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Inquerito Policial PDF

O inquérito policial é um procedimento administrativo conduzido pelo delegado com o objetivo de elucidar fatos criminosos e coletar provas e indícios de autoria. Ele possui características como a indisponibilidade, sigilo e prazos específicos para conclusão, além de ser destinado ao Ministério Público e, indiretamente, ao juiz. O inquérito é dispensável, podendo o MP oferecer denúncia com base em outras informações, e não produz provas diretas, mas sim elementos indiciários.
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Inquerito Policial PDF

O inquérito policial é um procedimento administrativo conduzido pelo delegado com o objetivo de elucidar fatos criminosos e coletar provas e indícios de autoria. Ele possui características como a indisponibilidade, sigilo e prazos específicos para conclusão, além de ser destinado ao Ministério Público e, indiretamente, ao juiz. O inquérito é dispensável, podendo o MP oferecer denúncia com base em outras informações, e não produz provas diretas, mas sim elementos indiciários.
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INQUÉRITO POLICIAL

Conceito:

O inquérito policial é um conjunto de diligências praticadas pelo delegado de polícia com a


finalidade de elucidar um fato criminoso.

Trata-se de um procedimento administrativo presidido pela autoridade de polícia judiciária, de


caráter inquisitivo e informativo, que tem por fim colher prova da existência do crime e indícios
suficientes de autoria, buscando viabilizar o exercício da ação penal.

Natureza Jurídica:

O inquérito possui natureza jurídica de procedimento administrativo, que traz uma sequência
de atos administrativos, sem uma ordenação prévia, sujeita à discricionariedade do delegado.

No entanto, existem algumas formalidades que precisam ser seguidas (Ex: precisa ser escrito,
tem prazo). O inquérito não é formal, mas os atos o são. Ele não é formal enquanto processo.

Finalidade do Inquérito Policial:

De acordo com o artigo 4º do CPP, terá por fim colher prova da infração e indício suficiente de
autoria.

Não é correto dizer que a finalidade do inquérito é embasar uma denúncia. Pode ser que esses
indícios recaiam sobre alguém que já morreu ou que as provas da infração mostrem que o
crime está prescrito, e aí não haverá a denúncia.

Destinatários do Inquérito:

O inquérito tem como destinatário IMEDIATO o Ministério Público. O MP oferece a denúncia ou


não com base no inquérito. Ele precisa de um lastro probatório mínimo (prova da existência da
infração e indícios suficientes de autoria), que irão fornecer JUSTA CAUSA para a denúncia.

Essa denúncia, ou o requerimento de arquivamento, serão feitos ao juiz. Portanto, diz-se que o
inquérito policial tem como destinatário MEDIATO o juiz.

DESTINATÁRIO IMEDIATO MP
DESTINATÁRIO MEDIATO Juiz

É certo que o juiz não pode condenar com base exclusivamente no inquérito policial, mas ele
também pode utilizá-lo para formar o seu convencimento.
Características do Inquérito Policial:

● É um procedimento administrativo, pois é conduzido pela autoridade policial, e não


pelo juiz.
● É um procedimento oficioso. Salvo nas hipóteses de crimes de ação penal pública
condicionada à representação e dos delitos de ação penal privada, o inquérito policial
deve ser instaurado de ofício pela autoridade policial, sempre que tiver conhecimento
da prática de um delito (art. 5.º, I, do CPP). Aqui não há discricionariedade!
● É um procedimento indisponível. Instaurado o inquérito, não pode a autoridade
policial, por sua iniciativa, promover o seu arquivamento (art. 17, do CPP), ainda que
venha a constatar a atipicidade do fato apurado ou que não tenha detectado indícios
que apontem o seu autor.
● É um procedimento temporário. O inquérito policial não pode ter seu prazo de
conclusão prorrogado indefinidamente, sendo que as diligências devem ser realizadas
pela autoridade policial apenas enquanto houver necessidade.
● É um procedimento unidirecional. De acordo com Paulo Rangel, dizer que o inquérito
policial é unidirecional é dizer que não pode à autoridade policial emitir nenhum juízo
de valor na apuração dos fatos. Ex: não pode a autoridade policial dizer que o indiciado
agiu em legítima defesa ou que foi movido por violenta emoção ao cometer o
homicídio.

