Análise Real
Análise Real
TEORIA E EXERCÍCIOS
ANA SÁ
BENTO LOURO
2004
Índice
3 Séries Numéricas 87
3.1 Generalização da operação adição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.2 Definição de série. Convergência. Propriedades gerais . . . . . . . . . . . . 89
3.3 Séries alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
3.4 Convergência absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.5 Séries de termos não negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
3.6 Multiplicação de séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
3.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Definição 1.1.2 Uma função f diz-se primitivável num intervalo I se existir uma
primitiva de f , definida em I.
NOTA: Há funções que não são primitiváveis. Por exemplo, a função f : R → R definida
por ½
0, se x < 2
f (x) =
1, se x ≥ 2
não é primitivável em R. De facto, a existência de uma função F : R → R tal que
F ′ (x) = f (x), ∀x ∈ R, contradiz o Teorema de Darboux: f não toma nenhum valor entre
0 e 1.
NOTAS:
1. Como consequência dos teoremas anteriores temos que todas as primitivas de f são
da forma F + C com F uma primitiva de f e C ∈ R.
2. Se F é uma primitiva de f no intervalo I, designamos por P f qualquer primitiva
de f em I, isto é, P f = F + C, com C ∈ R, qualquer.
Geometricamente:
Figura 1.1
f (x) P f (x)
xα+1
xα , α 6= −1 +C
α+1
(u(x))α+1
(u(x))α u′ (x), α 6= −1 +C
α+1
1
log(|x|) + C
x
1.1 Primitivas imediatas 3
f (x) P f (x)
u′ (x)
log(|u(x)|) + C
u(x)
ex ex + C
ax
ax , (a > 0) +C
log(a)
au(x)
au(x) u′ (x), (a > 0) +C
log(a)
cos(x) sen(x) + C
sen(x) − cos(x) + C
1
√ arc sen(x) + C
1 − x2
u′ (x)
p arc sen(u(x)) + C
1 − (u(x))2
1
−√ arc cos(x) + C
1 − x2
u′ (x)
−p arc cos(u(x)) + C
1 − (u(x))2
1
arc tg(x) + C
1 + x2
u′ (x)
arc tg(u(x)) + C
1 + (u(x))2
f (x) P f (x)
EXEMPLOS:
x3 x2
P (x2 + x + 1) = P x2 + P x + P 1 = + + x + C;
3 2
µ ¶
2 1 + cos(2x) 1 1 sen(2x)
P cos (x) = P = (P 1 + P cos(2x)) = x+ + C;
2 2 2 2
1
√ (x2 + 3) 3 +1
1 3 2 √
3
3 2
P 2x x2 + 3 = P 2x(x + 3) = 3
1 + C = (x + 3) x2 + 3 + C;
3
+ 1 4
3x2
P = log |x3 + 1| + C;
x3 + 1
1 1
P e5x = P 5 e5x = e5x + C;
5 5
P 10x cos(5x2 + 7) = sen(5x2 + 7) + C;
2
P = arc tg(2x) + C;
1 + (2x)2
2
P (cos(x) − 2 e3x ) = P cos(x) − 2P e3x = sen(x) − e3x + C;
3
1
x2 2 3 − 13 1 (x3 − 1)− 3 +1 1p3
P √ = P x (x − 1) = · 1 + C = (x3 − 1)2 + C.
3 3
x −1 3 −3 + 1 2
Teorema 1.1.4 Seja f uma função primitivável num intervalo I. Então, para cada
x0 ∈ I e cada y0 ∈ R, existe uma, e uma só, primitiva F de f tal que F (x0 ) = y0 .
Em particular, existe uma, e uma só, primitiva de f que se anula em x0 .
√
EXEMPLO 1: Calculemos f sabendo que f ′ (x) = x x e f (1) = 2.
Comecemos por calcular as primitivas F de f ′ , pois f é uma dessas funções.
2 5
F (x) = x 2 + C.
5
1.1 Primitivas imediatas 5
Mas
2 8
f (1) = 2 ⇔ +C =2⇔C = ,
5 5
2 5 8
portanto, f (x) = x 2 + ·
5 5
P (f g) = F g − P (F g ′ )
EXEMPLO 2: Podemos primitivar a função h(x) = log(x) usando este método. Sejam
f (x) = 1 e g(x) = log(x).
µ ¶
1
P (log(x)) = P (1. log(x)) = x log(x) − P x = x log(x) − P (1) = x log(x) − x + C.
x
EXEMPLO 3: Seja h(x) = cos(x) log(sen(x)). Sejam f (x) = cos(x) e g(x) = log(sen(x)).
Então
µ ¶
cos(x)
P (cos(x) log(sen(x))) = sen(x) log(sen(x)) − P sen(x)
sen(x)
e, portanto,
2 P (cos(log(x))) = x cos(log(x)) + x sen(log(x)),
1.2 Primitivação por partes e por substituição 7
ou seja,
x
P (cos(log(x))) = (cos(log(x)) + sen(log(x))) + C.
2
Demonstração: Seja F uma primitiva de f . Como, por hipótese, x = ϕ(t) temos F (x) =
F (ϕ(t)). Pela regra de derivação da função composta
ou ainda,
F (ϕ(t)) = Φ(t) + C,
o que implica que
F (x) = Φ(ϕ−1 (x)) + C.
x3 √
EXEMPLO 1: Seja f (x) = √ . Para calcular a primitiva de f façamos x − 1 = t,
x−1
isto é, ϕ(t) = 1 + t2 = x.
(1 + t2 )3 t5 t7
P (f (ϕ(t)).ϕ′ (t)) = P 2t = 2 P (1+t2 )3 = 2 P (1+3t2 +3t4 +t6 ) = 2(t+t3 +3 + ).
t 5 7
Assim,
µ ¶
x3 √ √ 3 3 √ 5 1 √ 7
P√ =2 x − 1 + ( x − 1) + ( x − 1) + ( x − 1) + C.
x−1 5 7
8 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
1
EXEMPLO 2: Consideremos f (x) = · Podemos calcular a sua primitiva fazendo
ex + e−x
ex = t, isto é, ϕ(t) = log(t).
1 1 1
P (f (ϕ(t)).ϕ′ (t)) = P −1
· =P = arc tg(t).
t+t t 1 + t2
Consequentemente,
P f (x) = arc tg(ex ) + C.
NOTA: Usamos, por vezes a notação
P (x) = Q(x), ∀x ∈ R ⇔ n = m ∧ an = bm , . . . , a1 = b1 , a0 = b0 .
P (x)
Definição 1.3.4 Uma função racional f (x) = diz-se irredutı́vel se P e Q não
Q(x)
tiverem raı́zes comuns.
em que M e R são polinómios, sendo M o quociente e R o resto (que tem grau inferior
ao grau de Q). Temos então
P (x) R(x)
= M (x) +
Q(x) Q(x)
o que implica que µ ¶ µ ¶
P (x) R(x)
P = P (M (x)) + P ·
Q(x) Q(x)
A primitiva de M é imediata por ser a primitiva de um polinómio. A segunda é a
primitiva de uma função racional, em que o grau do numerador é menor do que o do deno-
minador. Concluı́mos, assim, que basta estudar o caso das funções racionais irredutı́veis
em que o grau do numerador é menor do que o grau do denominador, isto é, ficamos
reduzidos ao 2o caso atrás considerado. Os teoremas seguintes, que não demonstraremos,
permitem-nos decompor uma função racional irredutı́vel do 2o caso na soma de funções
racionais cujas primitivas são “fáceis” de calcular (ou mesmo primitivas imediatas). A
primitivação de funções racionais irredutı́veis fica, pois, completamente resolvida.
Comecemos por analisar os casos em que Q admite apenas raı́zes reais. Temos o
seguinte teorema:
P (x)
Teorema 1.3.1 Se é uma função racional irredutı́vel, se o grau de P é menor que
Q(x)
o grau de Q e se
Q(x) = a0 (x − a1 )n1 (x − a2 )n2 . . . (x − ap )np ,
1.3 Primitivação de funções racionais 11
NOTA: Nas condições do Teorema 1.3.1, qualquer das parcelas em que se decompõe a
função tem primitiva imediata:
A A 1
P p
= · , se p 6= 1
(x − a) 1 − p (x − a)p−1
A
P = A log |x − a|
x−a
1o caso: Q tem raı́zes reais de multiplicidade 1, isto é, Q decompõe-se em factores do tipo
A
x − a com a ∈ R. A cada raiz a de Q associa-se uma parcela do tipo , com A
x−a
constante a determinar.
4x2 + x + 1
EXEMPLO: Calculemos a primitiva da função f definida por f (x) = ·
x3 − x
Como o número de raı́zes de um polinómio não ultrapassa o seu grau e x3 − x admite
as raı́zes x = 0, x = −1 e x = 1, podemos concluir que estas raı́zes têm multiplicidade 1.
Então
4x2 + x + 1 A B C
3
= + +
x −x x x−1 x+1
(A + B + C)x2 + (B − C)x − A
=
x3 − x
Pelo método dos coeficientes indeterminados temos
A+B+C = 4 B+C = 5 B = 3
B−C = 1 ⇔ B−C = 1 ⇔ C = 2
−A = 1 A = −1 A = −1
Assim:
4x2 + x + 1 −1 3 2
3
= + +
x −x x x−1 x+1
12 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
e µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
4x2 + x + 1 −1 3 2
P = P +P +P
x3 − x x x−1 x+1
2o caso: Q tem raı́zes reais de multiplicidade p, p > 1, isto é, Q admite x − a, com
a ∈ R, como divisor p vezes. Na decomposição, a cada raiz a de Q de multiplicidade p
vai corresponder uma soma de p parcelas com a seguinte forma:
Ap Ap−1 A1
p
+ p−1
+ ··· + ,
(x − a) (x − a) x−a
2x3 + 5x2 + 6x + 2
EXEMPLO: Calculemos a primitiva da função f definida por f (x) = ·
x(x + 1)3
Como x(x + 1)3 admite as raı́zes x = 0, x = −1 e x + 1 aparece 3 vezes na factorização
do polinómio, podemos concluir que estas raı́zes têm multiplicidade 1 e multiplicidade 3,
respectivamente. Então
2x3 + 5x2 + 6x + 2 A B C D
3
= + 3
+ 2
+
x(x + 1) x (x + 1) (x + 1) x+1
Assim:
2x3 + 5x2 + 6x + 2 2 1 −1
3
= + 3
+
x(x + 1) x (x + 1) (x + 1)2
1.3 Primitivação de funções racionais 13
e µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
2x3 + 5x2 + 6x + 2 2 1 1
P = P +P −P
x(x + 1)3 x (x + 1)3 (x + 1)2
1 1 1
= 2 log |x| − 2
+ +C
2 (x + 1) x+1
1 1 1
= log (x2 ) − + + C.
2 (x + 1)2 x + 1
P (x)
Teorema 1.3.2 Se é uma função racional irredutı́vel, se o grau de P é menor que
Q(x)
o grau de Q e se α + iβ (α, β ∈ R) é uma raiz de Q, de multiplicidade r, então
P (x) Mr x + N r M1 x + N 1 H(x)
= 2 2 r
+ ··· + 2 2
+ ∗
Q(x) [(x − α) + β ] (x − α) + β Q (x)
onde H e Q∗ são polinómios tais que o grau de H é menor que o grau de Q∗, Mr ,
Nr , . . . , M1 , N1 , são números reais e nem α + iβ nem α − iβ são raı́zes do polinómio Q∗ .
1o caso: Q tem raı́zes complexas de multiplicidade 1, isto é, Q admite como divisores
polinómios de grau 2, (uma única vez cada polinómio), que não têm raı́zes reais. Na
decomposição, a cada par de raı́zes (α + iβ, α − iβ) vai corresponder uma parcela com a
seguinte forma:
Ax + B
(x − α)2 + β 2
com A e B constantes a determinar.
x2 + 2
EXEMPLO: Calculemos a primitiva da função f definida por f (x) = ·
(x − 1)(x2 + x + 1)
Como √
2 1 3
(x − 1)(x + x + 1) = 0 ⇔ x = 1 ∨ x = − ± i
2 2
podemos concluir que estas raı́zes têm multiplicidade 1. Então
x2 + 2 A Bx + C
= +
2
(x − 1)(x + x + 1) x − 1 (x + 21 )2 + 3
4
(A + B)x2 + (A − B + C)x + A − C
=
(x − 1)(x2 + x + 1)
14 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
2o caso: Q tem raı́zes complexas de multiplicidade p, p > 1, isto é, Q admite como divisores
polinómios de grau 2 que não têm raı́zes reais, aparecendo p vezes cada polinómio na
factorização de Q. Na decomposição, a cada par de raı́zes (α+iβ, α−iβ) vai corresponder
uma soma de parcelas com a seguinte forma:
Ap x + Bp Ap−1 x + Bp−1 A1 x + B1
2 2 p
+ 2 2 p−1
+ ··· +
((x − α) + β ) ((x − α) + β ) (x − α)2 + β 2
com Ap , Ap−1 , . . . , A1 , Bp , Bp−1 , . . . , B1 constantes a determinar.
Como √
(x − 1)(x2 + 2)2 = 0 ⇔ x = 1 ∨ x = ±i 2
e (x − 1)(x2 + 2)2 tem grau 5, podemos concluir que estas raı́zes têm multiplicidade 1 e
multiplicidade 2, respectivamente. Então
x4 − x3 + 6x2 − 4x + 7 A Bx + C Dx + E
2 2
= + 2 2
+ 2
(x − 1)(x + 2) x − 1 (x + 2) x +2
Assim:
x4 − x3 + 6x2 − 4x + 7 1 x−1 −1
= + +
(x − 1)(x2 + 2)2 x − 1 (x2 + 2)2 x2 + 2
e
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
x4 − x3 + 6x2 − 4x + 7 1 x−1 −1
P = P +P +P
(x − 1)(x2 + 2)2 x−1 (x2 + 2)2 2
x +2
µ ¶ Ã !
1
x−1 2
= log |x − 1| + P −P x2
(x2 + 2)2 1+ 2
√1
µ ¶
x−1 1 2
= log |x − 1| + P −√ P ³ ´2
(x2 + 2)2 2 1 + √x2
µ ¶ µ ¶
x−1 1 x
= log |x − 1| + P − √ arc tg √ .
(x2 + 2)2 2 2
A primitiva à !
µ ¶
x−1 x−1
P 2 2
=P √ 2
(x + 2) (x2 + 2 )2
√ √
calcula-se fazendo a substituição x = 2 t, isto é, ϕ(t) = 2 t. Então
16 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
Ã√ !
2t − 1 √
P f (ϕ(t)).ϕ′ (t) = P · 2
(2t2 + 2)2
√ Ã√ !
2 2t − 1
= P
4 (t2 + 1)2
√ Ã √ !
2 2t 1
= P −
4 (t2 + 1)2 (t2 + 1)2
√ Ã √ !
2 2t 1
= P 2 −P 2
4 (t + 1)2 (t + 1)2
√ Ã√ !
2 2 1
= P 2t(t2 + 1)−2 − P 2
4 2 (t + 1)2
√ Ã √ 2 2
!
2 2 2 1 + t − t
= − (t + 1)−1 − P
4 2 (t2 + 1)2
√ µ ¶
1 1 2 1 + t2 t2
= − 2 − P 2 −P 2
4t +1 4 (t + 1)2 (t + 1)2
√ µ ¶
1 1 2 1 t 2t
= − 2 − P 2 −P
4t +1 4 t +1 2 (t2 + 1)2
√ µ µ ¶¶
1 1 2 1 t 1 1
= − 2 − arc tg(t) − − 2 +P
4t +1 4 t +1 2 2 t2 + 1
√ √ √
1 1 2 2 t 2
= − 2 − arc tg(t) − + arc tg(t)
4t +1 4 4 2(t2 + 1) 8
√ √
2t + 2 2
= − 2 − arc tg(t),
8(t + 1) 8
portanto, µ ¶ √ µ ¶
x−1 x+2 2 x
P =− − arc tg √ .
(x2 + 2)2 4(x2 + 2) 8 2
Finalmente,
√ µ ¶
5 2 x x+2
P f (x) = log |x − 1| − arc tg √ − + C.
8 2 4(x2 + 2)
1.3 Primitivação de funções racionais 17
P (x)
NOTA: Se admite uma decomposição da forma que aparece neste teorema, a sua
Q(x)
primitiva pode ser calculada recorrendo a primitivas de funções da forma
Ax + B Cx + D
e , p > 1.
(x − α)2 + β 2 [(x − α)2 + β 2 ]p
Temos no primeiro caso, usando a substituição x − α = βt,
½ ¾
Ax + B A(α + βt) + B
P = Pt ·β
(x − α)2 + β 2 β 2 t2 + β 2 t= x−α β
A (α + βt) + B A α + B + A βt
Pt · β = P
β 2 t2 + β 2 β(t2 + 1)
Aα+B A βt
=P 2
+P
β(t + 1) β(t2 + 1)
Aα+B 1 t
= P 2 +AP 2
β t +1 t +1
Aα+B A
= arctg(t) + log(t2 + 1)
β 2
Portanto,
µ ¶ "µ ¶2 #
Ax + B Aα+B x−α A x−α
P 2 2
= arctg + log + 1 + C.
(x − α) + β β β 2 β
C (α + βt) + D C α + D + C βt
Pt 2 2 2 p
·β =P
(β t + β ) β 2p−1 (t2 + 1)p
C α+D C βt
=P + P 2p−1 2
β 2p−1 (t2
+ 1)p β (t + 1)p
C α+D 1 C t
= 2p−1
P 2 p
+ 2p−2 P 2
β (t + 1) β (t + 1)p
C α+D 1 C 1 1
= 2p−1
P 2 p
− 2p−2 · · 2
β (t + 1) 2β p − 1 (t + 1)p−1
18 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
1
Resta-nos calcular P ·
(t2 + 1)p
Mas
1 1 + t2 − t2 1 t2
= = −
(t2 + 1)p (t2 + 1)p (t2 + 1)p−1 (t2 + 1)p
o que implica que
1 1 t2
P = P − P
(t2 + 1)p (t2 + 1)p−1 (t2 + 1)p
1 t 2t
=P −P · 2
(t2 + 1)p−1 2 (t + 1)p
1 t 1
=P + − P
(t2 + 1)p−1 2(p − 1)(t2 + 1)p−1 2(p − 1)(t2 + 1)p−1
t 2p − 3 1
= 2 p−1
+ P 2 ,
2(p − 1)(t + 1) 2p − 2 (t + 1)p−1
1
isto é, o cálculo da primitiva de ficou apenas dependente do cálculo da primitiva
(t2 + 1)p
1
de , que por sua vez pode, de modo análogo, fazer-se depender do cálculo da
(t2 + 1)p−1
1 1
primitiva de 2 , e assim sucessivamente até chegarmos à primitiva de que
(t + 1)p−2 1 + t2
é imediata.
P (x)
Teorema 1.3.3 Se é uma função racional irredutı́vel, se o grau de P é menor que
Q(x)
o grau de Q e se
com m, n ∈ N0 , aij ∈ R. Define-se o grau de P como o maior inteiro i + j tal que aij 6= 0.
Mais geralmente define-se, de modo análogo, polinómio em p variáveis u1 , . . . , up ,
| × ·{z
como a aplicação P : R · · × R} → R, dada por
p vezes
X
P (u1 , . . . , up ) = ai1 ...ip ui11 . . . uipp ,
i1 ,...,ip
X
i1 , . . . , ip ∈ N0 , ai1 ...ip ∈ R e uma soma finita em i1 , . . . , ip .
i1 ,...,ip
Expressão Substituição
m p r
f (x) = R(x n , x q , . . . , x s ) x = tµ
µ = m.m.c.{n, q, . . . , s}
³ ¡ ¢ m ¡ a x+b ¢ pq ¡ x+b ¢ rs ´
f (x) = R x, ac x+d
x+b n
, c x+d , . . . , ac x+d a x+b
= tµ
c x+d
µ = m.m.c.{n, q, . . . , s}
f (x) = xα (a + b xβ )γ xβ = t
20 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
1 1
EXEMPLO 1: Consideremos a função f (x) = √ √ = 1 1 · A substituição a
x+ x
3
x2 + x3
usar é x = ϕ(t) = t6 e a primitiva a calcular é
µ ¶
′ 1 5 6t5 t3 2 1
P f (ϕ(t))ϕ (t) = P 3 · 6t = P 2 =6P =6 P t −t+1−
t + t2 t (t + 1) t+1 t+1
µ 3 ¶
t t2
=6 − + t − log |t + 1| = 2t3 − 3t2 + 6t − 6 log |t + 1|
3 2
tendo-se assim
1 √ √ √ √
P√ √ = 3 x − 3 3
x + 6 6
x − 6 log( 6
x + 1) + C.
x+ x 3
√
2x + 3
EXEMPLO 2: Seja f (x) = √ · A substituição 2x + 3 = t4 permite resolver o
1 − 4 2x + 3
problema. Temos
µ ¶
′ t2 3 t5 4 3 2 1
P f (ϕ(t))ϕ (t) = P · 2t = −2 P = −2P t + t + t + t + 1 +
1−t t−1 t−1
µ 5 ¶
t t4 t3 t2
= −2 + + + + t + log |t − 1|
5 4 3 2
e
µ √ √ √ √
( 4 2x + 3)5 ( 4 2x + 3)4 ( 4 2x + 3)3 ( 4 2x + 3)2 √
P f (x) = −2 + + + + 4 2x + 3
5 ¶ 4 3 2
√4
+ log( 2x + 3) + C
p√ 2
3
EXEMPLO 3: Seja f (x) = x x2 + 2. Façamos a substituição x 3 = t. Obtemos:
3 1 3 1 3 √
P f (ϕ(t))ϕ′ (t) = P t 2 (2 + t) 2 t 2 = P t2 2 + t
2 2
que, como vimos anteriormente (exemplo 2), se resolve fazendo a substituição 2 + t = z 2 ,
isto é,
3 √ 3© ª
P t2 2 + t = Pz (z 2 − 2)2 · z · 2z z=√2+t
2 2
3© ª
= Pz 2(z 6 − 4z 4 + 4z 2 ) z=√2+t
2
½ 7 ¾
z z5 z3
= 3 −4 +4
7 5 3 z=√2+t
3 ³√ ´7 12 ³√ ´5 ³√ ´3
= 2+t − 2+t +4 2+t
7 5
1.4 Primitivação de funções algébricas irracionais 21
tendo-se finalmente
q√ µq ¶7 µq ¶5 µq ¶3
3 3 2 12 2 2
Px x2 + 2 = x3 + 2 − x3 + 2 +4 x3 + 2 + C.
