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Literatura

O documento apresenta um sumário detalhado sobre gêneros literários, incluindo suas características e contextos históricos, abrangendo desde o Barroco até o Modernismo. Ele também contém informações sobre a estrutura da poesia, como ritmo, métrica e rima, além de discutir diferentes movimentos literários e seus principais autores. O conteúdo é destinado a estudantes e é protegido contra reprodução não autorizada.
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Literatura

O documento apresenta um sumário detalhado sobre gêneros literários, incluindo suas características e contextos históricos, abrangendo desde o Barroco até o Modernismo. Ele também contém informações sobre a estrutura da poesia, como ritmo, métrica e rima, além de discutir diferentes movimentos literários e seus principais autores. O conteúdo é destinado a estudantes e é protegido contra reprodução não autorizada.
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Resumos Ilustrados

Literatura
e Esquematizados

espaoçvoado
do
apr
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SUMÁRIO

6
Introdução e Avisos Legais ............................ 5
BARROCO ................................................ 25

1 GÊNEROS LITERÁRIOS ....................... 06


1. Contexto Histórico ........................................ 25
2. Principais Características ........................ 25
1. Gênero Lírico ...................................................... 6
3. Correntes do Barroco ................................. 27
2. Gênero Dramático .......................................... 9
3. Gênero Épico .................................................... 10 4. Barroco no Brasil ......................................... 28
4. Gênero Narrativo ............................................. 11

2 TROVADORISMO .................................... 13 7 ARCADISMO ........................................... 31

1. Contexto Histórico ........................................ 31


1. Principais Características 2. Principais Características ........................ 31
da Vassalagem Amorosa ........................... 13
3. Projeto Literário do
2. O Nascimento da Literatura
Arcadismo ...................................................... 32
Portuguesa ...................................................... 13
4. Principais Características
3. Principais Características da Poesia Árcade ....................................... 32
das Cantigas ................................................... 14
5. Principais Temas Clássicos
4. Novelas de Cavalaria ................................... 15 Abordados pelos Árcades ...................... 33
6. Arcadismo em Portugal ........................... 34

3 HUMANISMO .......................................... 16 7. Arcadismo Brasileiro .................................. 36

1. A Poesia Palaciana ......................................... 16


2. O teatro de Gil Vicente .................................. 16
8 ROMANTISMO EM PORTUGAL ...... 39

4
1. O Público do Romantismo ........................ 39
CLASSICISMO ......................................... 17
2. Contexto Histórico ....................................... 39
3. Os Primeiros Poetas Românticos ......... 39
1. Contexto Histórico .......................................... 17 4. O Ultrarromantismo Português ............. 40
2. A Valorização das

9
Realizações Humanas ................................. 17 ROMANTISMO NO BRASIL:
3. Classicismo em Portugal ........................... 18 GERAÇÃO 1 ............................................. 41

5 QUINHENTISMO ..................................... 22 1. Poesia Indianista da Primeira


Geração Romântica .................................... 41

1. O Projeto Colonial Português ..................... 22 2. Principal Autor ............................................... 42


2. A Literatura das Viagens ............................ 22
3. A Literatura de Catequese ......................... 22
4. Principais Literaturas Produzidas
10 ROMANTISMO NO BRASIL:
GERAÇÃO 2 ............................................. 43
nas Primeiras Décadas do Novo
1. A Linguagem Poética ................................. 44
Mundo ................................................................ 23
2. Principais Autores ....................................... 44
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SUMÁRIO

11 17
ROMANTISMO NO BRASIL:
................................................ 69
PARNASIANISMO
GERAÇÃO 3 ............................................. 46

1. A Sociedade Dividida ................................... 46 1. O Projeto Literário ........................................ 69


2. O Condoreirismo ............................................ 47 2. O Modelo Parnasiano ................................. 69
3. O Projeto Literário ........................................... 47
3. Principais Autores ........................................ 72
4. A Linguagem ................................................... 47

18
5. Principais Autores .......................................... 48
SIMBOLISMO .......................................... 72

12 ROMANCE URBANO ............................ 50


1. O Projeto Literário ........................................ 72

1. Os Agentes do Discurso ............................... 50 2. Os Agentes do Discurso ............................ 73


2. A Sociedade em Formação ...................... 50 3. Principais Características ........................ 73
3. A Linguagem .................................................... 51 4. Simbolismo em Portugal ......................... 74
4. Principais Autores .......................................... 51 5. Simbolismo no Brasil ................................. 75

13 ROMANCE INDIANISTA ..................... 53


19 PRÉ-MODERNISMO ............................. 77

1. O Projeto Literário .......................................... 53 1. Contexto Histórico ........................................ 77


2. Principais Autores ......................................... 54 2. Principais Características ......................... 78

14
3. O Projeto Literário ......................................... 78
ROMANCE REGIONALISTA .............. 56
4. Principais Autores ....................................... 79

1. A Linguagem ..................................................... 56
2. Principais Autores ......................................... 56 20 VANGUARDAS EUROPEIAS ............. 82

15 REALISMO ................................................ 59 1. Contexto Histórico ........................................ 82


2. Principais Conceitos ................................... 82
1. O Projeto Literário ........................................... 60 3. O Projeto Artístico ......................................... 82
2. Agentes do Discurso .................................... 60 4. Agentes do Discurso .................................. 83
3. Principais Características ......................... 60 5. Tipos de Vanguardas
4. Realismo em Portugal ............................... 61 Europeias ....................................................... 83
5. Realismo no Brasil ........................................ 63

16 NATURALISMO ...................................... 66 21 MODERNISMO EM PORTUGAL ....... 87

1. Principais Autores ........................................ 87


1. O Projeto Literário ........................................... 66

22
2. Principais Autores ......................................... 67 MODERNISMO NO BRASIL:
FASE 1 ...................................................... 91
1. Contexto Histórico ......................................... 91
2. A Semana de Arte Moderna ..................... 91
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SUMÁRIO

23
MODERNISMO NO BRASIL:
FASE 2 ...................................................... 97

1. Contexto Histórico ................................... 97


2. Principais Características ......................... 97
3. Principais Autores........................................... 98

24 ROMANCE DE 1930 .............................. 101

1. Principais Características ......................... 101


2. Principais Autores........................................... 101

25
GERAÇÃO DE 45
E CONCRETISMO ................................. 105

1. Contexto Histórico ................................. 105


2. Principais Caminhos
Estéticos do Pós-
-Modernismo ..................................................... 105

3. A Poesia Pós-Moderna ............................. 106


4. O Concretismo ............................................ 108

26 PROSA PÓS-MODERNA ................... 109

1. João Guimarães Rosa ............................. 109


2. Clarice Lispector ........................................ 110

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................... 111


LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................. 111
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INTRODUÇÃO E AVISOS LEGAIS

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5
GÊNEROS LITERÁRIOS
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O primeiro a categorizar as formas de fazer literário foi o filósofo grego Aristóteles.


Ele dividiu em gêneros literários em três:

GÊNERO LÍRICO
Corresponde ao gênero que aborda a emoção e a subjetividade de um eu, ou seja,
o eu-lírico, utilizando recursos expressivos, como o metro, o ritmo e a rima, além da
plurissignificação da linguagem.

A poesia lírica é responsável por manifestar o mundo interior,


conforme as necessidades do poeta.

O lirismo se define como a expressão pessoal de uma emoção


demonstrada através de vias ritmadas e musicais.

Atenção na metalinguagem

Além de exercer a função poética da linguagem, característica do


gênero lírico, vale ressaltar que também se encontra a função de
metalinguagem em vários poemas.

Esse caráter metalinguístico permite que


o poeta pense o próprio fazer poético.

O soneto se configura como um poema de 14 versos: dois quartetos (conjuntos de


quatro versos) e dois tercetos (conjuntos de três versos). Essa estrutura remete a
forte influência do Renascimento.

Aspectos Estruturais da Poesia

As estrofes de um poema podem ser nomeadas conforme a sua quantidade de


versos pertencentes, como mostra a tabela abaixo:

Tipos de Estrofe Números de Verso

Dístico 2

Terceto 3

Quarteto 4

Quinteto 5
6
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Sexteto 6

Sétima 7

Oitava 8

Novena 9

Décima 10

Além disso, alguns aspectos são importantes para atribuir a sonoridade das
palavras, com base na construção de recursos poéticos, como o ritmo, a rima e o
metro.

Ritmo
Ele é marcado principalmente pela alternância entre os acentos (sílabas átonas/
/tônicas) e as pausas.

Metro
É o número de sílabas métricas pertencentes a um verso. Na sua contagem
(metrificação), não se deve considerar as sílabas que ocorrem após a última sílaba
tônica do verso.
Os metros são nomeados conforme ao nome referente ao número de sílabas que
o compõe: 4 sílabas = tetrassílabo; 6 sílabas = hexassílabo; 8 sílabas = octossílabo, e
assim por diante.

Versos Livres

É um tipo de metrificação que ocorre quando, os versos de um poema possuem


número diferente de sílabas, ou seja, possuem irregularidade no número de
sílabas métricas.

Se liga nessa dica!


Nomes Especiais

Alguns metros possuem nomes especiais, As redondilhas são


como redondilha menor (5 sílabas métricas), conhecidas como medida
redondilha maior (7 sílabas), decassílabo (10 velha porque era uma
sílabas) e alexandrino ou dodecassílabo (12 estrutura métrica utilizada na
sílabas). Idade Média. Já os versos
decassílabos são conhecidos
Rima como medida nova, porque
surgiram no Renascimento.
É a coincidência ou a semelhança entre sons a
partir da última vogal tônica no fim dos versos.

7
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As rimas podem se classificar como:

Pobres Ricas
Ocorre quando as palavras Ocorre quando as palavras
rimadas pertencem à rimadas pertencem a classes
mesma classe gramatical. gramaticais diferentes

Quanto à distribuição da rima dos poemas, elas


Se liga nessa dica!
se classificam em:
Versos brancos é um
Emparelhadas ou paralelas (AABBCC) fenômeno que ocorre
quando os versos do poema
Chega-te a mim! Entra no meu amor (A) não apresentam rimas.
E à minha carne entrega a tua flor! (A)
Preme contra o meu peito o teu seio agitado, (B)
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado! (B)
Abençoo o teu crime, acolho o teu desgosto, (C)
Bebo-te, de uma a uma, as lágrimas do rosto! (C)
BILAC, Olavo. A alvorada do amor. Antologia poética.
Porto Alegre: L&PM, 1997. p. 11. (Fragmento).

Intercaladas, interpoladas ou opostas (ABBA)

Poeta fui e do áspero destino (A)


senti bem cedo a mão pesada e dura. (B)
Conheci mais tristeza que ventura (B)
e sempre andei errante e peregrino. (A)
Vivi sujeito ao doce desatino (A)
que tanto engana, mas tão pouco dura; (B)
e inda choro o rigor da sorte escura, (B)
se nas dores passadas imagino. (A)
ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos:
1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento).

Cruzadas, entrecruzadas ou alternadas (ABAB)

Porém, como me agora vejo isento (A)


dos sonhos que sonhava noite e dia (B)
e só com saudades me atormento, (A)
entendo que não tive outra alegria (B)
nem nunca outro qualquer contentamento (A)
senão ter cantado o que sofria. (B)
ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos:
1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento).

8
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Encadeadas

O fim de um verso coincide com o interior do seguinte.

E tresloucadas ou casadas com o som das baladas, (A)


As fadas (A) são belas, e as estrelas (B)
São delas... (B) ei-las alheadas. (A)
PESSOA, Fernando. Ficções de Interlúdio; O eu profundo e
outros eus: seleção poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 98. (Fragmento).

Misturadas

Não se enquadram em nenhum dos esquemas apresentados.

Nas ruas da feira (A)


Da feira deserta (B)
Só a lua cheia (C)
Branqueia e clareia (C)
As ruas da feira (A)
Na noite entreaberta (B)
PESSOA, Fernando. Ficções de Interlúdio; III/Pierrot Bêbado.
O eu profundo e outros eus: seleção poética. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 96. (Fragmento).

GÊNERO DRAMÁTICO

Corresponde ao gênero da ação, do movimento e representa as ações num palco.


A peça teatral é uma composição literária com a finalidade de ser apresentada
por atores, num palco, eles dialogando entre si, dividida em atos e cenas.

Modalidades mais comuns do Gênero Dramático

Tragédia
Representa ações trágicas e que podem despertar medo
ou piedade.

Segundo o filósofo Aristóteles, a principal finalidade da


tragédia era impressionar o público para fazê-los
refletirem sobre as paixões e os vícios humanos.

Os personagens eram sempre da alta estirpe (nobres, deuses e semideuses), e os


conflitos que envolviam as questões de honra e de poder.

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Assim, a principal finalidade da tragédia era a catarse: correspondia a purificação


da alma pelo terror e pela piedade que as tragédias podiam despertar, por conta
da situação de dor e de sofrimento que eram representados. Dessa forma, o
espectador se simpatizava com o herói, que, além da nobreza, reconhecia seu erro.

Os principais textos definitivos da tragédia grega são:


Prometeu acorrentado e a trilogia Orestíada, de Ésquilo.
Édipo rei, Electra e Antígona, de Sófocles.
Medeia, As troianas e As suplicantes, de Eurípedes.

Comédia
Representa os fatos comuns e cotidianos da vida das pessoas.
O principal objetivo da comédia era fazer as pessoas sorrirem, por meio de críticas
aos costumes.

Tragicomédia
Representa a comédia misturada com elementos cômicos e trágicos.

Auto
É uma peça curta que tem por finalidade o conteúdo religioso ou profano, com
caráter moralizante.

Surgiu na Idade Média.

Farsa
É uma pequena peça teatral com o objetivo de despertar
o sorriso com situações ridículas, grotescas ou
engraçadas, para satirizar os costumes.

Surgiu por volta do século XIV.

GÊNERO ÉPICO
Se define como uma narrativa grandiosa em versos, contando os feitos heroicos
pertencentes a formação de um povo ou de uma nação.
Homero foi um poeta grego e autor das principais obras que influenciaram a
literatura mundial: Ilíada e Odisseia.

A epopeia clássica é dividida em algumas partes, sendo elas:

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Proposição

É o momento em que o autor apresenta a matéria do poema.

Invocação

É o momento em que as musas e outras entidades místicas são invocadas.

Dedicatória

É o momento em que o autor dedica o poema a alguém. Essa etapa é facultativa.

Narração
Se liga nessa dica!
É o momento em que a ação começa no
decurso dos acontecimentos, depois seguindo Nas epopeias é comum a
a ordem cronológica, tendo a parte inicial da presença da mitologia
narrativa contada por meio de uma greco-latina, ou seja, de
retrospectiva, ou seja, por um "flashback". heróis humanos
contracenando com heróis
Epílogo mitológicos.

É o momento em que se encerra a epopeia.

GÊNERO NARRATIVO

Tem como principal tipo o romance, surgindo como o meio de experiência, do


conhecimento e da prática, para apresentar uma narrativa ficcional.

O personagem do romance, ou seja, da narrativa de ficção em geral, não é


heroico, e reúne diversos traços, positivos e negativos, sendo alguém se
transforma e evolui, se configurando como um personagem com o qual o público
pode se identificar.

Elementos da Narrativa

Narrador
É quem narra a história, podendo ser onisciente, observador
ou personagem.

Tempo
É o determinado momento em que as personagens vivem as ações. Pode ser
cronológico ou psicológico.

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Espaço
É o lugar em que ocorre e se desenvolve as ações.

Enredo
É a trama da obra, a ação. Possui início, desenvolvimento, clímax e desfecho.

Personagens
São os seres fictícios de uma trama. O personagem principal recebe o nome de
protagonista e pode ser uma pessoa, animal ou objeto.

Tipos de Narrativa

Romance
É uma narrativa longa, que possui um enredo complexo e
dividido em capítulos, com diversos personagens variados em
torno das quais acontece a história principal.

Novela
É um módulo mais complicado do romance e mais dinâmico, possuindo enredo
simples dividido em episódios contínuos e sem interrupções.

Conto
É uma narrativa curta que gira em torno de um conflito, possuindo poucas
personagens.

Crônica
É uma narrativa breve que objetiva comentar algo cotidiano.
É um relato pessoal do autor sobre algum fato do dia a dia.

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TROVADORISMO
Durante o século XII, ressurgiram as cidades, o progresso econômico e o
intercâmbio cultural, em detrimento do fim das grandes invasões na Europa.
Os cavaleiros assumiram a posição social de vassalagem amorosa.

O princípio básico da literatura medieval era o servilismo, ou seja, a subserviência


dos vassalos ao seu suserano (senhor feudal) e dos fiéis a Deus. Assim, o trovador
era subserviente à sua dama (no caso da poesia) e um cavaleiro era subserviente à
sua donzela (no caso das novelas de cavalaria).

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA VASSALAGEM AMOROSA


Tem como principal tipo o romance, surgindo como o meio de experiência, do
conhecimento e da prática, para apresentar uma narrativa ficcional.

Estrutura

A oralidade unia a música e poesia.


Obediência a regras que definiam a vassalagem amorosa.
Preferência aos principais valores da sociedade cortês.

Linguagem

Utilizava metros regulares, com várias rimas para facilitar a


memorização.
Utilizava expressões para nomear a dama (senhor, mia senhor, senhor fremosa),
correspondentes ao papel social ocupado por ela.
O homem assumia o papel de servidor da dama, ou seja, lhe prestando
generosidade, lealdade e principalmente, cortesia.