● É um procedimento sigiloso. Ao contrário do que ocorre em relação ao processo


criminal, que se rege pelo princípio da publicidade (salvo exceções legais), no inquérito
policial é possível resguardar sigilo durante a sua realização. O sigilo é cabível quando
necessário para a elucidação do fato. Mas há casos que é a publicidade que auxiliará na
elucidação do fato. Ex. retrato falado.
● É um procedimento oficial. Incumbe ao Delegado de Polícia a presidência do inquérito
policial. Assim, o inquérito policial fica a cargo de órgão oficial do Estado, nos termos
do art. 144, § 1º, I, c/c art. 144, § 4º, da CF. Assim, promotor de justiça jamais preside o
inquérito policial, sendo possível que ele também investigue por meio do PIC
(procedimento investigatório criminal).
● É um procedimento escrito, pois todos os seus atos devem escritos ou, quando orais,
reduzidos a termo.
● É um procedimento inquisitivo, pois é pré-processual, não apresentando as figuras do
autor e do réu. Por isso, não há contraditório e ampla defesa.
● É um procedimento discricionário, pois a autoridade policial irá conduzir a investigação
da maneira que entender mais frutífera. Por isso, o rol de atos do art. 6º não se
apresenta em uma sequência necessária a ser seguida pelo delegado. Ademais, a
autoridade policial poderá realizar ou não as diligências requeridas pelo ofendido ou
seu representante legal, conforme art. 14 do CPP:

CPP, Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão


requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
EXCEÇÕES:
. O delegado não tem discricionariedade quando um crime deixa vestígios. Se um crime deixa
vestígios ele TEM QUE determinar a realização de exame de corpo de delito (artigo 158 do
CPP).
. O delegado não tem discricionariedade quando ocorre requisição do juiz ou do MP.
. Lavratura do auto de prisão em flagrante: quando o delegado lavra o auto, há uma cognição
coercitiva. Lavrado o auto de prisão em flagrante, deve haver a instauração do inquérito
policial.

● O inquérito é dispensável, sendo apenas uma peça de informação. O MP pode oferecer


a denúncia sem inquérito policial, mas ele precisa de peças de informação de onde se
possa extrair prova da infração e indícios suficientes de autoria. Na maioria dos casos a
peça de informação é o IP, mas não precisa ser.
● O inquérito é indisponível para a autoridade policial, que não poderá nunca arquivá-lo.
Quem promove o arquivamento é o MP, devendo esse requerimento ser feito ao juiz.

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Instauração do inquérito policial:

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

O inquérito pode ser instaurado:


- De ofício (após o auto de prisão em flagrante ou mediante Portaria)
- Mediante requisição do juiz ou MP
- A requerimento do ofendido ou de seu representante.

Nos crimes de ação penal privada, somente a partir do requerimento da vitima é que se pode
instaurar o IP (art. 5º, §5º)
Se for um crime de Ação Penal Pública Condicionada, somente a partir de representação da
vítima pode ser instaurado o inquérito policial (art. 5º, §4º).

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de


representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o


chefe de Polícia.

Atente-se ao Art. 5º do CPP:


Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a


requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de


convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá


recurso para o chefe de Polícia.

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração


penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das
informações, mandará instaurar inquérito.

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,


não poderá sem ela ser iniciado.

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá


proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Notitia criminis:
Notitia criminis é o conhecimento da ocorrência de um fato criminoso pela autoridade policial.
Pode ser apresentada por qualquer pessoa do povo, conforme §3º do art. 5º:

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de


infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das
informações, mandará instaurar inquérito.

Prazo do Inquérito Policial:

Uma vez instaurado um inquérito, ele se subordina a um determinado prazo.


A regra é a do artigo 10 do CPP, segundo a qual o inquérito policial deverá ser concluído dentro
de 10 dias se o indiciado estiver preso e 30 dias se estiver solto. Esse prazo é um prazo penal,
sendo contado de acordo com as regras do Código Penal.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver


sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

Ademais, pelo artigo 66 da Lei 5010/66, os inquéritos na policia federal têm o prazo de 15 dias
se o indiciado estiver preso, prorrogáveis por mais 15 dias, fundamentadamente. A lei é omissa
quanto ao prazo do réu solto, e diante dessa omissão aplica-se a regra de 30 dias.

