3tK3. Acesso em: 7 ago. 2020.
COIMBRA, M. A. Histórico. CFO: Conselho Federal de Odontologia, 23 jan. 2013. Disponível em:
https://bit.ly/3fEnBRG. Acesso em: 10 ago. 2020.
DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Ética. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/30HR3lo. Acesso em: 7 ago. 2020.
MEUS DICIONÁRIOS. Significado de moral. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/30G4UbY. Acesso em: 7 ago. 2020.
NOVOA, P. C. R. What changes in research ethics in Brazil: Resolution no. 466/12 of the National Health
Council. Einstein (São Paulo), São Paulo, v. 12, n. 1, p. vii-vix, mar. 2014. https://bit.ly/2XMtZ35. Disponível em: 10
ago. 2020.
SIGNIFICADO de ética profissional. Significados, 26 jun. 2015. disponível em: https://bit.ly/3inW2he. Acesso em: 10
ago. 2020.
TERMO de Consentimento Livre e Esclarecido. PUCPR, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://bit.ly/30JOvDi.
Acesso em: 7 ago. 2019.
Odontologia Legal e Deontologia
O Estudo da Traumatologia Forense e da Tanatologia Forense pelo Cirurgião-Dentista
Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!
Nesta webaula, veremos elementos fundamentais para o estudo da traumatologia forense e da tanatologia
forense pelo cirurgião dentista, tais como: o conceito da traumatologia forense e da tanatologia forense, estudo
das marcas de mordidas, e, por fim, a importância do cirurgião dentista na detecção de maus tratos e violência
sexual e no estudo das marcas de mordidas.
Conceito
A traumatologia forense tem por objeto o estudo dos efeitos na pessoa das agressões físicas e morais, como
também a determinação de seus agentes causadores. Ela é o ramo que estuda as lesões presentes no corpo da
vítima, causadas por energias das mais variadas ordens, a análise desses traumas pode apurar a forma com que
se deu a morte da vítima, quando essa não possa por outro meio ser esclarecida.
1. de ordem mecânica.
2. de ordem física.
3. de ordem química.
4. de ordem físico-química.
5. de ordem bioquímica.
6. de ordem biodinâmica.
7. de ordem mista.
De ordem mecânica
As energias de ordem mecânica são aquelas que, atuando sobre um corpo, são capazes de modificar o seu estado
de repouso ou movimento. Os instrumentos de ordem mecânica são os de ação simples e ação composta. Os de
ação simples são classificados como perfurantes ou punctórios, cortantes e contundentes.
Os instrumentos perfurantes ou punctórios agem por meio de pressão exercida em um ponto. Exemplos: prego,
espinho, agulha, estilete, garfo, espeto (de churrasco), seta, florete, furador de gelo e outros.
Perfurantes ou punctórios
Fonte: Shutterstock.
Os instrumentos cortantes agem por meio de pressão e deslizamento, de forma linear ou oblíqua, sobre a pele ou
tecido dos órgãos. Exemplos são as lâminas de barbear, as navalhas e o bisturi. As lesões produzidas pelos
instrumentos cortantes são denominadas lesões incisas. São lesões de natureza geralmente incisas localizadas no
pescoço O esgorjamento é a lesão localizada na região anterior do pescoço. A degola na região posterior. A
decapitação é a separação da cabeça do corpo. Os instrumentos contundentes são todos aqueles que agem pela
ação de uma superfície. Podem ser sólidos, líquidos ou gasosos desde que atuem por pressão, explosão, torção,
distensão, descompressão, arrastamento ou outro meio.
Cortantes
Fonte: Shutterstock.
Os instrumentos contundentes produzem lesões contusas, geralmente encontradas nos acidentes de automóvel,
nos desabamentos, lutas corporais e outros. Exemplo: as mãos, um tijolo, um automóvel, jato de ar, a superfície
de água de uma piscina.
Contundentes
Fonte: Shutterstock.
Esquimoses são lesões contusas cuja intensidade depende do instrumento e do grau de violência com que
foi aplicado. As equimoses superficiais apresentam uma sucessão de cores denominada de espectro equimótico,
cuja evolução obedece ao quadro a seguir
Fonte: Shutterstock.
Os instrumentos de ação composta são classificados como pérfuro-cortantes, pérfuro-contundentes e corto-
contundentes. Os pérfuro-cortantes são aqueles geralmente dotados de ao menos uma ponta e pelo menos uma
lâmina ou gume. Inicialmente o instrumento pérfuro-cortante age afastando as fibras e facilitando a penetração,
para depois seccioná-las. As lesões produzidas pelos instrumentos pérfuro-cortantes denominam-se pérfuro-
incisas, e tem como característica, geralmente serem mais profundos que largos. Exemplo de instrumento
pérfuro-cortante são as facas.
Pérfuro-cortantes
Fonte: Shutterstock.