7 5
Expressão Substituição
√ √
a x2 + b x + c = ax + t
se a > 0
√ √
a x2 + b x + c = t x + c
√
f (x) = R(x, a x2 + b x + c) se c > 0
√
a x2 + b x + c = t (x − α)
√
ou a x2 + b x + c = t (x − β)
se α e β são zeros reais
distintos de a x2 + b x + c
1
EXEMPLO 1: Consideremos a função f (x) = √ . Como a = 3 podemos
x 3x 2−x+1
√ √
usar a substituição 3x2 − x + 1 = 3 x + t, tendo-se:
√
3x2 − x√+ 1 = 3x2 + 2 3xt + t2
−x − 2 3xt = t2 − 1
1 − t2
x= √ = ϕ(t)
1 + 2 3t
√ 2 √
−2 3t − 2t − 2 3
o que implica ϕ′ (t) = √ ·
(2 3t + 1) 2
A primitiva a calcular é
√ √
1 −2 3t2 − 2t − 2 3
P µ ¶· √
1 − t2 √ 1 − t2 (2 3t + 1)2
√ 3· √ +t
1 + 2 3t 1 + 2 3t
√ √
−2 3t2 − 2t − 2 3
= P√ √
3(1 − t2 )2 + t(1 − t2 )(2 3t + 1
√ √
−2( 3t2 + t + 3)
= P √ √ √
( 3 − 3t2 + 2 3t2 + t)(1 − t2 )
22 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
µ 1 1 ¶
1 2 2
= −2P = −2P +
1 − t2 1−t 1+t
¯ ¯
¯1 − t¯
= log |1 − t| − log |1 + t| = log ¯
¯ ¯
1 + t¯
o que implica que
¯ 1 − √3x2 − x + 1 + √3x ¯
¯ ¯
1 ¯ ¯
P √ = log ¯ √ √ ¯ + C.
2
x 3x − x + 1 2
¯ 1 + 3x − x + 1 − 3x ¯
1
EXEMPLO 2: Primitivemos a função f (x) = √ · Tendo em conta que
x + 4x − √−x2
3
−x2 + 4x − 3 = 0 ⇔ x = 1 ∨ x = 3 podemos usar a substituição −x2 + 4x − 3 = t(x − 3).
√
−x2 + 4x − 3 = t(x − 3)
p
−(x − 3)(x − 1) = t(x − 3)
−(x − 1) = t2 (x − 3)
3t2 + 1
x= = ϕ(t)
t2 + 1
4t
o que implica ϕ′ (t) = ·
(t2
+ 1)2
A primitiva a calcular é
1 4t
P 2
µ 2 ¶· 2
3t + 1 3t + 1 (t + 1)2
· t − 3
t2 + 1 t2 + 1
4
= P 2
(3t + 1)(3t + 1 − 3t2 − 3)
2
−2 2 √
= P 2 = − √ arc tg( 3t)
3t + 1 3
o que implica que
√
1 2 √ −x2 + 4x − 3
P √ = − √ arc tg( 3 · ) + C.
x −x2 + 4x − 3 3 x−3
1.4 Primitivação de funções algébricas irracionais 23
Expressão Substituição
√
a2 − x 2 x = a cos(t) ou x = a sen(t)
√
x 2 − a2 x = a sec(t) ou x = a cosec(t)
√
x 2 + a2 x = a tg(t) ou x = a cotg(t)
√
9 − x2
EXEMPLO 1: Seja f (x) = · Façamos a substituição x = 3 sen(t) = ϕ(t). Temos
x2
ϕ′ (t) = 3 cos(t) e
p p
9 − 9 sen 2 (t) 1 − sen2 (t)
P f (ϕ(t))ϕ′ (t) = P · 3 cos(t) = P · cos(t)
9 sen2 (t) sen2 (t)
cos2 (t)
= P = P cotg2 (t) = P (cosec2 (t) − 1)
sen2 (t)
= −cotg(t) − t
e, assim,
√ √
9 − x2 x x 9 − x2 x
P 2
= −cotg(arc sen( )) − arc sen( ) + C = − − arc sen( ) + C
x 3 3 x 3
1
EXEMPLO 2: Consideremos a função f (x) = √ e a substituição x = 4 sec(t) =
x3 x2 − 16
′
ϕ(t). Temos ϕ (t) = 4 sec(t) tg(t) e
1
P f (ϕ(t))ϕ′ (t) = P p · 4 sec(t) tg(t)
43 sec3 (t) 16 sec2 (t) − 16
tg(t) tg(t)
= P p =P 3 2
43 sec2 (t) sec2 (t) − 1 4 sec (t) tg(t)
1 1 1
= 3P 2
= 3 P cos2 (t)
4 sec (t) 4
µ ¶
1 t sen(2 t)
= 3 +
4 2 4
e, assim, µ ¶
1 1 1 x sen(2 arc sec( x4 ))
P √ = 3 arc sec( ) + +C
x 3 2
x − 16 4 2 4 4
1
EXEMPLO 3: Para calcular as primitivas de f (x) = √ podemos fazer a subs-
x2 x2 + 4
24 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
1
P f (ϕ(t))ϕ′ (t) = P 2
p
2
· 2 sec2 (t)
4 tg (t) 4 tg (t) + 4
sec2 (t) sec2 (t)
= P p = P
4 tg2 (t) tg2 (t) + 1 4 tg2 (t) sec(t)
1 sec(t) 1
= P 2 = P cotg(t) cosec(t)
4 tg (t) 4
1
= − cosec(t)
4
e, assim, √
1 1 x 1 x2 + 4
P √ = − cosec(arc tg( )) + C = − +C
x 2 2
x +4 4 2 4 x
1.5 Primitivação de funções transcendentes 25
Expressão Substituição
f (x) = R(ex ) ex = t
³x´
A substituição tg = t conduz a uma função racional de t. De facto, de
2
¡x¢
³x´ ³x´
2
tg 1
sen(x) = 2 sen . cos =2q ·q
2 2 ¡
1 + tg2 x2
¢ ¡ ¢
1 + tg2 x2
¡x¢
tg 2 2t
= 2 ¡ ¢=
2 x
1 + tg 2 1 + t2
e ¡ ¢
2
³x´
2
³x´ 1 tg2 x2
cos(x) = cos − sen = ¡ ¢− ¡ ¢
2
¡ ¢
2 1 + tg2 x2 1 + tg2 x2
2 x
1 − tg 2 1 − t2
= ¡ ¢ =
1 + tg2 x2 1 + t2
conclui-se, tendo em conta que
³x´ 2
tg = t ⇒ x = 2 arc tg(t) = ϕ(t) ⇒ ϕ′ (t) = ,
2 1 + t2
½ µ ¶ ¾
2t 1 − t2 2
P f (x) = Pt R , .
1 + t2 1 + t2 1 + t2 tg( x2 )=t
A substituição indicada serve no caso geral, mas em certos casos particulares são
preferı́veis outras substituições. Assim, por exemplo, se R(sen(x), cos(x)) é função par em
sen(x) e cos(x) (isto é, se não se altera ao mudarmos simultaneamente sen(x) para −sen(x)
e cos(x) para − cos(x)), pode fazer-se a substituição tg(x) = t, ou seja, ϕ(t) = arc tg(t) e
t 1
sen(x) = √ e cos(x) = √ ·
1 + t2 1 + t2
1
EXEMPLO 1: Calculemos as primitivas de f (x) = · A substituição indicada
2 cos(x) + 1
26 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
³x´
é tg = t:
2
1 2 2
P 2 · 2
=P
1−t 1+t 3 − t2
2 + 1
1 +µt2 ¶
1 1 1
= √ P √ +√
3 3−t 3+t ¯√ ¯
1 √ √ 1 ¯ ¯
¯ 3 + t¯
= √ (− log | 3 − t| + log | 3 + t|) = √ log ¯ √ ¯
3 3 ¯ 3 − t¯
1 1 1
P 2 · = P
1 t 1 + t2 1 − t2
2
−
1 +µt 1 + t2 ¶
1 1 1
= P +
2 1−t 1+t
¯ ¯
1 1 ¯1 + t¯
= (− log |1 − t| + log |1 + t|) = log ¯¯ ¯
2 2 1 − t¯
e, portanto, ¯ ¯
1 1 ¯ 1 + tg(x) ¯
P = log ¯¯ ¯+C
cos2 (x) − sen2 (x) 2 1 − tg(x) ¯
1
EXEMPLO 3: Para primitivar a função f (x) = usa-se a substituição ex = t:
ex + 1
¯ ¯
1 1 −1 1 ¯ t ¯
P · =P + P = − log |1 + t| + log |t| = log ¯¯ ¯
t+1 t 1+t t 1 + t¯
e µ ¶
1 ex
P x = log + C.
e +1 ex + 1
As funções do tipo f (x) = sen(ax)sen(bx), com a e b constantes, |a| =
6 |b|, podem
primitivar-se tendo em conta que
1
sen(ax).sen(bx) = [cos(a − b)x − cos(a + b)x]
2
1.5 Primitivação de funções transcendentes 27
e conclui-se que
sen(a − b)x sen(a + b)x
P sen(ax).sen(bx) = − +C
2(a − b) 2(a + b)
De modo análogo,
sen(a − b)x sen(a + b)x
P cos(ax). cos(bx) = + +C
2(a − b) 2(a + b)
Se pretendermos primitivar um produto de vários factores sen(am x) e cos(bn x) po-
demos começar por substituir por uma soma o produto de dois dos factores; depois
substituem-se por somas os novos produtos obtidos por associação de novos pares de
factores; e assim sucessivamente até esgotar todos os factores.
EXEMPLO:
P sen(3x) cos(5x)sen(6x)
1
= P (sen(8x) + sen(−2x)) sen(6x)
2
1 1 1 1
= P (cos(2x) − cos(14x)) − P (cos(−4x) − cos(8x))
2 2 2 2
1 1 1 1
= P cos(2x) − P cos(14x) − P cos(4x) + P cos(8x)
4µ 4 4 4¶
sen(14x) sen(4x) sen(8x)
= 18 sen(2x) − − + +C
7 2 4
As funções do tipo f (x) = p(x)eax , onde p é um polinómio de grau n em x e a é uma
constante, primitivam-se por partes:
1 1
P p(x)eax = eax p(x) − P eax p′ (x).
a a
A primitiva que aparece no segundo membro é ainda do mesmo tipo, mas mais simples,
pois o grau de p′ (x) é inferior em uma unidade ao grau de p(x). Aplicando novamente o
mesmo processo até chegar a um polinómio de grau zero, obtém-se
µ ¶
eax p′ (x) p′′ (x) np
(n)
(x)
P f (x) = p(x) − + 2 + · · · + (−1) + C.
a a a an
As primitivas que obtivemos foram sempre funções elementares, isto é, funções algé-
bricas, a função exponencial, as funções trigonométricas e as trigonométricas inversas e,
de um modo geral, as funções que se possam obter por composição destas em número
finito. Por outras palavras, aprendemos a calcular primitivas de funções elementarmente
primitiváveis. Nem todas as funções estão nesta situação. No entanto,
Teorema 1.5.4 Toda a função contı́nua num intervalo [a, b] é primitivável nesse inter-
valo.
1.6 Exercı́cios 29
1.6 Exercı́cios
(b) x cos(x);
(c) (x2 + x + 1) ex ;
(d) (x2 + 1) cos(x);
x
(e) ;
cos2 (x)
log |x|
(f) .
x2
3. Primitive, por substituição, usando em cada caso a substituição indicada, as funções
definidas por :
x3 √
(a) √ ( x − 1 = t);
x−1
x2
(b) √ (x = 2 sen(t));
4 − x2
r µr ¶
1 x+2 x+2
(c) =t ;
x+4 x+4 x+4
1
(d) (ex = t);
e + e−x
x
1 ³x´
(e) (tg = t).
sen(x) + cos(x) 2
4. Determine as primitivas das funções racionais definidas pelas expressões analı́ticas
seguintes :
x5
(a) ;
2x + 1
x2 + 1
(b) ;
12 + 3x2
x+2
(c) 2
;
3x − 12x + 12
1
(d) ;
x2 − 9
2x
(e) ;
(x + 2)(x − 3)
x3 + x2 + x + 3
(f) ;
x4 + 2x2 − 3
x4
(g) ;
2x3 − 4x2 + 8x − 16
3x
(h) 2
;
−x + x + 6
1.6 Exercı́cios 31
t+1
(i) ;
t4 + t2
2x3
(j) .
(x2 + 1)2
5. Determine a primitiva da função x → x2 ex que toma o valor 1 para x = 0.
3 5π
6. Determine a primitiva da função x → que toma o valor para x = 0.
9x2 + 6x + 2 4
3
7. Determine a primitiva da função x → (cos(x)) 5 sen3 (x) + x2 ex que toma o valor 7
para x = 0.
8
8. Determine a função f tal que f ”(x) = , f ′ (1) = −1 e lim f (x) = 1.
(x + 1)3 x→+∞
µ ¶
1
9. (a) Mostre que, com a substituição log x = t , o cálculo de P R(log x) , onde
x
R designa uma função racional do seu argumento, pode fazer-se depender do
cálculo da primitiva de uma função racional em t.
4
(b) Primitive f (x) = 3
.
x[(log x) − 3 log x − 2]
10. Sendo g(x) = cosn (x)R(sen(x)), com n ı́mpar, onde R designa uma função racional
do seu argumento , mostre que a substituição sen(x) = t permite primitivar g através
da primitiva de uma função racional.
1
(j) √ ;
x x2 + 4x − 4
(k) arc tg(5x);
1
(l) √ ;
2 + x − x2
1
(m) √ √ ;
x+1+ 4x+1
(n) cos4 (ax) , a 6= 0;
p
(o) x5 3 (1 + x3 )2 ;
1
(p) ;
5 + 4 cos(x)
√
x − x3 ex + x2
(q) ;
x3
(r) (log x + 1)2 ;
sen(x)
(s) ;
cos(x)(1 + cos2 (x))
3x + 5
(t) ;
2x − 2x2 − 2x + 2
3
x3 (x + 3)
(u) ;
3x3 + 9x2 − 12
(v) (x + 1)3 e2x ;
x3 − 3x − 4
(w) ;
−4x + 2x2 − 16
2x + 1
(x) √ ;
3x + 2
2t − 1
(y) 4 ;
t − 2t + 2t2 − 2t + 1
3
tg(x)
(z) .
1 + cos(x)
12. Mostre por primitivação que:
1
(a) P [(sen(x))n−1 sen((n + 1)x)] = (sen(x))n sen(nx);
n
1
(b) P [(cos x)m cos(nx)] = [cosm (x)sen(nx) + mP [cosm−1 (x) cos((n − 1)x)]].
m+n
13. Estabeleça a seguinte fórmula de recorrência :
(tg(x))n−1
n
P (tg(x)) = − P (tg(x))n−2 , n ≥ 2.
n−1
1.6 Exercı́cios 33
xn
14. Seja fn (x) = √ . Mostre que :
a + bx
√
2xn a + bx 2na
P fn (x) = − P fn−1 (x).
(2n + 1)b (2n + 1)b
34 1. Funções Reais de Variável Real: Primitivação
Capı́tulo 2
NOTAS:
1. As somas superior e inferior estão bem definidas. Como f é limitada em [a, b], f
é limitada em [xi , xi+1 ], isto é, o conjunto {f (x) : x ∈ [xi , xi+1 ]} é limitado e,
portanto, tem ı́nfimo e supremo.
3. Se f é uma função não negativa em [a, b], dada uma partição P, a soma inferior
de Darboux é igual à soma das áreas dos rectângulos cujos lados têm comprimento
xi+1 − xi e inf f (x) (ver Figura 2.1).
x∈[xi ,xi+1 ]
a x 1 x 2 x 3 x 4 x5 x 6 x 7 x 8 x 9 x 10 b x
Analogamente, a soma superior de Darboux é igual à soma das áreas dos rectângulos
cujos lados têm comprimento xi+1 − xi e sup f (x) (ver Figura 2.2).
x∈[xi ,xi+1 ]
2.1 Integral de Riemann: Definição e propriedades 37
Demonstração: Da Definição 2.1.2, para cada [xi , xi+1 ] ∈ P2 , existem [yj , yj+1 ] ∈ P1 , j =
ki , . . . , pi , tais que ∪pj=k
i
i
[yj , yj+1 ] = [xi , xi+1 ]. Então
pelo que
pi pi
X X
(yj+1 − yj ) inf f (x) ≥ (yj+1 − yj ) inf f (x) =
x∈[yj ,yj+1 ] x∈[xi ,xi+1 ]
j=ki j=ki
pi
X
= inf f (x) (yj+1 − yj ) = (xi+1 − xi ) inf f (x).
x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ]
j=ki
NOTAS:
Rb
Proposição 4 Se a < b e f (x) = c, ∀x ∈ [a, b], então a
f (x) dx = c (b − a)
Proposição 5 Se a < b e f, g : [a, b] → R são duas funcões integráveis em [a, b] tais que
Rb Rb
f (x) ≤ g(x), ∀x ∈ [a, b], então a f (x) dx ≤ a g(x) dx.
2.1 Integral de Riemann: Definição e propriedades 39
Demonstração: Suponhamos que f é integrável e seja ε > 0, qualquer. Visto que o integral
é o supremo do conjunto das somas inferiores, existe uma partição P1 tal que
Z b
sP1 (f ) > f (x) dx − ε/2; (2.1)
a
analogamente, visto que o integral é o ı́nfimo do conjunto das somas superiores, existe
uma partição P2 tal que
Z b
SP2 (f ) < f (x) dx + ε/2. (2.2)
a
Rb
Então, SP2 (f ) − ε/2 < a f (x) dx < sP1 (f ) + ε/2 donde obtemos SP2 (f ) < sP1 (f ) + ε.
Se tomarmos uma partição P, mais fina que P1 e P2 então, pela Proposição 2, SP (f ) ≤
SP2 (f ) < sP1 (f ) + ε ≤ sP (f ) + ε.
Reciprocamente, suponhamos que para todo o ε > 0 existe uma partição P tal que
Rb
SP (f ) − sP (f ) < ε, isto é, SP (f ) < sP (f ) + ε. Então, a f (x) dx ≤ SP (f ) < sP (f ) + ε ≤
Rb Rb Rb
a
f (x) dx + ε, pelo que, para todo o ε > 0, 0 ≤ a
f (x) dx − a
f (x) dx ≤ ε, o que só é
Rb Rb
possı́vel se a f (x) dx = a f (x) dx.
e
inf g(x) ≤ g(x) ≤ sup g(x), ∀x ∈ [xi , xi+1 ],
x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ]
então
inf f (x)+ inf g(x) ≤ f (x)+g(x) ≤ sup f (x)+ sup g(x), ∀x ∈ [xi , xi+1 ],
x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ]
pelo que
inf f (x) + inf g(x) ≤ inf (f (x) + g(x)) ≤
x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ]
Seja ε > 0, qualquer. Pela Proposição 6 (desigualdades 2.1 e 2.2) existem partições
P1 , P2 , P3 e P4 tais que
Z b Z b
ε ε
f (x) dx − ≤ sP1 (f ) ≤ SP2 (f ) ≤ f (x) dx +
a 2 a 2
e Z Z b
b
ε ε
g(x) dx − ≤ sP3 (g) ≤ SP4 (g) ≤ g(x) dx +
a 2 a 2
Se considerarmos uma partição P mais fina que P1 , P2 , P3 e P4 , as últimas desigualdades
continuam válidas, com as Pi substituı́das por P e, adicionando,
Z b Z b Z b Z b
f (x) dx+ g(x) dx−ε ≤ sP (f )+sP (g) ≤ SP (f )+SP (g) ≤ f (x) dx+ g(x) dx+ε
a a a a
inf (cf (x)) = c inf (f (x)) e sup (cf (x)) = c sup (f (x)),
[xi ,xi+1 ] [xi ,xi+1 ] [xi ,xi+1 ] [xi ,xi+1 ]
Se c = −1, inf (−f (x)) = − sup (f (x)) e sup (−f (x)) = − inf (f (x)), pelo
[xi ,xi+1 ] [xi ,xi+1 ] [xi ,xi+1 ] [xi ,xi+1 ]
que sP (−f ) = −SP (f ) e SP (−f ) = −sP (f ); então,
Z b Z b Z b Z b
(−f )(x) dx = − f (x) dx e (−f )(x) dx = − f (x) dx
a a a a
Rb Rb
e destas igualdades concluı́mos que a (−f )(x) dx = − a f (x) dx.