RÉU PRESO RÉU SOLTO


Regra Geral 10 dias 30 dias
Crimes Federais 15 dias 30 dias

O prazo de conclusão do inquérito não é para encerrar as investigações. Quando se fala em


concluir o inquérito significa relatá-lo e remetê-lo ao MP. O Ministério Público pode remeter
novamente o inquérito à autoridade policial, requerendo novas diligências.

Vejamos o seguinte quadro resumo:

INVESTIGADO PRESO INVESTIGADO SOLTO


O prazo para a conclusão do inquérito O prazo para a conclusão do inquérito é de 30
policial é de 10 dias. De acordo com o art. dias, mas pode ser prorrogado (30 + 30 +30
3º-B, §2º do CPP, pode haver prorrogação ...).
por mais 15 dias.

Prazo próprio: o descumprimento produz Prazo impróprio: é aquele cujo


sanções. Se o IP não for concluído nesse descumprimento não acarreta nenhuma
prazo, a prisão será relaxada. sanção.

Tramitação do Inquérito Policial:

A autoridade deve resguardar o sigilo necessário para a elucidação dos fatos. Por isso, diz-se
que o inquérito é SIGILOSO para as pessoas do povo em geral.

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação


do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes.

No entanto, tal sigilo não alcança o juiz e nem o MP. Ademais, o advogado do indiciado deve
ter acesso amplo aos elementos de prova já documentados nos autos do IP, e que digam
respeito ao exercício do direito de defesa. Nesse sentido, o STF chegou a editar uma Súmula
Vinculante:

Súmula Vinculante 14
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.

Valor probatório do Inquérito Policial

Tecnicamente, o inquérito policial não produz provas, e sim elementos indiciários ou


de informação.
Art. 155: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Termo Circunstanciado

O Termo Circunstanciado é cabível para as infrações de menor potencial ofensivo, isto é, nos
crimes cuja pena não seja superior a dois anos, cumulada ou não com multa, e nas
contravenções penais.

Após a lavratura do termo circunstanciado, a autoridade policial o “encaminhará


imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários” (artigo 69, caput, Lei nº. 9.099/95). Entretanto, na prática tal
providência é muito rara de ocorrer, pois normalmente as partes são liberadas pela autoridade
e, posteriormente, são intimadas para comparecer à audiência preliminar.

Cabe ressaltar que recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, a


inconstitucionalidade da lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pela polícia
ostensiva.

A primeira turma, por maioria, negou provimento ao agravo nos termos do voto do Relator,
ministro Luiz Fux. O pedido foi feito em 2012 pela Associação dos Delegados do Amazonas
(Adepol/AM) em uma ação direta de inconstitucionalidade sobre artigos e parágrafos em torno
da lei Lei 9.099/95. Com esta decisão, apenas delegados de polícia podem aplicar o termo no
Estado e, consequentemente, em todo o país. (RE 993822 A GR / AM)

Outros Procedimentos Preparatórios da Ação Penal


A ação penal pode ser iniciada através de outros procedimentos preparatórios. Deste modo o
Inquérito Policial não é o único procedimento para se deflagrar a ação penal.

Há instauração de procedimentos administrativos investigatórios de natureza criminal no


âmbito do próprio Ministério Público, havendo necessidade de apuração de determinado fato.
Neste ponto importante entender qual é o posicionamento o STJ e do STF em relação a
investigação criminal realizada pelo Ministério Público.

Investigação Criminal direta pelo Ministério Público:

Para o STJ prevalece o entendimento de que a Constituição Federal e a legislação


infraconstitucional asseguram ao Ministério Público o poder de realizar investigações no
âmbito criminal. O entendimento é de que a participação do MP na busca de dados para o
oferecimento da denúncia não enseja, a princípio, impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia. Esse entendimento embasa a súmula 234 do STJ:

Súmula n° 234 do STJ a participação de membro do Ministério Público na fase investigatória


criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

Para o STF, o Parquet dispõe de atribuições para promover, por autoridade própria,
investigações de natureza penal, respeitando os direitos e garantias que assistem a qualquer
pessoa sob investigação do Estado, esse é o entendimento fixado pelo pleno do STF, no RE
593.727/MG, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 14/05/2015, DJe 175 04/09/2015:

O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por
prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias
que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e,
também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os
Advogados (Lei nº 8.906/94, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem
prejuízo da possibilidade - sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente
controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante nº 14),
praticados pelos membros dessa Instituição. (Tese de repercussão geral RE 593727)

Arquivamento do Inquérito Policial:

Antes do Pacote Anticrime, como regra, o MP requeria o arquivamento e quem arquivava era o
JUIZ. A autoridade policial não podia arquivar o IP, conforme já estudado. Com o Pacote
Anticrime, o arquivamento do Inquérito Policial é feito diretamente pelo Ministério Público.

Se o juiz discordar do pedido de arquivamento, irá remeter o inquérito ao chefe do Ministério


Público (em regra, o Procurador-Geral de Justiça), que irá decidir se concorda ou não com o
arquivamento. Se discordar do arquivamento, ele mesmo irá oferecer denúncia ou designar
outro membro do MP para oferecê-la. Se concordar com o pedido de arquivamento, o juiz
estará obrigado a atendê-lo (o juiz não pode discordar do PGJ e mandar arquivar o IP mesmo
assim).
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o
juiz obrigado a atender.

OBSERVAÇÃO:
O STJ e o STF não aceitam a tese do arquivamento implícito, quando o membro do MP requer
o arquivamento em relação apenas a certos fatos ou a alguns acusados, silenciando-se
quanto aos demais.

O arquivamento implícito não é admitido pela doutrina e pela jurisprudência, pois todas as
manifestações do MP devem ser fundamentadas, caracterizando omissão injustificada do
Ministério Público. Logo, constatando o magistrado a ocorrência destas situações, deverá
restituir vista dos autos ao parquet para que este se pronuncie.

Arquivamento indireto do inquérito policial:ocorre quando o Ministério Público deixa de


oferecer denúncia com base na incompetência do juízo para processar e julgar futura ação
penal. Não tendo o Ministério Público atribuição para atuar, vai requerer a remessa dos autos
ao juízo competente, onde atuará o promotor com atribuições para o caso. Assim, haverá o
arquivamento apenas em relação a este juízo originário, por isso chamado de “indireto”. No
juízo derivado, ao qual será remetido o inquérito, o inquérito tramitará normalmente.

Desarquivamento do Inquérito Policial:

Em regra, a decisão de arquivamento não faz coisa julgada, de modo que poderão ser reabertas
as investigações se a autoridade policial tiver notícia de novas provas.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Súmula 524:
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

No entanto, há exceções:
- Arquivamento por atipicidade (a conduta não configura crime)
- Arquivamento fundado em extinção da punibilidade (Ex: crime prescrito)
Arquivamento por excludente de ilicitude ou culpabilidade – O entendimento mais recente do
STF é no sentido de que NÃO faz coisa julgada material, podendo ser desarquivado. Há uma
certa divergência e decisões em sentido contrário, porém a tendência é a de que se solidifique
esse entendimento do STF, inclusive nas provas.

Nestes casos, o arquivamento fará coisa julgada material, de modo que, ainda que surjam
novas provas, não será possível oferecer denúncia.

DESARQUIVAMENTO OFERECIMENTO E DENÚNCIA

É a reabertura das investigações, e só será Já para o oferecimento da denúncia, serão


possível nos casos em que o arquivamento necessárias provas novas, capazes de alterar
tiver formado “coisa julgada formal” o contexto probatório dentro do qual foi
(ausência de lastro probatório, pressupostos proferida a decisão de arquivamento.
processuais, condições da ação). Não há
necessidade efetiva do surgimento de provas
novas.

Pressuposto: notícia de prova nova. Art. 118 Pressuposto: prova nova. Súmula 524, STF.
CPP.