O trovador abordava constantemente a mesura, ou seja, o mérito e o valor da


sua dama.
O trovador também pedia que a sua dama o reconhecesse por conta da sua
cortesia, lhe garantindo um prêmio, já que seguia as regras da vassalagem
amorosa.

O NASCIMENTO DA LITERATURA PORTUGUESA


A literatura portuguesa coincide com o nascimento de Portugal, no ano de 1140,
quando se tornou independente do reino de Leão e Castela.

13
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O país não rompeu os laços econômicos, sociais e culturais com o restante da


península Ibérica, por isso, a sua mais forte influência era a língua galego-português.

Dessa forma, os trovadores desenvolviam sua lírica amorosa baseada na literatura


provençal.

O primeiro texto literário galego-português foi a "Cantiga da Ribeirinha" (ou "Cantiga


da Guarvaia"), supostamente feita em 1198, de Paay Soares de Taveiroos.

As cantigas galego-portuguesas se dividiam conforme o tema que abordaram:

Líricas: cantigas de amor ou de amigo.


Satíricas: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS


Cantigas de Amor

O tema abordava o sofrimento pelo amor que não era


correspondido e que o trovador dedicava a sua nobre
senhora.
O eu-lírico era sempre masculino e se denominava coitado
e enlouquecedor, confuso.
O cenário era o ambiente palaciano.

A dama tinha sempre identificada as suas qualidades físicas (delgada, de bem


parecer), morais (bondade, lealdade) e também sociais (bom senso, saber falar
mui bien).
Quando a dama era comparada às outras da mesma corte, o eu-lírico lhe
representava com superior.
As comparações também funcionam para o trovador, que dizia ter sua dor maior
do que a dos outros.

O tom era pessimista, já que o amor cantado era impossível de ocorrer, por conta
da posição do trovador em detrimento da superioridade que a dama ocupava.

Costuma ser utilizada a redondilha maior (7 sílabas métricas).


O refrão é uma inovação em relação aos provençais.

Cantigas de Amigo

O tema abordava uma relação amorosa concreta entre


duas pessoas simples.

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O tema central das cantigas de amigo é a saudade.

O eu-lírico é sempre feminino, representando a voz de uma mulher (amiga que


está com saudades) por conta da ausência do amigo, que poderia ser namorado
ou amante.

O cenário é o ambiente campesiano.

Vários personagens participam do universo amoroso, além da donzela e do


amante, existe também a mãe e algumas damas que são testemunhas do amor.

Às vezes, a mãe representa um obstáculo para os enamorados se encontrarem.

O tom das cantigas de amigo é mais otimista, já que, apesar da saudade, se


configurava como um amor real entre pessoas de condição social semelhante.

Apresenta refrão.
Costuma ter redondilhas menores (5 sílabas métricas).

A organização dos versos e das estrofes é mais regular do que as outras cantigas.

Cantigas de Escárnio

O trovador critica alguém por meio de palavras com duplo


sentido, ironias e trocadilhos.
Elas ridicularizam o comportamento de nobres, sejam homens ou mulheres.

Cantigas de Maldizer

O trovador critica alguém de modo explícito, por meio de linguagem ofensiva e de


baixo calão.
Além disso, essas cantigas abordam as indiscrições amorosas de nobres e
membros do clero.

NOVELAS DE CAVALARIA
São os primeiros romances (longas narrativas em versos), que surgiram no século
XII, contando as aventuras dos cavaleiros andantes.

A origem das novelas de cavalaria se deu após o declínio do prestígio da poesia


trovadoresca.

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HUMANISMO
1434 é considerado o marco inicial do Humanismo em Portugal, por conta da
nomeação de Fernão Lopes como cronista-mor do reino.
Fernão Lopes assumiu o papel do povo e destacava a participação popular na
história dos reis, o que contribuía para o seu espírito humanista lhe destacar dos
outros cronistas da época.

A POESIA PALACIANA
Ela se passava nos serões do Paço Real.
Abordava um amor menos idealizado.
Usava a métrica regular, estrofes com menor número de versos e
de glosas (estrofes que retomavam e desenvolve o mote, o tema
do poema).

As características citadas anteriormente permitiram ao poema não


necessitar de um acompanhamento musical para sustentar o ritmo, já que a
linguagem desempenhou aquela função.

O TEATRO DE GIL VICENTE

Ficou conhecido como o "pai do teatro português", criando peças de caráter


moralizante, em que a religião católica aparece como referência de
comportamento a partir da qual são julgadas as virtudes e erros dos seres
humanos.
As peças são humorísticas e que denunciam o panorama da sociedade portuguesa,
apresentando comportamentos ditos como inadequados, a chamada sátira de
costumes.
Suas obras se dividem em:
Autos pastoris (éclogas): possuem caráter religioso, como o Auto pastoril
português; e um caráter profano, como o Auto pastoril da serra da Estrela.

Farsas: são as peças populares e que discutem os problemas da sociedade.


As mais conhecidas são a Farsa de Inês Pereira e O velho da horta.

Autos de moralidade: correspondem as obras mais famosas do autor, como


o Auto da alma e a Trilogia das barcas, composta pelo Auto da barca do
inferno, o Auto da barca do purgatório e o Auto da barca da glória.

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CLASSICISMO
CONTEXTO HISTÓRICO
Renascimento cultural, passando a marcar a substituição do mundo teocêntrico
(centrado em Deus) da Idade Média por uma visão de mundo regida pelo
antropocentrismo (centrada no indivíduo)

O Renascimento surge como um interesse dos artistas


pela arte, pela cultura e pelo pensamento da
Antiguidade Clássica. Dessa forma, o próprio nome
"renascimento" define o projeto de recuperação dos
valores do mundo clássico.

Além disso, a prosperidade proporcionada pela economia


mercantil fez com que as cidades proporcionassem vida nos
espaços urbanos e a convivência naquela região fosse almejada.

A população desejava desfrutar de um conforto social e econômico trazido


pelas cidades e assim, passavam a cultivar valores terrenos, ou seja,
valorizando o pensamento racional e o esforço individual.

A VALORIZAÇÃO DAS REALIZAÇÕES HUMANAS


O Classicismo resgata da Antiguidade Clássica os valores que privilegiavam a razão
e ação humanas.

No movimento classicista são valorizados termos como proporções, a harmonia


das formas e o equilíbrio das composições.

Nessa época, como se valorizava o ser humano, surgia um interesse pictórico pelo
corpo, o que passou a levar muitos artistas, como Leonardo da Vinci, a investigar a
anatomia em seus estudos.

O antropocentrismo é manifestado nas obras literárias do Classicismo.

A única exceção a essa regra se aplica a Camões, já que sua obra Os


Lusíadas transita entre o teocentrismo e o antropocentrismo.

O soneto é muito utilizado, porque é uma forma prática de explicitar


o raciocínio e acomodar um desenvolvimento argumentativo
completo, por meio da simetria da forma.

O soneto apresenta o ponto de vista desenvolvido nos quartetos


e é sintetizado nos tercetos.
O soneto é definido como "doce estilo novo", doce porque os poetas
consideravam os versos de dez sílabas mais musicais do que os de sete.
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O "estilo novo" se remete ao tema do amor que é visto de uma visão mais
racional e questionadora, onde o poeta busca entender os seus sentimentos.

CLASSICISMO EM PORTUGAL
Portugal vivia um período de prosperidade porque expandia o seu território por
meio das grandes navegações.

Francisco de Sá Miranda

Através da leitura de Petrarca, na Itália, o poeta conhece as inovações humanistas.

Quando retorna a Portugal, Sá de Miranda escreve utilizando formas poéticas


classicistas e introduz uma cena lusitana ao poema, marcada ainda por estruturas
medievais

A volta de Sá de Miranda marca o início do Classicismo português.

Em sua obra, a medida nova (versos com dez sílabas poéticas, os decassílabos),
convivem com a medida velha (versos de sete a cinco sílabas poéticas, as
redondilhas).

LEITURA DE POEMA

Comigo me desavim
Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
Antes que esta assicrescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?
MIRANDA, Sá de. In: LAPA, Rodrigues
(Sel., pref. e notas). Sá de Miranda: poesias escolhidas.
Lisboa: Seara Nova, 1970. p. 1.

Luiz Vaz de Camões

A obra de Camões é dividida em poesia épica e poesia lírica.


Sua obra mais conhecida é a epopeia Os Lusíadas: poemas épicos em que o autor
canta os feitos do povo português.
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Nessa época de produção, o império português estava em declínio, então Camões


decidiu escrever sua obra para exaltar as glórias do povo lusitano.
A obra Os lusíadas é estruturada em dez cantos, apresentando um total de 1.102
estrofes e 8.816 versos, todos eles decassílabos.
O esquema de rima da obra Os lusíadas é ABABABCC, conhecido como oitava
rima ou oitava real.
O poema desenvolve dois principais temas: a glória do
navegador português e a reconstituição da história dos reis
de Portugal.
No enredo do poema, o herói é Vasco da Gama.

Os 10 cantos da obra Os lusíadas são divididos em cinco partes:

Proposição
É a apresentação do poema, com a identificação do tema e do herói.

Invocação
É quando o poeta pede às musas que lhe deem inteligência e "um som alto e
sublimado" para cantar as glórias dos lusíadas.

Dedicatória
É quando o poema é oferecido em tributo a D. Sebastião, rei de Portugal na época
de sua publicação.

Narração
Ocorre o desenvolvimento do tema, com o relato da viagem de Vasco da Gama,
além da narrar os episódios da história de Portugal.

Epílogo
É o encerramento do poema, em que o poeta se mostra desiludido com sua pátria
e pede às musas que silenciem sua lira.

Atenção
Na poesia lírica, Camões aborda
diversas formas de produção,
utilizando metros da medida nova e da
medida velha.

Nos sonetos de Camões, se desenvolvem três


principais temas: o desconcerto do mundo, as
mudanças constantes e o sofrimento amoroso.
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Nos sonetos de desconcerto do mundo, se abordam o descompasso entre a


aparência e a realidade.
O eu-lírico aborda a falta de lógica presente no mundo e a confusão e o sofrimento
que o causa.
O soneto abaixo aborda o tema de desconcerto do mundo:

INTERPRETANDO O POEMA

Verdade, Amor, Razão, Merecimento


Qualquer alma farão segura e forte;
Porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte
Têm do confuso mundo o regimento.

Efeitos mil revolve o pensamento,


E não sabe a que causa se reporte;
Mas sabe que o que é mais que vida e morte,
Que não o alcança o humano entendimento.

Doutos varões darão razões subidas;


Mas são experiências mais provadas,
E por isso é melhor ter muito visto

Cousas há i que passam sem ser cridas


E cousas cridas há sem ser passadas...
Mas o melhor de tudo é crer em Cristo.
CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata; MINCHILLO,
Carlos Cortez (Sel., apres. e notas). Sonetos de
Camões: sonetos, redondilhas e gêneros maiores. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2001. p. 152.

Perceba que, além de Camões, ocorre o


resquício de uma religiosidade medieval e
o racionalismo do Renascimento.
Apesar dos esforços dos "doutos
varões" em fornecer explicações
elevadas, o poema sugere que a
A conclusão do poema destaca a experiência prática e a observação
importância da fé em Cristo como uma direta são mais valiosas do que
âncora para a vida, sugerindo que, diante meras teorias intelectuais.
de todas as incertezas e complexidades
do mundo, a crença em princípios
espirituais e divinos oferece uma base
sólida e significado.

Esse embate entre o amor espiritualizado e o sentimento mais profano se trata do


neoplatonismo amoroso, a forma de amor que, por ser tão idealizada, não deseja
realização carnal.
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O soneto abaixo aborda o tema de sofrimento amoroso.

INTERPRETANDO O POEMA

Chorai, Ninfas, os fados poderosos


daquela soberana fermosura!
Onde foram parar na sepultura
aqueles reais olhos graciosos?

Ó bens do mundo, falsos e enganosos!


Que mágoas para ouvir! Que tal figura
jaza sem resplendor na terra dura,
com tal rosto e cabelos tão fermosos!

Das outras que será, pois poder teve


a morte sobre cousa tanto bela
que ela eclipsava a luz do claro dia?

Mas o mundo não era digno dela;


por isso mais na terra não esteve:
ao Céu subiu, que já se lhe devia.

CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata;


MINCHILLO, Carlos Cortez (Sel., apres. e notas). Sonetos
de Camões: sonetos, redondilhas e gêneros maiores.
São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 74.

Esse soneto de Luís de Camões


é uma expressão de lamento
pela perda da beleza e da vida
de uma pessoa A "soberana fermosura"
excepcionalmente bela. mencionada representa uma
beleza incomparável. No
entanto, essa beleza agora jaz
na sepultura, e o poeta lamenta
a efemeridade da vida e da
beleza.
Perceba que existe a
visão neoplatônica
sobre o amor.

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QUINHENTISMO
O PROJETO COLONIAL PORTUGUÊS
O principal projeto do império português era realizar a expansão territorial.

O rei D.Manuel I continuou com o projeto iniciado no século XV e


enviou uma armada de Cabral até a África para encontrar
especiarias, já ciente de que poderia encontrar terras a noroeste
de Açores. Assim, o "descobrimento" do Brasil fez parte desse
processo de exploração e ocupação.

Paraíso

Pero Vaz de Caminha é o primeiro a descrever o Novo Mundo de modo


idealizado, onde as matas, a água abundante, os animais exóticos e os índios se
configurar como um paraíso tropical.

Nacionalidade

Esse olhar estrangeiro sobre o Brasil define os principais símbolos de


nacionalidade brasileira: a exuberância da terra e dos homens nativos, passando a
configurar temas literários muito explorados mais tarde por escritores de
diferentes épocas.

Atenção
A Carta de Caminha revela os principais interesses do projeto
colonialista português: encontrar ouro, metais preciosos e "salvar"
os índios, esse último trabalho destinado aos padres jesuítas.

A LITERATURA DAS VIAGENS


Após descoberta das terras americanas, toda a geometria medieval mudou.

Além disso, o contato com culturas e religiões permitiu a Europa a mudar de


mentalidade, muito embora os colonizadores passassem a impor seus valores às
populações nativas dos novos territórios.

A LITERATURA DE CATEQUESE
A Companhia de Jesus foi fundada em 1534 e foi um instrumento da Igreja
Católica para lidar com a diminuição do seu poder, causada pela Reforma
Protestante.
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A função dos jesuítas era levar o catolicismo a outros territórios e converter fiéis.
No Brasil, entre 1549 e 1605 os jesuítas fundaram várias cidades e inauguravam
escolas com o objetivo de educação
José de Anchieta chegou ao Brasil, em 1553 e fundou, o Colégio de
São Paulo de Piratininga.

Ele escreveu diversos poemas líricos, a maior parte de cunho


religioso, quase sempre dicados à Virgem Maria, sendo também
autor de diversas peças de teatros, com a função religiosa e
pedagógica em território brasileiro.

Uma obra de grande importância escrita por Anchieta é a Arte da gramática da


língua mais usada na costa do Brasil, de 1595, a primeira gramática da língua tupi.

PRINCIPAIS LITERATURAS PRODUZIDAS NAS PRIMEIRAS


DÉCADAS DO NOVO MUNDO
Literatura de Viagens ou de Informação

Os textos dos viajantes abordaram a nova terra como um paraíso tropical, sendo
a manifestação da bondade divina, a fim de estimular a colonização do território
descoberto.

Os autores apresentam perfis diferentes e entre eles existiam


representantes tanto do teocentrismo quanto do humanismo
renascentista.

O que une os tipos de autores é o mesmo contexto de


produção.

A produção textual aborda tratados, diários e relatos de viagens essencialmente


informativas, ou seja, trazendo informações sobre o povo nativo, a fauna e a flora.

A produção textual se caracteriza como crônica histórica.

Na linguagem, se utilizam estruturas descritivas


Se liga nessa dica!
dos relatos, com uso frequente de comparações
dos achados exóticos com os elementos A Carta de Caminha foi
conhecidos pelos europeus. mantida em segredo, já que
Os textos de Vespúcio tiveram ampla circulação continha informações
na Europa. preciosas sobre a rota de
navegação da esquadra de
Cabral.

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Literatura de Catequese

O principal objetivo dos textos era catequizar os índios e manter presente a fé


cristã.
Os poemas e as peças de teatro foram produzidas para
converter os índios ao catolicismo.
As cenas bíblicas eram dramatizadas e a vida dos santos era
feita, muitas vezes, em tupi, para garantir a assimilação do
conteúdo moral.
Além das cenas, também eram utilizadas formas mais populares de linguagem,
como o canto, o diálogo e as narrativas, utilizando mitos indígenas.
A circulação dos textos era feita de forma essencialmente oral.

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BARROCO
CONTEXTO HISTÓRICO
A Reforma Protestante surgiu com o objetivo de contestar algumas práticas da
Igreja Católica.

João Calvino, que seguia as ideias de Lutero, introduziu a tese de que a


prosperidade alcançada por meio do trabalho não era pecado, e isso abria
caminho, pela primeira vez na religião, para que o lucro não fosse visto como algo
negativo.

Por meio disso, vários fiéis trocavam a Igreja Católica pelo luteranismo.

No ano de 1545, a Igreja Católica instalava o Concílio de Trento, reagindo à


propagação da Reforma Protestante.

A reação da Igreja Católica é chamada de Contrarreforma.

As principais medidas tomadas pelo Concílio de Trento


foram:

Reativou o Tribunal do Santo Ofício.


Criou o Índice dos livros proibidos.

Fundou a Companhia de Jesus.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
As visões de mundo se contrapõem: a antropocêntrica x a teocêntrica.