Os instrumentos pérfuro-contundentes são aqueles que agem inicialmente por pressão em uma superfície e
posteriormente perfuram a região atingida. As lesões produzidas pelos instrumentos pérfuro-contundentes são
denominadas pérfuro-contusas e são as lesões típicas dos projéteis de arma de fogo, não obstante não sejam eles
os únicos agentes capazes de produzir este tipo de ferimento.
Os instrumentos corto-contundentes. São aqueles que atuam por pressão exercida sobre uma linha.
Pérfuro-contudentes
Fonte: Shutterstock.
Corto-contudentes
Fonte: Shutterstock.
De ordem física
São energias capazes de modificar o estado físico dos corpos causando lesões ou mesmo a morte.
Temperatura
As lesões produzidas pelo frio, têm aspecto pálido e anserino (relativo ou semelhante a pato ou ganso),
frequentemente evoluindo para isquemia e necrose ou gangrena.
Geladuras:
1º Grau: eritema.
2º Grau: flictenas.
Difusa: a fonte de calor não incide diretamente sobre a área atingida, mas sim tornando o meio
ambiente incompatível com os fenômenos biológicos. (produz os quadros conhecidos como de insolação
e a intermação.
Direta: Fonte de calor age de forma direta sobre o organismo, produz as queimaduras.
Pressão
Eletricidade
Fulminação: morte.
Radioatividade
Alterações genéticas.
Alterações da espermatogênese.
Alteração das células do sangue produzindo hemorragias acentuadas em vários pontos do organismo.
Luz
Som
As ondas sonoras, ou ondas de pressão, nada mais são que a propagação de um distúrbio mecânico através
de um meio elástico como o ar. Segundo o anexo n.º 1 da NR-15, os limites de tolerância para ruído contínuo
ou intermitente (assim considerados os que não sejam de impacto), são:
8 horas: 85 Db.
3 horas: 92 Db.
De ordem química
Compreendem:
Cáusticos ou corrosivos:
Coagulantes: desidratação.
Venenos ou tóxicos: substâncias de qualquer natureza que, uma vez introduzidas no organismo e por ele
assimiladas e metabolizadas, podem levar a danos da saúde física ou psíquica inclusive a morte.
De ordem mista
Podemos agrupar todas aquelas situações em que para a produção da lesão concorrem causas variadas.
Doenças parasitárias.
Enquadramento das lesões dentárias no Artigo 129 do Código Penal Brasileiro: conceito
Marca de mordida, é uma lesão produzida pelos dentes humanos ou de animais no corpo, em alimentos, nas
vestes humanas e outros tipos de objetos.
Características específicas: de profundidade da incisão, laceração, tipo de deslocamento de tecido, grau de rotação
de unidades dentárias, fraturas, anomalias, desgastes, entre outras coisas, que vão, enfim, caracterizar
determinado indivíduo, já que não é possível existir duas pessoas com padrões dentários iguais.
Os casos onde se observa maior ocorrência de marcas de mordida são: abuso sexual, homicídios, violência
doméstica, assaltos, abuso infantil, entre outros. Os locais onde são mais observadas essas marcas são: seios,
braços, face/cabeça e pernas.
As marcas produzidas em pele são mais difíceis de serem identificadas, enquanto que as produzidas em alimentos
são mais precisas e reprodutíveis. A mordida humana tem entre 25 e 45 mm de distância intercanina, quando esta
medida for inferior a 30 mm considera-se produzida por uma criança. Nos animais, as arcadas são mais estreitas e
longas, deixando marcas mais profundas e geralmente acompanhadas pela avulsão dos tecidos, sendo que a
distância intercanina é geralmente 40 mm e as marcas produzidas por leões e cães apresentam 6 incisivos, onde
predomina-se a marca do dente canino
Lesão corporal grave: há hipótese de qualificação pela debilidade permanente de membro, sentido ou função
(CP, art. 129, § 1º, III).
Lesão corporal gravíssima: paralelamente, tem-se situação qualificadora arrimada na perda ou inutilização de
membro, sentido ou função (CP, art. 129, § 1º, III).
Lesões dentárias: enquadramento é como lesão corporal de natureza grave (CP, art. 129, § 1º, III), e não como
lesão corporal gravíssima.
Estudo da tanatologia
Tanatologia e cronotanatognose
A Tanatologia médico-legal ou forense é o ramo da medicina legal que estuda o morto e a morte, assim como os
fenômenos dela decorrentes. A morte atualmente é definida por critérios estabelecidos pelo Conselho Federal de
Medicina (Resolução 1480/97) que a considera como sendo a parada total e irreversível das atividades encefálicas.
É o que se denomina morte encefálica.
Classificação da morte
A seguir veremos como a morte pode ser classificada.
Natural
É a que resulta da alteração orgânica ou perturbação funcional provocada por agentes naturais, sem agentes
mecânicos.
Súbita
Morte imprevista, que sobrevém instantaneamente e sem causa manifesta, (pessoas em aparente estado de
boa saúde).