MOTIVO DO ARQUIVAMENTO É POSSÍVEL


DESARQUIVAR?
SIM
1) Insuficiência de provas
(Súmula 524/STF)
(coisa julgada formal: cláusula rebus sic standibus)
SIM
2) Ausência de pressuposto processual ou de condição da
ação penal

(coisa julgada formal: cláusula rebus sic standibus)


SIM
3) Falta de justa causa para a ação penal
(não há suficientes indícios de autoria ou prova da
materialidade)
(coisa julgada formal: cláusula rebus sic standibus)
NÃO
4) Atipicidade (fato narrado não é crime)

(coisa julgada formal e material)


STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)
5) Existência manifesta de causa excludente de ilicitude
STF: SIM (Alguns

(coisa julgada formal e material)* precedentes dizendo que


só faz coisa julgada formal:
HC 125101/SP)
NÃO
6) Existência manifesta de causa excludente de
(posição da doutrina)
culpabilidade
(coisa julgada formal e material)
NÃO
7) Existência manifesta de causa extintiva da punibilidade
(STJ HC 307.562/RS)
(coisa julgada formal e material)
(STF Pet 3943)
Exceção: certidão de óbito
falsa

ALGUMAS NOVIDADES DO PACOTE ANTICRIME:

-ARQUIVAMENTO DO IP DIRETAMENTE PELO MP

-POSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO DO IP EM CASO DE INDICIADO PRESO

-JUIZ NÃO PODE MAIS AGIR DE OFÍCIO NO CURSO DA INVESTIGAÇÃO

Súmulas sobre Inquérito Policial:

Súmula 397, STF: O poder de polícia da Câmara os Deputados e do Senado Federal, em


caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento,
a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.
Súmula 524, STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
do direito de defesa.
Súmula 234, STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase
investigatória criminal não acarreta seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento de denúncia.
Súmula, 444, STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para agravar a pena-base.

EXERCÍCIOS

1 – (FGV- 2023- TJ-ES) Quanto à atuação do órgão jurisdicional no curso das investigações
realizadas no inquérito policial, é correto afirmar que o juiz:

A) poderá requisitar a instauração de inquérito policial em crimes de ação de iniciativa


privativa do ofendido;
B) poderá oferecer de ofício proposta de suspensão condicional do processo ao
indiciado, sem manifestação do Ministério Público;
C) poderá decretar a prisão temporária do indiciado mediante representação da
autoridade policial, ouvido o Ministério Público;
D) poderá oferecer de ofício acordo de não persecução penal ao indiciado, sem
manifestação do Ministério Público;
E) poderá decretar de ofício a incomunicabilidade do indiciado por cinco dias, se assim
o requerer o Ministério Público.

Resposta: Letra C.

LETRA A) INCORRETA. De acordo com art. 5º, §5º, do CPP: “§5º Nos crimes de ação privada, a
autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
qualidade para intentá-la”.

LETRA B) INCORRETA. De acordo com a Súmula 696 do STF: “Reunidos os pressupostos legais
permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a
propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”.

LETRA C) CORRETA. Veja: Lei 7.960/89, Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em
face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá
o prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.

§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o


Ministério Público.

LETRA D) INCORRETA. De acordo com o art. 28-A do CPP:

“Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não
persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,
mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:”.

LETRA E) INCORRETA. O entendimento do art. 21 do CPP não foi recepcionado pela CF, o prazo
presente da assertiva também está errado, nesse caso, são três dias e não cinco.

2 – (FGV-2023-DPE-RS) Em 2018, João, após ingerir cinco latas de cerveja, deitou-se em sua
cama e rapidamente adormeceu. Contudo, por volta das 04h30, o seu enteado de 9 anos de
idade o acordou afirmando que estava com fome. João, pessoa hipossuficiente
economicamente, não dispunha de gás canalizado, de forma que o agente acendeu uma
pequena fogueira e cozinhou macarrão para o seu enteado. Em seguida, enquanto a criança
se alimentava e ainda sob o efeito de álcool, João voltou a dormir. Ato continuo, a criança
acabou por esbarrar na fogueira e, em razão das chamas, velo a falecer.

A Delegacia de Policia da localidade deflagrou uma investigação sobre os fatos e João, no


relatório final, acabou por ser indiciado pelo crime de homicídio culposo. Contudo, o
Ministério Público, em junho de 2019, no último dia do prazo legal, manifestou-se no
sentido do arquivamento do inquérito policial, ao argumento de que João sofreu de forma
tão grave em razão dos eventos que a sanção penal se tornou desnecessária.