A tensão de mundo é expressada pela corrente barroca, sob a forma de uma


consciência atormentada por grandes dúvidas existenciais.

Nas principais obras barrocas, existe a tendência de unir os contrários, como o


paganismo e o cristianismo, o racional e o irracional, etc.

No movimento barroco, existe a tentativa de fundir as visões de mundo


antagônicas (medieval e renascentista), ocorrendo o fenômeno de fusionismo.

O Barroco também objetiva representar um mundo instável.

A ornamentação excessiva é uma típica


característica do Barroco e tem como
finalidade exaltar a glória de Deus e de
convencer o público a seguir a fé cristã.

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Na Literatura

Na literatura barroca, a ornamentação excessiva está presente na abundância de


figuras de linguagem e nos jogos de palavras.

Palavras rebuscadas
Toda essa ornamentação em excesso leva os poetas a apreciarem
uma linguagem rebuscada e valorizem a agudeza e o engenho.

Agudeza
É o que acontece quando se diz o que se pretende dizer, de
forma inusitada e inteligente.

Engenho
É a capacidade de apontar as semelhanças inesperadas entre
ideias e expressar um pensamento em forma concisa.

INTERPRETANDO O POEMA

Achando-se um braço perdido do Menino Deus de


N. S. das Maravilhas, que desacataram infiéis na Sé
da Bahia

O todo sem a parte não é todo;


A parte sem o todo não é parte;
Mas se a gente o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.

Em todo o sacramento está Deus todo,


E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E, feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,


Pois que feito Jesus em partes todo
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,


Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de


Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 289.

Leia a análise desse poema na próxima página.


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Nesse poema, Gregório de Matos transforma, de maneira engenhosa,


um acontecimento observado (acha-se o braço perdido de uma
imagem, do Menino Jesus) como uma forma de reflexão sobre a
relação entre a parte e o todo para a fé cristã.

CORRENTES DO BARROCO

Cultismo ou Gongorismo

Aqui, a linguagem é bastante rebuscada, ocorrendo um uso intenso de jogos de


palavras, jogos de imagens e jogos de construção, além de apelar aos estímulos
sensoriais que se obtém, por exemplo, com o uso de sons e de cores no texto.

INTERPRETANDO O POEMA

No sermão que pregou na Madre de Deus,


dom João Franco de Oliveira,
pondera o poeta a fragilidade humana

Na oração que desaterra .......................................... a terra,


Quer Deus que a quem está o cuidado ......................dado
Pregue, que a vida é emprestado ............................estado,
Mistérios mil que desenterra .................................. enterra.
Quem não cuida de si, que é terra ...............................erra,
Que o alto Rei, por afamado....................................amado,
É quem lhe assiste ao desvelado ................................. lado,
Da morte ao ar não desaferra, ...................................aferra.
Quem do mundo a mortal loucura.............................. cura
A vontade de Deus sagrada......................................agrada,
Firma-lhe a vida em atadura........................................dura.
Ó voz zelosa, que dobrada .........................................brada, Já
sei que a flor da formosura, ................................... usura,
Será no fim desta jornada............................................ nada.
MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos:
poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 290.

Nesse poema de Gregório de Matos, ele cria uma


estrutura em que o final da penúltima palavra de cada
um dos versos é duplicado, originando outra palavra.

Essa estrutura é realizada de forma que as palavras finais


de cada verso são retiradas das anteriores, passando a
sintetizar o que foi dito no verso que o concluem.

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Conceptismo ou Quevedismo

Ocorre a valorização do conteúdo, em lugar da forma e da linguagem.


É comum em textos em prosa.
Está presente, por exemplo, nos sermões do padre Antônio Vieira.

O BARROCO NO BRASIL

Padre Antônio Vieira


Como os protestantes e os católicos estavam em constante
disputa, no século XVII, o sermão surge como uma estrutura
para propagar a doutrina cristã, utilizado pelos padres católicos.

Nos sermões barrocos, há a presença de uma posição moral defendida por meio
do uso de uma imagem, muitas vezes associada a uma passagem bíblica, que a
ilustre.

Os sermões do padre Antônio Vieira ficaram famosos por conta da sua


engenhosidade de argumentação e pela destreza com que o autor manuseava os
recursos da retórica.

INTERPRETANDO O POEMA
Estão essas praças no verão cobertas de pó; dá um pé de vento, levanta-se o pó
no ar e o que faz? O que fazem os vivos, e muitos vivos. Não aquieta o pó, nem
pode estar quedo: anda, corre, voa, entra por esta rua, sai por aquela; já vai
adiante, já torna atrás; tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudo
toma, tudo cega, tudo penetra; em tudo e por tudo se mete, sem aquietar, nem
sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalmou o vento, cai o pó, e onde
o vento parou, ali fica, ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou
no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é. E que pó
e que vento é este? O pó somos nós: Quia pulvis es; o vento é a nossa vida: Quia
ventus es vita meã. Deu o vento, levantou-se o pó; parou o vento, caiu. Deu o vento,
eis o pó levantado: esses são os vivos. Parou o vento, eis o pó caído: estes são os
mortos. Os vivos pó, os mortos pó; os vivos, pó levantado, os mortos, pó caído; os
vivos, pó com vento, e por isso vãos; os mortos, pó sem vento, e por isso sem
vaidade. Esta é a distinção, e não há outra.
VIEIRA, Antônio. In: PÉCORA, Alcir (Org. e intr.). Sermões: padre Antônio Vieira. São Paulo: Hedra, 2000. p. 60.
(Fragmento).

Perceba como, no Sermão da Quarta-Feira de Cinzas, padre


Antônio Vieira utiliza a imagem do pó para exemplificar a
fragilidade da vida humana.
Aqui, ocorre o
desenvolvimento
do conceptismo.
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Gregório de Matos
Ele é considerado o primeiro grande poeta brasileiro.
Sua poesia é dividida em lírica, sacra e satírica.
Na poesia lírica, ele retoma temas clássicos privilegiando o desenvolvimento de um
raciocínio exemplar.

INTERPRETANDO O POEMA

A uma dama dormindo junto a uma fonte

À margem de uma fonte que corria,


Lira doce dos pássaros cantores,
A bela ocasião das minhas dores.

Dormindo estava ao despertar do dia.


Mas como dorme Sílvia, não vestia
O céu seus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores,
Calava o mar, e rio não se ouvia.

Não dão o parabém à nova aurora


Flores canoras, pássaros cantantes,
Nem seu âmbar respira a rica flora.

Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,


Tudo a Sílvia festeja, tudo a adora,
Ave cheirosa, flores ressonantes.
MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos:
poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 203.

Em sua poesia sacra, os temas abordados são o senso do pecado, a ideia da


fragilidade humana e o medo da morte , aliado ao da condenação eterna.

O poema citado anteriormente, "Achando-se um braço perdido do Menino Deus…"


é um exemplo da poesia sacra de Gregório de Matos.

O tipo de poesia que fez Gregório de Matos ficar conhecido foi a satírica, que
retratava aspectos negativos da sociedade em que vivia. Isso fez com que ele fosse
apelidado de "Boca do Inferno".

Na próxima página, está presente um exemplo de poesia satírica de Gregório de


Matos:

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INTERPRETANDO O POEMA
Descreve o que era naquele tempo
a cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro


Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem frequente olheiro


Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,


Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,


Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório
de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro,
s.d. p. 31.

O poema critica várias facetas da


sociedade de Salvador, Bahia, durante o
século XVII. Isso inclui a presença de
pessoas pretensiosas que se intrometem
na vida dos outros, a falta de privacidade, O autor utiliza a ironia para destacar a
a corrupção econômica e a exploração, hipocrisia e a incompetência das
bem como a desordem social. pessoas que se consideram "grandes
conselheiros" capazes de governar o
mundo, mas não conseguem gerenciar
suas próprias vidas.
O poema denuncia a
presença de usuras nos
mercados, indicando a
exploração econômica e a
corrupção generalizada
nas transações comerciais.

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ARCADISMO
CONTEXTO HISTÓRICO

A população começa a mudar de mentalidade no final do século XVII

A pesquisa científica ganhou forte impulso e o ser humano


passa a recuperar o seu desejo em encontrar explicações
racionais para os fenômenos.

No início do século XVIII, surgem grandes pensadores e que


passam a organizar pesquisas, proporcionando a razão ser
metaforicamente apresentada como a luz interior,
assumindo uma postura iluminista.

O Iluminismo é o conjunto das tendências ideológicas, científicas e filosóficas,


resultantes do espírito racional.

A primeira expressão do Iluminismo foi a Enciclopédia, uma obra com 28 volumes e


que objetivava reunir todos os conhecimentos filosóficos e científicos da época.

Visão diferente
Deus passa a ser visto como uma razão superior, criador do universo, mas não o
responsável por todos os pequenos acontecimentos da vida.

Para isso, o ser humano se tornava o senhor do próprio


destino, passando a compreender, na ciência, os
acontecimentos do mundo.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Arcádia significa uma região quase mítica da Grécia antiga,
onde se habitavam pastores e que cantavam o paraíso que
viviam.

Esse termo foi utilizado para identificar as academias


ou agremiações de poetas, com o objetivo de resgatar
o estilo dos poetas clássicos e renascentistas e
combater toda a ornamentação excessiva do Barroco.

A principal característica do Arcadismo é a idealização da


vida no campo.

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Por conta da idealização da vida no campo, a produção do período nos


poemas era feita de forma convencional: nas obras, era sempre mostrado
campos verdes, árvores, ovelhas e gados tranquilos.
O Arcadismo também recebeu o nome de Neoclassicismo, por seguir as regras da
poesia clássica.

Produção
Cada uma das arcádias literárias possuam doutrinadores, ou
seja, os estudiosos da poética clássica, e que tinham como
função julgar os princípios da produção artística dos seus
membros.

Essas arcádias eram compostas por membros da nobreza e da burguesia.

Esse cenário de produção permitiu um ambiente de igualdade, e assim, a produção


era aberta aos artistas burgueses, sem que eles precisassem do serviço de um
senhor ou mecenas para publicar a sua obra.

PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMO


O cenário acolhedor e natural era constantemente
presente nas obras do Arcadismo, representando uma
vida simples dos pastores no campo.

Essa característica foi o modo como os autores


conseguiram divulgar seus ideais de uma sociedade
mais justa e igualitária.

Assim, no final de cada poema árcade, eles


objetivavam mudar a mentalidade das elites do
período, para combater a futilidade da época.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA POESIA ÁRCADE


Bucolismo
Era uma representação idealizada da natureza como um espaço primaveril e
alegre, dando sentido a tranquilidade e harmonia de viver.
O adjetivo "bucólico" se refere a tudo que é relativo a pastores e os seus rebanhos,
ou seja, uma vida no campo.

Pastoralismo
É o uso constante de nomes de pastores e pastoras, para identificar o poeta e as
suas musas, nas obras árcades.

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O uso de pseudônimos é algo que eliminava as marcas de origem nobre ou plebeia,


passando a neutralizar as diferenças sociais, apagando tudo aquilo que pudesse
associar à hipocrisia de uma vida na corte.

Simplicidade da linguagem
O principal objetivo do Arcadismo é combater com a
ornamentação excessiva do Barroco, e por isso, os poetas
passam a escrever textos de linguagem mais acessível aos
leitores, para que a sua simplicidade fosse mais facilmente
alcançada da literatura.
Essa característica proporcionou aos textos uma
circulação mais ampla, e a poesia deixava de ser aristocrática,
passando a atingir espaços públicos.
Resgate de temas clássicos
Os temas abordados pelos clássicos gregos e latinos é retomado, passando a
expressar as filosofias de vida do mundo antigo.

PRINCIPAIS TEMAS CLÁSSICOS ABORDADOS PELOS ÁRCADES

Fuga da Cidade (Fugere Urbem)


Era a necessidade de se afastar da urbanização,
passando a afirmar as qualidades de vida no campo.

Cantar o Dia (Carpe Diem)


Era o aproveitamento do momento atual, já que o
tempo passa, trazendo a velhice, a fragilidade da vida.

Lugar Ameno (Locus Amoenus)


Era a descrição de um ambiente calmo e agradável,
no qual as pessoas pudessem desfrutar a
tranquilidade da natureza.

Mediocridade Áurea/Dourada (Aurea Mediocritas)


Era a valorização das coisas mais simples da vida
cotidiana, enaltecendo a razão e o bom senso.

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Cortar o Inútil (Inutilla Truncat)


Era a exclusão dos excessos presentes na
linguagem, a fim de aproximar os textos literários da
perfeição que a natureza possuía.

O poema abaixo é um exemplo de um modelo árcade e lírico, trazendo


características como o bucolismo, o pastoralismo e a caracterização do locus
amoenus.
LEITURA DE POEMA
Olha, Marília, as flautas dos pastores

Olha, Marília, as flautas dos pastores


Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?

Vê como ali beijando-se os


Amores Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira,


Ora nas folgas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!


Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio
de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 39.

ARCADISMO EM PORTUGAL
Marquês de Pombal foi uma figura importante, porque ele buscou
elevar Portugal às condições dos outros países europeus.

Para isso, ele tornou o ensino laico, já que, até o momento, os


jesuítas comandava a educação.

Isso proporcionou uma volta dos estrangeiros para Portugal,


aqueles intelectuais que sofreram e fugiram por conta da
Inquisição.
O ideário iluminista chegou a Portugal.
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A Arcádia Lusitana foi fundada no ano de 1756, tendo uma atividade


primordialmente teórica, e lá, os intelectuais criavam e discutiam seus parâmetros
clássicos.

Quando a Arcádia Lusitana chegou ao fim, foi fundada Nova Arcádia, no ano de
1790, tendo como um dos participantes Manuel Maria du Bocage, com o
pseudônimo Elmano Sadino.

Características das obras de Bocage

Bocage é um dos três maiores sonetistas portugueses, ao lado de Camões e


Antero de Quental.

O autor se destacou por desafiar os limites do modelo árcade estabelecidos.

Na Nova Arcádia, ele adotou um pseudônimo e escreveu diversos poemas com


bastante clichê (contendo os cenários da natureza, pastores convidando as suas
amadas para aproveitar o amor na natureza, etc).

Quando ele largou os versos clichês, passou a escrever


um lirismo com bastante subjetividade, adquirindo
alguns temas românticos, como a desilusão amorosa, a
morte, etc.
Com esse tipo de lirismo, sua literatura assume
um papel carregado de sofrimento.
O soneto a seguir aborda um dos versos de Bocage:

LEITURA DE POEMA
Meu ser evaporei na vida insana

Meu ser evaporei na vida insana


Do tropel de paixões que me arrastava;
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana


Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!


Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, ó Deus!...

Quando a morte à luz me roube


Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.
BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio de
Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 81.

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ARCADISMO BRASILEIRO
A descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII
possibilitou o desenvolvimento urbano e o deslocamento da
produção cultural para a cidade de Vila Rica (que hoje
corresponde a Ouro Preto).

A diversidade social da região possibilitou uma maior


exploração das riquezas minerais.

Opressão administrativa portuguesa.


Declínio da produção do ouro.
A convivência com as ideias liberais dos iluministas.
A independência norte-americana.
A Inconfidência Mineira.

Principais Autores

Cláudio Manuel da Costa


Cláudio Manuel da Costa se caracteriza como o iniciador do Arcadismo no Brasil,
adotando o pseudônimo de Glauceste Satúrnio, escrevendo sonetos e poemas
épicos sobre a Vila Rica.

Tomas Antônio Gonzaga é o mais conhecido entre os árcades brasileiros.

É dono de Marília de Dirceu, versos escritos pelo poeta no momento em que se


encontrava encarcerado e através deles era contado a sua paixão pela Maria
Doroteia de Seixas Brandão (a sua Marília).

Divisão da Obra

Primeira Parte
Possui um tom característico das liras e é otimista. Dirceu
descreve Marília e comenta sobre a vida futura que eles
terão quando forem casados. Dirceu cita o locus amoenus.

Segunda Parte
Possui um tom mais melancólico, pois foi um trecho escrito
enquanto o autor estava na prisão, abordando temas como
saudades, antecipando características da geração romântica.

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Tomás Antônio Gonzaga


Os poemas de Tomás Antônio Gonzaga obtiveram sucesso porque naquele
momento se formava um público leitor no Brasil.

Ele e outros autores possibilitaram a geração


romântica um terreno propício de leitores que se
interessaram pelas obras românticas brasileiras.

Na obra Cartas chilenas é apresentado os descasos políticos


do governador "Fanfarrão Minésio", criticado de forma
satírica. Na obra, o Chile representa Minas Gerais, e a capital Santiago, representa
Vila Rica.

O pseudônimo de Antônio Gonzaga nessa obra é Critilo, e ele conversa com


o amigo Doroteu.
Os dois principais poemas épicos árcades brasileiros são:

O Uraguai

Pertencente ao autor José Basílio da Gama, sob o pseudônimo de Termindo Sipílio.

Os versos do poema não possuem rimas e nem estrofação.


A estrutura do poema segue o modelo épico (proposição,
invocação, dedicatória, narração e epílogo).
A história narra a luta entre índios que vivem nas missões
dos Sete Povos (Uruguai) e um exército luso-espanhol.

Caramuru

Pertencente ao autor José de Santa Rita Durão.

Segue o modelo camoniano (dividido em dez cantos,


todos compostos em oitava rima).

A história conta o descobrimento e a conquista da Bahia


por Diogo Álvares Correia, um náufrago português.