Tendo em conta os casos estudados a proposição fica demonstrada (se c < 0, basta
observar que c = −1 (−c) e aplicar o que se mostrou anteriormente).
Demonstração: Dado ε > 0 qualquer, consideremos uma partição P1 de [a, b] tal que
SP1 (f ) − sP1 (f ) < ε/2 (Proposição 6). Se ao conjunto dos pontos que definem P1 acres-
centarmos c e d, obtemos uma partição P, mais fina que P1 , pelo que SP (f )−sP (f ) < ε/2.
Se considerarmos agora a partição P ′ de [c, d], que se obtém de P por considerar
apenas os elementos contidos em [c, d], verifica-se obviamente SP ′ (f ) − sP ′ (f ) < ε/2. Pela
Proposição 6, deduzimos que f é integrável em [c, d].
Falta-nos demonstrar a igualdade dos integrais. Supomos que a < c < d < b. Se
a = c ou d = b, as adaptações (de facto, simplificações) são evidentes. Procedemos,
agora, de modo semelhante ao da demonstração da Proposição 9. Sejam M tal que
|g(x)| ≤ M, ∀x ∈ [a, b] e P2 uma partição de [a, b], mais fina que P, tal que os elementos
de P2 em que c é extremo direito e os elementos de P2 em que d é extremo esquerdo
têm comprimento menor ou igual a ε/(2M ). Se P2′ é a partição de [c, d] que se obtém de
P2 por considerar apenas os elementos contidos em [c, d], sP2′ (f ) e sP2 (g) apenas diferem
(eventualmente) em duas parcelas: as que correspondem ao elemento de P2 em que c é
extremo direito e ao elemento de P2 em que d é extremo esquerdo. O mesmo acontece
em relação a SP2′ (f ) e SP2 (g). Então,
Z b Z c Z b
Proposição 12 Quaisquer que sejam a, b, c ∈ R, f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx,
a a c
sempre que os três integrais existam.
Demonstração: Se a < c < b, trata-se da Proposição 11. Se c < a < b, então, pela
Rb Ra Rb Rc Rb
Proposição 11, c f (x) dx = c f (x) dx + a f (x) dx = − a f (x) dx + a f (x) dx, donde
obtemos o resultado. Os restantes casos resolvem-se do mesmo modo.
n
X ε ε
< (xi+1 − xi ) = (b − a) = ε.
i=0
b−a b−a
Pela Proposição 6, f é integrável em [a, b].
Demonstração: Suponhamos que f é contı́nua em [a, b] excepto num ponto c ∈]a, b[.
Sejam ε > 0, qualquer e M > 0 tal que |f (x)| ≤ M, ∀x ∈ [a, b]. Então pelo Teorema
2.2.1, f é integrável em [a, c − ε/(12M )] e em [c + ε/(12M ), b] (podemos sempre tomar
ε suficientemente pequeno para nenhum destes intervalos ser vazio ou se reduzir a um
ponto), pelo que, pela Proposição 6, existem partições P1 e P2 de [a, c − ε/(12M )] e
[c + ε/(12M ), b], respectivamente, tais que SP1 (f ) − sP1 (f ) < ε/3 e SP2 (f ) − sP2 (f ) < ε/3.
Se considerarmos a partição P, de [a, b], formada pelos elementos de P1 , por C = [c −
ε/(12M ), c + ε/(12M )] e pelos elementos de P2 , então SP (f ) − sP (f ) < ε (note-se que
sup f (x) − inf f (x) ≤ 2 M e que o comprimento de C é ε/(6M )). Tendo em conta a
x∈C x∈C
Proposição 6, f é integrável em [a, b].
Se f não for contı́nua num dos extremos do intervalo, procede-se do mesmo modo,
com as adaptações evidentes. O mesmo acontece para o caso em que há vários pontos
de descontinuidade. Apenas temos que considerar vários conjuntos “C”, um para cada
ponto de descontinuidade, e adaptar as constantes.
n
X n
X
sP = (xi+1 − xi ) f (xi ) e SP = (xi+1 − xi ) f (xi+1 )
i=0 i=0
n
ε X ε
= (f (xi+1 ) − f (xi )) = (f (b) − f (a)) = ε.
M i=0 M
Pela Proposição 6, f é integrável em [a, b].
EXEMPLO: A função
0, se x = 0,
f (x) =
1 1 1
, se <x≤ , n∈N
n n+1 n
tem uma infinidade de descontinuidades em [0, 1], mas é integrável, visto ser crescente.
46 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
Demonstração: Como f é contı́nua, sabemos que é integrável e que tem máximo e mı́nimo
em [a, b]: existem x0 ∈ [a, b] e x1 ∈ [a, b] tais que
Pelas Proposições 4 e 5,
Z b Z b Z b
f (x0 ) (b − a) = f (x0 ) dx ≤ f (x) dx ≤ f (x1 ) dx = f (x1 ) (b − a)
a a a
isto é, Z b
f (x) dx
a
f (x0 ) ≤ ≤ f (x1 ).
b−a
Pelo Teorema de Bolzano existe c, entre x0 e x1 , tal que
Z b
f (x) dx
a
f (c) =
b−a
Teorema 2.3.2 (Teorema Fundamental do Cálculo Integral) Z x
Sejam a, b ∈ R, a < b. Se f : [a, b] → R é contı́nua, então a função F (x) = f (t) dt
a
é diferenciável em [a, b] e F ′ (x) = f (x), ∀x ∈ [a, b], isto é, F é uma primitiva de f
(também conhecida por integral indefinido de f ).
Z x+h Z x
F (x + h) − F (x) = f (t) dt − f (t) dt
a
Z x a
Z x+h Z Z
x x+h
= f (t) dt + f (t) dt − f (t) dt = f (t) dt.
a x a x
Z x+h
Pelo Teorema 2.3.1, existe c ∈ [x, x+h] tal que F (x+h)−F (x) = f (t) dt = f (c) h
x
pelo que
F (x + h) − F (x)
F ′ (x) = lim = lim f (c) = f (x)
h→0 h c→x
2.3 Teoremas Fundamentais 47
(note-se que, para cada h, c está entre x e x + h, pelo que, quando h tende para 0, c tende
para x).
π
EXEMPLO: A área da figura plana limitada pelas rectas x = 0, x = , pelo eixo dos xx
4√
Rπ π 2
e pelo gráfico de cos(x) é dada por: 04 cos(x) dx = sen( ) − sen(0) = .
4 2
2o CASO
Se f é integrável em [a, b] e f (x) ≤ 0, ∀x ∈ [a, b], a área da figura plana limitada
pelas rectas x = a, x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f (figura 2.4) é dada por
Rb
− a f (x) dx. De facto, se considerarmos a simetria em relação ao eixo dos xx, obtemos
uma figura com a mesma área (a simetria em relação a uma recta mantém as áreas
invariantes), que é limitada pelas rectas x = a, x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de
−f (figura 2.5). Visto que a função −f é não negativa em [a, b], estamos reduzidos ao 1o
Rb Rb
caso e a área é dada por a −f (x) dx = − a f (x) dx.
π
EXEMPLO: A área da figura plana limitada pelas rectas x = , x = π, pelo eixo dos xx
2
Rπ π π
e pelo gráfico de cos(x) é dada por: − π cos(x) dx = −(sen(π) − sen( )) = sen( ) = 1.
2 2 2
Figura 2.4
2.4 Áreas de figuras planas 49
Figura 2.5
NOTAS:
1. Não esquecer que a área de uma figura não degenerada (isto é, não reduzida a um
ponto ou segmento de recta ou curva, etc.) é um número positivo.
Rb
2. Em ambos os casos, 1 e 2, a área é dada por a |f (x)| dx.
3o CASO
Figura 2.6
EXEMPLO: A área da figura plana limitada pelas rectas x = 0, x = 2 π, pelo eixo dos xx
R 2π R π/2 R 3π/2
e pelo gráfico de cos(x) é dada por: 0 | cos(x)| dx = 0 cos(x) dx + π/2 − cos(x) dx +
R 2π
3π/2
cos(x) dx = sen(π/2) − sen(0) + (−sen(3π/2) + sen(π/2)) + sen(2π) − sen(3π/2) =
1 − 0 − (−1) + 1 + 0 − (−1) = 4.
4o CASO
f1
f2
Figura 2.7
Se f1 e f2 são integráveis em [a, b] e f1 (x) ≥ f2 (x), ∀x ∈ [a, b], a área da figura plana
limitada pelas rectas x = a, x = b, pelo gráfico de f1 e pelo gráfico de f2 (figura 2.7) é dada
Rb Rb
por a (f1 (x) − f2 (x)) dx (= a |f1 (x) − f2 (x)| dx visto que f1 (x) − f2 (x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b]).
Vamos justificar este resultado. Seja k ∈ R tal que f2 (x) + k ≥ 0, ∀x ∈ [a, b]; então
f1 (x) + k ≥ f2 (x) + k ≥ 0, ∀x ∈ [a, b] e a área pretendida é igual à área da figura plana
limitada pelas rectas x = a, x = b, pelo gráfico de f1 +k e pelo gráfico de f2 +k (trata-se de
uma translação da figura anterior). Mas a figura plana limitada pelas rectas x = a, x = b,
pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f1 + k contém a figura plana limitada pelas rectas x = a,
x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de Rf2 + k. ARárea pretendida R b é, pois, a diferença
b b
entre as áreas destas duas figuras, isto é, a f1 (x) − a f2 (x) dx = a (f1 (x) − f2 (x)) dx.
e − sen(1) − 1.
5o CASO
Se f1 e f2 são integráveis em [a, b], a área da figura plana limitada pelas rectas x = a,
Rb
x = b, pelo gráfico de f1 e pelo gráfico de f2 (figura 2.7) é dada por a |f1 (x) − f2 (x)| dx.
Raciocinamos de modo idêntico ao do 3o caso. Se f1 − f2 muda de sinal em [a, b] (figura
2.8), consideramos os subintervalos em que f1 ≥ f2 (nestes subintervalos a área é dada
pelo integral de f1 − f2 , isto é de |f1 − f2 |) e os subintervalos em que f1 < f2 (nestes
2.4 Áreas de figuras planas 51
Figura 2.8
subintervalos a área é dada pelo integral de f2 − f1 , isto é de |f2 − f1 |); a área total, que
Rb
é a soma de todas estas áreas é, pois, dada por a |f1 (x) − f2 (x)| dx (Proposição 11).
6o CASO
Figura 2.9
EXEMPLO:
R1 A área da figuraR plana limitada pelos gráficos das funções x2 e 2 − x2 é dada
1
por −1 ((2 − x2 ) − x2 ) dx = −1 (2 − 2x2 ) dx = 2 · 1 − 2 · 1/3 − (2 · (−1) − 2 · (−1)/3) =
4 − 4/3 = 8/3.
2.5 Integrais impróprios 53
De modo análogo, se g for uma função integrável no intervalo [a, x], ∀x > a, e se o
integral indefinido Z x
g(t) dt
a
tem limite finito quando x → +∞, poderemos escrever
Z +∞ Z x
g(t) dt = lim g(t) dt.
a x→+∞ a
Definição 2.5.1 Sejam a ∈ R e f uma função definida no intervalo [a, +∞[. Suponha-
mos que f é integrável em qualquer intervalo [a, x] com x > a. Seja, para cada x > a,
Z x
F (x) = f (t) dt.
a
e designa-se por Z +∞
f (t) dt.
a
a) Se F (x) tem limite finito quando x → +∞, diz-se que f Zé integrável (em sentido
+∞
impróprio) no intervalo [a, +∞[ ou que o integral impróprio f (t) dt existe, tem
a
sentido ou é convergente.
b) Se F (x) não tem limite ou tem limite infinito quando xZ→ +∞, diz-se que f não
+∞
é integrável no intervalo [a, +∞[ ou que o integral impróprio f (t) dt não existe ou
a
é divergente.
Z +∞
EXEMPLO 1: Consideremos o integral cos(x) dx. Este integral é divergente porque:
0
Z x
lim f (t) dt = lim [ sen(t) ]x0 = lim sen(x)
x→+∞ 0 x→+∞ x→+∞
Z +∞
Nota: Se o integral f (x) dx é convergente então
a
a) o limite de f quando x → +∞, se existir, é igual a zero;
b) qualquer que seja h > 0, o integral de f no intervalo [x, x + h] (ou o valor médio de f
no mesmo intervalo), tende para zero quando x → +∞.
Z +∞ Z +∞
Teorema 2.5.1 Se f e g são tais que os integrais f (t) dt e g(t) dt são con-
Z +∞ a a
Z +∞
Teorema 2.5.2 Se o integral f (t) dt é convergente e se b > a então o integral
Z +∞ a
f (t) dt é convergente e
b
Z +∞ Z b Z +∞
f (t) dt = f (t) dt + f (t) dt.
a a b
Nem sempre nos interessa saber o valor do integral impróprio e outras vezes não é
possı́vel calculá-lo porque
Z a função não é elementarmente primitivável (considere-se, por
+∞
2
exemplo, o integral e−x dx). Precisamos então de critérios que nos permitam saber
0
se um determinado integral impróprio é ou não convergente. Esses critérios chamam-se
critérios de convergência.
Z +∞
Teorema 2.5.3 O integral impróprio de 1 espécie
a
f (t) dt, com f (t) ≥ 0, ∀t ≥ a,
a
é convergente se, e só se, existe uma constante M tal que
Z x
f (t) dt ≤ M, ∀x > a.
a
definição, o integral f (t) dt é convergente se existir e for finito o limite lim F (x).
a x→+∞
A função F é crescente, pois se a ≤ x ≤ y vem
Z y Z x Z y
F (y) − F (x) = f (t) dt − f (t) dt = f (t) dt ≥ 0
a a x
porque f (t) ≥ 0 ∀t ≥ a.
Suponhamos que F é limitada superiormente, isto é, existe uma constante M tal que
F (x) ≤ M , ∀x ≥ a. Como F é crescente, existe e é finito o limite lim F (x) 1 . Além
x→+∞
disso, lim F (x) ≤ M .
x→+∞
Se F não é limitada superiormente então para cada M existe sempreZum x tal que
+∞
F (x) > M . Como F é crescente lim F (x) = +∞, o que significa que f (t) dt é
x→+∞ a
divergente.
1
Toda a função real f limitada e monótona numa parte não majorada X de R tem limite quando
x → +∞ e lim f (x) = sup f (x) ou lim f (x) = inf f (x) conforme f é crescente ou decrescente.
x→+∞ x∈X x→+∞ x∈X
56 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
Z +∞ Z +∞
Teorema 2.5.4 Sejam f (x) dx e g(x) dx dois integrais impróprios de 1a
a b
espécie com funções integrandas não negativas e suponhamos que existe c ∈ R tal que
f (x) ≤ g(x), ∀x > c.
Z +∞ Z +∞
a) Se g(x) dx é convergente então f (x) dx é convergente.
b a
Z +∞ Z +∞
b) Se f (x) dx é divergente então g(x) dx é divergente.
a b
Z +∞
1
isto é, o integral dx é divergente, concluı́mos, pelo Teorema 2.5.4, que o
0 1+x
integral em estudo é divergente.
Como se pode ver pelo exemplo anterior, é útil conhecer a natureza de alguns integrais
impróprios de modo a facilitar o uso dos critérios de convergência. Um exemplo de tais
integrais é o seguinte:
f (x)
lim
x→+∞ g(x)
existe finito e diferente de zero. Então os integrais são da mesma natureza, isto é, são
ambos convergentes ou ambos divergentes.
f (x)
Demonstração: Seja lim = L, L ∈ R+ . Por definição,
x→+∞ g(x)
¯ ¯
¯ f (x) ¯
∀δ > 0 ∃M > 0, x ≥ M ⇒ ¯¯ − L¯¯ < δ.
g(x)
L
Seja δ = . Então existe M > 0 tal que
2
¯ ¯
¯ f (x) ¯ L
¯ g(x) − L¯ < 2 , ∀x ≥ M,
¯ ¯
ou seja, ∀x ≥ M ,
L f (x) L
−< −L<
2 g(x) 2
L f (x) 3L
⇔ < <
2 g(x) 2
L 3L
⇔ g(x) < f (x) < g(x).
2 2
Pelo Teorema 2.5.1 e pelo Corolário do Teorema 2.5.4 temos o resultado pretendido.
2.5 Integrais impróprios 59
Z +∞ Z +∞
Teorema 2.5.6 Sejam f (x) dx e g(x) dx dois integrais impróprios de 1a
a b
espécie com funções integrandas positivas. Se
f (x)
lim = 0,
x→+∞ g(x)
então
Z +∞ Z +∞
a) se g(x) dx é convergente, f (x) dx é convergente.
b a
Z +∞ Z +∞
b) se f (x) dx é divergente, g(x) dx é divergente.
a b
Se
f (x)
lim = +∞,
x→+∞ g(x)
então
Z +∞ Z +∞
a) se g(x) dx é divergente, f (x) dx é divergente.
b a
Z +∞ Z +∞
b) se f (x) dx é convergente, g(x) dx é convergente.
a b
Demonstração:
¯ ¯
f (x) ¯ f (x) ¯
lim = 0 ⇔ ∀δ > 0 ∃M > 0 x ≥ M ⇒ ¯
¯ ¯ < δ.
x→+∞ g(x) g(x) ¯
Mas como as funções são ambas positivas,
¯ ¯
¯ f (x) ¯ f (x)
¯ g(x) ¯ < δ ⇔ g(x) < δ ⇔ f (x) < δg(x).
¯ ¯
Z +∞ Z +∞
α −x 1
EXEMPLO 2: Consideremos os integrais x e dx, α ∈ R, e dx. São
1 1 x2
integrais impróprios de 1a espécie sendo o segundo convergente. Como
xα e−x xα+2
lim = lim = 0, ∀α ∈ R,
x→+∞ 1 x→+∞ ex
x2
Z +∞
o integral xα e−x dx é convergente.
1
Z +∞
2
EXEMPLO 3: O integral e−x dx é um integral impróprio de 1a espécie. Como
0
1 Z +∞
ex2 x2 1
lim = lim x2 = 0 e dx é convergente, podemos concluir que o integral
x→+∞ 1 x→+∞ e 1 x2
x2
em estudo é convergente.
Z +∞
Teorema 2.5.7 Se o integral |f (x)| dx é convergente então o mesmo acontece ao
Z +∞ a
Demonstração: 0 ≤ |f (x)| − f (x) ≤ 2|f (x)|, ∀x ≥ a. Seja g(x) = |f (x)| − f (x). Visto que
Z +∞ Z +∞
o integral |f (x)| dx é convergente, o mesmo acontece ao integral 2 |f (x)| dx e,
a Z +∞ Z +∞ a
pelo Teorema 2.5.4, também converge o integral g(x) dx = (|f (x)| − f (x)) dx.
Z +∞ a a
ou seja, ¯Z ¯ Z
¯ +∞ ¯ +∞
¯
¯ f (x) dx¯¯ ≤ |f (x)| dx.
a a
2.5 Integrais impróprios 61
Z +∞
Definição 2.5.2 Diz-se que o integral f (x) dx é absolutamente convergente se
Z +∞ a Z +∞
o integral |f (x)| dx é convergente. Diz-se que o integral f (x) dx é simples-
a Z +∞ a
a) Se G(x) tem limite finito quando x → −∞, diz-se Z a que f é integrável (em sentido
impróprio) no intervalo I ou que o integral impróprio f (t) dt existe, tem sentido ou
−∞
é convergente.
b) Se G(x) não tem limite ou tem limite infinito quando Z ax → −∞, diz-se que f
não é integrável no intervalo I ou que o integral impróprio f (t) dt não existe ou é
−∞
divergente.
A estes integrais também se dá o nome de integrais impróprios de 1a espécie.