Nesse cenário, considerando as disposições do Código de Processo Penal e a jurisprudência


dominante dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que, em havendo a promoção de
arquivamento do inquérito policial:

A) o juiz, enquanto fiscal do principio da obrigatoriedade da ação penal pública, poderá


remeter os autos ao procurador- geral de Justiça, que decidirá, podendo determinar
que o membro da instituição que outrora promoveu o arquivamento ofereça
denúncia;
B) o juiz somente pode a ela se opor em caso de flagrante ilegalidade. No caso
concreto, ausente o requisito supracitado, caberá ao juiz homologar a manifestação
do Ministério Público, considerando ser este o titular privativo da ação penal
pública;
C) o juiz, enquanto fiscal do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, poderá
remeter os autos ao procurador- geral de Justiça, que decidirá sobre a matéria;
D) e a homologação pelo juízo competente, exsurge a possibilidade jurídica da família
da vitima ingressar com uma ação penal privada subsidiária da pública;
E) e a homologação pelo juízo competente, a família da vítima poderá recorrer ao
Tribunal de Justiça ao qual está vinculado o magistrado.

Resposta: Letra C.

LETRA A: Incorreta. O Procurador Geral de Justiça não tem a prerrogativa de determinar ao


Promotor que determinou o arquivamento a promover a denúncia. Em sendo o caso, ele
determina um outro promotor que o faça.

LETRA B: Incorreta. Flagrante ilegalidade não é a única razão pela qual o juiz pode remeter a
denúncia ao Procurador Geral de Justiça. Caso o Juiz julgue improcedentes a razão pela qual o
Promotor requereu o arquivamento, pode remeter ao Procurador Geral de Justiça.

LETRA D: Incorreta. Se o Ministério Público opta por arquivar o inquérito, não cabe Ação Penal
Privada Subsidiária da Pública.

LETRA E: O recurso indicado não é cabível.

3 - (FGV-2023-TJ-RN) Guilherme, delegado de polícia, deflagrou inquérito policial para apurar


um suposto delito de roubo, persequível mediante ação penal pública incondicionada.
Contudo, dois meses após o início das investigações, não se logrou obter qualquer informação
sobre a autoria delitiva. Inexistindo elementos mínimos quanto à autoria, o inquérito policial
foi arquivado, na forma prevista na legislação processual. Seis meses após o arquivamento,
surgem novos elementos quanto à autoria do delito.

Nesse cenário, considerando as disposições do Código de Processo Penal e a jurisprudência


dominante dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que o inquérito policial:

A) poderá ser desarquivado, mesmo que inexista notícia de outras provas ou prova nova,
enquanto não operada a prescrição;
B) não poderá ser desarquivado, salvo se existir requisição do Ministério Público;
C) não poderá ser desarquivado, salvo se existir determinação judicial;
D) poderá ser desarquivado, desde que exista notícia de outras provas;
E) poderá ser desarquivado, desde que existam novas provas.

Resposta: Letra D.

Para desarquivar o inquérito basta que haja notícia de novas provas.


Para que haja ação penal de inquérito desarquivado não basta a mera notícia, tem que haver
novas provas.

Arquivamento de inquérito faz coisa julgada material (não cabe mais desarquivamento)

● Atipicidade da conduta
● Excludente de punibilidade (exceto se baseada em certidão de óbito falsa).

Arquivamento de inquérito faz apenas coisa julgada formal

● Insuficiência de provas
● Ausência de justa causa (materialidade e indícios de autoria)
● Arquivamento por excludente de ilicitude ou culpabilidade – O entendimento mais
recente do STF é no sentido de que NÃO faz coisa julgada material, podendo ser
desarquivado. Há uma certa divergência e decisões em sentido contrário, porém a
tendência é a de que se solidifique esse entendimento do STF, inclusive nas provas.

4 – (FGV-2022-SEAD-AP) Após receber informações sobre suposta prática de homicídio, a


autoridade policial chegou no local para realizar diligências. Ocorre que, após a liberação
dos peritos criminais, a autoridade policial esqueceu de apreender a arma de fogo deixada
no local do crime.