Violenta
É aquela que tem como causa determinante a ação abrupta e intensa, ou continuada e persistente de um
agente biológico, físico ou químico sobre o organismo. Ex.: Homicídio, suicídio ou acidente.
Fetal
Materna
Morte de uma mulher durante uma gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da
gestação. Manifesta, (pessoas em aparente estado de boa saúde).
Catastrófica
É toda morte violenta de origem natural ou de ação dolosa do homem em que por um mesmo motivo, ocorre
um grande número de vítimas fatais.
Presumida
É a morte que se verifica pela ausência ou desaparecimento de uma pessoa, depois de transcorrido um prazo
determinado pela Lei.
Técnicas cronotanatognóticas
Compreendem a observação de modificações e fenômenos que se instalam progressivamente no cadáver.
No esquema acima podemos ver que existem dois tipos de fenômenos cadavéricos:
Abióticos:
a. Imediatos:
Parada da circulação.
Parada da respiração.
Perda da consciência.
b. Mediatos ou consecutivos:
Evaporação tegumentar (perda de peso e midríase).
Rigidez cadavérica.
Hipóstase.
Transformativos:
a. Destrutivos e autólise: com a morte e cessada a circulação, as células deixam de receber os nutrientes
necessários à manutenção dos fenômenos biológicos.
b. Putrefação: ação de bactérias nos tecidos moles do cadáver. A putrefação inicia-se logo após a autólise pela
ação de germes. Inicia-se geralmente a nível do intestino grosso dando origem à chamada mancha verde
abdominal e espalha-se pelo organismo.
c. Maceração: É o amolecimento ou dissolução dos tecidos por embebição aquosa quando o cadáver
permanece em meio líquido. A maceração é um fenômeno transformativo destrutivo, do qual os ossos se
soltam dos tecidos, o abdome se achata e o tegumento se desprende sob a forma de largos retalhos.
d. Conservadores (mumificação): resulta da desidratação intensa e rápida dos tecidos moles quando o cadáver
permanece em meio quente, seco e aerado. A mumificação é um processo conservativo que pode ser natural
ou artificial.
e. Conservadores (corificação): resulta de desidratação intensa dos tecidos moles por absorção de zinco-
semelhança com couro.
No Brasil, os maus tratos são considerados a principal causa de morte de crianças e adolescentes a partir dos
cinco anos de idade, representando então, um grave problema de saúde pública para a nossa sociedade. O
artigo 136 do Código Penal Brasileiro define maus tratos como: Expor a perigo a vida ou a saúde de
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando -a à trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina.
Rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito e punições exageradas são formas comuns desse tipo de
agressão, que não deixa marcas visíveis, mas causa danos por toda a vida.
Implica em atos de omissão do adulto responsável, que não provê adequadamente nutrientes para o corpo e
para o psiquismo ou não oferece supervisão adequada, não estando física e emocionalmente disponível para
a criança ou adolescente
Abuso sexual
Abuso do poder, no qual a criança ou adolescente é usada para gratificação sexual de u m adulto, sendo
induzida ou forçada a práticas sexuais com ou sem violência física.
Diante de suspeita de maus-tratos em crianças e adolescentes, consta de notificação, aos Conselhos Tutelares ou,
comunicação ao Juizado da Infância e Juventude; denúncia da ocorrência à autoridade policial e solicitação de guia
de encaminhamento da criança a exame de corpo de delito.
Identificação que o cirurgião-dentista deve observar são: contusões na face, pescoço, estruturas periorais,
palato, lábios e assoalho da boca; lacerações em face, mucosas, freios labial e lingual; queimaduras em face e
mucosas; traumas em olhos e orelhas. A identificação de maus-tratos representa a fase primordial de atuação
profissional para o enfrentamento do problema O cirurgião-dentista, não está preparado para conduzir casos de
maus tratos contra crianças. Falta de preparo desde sua formação acadêmica Resolução CFO 118/12 com a Lei
8.069/90. (obrigatoriedade em colaborar com a justiça)
De acordo com o art. 66 (omissão de comunicação de crime), deixar de comunicar maus tratos à autoridade
competente resulta em multa. Já, de acordo com a lei 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 13: os
casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem
prejuízo de outras providências legais.
Situação-problema
Em uma situação hipotética, em um bar ocorreu uma discussão seguida de uma briga, que resultou na morte de
uma das pessoas envolvidas. O indivíduo causador da morte esta foragido. O corpo foi encaminhado para IML
(Instituto médico Legal), para exame de corpo delito. Neste ocasião o único funcionário que está no IML, para o
exame é o perito odontolegista. O Perito Odontolegista, observa que o ferimento que ocasionou o óbito, foi
causado por um PAF (Projétil de Arma de Fogo), na região do toráx próximo ao coração. Além desse ferimento
fatal, foi visualizado marcas de mordidas na região da cabeça e do pescoço. Com base na situação hipotética
apresentada, responda:
1. De acordo com os conhecimentos adquiridos , o perito odontolegista neste caso é considerado concursado?
Por quê?