É óbvio que o estudo dos integrais impróprios com intervalo de integração ] − ∞, a]
é idêntico ao dos integrais sobre intervalos do tipo [a, +∞[. De resto, qualquer
Z integral
+∞
daquela forma pode reduzir-se a um desta última: basta efectuar no integral f (x) dx
a
a substituição x = −t para se concluir que os integrais
Z a Z +∞
f (x) dx e f (−x) dx
−∞ −a
são convergentes.
= f (x) dx + f (x) dx
−∞ a
Este facto legitima que, em caso de convergência, o integral seja definido pela ex-
pressão: Z +∞ Z a Z +∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
−∞ −∞ a
Como
Z x Z 0 · ¸0 µ ¶
−at 1 at 1 at 1 1 ax 1
lim e dt = e lim e dt = lim e = lim − e =
x→+∞ 0 a x→−∞ x x→−∞ a x
x→−∞ a a a
a
temos dois integrais
Z −1 µ ¶impróprios de 1 espécie com funções integrandas não negativas. O
1
integral − 3 dx é convergente e
−∞ x
x−1
− x4 − x3 1
lim 2x4 + 5x2 + 3 = lim = ,
x→−∞ 1 4 2
x→−∞ 2x + 5x + 3 2
− 3
x
Z 1
x−1
portanto, o integral dx é convergente.
−∞ + 5x2 + 32x4
Z +∞
x−1
De modo análogo se conclui que o integral dx é convergente. Da
1 2x + 5x2 + 3
4
convergência dos dois integrais conclui-se a convergência do integral dado.
64 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
Z 0
x
EXEMPLO 5: Consideremos o integral dx. A função integranda é
−∞ 1 + x2
sen2 (x)
negativa ou nula no intervalo de integração, tendo-se 1 + x2 sen2 (x) 6= 0, ∀x ∈ ] − ∞, 0].
⇔ 1 ≤ 1 + x2 sen2 (x) ≤ 1 + x2
1 1
⇔1≥ ≥
1 + x2 sen2 (x) 1 + x2
−x −x
⇔ −x ≥ 2 2
≥
1 + x sen (x) 1 + x2
Z 0 Z −1
−x −1
Estudemos o integral dx. Este integral é divergente porque dx é
−∞ 1 + x2 −∞ x
divergente e
−x
2 x2
lim 1 + x = lim =1
x→−∞ −1 x→−∞ 1 + x2
x
Dada a última desigualdade podemos concluir que o integral em estudo é divergente.
Z +∞
Nota: Seja f integrável em qualquer intervalo limitado. Diz-se que f (x) dx é
−∞
convergente em valor principal se existe (em R) o limite quando x → +∞ da função
Z x
F(x) = f (t) dt.
−x
Definição 2.5.5 Suponhamos que a função f é integrável em qualquer intervalo [a, b−ε],
ε > 0, mas
Z não é integrável em [a, b]. Fica assim definida uma função F : [a, b[→ R,
x
F (x) = f (t) dt.
a Z b
Ao integral f (x) dx chama-se integral impróprio de 2a espécie. Se existir
a
finito o limite Z x
lim− f (t) dt
x→b a
Se o limite não existir ou não for finito diz-se que o integral impróprio de 2a espécie
é divergente.
Se α = 1 Z x
1
dt = [ − log(b − t) ]xa = − log(b − x) + log(b − a)
a b−t
66 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
e se α 6= 1
Z x · ¸x
1 (b − t)−α+1 (b − x)−α+1 (b − a)−α+1
dt = − =− +
a (b − t)α −α + 1 a −α + 1 −α + 1
tendo-se
Z x
+∞, se α ≥ 1
1
lim− dx = −α+1
x→b a (b − t)α (b − a)
, se α < 1
−α + 1
Então o integral converge se, e só se, α < 1.
Definição 2.5.6 Suponhamos que a função f é integrável em qualquer intervalo [a+ε, b],
ε > 0, mas não é integrável em [a, b]. Fica assim definida uma função F : ]a, b] → R,
Z b
F (x) = f (t) dt.
x Z b
Ao integral f (x) dx chama-se integral impróprio de 2a espécie. Se existir
a
finito o limite
Z b
lim+ f (t) dt
x→a x
Se o limite não existir ou não for finito diz-se que o integral impróprio de 2a espécie
é divergente.
Z b
1
EXEMPLO: O integral α
dx, α ∈ R, é um integral impróprio de 2a espécie se,
a (x − a)
e só se, α > 0. Se α ≤ 0 trata-se de um integral de Riemann. O integral só terá sentido
se existir e for finito o limite Z b
1
lim+ α
dt.
x→a x (t − a)
Se α = 1 Z b
1
dt = [ log(t − a) ]bx = log(b − a) − log(x − a)
x t−a
e se α 6= 1
Z b · ¸b
1 (t − a)−α+1 (b − a)−α+1 (x − a)−α+1
dt = = −
x (t − a)α −α + 1 x −α + 1 −α + 1
2.5 Integrais impróprios 67
tendo-se
Z x
+∞, se α ≥ 1
1
lim+ dx = −α+1
(b − a)
α
x→a a (t − a)
, se α < 1
−α + 1
Então o integral converge se, e só se, α < 1.
Z x · ¸x µ ¶
t 3 2 23 3 2 32 3 3
lim− √ dt = lim− − (1 − t ) = lim− − (1 − x ) + =
x→1 0
3
1 − t2 x→1 4 0 x→1 4 4 4
Z 1
x
Portanto, o integral dado é convergente e √
3
dx = 0.
−1 1 − x2
O integral do primeiro membro é convergente se, e só se, os dois integrais do segundo
membro forem convergentes. Se algum dos integrais do segundo membro for divergente,
então o integral do primeiro membro é divergente.
68 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
Z 1
1
EXEMPLO: O integral √
3
dx é um integral impróprio de 2a espécie porque
x 2
−1
1
lim √ = +∞. Temos de estudar os dois integrais
x→0 3 x2
Z 0 Z 1
1 1
√
3
dx e √
3
dx.
−1 x2 0 x2
Z x h √ ix
1 3
¡ √ ¢
lim− √
3 2
dt = lim 3 t = lim 3 3
x + 3 =3
x→0 −1 t x→0− −1 x→0−
Z h √ i1
1
1 3
¡ √ ¢
lim+ √3 2
dt = lim 3 t = lim 3 − 3 3
x =3
x→0 x t x→0+ x x→0+
Z 1
1
Portanto, o integral dado é convergente e √3
dx = 6.
−1 x2
Para os integrais impróprios de 2a espécie, os critérios de convergência são idênticos
aos obtidos para os integrais impróprios de 1a espécie. As demonstrações podem ser
efectuadas de maneira semelhante, com adaptações evidentes, pelo que as omitimos.
Z b
( f (t) dt ≤ M, ∀a < x ≤ b, respectivamente).
x
Z b Z b
Teorema 2.5.9 Sejam f (x) dx e g(x) dx dois integrais impróprios de 2a espécie
a a
(no mesmo limite de integração) com funções integrandas não negativas e suponhamos
que f (x) ≤ g(x), ∀a ≤ x < b (ou, ∀a < x ≤ b).
Z b Z b
a) Se g(x) dx é convergente então f (x) dx é convergente.
a a
Z b Z b
b) Se f (x) dx é divergente então g(x) dx é divergente.
a a
2.5 Integrais impróprios 69
Z b Z b
Teorema 2.5.10 Sejam f (x) dx e g(x) dx dois integrais impróprios de 2a espécie
a a
(no mesmo limite de integração) com funções integrandas positivas e suponhamos que o
limite µ ¶
f (x) f (x)
lim ou, lim+
x→b− g(x) x→a g(x)
é finito e diferente de zero. Então os integrais são da mesma natureza, isto é, são ambos
convergentes ou ambos divergentes.
EXEMPLO 1: O integral Z 1
1
√ dx
1
2
1 − x4
é impróprio de 2a espécie, porque para x = 1 a função integranda se torna infinita.
Consideremos o integral impróprio de 2a espécie convergente
Z 1
1
1 dx.
1 (1 − x) 2
2
podemos concluir que os dois integrais têm a mesma natureza, ou seja, o integral dado é
convergente.
EXEMPLO 2: O integral Z 2
1
3 dx
0 (2x − x2 ) 2
é um integral impróprio de 2a espécie nos dois limites de integração. Estudemos os inte-
grais Z 1 Z 2
1 1
3 dx e 3 dx.
2 2
0 (2x − x ) 2 1 (2x − x ) 2
Z 1
1
Como o integral 3 dx é divergente e
0 x2
1
3 3
(2x − x2 ) 2 x2 1 1
lim+ = lim+ 3 3 = lim 3 =
x→0 1 x→0 x 2 (2 − x) 2 x→0+ (2 − x) 2
3
22
3
x2
70 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
Z 2
1
o integral 3 dx é divergente. Podemos então concluir que o integral dado
(2x − x2 ) 2
1
inicialmente é divergente.
Z b Z b
Teorema 2.5.11 Sejam f (x) dx e g(x) dx dois integrais impróprios de 2a espécie
a a
(no mesmo limite de integração) com funções integrandas positivas. Suponhamos que
µ ¶
f (x) f (x)
lim =0 ou, lim+ =0 .
x→b− g(x) x→a g(x)
Z b Z b
a) Se g(x) dx é convergente então f (x) dx é convergente.
a a
Z b Z b
b) Se f (x) dx é divergente então g(x) dx é divergente.
a a
Suponhamos que
µ ¶
f (x) f (x)
lim− = +∞ ou, lim+ = +∞ .
x→b g(x) x→a g(x)
Z b Z b
a) Se g(x) dx é divergente então f (x) dx é divergente.
a a
Z b Z b
b) Se f (x) dx é convergente então g(x) dx é convergente.
a a
Z b
Teorema 2.5.12 Seja f (x) dx um integral impróprio de 2a espécie. Se o integral
Z b a Z b
|f (x)| dx é convergente o mesmo acontece ao integral f (x) dx.
a a
Z b
Definição 2.5.9 Diz-se que o integral impróprio de 2 espécie f (x) dx é absoluta-
a
Z b a Z b
mente convergente se o integral |f (x)| dx é convergente. Se o integral f (x) dx
Z b a Z b a
Estudemos o integral
Z 1 Z 1
1 1
√ dx = 1 1 dx.
0 1 − x2 0 (1 − x) (1 + x) 2
2
Z 1
1
O integral 1 dx é convergente e
0 (1 − x) 2
1
1 1
(1 − x) (1 + x) 2 2 1 1
lim− = lim− 1 = √ ,
x→1 1 x→1 (1 + x) 2 2
1
(1 − x) 2
Z 1
1
o que implica que o integral √ dx é convergente. Pelo Teorema 2.5.9, o integral
0 1 − x2
Z 1¯ ¯
¯ cos(πx) ¯
¯√
¯ 1 − x2 ¯ dx
¯
0
Podem ainda considerar-se integrais impróprios mistos: por exemplo, com algum li-
mite de integração infinito e em que a função integranda se torne ilimitada num número
finito de pontos do intervalo de integração. Neste caso, a definição do integral faz-se divi-
dindo o intervalo de integração por forma que se obtenham integrais dos tipos anteriores;
se os integrais assim obtidos são convergentes diz-se que o integral misto é convergente e
o seu valor é igual à soma dos valores dos integrais correspondentes aos subintervalos. Se
algum dos integrais obtidos é divergente o integral misto é divergente.
Z +∞
1
EXEMPLO 1: O integral 3
dx é um integral impróprio misto porque x3 + 1 =
−2 x + 1
(x + 1)(x2 − x + 1), podendo fazer-se a decomposição
Z +∞ Z −1 Z 1 Z +∞
1 1 1 1
dx = dx + dx + dx,
−2 x3 + 1 3
−2 x + 1
3
−1 x + 1 1 x3 + 1
72 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
o a a
sendo os dois primeirosZ −1integrais do 2 membro de 2 espécie e o último de 1 espécie.
1
Como o integral dx é divergente e
−2 −x − 1
1
3 1+x 1+x 1 1
lim − x + 1 = lim − 3 = lim − = lim − 2 =
x→−1 1 x→−1 x + 1 2
x→−1 (1 + x)(x − x + 1) x→−1 x − x + 1 3
1+x
Z −1
1
o integral 3
dx é divergente. Então o integral misto é divergente.
−2 x + 1
Z −1
1
EXEMPLO 2: O integral 3 dx é um integral impróprio misto, tendo-se
2
−∞ (x − 4) 5
Z −1 Z −3 Z −2 Z −1
1 1 1 1
3 dx = 3 dx + 3 dx + 3 dx.
2 2 2 2
−∞ (x − 4) 5 −∞ (x − 4) 5 −3 (x − 4) 5 −2 (x − 4) 5
3
(−2 − x) 5
Z −3
1
o que implica que o integral 3 dx é convergente.
2
−2 (x − 4) 5
Z −1
a 1
O integral de 2 espécie 3 dx é convergente e
−2 (x + 2) 5
−1
3
(x2 − 4) 5 −1 1
lim + = lim + 3 =
x→−2 1 x→−2 (x − 2) 5
3
45
3
(x + 2) 5
2.5 Integrais impróprios 73
Z −1
1
o que implica que o integral 3 dx é convergente.
− 4) 5
−2 (x2
Podemos então concluir que o integral dado é convergente.
x3p
2 x2
lim x − 2x + 5 = lim 2 =1
x→+∞ 1 x→+∞ x − 2x + 5
x2−3p
74 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
1
pelo que podemos concluir que o integral de 1a espécie converge se, e só se, p < .
3
1 1
Então o integral (2.5) converge se, e só se, − < p < .
3 3
Consideremos o integral
Z 3
7
α β+1
dx. (2.7)
−2 (x + 2) (3 − x)
7
(x + 2)α (3 − x)β+1 7 7
lim− = lim− = α
x→3 1 x→3 (x + 2)α 5
(3 − x)β+1
podemos concluir que o segundo integral converge se, e só se, β < 0 e α ∈ R.
O integral (2.7) será convergente se, e só se, α < 1 e β < 0.
Entre os integrais com parâmetros há dois especialmente importantes:
Z +∞ Z 1
p−1 −x
Γ(p) = x e dx e β(p, q) = xp−1 (1 − x)q−1 dx,
0 0
o que implica que o integral de 2a espécie é convergente se,e só se, p > 0.
Então o integral (2.8) converge se, e só se p > 0, isto é, a função Γ tem domı́nio R+ .
Consideremos o integral Z 1
xp−1 (1 − x)q−1 dx (2.9)
0
Podemos sempre escrever este integral como a soma
Z 1 Z 1
2
p−1 q−1
x (1 − x) dx + xp−1 (1 − x)q−1 dx
1
0 2
xp−1 (1 − x)q−1
lim+ = lim+ (1 − x)q−1 = 1
x→0 1 x→0
x 1−p
podemos concluir
Z 1 que o primeiro integral é convergente se, e só se, p > 0.
1
O integral dx converge se, e só se, 1 − q < 1, isto é, q > 0. Como
1 (1 − x)1−q
2
xp−1 (1 − x)q−1
lim− = lim− xp−1 = 1
x→1 1 x→1
(1 − x) 1−q
76 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
podemos concluir que o segundo integral é convergente se, e só se, q > 0.
Então o integral (2.9) converge se, e só se, p > 0 e q > 0, isto é, a função Beta tem
sentido para p > 0 e q > 0.
Figura 2.10
Z +∞ Z x
1 1
= 2 dx = 2 lim dt
0 1 + x2 x→+∞ 0 1 + t2
Figura 2.11
Z 2 Z 0 Z 2 Z x Z 2
1 1 1 1 1
p dx = p dx + p dx = lim √ dt + lim √ dt
−3 |x| −3 |x| 0 |x| x→0− −3 −t x→0+ x t
£ √ ¤x h √ i2
= lim −2 −t −3 + lim+ 2 t
x→0− x→0 x
³ √ √ ´ ³ √ √ ´ √ √
= lim− −2 −x + 2 3 + lim+ 2 2 − 2 x = 2 3 + 2 2
x→0 x→0
78 2. Funções Reais de Variável Real: Cálculo Integral
2.6 Exercı́cios
1. Tendo em conta que toda a função contı́nua em [a,b] é integrável nesse intervalo,
use a definição de integral para mostrar que se tem :
Z b
b 2 a2
(a) x dx = − ;
a 2 2
Z b
(b) sen(x) dx = cos(a) − cos(b).
a
Z π
3
(j) tg3 (x) sec(x) dx;
0
Z 1 √
(k) x2 4 − x2 dx;
−1
Z π
(l) |sen(x)| dx;
−π
Z π
(m) (sen(x) + | cos(x)|) dx;
−π
Z π
2
(n) sen(2x) cos(x) dx;
0
Z 4
1
(o) √ dx;
0 1+ x
Z log 2 √
(p) ex − 1 dx;
0
Z π
2 1
(q) dt;
0 3 + 2 cos t
Z 3
t+1
(r) √ dt;
2 t2 + 2t
Z 4
x
(s) √ dx;
1 2 + 4x
Z 4/3
1
(t) √ dz;
3/4 z z2 + 1
Z 2
e3x + e2x + 1
(u) dx;
1 ex − e−x
Z 0 √
u + 2u + 1
(v) √ du.
−1/2 1 + 2 2u + 1
Z 4
2x − 1
(e) dx;
2 3x3 + 3x + 30
Z π
3
(f) (| cos(3x)| − xsen(x)) dx;
0
Z π Z π
2 2
n−1
(g) [(sen(x)) sen((n + 1)x)] dx + [sen(3x) cos(5x)] dx.
0 0
7. (a) Seja f uma função contı́nua e crescente em [1, +∞[. Mostre que:
Z x
(x − 1)f (1) < f (t) dt < (x − 1)f (x).
1
(b) Utilizando o resultado da alı́nea anterior e sendo f (t) = log(t) mostre que
ex−1 < xx < (ex)x−1 .
8. Sendo f uma função real definida e diferenciável em [0, 1], mostre que
Z 1 Z 1
′
xf (1 − x) dx = f (x) dx − f (0).
0 0
Z x2 + 43
et (t − 74 )
10. Considere a função f (x) = dt. Determine:
1 t
(a) O seu domı́nio e a equação da recta tangente à linha que é a sua representação
gráfica no ponto em que x = 1/2.
(b) Os pontos em que a função tem extremo relativo e, em cada ponto, a natureza
do extremo.
11. Calcule Z x
sen(t3 ) dt
0
lim .
x→0 x4
12. Calcule Z
1 x √
lim+ 3t2 + 5 dt.
x→0 x 0
Z π
2
13. Seja n um inteiro não negativo e seja In = (sen(x))n dx.
0
n+1
(a) Mostre que In+2 = In .
n+2
(b) A partir do resultado da alı́nea anterior conclua que com k inteiro positivo se
tem Z π
2 (2k − 1)(2k − 3)....3 × 1 π
(sen(x))2k dx = ×
0 2k(2k − 2)....4 × 2 2
e Z π
2 2k(2k − 2)....4 × 2
(sen(x))2k+1 dx = .
0 (2k + 1)(2k − 1)...3 × 1
π
(c) Usando a substituição x = 2
− t , mostre que
Z π
2
In = (cos(x))n dx.
0
Cálculo de áreas
14. Determine a área de cada um dos seguintes domı́nios:
Integrais Impróprios
16. Calcule, se existir, o valor de cada um dos seguintes integrais impróprios:
Z +∞
2
(a) x e−x dx
0
Z +∞
log x
(b) dx
1 x
Z 6
1
(c) p dx
2
3
(4 − x)2
Z 2
1
(d) dx
1 x2 −1
Z −3
x
(e) dx
−∞ (x2 − 4)6/5
Z+∞
log(3 t)
(f) dt
1 2 t2
Z 1
(g) 2 x3 (x4 + 1)−3/2 dx
−∞
Za
1
(h) √ dx ; a ∈ R+
2
a −x 2
a/2
Z 3a
2x
(i) dx ; a ∈ R+
0 (x2 2
−a ) 2/3
Z 2
x
(j) √
3
dx
−2 x2 − 4
Z π/2
1
(k) dx
−π/2 1 − cos(x)
Z +∞
(l) t e−t dt
−∞
2.6 Exercı́cios 83
Z 2 µ ¶p+1
2−x 1
(g) dx
1 x−1 x
Z 0
(−x)p
(h) dx
−2 (x + 2)q
19. Seja f uma função contı́nua não negativa para x > a > 0 e suponha que existem
constantes reais M > 0 e K > 1 tais que
M
f (x) ≤ , ∀x > a
xK
Z +∞
(a) Mostre que, nestas condições, o integral impróprio f (x) dx é convergente.
a
(b) Z
Aplique o resultado da alı́nea anterior para mostrar que o integral impróprio
+∞
1
√ √ dx é convergente.