Nesse aspecto, é correto afirmar que

A) as diligências no local foram corretamente realizadas pela autoridade policial.


B) agiu corretamente a autoridade policial, já que para apreender a arma de fogo, era
prescindível mandado judicial.
C) agiu incorretamente a autoridade policial, já que para apreender a arma de fogo
dependeria de autorização judicial.
D) caberia aos peritos criminais decidir sobre a apreensão da arma de fogo no local.
E) caberia à autoridade policial apreender os objetos que tivessem relação com o
fato, após liberados pelos peritos criminais, e colher provas que servissem para o
esclarecimento do fato e suas circunstâncias, dentre outras diligências.

Resposta: Letra E.

Art. 6. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer


juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.

5 – (FGV-2023-SEAD-AP) Após tomar conhecimento de denúncia anônima, João, delegado


de polícia, instaurou inquérito para apurar a prática de crimes de estupro praticados em
local de sua atribuição.

Sobre esse tema, é correto afirmar que

A) a denúncia anônima é uma espécie de notitia criminis mediata.


B) a denúncia anônima é uma espécie de delatio criminis, sendo suficiente para a
instauração de inquérito policial, a depender da convicção do delegado de polícia.
C) a denúncia anônima é uma espécie de notitia criminis imediata.
D) a denúncia anônima não tem valor jurídico a embasar a instauração de inquérito
policial.
E) embora não seja suficiente para instaurar a ação penal, a denúncia anônima tem
eficácia jurídica para a instauração do inquérito policial.

Resposta: Letra D.

1.Notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea): A autoridade policial toma


conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras. Exemplo doutrinário:
Autoridade policial toma conhecimento da prática de um crime por meio da imprensa;

2. Notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): A autoridade policial toma


conhecimento da infração penal por meio de um documento escrito. Exemplo: Requisição de
Ministro de Justiça.
3. Notitia criminis de cognição coercitiva: A autoridade policial toma conhecimento da
infração penal por meio de apresentação de alguém preso em flagrante.

4. Notitia criminis inqualificada: É o conhecimento da infração penal por meio de uma


denúncia anônima. Nessa hipótese, o delegado de polícia deve realizar um procedimento
preliminar antes de instaurar o IP propriamente dito. O procedimento preliminar realizado a
fim de comprovar a veracidade das informações contidas na denúncia é chamado de
verificação de procedência das informações (VPI).

6 – (FGV-2022-SEAD-AP) Durante o inquérito policial, Bernardo, advogado de Júlia, indiciada


pela suposta prática do crime de roubo, foi impedido pelo delegado de polícia de ter acesso
às provas já produzidas e documentadas nos autos do inquérito.

Nesse caso, é correto afirmar que

A) agiu bem o delegado, porque o inquérito é sigiloso.


B) agiu mal o delegado. De acordo com enunciado de súmula vinculante, o delegado de
polícia é obrigado a permitir o acesso a todos elementos já documentados nos autos
do inquérito ao advogado. Contudo, o delegado pode deixar de exibir diligência em
curso ainda não documentada.
C) agiu bem o delegado, visto que somente Júlia poderia ter acesso aos autos do
inquérito, inclusive aos elementos decorrentes de diligências em curso, ainda não
documentadas.
D) cabe à autoridade policial decidir fundamentadamente se permitirá ao advogado o
acesso a todos elementos já documentados nos autos do inquérito. Portanto, agiu
bem o delegado de polícia.
E) agiu mal o delegado, visto que ao advogado é sempre permitido o acesso aos
elementos já documentados nos autos do inquérito e a todos os elementos
decorrentes de diligências em curso, ainda que não documentadas.

Resposta: Letra B.

Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

● Regra: o inquérito policial SIGILOSO.


● Esse sigilo é mitigado. Vale para o público em geral, mas não alcança o MP, JUIZ,
Delegado envolvido no caso
Quanto ao Advogado? Ele tem acesso aos autos que JÁ ESTEJAM DOCUMENTADOS.
7 – (FGV-2022-SEAD-AP)João, indiciado em inquérito policial pela suposta prática de
crimes de estelionato e falsidade ideológica, foi submetido a identificação criminal,
embora civilmente identificado.