2. O perito odontolegista ao observar a ferida causada pelo PAF, quais os aspectos que podem ser classificados
essas feridas?
Resolução da situação-problema
Conhecimento da Lei 5.081 (Competências do Cirurgião-dentista).
Resposta 01
Neste caso o perito é considerado oficial, pois trabalha em instituições como o IML, no caso do perito não oficial é
chamado ad hoc e são nomeados por um magistrado ou autoridade em casos onde não tem um perito
concursado ou o mesmo encontra-se indisponível para tal ação.
Resposta 02
O perito odontolegista deve observar primeiramente que a lesão é de ordem mecânica, causados por
instrumentos de ação composta, no caso pérfuro – contundentes - São aqueles que agem inicialmente por
pressão em uma superfície e posteriormente perfuram a região atingida.
Resposta 03
O estudo de mordida neste caso é de grande importância, pois o suposto agressor esta foragido e as marcas de
mordidas são consideradas um método de identificação muito importante e relevante.
Odontologia Legal e Deontologia
Perícias odontológicas e identificação humana
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Nesta webaula, estudaremos tópicos das perícias odontológicas e também da identificação humana, tais como:
perícias odontológicas, identificação odontológica legal, antropologia forense, e, por fim, sexologia forense.
Perícias odontológicas
Conceito de perícia
Exame realizado por indivíduo com conhecimentos específicos em determinado assunto, com o objetivo de buscar
a verdade sobre determinado fato, elucidando dúvidas e fornecendo dados para a decisão do julgador.
“Conjunto de procedimentos técnico-científicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da
Justiça.
”
— (BARROS, 2019).
“Procedimento especial de constatação, prova ou demonstração científica ou técnica, relacionado com a veracidade de uma
situação ou análise
”
— (BARROS, 2019).
Criminal.
Civil (cível).
Trabalhista.
Sede administrativa.
Criminal
Área de atuação do IML ( Instituto Médico Legal ) e do IC ( Instituto de Criminalística). Realizam pericias em
casos criminais: homicídios, acidentes de transito, agressões, violência sexual, roubos.
Civil (cível)
Envolvem ressarcimento em dinheiro ou bens. Atua nos casos de danos estéticos, morais ou materiais.
Trabalhista
Atua na área do trabalho , não só com o empregado como com o local do trabalho. Atuam em processos de
aposentadoria, invalidez (INSS), acidente de trabalho, benefícios e obrigações sociais.
Sede administrativa
Atua em sede administrativa efetua perícias de convênio e aquelas em demandas internas em instituições
públicas ou privadas.
Conceito de perito
Segundo Scaglia (2014), perito é aquele que se incumbe da realização de exames técnicos de sua especialidade ou
competência, para esclarecimento dos fatos que são objeto do inquérito policial ou processo judicial.
“Especialista em determinada matéria, encarregado de servir como auxiliar da Justiça, esclarecendo pontos específicos
distantes do conhecimento do magistrado.
”
— (NUCCI, 2007).
IV. Proceder à perícia odontolegal em foro civil, criminal, trabalhista e em sede administrativa.
IX. Utilizar, no exercício da função de perito-odontólogo, em caso de necropsia, as vias de acesso do pescoço e da
cabeça.
Perito oficial
São profissionais, aprovados em concurso público, e que exercem esta função por atribuição de cargo
público. (Odontolegista). Funções: efetuam exames de corpo de delito requisitadas pela autoridade judicial,
policial ou presidente de Inquérito Policial Militar, requisitadas ao diretor do departamento ou instituto de
criminalística ou médico legal.
São designados pela autoridade para suprirem a falta de peritos oficiais, ou substitui-los quando estiverem
impedidos ou impossibilitados de exercerem suas atividades. Funções: efetuam exames de corpo de delito
requisitadas pela autoridade judicial, policial ou presidente de Inquérito Policial Militar, requisitadas ao
diretor do departamento ou instituto de criminalística ou médico legal. (Por falta de perito oficial). Efetuam
exames de corpo de delito requisitadas pela autoridade judicial, policial ou presidente de Inquérito Policial
Militar, requisitadas ao diretor do departamento ou instituto de criminalística ou médico legal.
Identificação odontologia legal
Conceitos de reconhecimento e identidade
Segundo Maranhão (1992), o reconhecimento é a identificação empírica e a identificação um conhecimento
científico. Já Carvalho (2009) define identidade como o conjunto de caracteres físicos, funcionais e psíquicos, natos
ou adquiridos, porém permanentes, que torna uma pessoa diferente das demais e idêntica a si mesma. Segundo
Carvalho, a identificação é o processo que compara esses caracteres, procurando as coincidências entre os dados
previamente registrados e os obtidos no presente.
Tipos de identificação
Podemos fazer a identificação por meios de dois tipos:
Unicidade ou Individualidade
Área de atuação do IML (Instituto Médico Legal) e do IC (Instituto de Criminalística). Realizam pericias em
casos criminais: homicídios, acidentes de transito, agressões, violência sexual, roubos.