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ROMANTISMO EM PORTUGAL
No século XVIII, a Independência dos Estados Unidos, a
Revolução Francesa e a Revolução Industrial, ou seja,
revoluções burguesas, possibilitaram a queda do Antigo
Regime, ocasionando o surgimento do capitalismo como
novo sistema de economia.

Além disso, passa a ser valorizado o caráter individual, os valores burgueses (como
trabalho, esforço e sacrifício) e o amor à pátria, temas que irão nortear a estética
do período romântico.

Dessa forma, o herói passa a adquirir características comuns do ser humano,


espelhados em valores da sociedade capitalista.

O movimento romântico marca a ruptura dos padrões clássicos de beleza,


ganhando maior enfoque, naquele momento, tudo que abordasse a imaginação,
as emoções e a criatividade individual do artista.

Em diversas obras, o autor romântico descreve uma sociedade influenciada pelo


Iluminismo, uma corrente que passa a valorizar os processos racionais e as
posturas coletivas.

Subjetivismo

Essa mentalidade é o principal objetivo que o autor deseja


mudar: o seu sentimento de frustração surge do confronto entre
os valores que ele defende, que estão fixados no subjetivismo e na
emoção, contra aqueles que a sociedade impõe a ele.

Todo esse confronto sentido pelo eu-lírico e se torna um dos pontos mais
explorados no Romantismo: a fuga da realidade.

Assim, a morte surge como uma possibilidade de fuga


do real, passando a ser idealizada.

A morte se configura como o alívio para os males do


mundo e ela permite o encontro definitivo entre os amantes,
que estão separados pelos obstáculos da vida.

Além disso, o mundo dos sonhos e o passado idealizado também é uma


possibilidade de fuga da realidade.

Os temas medievais são resgatados, isso porque o eu-lírico retrata uma época em
que a sociedade estava emersa de feitos heroicos, sentimentos nobres e harmonia.

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Recuperar o passado reconstruir a identidade


histórico de um povo

O PÚBLICO DO ROMANTISMO
Os artistas passam a ser profissionalizados, já que a
figura dos mecenas desapareceu.

Assim, os autores românticos possuíam dois principais


objetivos:

Divulgar os valores da burguesia


Divertir os leitores.
Os textos passaram a ser divulgados em grandes veículos de circulação, como os
jornais e as revistas.
Isso acontece porque os burgueses passam a ler mais jornais e folhetins,
preferindo textos com uma linguagem mais direta e passional.

CONTEXTO HISTÓRICO
No século XIX, Napoleão Bonaparte impôs o bloqueio
continental, obrigando que a coroa portuguesa rompesse as
suas relações comerciais com a Inglaterra. Após ignorar aquela
ordem, o país foi invadido e a corte de D. João VI foi obrigada a
fugir para o Brasil.

Naquele momento, a colônia brasileira foi elevada à condição


de Reino Unido a Portugal e Algarve.

A burguesia portuguesa entrou em crise, já que ela vivia de exportações para o


mercado brasileiro.

Nesse momento, a estética romântica chega ao país e dá voz à sociedade


transformada pela revolução liberal, que vai se tornando laica.

A onda nacionalista em Portugal surge, quando jovens exilados da revolução


liberal retornam para o país, objetivando resgatar o passado de glórias do país.

OS PRIMEIROS POETAS ROMÂNTICOS


A primeira geração romântica portuguesa é marcada por traços clássicos (como o
que ocorre na poesia de Antônio Feliciano de Castilho).

Os autores Almeida Garrett e Alexandre Herculano passam a recuperar um


passado histórico português, marcado pelo medievalismo e de caráter nacionalista.

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O que dá início ao Romantismo em Portugal é a publicação de “Camões”, do autor


Almeida Garrett, em 1825.

O ULTRARROMANTISMO PORTUGUÊS
As crises de natureza política na primeira geração
romântica portuguesa chegou ao fim, e assim, os autores
da segunda geração romântica portuguesa possuem um
tom mais pessoal e com exagero sentimental.

Lord Byron influenciou boa parte dos autores da segunda


geração romântica portuguesa, destacado a imagem de um
herói romântico incompreendido, lutando pela honestidade, pelo amor e pelo
direito à liberdade.

O autor Camilo Castelo Branco aborda diversos temas em suas obras, tendo o
centro a tragédia romântica e outras com tons satíricos, que quase ridicularizam
os exageros do movimento romântico.

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ROMANTISMO NO BRASIL: 1ª GERAÇÃO


a
_

A corte portuguesa chega ao Brasil em 1808 e inicia um período de


transformações na cidade do Rio de Janeiro, modificando a cultura do país.

Na primeira metade do século XIX, o Brasil recebeu várias


missões estrangeiras, compostas de artistas e cientistas.

Essas missões foram importantes porque se formou


uma identidade nacional que posteriormente
proporcionaram aos escritores os registros da natureza
e dos costumes brasileiros.

Ademais, essas missões trouxeram para o Brasil ideias liberais e


nacionalistas, que posteriormente influenciaram os intelectuais brasileiros.

Após a Proclamação da República, em 1822, o país necessitou conquistar a sua


independência cultural.
Para construir essa independência, os intelectuais utilizaram referências
concretas, como o índio e a natureza exuberante, como símbolos da
identidade nacional brasileira.

Os escritores objetivavam apresentar, para os brasileiros e aos estrangeiros, a


face o novo país independente.
Revista Niterói
No ano de 1836 surgiu a revista Nitheroy, publicada por jovens
brasileiros, tendo na epígrafe: "Tudo pelo Brasil, e para o Brasil".
Aqui, se objetivava uma valorização da cultural local.

A obra "Suspiros poéticos e saudades", de 1836, do autor Gonçalves Dias, marcou o


início do Romantismo no Brasil.

POESIA INDIANISTA DA PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA


Os poetas elegeram o índio como símbolo nacional para divulgar os valores e os
princípios que pretendiam apresentar aos leitores.

Além do símbolo nacional, os românticos idealizavam o índio como um indivíduo


livre e ainda não vítima dos males da civilização e da sociedade.

Esse conceito foi influenciado pela definição de "bom selvagem", dada pelo
filósofo francês Jean-Jacques Rousseau. Segundo ele, o homem nasce bom,
mas a sociedade o corrompe.
De acordo com esse mesmo raciocínio, o
índio ainda vivia no estágio anterior à
corrupção das sociedades.
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Os versos indianistas possuem controle de métrica e rimas.


Um recurso muito utilizado nos versos indianistas é fazer
com que o ritmo do poema se assemelhe ao toque ritual
dos tambores, utilizados nas cerimônias dos índios.

Outro recurso utilizado nos versos indianistas é a delicada


caracterização da natureza brasileira, um espaço onde
ocorre a maior parte dos fatos narrados nos poemas.

PRINCIPAL AUTOR
Gonçalves Dias
Teve contato com as obras românticas dos autores Almeida Garrett e de Alexandre
Herculano, quando estudou na Universidade de Coimbra.
Esse contato influenciou no desenvolvimento dele como poeta romântico.
Em suas obras, surgem temas principais como: natureza, pátria e religião.

Suas principais obras são: Primeiros cantos (1846), Segundos cantos (1848), As
sextilhas do frei Antão (1848) e Últimos cantos (1851).
Em seus versos indianistas, são presentes uma imagem heroica e nobre do índio
brasileiro.
O ritmo nesses poemas facilitou a sua popularidade e ajudou diversos poetas
daquela primeira geração romântica a propagarem os símbolos nacionais
escolhidos.

Os índios sempre são apresentados com características positivas: bravura,


honra, lealdade.

INTERPRETANDO O POEMA V
E, pois que és meu filho,
Canção do Tamoio II O forte, Meus brios reveste;
o cobarde Tamoio nasceste,
I Seus feitos inveja Valente serás.
Não chores, meu filho; De o ver na peleja Sê duro guerreiro,
Não chores, que a vida Garboso e feroz; Robusto, fragueiro,
É luta renhida: E os tímidos velhos Brasão dos tamoios
Viver é lutar. Nos graves conselhos, Na guerra e na paz.
A vida é combate, Curvadas as frontes, DIAS, Gonçalves. Poesias completas. v. II. Rio de
Que os fracos abate, Escutam-lhe a voz! Janeiro: Científica, 1965. p. 139-142.
Que os fortes os bravos
Só pode exaltar. IV
Domina, se vive;
II Se morre, descansa
Um dia vivemos! Nesse poema, percebe-
Dos seus na lembrança,
O homem que é forte Na voz do porvir. se o índio sendo
Não teme da morte; Não cures da vida!
Só teme fugir;
enaltecido e possuindo
Sê bravo, sê forte!
No arco que entesa Não fujas da morte, características positivas.
Tem certa uma presa, Que a morte há de vir!
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
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ROMANTISMO NO BRASIL: 2ª GERAÇÃO


a
_

A principal característica dessa geração é o exagero sentimental.


Essa característica foi inspirada por escritores ingleses,
como Byron e Shelley, os chamados poetas
ultrarromânticos, que expressavam seus sentimentos arrebatados.
Esse arrebatamento aparece nas obras da seguinte forma:
No desejo de fugir da realidade.
Na atração pelo mistério.
No culto pela natureza mórbida.
Na idealização da mulher virgem e etérea.
Na consciência da inadequação do artista na sociedade em que vive.

A natureza é representada pelos ultrarromânticos como algo misterioso e


incontrolável, passando a expressar sentimentos arrebatados dos eu-lírico.

Nessa geração, o poeta é incompreendido e isolado, por defenderem valores


morais e éticos diferentes da sociedade burguesa.

Diferenças
Ao contrário dos poetas da primeira geração, os poetas da
segunda geração romântica buscavam manifestar os seus
próprios sentimentos, ao invés de criar uma identidade nacional.

O tema do amor é idealizado, e os poetas projetam as suas realizações no campo


dos sonhos e da fantasia, não esperando que elas se realizem no mundo real.
A morte é vista com um sentido positivo, pois representa o fim da agonia de viver.

INTERPRETANDO O POEMA
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Se eu morresse amanhã! Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã, viria ao menos Se eu morresse amanhã!
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria Mas essa dor da vida que devora
Se eu morresse amanhã! A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Quanta glória pressinto em meu futuro! Se eu morresse amanhã!
AZEVEDO, Álvares de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI,
Que aurora de porvir e que manhã!
Antônio Carlos (Orgs.). Poesia brasileira: Romantismo.
Eu perdera chorando essas coroas São Paulo: Ática, 2000. p. 60
Se eu morresse amanhã!

Leia a análise desse poema na próxima página.


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Nesse poema, o eu-lírico apresenta a morte como


uma solução para a "dor da vida que devora".

Essa visão da morte é vista como um fim de todo


sofrimento, tema abordado nos poetas
ultrarromânticos.

A morte é idealizada pelos poetas ultrarromânticos porque propaga a ideia da


beleza feminina: virgens lânguidas, pálidas e etéreas, no lugar das virgens robustas
da primeira geração.

A LINGUAGEM POÉTICA
Mesmo que a liberdade formal seja um traço presente nas obras
dessa geração, os autores ainda sim utilizam com frequência palavras que
constroem o ideal de saudade, solidão, morte e pessimismo.

Os termos utilizados no poema retomam a uma existência


depressiva, repleta de irracionalidade e pela obsessão pela morte.

Os substantivos e os adjetivos são utilizados para remeter


a palidez.

PRINCIPAIS AUTORES
Casimiro de Abreu
Seus poemas foram os mais aclamados da segunda geração romântica.
Os principais temas dos seus poemas eram: saudade, natureza e o desejo.
Esses traços fizeram o ator ter seus poemas mais lidos,
ao contrário dos outros poetas, em que seus poemas
eram carregados de pessimismo.
Ao invés de tratar o amor com pessimismo, em Casimiro
de Abreu se tem sonhos de amor e suspiros de saudades.
Ele também trata do tema saudosismo, utilizando versos
simples para remeter a sua saudade de uma infância idealizada e inocente.

INTERPRETANDO O POEMA
Meus oito anos Nesse poema de Gregório de
Oh! dias de minha infância!
Matos, ele cria uma estrutura em
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era que o final da penúltima palavra
Nessa risonha manhã! de cada um dos versos é
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias duplicado, originando outra
De minha mãe as carícias palavra.
E beijos de minha irmã!
ABREU, Casimiro de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI, Antônio Carlos (Orgs.).
Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática, 2000. p. 43. (Fragmento).
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Álvares de Azevedo
Sua poesia é pessimista e possui uma visão irônica do desespero dos românticos
solitários.
Essa característica pessimista-irônica está presente na sua principal obra, Lira dos
vinte anos.
O autor também possui obras em prosa, como Noite na taverna.
Em Noite na taverna, existe um grupo de rapazes reunidos numa taverna e
relatam as suas aventuras amorosas.

INTERPRETANDO O POEMA
O poeta moribundo

Poetas! amanhã ao meu cadáver


Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda e cantem nela
Os amores da vida esperançosa! [...]

Coração, por que tremes?


Se esta lira
Nas minhas mãos sem força desafina,
Enquanto ao cemitério não te levam,
Casa no marimbau a alma divina!
Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia...
Como o cisne de outrora... que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.

AZEVEDO, Álvares de. In: CANDIDO, Antonio. Melhores poemas. 4. ed.


São Paulo: Global, 2001. p. 76. (Fragmento).

Perceba que o poema apresenta uma perspectiva


irônica da figura do poeta solitário e sofredor.

Aqui, Azevedo aborda com humor os temas recorrentes da


poesia ultrarromântica: a aproximação da morte ("amanhã ao
meu cadáver") e a insatisfação com as aspirações amorosas
("cantem nela / Os amores da vida esperançosa").

Fagundes Varela
O autor, mesmo que tenha escrito textos ultrarromânticos, possui um conjunto de
obras que mostram os primeiros sinais da terceira geração romântica, quando
trata de questões sociais. Ele compôs, além de temas preferidos dos
ultrarromânticos, trouxe poemas sobre a escravidão e a injustiça social. O autor é
visto como um autor de transição. 45
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ROMANTISMO NO BRASIL: 3ª GERAÇÃO


a
_

O Brasil estava vivenciando uma dura crise econômica desde o ano


de 1840, sendo governado por D. Pedro II.
Durante os dez primeiros anos de reinado, o Brasil foi
palco de diversas ideias abolicionistas e republicanas,
como a Balaiada, no Maranhão, as revoltas liberais, em São
Paulo e o movimento farroupilhas, no Rio Grande do Sul.
A partir da década de 1850, o contexto econômico do Brasil começou a mudar, por
conta da cultura do café.
Esse cenário dava prosperidade a classe latifundiária, os quais defendiam o
sistema escravista.
Entre os anos de 1500 e 1822, a população africana no Brasil era três vezes maior
do que a de portugueses.

Burlando as regras
No ano de 1850, a Lei Eusébio de Queirós
puniu aqueles que realizassem o tráfico
de escravos, porém, sempre existiam
pessoas que burlavam as regras.

A SOCIEDADE DIVIDIDA
Seus poemas foram os mais aclamados da segunda geração romântica.

Emancipacionistas
Eles defendiam a extinção lenta e gradual da escravidão, para que os latifundiários
se organizassem para substituir a mão de obra africana, sem obter prejuízo com
isso.

Abolicionistas
Eles defendiam a libertação imediata de todos os escravos.

Escravistas
Eles defendiam a manutenção do sistema e exigiam o pagamento de indenizações
aos proprietários, caso a escravidão fosse abolida.

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O CONDOREIRISMO
Como a exportação do café trouxe prosperidade econômica, São Paulo iniciou a
sua modernização e promoveu festas, assim como ocorria nas cidades europeias.

Enquanto essa modernização acontecia, os escravos sofriam nas senzalas.

Os autores Castro Alves, Pedro Luís e Sounsândrade se


inspiraram nos princípios de liberdade do autor Victor Hugo
- "a arte de hoje não deve buscar apenas o belo, mas
sobretudo o bem'', passando a escrever a situação de
escravidão no Brasil.
A ave condor era pertencente dos Andes e podia
voar em grandes altitudes.

O animal foi escolhido como símbolo de


liberdade, e os poetas que puderam abordar
questões sociais, ficaram conhecidos como
condoreiros.

O PROJETO LITERÁRIO
Ao invés de valorizar os sentimentos, como os ultrarromânticos faziam, os
condoreiros estavam preocupados nos debates sociais e proporcionar uma
literatura mais engajada e mais consciente com o contexto histórico-social que o
Brasil estava imerso.

O principal objetivo da literatura da terceira geração


romântica brasileira era denunciar as injustiças sociais
brasileiras.
Castro Alves e os demais condoreiros utilizavam a poesia
como o principal instrumento de denunciar uma causa
social: a libertação dos escravos.

A LINGUAGEM
O poeta-orador surgiu como a finalidade de atingir públicos mais numerosos,
passando a ir a teatros e praças públicas.
A poesia condoreira foi feita para ser declamada, por isso, ela utilizava muitos
vocativos e exclamações.
Outro recurso muito utilizado nos poemas é a pontuação, já que os poetas
buscavam dar aos textos o recurso da oratória.
O movimento condoreiro possua afinidade por imagens exageradas, hiperbólicas
e que provocavam impacto nos leitores, despertando suas mais fortes emoções.

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INTERPRETANDO O POEMA
[...]
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,


E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”

E ri-se a orquestra irônica, estridente...


E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras
voam!... Gritos, ais, maldições, preces
ressoam!
E ri-se Satanás!...

Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv0000
68.pdf.> Acesso em: 22 jan. 2023.

Nesse poema, é possível notar as características do


movimento condoreiro, citados anteriormente.