1+x 2 1 + x3
1
Z x
20. Determine uma representação analı́tica da função F (x) = g(t) dt
−∞
onde
2,
se |x| ≥ 1
g(x) = x2
2, se |x| ≤ 1
(a) S = {(x, y) : x ≤ 0 ∧ 0 ≤ y ≤ ex }
© ª
(b) S = (x, y) : x ≥ −2 ∧ 0 ≤ y ≤ e−x/2
(a) Z
Estude, em função do parâmetro real α, a convergência do integral
1
xα
√ dx
2 1 − x2
0 (1 + x )
Z +∞
1
(b) Estude a convergência do integral dx
0 (x − 1) (x + 1)1/3
2 1/3
(a) Calcule a área do domı́nio plano ilimitado definido pelo gráfico da função
1
y= e pelo eixo dos xx.
1 + x2
(b) Estude, em função do parâmetro real α, a convergência do integral
Z 2
x1−2α (2 − x)α/2 dx
0
Séries Numéricas
A operação adição (ou soma) é inicialmente definida como a aplicação que a cada
par de números reais faz corresponder um número real, de acordo com determinadas
regras. Essa operação goza de certas propriedades e verificamos que podemos generalizar
a operação a um número finito de parcelas mantendo todas as propriedades. A definição
de soma de um número finito de parcelas é feita por recorrência:
Xn a1 ,
se n=1
à n−1 !
ai = X
ai + an , se n > 1
i=1
i=1
Se existir uma subsucessão de termos não nulos poderemos chamar soma ao limite,
se existir e for finito, da sucessão das somas dos n primeiros termos de an , sucessão essa
Xn
Sn = ai .
i=1
Se a sucessão an tivesse todos os termos positivos, poderia parecer à primeira vista
que Sn não é convergente. De facto, supor que a soma de um número infinito de parcelas
positivas é um número real não é um conceito intuitivo.
88 3. Séries Numéricas
Neste caso, a intuição falha precisamente porque pretendemos generalizar para o infi-
nito um conceito, o de soma, que temos intuitivo para um número finito de parcelas. É
comum que a intuição nos engane em casos de “passagem” do finito para o infinito.
De qualquer modo é verdade que Sn nem sempre é convergente, ou seja, que nem
sempre poderemos definir, por este processo, soma de um número infinito de parcelas.
Interessa, no entanto, saber como deve ser a sucessão an de modo que a essa sucessão
esteja associado um número real, soma de todos os seus termos.
Citando o Prof. Campos Ferreira:
“Vem a propósito lembrar um dos paradoxos formulados, há mais de 2000 anos, pelo
filósofo grego Zenão. Zenão imaginou um corredor, deslocando-se de certo ponto A para
a meta B, com velocidade constante, e raciocionou de maneira que pode exprimir-se nos
termos seguintes: designe-se por A1 o ponto médio do segmento AB, por A2 o ponto
médio de A1 B, etc. Em geral, para todo o n ∈ N, An+1 designará o ponto médio do
segmento An B.
A A1 A2 A3 B
Nestas condições, se for t o tempo gasto pelo corredor a percorrer a distância que vai
de A a A1 , será t/2 o tempo gasto de A1 a A2 , t/22 o tempo necessário para ir de A2 a A3 ,
etc. O tempo total necessário para completar a corrida, T , equivaleria assim à “soma” de
uma infinidade de tempos parciais todos positivos:
t t t
T =t+ + 2 + ... + n + ...
2 2 2
Daqui julgava Zenão poder deduzir que esse tempo total era necessariamente infinito
e que, portanto, o corredor jamais poderia atingir a meta. Tal resultado, que lhe parecia
solidamente estabelecido, estava porém em contradição evidente com o facto de que,
sendo o movimento uniforme por hipótese, o tempo correspondente ao percurso deveria ser
simplesmente o dobro do que o corredor gastava na primeira metade, isto é, T = 2t. Além
disso, aquele resultado estava ainda em contradição com a mais elementar experiência do
mundo fı́sico. Por isso se dizia tratar-se de um paradoxo.
O esclarecimento completo da questão só veio a ser alcançado, cerca de 2000 anos
depois de o paradoxo ter sido enunciado por Zenão, com a criação da teoria das séries.
Convém ainda registar que coube a um matemático português, José Anastácio da
Cunha, um papel percursor de grande relevo no estudo desta teoria (em particular, deve-
-se-lhe a primeira definição rigorosa do conceito de série convergente, formulada em 1790);
mais tarde, graças a trabalhos de grandes matemáticos como Cauchy, Weierstrass, etc., as
séries tornar-se-iam instrumentos de valor inestimável para o desenvolvimento de todos
os ramos da Análise Matemática.”
3.2 Definição de série. Convergência. Propriedades gerais 89
S 1 = a1
S 2 = a1 + a2
S 3 = a1 + a2 + a3
..
.
S n = a1 + a2 + a3 + · · · + a n
..
.
Se este limite não existir ou não for finito a série diz-se divergente.
No caso de convergência chama-se soma da série ao valor, S, do limite, isto é,
∞
X
S = lim Sn = an .
n→+∞
n=1
P
NOTA: A identificação de uma série com o sı́mbolo ∞ n=1 an é um abuso de linguagem já
que é a identificação da série com a sua soma, quando ela existe. Este abuso, no entanto,
é de uso corrente e tem-se demonstrado útil e inofensivo.
EXEMPLO 1: Chama-se série geométrica à série gerada por uma progressão geométri-
ca: se an é uma progressão geométrica de razão r 6= 1 temos que
n n
X X 1 − rn
Sn = ai = a1 ri−1 = a1 · .
i=1 i=1
1−r
90 3. Séries Numéricas
Sabemos que Sn é convergente se, e só se, |r| < 1, logo a série geométrica é convergente
se, e só se, o valor absoluto da razão da progressão geométrica que a gerou for menor do
que 1. No caso de convergência temos que
∞
X a1
an = .
n=1
1−r
Se r = 1 a série é uma série de termo geral constante, isto é,
∞
X ∞
X
an = a1 ,
n=1 n=1
S1 = 1
1
S2 = 1 + √
2
1 1
S3 = 1 + √ + √
2 3
..
.
1 1 1
Sn = 1 + √ + √ + · · · + √
2 3 n
..
.
Como
1 1 1 1 1 1 1 n √
1 + √ + √ + ··· + √ ≥ √ + √ + √ + ··· + √ = √ = n
2 3 n n n n n n
√
e lim n = +∞, a sucessão Sn tem limite +∞ e a série em estudo é divergente.
n→+∞
∞
X 1
EXEMPLO 3: Consideremos a série . Sabendo que
n=1
n(n + 1)
1 1 1
= −
n(n + 1) n n+1
1
S1 = 1 −
2
1 1 1 1
S2 = 1− + − =1−
2 2 3 3
1 1 1 1
S3 = 1− + − =1−
3 3 4 4
..
.
1
Sn = 1 −
n+1
..
.
∞
X 1
= 1.
n=1
n(n + 1)
∞ µ ¶ ∞
X n X
log = (log n − log(n + 1))
n=1
n+1 n=1
é a sucessão
S1 = log 1 − log 2 = − log 2
S2 = − log 2 + log 2 − log 3 = − log 3
S3 = − log 3 + log 3 − log 4 = − log 4
..
.
Sn = − log(n + 1)
..
.
∞
X 1
n=1
n2 + 3n
µ ¶
1 1 1
pode escrever-se na forma − . A sucessão das somas parciais pode agora ser
3 n n+3
92 3. Séries Numéricas
construı́da:
µ ¶
1 1
S1 = 1−
3µ 4¶ µ ¶ µ ¶
1 1 1 1 1 1 1 1 1
S2 = 1− + − = 1− + −
3µ 4 3 2¶ 5 µ 3 ¶ 4 2 5
1 1 1 1 1 1 1
S3 = 1− + − + −
3µ 4 2 5 3 3¶ 6
1 1 1 1 1 1
= 1− + − + −
3µ 4 2 5 3 6¶ µ ¶
1 1 1 1 1 1 1 1 1
S4 = 1− + − + − + −
3µ 4 2 5 3 6 3 4¶ 7
1 1 1 1 1 1 1 1
= 1− + − + − + −
3µ 4 2 5 3 6¶ 4 7
1 1 1 1 1 1
= 1+ − + − −
3µ 2 5 3 6 7¶ µ ¶
1 1 1 1 1 1 1 1 1
S5 = 1+ − + − − + −
3µ 2 5 3 6 7 3 5¶ 8 µ ¶
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
= 1+ − + − − + − = 1+ + − − −
3 2 5 3 6 7 5 8 3 2 3 6 7 8
..
.
µ ¶
1 1 1 1 1 1
Sn = 1+ + − − −
3 2 3 n+1 n+2 n+3
..
.
µ ¶
1 1 1
Como lim Sn = 1+ + , a série é convergente.
n→+∞ 3 2 3
Os três últimos exemplos são casos particulares de um tipo de séries chamadas séries
telescópicas. São séries cujo termo geral an se pode escrever na forma αn − αn+k , com
k ∈ N:
X∞
(αn − αn+k ).
n=1
Estas séries são convergentes se, e só se, lim vn , onde vn = αn+1 + · · · + αn+k , existe
n→+∞
e é finito.
No caso particular de existir, finito, lim αn temos:
n→+∞
∞
X k
X
(αn − αn+k ) = αi − ka,
n=1 i=1
3.2 Definição de série. Convergência. Propriedades gerais 93
n
X
Sn = (αi − αi+k )
i=1
n
X n
X
= αi − αi+k
i=1 i=1
= α1 + · · · + αk − (αn+1 + · · · αn+k )
k
X k
X
= αi − αi+n
i=1 i=1
∞
X
Teorema 3.2.13 Se a série an é convergente então an é um infinitésimo.
n=1
n
X
Demonstração: Como a série é convergente, a sucessão Sn = ai é uma sucessão con-
i=1
vergente, o mesmo acontecendo a Sn−1 , tendo-se lim Sn = lim Sn−1 . Então
n→+∞ n→+∞
NOTA: Este teorema indica uma condição necessária, mas não suficiente para que uma
série seja convergente. Assim a sua utilidade é sobretudo para decidir que uma série é
divergente já que se o termo geral não for um infinitésimo a série será concerteza diver-
gente.
∞
X n n
EXEMPLO 6: A série é divergente porque lim = 1.
n=1
n+1 n→+∞ n+1
94 3. Séries Numéricas
∞
X 1 1
EXEMPLO 7: Consideremos a série √ . Temos que lim √ = 0, o que não nos
n=1
n n→+∞ n
permite concluir nada pelo Teorema 3.2.13. No entanto, já demonstrámos, no Exemplo 2,
que esta série é divergente.
∞
X ∞
X
Teorema 3.2.14 Sejam an e bn séries convergentes de somas A e B, respectiva-
n=1 n=1
mente, e λ ∈ R. Então
∞
X
a) A série (an + bn ), a que se chama série soma, também é convergente e a sua soma
n=1
é A + B:
∞
X ∞
X ∞
X
(an + bn ) = an + bn .
n=1 n=1 n=1
∞
X
b) A série λan é convergente e a sua soma é λA:
n=1
∞
X ∞
X
λan = λ an .
n=1 n=1
Demonstração:
∞
X ∞
X
a) Sejam Sn∗ e Sn∗∗ as sucessões das somas parciais das séries an e bn , respectiva-
n=1 n=1
mente. Como são séries convergentes temos que
n
X
Seja Sn a sucessão das somas parciais da série soma, isto é, Sn = (ai + bi ) =
i=1
n
X n
X
ai + bi = Sn∗ + Sn∗∗ . Então
i=1 i=1
∞
X
isto é, (an + bn ) é convergente e tem soma A + B.
n=1
3.2 Definição de série. Convergência. Propriedades gerais 95
∞
X
b) Seja Sn∗ a sucessão das somas parciais da série an . Por hipótese, lim Sn∗ = A. Seja
n→+∞
n=1
∞
X n
X n
X
Sn a sucessão das somas parciais da série λan . Então Sn = λai = λ ai = λSn∗ .
n=1 i=1 i=1
Assim,
lim Sn = lim λSn∗ = λ lim Sn∗ = λA,
n→+∞ n→+∞ n→+∞
∞
X
isto é, a série λan é convergente e tem soma λA.
n=1
NOTAS:
1. Da demonstração da alı́nea a) ressalta que pode acontecer que as séries dadas sejam
divergentes e, no entanto, a série soma seja convergente. Também se nota através
da demonstração que se as sucessões das somas parciais tiverem limites infinitos
do mesmo sinal – as séries são ambas divergentes – a sucessão das somas parciais
será divergente, o mesmo acontecendo se uma das séries for convergente e a outra
divergente. Se Sn∗ e Sn∗∗ tiverem limites infinitos, mas de sinais contrários, a série
soma poderá ser convergente ou divergente já que no cálculo do limite aparece uma
indeterminação.
∞
X
2. Da demonstração de b) resulta que se λ 6= 0, a série λan é convergente se, e só
n=1
∞
X ∞
X
se, a série an o for. Se λ = 0, a série λan é convergente pois todos os seus
n=1 n=1
termos serão nulos.
∞
X 1
EXEMPLO 8: Consideremos a série .
n=1
n(n + 3)(n + 6)
µ ¶ µ ¶
1 1 1 1 1 1 1
= − − − .
n(n + 3)(n + 6) 18 n n+3 18 n+3 n+6
∞ µ ¶
X 1 1 1
A série − é uma série telescópica em que αn = e k = 3. Como
n=1
n n+3 n
1 1 11
lim αn = 0 a série é convergente e a sua soma é 1 + + = .
n→+∞ 2 3 6
∞ µ ¶
X 1 1 1
A série − é igualmente uma série telescópica em que αn =
n=1
n+3 n+6 n+3
1 1 1 37
e k = 3. Como lim αn = 0 a série é convergente e a sua soma é + + = .
n→+∞ 4 5 6 60
96 3. Séries Numéricas
Demonstração: Como
¯ m n
¯
¯X X ¯
¯ ¯
|an+1 + · · · + am | = ¯ ai − ai ¯ = |Sm − Sn |,
¯ ¯
i=1 i=1
∞
X
o que pretendemos demonstrar é que a série an converge se, e só se,
n=1
Corolário 2 A natureza de uma série não depende dos p primeiros termos, seja qual for
∞
X ∞
X
p ∈ N, isto é, se an e bn são séries tais que ∃p ∈ N : an = bn ∀n > p, então ou
n=1 n=1
são ambas convergentes ou são ambas divergentes.
∞
X
Definição 3.2.12 Chama-se resto de ordem p da série an à série
n=1
∞
X ∞
X
rp = an+p = an .
n=1 n=p+1
Pelo corolário anterior podemos concluir que se uma série é convergente o mesmo
acontece ao seu resto de qualquer ordem. A soma do resto de ordem p de uma série
convergente dá-nos o erro que se comete quando se toma para valor aproximado da soma
da série a sua soma parcial Sp . De facto, o erro é dado por:
∞ ∞ p ∞
X X X X
an − Sp = an − an = an+p = rp .
n=1 n=1 n=1 n=1
∞
X
Teorema 3.2.16 Sejam an uma série convergente e k1 , k2 , . . . , kn , . . . uma sucessão
n=1
de elementos de N, estritamente crescente. Seja ainda bn a sucessão definida do seguinte
modo: k1
X
ai , se n = 1
i=1
bn = kn
X
ai , se n > 1
i=kn−1 +1
∞
X
Então a série bn é convergente e
n=1
∞
X ∞
X
bn = an .
n=1 n=1
98 3. Séries Numéricas
∞
X
Então qualquer subsucessão de Sn será convergente e terá o mesmo limite S = an .
n=1
∞
X n
X
′
A série bn será convergente se, e só se, Sn = bi for convergente. Mas
n=1 i=1
n
X k1
X k2
X kn
X kn
X
′
Sn = bi = ai + ai + · · · + ai = ai = S k n ,
i=1 i=1 i=k1 +1 i=kn−1 +1 i=1
′
ou seja, Sn é uma subsucessão de Sn sendo, portanto, convergente e para o mesmo valor:
∞
X ∞
X
′
bn = lim Sn = lim Sn = an .
n→+∞ n→+∞
n=1 n=1
∞
X
NOTA: O teorema diz que se a série an é convergente então
n=1
Esta “propriedade associativa”não é válida se a série for divergente. Basta observar que
se na demonstração do teorema, Sn não fosse convergente nada poderı́amos dizer sobre a
X∞
(−1)n é divergente pois o seu termo geral não
′
natureza de Sn . Por exemplo, a série
n=1
tende para zero. No entanto, (−1 + 1) + (−1 + 1) + · · · = 0.
3.3 Séries alternadas 99
Sn = a1 − a2 + a3 − · · · + (−1)n−1 an .
Vamos estudar as subsucessões de ı́ndices pares e de ı́ndices ı́mpares. Seja k ∈ N, qual-
quer;
S2k = a1 − a2 + · · · + a2k−1 − a2k
S2k+1 = a1 − a2 + · · · + a2k−1 − a2k + a2k+1
A subsucessão S2k é crescente porque, como an é decrescente,
S2k+2 − S2k = a1 − a2 + · · · + a2k−1 − a2k + a2k+1 − a2k+2 −
−(a1 − a2 + · · · + a2k−1 − a2k )
= a2k+1 − a2k+2
≥ 0
e é uma sucessão limitada porque
S2 ≤ S2k = a1 − [(a2 − a3 ) + (a4 − a5 ) + · · · + a2k ] < a1
Sendo uma sucessão monótona e limitada, S2k é uma sucessão convergente. Por outro lado,
de S2k+1 = S2k + a2k+1 conclui-se que lim S2k+1 = lim S2k , visto que por hipótese an
k→+∞ k→+∞
é um infinitésimo.
Como as subsucessões dos termos de ordem par e de ordem ı́mpar têm o mesmo limite,
∞
X
Sn é convergente. Então, por definição, a série (−1)n−1 an é convergente.
n=1
Teorema 3.3.2 Sejam an uma sucessão decrescente de termos positivos, tal que
∞
X
lim an = 0, e S a soma da série (−1)n−1 an . Então
n→+∞
n=1
0 ≤ (−1)n (S − Sn ) ≤ an+1 ∀n ∈ N.
100 3. Séries Numéricas
S2k ≤ S e S ≤ S2k+1 ∀k ∈ N.
isto é,
0 ≤ S2k−1 − S ≤ a2k
0 ≤ S − S2k ≤ a2k+1 ,
ou ainda,
0 ≤ (−1)2k−1 (S − S2k−1 ) ≤ a2k
0 ≤ (−1)2k (S − S2k ) ≤ a2k+1 .
Destas duas últimas desigualdades conclui-se que
0 ≤ (−1)n (S − Sn ) ≤ an+1 .
Corolário 1 Sejam an uma sucessão decrescente de termos positivos tal que lim an = 0
n→+∞
∞
X
e S a soma da série (−1)n−1 an . Então
n=1
|S − Sn | ≤ an+1 ∀n ∈ N.
NOTA: Do corolário anterior ressalta que, nas condições indicadas, o erro que se comete
quando se toma para valor aproximado da soma de uma série alternada alguma soma
parcial é, em valor absoluto, inferior ao valor absoluto do primeiro dos termos desprezados.
Com efeito,
|(−1)n (S − Sn )| ≤ |(−1)n an+1 |,
ou seja,
|S − Sn | ≤ an+1 .
∞
X 1
EXEMPLO 1: Consideremos a série (−1)n , denominada série harmónica alter-
n=1
n
1
nada. Pelo Critério de Leibnitz esta série é convergente, pois an = é uma sucessão
n
de termos positivos, decrescente e com limite zero. Se nesta série tomarmos para valor
aproximado da soma a soma parcial S9 cometeremos um erro que em valor absoluto é
1
inferior a 10 , valor de a10 .
3.3 Séries alternadas 101
∞
X 1
EXEMPLO 2: Consideremos a série (−1)n , α ∈ R.
n=1
nα
Se α ≤ 0 a série diverge porque o seu termo geral não tende para zero.
1
Se α > 0 a série é convergente porque an = α é uma sucessão decrescente, de termos
n
positivos e lim an = 0.
n→+∞
∞ µ ¶
X (−1)n (−1)n
EXEMPLO 3: Seja an o termo geral da série √ 1+ √ .
n=1
n n
Como an é um infinitésimo e an > 0 ∀n > 1, mas an não é decrescente, pelo Critério
de Leibnitz nada podemos concluir.
No entanto, vê-se facilmente que a série dada é divergente porque é a soma de uma
∞ ∞
n 1 1
X X
série convergente – a série (−1) √ – com uma série divergente – a série .
n=1
n n=1
n
102 3. Séries Numéricas
∞
X
Demonstração: A série |an | é convergente se, e só se,
n=1
NOTA: É importante observar que o recı́proco deste teorema não é verdadeiro, isto é,
∞
X ∞
X
a série an pode ser convergente sem que a série dos módulos, |an |, o seja. Basta
n=1 n=1
observar a série harmónica (divergente) e a série harmónica alternada (convergente): a
série harmónica é a série dos módulos da série harmónica alternada.