Imutabilidade
Perenidade
Praticabilidade
Classificabilidade
É a condição que torna possível guardar e achar, quando preciso, os conjuntos de caracteres que são
próprios e identificadores das pessoas.
Métodos de identificação
Os métodos de identificação podem ser divididos em:
No quesito estimativa da idade pelos dentes, segundo Silva (1997), para se chegar na idade aproximada deve-se
avaliar vários aspectos, como: estatura, peso, presença de rugas. Existem dois métodos de se realizar o exame:
Método direto
Realizado através do exame clínico, analisando o número de dentes irrompidos, a sequência eruptiva, a
cronologia de erupção e o estado geral dos elementos dentários.
Método indireto
Por meio de análise de radiografia intra e extra-orais observando, principalmente, a mineralização dentária.
No quesito estimativa de altura pelos dentes, a estatura é considerada um parâmetro importante para a
identificação pessoal tanto em indivíduos vivos quanto mortos, sendo essencial para exames forenses. Existe um
método matemático que permite o cálculo da altura do indivíduo a partir das dimensões dos dentes. Possibilita o
cálculo da altura nos casos de fragmentação ou esquartejamento, acidental ou criminal, dos cadáveres ou em
casos que se dispõe de restos humanos nos que foram preservadas as peças dentárias. A técnica de Carrea é o
esquema do traçado do “arco” e da “corda” entre a face mesial do primeiro incisivo inferior e a fase distal do
canino inferior do mesmo lado, que possibilitará as medições necessárias para calcular a altura.
Técnica de Carrea
Já no quesito fenótipo da cor da pele pelos dentes, a estimativa da cor por meio da análise dental tem valiosa
importância, em especial, entre aqueles indivíduos em que os dentes são os únicos elementos de identificação
quando da ocorrência dos desastres em massa, onde qualquer dado encontrado é de grande valor para que se
possam separar os indivíduos.
Contudo, nenhum método isolado é capaz de estabelecer uma previsibilidade para determinação do fenótipo
cor de pele.
Sexologia forense
É o capítulo da sexologia que estuda as ocorrências médico-legais atinentes à gravidez, ao aborto, ao parto, ao
puerpério, ao infanticídio, à exclusão da paternidade e a questões diversas relacionadas com a reprodução
humana. É a disciplina científica que estuda as questões relacionadas com o sexo em seus aspectos médicos,
jurídicos, filosóficos e sociológicos, ou seja estuda a solução dos problemas jurídicos que o sexo pode suscitar
Importância:
Nos ensina tudo que devemos saber a respeito dos problemas sexuais.
Nos habilita a seguir e respeitar as leis da natureza e evitar desvios do instinto.
Nos fornece elementos capazes de orientar corretamente a educação e a iniciação sexual dos nossos
filhos.
Nos esclarece, como médicos e juristas, sobre os meio de identificar as anomalias e crimes sexuais e
como julgar seus autores e proteger suas vítimas.
Erotologia forense
Obstetrícia forense
Himenologia forense
Cristas marginais.
Fossetas e fossas.
Protuberâncias.
Sulcos.
Cúspides.
As relações que ocorrem em diferentes partes das coroas ou raízes dos dentes, que variam na faixa de tamanho e
dimensão também são analisadas.
Sulcos
Os dentes são fontes excelentes e confiáveis de informação e a expressividade de certas características pode
indicar uma relação positiva ou negativa de uma pessoa a um determinado grupo racial.
Identificação de seres humanos que usavam as características únicas em dentes e mandíbulas é datado
desde os tempos romanos.
Incisivos centrais superiores: são mais volumosos nos indivíduos do sexo masculino do que nos do sexo feminino,
mas as diferenças são milimétricas.
A relação entre o diâmetro mesio-distal do incisivo central e incisivo lateral superiores é menor na mulher do que
no homem, visto que na mulher, os dentes são mais semelhantes entre si.
Situação-problema
Pedro, quarenta e seis anos de idade, foi encaminhado para a realização de exames admissionais quando de sua
contratação para trabalhar na colheita manual de mangas em determinada fazenda. O exame médico indicou
ausência de anomalias cardiovasculares, tabagismo, hipertensão leve e diabetes melittus controladas, qualidade
da visão e da audição compatíveis com a idade. O exame odontológico revelou sinais clínicos de doença
periodontal severa, bolsas periodontais profundas nos dentes anteriores inferiores, sangramento à sondagem,
cálculo supra e infragengival — o paciente relatou ter sido submetido a tratamento periodontal havia mais de três
anos. Conforme relatou, durante a atividade de colheita, após ele ter retirado algumas frutas, o galho de uma
mangueira caiu, tendo atingido sua cavidade oral, o que provocou, na hora do impacto, a mobilidade dos seus
dentes anteriores. Posteriormente, Pedro perdeu seus dentes incisivos anteriores inferiores. Tendo perdido os
referidos elementos dentários, Pedro realizou reclamação trabalhista contra o empregador, requerendo danos
morais e materiais, sob a alegação de que o acidente sofrido durante a colheita causou a perda de seus dentes.