PRINCIPAIS AUTORES

Castro Alves
Em relação as duas primeiras gerações românticas, nas
obras de Castro Alves, o sentimento de natureza é substituído
pelo sentimento de humanidade, e a ordem do coração é
substituída pela ordem do pensamento.

As principais obras de Castro Alves são: Espumas flutuantes (1870), publicado ainda
em vida, A cachoeira de Paulo Afonso (1876) e Os escravos (1883), publicações
póstumas.

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Um dos poemas mais conhecidos de Castro Alves é "o navio negreiro", um longo
poema que aborda o sofrimento dos negros que estão presos num navio, o que o
auxilia o entendimento da sua adesão abolicionista ter tido grande impulso.

A imagem inicial do poema é de um navio entre os mares. O eu-lírico está


perdido e pede auxílio ao albatroz, uma águia do oceano.

No poema, mesmo que o cenário


seja paradisíaco, as cenas
representadas são macabras.

A última parte do poema denuncia um


país que empresta a sua bandeira, esta
como um símbolo de nação livre, para
cobrir os corpos torturados dos
escravos.

Castro Alves também possui poemas líricos, compostos de sensualidade explícita,


abordando, ao invés de virgens inacessíveis, característica dos poetas
ultrarromânticos, mulheres reais e sedutoras.

LEITURA DE POEMA

Teu seio é vaga dourada


Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua;
Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no languor
Vogar, naufragar, perder-se
O gondoleiro do amor!?
ALVES, Castro. O gondoleiro do amor. Espumas
flutuantes. São Paulo: Ateliê Editorial, 1997. p. 104.
(Fragmento).

Sousândre

Foi um autor que se preocupou em definir a identidade representativa de toda a


América, não só do Brasil.

Num dos seus poemas, como "Guesa errante", ele narra uma viagem e destaca os
elementos da natureza indiana, exaltando a exuberância do cenário americano e
a força dos habitantes daquele continente.

O termo guesa significa "sem casa" e remete a condição de errante, de


desamparo.

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ROMANCE URBANO
Os folhetins passam a ser publicados nos jornais brasileiros a
partir da década de 1830, se configurando uma nova forma de
entretenimento.

O sucesso desses folhetins se dava ao sucesso estrangeiro,


que estimulou os autores brasileiros a publicarem romances
que seguissem a mesma estrutura estrangeira: com momentos
melodramáticos e finais felizes, com amores cheio de obstáculos.

Os folhetins brasileiros propagavam


os aspectos típicos do país: a vida na
corte e os costumes da burguesia.

OS AGENTES DO DISCURSO
O escritor passa a ser mais profissional, dependendo de publicações para
sobreviver, e esse fator propicia o aumento de volume de obras escritas.

Os romances, no início, são publicados em jornais e revistas,


passando a originar um público leitor que compravam os
periódicos a fim de acompanharem a história.

Por conta da alta taxa de analfabetismo brasileiro no


século XIX, o público leitor era reduzido.

Os leitores dos folhetins românticos eram membros da elite, profissionais


liberais e jovens bem informados sobre o que ocorria nas cidades europeias.
As mulheres se destacam como leitora, já que a maior parte das interlocutoras dos
narradores dos livros eram mulheres.

A SOCIEDADE EM FORMAÇÃO
O romance urbano surge com o objetivo de oferecer uma representação literária
brasileira para a elite local, através de personagens criados praticamente iguais à
elite, divulgando valores fundamentais para aquela sociedade.

O romance urbano auxilia na construção de uma identidade


nacional porque aborda costumes e personagens locais nas obras.

Esse tipo de romance auxiliou na democratização da leitura,


visto que possuía uma narrativa simples.

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A LINGUAGEM
Duas principais características são importantes no romance urbano:

O diálogo que o narrador faz com o leitor, proporcionando


uma ideia de confidência.

As referências entre os locais e as situações do mundo


real.
INTERPRETANDO O TEXTO
19 – Entremos nos corações
O que é bom dura pouco. As festas estão
acabadas; nossas belas conhecidas
bordam; nossos alegres estudantes estão
de livro na mão. Mas, pelo que toca a
estes, qual é, digam-me, qual é o
estudante que, depois de uma patuscada
de tom, não fica por oito dias incapaz de
compreender a mais insignificante lição?
Isto sucede assim; essa pobre gente vê,
por toda a parte, e misturando-se com
todos os pensamentos, no livro em que
estuda, nas estampas que observa, na
dissertação que escreve, o baile, as
moças e os prazeres que apreciou.

MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha.

Nesse trecho, é possível notar como o narrador se


dirige ao leitor como se eles estivessem conversando.

PRINCIPAIS AUTORES

Joaquim Manuel de Macedo

Seus romances possuem simplicidade na estrutura narrativa, além do


humor, com personagens com características tipicamente brasileiras.

Joaquim Manuel de Macedo publicou 18 obras e as suas mais


conhecidas são: A Moreninha (1844), O Moço Loiro (1845) e A luneta
mágica (1869).

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Na obra A Moreninha, é o primeiro romance urbano com qualidade literária


brasileiro. A obra aborda a história de Augusto e Carolina, que, quando crianças,
ainda trocam juras de amor. Quando são adultos, tomam rumos diferentes, mas
logo voltam a se reencontrar, sem que se conheçam, e após muitas reviravoltas,
passam a ficar juntos, quando sabem da verdade.

Nas histórias de Joaquim Manuel de Macedo, manifestam-se alguns traços do


Romantismo, como: a pureza do amor infantil (que se concretiza na idade adulta),
o mistério da identidade dos amantes, e o traço nacionalista, já que se apresenta
uma lenda indígena.

José de Alencar

O autor foca em humanizar os seus personagens, passando a atribuir o papel de


vítimas das pressões da sociedade, do meio em que vivem.
Os personagens possuem comportamentos não tão condenáveis, mas que,
no final da trama, passam a se redimir, se entregando a sentimentos nobres,
como o amor e compaixão.
As obras de José de Alencar possuem fortes influências do
Romantismo, mas apelam para alguns traços realistas, ao examinar
a sociedade modo crítico.
Em sua obra Senhora, ocorre o casamento por interesse, por parte
de Aurélia, uma moça de poucas posses e recebe uma grande
herança, passando a comprar de volta o seu amado, que tinha
decidido ficar com uma noiva rica.
Nos romances de José de Alencar, as heroínas românticas são caracterizadas
como mulheres fortes e donas do seu destino.

Manuel Antônio de Almeida


Ele é autor da obra Memórias de um sargento de milícias, passando a dar destacar
as camadas mais baixas da sociedade.

Nos romances desse autor, os personagens passam a


enfrentar as dificuldades da vida, passando a cometer
pequenos golpes e favores para superá-las.

Na obra Memórias de um sargento de milícias, tem-se a


presença de Leonardinho, um anti-herói, por gostar da malandragem, quase
sempre envolvido com confusões.

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ROMANCE INDIANISTA
Principalmente nas obras de José de Alencar, os índios passam a ser
visto como os heróis, possuindo nome próprio e características definidas.

Esses índios, ao possuírem gestos nobres, passam a participar


do processo de gestação do Brasil.

O PROJETO LITERÁRIO

A principal função do romance indianista é proporcionar aos leitores obras para


resgatar o passado histórico do país.

Os índios são personagens que passam a ser elevados à


condição de herói, a fim de atuarem como representantes de
um povo americano, e, ao mesmo tempo, passando a lutar
por princípios da sociedade burguesa, como honestidade,
bravura, etc, características que eram extremamente valorizadas pelo
Romantismo.

Os personagens do romance indianista são construídos com base em


característica da natureza exuberante, passando, assim, a se reforçar os
traços nacionais.
Isso acontece porque, além dos personagens, terem nascido no Brasil, eles
possuem traços da beleza do país.

A estrutura narrativa segue o mesmo modelo dos romances europeus: o herói é o


representante de um passado glorioso e passa a elevar a identidade de um povo.

O principal meio de circulação dos romances indianista é o folhetim.

Os romances indianistas fazem sucesso, porque, nessa época, se


tinha um desejo de ler exatamente uma história em que o herói
valorizasse o passado histórico do país e tivesse valores burgueses.

Os autores buscavam a verossimilhança linguísticas dos indígenas


em suas obras, é por isso que se utilizam muitas palavras de origem
indígena nas obras, como: uiraçaba, aratuba, canitar, tocantim,
morubixaba, cujo significado é explicado pelo autor em inúmeras notas.

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PRINCIPAIS AUTORES
José de Alencar
Ele escreveu uma série de romances ficcionais, passando a dividir o período de
formação do povo e do país em três fases, escrevendo um romance indianista
para cada uma dessas fases.

Ubirajara
Aqui é abordado o momento antecedente à chegada dos
colonizadores portugueses.

Na obra, o leitor percebe uma série de mitos e lendas a


respeito da terra "selvagem" e do povo que ali habitava.

Iracema
Aqui, é o período inicial da ocupação das terras pelos colonizadores.

Nessa fase, ocorre o primeiro contato entre os índios e os europeus, ocorrendo a


miscigenação entre as duas raças.

Análise da obra
A obra apresenta a lenda da fundação do Ceará, simbolizada pelo
amor de Iracema, uma jovem da tribo dos índios tabajaras, e
Martin, um colonizador português.
Martim se apaixona por Iracema, que é guardiã do segredo da
jurema, e por isso, deveria permanecer virgem. Porém, o amor
dos dois supera os obstáculos, e Iracema acaba abandonando
a sua tribo para viver com Martim.

Dessa união, surge Moacir ("filho da dor"),


passando a representar a formação do
povo brasileiro, resultante da miscigenação
dos índios com os portugueses.

O Guarani
Aqui, ocorre o processo de colonização, que já está adiantado,
e o autor busca mostrar como os nobres portugueses lidavam
com problemas sobre a natureza virgem, destacando a
importância do índio para se superar esses desafios.

A natureza exuberante é extremamente explorada pelas obras,


passando a representar um espaço ainda intocado pela civilização.
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Nos romances de José de Alencar, o índio representa uma união perfeita entre o
elemento nativo e os valores burgueses.

Análise da obra

A publicação dessa obra marca o início da ficção indianista.

A obra conta a história de Peri, um índio que se apaixona por


Cecília (Ceci) a filha de um fidalgo português D. Antônio de Mariz.

No final da obra, é sugerido que Peri e Cecília se unam, a fim de


unir os dois povos.

É possível notar alguns pontos de idealização e lirismo, características


do Romantismo se manifestando na obra O Guarani.

O primeiro corresponde a trama inventada


por Alencar, onde a história de amor traz
obstáculos para se concretizar.

Além disso, as origens dos personagens


contribuem para eles serem identificados
como pertencentes a duas culturas muito
diferentes.
O segundo corresponde a uma
construção forte do comportamento
de Peri, que vive para garantir a
felicidade de Cecília, sem esperar
nenhum reconhecimento.

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ROMANCE REGIONALISTA
Nesse tipo de romance, surge um Brasil rural e com costumes
arcaicos, possuindo valores e comportamentos totalmente
diferentes daqueles da corte.

Os romances tinham como finalidade mostrar aspectos locais


de um homem do interior.

Os romances regionalistas eram publicados e circulavam entre o público por meio


dos folhetins.

O público era composto pelas camadas médias da população dos centros urbanos.

No interior, aquelas obras eram vistas como ameaça aos costumes e aos
valores locais.

A LINGUAGEM
A linguagem dos romances regionalistas possuem adjetivação idealizada, a fim de
caracterizar os diferentes cenários brasileiros da obra.

PRINCIPAIS AUTORES
José de Alencar
Ele escreveu quatro romances regionalistas: O gaúcho (1870), O tronco do Ipê (1871),
Til (1872) e O sertanejo (1875).

As mulheres, que antes ocupavam papéis importantes, davam


espaço para homens trabalhadores, rudes e ignorantes, que
estavam ocupados em superar os obstáculos impostos pelo
ambiente que viviam.

Nesses romances regionalistas, as mulheres ocupam


papéis submissos.

Visconde de Taunay

A sua principal obra é Inocência, e nela se retrata os sertões


do Mato Grosso, sendo caracterizado como um local
harmonioso, tranquilo e idealizado.

Essas características resgatam o locus amoenus


clássico.

Nessa obra, se aborda uma linguagem com elementos da fala regional, para
caracterizar os diferentes personagens da trama.
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Na estrutura, o autor utiliza a técnica do corte, que serve para escolher o momento
certo de terminar o capítulo a fim de segurar a curiosidade do leitor.
O Brasil representado na obra de Taunay é patriarcal, ou seja, onde o poder do pai
era dominante, até mesmo acima dos códigos sociais.

Franklin Távora

O autor se tornou conhecido pela polêmica que se envolveu com José de Alencar,
ao julgar que o autor não produzia uma literatura realmente brasileira.

Távora acreditava nas diversas diferenças existentes entre o Norte e o Sul do país,
passando a produzir obras que enfatizassem essas diferenças.

Para isso, ele utiliza como cenário o estado de Pernambuco a fim de


reconstituir algum evento histórico da região.

O Cabeleira é a sua obra mais conhecida, contando a história de um bandido, José


Gomes. Ele possuía um amor inverossímil e vivido com Luisinha, sua amiga de
infância, que permitiu a ele se regenerar. Porém, após a morte da sua amada,
José decide se entregar à polícia.

INTERPRETANDO O TEXTO

A justiça executou o Cabeleira por crimes que tiveram sua principal origem na
ignorância e na pobreza.
Mas o responsável de males semelhantes não será primeiro que todos a
sociedade que não cumpre o dever de difundir a instrução, fonte da moral, e de
organizar o trabalho, fonte da riqueza?
Se a sociedade não tem em caso nenhum o direito de aplicar a pena de morte
a ninguém, muito menos tem o de aplicá- -la aos réus ignorantes e pobres, isto é,
aqueles que cometem o delito sem pleno conhecimento do mal, e obrigados
muitas vezes da necessidade. [...]
Condena-se à forca o escravo que mata o senhor, sem se atender a que,
rebaixado pela condição servil, paciente do açoite diário, coberto de andrajos,
quase sempre faminto, sobrecarregado com trabalhos excessivos, semelhante
criatura é mais própria para o cego instrumento do desespero, do que
competente para o exercício da razão.
TÁVORA, Franklin. O Cabeleira. 3. ed. São Paulo: Ática, 1977. p. 135.

Nos momentos finais desse romance, percebe-se como o


narrador deixa claro o seu ponto de vista perante ao
ambiente em que José Gomes vivia: repleto de miséria e
sem educação, fatores que fizeram de José um criminoso.

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Bernardo Guimarães
Ele é o autor do primeiro romance regionalista, o Ermitão de Muquém, de 1864.
Em suas obras, ele repete a mesma fórmula do romance de folhetim: o herói
nobre e a heroína se apaixonam, mas enfrentam vários conflitos até ficarem
juntos.

A principal obra de Bernado Guimarães é Escrava Isaura, que conta a história de


uma escrava branca que sofria nas mãos do seu senhor, Leôncio.

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REALISMO
A Europa estava imersa, durante o século XIX, pela Revolução
Industrial, que foi capaz de provocar profundas alterações na
sociedade.

Essas mudanças provocaram a divisão da sociedade: de


um lado havia os eufóricos pelas novidades tecnológicas, e
do outro lado, o empobrecimento dos trabalhadores.

Durante o século XIX, ocorreu a duplicação da população europeia por conta da


mecanização da agricultura.

Isso ocorreu por conta dos trabalhadores irem tentar uma vida nas indústrias,
acabando por inchar as cidades.
O telégrafo e o trem, logo após serem inventados, proporcionaram o
encurtamento de distâncias.

Por conta das realidades que assolavam a Europa, o subjetivismo e a emoção


deram lugar a uma postura mais objetiva e clara sobre as mazelas da sociedade.

Algumas doutrinas surgiram a fim de explicar o funcionamento do capitalismo


vigente, como:

Adam Smith
Defendia o liberalismo, apoiado na mínima intervenção do
Estado na economia.

Thomas Malthus
Falava que a população crescia sob taxas mais altas do que a produção de
alimentos, ocasionando a pobreza e grande quantidade de pessoas famintas.

Karl Marx
Abordou uma crítica ao sistema capitalista, passando a defender o seu ponto de
vista que a estrutura das sociedades era resultante das relações do trabalho com
a produção.

Ao lado de Friedrich Engels, escreveram O manifesto comunista, uma obra que


falava sobre os trabalhadores se revoltarem contra o capitalismo.

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O PROJETO LITERÁRIO
O início do Realismo ocorreu com a publicação da obra Madame
Bovary, do autor Gustave Flaubert.

Nessa obra, era retratado a vida de Emma Bovary, uma


mulher influenciada por leituras românticas, e o autor passa a
criticar, ao mesmo tempo, esse estilo literário, e,
posteriormente, a hipocrisia da sociedade burguesa daquela
época.

A crítica do autor é feita com base na análise objetiva e racional da realidade.

AGENTES DO DISCURSO
O folhetim continuava sendo o principal meio de divulgação das obras literárias.

O público se mostrava em situações conflitantes: por um lado, os leitores


gostariam de ler obras com um enfoque mais racional da realidade, os levando a
compreender a sociedade e as transformações sociais; por outro lado, os leitores
não se agradavam com as críticas nas obras em relação ao seu modo de vida,
como, por exemplo, o adultério.

Machado de Assis foi um autor que lidou muito bem com essa ambiguidade
do público leitor, passando a utilizar o diálogo constante em suas obras.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O autor passava a analisar a sociedade com razão e subjetividade.

Entretanto, essa subjetividade do autor em suas obras não


é algo absoluto, visto que o narrador instiga a própria
interpretação do leitor de maneira indireta.

