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Direito Processual Civil II

O documento é um exame final de Direito Processual Civil II, abordando temas como a distinção entre coligação e litisconsórcio, a defesa do réu e a admissibilidade de provas. Os alunos devem analisar a compatibilidade processual e substantiva dos pedidos, além de discutir a autoridade de caso julgado. O exame inclui questões sobre providências cautelares, prova documental e a revelia, exigindo fundamentação legal detalhada.

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O documento é um exame final de Direito Processual Civil II, abordando temas como a distinção entre coligação e litisconsórcio, a defesa do réu e a admissibilidade de provas. Os alunos devem analisar a compatibilidade processual e substantiva dos pedidos, além de discutir a autoridade de caso julgado. O exame inclui questões sobre providências cautelares, prova documental e a revelia, exigindo fundamentação legal detalhada.

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Direito Processual Civil II (TA)

Regência: Professora Doutora Paula Costa e Silva


Exame Final de Coincidências
02 de julho de 2024 - Duração: 90 minutos

Critérios de Correção

I.

1. (5 valores)

 Distinção entre a coligação e o litisconsórcio.


 Estamos perante uma cumulação objetiva: cumulação simples de pedidos (foram deduzidos
dois pedidos) e cumulação subjetiva, tendo em consideração que foram deduzidos dois
pedidos contra dois réus (BB. S.A e C. e D.) C. e D eram litisconsortes.
 Assim, os alunos teriam de verificar se a coligação do lado passivo era admissível. Verifica-
se a conexão objetiva nos termos do art. 36.º, n.º2. Fundamentar por que razão se verificava:
aplicação das mesmas regras de direito e factos comuns entre as duas ações. Se não estivesse
preenchido o pressuposto da conexão  art. 38.º do CPC.
 Compatibilidade processual: art. 37.º do CPC. Competência absoluta do tribunal estava
verificada: era internacionalmente competente nos termos do art. 4.º; 7.º do Regulamento
1215/2012; era materialmente competente e competente em razão da hierarquia. As formas
do processo eram as mesmas para os dois pedidos que foram cumulados.
 Inexistência de inconveniente grave: art. 37.º, n.º4 do CPC. Não havia, in casu, inconveniente grave
relativamente ao julgamento dos pedidos cumulados contra os reús identificados no caso.
 Compatibilidade substantiva: nos termos do art. 555.º do CPC estava verificada a
compatibilidade substantiva entre os dois pedidos formulados.
 Relativamente ao primeiro pedido formulado ele teria de ser quantificado, senão estaríamos
perante um pedido genérico inadmissível nos termos do art. 556.º do CPC.
 O segundo pedido só podia ser admissível se estivessem verificados os requisitos do art.
557.º, n.º2 do CPC. Os alunos teriam de fundamentar a excecionalidade deste pedido de
condenação in futurum.

2. (6 valores)

 Nos termos do art. 571.º do CPC o réu pode defender-se por exceção ou impugnação.
 A Ré BB. S.A: defende-se por exceção perentória modificativa dilatória porquanto alega a
exceção de não cumprimento – art. 428.º do CC. O autor tem direito de resposta nos termos
do art. 3.º, n.º4 do CPC. Se for procedente de duas uma: ou o tribunal condena in futurum o
réu nos termos do art. 610.º, n.º2 do CPC ou absolve o réu do pedido: no entanto, a
absolvição do pedido será temporária nos termos do art. 621.º do CPC.
 A Ré BB. S.A deduz ainda um pedido reconvencional. Para o pedido ser admissível ter-se-á
de verificar a conexão objetiva (art. 266.º, n.º 2., al. b) do CPC) – que havia; a competência absoluta
do tribunal (art. 93.º do CPC) que estava verificada na medida em que o tribunal era
internacionalmente competente; era competente em razão da matéria e da hierarquia; a
compatibilidade procedimental (art. 583.º do CPC) também se encontrava preenchida na medida
em que a reconvenção foi deduzida em separado com a contestação; e não havia exclusão legal
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Exame Final de Coincidências
02 de julho de 2024 - Duração: 90 minutos

da reconvenção uma vez que a forma de processo comum não a exclui. O autor poderia
responder à reconvenção através da réplica (art. 584.º do CPC).
 C. e D.: regime da revelia. Diferenciar o regime da revelia absoluta e relativa. No caso
estávamos perante o regime da revelia relativa. Problematizar se a revelia era operante nos
termos do art. 567.º do CPC  confissão ficta dos factos articulados pelo autor na p.i, ou se
porventura era inoperante por via do art. 568.º, al. a) do CPC.