Em audiência de conciliação, o juiz responsável pelo caso deferiu os pedidos das partes e nomeou um profissional
para atuar como perito e avaliar os possíveis danos sofridos por Pedro.
1. A área de conhecimento que o perito deve dominar para atender de forma satisfatória o pedido do
magistrado.
2. O papel do perito no caso e o objetivo da realização da perícia.
3. A importância da documentação odontológica ao exame admissional.
Resolução da situação-problema
Conhecimento de Perícias.
Conhecimento da área de atuação do perito odontolegista.
Conhecimento do Código de Ética Odontológica (CEO).
Conhecimento do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Importância da documentação odontológica.
Resposta 01: nos casos em que os acidentes de trabalho afetam a região do sistema estomatognático do
trabalhador, o profissional mais competente para avaliar a lesão, suas causas e consequências é o perito
Odontolegista.
Resposta 02: o papel do Odontolegista é estabelecer entre outras coisas, o nexo causal entre a ação e a lesão
sofrida e valorar e quantificar suas possíveis consequências. Ele deve observar o estado de saúde ou a capacidade
fisiológica do periciando antes de sofrer as lesões e seu estado atual, comparando-os e estabelecendo se o dano
causado relaciona-se ao fato alegado.
Resposta 03: a adequada qualidade dos registros odontológicos permite que diversas particularidades
odontológicas sejam identificadas. Sabe-se que a documentação odontológica é fonte de informações para os
pacientes e serve de prova para os cirurgiões-dentistas em questões jurídicas. A maneira como cada profissional
elabora seu prontuário odontológico é livre, mas alguns cuidados devem ser tomados para que o prontuário
possa ser uma fonte confiável de dados. Do ponto de vista ético, o prontuário odontológico deve ser constituído
por todos os documentos emitidos no ambiente clínico e de exames complementares necessários para a
realização do diagnóstico pelo cirurgião-dentista. Esses documentos incluem a ficha clínica com a história médica e
odontológica atual, radiografias intra e extra orais, cópias de atestados e receituários de prescrição de
medicamentos, modelos de estudos e fotografias
Odontologia Legal e Deontologia
A importância da documentação odontológica e atribuições dos profissionais
auxiliares da odontologia
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Nesta webaula, veremos a importância da documentação odontológica e atribuições dos profissionais auxiliares
da odontologia.
Qualquer elemento com valor documental (fotos, filmes, papéis, peças, fitas de gravações, construções,
objetos de arte etc.) capaz de provar, elucidar, instruir um processo, comprovar a veracidade ou evidência
científica de algum fato, acontecimento, teoria, declaração etc.
Para fins de arquivamento, os documentos podem ser divididos em: documentos contábeis e documentos legais.
Cabe destacar que os documentos legais servem para provar a regularidade, legalidade de todas as operações da
empresa. Dentro dos documentos legais, temos os da área odontológica, que são os documentos odontolegais,
que compreendem o conjunto das declarações orais ou escritas, firmadas por cirurgião dentista (CD), no exercício
da profissão, para servir como prova, que podem ser utilizadas com finalidade jurídica.
A documentação odontológica é importante pois ela atua como forma de identificação humana, meio de
prova e também nas relações de consumo (fornecedor x consumidor).
Oficial
Aquele oriundo de uma repartição ou dependência oficial (CS, IML), ou de um profissional que no momento
de expedi-lo esteja em uso e gozo de cargo ou função pública.
Oficioso
É todo documento promanado de CD, em consultório particular ou em qualquer local ou instituição, desde
que não esteja submetido ao vínculo do cargo ou função pública.
Os documentos odontolegais são classificados quanto a finalidade:
Administrativo
É o documento produzido por CD, e que se destina a ser apresentado perante qualquer pessoa, empresa,
instituição ou repartição, mesmo que dependa direta ou indiretamente do Poder Judiciário, mas desde que
venha a ser entranhado em processo judicial.
Judicial
Qualquer documento da lavra de CD que se destina a ser utilizado nos autos de processo judicial.
Falso
É todo documento cujo conteúdo difere da realidade ou não é a expressão da verdade. Seu autor está sujeito
às penas que a lei impõe para tanto.
Verdadeiro
Documento emitido por CD cujo texto é a mera expressão da verdade, isto é, contém dados técnicos de fatos
que realmente foram constatados no paciente.
Notificação compulsória
É um documento que relata fatos, de índole odontológica ou não, observados ou constatados no exercício da
profissão, e que, por força de lei, o CD tem obrigação de comunicar.