Dessa forma, o narrador conduz o leitor a


tomar suas próprias opiniões a respeito do
que está acontecendo na obra.

Nas obras realistas, temos a presença de narrações que contam a respeito de


eventos da época, sempre acompanhando esses eventos com um olhar crítico.

Anatomia do caráter

Em muitas obras realistas, é possível encontrar uma estratégia que


compreendia a sociedade por meio da análise dos
comportamentos e das motivações dos personagens, passando a
relacionar tais fatores ao contexto e aos problemas da época.

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O olhar do escritor realista para a sociedade vigente era feito de modo a


considerar sua crítica para o tempo e as condições materiais que a estruturam,
NÃO aos sentimentos ou idealizações sociais.

Ao invés de abordarem histórias de amor avassaladoras e cômicas, os autores


realistas passaram a escrever tramas que abordassem o adultério.

No plano de fundo social, os autores realistas passaram a abordar temas como a


corrupção, o universo político e a superficialidade das elites.

Esses temas refletiam a realidade da sociedade vigente.

A linguagem nas obras realistas é caracterizada de modo objetiva


e aparentemente sem juízo de valor, através da qual se realizavam
descrições do cenário e das personagens participantes.

Porém, como dito anteriormente, é possível notar que o narrador conduz


indiretamente o olhar do leitor para as suas interpretações desejadas.

REALISMO EM PORTUGAL
Ainda na metade do século XIX, a Revolução Industrial estava longe
de ser uma realidade para aquele país, visto que ele ainda continuava
com a economia e costumes agrários.

Por conta disso, o pouco de prosperidade que restava pertencia


a uma pequena burguesia rural, ocasionando uma significativa
desigualdade social.

Os principais fatores que proporcionaram a Portugal o surgimento de uma


literatura que denunciasse a realidade da sociedade foram:

A decadência econômica do país que foi uma das grandes potências


europeias.
A perda de diversas colônias.

As difíceis condições sociais e políticas de Portugal.

Mesmo que Portugal estivesse em crise, alguns jovens, como Antero de Quental e
Eça de Queirós, discutiam os textos progressistas escritos em
outros países mais desenvolvidos da Europa.

Esses jovens deram origem a Geração de 70, movidos


com a crença de que a situação de Portugal poderia ser
transformada.
As Conferências Democráticas, no ano de 1871, proporcionaram a presença do
Realismo em Portugal, promovendo debates e palestras para discutir a decadência
de Portugal.
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Numa dessas conferências, Antero de Quental apontou o catolicismo, o


absolutismo e o colonialismo como as principais causas da situação do país.
Eça de Queirós abordou que a literatura portuguesa deveria ser mais
objetiva e baseada na realidade, longe dos excessos românticos.

Principais Autores Portugueses


Antero de Quental
Ao lado de Camões e Bocage, ele é considerado um dos maiores sonetistas da
língua portuguesa.
Algumas de suas obras possuem forte influência do Romantismo,
abordando uma mulher fortemente idealizada e um amor com
perspectiva neoplatônica.
Há também em suas obras a presença de sonetos em que o
eu-lírico é tomado a defender a razão como meio pelo qual o
homem pode transformar o mundo em que vive.
Alguns dos seus poemas possuem uma faceta introspectiva e pessimista, onde o
eu-lírico enxerga poucas saídas para os seus problemas existenciais.
Por fim, existem sonetos em que Antero aborda um eu-lírico buscando em Deus e
na espiritualidade a paz e as respostas para os seus questionamentos.
Nos sonetos de Antero, percebe-se uma alternância entre tons mais otimistas e
revolucionários e outros mais pessimistas.

INTERPRETANDO O POEMA
A um poeta

Tu que dormes, espírito sereno,


Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.

Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno


Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! É a grande voz das multidões!


São teus irmãos, que se erguem!
São canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!
QUENTAL, Antero de. Sonetos completos. Lisboa: Ulisseia,
2002. p. 163.

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No soneto da página anterior, percebe-se um aspecto revolucionário.

O eu-lírico se conecta ao interlocutor, caracterizado como o típico


romântico dos seus sonhos, mas passa a sair desse estado antigo e cria um
futuro baseado na razão, representado no poema pela luz do sol.

Eça de Queirós
O principal objetivo de Eça de Queirós era escrever um conjunto de romances - As
cenas da vida portuguesa - que retratasse um papel social de Portugal na época.

É autor de romances realistas, como: O crime do padre Amaro, O primo Basílio e


Os Maias, As cenas da vida portuguesa, obras que retratam a realidade de
Portugal.

Na obra O crime do padre Amaro, temos o foco em críticas relacionadas a Igreja.


O personagem Padre Amaro se tornou religioso por conveniência e não
por vocação, acabando por se envolver num caso amoroso com a
jovem Amélia, a engravidando. Amélia morre no parto e Amaro
entrega o bebê para uma "tecedeira de anjos". A criança
também morre e o padre prossegue descaradamente a
sua carreira.

O livro critica a proibição do casamento aos sacerdotes católicos e a religiosidade


hipócrita dos moradores do interior de Portugal.

Na obra O primo Basílio, temos a história de Luísa, uma jovem burguesa que é
casada com um engenheiro Jorge. Ela sonhava com um amor romântico, por isso,
acaba sendo uma presa fácil do seu primo sedutor Basílio. Os dois se
envolvem num adultério, e Juliana, a sua empregada, guarda
as cartas trocadas entre os amantes e passa a chantagear a
patroa. O final da história é trágico, resultando nas mortes de
Juliana e Luísa.

O livro critica a influência da leitura de livros românticos, a


hipocrisia do casamento e a superficialidade da pequena
burguesia, além de retratar a desigualdade social entre Juliana, a criada, e Luísa, a
patroa.

Na obra Os Maias, temos a história de Carlos Maia e Maria Eduarda,


dois irmãos que forma separados na infância, e quando se
reencontram, não sabem desse parentesco e acabam se apaixonando.
Mesmo após descobrir a verdade, os dois continuam juntos.

O livro critica a relação incestuosa entre os irmãos e a ociosidade de


Carlos Maia, que era médico por mero prazer e não por necessidade,
passando a criticar a alta burguesia.
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REALISMO NO BRASIL
No ano de 1850, ocorreu o fim do tráfico negreiro, gerando um término do sistema
escravista e a ruínas dos latifúndios de açúcar, já que eles dependiam do trabalho
escravo.

A ala progressista ganha destaque nos debates e essa crise afeta a política, a
economia e o próprio D. Pedro II, já que sua autoridade é posta em questão com o
início de ideias republicanas.

Nesse cenário, a sociedade do Segundo Império passa por fortes mudanças e


ocorre o enfraquecimento da classe dominante e o crescimento da classe média.
Nesse cenário, a literatura brasileira encontra uma saída para abordar as
questões mais realistas, e menos idealizadas da sociedade.

Principais Autores Brasileiros

Machado de Assis
Os primeiros romances escritos pelo autor ainda possuíam características típicas
do Romantismo, mas, já anunciavam algumas características sociais.

Essas obras pertencem a Primeira Fase de obras do autor,


trazendo histórias com o objetivo de divertir, emocionar e
ensinar valores morais aos leitores com as histórias de amor,
sendo essas: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874),
Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878).

Na Segunda Fase dos romances de Machado de Assis, temos


uma literatura mais realista que mostram a hipocrisia da infidelidade no
casamento e as relações interesseiras entre as pessoas da classe dominante da
época.
Os principais romances são: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas
Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, tem-se uma literatura que rompe
com os padrões de narrativa romântica e marca no Brasil o início do Realismo.

Brás Cubas é o narrador do romance, se caracterizando como um "defunto autor",


decidindo escrever a sua autobiografia após a morte.

Na obra, não existe uma sequência de início, meio e fim, assim como era nas
obras românticas e no enredo, há uma sequência aleatória da vida do
protagonista.

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Machado de Assis garante talento com a publicação dessa obra porque constrói
uma habilidade narrativa incomparável e crítica de forma engenhosa a elite
brasileira, características materializadas na figura arrogante e prepotente do
personagem Brás Cubas.
Na obra Dom Casmurro, temos a história de Bento Santiago, o narrador-
protagonista que tenta provar ao leitor a sua amargura e solidão em
detrimento da traição de sua mulher, Capitu, com o seu amigo, Escobar.
O ciúme que perturba Bentinho leva o leitor a desconfiar do que é
narrado e entrar num dos maiores dilemas da literatura brasileira:
Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

A genialidade da obra reside no fato da espetacular construção dos personagens.


As obras de Machado de Assis são caracterizadas pela conversa entre o narrador
e o leitor.
Diferente do romantismo, o narrador machadiano possui a finalidade de fazer com
que o leitor se divirta, através de zombarias, ofensas e provocações constantes.

INTERPRETANDO O TEXTO
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem
todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e
nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida;
havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau;
além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que
o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem
conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos,
pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.
ASSIS, Machado de. Contos: uma antologia. Sel., intr. e notas de John Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v.
II, p. 483-484. (Fragmento).

No trecho em destaque, é possível notar a


construção de narradores ambíguos e
pouco confiáveis.

Nesse conto "O pai contra a mãe", o


narrador se revela irônico em relação
à escravidão.

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NATURALISMO
Na segunda metade do século XIX, o mundo ficou marcado por intensos
desenvolvimentos na área da tecnologia e palco de descobertas científicas.

Um dos maiores feitos científicos foi a publicação do livro de Darwin, o


chamado A origem das espécies, uma obra em que ele afirmava serem os
seres humanos o resultado de um longo processo
de evolução, e não a criação divina.

Essa teoria passou a influenciar o surgimento


da estética naturalista, já que ela afirmava que
o ser humano era um animal como qualquer
outro e propunha a ideia de seleção natural,
segundo a qual os indivíduos mais adaptados
sobrevivem ao meio.

A estética naturalista também foi influenciada por ideias de Auguste Comte e


Hippolyte Taine.
Auguste Comte propôs o positivismo, ideia que considerava as ciências
experimentais o único fator para a construção do conhecimento humano.
Hippolyte Taine propôs o determinismo, uma ideia que
considerava o condicionamento do ser humano pela raça
à qual pertence, pelo meio e pela época em que vive.
Os naturalistas passaram a enxergar, de acordo com a teoria
naturalista, que o ser humano estava submisso às leis naturais.
Dessa forma, nos romances naturalistas, o desejo sexual
sempre vencia a razão.

O PROJETO LITERÁRIO
No romance experimental de Émile Zola, o principal objetivo da obra é entender o
ser humano e transformar a sociedade.

Esse estudo é conduzido com base na ótica determinista


e na teoria da evolução, permitindo que a literatura se
desdobre na ciência.
No Naturalismo, ocorre a substituição das análises psicológicas
dos textos realistas pela análise dos fenômenos coletivos.
Quando isso acontece, as obras dirigem o seu olhar para uma classe social
que, até aquele momento, não havia merecido destaque de abordagem:
o proletariado.

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Os romances naturalistas se configuram como literatura de tese, porque eles


desenvolvem uma estrutura pensada para comprovar ao leitor uma visão
determinista da sociedade.
A tese mais comum nas obras realistas abordam a degradação
do indivíduo que vive em ambientes que contribuem para as
suas péssimas condições de vida.
Os romances funcionavam quase como experimentos para
comprovar que os personagens exemplificavam comportamentos
específicos, e os enredos e espaços eram estruturados para reproduzir
o conflito das classes sociais.

Era comum que os escritores se escandalizassem com os temas e com os objetivo


que alguns dos comportamentos dos personagens das obras eram descritos.

Além da exploração da imensidão dos personagens, era comum que os escritores


naturalistas retratasse as pessoas que, submetidas a péssimas condições de vida,
se viam subjugadas pelos seus instintos animais.

Linguagem

A linguagem das obras naturalistas era escrita de forma racional e


objetiva, utilizando o foco narrativo em terceira pessoa.

PRINCIPAIS AUTORES

Aluísio Azevedo
Seus romances mais conhecidos são: O mulato (1881), Casa de pensão (1884) e O
cortiço (1890).
A obra O Mulato inaugurou o Naturalismo no Brasil.

A obra O Cortiço é a mais famosa do autor, e a principal


intenção dessa obra é provar que o ser humano é resultado
do ambiente em que vive.

O livro traz a história de João Romão, um comerciante que se esforça para


aumentar seu patrimônio e ascender socialmente. Ele é dono de uma
taverna e passa a ser proprietário de um cortiço, alugando casas simples
para trabalhadores pobres.
É interessante notar que o cortiço passa a adquirir
condição de personagem a partir do momento
em que se expande e se multiplica dia após dia.

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É no cortiço que ocorre a exploração do ser humano, a sexualidade em alta,


e o cruzamento das raças, elementos que passam a comprovar as teses
deterministas e evolucionistas que influenciaram os escritores naturalistas.

INTERPRETANDO O TEXTO

Passaram-se semanas. Jerônimo tomava agora, todas as manhãs, uma


xícara de café bem grosso, à moda da Ritinha, e tragava dois dedos de parati
"pra cortar a friagem".
Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a
hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso
e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo
e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe agora
aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus
primitivos sonhos de ambição; para idealizar felicidades novas, picantes e
violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que
de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso
resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com
que o espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria
contra os conquistadores aventureiros.
E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos
singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou- -se. A sua casa perdeu
aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; já apareciam por lá alguns
companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de e aos
domingos reunia-se gente para o jantar. A revolução afinal foi completa: a
aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a
carne-seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a
pimenta-malagueta e a pimenta-de-cheiro invadiram vitoriosamente a sua
mesa; o caldo verde, a açorda e o caldo de unto foram repelidos pelos ruivos e
gostosos quitutes baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve à
mineira destronou a couve à portuguesa; o pirão de fubá ao pão de rala, e,
desde que o café encheu a casa com o seu aroma quente, Jerônimo principiou
a achar graça no cheiro do fumo e não tardou a fumar também com os amigos.
E o curioso é que quanto mais ia ele caindo nos usos e costumes brasileiros,
tanto mais os seus sentidos se apuravam, posto que em detrimento das suas
forças físicas.
(...)
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Scipione, 1995. p. 60. (Fragmento).

O trecho destaca claramente o poder que o meio


exerce sobre os indivíduos, como é o caso de
Jerônimo, um português correto e trabalhador, que
aos poucos vai se transformando em alguém
preguiçoso e indolente.
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PARNASIANISMO
O movimento surgiu na França, no ano de 1866, com a publicação
da obra O Parnaso Contemporâneo, uma coletânea de poemas
que eram contrários ao subjetivismo e ao excesso da emoção dos
românticos.

"Parnaso" significava uma montanha na Grécia, que servia de morada para Apolo
e suas musas.
A referência a esse lugar resgatava a importância da beleza formal na
poesia, através de um trabalho delicado e cheio de detalhes.

A poesia parnasiana foi uma forma da literatura expressar as transformações que


assolavam a Europa na segunda metade do século XIX.
O Parnasianismo resgatou uma das características negligenciadas pelo Romantis-
mo: o rigor formal na poesia.

O PROJETO LITERÁRIO
O principal objetivo do Parnasianismo era encarar a arte sendo justificada pela
própria arte, desvinculada de dimensões sociais ou morais.
O movimento buscava restabelecer o rigor formal à poesia e
evitar os exageros sentimentais dos românticos.
A circulação dos poemas parnasianos ocorria por meio de
jornais e revistas.
A novidade de divulgação é que algumas pessoas
decoravam os poemas e passavam a recitá-los.
O Parnasianismo foi bem aceito pelo público porque a elite brasileira preferia os
versos e ritmos bem trabalhados, com construções de efeito bem feitas.

O MODELO PARNASIANO
Os parnasianos seguiam uma série de regras a respeito da seleção dos poemas e
da sua construção.
Era comum eles fazerem referência à mitologia ou a personagens históricos
da Antiguidade, sempre escrevendo uma poesia descritiva e imparcial.
Em relação à técnica, os parnasianos se preocupavam com a construção do verso
para que o ritmo, a rima e o metro fossem perfeitos.

Os parnasianos utilizavam o preciosismo, uma técnica que selecionava as palavras


que seriam utilizadas no poema e buscavam um assunto objetivo e impassível.
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INTERPRETANDO O POEMA
A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,


Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego


Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício


Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,


Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
BILAC, Olavo. Poesias. 29. ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1977. p. 320.

No poema em destaque, além de fazer referência à


Antiguidade Clássica ("templo grego"), ainda ocorre a
defesa do trabalho árduo e necessário que se tinha para
conferir a perfeição formal do poema.

Esse trabalho árduo era destinado ao poeta, que


possuía a imagem como a de um monge, se
dedicando ao máximo para construir um texto
em que não ficasse evidente o seu esforço.

No último terceto aparece duas principais


características do Parnasianismo: o valor dado à
beleza (utilizando um substantivo próprio) e a
noção de arte pela arte, presente no verso "Arte
pura, inimiga do artifício".

A linguagem da estética parnasiana era marcada por um elaborado trabalho de


jogos de palavras e a utilização de polissíndetos (repetição de conjunções
coordenadas adversativas).

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PRINCIPAIS AUTORES

Olavo Bilac

O autor cultivava a perfeição da forma e utilizava as palavras e os versos como


um ourives lapida uma pedra preciosa.
Ele foi o maior poeta parnasiano do Brasil.

Em suas obras, ele expressava bastante os seus sentimentos,


utilizando um rigor e cuidado formal, mas, ao mesmo tempo,
não deixando de lado o lirismo.