Nesse caso, é correto afirmar que

A) o indiciado sempre poderá se recusar à identificação criminal.


B) o indiciado somente poderá ser submetido a identificação civil.
C) poderá o civilmente identificado ser submetido à identificação criminal, quando
houver necessidade para a investigação ou dúvida quanto à identidade civil, nas
hipóteses legalmente previstas.
D) a CRFB/88 proíbe a identificação criminal.
E) a lei não prevê hipótese excepcional de identificação criminal.

Resposta: Letra C.

Art. 1 O civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos
previstos nesta Lei.

Poderá ocorrer identificação criminal quando:

I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;

II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;

III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre
si;

IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da


autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;

V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;


VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

8 – (FGV-2022-SEAD-AP) Túlio, promotor de justiça, ofereceu denúncia imputando a Fábio o


crime de estelionato. Ocorre que não foi realizada a apuração da autoria e do delito em
inquérito policial.

Nesse aspecto, é correto afirmar que

A) Túlio não poderia ter oferecido denúncia sem inquérito policial anterior.
B) é possível o oferecimento da denúncia com base em peças de informação remetidas
ao MP, sendo inquérito policial anterior imprescindível.
C) é possível o oferecimento da denúncia com base em peças de informação remetidas
ao MP, sendo inquérito policial anterior prescindível.
D) a indispensabilidade é característica do inquérito policial.
E) o inquérito policial somente é dispensável para apurar a prática e a autoria de
crimes de ação penal privada.

Resposta: Letra C.

O inquérito policial não é sempre obrigatório para a propositura da ação penal. O § 5º do


artigo 39 do Código de Processo Penal estabelece que o integrante do Ministério Público
dispensará o inquérito se, sem ele, já forem encontrados elementos suficientes para a
propositura da ação. Trata-se, assim, de um procedimento dispensável se -e somente se- já
puderem ser identificados elementos de materialidade e indícios de autoria do crime na
própria representação ou requerimento, situação na qual é possível oferecer denúncia
diretamente.

9 – (FGV-2022-TRT-PB) Durante as investigações, o delegado de polícia responsável pelo


inquérito no qual se investiga Júlio por prática de crime de furto, impediu o advogado desse
investigado de ter acesso aos autos.

Nesse caso, pode-se afirmar que

A) ao advogado é sempre permitido o acesso aos elementos já documentados nos


autos do inquérito e a todos os elementos decorrentes de diligências em curso ainda
não documentadas.
B) o inquérito é sigiloso e, por isso, ninguém tem acesso aos respectivos autos.
C) somente Júlio pode ter acesso aos autos do inquérito, inclusive aos elementos
decorrentes de diligências em curso ainda não documentadas.
D) o Delegado de Polícia é obrigado a permitir ao advogado o acesso a todos elementos
já documentados nos autos do inquérito. No entanto, o delegado pode deixar de
exibir diligência em curso ainda não documentada.
E) o Delegado de Polícia decidirá fundamentadamente se permitirá ao advogado o
acesso a todos elementos já documentados nos autos do inquérito.

Resposta: Letra D.

Súmula vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

10 – (FGV-2022-Senado Federal) A respeito do inquérito policial, analise as afirmativas a


seguir.

I. O inquérito policial é um procedimento administrativo de caráter inquisitorial.

II. O delegado pode recusar vista dos autos ao defensor do indiciado se isso puser em risco o
êxito de diligências investigativas ainda em curso.

III. A sentença condenatória poderá considerar laudo pericial produzido no curso do


inquérito policial.

Está correto o que se afirma em

A) I, II e III.
B) II e III, apenas.
C) I e III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) II, apenas.

Resposta: Letra C.

I- CERTO: O conceito dado pela doutrina em geral é de um procedimento investigatório que se


caracteriza por um conjunto de diligências realizadas com a finalidade de apurar o crime e
respectiva autoria.
II- CERTO: "Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do
fato ou exigido pelo interesse da sociedade." Art. 7º São direitos do advogado: XIV - examinar,
em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos
de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou
digital;

OBS: Súmula Vinculante 14: "É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa."

III- CERTO- O Judiciário pode usar prova pericial constituída no inquérito policial em conjunto
com as demais provas colhidas durante o processo e definir a sentença.

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