Crimes de ação pública e maus tratos (à crianças, à mulher e ao idoso): deixar de comunicar à
autoridade competente resulta em multa prevista no Código Penal, art. 66 (Omissão de Comunicação de
Crime);
É uma declaração particular sucinta em que se afirma a veracidade de certo fato odontológico e as
consequências deste que implicam em providências administrativas, judiciárias ou oficiosas, relacionadas
com o cliente. O atestado Odontológico é a simples descrição de um fato Odontológico e suas consequências
(Daruge, 2003). Segundo a lei nº 5.081 de 24 de agosto de 1996, compete ao cirurgião dentista:
Atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros, inclusive para justificação de
faltas ao emprego.
Finalidade.
Trabalhista.
Escolar.
Esportivo.
A inclusão do tratamento realizado no atestado, sem a anuência do paciente é quebra de sigilo profissional,
infração ética prevista no Código de Ética Odontológica- C.E.O. No Art. 9 §1º.
Parágrafo único:
Se o crime é cometido com fim de lucro, aplica-se também multa.
Art. 299: omitir, em documento público ou particular, declaração que devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com fim de prejudicar direito, criar
obrigação ou alterar verdade sobre fato juridicamente relevante.
Relatório
É um documento que relata para a Autoridade Requisitante fatos ocorridos, constatados pelo perito,
minucioso, redigido formalmente e que deve contribuir para o esclarecimento de um ou mais fatos de ordem
odontológica. (VANRELL, 2019)
I. Preâmbulo.
IV. Discussão.
V. Conclusão.
Art. 342: [...] fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor ou
intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral[...] Pena – reclusão de 1 a 3
anos, e multa.
Parecer
Via de regra, a consulta é endereçada a um profissional que tenha competência especial sobre o assunto,
quem dará a sua opinião pessoal sobre a matéria, sendo este parecer juntado nos autos do processo judicial.
Trata-se de documento particular, unilateral, que não exige compromisso legal do parecerista, donde que
nunca se possa enquadrar como falsa perícia. O parecer não tem forma fixa, seguindo aproximadamente, a
mesma sequência do laudo, com estas partes:
I. Preâmbulo.
III. Discussão.
IV. Conclusão.
Depoimento oral
Tecnicamente, não é um documento (por não ser escrito). É uma informação prestada, de viva voz, “coram
judice”, pelo perito, perante a autoridade policial ou judiciária, que o registra por termo, em assentada (papel
escrito ou arquivo digital). Só a partir de então, torna-se um documento.
Consulta
Meios judiciais e não uma consulta comum - Opinião de um profissional diretamente a alguma autoridade
judicial e/ou policial.
Elaborar e manter atualizados os prontuários na forma das normas em vigor, incluindo os prontuários
digitais.
Tempo de guarda da documentação odontológica
O Código de Defesa do Consumidor, estabelece prazo prescricional de cinco anos ,em caso de vício oculto ou de
difícil constatação, inicia-se a partir do conhecimento do fato. O Código Civil estabelece prazo prescricional para
prestação de serviço de três anos.
Vício oculto: efeito que não pode ser constatado no ato da compra ou aquisição do bem ou produto.
Diferente do vício aparente.
Modalidade de culpa
Negligência: realizar determinados procedimentos, sem as precauções necessárias.
Imprudência: falta de cautela, de atenção, deveria prever e não previu, toma atitude diversa da esperada.
Conselho Federal de Odontologia - CFO –Parecer 125/92. Tempo de arquivamento dos documentos
odontológicos é no mínimo de 10 anos, após o último atendimento do paciente.
Acesso a justiça
2. Hipossuficiência (pessoa que não dispõe dos recursos financeiros necessários para se sustentar; que não é
autossuficiente.
Segundo o art. 6º, são direito básicos do consumidor:
A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências.
Integridade
Assegurar que recursos e dados não sejam alterados por entidades não autorizadas.
Confidencialidade
Disponibilidade
Autenticação
Autorização
Legalidade
Quando alguém não pode negar a autenticidade de um documento, a sua assinatura ou o seu envio.
Auditoria
Processo de assegurar que a atividade de um usuário possa ser devidamente registrada e revista para
detectar eventos suspeitos.
O conteúdo pertence ao paciente e aos profissionais da saúde, a sua guarda e sigilo das informações.
Cautela por parte daqueles que manipulam os dados eletrônicos sejam seguros, para proteger as
informações.
Os aspectos éticos e legais da documentação odontológica, são de suma importância para o exercício da
profissão, fundamental nos casos de questionamentos judiciais e éticos, considerada a principal prova.
I. Participar do treinamento e capacitação de Auxiliar em Saúde Bucal e de agentes multiplicadores das ações
de promoção à saúde.
II. Participar das ações educativas atuando na promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais.
IV. Ensinar técnicas de higiene bucal e realizar a prevenção das doenças bucais por meio da aplicação tópica do
flúor, conforme orientação do cirurgião-dentista.
V. Fazer a remoção do biofilme, de acordo com a indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista.
VI. Supervisionar, sob delegação do cirurgião-dentista, o trabalho dos auxiliares de saúde bucal.
Lei 6610/09, do Senado, que atualiza a regulamentação da atividade do técnico em prótese dentária. O
projeto revoga a Lei 6.710/79.