Raimundo Correia

Ele ganhou destaque porque retratava a natureza com imagens fortes e


sugestivas.
Em seu poema mais famoso, "As pombas", ele aborda um
bando de aves voando, ao amanhecer, numa cena associada
ao sonho.
Por conta desse poema, ficou conhecido como o "poeta das
pombas".

Outros Autores
Alberto de Oliveira foi um autor que tinha muita habilidade em compor retratos
poéticos. A sua obra mais famosa é o livro Meridionais.
Vincente de Carvalho escrevia poemas exaltando a natureza, especialmente o
mar, ficando conhecido como o "poeta do mar".

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SIMBOLISMO
A Europa, nas últimas décadas do século XIX, foi palco de
competições entre as potências do continente e também,
de disputas envolvendo o movimento operário.

Esse contexto foi o responsável pelas duas guerras


mundiais e as diversas revoltas do século XX.

Todo esse cenário pessimista acaba por deixar os artistas sem encontrar, nem na
razão e nem nos sentimentos, um meio de suporte para compreender o mundo.

A realidade passa a ser encarada como ilusória e dessa forma, a razão não
permite que se vá além do real e que se alcance a essência.
O artista passa a representar esse período frustrante utilizando representações
vagas, imprecisas e abstratas.

Impressionismo

O Impressionismo vem para marcar a


ruptura entre a arte acadêmica,
passando a representar a realidade por
meio de contornos imprecisos.

Os artistas simbolistas possuíam a finalidade de buscar uma investigação do


desconhecido através de símbolos e analogias, essas podendo evidenciar as
relações entre o mundo visível e o das essências.

O PROJETO LITERÁRIO
O Simbolismo tinha como objetivo retomar a visão platônica, se contrariando ao
mundo sensível e o mundo das ideias.

Os textos do movimento simbolista valorizavam a linguagem


e a forma como elementos capazes de dar proporcionar
experiências sensoriais no leitor.

Essa valorização da linguagem e da forma, atrelada com


a postura antirromântica, fez o Simbolismo se aproximar
do Parnasianismo.

Porém, o projeto literário do movimento simbolista


ganhou destaque e diferença do Parnasianismo porque
ele deu lugar ao mistério no lugar da ciência, e deu lugar
a literatura e a arte ao invés da realidade e da vida.

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Cada autor possuía o seu modo de realizar os princípios de arte absoluta.


É por isso que se encontra dificuldade em definir o movimento simbolista como um
movimento literário com programas claros e objetivos.

OS AGENTES DO DISCURSO
O Parnasianismo e o Simbolismo dividiram a ideia de condição de produção, pelo
fato de ambos defenderem a necessidade de valorização
da criatividade, se opondo à crença na razão como única
forma de compreender o mundo.
Na Europa, o Simbolismo repercutiu mais que o
Parnasianismo.

Isso aconteceu porque o Simbolismo era uma estética literária que


questionava a tecnologia, a ciência e o desenvolvimento industrial, e
não faria sentido ela repercutir num país que ainda era
majoritariamente agrário e tinha a sua literatura em formação.

Os simbolistas brasileiros não foram bem vistos e foram taxados de nefelibatas


(aqueles que vivem nas nuvens), e nenhum deles foi considerado na fundação da
Academia Brasileira de Letras, no ano de 1816.

Os poetas simbolistas desenvolveram seus projetos literários no Sul do país, longe


do Rio de Janeiro, onde lá predominava o Realismo e o Parnasianismo.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Os simbolistas se apoiaram na intuição e nos sentidos humanos
nas suas obras.
Os simbolistas iam contra o cientificismo, que predominava a
mentalidade da época, e passaram a revelar um misticismo
próximo da tradição cristã.
Em seus poemas, era comum uma atmosfera misteriosa e fluída.
A atenção dos poetas simbolistas estavam na intuição, na sensibilidade e na
descoberta do "eu", demonstrando pouco interesse pela sociedade.

Eles também utilizavam muito a sinestesia, uma figura de linguagem


responsável por aproximar os diferentes sentidos humanos, como em "aroma
azedo" (olfato + paladar).

Era comum o uso de reticências, um recurso para enfatizar a sugestão e a


imprecisão, passando a criar um efeito de pausas musicais nos poemas.

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É recorrente o uso de maiúsculas alegorizantes, que corresponde ao uso de


letras maiúsculas para grafar os termos, a fim de personificá-los, mesmo que
não tivesse um real motivo para isso.

O objetivo de utilizar as maiúsculas


alegorizantes era provocar um sentimento
de estranhamento no leitor, para que esses
termos fossem tidos como ainda não
revelados.
SIMBOLISMO EM PORTUGAL
A obra Oaristas, publicada em 1890, por Eugénio de Castro, introduziu o Simbolismo
em Portugal.
Essa obra está mais interligada aos recursos linguísticos e aos aspectos
formais do que com o aprofundamento da exploração das essências do
mundo. É por isso que sua poesia se torna mais a mais superficial do
movimento simbolista.
O autor António Nobre escreve em seus poemas o tema principal de saudade,
utilizando bastante a musicalidade, sinestesias, analogias inusitadas e sucessões de
imagens que passam a estimular os diferentes sentidos humanos.
Ele utiliza do saudosismo, da idealização da sua infância e
da vida no campo como fatores para atrair a atenção do
público, já que eram temas muito abordados em sua época.
O autor Camilo Pessanha é o principal poeta do Simbolismo
português e passou a desenvolver em seus poemas, uma
linguagem moderna e sem excessos, como era presente
em outros poetas.
No único livro publicado por ele, Clepsidra, percebe-se a desolação e a
angústia da vida, sentimentos esses que, no poema, são representados por
meio de imagens de desertos, naufrágios e ruínas.

INTERPRETANDO O POEMA
Ficai, cabelos dela, flutuando,
Passou o Outono já, já torna o frio...
E, debaixo das águas fugidias,
— Outono de seu riso magoado.
Os seus olhos abertos e cismando...
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado...
— O sol, e as águas límpidas do rio. Onde ides a correr, melancolias?
Águas claras do rio! Águas do rio, — E, refratadas, longamente ondeando,
Fugindo sob o meu olhar cansado, As suas mãos translúcidas e frias...
Para onde me levais meu vão cuidado? Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/ bv000065.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2022.
Aonde vais, meu coração vazio?

No soneto em destaque, percebe-se o desconsolo


e a melancolia da poesia de Camilo Pessanha
diante da passagem do tempo.
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SIMBOLISMO NO BRASIL
O engajamento dos poetas simbolistas se deu em torno da questão da abolição da
escravatura.

Os simbolistas nacionais passaram a negar a visão romântica do


mundo, mas, ao contrário do parnasianos, os simbolistas não
valorizavam a devoção à forma, e sim, no uso da literatura como
um meio de contato para uma dimensão maior do que a realidade humana.

Os principais simbolistas brasileiros foram: João da Cruz e Sousa e Alphonsus de


Guimaraens.

Principais Autores Brasileiros

Cruz e Souza
A obra Missal (prosa) e Broquéis (poesia) iniciou o Simbolismo no Brasil.
O autor buscou transformar a percepção do real, utilizando reflexões filosóficas e
a inquietude diante dos sentidos da existência.
Em seu poema "Alucinação", o mar agitado e o por do sol provocam no eu-lírico
várias sensações (visuais, auditivas, etc.) que o permitem questionar o
propósito de estar no mundo.

Outra característica presente nas obras do autor é o uso constante


de palavras que remetessem a cor branca, utilizando termos como
neve e palidez, usados para traduzir a ideia do autor simbolista na
busca do que é puro e essencial.

INTERPRETANDO O POEMA
Mais claro e fino do que as finas pratas Filtros sutis de melodias, de ondas
o som da tua voz deliciava… de cantos volutuosos como rondas
Na dolência velada das sonatas de silfos leves, sensuais, lascivos…
como um perfume a tudo perfumava.
Como que anseios invisíveis, mudos,
Era um som feito luz, eram volatas da brancura das sedas e veludos,
em lânguida espiral que iluminava, das virgindades, dos pudores vivos.
brancas sonoridades de cascatas… SOUSA, Cruz e. Obra completa. Rio de Janeiro: José
Aguilar, 1961. p. 442-443.
Tanta harmonia melancolizava.

No poema em destaque, percebem-se diversas


características do Simbolismo na obra de Cruz e Souza,
como, por exemplo, a sinestesia ("som feito de luz"), a
presença da cor branca ("brancura das sedas") e diversas
sensações relacionadas aos sentidos humanos.

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Alphonsus de Guimaraens
A perca da noiva do autor fez com que a morte fosse vista por ele como um meio
de passagem para a realidade.
O tom dos seus poemas são menos pessimistas e angustiados, muito embora
esteja presente os delírios sensoriais e o anseio pelo encontro com o absoluto, a
esfera das essências.
Ismália é um dos seus poemas mais conhecidos, nele, temos a presença de uma
moça, que, num devaneio provocado pela lua, acaba se atirando de uma torre e
morre no mar.

INTERPRETANDO O POEMA
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/ bv000013.pdf>. Acesso em:
28 dez. 2022.

Essa imagem de delírio, na busca de algo que está além


da realidade concreta, e o mergulho ao absoluto, são os
principais símbolos do movimento simbolista.

Ele utiliza elementos da natureza, como a lua e as asas de


um anjo, para criar uma atmosfera lírica e simbólica que
reflete o estado psicológico da personagem central.

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PRÉ-MODERNISMO
CONTEXTO HISTÓRICO
Com a Proclamação da República, no ano de 1889, não tivemos tantas
mudanças no cenário da economia brasileira.

Por conta disso, dois terços da população vivia no campo e a


sua condição de vida era determinada pelos grandes
latifundiários.

Com a instauração da República, os centros políticos sofreram transformações e os


espaços urbanos passaram por um processo de "europeização".

A reurbanização das grandes cidades causou o deslocamento de várias famílias


pobres das áreas centrais, para locais de difícil acesso. Com isso, passaram a existir
as favelas.
Esse cenário permitiu que os escravos libertos vivessem
em total abandono e descaso, não possuindo acesso à
educação e não sendo mais empregados pelos
proprietários rurais, já que estes preferiam "importar"
os imigrantes europeus.

O Nordeste brasileiro enfrentava um grande problema da seca


e muitas pessoas, por viverem em condições precárias, aderiram à pregação
messiânica de Antônio Conselheiro.

Esse líder religioso se desentendeu com os poderes republicanos e ocorreram


embates, que acabaram se transformando num dos mais sangrentos
confrontos internos do Brasil: a guerra de Canudos.

Ainda no Nordeste brasileiro, tivemos palco de batalhas


entre a polícia e grupos de cangaceiros, os quais exigiam
dos coronéis o pagamento de "taxas" de proteção para
suas fazendas.

O cangaceiro mais famoso foi


Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Na Amazônia, tínhamos a melhor fase da extração da borracha, material que fez


prosperar as cidades de Manaus e Belém.

Em São Paulo, ocorria a expansão econômica referente à cultura


do café, passando a acelerar o processo de urbanização e de
industrialização.

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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Em detrimento das grandes mudanças políticas, sociais e econômicas do Brasil, a
literatura buscava um conhecimento mais real e profundo das condições de vida
num país em transformação.
Os autores passavam a escrever sobre diferentes temas: as
diferentes regiões do país, os centros urbanos, os funcionários
públicos, os sertanejos, os caboclos, os imigrantes.
Os principais escritores do Pré-Modernismo foram: Euclides da
Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Graça Aranha e Augusto
dos Anjos.

O Pré-Modernismo não se configura como uma escola literária porque ele possuía
uma multiplicidade de focos e de interesse.

O Pré-Modernismo é considerado um período de transição, pois ele conserva


algumas tendências estéticas, como o Realismo, Naturalismo, Parnasianismo
e Simbolismo, ao mesmo tempo que antecipa outras estéticas que serão
aprofundadas no Modernismo.

No Pré-Modernismo, não se tinha um critério estético


para definir sua produção. Por isso, é considerado o
princípio cronológico de obras produzidas entre 1902, o
ano de publicação da obra Os sertões, e o ano de 1922,
ano em que se realizou a Semana de Arte Moderna.

O PROJETO LITERÁRIO
O principal objetivo do Pré-Modernismo era revelar o "verdadeiro Brasil" para os
brasileiros.

Naquela época, as pessoas dos grandes centros estavam interessadas nas notícias
diárias.
Por isso, autores como Euclides da Cunha e Monteiro
Lobato passaram a escrever em jornais e falavam
sobre os problemas nacionais.
Por conta das inovações tecnológicas, os textos passaram
a ser circulados mais rapidamente.
O telégrafo, por exemplo, permitiu que os correspondentes referentes a
Canudos servissem de testemunhas do conflito, proporcionando maior
veracidade aos fatos notificados para os leitores.
A fotografia exerceu papel importante na busca pelo real.
Como consequência da aproximação da literatura com a realidade, a
linguagem dos textos se tornava mais direta, mais objetiva e mais próxima do
texto jornalístico. 78
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PRINCIPAIS AUTORES
Euclides da Cunha

O autor foi responsável por aproximar a literatura da história.


O principal livro do autor, Os sertões, possui difíceis e elaboradas características:

Possui características do texto literário, já que aborda em suas descrições,


como ocorreu o combate e como se caracterizava a alma do sertanejo.
Possui características do tratado científico, já que analisa o solo, se
preocupa em descrever minuciosamente o sertanejo e explica a gênese de
Antônio Conselheiro, como um líder messiânico.
Possui características de matéria jornalística, já que registra em diversos
detalhes as lutas entre as tropas oficiais e os revoltosos.
Essa obra, mesmo que misture alguns estilos, apresenta uma visão totalmente
determinista, já que liga o Naturalismo a visão do ser humano como produto do
meio em que vive.
Euclides dividiu a sua obra em três partes:

A Terra (primeira parte): faz uma apresentação detalhada das


características do sertão nordestino, trazendo informações como o clima, o
solo, o relevo e a vegetação.
O Homem (segunda parte): aborda o retrato do sertanejo, procurando
demonstrar o impacto do meio sobre as pessoas.
A Luta (terceira parte): passa a narrar os embates entre as tropas oficiais e
os seguidores de Conselheiro. O livro finaliza descrevendo a queda do
Arraial de Canudos e a destruição das casas do local.

O estilo de Euclides de Cunha é revelado na sua linguagem, pois nela se tem o uso
constante de expressões que sugerem um conflito interior que não pode ser
solucionado, fazendo com que muitos críticos categorizassem os textos de Euclides
com marcas barrocas.

Em seus textos também é possível notar a busca pela


precisão científica e o desejo do autor em trazer um
realismo absoluto do que está sendo narrado.

Lima Barreto
O autor trouxe para suas obras parte dos centros urbanos
que eram ignorados pela elite cultural do país: os subúrbios
cariocas.
Eram nesses espaços que viviam a pequena classe média, composta de
funcionários públicos, professores, e diversos outros personagens.
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Os romances do autor foram decisivos para trazer os verdadeiros mecanismos de


relacionamento social do Brasil no início do século XX.

Isaías Caminha
Foi o seu primeiro romance, intitulado como Recordações do Escrivão Isaías
Caminha, trazendo temáticas de denúncia do preconceito.

O livro possui caráter autobiográfico, já que, assim


como Isaías, o autor sofreu preconceito por ser mulato
e, também como seu personagem, conseguiu relativo
sucesso por conta da sua carreira jornalística.

No livro Clara dos Anjos, temos um romance inacabado que trata sobre o
preconceito racial, focado numa moça que é seduzida por um suburbano, Cassi
Jones.
O romance denuncia a impossibilidade de viver numa sociedade que é
marcada em determinar o valor de uma pessoa pela cor da pele.

Policarpo Quaresma
O romance mais conhecido de Lima Barreto é Triste fim de Policarpo
Quaresma, uma história que traz o protagonista, Policarpo Quaresma,
um major que trabalha como subsecretário do Arsenal de Guerra,
estudioso das coisas do Brasil, marcado pelas tradições do povo
brasileiro.
O protagonista é ridicularizado por conta do seu patriotismo exacerbado, e assim, o
personagem passa a conviver com o embate entre o real e o ideal.
O "triste fim" de Policarpo Quaresma acontece pela perda de todos seus ideais
quando ele percebe que dedicou toda a sua vida para uma causa inútil.
O novo Brasil que os textos sugeriam era marcado por grandes desigualdades
sociais, não se caracterizando como um país que desse orgulho aos leitores,
mesmo assim, era um país real.

A desilusão de Policarpo também é a desilusão de Lima Barreto.

Monteiro Lobato
Ele é autor de livros como Urupês, com o qual passou a traçar um
detalhe minucioso do caboclo que vivia no interior de São Paulo.

O principal ponto literário marcante de suas obras é a denúncia


social de problemas que marcavam as pessoas do interior.

Nos seus contos da obra Cidades mortas, ele caracteriza a desolação


provocada pelas pequenas cidades.
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Augusto dos Anjos


O autor possui fortes influências de diferentes estéticas do século XXI.
Do Simbolismo, o autor resgata o gosto pelas imagens fortes e a
preocupação com a construção formal dos poemas.
Do Naturalismo, o autor resgata o uso de termos científicos.
Do Parnasianismo, o autor resgata a preferência pelo soneto.

Augusto dos Anjos é visto como um fenômeno isolado.

As características mais fortes dos seus poemas são as divagações


metafísicas e as expressões de angústia existencial.

A linguagem dos seus textos é surpreendente, pois


recorre à ciência para definir de forma concisa as suas
preocupações perante a origem da angústia moral,
sentimento que atormenta a humanidade.