∞
X
Definição 3.4.1 Uma série an diz-se absolutamente convergente se a série
n=1
∞
X ∞
X
|an | for convergente. Uma série an diz-se simplesmente convergente ou con-
n=1 n=1
∞
X
dicionalmente convergente se for convergente e a série |an | for divergente.
n=1
∞
X ∞
X
Definição 3.4.2 Diz-se que a série bn é um rearranjo da série an , ou que desta
n=1 n=1
se obtém por reordenação dos seus termos, se existir uma bijecção φ de N em N tal que
bn = aφ(n) .
∞
X
Teorema 3.4.2 Se a série an é absolutamente convergente então qualquer série que
n=1
dela se obtenha por reordenação dos seus termos é absolutamente convergente e tem a
mesma soma.
3.4 Convergência absoluta 103
n
X 1
onde Sn = (−1)i−1 .
i=1
i
′ 1 ′ 1
Então S3n = S2n o que implica que, sendo lim Sn = S, lim S3n = S.
2 n→+∞ n→+∞ 2
′ ′ 1 ′ ′ 1 1
Como S3n+1 = S3n + e S3n+2 = S3n + − tem-se
2n + 1 2n + 1 4n + 2
′ ′ 1
lim S3n+1 = lim S3n + lim
n→+∞ n→+∞ n→+∞ 2n + 1
e
′ ′ 1 1
lim S3n+2 = lim S3n + lim − lim
n→+∞ n→+∞ n→+∞ 2n + 1 n→+∞ 4n + 2
ou seja,
′ ′ ′ 1
lim S3n+1 = lim S3n+2 = lim S3n = S.
n→+∞ n→+∞ n→+∞ 2
′ 1
Conclui-se assim que lim Sn = S, isto é, a série obtida por reordenação dos termos
n→+∞ 2
da série harmónica alternada é convergente e tem soma igual a metade da soma da série
dada.
3.5 Séries de termos não negativos 105
Teorema 3.5.2 (Critério do integral) Seja f : [1, +∞[→ R uma função contı́nua,
positiva e decrescente em [1, +∞[. Para cada n ∈ N, seja an = f (n). Então a série
X∞ Z ∞
an e o integral impróprio f (x) dx são da mesma natureza (isto é, são ambos
n=1 1
convergentes ou ambos divergentes).
f (n + 1) ≤ f (x) ≤ f (n).
an+1 ≤ f (x) ≤ an .
Z N
Se o integral é divergente, pelas condições de f , lim f (x) dx = +∞. Então, pela
N →+∞ 1
desigualdade da direita, o limite da sucessão das somas parciais da série é também
Z N +∞,
isto é, a série diverge. Se o integral converge então existe e é finito lim f (x) dx.
N →+∞ 1
n
X
Em consequência, a sucessão Sn = ai é limitada. Como a série é de termos positivos
i=1
conclui-se que é convergente.
∞
X 1
EXEMPLO 15: Consideremos a série , α ∈ R, habitualmente designada por série
n=1
nα
de Dirichlet.
Se α ≤ 0, a série é divergente porque o seu termo geral não tende para zero.
1
Se α > 0, a função f (x) = α é contı́nua, positiva e decrescente em [1, +∞[. Sabemos
Z +∞ x
1
que dx converge se, e só se, α > 1. Então, pelo Critério do Integral, a série
1 xα
converge se, e só se, α > 1.
∞
X 1
EXEMPLO 16: Seja an a série de termo geral an = , α ∈ R. Seja
n=2
n(log(n))α
1
f (x) = .
x(log(x))α
É uma função positiva e contı́nua em [2, +∞[. Como, se x > 2,
(log(x))α + α(log(x))α−1
f ′ (x) = 0 ⇔ − =0
x2 (log(x))2α
(log(x))α−1 (log(x) + α)
⇔− =0
x2 (log(x))2α
⇔ log(x) + α = 0
⇔ x = e−α
e se α 6= 1
Z t · ¸t
1 (log(x))−α+1 (log(t))−α+1 − (log(p))−α+1
dx = =
p x(log(x))α −α + 1 p −α + 1
tendo-se
t Z
+∞, se α ≤ 1
1
lim dx = −α+1
t→+∞ p x(log(x))α
(log(p))
, se α > 1
α−1
Então o integral converge se, e só se, α > 1. Pelo Critério do integral a série converge se,
e só se, α > 1.
∞
X ∞
X
Teorema 3.5.3 (Critério geral de comparação) Sejam an e bn duas séries de
n=1 n=1
termos não negativos tais que an ≤ bn , ∀n ∈ N.
∞
X ∞
X
a) Se a série bn é convergente então a série an é convergente.
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) Se a série an é divergente então a série bn é divergente.
n=1 n=1
n
X n
X
′
Demonstração: Sejam Sn = ai e S n = bi . Como 0 ≤ an ≤ bn , ∀n ∈ N, temos que
i=1 i=1
′
0 ≤ S n ≤ Sn .
∞
X ′
a) Visto que bn é convergente a sucessão das suas somas parciais, Sn , é limitada
n=1
∞
X
(Teorema 3.5.1) o que implica que a sucessão Sn também é limitada, isto é, a série an
n=1
é convergente.
∞
X
b) Se a série an é divergente então a sucessão Sn não é limitada (Teorema 3.5.1). Isto
n=1
∞
X
′
implica que a sucessão Sn também não é limitada e, assim, a série bn é divergente.
n=1
NOTA: A omissão de um número finito de termos não altera a natureza da série como
vimos, portanto, o teorema anterior mantém-se válido se ∃p ∈ N : an ≤ bn ∀n ≥ p.
∞
X 1
EXEMPLO 1: Consideremos a série . Como
n=1
n!
1 1 1
0< = ≤ n−1
n! n(n − 1)(n − 2) . . . 2 2
108 3. Séries Numéricas
∞ ∞
X 1 1 X 1
e a série n−1
é uma série geométrica de razão , portanto convergente, a série
n=1
2 2 n=1
n!
é convergente.
∞
X 1
EXEMPLO 2: Consideremos a série α
, α < 1. Com esta hipótese, nα < n, o
n=1
n
∞
1 1 X 1
que implica que α > . Como a série é divergente a série dada também será
n n n=1
n
divergente.
∞ ∞
X 1 X 1
EXEMPLO 3: Estudemos a natureza da série 2
. Já vimos que a série
n=1
n n=1
n(n + 1)
é convergente e como temos
1 1
0< 2
<
(n + 1) n(n + 1)
∞
X 1
podemos concluir, pelo Teorema 1.5.2, que a série é convergente, o mesmo
n=1
(n + 1)2
∞
X 1
acontecendo à série 2
porque difere desta apenas num termo.
n=1
n
∞
X ∞
X
Corolário 1 Sejam an e bn duas séries de termos positivos, c uma constante
n=1 n=1
positiva e p um número natural tais que an ≤ c bn , ∀n ≥ p.
∞
X ∞
X
a) Se a série bn é convergente então a série an é convergente.
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) Se a série an é divergente então a série bn é divergente.
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) se a série an é divergente então a série cn é divergente.
n=1 n=1
3.5 Séries de termos não negativos 109
∞
X ∞
X
Como c > 0, as séries cn e bn têm a mesma natureza e deste facto sai o resultado
n=1 n=1
pretendido.
∞
X ∞
X
Corolário 2 Sejam an e bn duas séries tais que an ≥ 0 e bn > 0, ∀n ∈ N. Se
n=1 n=1
an
lim = k ∈ R+ então as séries são da mesma natureza.
n→+∞ bn
an
Demonstração: Seja lim = k. Por definição,
n→+∞ bn
¯ ¯
¯ an ¯
∀δ > 0 ∃p ∈ N : ∀n > p ¯¯ − k ¯¯ < δ.
bn
k
Seja δ = . A partir de certa ordem p temos
2
¯ ¯
¯ an
¯ − k ¯ < k ⇔ − k < an − k < k ⇔ k < an < 3 k
¯
¯ bn ¯ 2 2 bn 2 2 bn 2
e, portanto,
3 k
an <
k bn e bn < an .
2 2
Destas desigualdades conclui-se, pelo corolário anterior, o resultado pretendido.
∞
X ∞
X
Corolário 3 Sejam an e bn duas séries tais que an ≥ 0 e bn > 0, ∀n ∈ N. Se
n=1 n=1
an
lim = 0 então
n→+∞ bn
∞
X ∞
X
a) se a série bn é convergente, a série an também é convergente;
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) se a série an é divergente, a série bn também é divergente.
n=1 n=1
an
Demonstração: Seja lim = 0. Por definição,
n→+∞ bn
¯ ¯
¯ an ¯
∀δ > 0 ∃p ∈ N : ∀n > p ¯¯ ¯¯ < δ.
bn
A partir de certa ordem p temos
¯ ¯
¯ an ¯ an
¯ ¯=
¯ bn ¯ bn < δ,
∞
X ∞
X
Corolário 4 Sejam an e bn duas séries tais que an ≥ 0 e bn > 0, ∀n ∈ N. Se
n=1 n=1
an
lim = +∞ então
n→+∞ bn
∞
X ∞
X
a) se a série bn é divergente, a série an também é divergente;
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) se a série an é convergente, a série bn também é convergente.
n=1 n=1
an
Demonstração: Seja lim = +∞. Por definição,
n→+∞ bn
an
∀δ > 0 ∃p ∈ N : ∀n > p > δ.
bn
A partir de certa ordem p temos an > δbn > 0, pois bn > 0, e desta desigualdade conclui-se,
pelo Corolário 1, o que pretendı́amos.
∞
X ∞
X
Corolário 5 Sejam an e bn duas séries tais que an > 0 e bn > 0, ∀n ∈ N. Se
n=1 n=1
existir p ∈ N tal que
an+1 bn+1
≤ ∀n ≥ p
an bn
então
∞
X ∞
X
a) se a série bn é convergente, a série an é convergente;
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) se a série an é divergente, a série bn é divergente.
n=1 n=1
2n2 + 1
4 2n4 + n2
lim n + 3 = lim =2
n→+∞ 1 n→+∞ n4 + 3
n2
∞ ∞
X 2n2 + 1 X 1
pelo Corolário 2 as séries 4
e 2
têm a mesma natureza e como esta última
n=1
n + 3 n=1
n
é convergente (Exemplo 3) a série dada é convergente.
∞
X 1 + (−1)n
EXEMPLO 5: A série é uma série de termos não negativos. Como
n=1
n2
1 + (−1)n 2
0≤ 2
≤ 2
n n
∞
X 1
e a série 2
é convergente, a série dada é convergente (Corolário 1).
n=1
n
∞ ∞
X log n X 1
EXEMPLO 6: A série é uma série de termos não negativos. Como é
n=1
n3 n=1
n2
convergente e
log n
3 log n
lim n = lim =0
n→+∞ 1 n→+∞ n
n2
podemos concluir, pelo Corolário 3, que a série dada também é convergente.
∞ ∞ ∞
X X 1 × 3 × · · · × (2n − 1) X 1
EXEMPLO 7: Consideremos as séries bn = e . São
n=1
2 × 4 × · · · 2n
n=1 n=1
n
ambas séries de termos positivos, sendo a segunda divergente. Como
1 × 3 × · · · × (2n − 1)(2n + 1) 1
bn+1 2 × 4 × · · · 2n(2n + 2) 2n + 1 an+1 n
= = e = n+1 = ,
bn 1 × 3 × · · · × (2n − 1) 2n + 2 an 1 n+1
2 × 4 × · · · 2n n
verifica-se facilmente que
n 2n + 1
≤ ,
n+1 2n + 2
112 3. Séries Numéricas
∞
X
o que permite concluir, pelo Corolário 5, que a série bn é divergente.
n=1
∞
X
Teorema 3.5.4 (Critério da Razão) Seja an uma série de termos positivos.
n=1
∞
an+1 X
a) Se existirem r < 1 e p ∈ N tais que ≤ r < 1, ∀n ≥ p, então a série an é
an n=1
convergente.
∞
an+1 X
b) Se existir p ∈ N tal que ≥ 1, ∀n ≥ p, então a série an é divergente.
an n=1
Demonstração:
∞
X ∞
X
a) A série bn = rn é uma série geométrica de razão r. Como 0 < r < 1, a série é
n=1 n=1
convergente. Mas
an+1 rn+1
≤ n = r, ∀n ≥ p,
an r
∞
X
o que implica, pelo Corolário 5, que a série an é convergente.
n=1
∞
X ∞
X
b) A série bn = 1 é uma série divergente. Como
n=1 n=1
an+1 bn+1
≥1= , ∀n ≥ p,
an bn
∞
X
o Corolário 5 permite-nos afirmar que a série an é divergente.
n=1
∞
X
Corolário 1 (Critério de D’Alembert) Seja an uma série de termos positivos. Se
n=1
an+1
existir lim = a (a ∈ R+
0 ou a = +∞), então
n→+∞ an
∞
X
a) se a < 1, a série an é convergente;
n=1
∞
X
b) se a > 1, a série an é divergente.
n=1
3.5 Séries de termos não negativos 113
∞
X
Pelo teorema anterior a série an diverge.
n=1
Se a = +∞, existe p ∈ N tal que
an+1
> 1 ∀n > p,
an
∞
X
e, ainda pelo teorema anterior, a série an diverge.
n=1
an+1
NOTA: Se lim = 1 nada se pode concluir, pois existem séries divergentes e séries
n→+∞ an
∞
X 1
convergentes nesta situação. Por exemplo, a série harmónica é uma série divergente
n=1
n
e
an+1 n
lim = lim =1
n→+∞ an n→+∞ n + 1
∞
X 1
e a série é convergente e
n=1
n2
µ ¶2
an+1 n
lim = lim = 1.
n→+∞ an n→+∞ n+1
an+1
No entanto, se lim = 1 e a convergência for por valores maiores do que 1, isso
n→+∞ an
an+1
significa que existe uma ordem p ∈ N a partir da qual ≥ 1, o que implica, pelo
an
X∞
Critério da Razão, que a série an é divergente.
n=1
114 3. Séries Numéricas
∞
X k n n!
EXEMPLO 8: Seja k > 0. A série é uma série de termos positivos. Como
n=1
nn
k n+1 (n + 1)!
µ ¶n
(n + 1)n+1 k n+1 (n + 1)! nn n 1
lim n = lim n = lim k · =k·
n→+∞ k n! n→+∞ k n! (n + 1) n+1 n→+∞ n+1 e
n n
k
o Critério de D’Alembert permite-nos concluir que: se < 1, isto é, se k < e, a série é
e
k
convergente e se > 1, isto é, se k > e, a série é divergente.
e
k
Se = 1, isto é, se k = e, nada se pode concluir pelo Critério de D’Alembert. No
e µ ¶n µ ¶n
n+1 n
entanto, como é uma sucessão crescente com limite e, é uma sucessão
n µ ¶n n + 1
1 n
decrescente com limite , o que implica que e · será decrescente e terá limite
e n+1
an+1
1, ou seja, tende para 1 por valores maiores do que 1. Então a série é divergente se
an
k = e.
∞
X (n!)2 + n!
EXEMPLO 9: A série é uma série de termos positivos e
n=1
(4n)! + n4
(n!)2 + n! 2(n!)2
0< < .
(4n)! + n4 (4n)!
∞
X 2(n!)2
Estudemos a série pelo Critério de D’Alembert.
n=1
(4n)!
2((n + 1)!)2
(4n + 4)! (n + 1)2
lim = lim =0
n→+∞ 2(n!)2 n→+∞ (4n + 4)(4n + 3)(4n + 2)(4n + 1)
(4n)!
∞
X 2(n!)2
Concluı́mos, assim, que a série converge, logo a série dada converge.
n=1
(4n)!
1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ · + 2 · + 2 · 2 + 3 · 2 + ···
2 2 3 2 3 2 3 2 3
3.5 Séries de termos não negativos 115
1 1 1 1 1 1 1
ou seja, a1 = , a2 = · , a3 = 2 · , a4 = 2 · 2 , . . . , ou ainda,
2 2 3 2 3 2 3
1 1
n n ,
se n é par
an = 22 32
1 1
n+1 n−1 , se n é ı́mpar
2 2 3 2
11
n n n
an+1 2
n+2
32 2232 1
se n é par então = 2
= n+2 n = 2−1 =
an 1 1 2 2 32 2
n n
2 3
2 2
1 1
n+1 n−1
an+1 n+1 n+1
2 2 3 2 1
se n é ı́mpar então = 2 2 3 2 = n+1 n+1 = 3−1 =
an 1 1 2 2 3 2 3
n+1 n−1
2 2 3 2
∞
√ X
a) Se existirem r < 1 e p ∈ N tais que n
an ≤ r, ∀n > p, então a série an é conver-
n=1
gente.
√
b) Se existirem p ∈ N e uma subsucessão, (akn ), de (an ) tal que kn
akn ≥ 1, ∀kn > p,
∞
X
então a série an é divergente.
n=1
Demonstração:
∞
√ X
n
a) Se an ≤ r, ∀n > p então an ≤ r < 1 ∀n ≥ p. A série
n
rn é uma série
n=1
convergente por ser uma série geométrica de razão r, com 0 < r < 1. Portanto, a série
X∞
an é convergente.
n=1 √
b) Se kn akn ≥ 1, ∀kn > p então akn ≥ 1, ∀kn > p, pelo que não tende para zero.
∞
X
Em consequência, a sucessão an não tende para zero o que implica que a série an é
n=1
divergente.
∞
X
Corolário 1 Seja an uma série de termos não negativos.
n=1
116 3. Séries Numéricas
∞
√ X
a) Se n→+∞
lim n an < 1, a série an é convergente.
n=1
∞
√ X
b) Se n→+∞
lim n an > 1, a série an é divergente.
n=1
√
Demonstração: Seja a =n→+∞
lim n an .
a) Seja r tal que a < r < 1. Podemos afirmar que
√
∃p ∈ N : ∀n > p n an < r
∞
X
o que implica, pela alı́nea a) do teorema, que a série an converge.
n=1
√
b) Por definição de limite superior, existe uma subsucessão de n an com limite a > 1,
pelo que esta sucessão tem uma infinidade de valores maiores do que 1. Pela alı́nea b) do
teorema, a série diverge.
∞
X
Corolário 2 (Critério da Raiz de Cauchy) Seja an uma série de termos não
√ n=1
negativos. Se existir lim n an = a (a ∈ R+
0 ou a = +∞), então
n→+∞
∞
X
a) se a < 1, a série an é convergente;
n=1
∞
X
b) se a > 1, a série an é divergente.
n=1
Demonstração:
√ √ √
Se existir lim
an = a, entãon→+∞
n
lim n an = lim n an = a e aplica-se o Corolário 1.
n→+∞ n→+∞
√
NOTA: Se lim n an = 1 nada se pode concluir, pois existem séries divergentes e séries
n→+∞
∞
X 1
convergentes nesta situação. Por exemplo, a série harmónica é uma série divergente
n=1
n
e r
n 1 1
lim = lim √ =1
n→+∞ n n→+∞ n
n
∞
X 1
e a série é convergente e
n=1
n2
r
n 1 1
lim 2
= lim √ = 1.
n→+∞ n n→+∞ n
n2
3.5 Séries de termos não negativos 117
∞ µ ¶n2
X n+1
EXEMPLO 11: A série é uma série de termos positivos. Como
n=1
n
s
µ ¶n2 µ ¶n
n n+1 n+1
lim = lim =e>1
n→+∞ n n→+∞ n
a série é divergente.
∞
X 1
EXEMPLO 12: Consideremos a série .
n=1
(3 + (−1)n )n
1 , se n é par
s
1 4
n
=
(3 + (−1)n )n 1 , se n é ı́mpar
2
√ 1
Então n
an ≤ < 1, ∀n ∈ N. Portanto, pelo Critério da Raiz a série é convergente.
2
NOTA: O Critério de Cauchy é mais geral do que o Critério de D’Alembert. Isto significa
que se nada se puder concluir pelo Critério de Cauchy também nada se concluirá pelo
an+1 √
Critério de D’Alembert. De facto, sabe-se que lim = a ⇒ lim n an = a (em
n→+∞ an n→+∞
particular, se a = 1, o Critério de D’Alembert é inconclusivo, o mesmo acontecendo com o
Critério de Cauchy). Note-se que o recı́proco não é verdadeiro. Pode, portanto, acontecer
que se possam tirar conclusões através do Critério de Cauchy sem que o possamos fazer
com o Critério de D’Alembert.
∞
X n
EXEMPLO 13: Consideremos a série 2−n−(−1) . Usando o Critério de Cauchy,
n=1
√
n (−1)n 1
lim 2−n−(−1)n = lim 2−1 .2− n = <1
n→+∞ n→+∞ 2
concluı́mos que a série é convergente. Pelo Critério de D’Alembert nada se pode concluir.