3. (3 valores)

 O regime da providência cautelar de restituição provisória da posse encontra-se prevista nos


arts. 377.º a 379.º do CPC e tem como particularidade no procedimento o facto do juiz poder
decretar a providência sem o contraditório prévio do requerido (art. 378.º do CPC).
 No caso não parecem estar verificados os requisitos do art. 377.º do CPC desde logo porque
não se verificou o esbulho violento por parte dos requeridos, condição fundamental para o
procedimento cautelar tramitar segundo o disposto nos arts. 377.º e ss do CPC.
 Ademais, atendendo aos requisitos gerais, a paralisação do processo não parece comportar
um periculum in mora exigido pelo art. 362.º do CPC. Ter-se-ia de problematizar este requisito.

4. (4 valores).

 Qualificação das faturas como prova documental: documento particular simples (regime
substantivo e processual da prova documental). Importante mencionar que a junção de
documentos deve ser tida com os articulados (art. 423.º, n.º1 do CPC) ou, excecionalmente,
até 20 dias antes da audiência final (art. 423.º, n.º2 do CPC). Neste caso, a junção de prova
documental a ser admissível só o poderia ser nos termos art. 423.º, n.º3 do CPC uma vez
que os documentos foram juntos no dia da audiência final. O contraditório tem de ser
exercido sobre estes documentos (art. 415.º do CPC). Os alunos teriam ainda de falar sobre
a compatibilidade desde regime com o princípio de aquisição processual (art. 413.º do CPC).
 Distinção entre prova pericial e por inspeção. Os alunos teriam de analisar a finalidade e o
regime jusprobatório da prova pericial (base legal – arts. 467.º e ss do CPC) e concluir pela
inadmissibilidade da prova pericial para o efeito na medida em que no ponto (ii) o que se
pede é a prova por inspeção nos termos dos arts. 490.º a 494.º do CPC. Nos termos do art.
490.º, n.º1 do CPC: “O tribunal, sempre que julgue conveniente, pode, por sua iniciativa ou
a requerimento das partes, e com ressalva da intimidade da vida privada (...) inspecionar
coisas ou pessoas, a fim de se esclarecer sobr qualquer facto que interesse à decisão da causa,
podendo deslocar-se ao local da questão (...)”.
 A admissibilidade da prova testemunhal vai depender de quem é que efetivamente representa
a sociedade nos termos dos estatutos sociais (art. 25.º do CPC). Contudo, como não há
indicação em contrário, seria a administração da sociedade que por regra a representa, o que
significa que o acionista não será tido como “parte” da pessoa coletiva. Assim, nos termos
do art. 496.º do CPC, não haveria qualquer impedimento ao depoimento da testemunha.
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II.

Comente, fundamentadamente, a seguinte afirmação (2 valores):

“(...) A autoridade de caso julgado não é uma excepção dilatória, pelo que dela não pode retirar-se nenhum
fundamento para a absolvição da instância (...)”.

- MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA, “Preclusão e "contrário contraditório": Ac. do STJ de 10/10/2012


(Proc. n.º 1999/11)” in CDP, n.º 41, 2013.

 A decisão transita em julgado nos termos do art. 628.º do CPC. Efeitos de caso julgado
material decorrem do art. 619.º, n.º1 do CPC.
 Expor quais os efeitos de caso julgado material: efeito negativo – exceção de caso julgado –
arts. 580.º, n.º2; art. 581.º do CPC. Explicar que a exceção de caso julgado apenas se verifica
nos casos em que há tríplice identidade nos termos do art. 581.º do CPC.
 A exceção de caso julgado é uma exceção dilatória nominada nos termos do art. 577.º, al. i)
do CPC, que se for procedente leva à absolvição do réu da instância nos termos do art. 278.º
do CPC, ao passo que o efeito positivo de caso julgado, a autoridade de caso julgado,
pressupõe que a decisão proferida na ação anterior que transitou em julgado condicione a
decisão de mérito da segunda decisão, o que significa que a autoridade de caso julgado, ao
contrário da exceção de caso julgado, pressupõe que o tribunal da segunda ação possa
proferir uma decisão de mérito.
 Em suma: o excerto do Professor Miguel Teixeira de Sousa é pertinente porquanto está
incorreto à luz do sistema processual civil português falar-se de uma “exceção de autoridade
de caso julgado”.

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