Compete ao auxiliar de prótese dentária, sob a supervisão do técnico em prótese dentária ou do cirurgião-
dentista:
a. Reprodução de modelos.
“Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja
preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
”
— Fonte: https://bit.ly/2Efu5tM. Acesso em: 08 jul. de 2020.
“Dever ético que impede a revelação de assuntos profissionais confidenciais ligados à profissão.
”
— (AURÉLIO, 2020).
O segredo profissional é uma modalidade de segredo confiado obrigatório, abrange todas as profissões liberais.
oque se estabelece entre o confidente (profissional) e o confiado (paciente) é uma relação de natureza
obrigatoriamente confidencial.
I. Revelar, sem justa causa, fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão do exercício de sua profissão.
III. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou
na divulgação de assuntos odontológicos em programas de rádio, televisão ou cinema, e em artigos,
entrevistas ou reportagens em jornais, revistas ou outras publicações legais, salvos e autorizado pelo
paciente ou responsável.
Parágrafo Único
Compreende-se como justa causa, principalmente:
Art. 15: não constitui quebra de sigilo profissional a declinação do tratamento empreendido, na cobrança
judicial de honorários profissionais.
Art. 16: não constitui, também, quebra do sigilo profissional a comunicação ao Conselho Regional e às
autoridades sanitárias as condições de trabalho indignas, inseguras e insalubres.
Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária,
desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a
procedimento criminal.
Pena: multa.
Pela Lei 8078/90, o paciente é definido como um consumidor de serviços e o profissional, um prestador de
serviços. O CD pode assumir responsabilidades de ordem:
Agente causador: representado por dentista legalmente habilitado ou aquele que pratique charlatanismo.
Culpa: ação do agente que, sem intenção de prejudicar, traga resultados lesivos, podendo ser classificada em
levíssima, leve ou grave.
Excludentes de responsabilidade
Alguns acontecimentos podem interromper a cadeia causal, desobrigando o agente do dever de indenizar.
Segundo o art. 14, fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Fato da vítima: caso fortuito ou força maior; cláusula de não indenizar ou cláusula de irresponsabilidade;
renúncia; prescrição.
3. Dano moral: atinge a pessoa em seus direitos da personalidade como a honra, a dignidade e a imagem.
4. Dano material: o dano material consiste na lesão concreta que atinge interesses relativos a um parcial.
5. Dano estético: é configurado quando houver lesão corporal de natureza grave no que tange à deformidade.
6. Nexo de causalidade: o nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada e o
resultado.
7. Culpa: afigura-se imprescindível para caracterização e eventual ressarcimento pelos danos causados.
O profissional não se responsabiliza e não tem como prever como será o resultado final do tratamento, pois
ele pode variar de acordo como o organismo de cada paciente.
Resultado
Caso seja previsível o resultado, ou se o dentista prometer ao paciente uma possibilidade de resultado ele
deverá cumprir sob pena de ter que indenizar o dano e/ou a insatisfação do paciente.
A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências.
Situação-problema
Um homem de 35 anos de idade, foi a clínica radiológica para buscar a sua documentação ortodôntica, realizada
neste mesmo estabelecimento. Sua documentação ortodôntica, constava de 01 (uma) radiografia panorâmica, 01
(uma) Telerradiografia Lateral e 01 (um) modelo ortodôntico. Mas algo que chamou a atenção foi a data de
confecção desta documentação ortodôntica, constando de 01 (um) ano atrás. A clínica radiológica entregou a
documentação ao paciente conforme solicitado pelo mesmo.
Se fosse o seu paciente com esta documentação que você pediu há uma ano atrás, como você procederia?
Caso o paciente não queira realizar o tratamento com você, o que faria com a documentação do mesmo, caso
esta estivesse em sua guarda?
Anamnese.
Situação 01
Esta documentação tem validade para o procedimento clínico (ortodôntico) ?
Não teria validade para este procedimento clínico, como para os demais que este paciente virá a realizar. Porque
temos que considerar que em um ano, muitas situações podem alterar a morfologia e a integridades dos órgãos
dentárias, dos tecido de suporte ou sustentação por exemplo.
Situação 02
Se fosse o seu paciente com esta documentação na qual você pediu há uma ano atrás, como você procederia?
Como a documentação referida, foi realizada a um certo tempo, mais precisamente há um ano, pediria uma nova
documentação ao paciente. Explicando ao mesmo os motivos para a solicitação de uma nova documentação. Pois
há a necessidade de se atestar se ocorreram ou não alterações ortodônticas ou clínicas do paciente. Assim
reformular o plano de tratamento deste paciente.
Situação 03
Caso o paciente não queira realizar o tratamento com você, o que faria com a documentação do mesmo, caso esta
estivesse na sua guarda?
Caso o paciente se recuse a iniciar ou mesmo continuar o tratamento, devolvo a documentação ao paciente, pois
por direito a guarda da documentação é do profissional, mas a posse é do paciente em questão.