De facto,
n+1 ½
2−(n+1)−(−1) −n−1−(−1)n+1 +n+(−1)n −1−(−1)n+1 +(−1)n 2, se n é par
=2 =2 = −3
2−n−(−1) n
2 , se n é ı́mpar
∞
X ∞
X
Teorema 3.5.6 (Critério de Kummer) Sejam an e bn duas séries de termos
n=1 n=1
∞ µ ¶
X 1 an 1
positivos, com bn divergente. Se existir lim · − = k (k ∈ R ou
n=1
n→+∞ bn an+1 bn+1
k = ∞), então
118 3. Séries Numéricas
∞
X
a) se k > 0, a série an é convergente;
n=1
∞
X
b) se k < 0, a série an é divergente.
n=1
Demonstração:
µ Se k ∈ R,¶ ¯ ¯
1 an 1 ¯1 a n 1 ¯
lim · − = k ⇔ ∀δ > 0 ∃p ∈ N ∀n > p ¯ · − − k ¯<δ
n→+∞ bn an+1 bn+1 ¯ bn an+1 bn+1 ¯
Mas ¯ ¯
¯1 a n 1 ¯ 1 an 1
¯ ·
¯ bn an+1 − bn+1 − k ¯ < δ ⇔ k − δ < bn · an+1 − <k+δ
¯
bn+1
k
a) Seja k ∈ R+ e δ = . Existe uma ordem n0 ∈ N a partir da qual se tem
2
k 1 an 1
k− < · −
2 bn an+1 bn+1
k 1 an 1
⇔ < · −
2 bnµ an+1 bn+1 ¶
2 1 an 1
⇔ 1< · −
k bn an+1 µ bn+1 ¶
2 1 an 1
⇔ an+1 < an+1 · −
kµ bn a¶ n+1 bn+1
2 an an+1
⇔ an+1 < −
k bn bn+1
∞
X
Então a sucessão das somas parciais da série an é limitada, pois
n=1
n+1
X 2 an0
0 < Sn+1 = ai = Sn0 + an0 +1 + · · · + an+1 ≤ Sn0 +
i=1
k bn0
3.5 Séries de termos não negativos 119
∞
X
e pelo Teorema 3.5.1 a série an converge.
n=1
Se k = +∞, seja α > 0, qualquer. Existe uma ordem n0 ∈ N a partir da qual se tem
1 an 1 α
· − >
bn an+1 bn+1 2
e podemos aplicar o raciocı́nio anterior.
b) Seja k ∈ R− e δ = −k. Existe uma ordem n0 ∈ N a partir da qual se tem
1 an 1
· − <0
bn an+1 bn+1
an bn
⇔ <
an+1 bn+1
an+1 bn+1
⇔ >
an bn
∞
X ∞
X
Como a série bn é divergente, o Corolário 5 permite-nos concluir que an é
n=1 n=1
divergente.
Se k = −∞, também existe uma ordem n0 ∈ N a partir da qual se tem
1 an 1
· − <0
bn an+1 bn+1
e termina-se do mesmo modo.
∞
X
Corolário 1 (Critério de Raabe) Seja an uma série de termos positivos. Se existir
µ ¶ n=1
an
lim n − 1 = a, então
n→+∞ an+1
∞
X
a) se a < 1, a série an é divergente;
n=1
∞
X
b) se a > 1, a série an é convergente.
n=1
∞
1 X 1
Demonstração: Basta fazer no teorema anterior bn = . A série é divergente e
n n=1
n
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 an 1 an an
lim · − = lim n· − n − 1 = lim n − 1 −1 = a−1.
n→+∞ bn an+1 bn+1 n→+∞ an+1 n→+∞ an+1
O corolário está demonstrado.
120 3. Séries Numéricas
NOTA: Muitas vezes os casos que pelo Critério de D’Alembert são inconclusivos podem
ser resolvidos pelo Critério de Raabe.
∞ ∞
X 1 × 3 × · · · × (2n − 1) 1 X
EXEMPLO 14: Consideremos a série · = an .
n=1
2 × 4 × · · · × 2n n n=1
an+1 n(2n + 1)
lim = lim =1
n→+∞ an n→+∞ (n + 1)(2n + 2)
e, assim, pelo Critério de D’Alembert nada se pode concluir. Pelo Critério de Raabe
µ ¶ µ ¶
an (n + 1)(2n + 2)
lim n − 1 = lim n −1
n→+∞ an+1 n→+∞ n(2n + 1)
(n + 1)(2n + 2) − n(2n + 1) 3n + 2 3
= lim = lim = >1
n→+∞ 2n + 1 n→+∞ 2n + 1 2
portanto, a série é convergente.
3.6 Multiplicação de séries 121
obtendo-se à !
∞
X ∞
X ∞
X ∞
X
an bk = an · B = B · an = B × A.
n=1 k=1 n=1 n=1
Pode, no entanto, perguntar-se se não seria possı́vel fazer o produto das séries mul-
tiplicando cada termo an da primeira por cada termo bk e formar uma única série cujos
termos sejam os produtos an bk por qualquer ordem, de modo que a soma dessa série fosse
A × B. Como resposta temos o teorema
∞
X ∞
X
Teorema 3.6.1 Sejam an e bn duas séries convergentes, de somas A e B, res-
n=1 n=1
pectivamente. Seja φ uma aplicação bijectiva, φ : N2 → N, φ(i, j) = n. A cada φ
X∞ ∞
X
podemos fazer corresponder uma série cn , com cn = cφ(i,j) = ai × bj . A série cn
n=1 n=1
∞
X ∞
X
converge, seja qual for a aplicação φ considerada se, e só se, an e bn são absolu-
n=1 n=1
∞
X ∞
X
tamente convergentes e, nesse caso, tem-se cn = A × B, sendo a série cn também
n=1 n=1
absolutamente convergente.
∞
X
NOTA: Dizer que cn converge seja qual for a aplicação φ considerada, equivale a
n=1
afirmar que a série produto converge seja qual for a ordem por que se tomem os seus
termos.
∞
X
Definição 3.6.1 Chama-se produto de Cauchy de duas séries convergentes, an e
à n ! n=1
∞
X ∞
X X
bn , à série ak bn−k+1 .
n=1 n=1 k=1
122 3. Séries Numéricas
NOTA: O produto de Cauchy de duas séries não absolutamente convergentes pode con-
duzir a uma série divergente.
∞
X (−1)n
EXEMPLO 2: A série √ é uma série simplesmente convergente. Calculando o
n=0
n+1
produto de Cauchy da série por ela própria, obtemos
∞
à n ! ∞
à n !
X X (−1)k (−1)n−k X X 1
p ·p = (−1)n √ √
n=0 k=0 Ã
(k + 1) (n − k + 1) n=0 k=0
k+1 n−k+1
∞ n
!
X X 1
= (−1)n √ √
n=0 k=0
k+1 n−k+1
X∞
= (−1)n an
n=0
3.6 Multiplicação de séries 123
an não tende para zero, sendo a série produto uma série divergente.
∞
X ∞
X
Teorema 3.6.2 (Mertens) Se pelo menos uma das séries convergentes an e bn é
n=1 n=1
absolutamente convergente, então o seu produto de Cauchy é convergente e tem por soma
o produto das somas das séries dadas.
∞
X ∞
X
Teorema 3.6.3 Se as séries an e bn são convergentes, de somas A e B, respecti-
n=1 n=1
vamente, então, se o seu produto de Cauchy é convergente, tem soma A × B.
∞ ∞
X (−1)n X (−1)n
EXEMPLO 3: A série é uma série simplesmente convergente e a série
n=1
n n=1
n2
é uma série absolutamente convergente. Pelo Teorema de Mertens a série produto, que é
uma série alternada, é convergente:
Ã∞ ! Ã∞ ! ∞
à n !
X (−1)n X (−1)n X X (−1)k (−1)n−k+1
× 2
= ·
n=1
n n=1
n n=1 k=1
k (n − k + 1)2
∞
à n
!
X
n+1
X 1
= (−1) 2
.
n=1 k=1
k(n − k + 1)
124 3. Séries Numéricas
3.7 Exercı́cios
∞
X
3. Seja an uma série convergente. Mostre que é divergente a série
n=1
∞
X a3 + 5n
√n .
n=1
n2 + 1
∞
X ∞
X
5. Mostre que se an = A ∈ R, então (an−1 + an + an+1 ) = 3A − a1 − 2a0 .
n=0 n=1
8. Considere a série: ∞
X (−1)n
.
n=1
(n + 1)2
X X
(c) (αan ) (d) (an + cn )
X X
(e) (an cn ) (f) (αcn )
X X
(g) (cn + dn ) (h) (cn dn )
126 3. Séries Numéricas
11. Estude a natureza das seguintes séries pelo Critério da Raiz (ou da Raiz de Cauchy):
∞ ∞
X 1 X kn
(a) (b) , k constante
n=1
n4n n=1
n!
∞ µ ¶n2 ∞ ³ ³ π ´´n
X n X
(c) (d) sen
n=1
n+1 n=1
n
12. Estude a natureza das seguintes séries pelo Critério da Razão ou pelo de D’Alem-
bert:
∞ ∞
X n3 X nn
(a) (b)
n=1
n! n=1
(2n)!
∞
X n! 1 2 3
(c) (d) + 2 + 3 + ···
n=1
n2 3 3 3
1 2! 3! 2 2×3 2×3×4
(e) + 2 + 3 + ··· (f) 1 + + + + ···
3 3 3 3 3×5 3×5×7
3.7 Exercı́cios 127
∞ ∞ µ ¶
X 1 X 1 (n!)2
(o) n
, a ∈ R+
0 (p) +
n=0
2 +a n=3
3n (2n)!
∞ ∞
X 2 X n2 + 2n + 1
(q) (r)
n=1
n + p2
2
n=1
3n2 + 2
∞ ¡ ¡ ¢¢n ∞
X sen 3π2
X 1
(s) 2+1
(t)
n=1
n n=2
nn log n
∞ ∞
X 1 X
(u) (v) ne log n
n(1+ log n )
1
n=2 n=2
∞ ∞
X 1 X 1
(x) p (z) p
n=1 (n + 1)(n + 2) n=1 n(n2 + 2)
b1 = a1 + a2
b2 = a3 + a4 + a5
b3 = a6 + a7 + a8 + a9
b4 = a10 + a11 + a12 + a13 + a14
... ... ...........................
18. Para que valores de α são simples ou absolutamente convergentes as seguintes séries:
3.7 Exercı́cios 129
∞
X
(a) (1 + sen(α))n
n=1
∞
X 1
(b) (−1)n
n=0
(n + 1)α
P P
19. Sejam an e bn duas séries convergentes, an > 0, bn > 0. Mostre que a série
Xp an + b n p
an bn também converge. (Sugestão: prove que ≥ an bn ).
2
P
20. Sabendo que an é convergente, an > 0, e bn > 0, qual a natureza da série
X an
?
1 + bn
P P
21. Sabendo que an e bn são convergentes, estude quanto à convergência as seguin-
tes séries:
Xµ 1 1
¶
(a) + sendo an > 0 e bn > 0.
an b n
Xn+1
(b) an .
n
P
22. Seja an uma série divergente, an ≥ 0, e seja sn a soma dos seus n primeiros
termos. Mostre que a série X √ √
( sn+1 − sn )
é divergente.
un+1 1 P
26. Seja un > 0 e ≥ 1 − . Mostre que un é divergente.
un n
27. Estude a natureza da série ∞
X (3n!)
n (n!)3
.
n=0
27
(a) Calcule a soma de ordem três do produto de Cauchy das duas séries.
(b) Estude quanto à convergência a série produto.
Capı́tulo 4
³ x ´n
EXEMPLO 1: A sucessão de funções 1 + , definidas em R, converge qualquer que
n x
seja x ∈ R. A função limite é a função f (x) = e :
³ x ´n
lim 1 + = ex , ∀x ∈ R.
n→+∞ n
Figura 4.1
4.2 Convergência uniforme 133
isto é,
lim sup |fn (x) − f (x)| = 0
n→+∞ x∈D
f(x)+d
fn(x) f(x)
f(x)-d
Figura 4.2
A convergência uniforme é mais forte que a convergência pontual pois exige, para se
verificar, que, seja qual for o δ > 0 fixado, exista uma ordem a partir da qual as imagens
de todas as funções estão entre f (x) − δ e f (x) + δ (ver Figura 4.2).
134 4. Sucessões e Séries de Funções
EXEMPLO 1: A sucessão de funções fn (x) = xnα e−nx converge para a função f (x) = 0
∀x ∈ R+0 (na Figura 4.3 podem-se observar os gráficos de algumas destas funções). No
entanto, essa convergência não é uniforme, se α ≥ 1: note-se que
µ ¶
1 nα−1
sup |fn (x) − f (x)| = max+ fn (x) = fn = .
x∈R+ x∈R0 n e
0
Figura 4.3
Definição 4.2.2 Diz-se que uma sucessão de funções (fn ) é uniformemente de Cauchy
em D se
∀δ > 0 ∃p ∈ N : m, n > p ⇒ |fn (x) − fm (x)| < δ, ∀x ∈ D.
que não é contı́nua em [0, 1]. Concluı́mos, usando o Teorema, que a convergência não é
uniforme.
A função limite é
0, se 0 ≤ x < 1/2
f (x) =
1, se 1/2 ≤ x ≤ 1
e
x/n, se 0 ≤ x < 1/2
|fn (x) − f (x)| =
0, se 1/2 ≤ x ≤ 1
pelo que
1
sup |fn (x) − f (x)| = .
x∈[0,1] 2n
A sucessão de (fn ) converge uniformemente, em [0, 1], para f .
O facto de a função limite não ser contı́nua em [0, 1] não nos permite concluir que a
convergência não é uniforme, porque as funções fn não são contı́nuas em [0, 1].
Teorema 4.2.3 Sejam a, b ∈ R, a < b e (fn ) uma sucessão de funções contı́nuas em
[a, b], uniformemente convergente para f em [a, b]. Então:
Z b Z b
fn (x) dx → f (x) dx
a a
Demonstração: As funções fn são integráveis em [a, b] por serem contı́nuas neste inter-
valo. Por ser limite uniforme de uma sucessão de funções contı́nuas, f é contı́nua em
[a, b] e, consequentemente, integrável em [a, b]. Seja δ > 0, qualquer; pela definição de
convergência uniforme, sabemos que existe p ∈ N tal que
δ
∀n > p, ∀x ∈ [a, b], |fn (x) − f (x)| < .
b−a
Tomando n > p, obtemos
¯Z b Z b ¯ ¯Z b ¯ Z b
¯ ¯ ¯ ¯
¯
¯ fn (x) dx − f (x) dx ¯ = ¯ (fn (x) − f (x)) dx¯ ≤
¯ ¯ ¯ |fn (x) − f (x)| dx
a a a a
Z b
δ δ
≤ dx = (b − a) = δ,
a b−a b−a
Rb Rb
isto é, a fn (x) dx → a f (x) dx.
2
EXEMPLO 5: A sucessão de funções fn (x) = x n e−nx converge pontualmente para a
função f (x) = 0 em [0, 1]. Uma vez que f é contı́nua em [0, 1], o Teorema 4.2.2 não nos
permite concluir se a convergência é uniforme ou não. No entanto
Z 1 Z 1 · ¸1 Z 1
−nx2 1 −nx2 1 1 −n 1
fn (x) = xne dx = − e = − e → 6= 0 = f (x) dx,
0 0 2 0 2 2 2 0
4.2 Convergência uniforme 137
e o Teorema 4.2.3 permite concluir que a sucessão (fn ) não converge uniformemente para
f em [0, 1].
RDemonstração: Pela Fórmula de Barrow, sabemos que, se x ∈ [a, b], fn (x) = fn (x0 ) +
x ′
f (t) dt. Seja g a função limite da sucessão (fn′ ). Podemos aplicar o Teorema 4.2.3,
x0 n
entre x0 e x (note-se que, se x < x0 , o Teorema não se altera) e a alı́nea 1) para concluir
que Z Z
x x
fn (x) = fn (x0 ) + fn′ (t) dt → c + g(t) dt.
x0 x0
Rx
A função g é contı́nua em [a, b] pelo que f (x) = c+ x0 g(t) dt é contı́nua em [a, b], f (x0 ) = c
e, pelo Teorema Fundamental do Cálculo Integral, f ′ (x) = g(x), ∀x ∈ [a, b]. Por hipótese,
(fn′ ) converge uniformemente para g = f ′ em [a, b]. Por outro lado,
¯ Z x Z x ¯
¯ ′ ′
¯
|fn (x) − f (x)| = ¯fn (x0 ) +
¯ fn (t) dt − c − f (t) dt¯¯
x0 x0
¯Z x Z x
¯ ¯Z x
¯
¯ ¯ ¯ ¯
≤ |fn (x0 ) − c| + ¯¯ fn′ (t) dt − ′
f (t) dt¯¯ ≤ |fn (x0 ) − c| + ¯¯ |fn′ (t) ′
− f (t)| dt¯¯
x0 x0 x0
pelo que
sup |fn (x) − f (x)| ≤ |fn (x0 ) − c| + (b − a) sup |fn′ (x) − f ′ (x)|.
x∈[a,b] x∈[a,b]
Como sabemos que (fn′ ) converge uniformemente para f ′ em [a, b] e que fn (x0 ) → c,
concluı́mos que sup |fn (x) − f (x)| → 0, isto é, (fn ) converge uniformemente para f em
x∈[a,b]
[a, b].
x2 −x
EXEMPLO 6: Consideremos a sucessão de funções fn (x) = e n . A sucessão das funções
x2 −x
derivadas,
¯ f¯n′ (x) = 2x−1
n
e , converge uniformemente, em [0, 1], para a função nula
n
2
¯ 2x−1 x n−x ¯ 1
(¯ n e ¯ ≤ n , ∀x ∈ [0, 1], pelo que sup |fn′ (x) − 0| → 0). Como fn (0) = 1, ∀n ∈ N,
x∈[0,1]
concluı́mos que a sucessão (fn ) converge uniformemente, em [0, 1], para a função f (x) ≡ 1.
138 4. Sucessões e Séries de Funções
e a função soma é
1 + x2 , se x 6= 0
f (x) =
0, se x = 0
∞
X xn
EXEMPLO 2: Consideremos a série .
n!
n=0
Podemos usar os critérios das séries numéricas para estudar a convergência pontual
das séries de funções. Neste caso, vamos aplicar o critério de D’Alembert para estudar a
série ∞ ¯ n¯
X ¯x ¯
¯ ¯.
¯ n! ¯
n=0
¯ n+1 ¯
¯ x ¯
¯ ¯
¯ (n + 1)! ¯ |x|
lim ¯ n¯ = lim = 0, ∀x ∈ R.
n→+∞
¯x ¯ n→+∞ n + 1
¯ ¯
¯ n! ¯
Concluı́mos, assim, que a série dada é absolutamente convergente ∀x ∈ R, definindo uma
função f em R. Veremos mais tarde que f (x) = ex , isto é,
∞
X xn
= ex , ∀x ∈ R.
n=0
n!
∞
X
EXEMPLO 3: Consideremos a série x (1 − x)n , x ∈ [0, 1].
n=0
Se x = 0 a série dada é a série nula, logo convergente.
X∞
Se x 6= 0, como a série (1 − x)n é uma série geométrica de razão r = 1 − x e |r| < 1
n=0
se, e só se, 0 < x < 2, a série converge porque x ∈ ]0, 1]. Neste caso,
∞
X 1
x (1 − x)n = x · = 1.
n=0
1 − (1 − x)
∞
X
Podemos então dizer que a série x (1 − x)n , x ∈ [0, 1], converge pontualmente para a
n=0
função
1, se 0 < x ≤ 1
f (x) =
0, se x = 0
140 4. Sucessões e Séries de Funções
∞
X
Definição 4.3.3 Diz-se que a série fn (x) converge uniformemente para a função
n=1
f em D ⊂ R (D 6= ∅) se
n
X
∀δ > 0 ∃p ∈ N : n > p ⇒ |f (x) − fi (x)| < δ, ∀x ∈ D.
i=1
isto é,
lim sup |f (x) − Sn (x)| = 0.
n→+∞ x∈D
∞
X
Teorema 4.3.1 É condição necessária e suficiente para que a série fn seja unifor-
n=1
memente convergente em D ⊂ R que
¯ m ¯
¯X ¯
¯ ¯
∀δ > 0 ∃p ∈ N : m > n > p ⇒ ¯ fr (x)¯ < δ, ∀x ∈ D.
¯r=n+1 ¯
Sabemos, pelo Teorema 4.2.1, que uma sucessão de funções é uniformemente convergente
em D se, e só se, for uniformemente de Cauchy em D. A demonstração fica concluı́da
tendo em conta a NOTA 2 que se segue à Definição 4.3.3.
∞
X
Demonstração: Sabemos, pelo Teorema 1.2.3, que an converge se, e só se,
n=1
ou ainda, ¯ ¯
¯X m ¯
¯ ¯
∃p ∈ N : m > n > p ⇒ ¯ fr (x)¯ < δ, ∀x ∈ D.
¯r=n+1 ¯
142 4. Sucessões e Séries de Funções
1 × 3 × · · · × (2n − 1)(2n + 1)
· |k|2n+2
2 × 4 × · · · × 2n(2n + 2) 2n + 1
lim = lim · |k|2 = |k|2 < 1.
n→+∞ 1 × 3 × · · · × (2n − 1) n→+∞ 2n + 2
· |k|2n
2 × 4 × · · · × 2n
¯ ¯ ∞
¯ sen(nx) ¯ 1 X 1
EXEMPLO 6: Como ¯ ¯
2
¯ ≤ 2 , ∀x ∈ R, e a série é convergente, a série
n ¯ n n=1
n2
∞
X sen(nx)
é uniformemente convergente em qualquer subconjunto de R.
n=1
n2
NOTA: O Critério de Weierstrass é uma condição suficiente, mas não necessária para a
convergência uniforme de uma série de funções: há séries uniformemente convergentes cujo
termo geral não admite uma majoração do tipo da do Critério de Weierstrass. Repare-se
que essa majoração implica a convergência absoluta da série de funções.
∞
X x2 + n
EXEMPLO 7: Consideremos a série (−1)n
2
. É uma série alternada e pelo
n=1
n
Critério de Leibnitz podemos afirmar que é convergente qualquer que seja x ∈ R. Mas
não é absolutamente convergente porque
¯ 2
¯ 2
¯(−1)n x + n ¯ = x + n ≥ 1 ∀x ∈ R
¯ ¯
¯ n2 ¯ n2 n
∞
X 1
e a série harmónica, , é divergente. Não é então possı́vel usar o Critério de Weiers-
n=1
n
trass para tirar conclusões sobre a convergência uniforme desta série.
4.3 Convergência pontual e convergência uniforme de séries de funções 143
∞
X
Teorema 4.3.3 Se as funções f1 , f2 , . . . , fn , . . . são contı́nuas em D e a série fn
n=1
converge uniformemente para f em D, então f é contı́nua em D.
NOTA: Se a soma de uma série de funções não é contı́nua isso significa a série não
converge uniformemente ou que, a partir de certa ordem, as funções f1 , f2 , . . . , fn , . . . não
são contı́nuas. Portanto, se f1 , f2 , . . . , fn , . . . são funções contı́nuas e a soma da série não
é contı́nua podemos afirmar que a convergência não é uniforme.
∞
x2 X
EXEMPLO 8: Consideremos a série 2 )n
, no intervalo [−a, a], a > 0. Provámos
n=0
(1 + x
que esta série converge pontualmente para a função
1 + x2 , se x 6= 0
f (x) =
0, se x = 0
x2
Como f é descontı́nua em x = 0 e fn (x) = é contı́nua ∀n ∈ N, a série não
(1 + x2 )n
converge uniformemente.
n Z
X b ∞ Z
X b
= lim fr (x) dx = fn (x) dx.
r=1 a n=1 a
144 4. Sucessões e Séries de Funções
∞
X e−nx
EXEMPLO 9: Consideremos a série , em [0, 1].
n=1
2n
¯ −nx ¯
¯e
¯ = 1 ≤ 1 ∀x ∈ [0, 1].
¯
¯
¯ 2n ¯ enx 2n 2n
∞
X 1 1
A série n
é uma série geométrica de razão sendo, portanto, convergente. Pelo
n=1
2 2
Teorema de Weierstrass a série dada é uniformemente convergente em [0, 1]. Pelo Teorema
4.3.4
Z 1X ∞ ∞ Z 1 −nx ∞ · −nx ¸1 X ∞
e−nx X e X 1 e 1 − e−n
n
dx = n
dx = n
− = n
.
0 n=1 2 n=1 0 2 n=1
2 n 0 n=1
n2
∞
X xn
EXEMPLO 10: A série é uniformemente convergente em qualquer intervalo [a, b],
n=0
n!
a, b ∈ R, pois nesse intervalo
¯ n¯
¯x ¯ Mn
¯ ¯≤ , sendo M = max (|a|, |b|),
¯ n! ¯ n!
∞ ∞
X Mn xn X xn
e a série é convergente. Como fn (x) = é contı́nua ∀n ∈ N, a série é
n!
n=0
n! n=0
n!
integrável termo a termo e
∞
Z bX ∞ Z b ∞ · ¸b X ∞
xn X xn X 1 xn+1 bn+1 − an+1
dx = dx = = .
a n=0 n! n=0 a n! n=0
n! n + 1 a n=0
(n + 1)!
NOTA: Uma série pode não ser uniformemente convergente num intervalo [a, b] e ser
integrável termo a termo nesse intervalo.
∞
X
EXEMPLO 11: A série x+ (xn −xn−1 ) é convergente em [0, 1] para a função f definida
n=2
por
½
0, se 0 ≤ x < 1
f (x) =
1, se x = 1
Z 1
uniformemente convergente. No entanto, f (x) dx = 0 e
0
∞ Z
X 1 Z 1 ∞ Z
X 1
fn (x) dx = x dx + (xn − xn−1 ) dx
n=1 0 0 n=2 0
· ¸
2 1 ∞ · n+1 n
¸1
x X x x
= + −
2 0 n=2
n+1 n 0
∞ µ ¶
1 1 X 1
= + −
2 n=2 n + 1 n
∞ µ ¶
1 X 1 1
= − − = 0.
2 n=2 n n + 1
NOTA: No Corolário, quando dizemos que a série é primitivável termo a termo, não es-
tamos a tomar primitivas genéricas: tomamos os integrais indefinidos, isto é, as primitivas
que se anulam em a.
Teorema 4.3.5 Sejam a, b ∈ R, a < b e (fn ) uma sucessão de funções de classe C 1 em
∞
X ∞
X
[a, b]. Se existir x0 ∈ [a, b] tal que a série numérica fn (x0 ) converge e a série fn′
n=1 n=1
∞
X
convergir uniformemente em [a, b] então a série fn converge uniformemente em [a, b]
n=1
para uma função f e
∞
X
f ′ (x) = fn′ (x), ∀x ∈ [a, b].
n=1
Demonstração: Se as funções (fn ) são de classe C 1 em [a, b], então as funções Sn são de
classe C 1 em [a, b]. Além disso,
n
X
Sn′ (x) = fr′ (x), ∀x ∈ [a, b].
r=1
146 4. Sucessões e Séries de Funções
∞
X
EXEMPLO 12: Consideremos a série xn . É uma série geométrica de razão x. A série
n=0
converge se, e só se, |x| < 1 e, neste caso,
∞
X 1
xn = .
n=0
1−x
∞
X
n n
Seja 0 < r < 1. Então |x | ≤ r , ∀x ∈ [−r, r]. Como a série rn é uma série
n=0
∞
X
numérica convergente, a série xn é uniformemente convergente em [−r, r].
n=0
Z r Z r ∞ ∞ Z r
1 X
n
X
dx = x dx = xn dx
−r 1−x −r n=0 −r
∞ · n+1
¸n=0
r
x X
⇔ [ − log |1 − x| ]r−r =
n=0
n + 1 −r
∞ µ n+1 ¶
X r − (−r)n+1
⇔ − log |1 − r| + log |1 + r| =
n=0
n+1
µ ¶ X ∞ n+1 ∞
1+r r n+1
X r2n+1
⇔ log = (1 − (−1) ) = 2 .
1−r n=0
n+1 n=0
2n + 1
∞
X
Consideremos novamente a série xn . Derivando-a termo a termo obtemos a série
n=0
∞
X
(n + 1)xn . Como
n=0
podemos afirmar, pelo Critério de D’Alembert, que se |x| < 1 a série converge e se |x| > 1
∞
X ∞
X
a série diverge; se |x| = 1 temos as séries divergentes (n + 1) e (n + 1)(−1)n .
n=0 n=0
∞
X
Esta série, (n + 1)xn , é uniformemente convergente em qualquer intervalo [−r, r] se
n=0
∞
X
n
0 < r < 1 porque |(n + 1)x | ≤ (n + 1)r e a série n
(n + 1)rn é convergente. Podemos
n=0
4.3 Convergência pontual e convergência uniforme de séries de funções 147
∞
1 X
Teorema 4.4.1 Seja pn
= r. Se r ∈ R +
, então a série de potências an xn é
lim |an | n=0
absolutamente convergente em cada ponto x ∈ ] − r, r[ e divergente em cada ponto x ∈
] − ∞, −r[∪]r, +∞[. Se r = +∞ então a série de potências é absolutamente convergente
para todo o x ∈ R. Se r = 0, a série converge se x = 0 e diverge se x 6= 0.
∞
X
Demonstração: Consideremos a série |an xn |. Tendo em conta que
n=0
p
n
p
lim |an xn | = |x| lim n |an |,
p
temos, pelo Corolário 1 do Critério da Raiz, que, se |x| lim n |an | < 1 (isto é, se |x| < r),
X∞
a série converge, ou seja, a série an xn converge absolutamente.
p n=0
Se |x| lim n |an | > 1 (isto é, se |x| > r) então, pelo raciocı́nio usado no Corolário 1 do
Critério da Raiz, existe uma subsucessão de |an xn | que toma valores maiores ou iguais a
1, o que implica que a sucessão |an xn | não tende para zero, pelo que sucessão an xn não
X∞
tende para zero, donde se conclui que a série an xn diverge.
n=0
∞
X xn
EXEMPLO 2: Calculemos o raio de convergência da série :
n=1
nn
1 1 1
r= p = r = = +∞.
n
lim |an | 1 1
lim
n lim
nn n
A série tem raio de convergência infinito, isto é, a série é absolutamente convergente
∀x ∈ R.
∞
X
EXEMPLO 3: A série n! xn tem raio de convergência r = 0:
n=0
¯ ¯
¯ an ¯
r = lim ¯
¯ ¯ = lim n! = lim
1
= 0,
an+1 ¯ (n + 1)! n+1
¯ ¯ 1
¯ an ¯ n = lim n + 1 = 1
r = lim ¯¯ ¯ = lim
an+1 ¯ 1 n
n+1
podemos afirmar que o intervalo de convergência da série é ] − 1, 1[: a série converge
absolutamente no intervalo ] − 1, 1[ e diverge em ] − ∞, −1[∪]1, +∞[.
∞
X (x + 1)n
EXEMPLO 5: Consideremos a série (−1)n . Seja y = x + 1. A série
n=0
2n
∞
X yn
(−1)n n
n=0
2
NOTA: O teorema anterior não diz nada sobre a natureza da série de potências nos
extremos do intervalo de convergência, ] − r, r[, r ∈ R+ . Pode acontecer que a série seja
convergente nos dois extremos, convergente num e divergente no outro, ou divergente nos
dois. Teremos sempre de estudar os casos x = r e x = −r.
No caso do Exemplo 4, o intervalo de convergência é ] − 1, 1[:
∞
X (−1)n
– Se x = −1, obtemos a série que é convergente.
n=1
n
∞
X 1
– Se x = 1, obtemos a série que é divergente.
n=1
n
Concluı́mos que a série converge no intervalo [−1, 1[ e diverge em ] − ∞, −1[∪[1, +∞[.
∞
X
Teorema 4.4.2 Se o raio de convergência da série an xn é r > 0 e se 0 < ρ < r
n=0
então a série é uniformemente convergente em [−ρ, ρ].
∞
X
n n
Demonstração: Por hipótese, |an x | ≤ |an | ρ , ∀x ∈ [−ρ, ρ]. A série |an | ρn é uma
n=0
série numérica convergente, pois
p p 1 1
lim n |an | ρn = lim ρ n |an | = ρ < ρ = 1.
r ρ
∞
X
Então, pelo Critério de Weierstrass, a série an xn é uniformemente convergente em
n=0
[−ρ, ρ].
Corolário 1 Toda a série de potências é uniformemente convergente em qualquer inter-
valo fechado [a, b] contido no seu intervalo de convergência e tem-se:
Z bX∞ ∞
n
X bn+1 − an+1
an x dx = an .
a n=0 n=0
n+1
Demonstração: Se [a, b] ⊂ ] − r, r[ então existe ρ > 0 tal que [a, b] ⊂ [−ρ, ρ] ⊂ ] − r, r[.
Pelo teorema, a série é uniformemente convergente em [−ρ, ρ] e sê-lo-á também em [a, b].
Então podemos integrar a série termo a termo em [a, b]:
Z bX∞ ∞ Z b ∞ Z b ∞
n
X
n
X
n
X bn+1 − an+1
an x dx = an x dx = an x dx = an .
a n=0 n=0 a n=0 a n=0
n+1
Demonstração: VimosPno Corolário 4.3.5 do Teorema 4.3.4 condições suficientes para que
uma série de funções un (x) seja derivável termo a termo:
P
– un (x) pontualmente convergente em [a, b];
1 1 1
p = √ p = p = r,
lim n |nan | lim n n n |an | lim n |an |
Assim,
Ã∞ !′ ∞
X X
n
an x = n an xn−1 , ∀x ∈ ] − r, r[.
n=0 n=0
P
NOTA: Se a série de potências an xn tem raio de convergência r, então a série das
derivadas tem o mesmo raio de convergência r, assim como a série das primitivas.
∞
X x2n+1
EXEMPLO 6: Consideremos a série (−1)n . Seja y = x2 e estudemos a série
n=0
(2n + 1)!
∞
X yn
(−1)n .
n=0
(2n + 1)!
¯ ¯
¯ (−1)n ¯
¯ ¯
¯ (2n + 1)! ¯ (2n + 3)!
lim ¯
¯
n+1 ¯ = lim
¯ = lim (2n + 3)(2n + 2) = +∞
¯ (−1) ¯ (2n + 1)!
¯ (2n + 3)! ¯
Z 1 ∞
X x2n
EXEMPLO 7: Calculemos f (x) dx sendo f (x) = (−1)n . Seja y = x2 . A série
0 n=0
(2n)!
∞ n
X y
(−1)n tem raio de convergência infinito:
n=0
(2n)!
¯ ¯
¯ (−1)n ¯
¯ ¯
¯ (2n)! ¯ (2n + 2)!
r = lim ¯
¯
n+1 ¯ = lim
¯ = lim (2n + 2)(2n + 1) = +∞,
¯ (−1) ¯ (2n)!
¯ (2n + 2)! ¯
o que implica que a série dada converge ∀x ∈ R. Será então uniformemente convergente
em [0, 1] e integrável termo a termo nesse intervalo:
Z ∞
1X ∞ Z 1
x2n n
X x2n
(−1) dx = (−1)n dx
0 n=0
(2n)! n=0 0 (2n)!
∞ · 2n+1 ¸1 X∞
X 1 x n (−1)n
= (−1) = .
n=0
(2n)! 2n + 1 0 n=0 (2n + 1)!
∞
X (x − 5)n
EXEMPLO 8: Consideremos a série (−1)n+1 . Seja y = x − 5. A série
n=1
n 5n
∞ n
X y
(−1)n+1 tem raio de convergência
n=1
n 5n
¯ ¯
¯ (−1)n+1 ¯
¯ ¯ n+1
¯ = lim (n + 1) 5
¯ n 5n ¯
r = lim ¯
¯
n+2 = 5,
¯ (−1)
¯
¯ n 5n
¯ (n + 1) 5n+1 ¯
(x − x0 )2 (x − x0 )n−1
f (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 )(x − x0 ) + f ′′ (x0 ) + · · · + f (n−1) (x0 ) + ···
2! (n − 1)!
0 + 0x + 0x2 + · · · ,
que converge para a função nula em R. Portanto, f não é a soma da série em nenhum
ponto, excepto em 0, dado que f (x) 6= 0 se x 6= 0.
Que condições suplementares devem ser impostas a uma função f , suposta indefinida-
mente diferenciável numa vizinhança de x0 , para que fique garantida a igualdade (4.1)?
A consideração da fórmula de Taylor de f permite responder de forma simples a esta
questão. De facto, sendo Sn (x) a soma dos n primeiros termos da série de Taylor de f
em x0 ∈ I, tem-se
Rn (x) = f (x) − Sn (x),
verificando-se o seguinte resultado:
156 4. Sucessões e Séries de Funções
f (n) (θx) n eθ x n
Rn (x) = x = x , 0 < θ < 1,
n! n!
o que implica que, tendo em conta que eθ x ≤ ex pois ex é uma função crescente,
e|x| n
0 ≤ |Rn (x)| ≤ |x| .
n!
e|x| n
Mas a série de termo geral |x| é uma série convergente, ∀x ∈ R, portanto,
n!
e|x| n
lim |x| = 0, ∀x ∈ R,
n→+∞ n!
′ f ′′ (0) 2
f (0) + f (0) x + x + ···
2!
na qual se substituı́ram os valores das sucessivas derivadas da função considerada. Dado
que este processo é bastante trabalhoso, raramente se recorre a ele na prática, preferindo-se
o recurso a certos desenvolvimentos já conhecidos e tendo em conta o seguinte resultado:
1
EXEMPLO 7: Seja f (x) = 2 . Tendo em conta que x2 − x − 6 = (x − 3)(x + 2)
x −x−6
vem
µ ¶
1 1 1 1 1 1 1 1
f (x) = − = − · x − · ³ x´ .
5 x−3 x+2 5 3 1− 2 1− −
3 2
Sabendo que
∞ ³ ´
1 X x n
x = , |x| < 3
1− n=0
3
3
e ∞ ³ ∞
1 X x ´n X n x
³ ´n
x = − = (−1) , |x| < 2
1 − (− ) n=0 2 n=0
2
2
4.5 Série de Taylor e série de MacLaurin 159
= α g(x)
160 4. Sucessões e Séries de Funções
ou seja,
(1 + x) g ′ (x) = α g(x). (4.2)
g(x)
Consideremos a função e calculemos a sua derivada:
(1 + x)α
µ ¶′
g(x) g ′ (x)(1 + x)α − α(1 + x)α−1 g(x) (1 + x)α−1 ((1 + x) g ′ (x) − α g(x))
= = ·
(1 + x)α (1 + x)2α (1 + x)2α
4.6 Exercı́cios
1. Considere a sucessão de funções fn : [0, 1] → R definida por
xn
fn (x) = .
n+1
(a) Mostre que a sucessão (fn ) converge pontualmente em [0, 1] e determine a
função limite.
(b) Mostre que a sucessão (fn ) converge uniformemente em [0, 1].
(a) Mostre que a sucessão (fn ) converge pontualmente em [0, +∞[ e calcule a
função limite.
(b) Mostre que a sucessão (fn ) converge uniformemente em [1, 3].
(c) Mostre que a sucessão (fn ) não converge uniformemente em [0, +∞[.
fn (x) = x2n+1
(a) Determine a função f : [−1, 1] → R, limite pontual da sucessão (fn ), em [−1, 1].
Z 1 Z 1
(b) Mostre que lim fn (x) dx = f (x) dx.
−1 −1
(c) Diga, justificando, se a convergência da sucessão (fn ) é, ou não, uniforme em
[−1, 1].
nx2
8. Considere a sucessão de funções definida por fn (x) = , n ∈ N.
1 + nx
(a) Prove que a sucessão é pontualmente convergente em [0, 1].
(b) Estude a sucessão (fn ) quanto à convergência uniforme em [0, 1].
Z 1
(c) Calcule lim fn (x) dx
n→+∞ 0
9. Considere a série
+∞
X (n − 1) x
n=1
(1 + x2 )n
10. Seja (fn ) uma sucessão de funções reais de variável real, contı́nuas em [0, 1], que
converge uniformemente para f em [0, 1]. Mostre que
∞
X
(a) nn x n ;
n=0
∞ µ ¶n
X (−1)n 1−x
(b) ;
n=1
2n − 1 1+x
∞
X (x + 3)n
(c) ;
n=0
(n + 1)2n
∞
X (1 − x2 )n
(d) √ ;
n=0
n + 2
∞
X x2n+1
(e) (−1)n ;
n=0
2n + 1
∞ µ ¶n
X (−1)n
(f) 1+ (2x + 1)n .
n=0
2
(a) x −→ ax , a > 0;
1
(b) x −→ 2 ;
a + x2
(c) x −→ arc tg x.
ex − e−x ex + e−x
senh(x) = e cosh(x) = ∀x ∈ R
2 2
escreva as respectivas séries de potências de x.
[3] ELLIS, R.; GULLICK, D. - Calculus with Analytic Geometry, 5a edição, Saunders
College Publishing, 1994.
[6] LARSON, R.; HOSTETLER, R.; EDWARDS, B. - Calculus with Analytic Geometry,
5a edição, Heath, 1994.
[12] TAYLOR, A.; MANN, R. - Advanced Calculus, 2a edição, Xerox College Publishing,
1972.
Índice Remissivo
resto de ordem p, 97
série, 89
absolutamente convergente, 102
alternada, 99
binomial, 155
condicionalmente convergente, 102
convergente, 89
de Dirichlet, 106
de potências, 148
divergente, 89
geométrica, 89
harmónica, 96
harmónica alternada, 100
simplesmente convergente, 102
telescópica, 92
termo geral, 89, 138
termos da série, 89
série de MacLaurin, 154
série de Taylor de f em x0 , 154
soma, 89
soma inferior de Darboux, 36
soma superior de Darboux, 36
somas parciais, 89
Teorema
da média, 46
Fundamental do Cálculo Integral, 46
Teorema
de Mertens, 123
Zenão, 88