O poeta utiliza termos fortes e chocantes, associados às funções corporais.

Esse fator faz com que muitos críticos da época


destacassem o "mau gosto" do vocabulário como um dos
defeitos da poesia de Augusto dos Anjos.

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VANGUARDAS EUROPEIAS
CONTEXTO HISTÓRICO
O início do século XX foi marcado por diversas turbulências no
campo político, já que diversas crises e conflitos de vários
países resultaram na Primeira Guerra Mundial.

A Europa da época teve acesso a uma série de descobertas


tecnológicas e científicas, proporcionando a mudança das pessoas em sua forma
de pensar.
Dentre essas inovações, temos o telefone, o cinema, o automóvel, a teoria da
relatividade e a microbiologia.
Outro marco importante foi o surgimento da psicanálise a
partir dos estudos de Sigmund Freud.

Esses fatores permitiram ao século ser palco de incertezas e


relatividades.

PRINCIPAIS CONCEITOS
O termo vanguarda teve origem militar e significava, inicialmente, que as tropas
deveriam se posicionar à frente das outras durante o ataque.

Já no século XX, essa palavra passou a significar


movimentos que tinham como objetivo provocar
transformações radicais nas artes.
As principais vanguardas, também conhecidas como "ismos", foram: o Cubismo, o
Futurismo, o Expressionismo, o Dadaísmo e o Surrealismo.

A maior parte desses movimentos lançaram manifestos que continham


seus princípios e propostas.

O PROJETO ARTÍSTICO
O principal objetivo das vanguardas era romper com os valores
artísticos do passado e criar novas alternativas à representação
figurativa da realidade.

Esse propósito de ruptura refletia as


mudanças que ocorriam num mundo cada
vez mais dinâmico e marcado por diversas
invenções e descobertas, que passaram a
transformar a vida das pessoas.

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As vanguardas possuíram demasiado sucesso porque chocavam as expectativas


do público em propor diferentes abordagens para representar um mundo em
transformação.

OS AGENTES DO DISCURSO
A maior parte das vanguardas surgiram em Paris.

Para divulgar suas propostas, os grupos intelectuais publicavam


manifestos em jornais e expunham suas obras.

No início, o público não aceitou muito bem as vanguardas


e teve uma reação de repulsa.

Porém, conforme o tempo passava, os parisienses que


frequentavam aquele circuito de artes passaram a aceitar
a "nova arte" e reconhecer as diferentes formas de se
abordar as ideias das vanguardas.

TIPOS DE VANGUARDAS EUROPEIAS

Cubismo
A exposição do quadro As senhoras de Avignon, em 1907, deu
início ao Cubismo.

Pablo Picasso estava ao lado de Georges Braque e Juan Gris


para promover uma revolução na pintura, representando a
realidade através de um modo totalmente novo, passando a
romper com os conceitos de arte do passado.

Os pintores do Cubismo se baseavam na técnica de sobreposição de diversos


planos, a fim de representar diferentes pontos de vista.

Assim, o observador se forçava a pensar na realidade como algo


multifacetado e passível de diversas interpretações.

No ano de 1913, o poeta Guillaume Apollinaire publicou o manifesto da literatura


cubista, que tinha como finalidade conciliar os procedimentos desse movimento
artístico com a destrutividade dos futuristas.
Leia o poema, na próxima página, do Cubismo.

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INTERPRETANDO O POEMA

Cocktail
HOTEL RESTAURANTE BAR
A cadeira guincha
Garçon
No espelho "Experimente nosso COCKTAIL"
Champagne cocktail
Gin cocktail
Álcool
Absinto
Açúcar
Aromáticos
Sacode num tubo de metal
É frio estimulante e forte
Cocktail Cocteau
Cendrars Riambaud cabaretier
Espontaneidade
Simultaneísmo
O só plano intelectual traz confusão
Associação
Rapidez
Alegria
Poema
Arte moderna
COCKTAIL PARA UM!
Não; para todos
Vinde encher o copo do coração com o
meu cocktail sentimental
Sentimental?!
ARANHA, Luís. Cocktails: poemas. São Paulo: Brasiliense,
1984. p. 66-67.

Nesse poema em destaque, temos a


enumeração de elementos e situações de
certa forma desconexos, que compõem
uma situação que lembra o Cubismo.

Futurismo
Foi uma vanguarda liderada por Filippo Tommaso Marinetti, e surgiu na
Europa no ano de 1909, através da publicação de um manifesto
chamado Le Figaro.

Marinetti propunha destruir o passado e passava a glorificar


tudo que fosse moderno, como os carros, aviões e automóveis.

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A guerra e a violência são vistas pelos futuristas como elementos purificadores, já


que proporcionam a eliminação com símbolos do passado, como as bibliotecas e
os museus.
Marinetti tinha como objetivo uma literatura mais dinâmica, a fim de provocar o
leitor para reagir.
O futurismo defendia a destruição da sintaxe e passava a privilegiar os
substantivos, que eram utilizados de forma aleatória, além da preferência por
verbos no infinitivo, rejeitando a pontuação, os adjetivos e os advérbios.

Fascismo

O futurismo, por defender a guerra e a


violência, fez com que, a partir de 1919,
o movimento se aliasse ao fascismo.

Expressionismo
Surgiu na Alemanha, no ano de 1910, passando a sugerir uma realidade ligada a
transformação em expressão, sem existir uma consciência
para intermediar o processo de criação da obra.
A Primeira Guerra Mundial exerceu influência nesse
movimento, já que os retratos são marcados pela agonia
e medo.
A literatura expressionista possui uma postura pessimista,
objetivando representar um mundo em crise, sem esperança, retratando esses
fatores por meio de pinturas distorcidas e grotescas.

Dadaísmo
É a vanguarda mais radical de todas, nascida no ano de 1916.
Ela tinha como objetivo romper com qualquer possibilidade de lógica e
racionalidade no fazer artístico, passando a defender a total liberdade e
espontaneidade de produção.

O nome do movimento diz que "Dadá não significa nada".

Na literatura, o Dadaísmo se configura com sensações de gratuidade e absurdo


em relação à realidade.

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Surrealismo
Tinha o objetivo de valorizar o conhecimento do ser humano,
procurando explorar o inconsciente através da fantasia, do sonho
e da loucura, deixando de lado a razão.

Esses fatores revelam a influência do movimento com a psicanálise


de Freud.

INTERPRETANDO O POEMA

Pré-história
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.
MENDES, Murilo. In: GUIMARÃES, Júlio Castañon. A invenção
do contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, s.d. p. 44.
(Coleção Encanto Radical).

No poema em destaque, percebe-se a


sucessão de imagens inusitadas, dando
ao texto um caráter onírico

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MODERNISMO EM PORTUGAL
A revista Orpheu, publicada em 1915, marcou o primeiro
momento do Modernismo em Portugal.

Ela continha com o principal tema o saudosismo, ou seja, as


lembranças dos feitos marítimos que tornaram Portugal uma
das potências mundiais no século XVI.
Além do saudosismo, também era presente o tema da lamentação do
desconcerto que dominou o país após o sumiço de Dom Sebastião.
Autores como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e José de Almada Negreiros
surgiram para inaugurar uma época onde o principal objetivo era fazer uma
reflexão crítica sobre as causas da decadência e da estagnação intelectual de
Portugal.

PRINCIPAIS AUTORES

Almada Negreiros
O autor ficou responsável pela publicação da obra Ultimatum
futurista, na qual abordava um apelo para que os jovens assumissem
uma posição de liderança para recuperar a pátria e o espírito
português.

Mário de Sá-Carneiro
O autor tinha na prosa e na poesia o maior drama do homem no século XX: a
fragmentação da identidade.
Em todos os seus textos, era possível notar uma grande sensibilidade, atrelada
com a angústia existencial.

Fernando Pessoa
Quando se estuda as obras do autor, é necessário fazer uma distinção
de poemas em que ele assinou com seu nome verdadeiro, se
caracterizando como uma poesia ortônima, e todos os outros que
ele assinou com diferentes heterônimos.

Poesia Ortônima de Fernando Pessoa


Os principais temas presentes eram o questionamento do eu e a sinceridade do
fingimento.
Sua principal obra ortônima é Mensagem.

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Na obra citada anteriormente, temos uma releitura do destino de


Portugal, com base no fenômeno das navegações, a ligação entre os
portugueses e o mar e o mito do encoberto, associado ao
desaparecimento de Dom Sebastião.

Mensagem é dividida em três partes ("Brasão", "Mar português" e "O


encoberto") e Fernando Pessoa acaba por reinterpretar os principais
símbolos históricos e marítimos de Portugal, a fim de enfatizar a
vocação do povo em superar obstáculos.

INTERPRETANDO O POEMA

Prece

Senhor, a noite veio e a alma é vil.


Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou
ânsia –
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância
– Do mar ou outra, mas que seja nossa!
PESSOA, Fernando. Mensagem. São Paulo: Martin Claret,
2006. p. 50.

O principal elemento dos poemas de


Mensagem é o uso do mar oceano como
um símbolo de transcendência que seria
alcançada pela provação individual e
coletiva do povo português.

Poesia Heterônima de Fernando Pessoa


Heterônimos significa autores que foram imaginados por Fernando Pessoa, e essa
ferramenta serve como um método para o autor resolver uma questão que lhe
assolava: a constante necessidade de desdobramento do "eu", ocasionando a
multiplicação de identidades.
Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são: Bernardo Soares, autor do
Livro do desassossego, e os poetas Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo
Reis.

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Fernando Pessoa deu diferentes modos de olhar o mundo para cada um dos
heterônimos, fazendo com que eles possuíssem personalidade e estilo próprios.

Alberto Caeiro

Sua poesia é de caráter simples, mas possui uma complexidade


filosófica.
Se define como "homem do campo", "o guardador de
rebanhos".
A sua produção poética está baseada na sua percepção de
mundo, na tendência do ser humano interpretar as coisas
que vê com outros símbolos.

Segundo Caeiro, esse é o motivo pelo qual os seres humanos não conseguem
compreender que as coisas são o que são e isso é o verdadeiro significado de
tudo.

INTERPRETANDO O POEMA

Pensar em Deus é desobedecer a Deus, Porque


Deus Quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...

Sejamos simples e calmos,


Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos...
PESSOA, Fernando. Poesia completa de
Alberto Caeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 26.

Caeiro se vê diante do desafio de vida, como


ele aborda que precisamos "desaprender" o
olhar definido pela cultura ocidental, já que
ela insiste em tomar a natureza como
símbolo das emoções humana

Ricardo Reis
Ele é o heterônimo clássico de Fernando Pessoa.
Em todos os seus poemas, ele aborda a influência dos
poetas clássicos gregos e latinos.
Possui uma visão pagã, claramente influenciada por Caeiro.

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Em seus textos, temos uma sintaxe com várias inversões, o uso de regência
desusadas e um vocabulário raro.

Álvaro de Campos

É um heterônimo de caráter futurista, também conhecido por sua


expressão de uma angústia intensa, que passa a suceder o seu
entusiasmo com as conquistas da modernidade.
Em sua fase de "amargura angustiada", o poeta escreve vários
poemas em que está atingido por um grande desencanto
existencial.

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MODERNISMO NO BRASIL: 1ªa_ FASE


CONTEXTO HISTÓRICO
O início dos anos 1920 no Brasil foi repleto de insatisfações e revoltas
militares, liderado principalmente pelos tenentes, por conta dos baixos
salários e insatisfações com o treinamento.

A quebra da Bolsa de Nova York causou significativa instabilidade no


Brasil, já que ele era dependente da exportação de café.

Além disso, o Brasil estava imerso na recusa da oligarquia política paulista em


continuar alternando o poder com mineiros, gerando insatisfações que
acabou levando a deposição de Washington Luís e à posse de Getúlio Vargas.

O café foi responsável pela


transformação de São Paulo num
estado rico e passando pelo
processo de industrialização.

No âmbito cultural, o Rio de Janeiro era influenciado pela Belle Époque e pelo
Parnasianismo, enquanto em São Paulo havia insatisfações artísticas
por conta das vanguardas europeias.
No ano de 1917, Anita Malfatti expõe alguns dos seus quadros que
foram influenciados pelas vanguardas europeias, como o Cubismo e
o Expressionismo.
O escritor Monteiro Lobato publicou um artigo, no jornal O Estado de S. Paulo,
criticando a exposição e a classifica como "arte anormal".

Como defesa, Mário de Andrade passa a escrever um


texto expondo os princípios que serão adotados pelos
modernistas brasileiros, como a liberdade artística, a
aceitação de diferentes padrões de beleza e a
espontaneidade criativa.

A SEMANA DE ARTE MODERNA


Um grupo de intelectuais se reuniram para comemorar o
centenário da Independência do Brasil.

Por conta disso, eles promoveram um


evento para publicar as ideias através de
palestras, exposições e apresentações
musicais.
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O grupo era formado por Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del
Picchia, Di Cavalcanti e Mário de Andrade, que posteriormente se juntaram com
Sérgio Buarque de Holanda, Heitor Villa-Lobos e Manuel Bandeira (que enviou um
poema por não poder comparecer).
A abertura da conferência se deu com Graça Aranha, no dia 13 de fevereiro, com
o comparecimento da elite brasileira, sendo uma abertura tranquila.
A segunda noite foi bastante tumultuada e a plateia se manifestava, já que vaiava
textos como "Os sapos", uma dura crítica ao Parnasianismo.
A terceira noite deixou o público ofendido, visto que o maestro Villa-Lobos entrou
com um par de chinelos (por conta de um calo), e passou a ser
confundido com uma atitude "futurista" e provocadora.
Depois da Semana de Arte Moderna, surgiram os primeiros livros
inspirados pelos princípios que foram defendidos no Teatro.
As principais obras publicadas foram: Pauliceia desvairada
(1922), de Mário de Andrade; Memórias sentimentais de João Miramar (1923),
de Oswald de Andrade; e O ritmo dissoluto (1924), de Manuel Bandeira.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA
PRIMEIRA GERAÇÃO MODERNISTA
O movimento modernista não tinha como finalidade inaugurar uma
escola estética.
Sua maior preocupação era libertar a arte dos valores passados,
incorporar os feitos das vanguardas europeias e buscar compreender
a identidade nacional brasileira.

INTERPRETANDO O POEMA

Brincadeira
Poetas há
Que não compreendem nada fora do que
eles chamam escola. Fazem versos como
remendões batem sola.
Batem sola! Batem sola!
E começam: “O céu, imenso, a arder, é uma
imensa corola.
Ta ra ta ra ta ti, ta ra ta ra ta tá”.

COUTO, Ribeiro. In: BANDEIRA, Manuel. Poesia do Brasil.


Porto Alegre: Ed. do Autor, 1963. p. 392.

Leia a interpretação do poema, na próxima página.

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Nesse poema de Ribeiro Couto, percebe-se a crítica modernista aos poetas


parnasianos por seguirem cegamente as regras de composição dos seus
poemas, e que "não compreendem nada fora do que eles chamam de
escola".
A comparação é feita entre o fazer poético
desses autores e o trabalho dos sapateiros "batem
sola", ironizando o aspecto essencialmente técnico
dessa poesia.

O Manifesto do Futurismo foi publicado no ano de 1909, num jornal da Bahia, mas
foi somente no ano de 1912, após ser republicado por Oswald de Andrade, que as
suas ideias passaram para discussão entre os jovens escritores brasileiros.

Essas novas ideias utilizaram revistas e manifestos como o principal meio de


propagação. As principais revistas foram: Klaxon (1922), Estética (1924),
A Revista (1925), Terra Roxa e Outras Terras (1926) e Verde (1927).

No país, mesmo com o apoio das elites, as propostas modernistas demoraram


para ser acolhidas pelo público.

MANIFESTOS
O primeiro manifesto lançado foi o Manifesto pau-Brasil, no ano
de 1924, pelo autor Oswald de Andrade.

As principais propostas do manifesto era: conciliar a arte


popular e a erudita, "ver com os olhos livres", e utilizar uma
linguagem popular e coloquial.

O manifesto Nhengaçu verde-amarelo, também conhecido como Manifesto do


verde-amarelismo (ou de Escola da Anta), do ano de 1929, foi considerado
conservador.
Isso aconteceu porque ele era um manifesto a favor de um estado
centralizador e possuía um caráter ufanista e primitivista.

Os principais divulgadores desse manifesto foram Menotti del


Picchia, Cassiano Ricardo e Plínio Salgado. Este último passou a
liderar o integralismo, anos mais tarde, movido sob inspiração
fascista.
Como reação ao manifesto do verde-amarelismo, Oswald de
Andrade lançou, no ano de 1928, o Manifesto Antropófago.
Nele, haviam ideais que defendiam a incorporação de
influências externas, que deveriam ser "digeridas" para dar
origem a uma arte verdadeiramente brasileira.
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LINGUAGEM
O nacionalismo que era defendido pelos modernistas estava presente na
linguagem.
O escritor Mário de Andrade, por exemplo, propôs um português mais brasileiro,
passando a incorporar palavras que refletissem a maneira como o povo falava.

Ainda como inovações da linguagem, temos na prosa uma linguagem mais ágil,
composta de cenas curtas e movimentadas, lembrando fotogramas
cinematográficos.

PRINCIPAIS AUTORES

Oswald de Andrade
O autor publicou diversas obras, como Os condenados (1922), Memórias
sentimentais de João Miramar (1924), Pau-Brasil (1925), Primeiro caderno do aluno
de poesia Oswald de Andrade (1927), Serafim Ponte Grande (1933), A morta (1937), O
rei da vela (1937) e Marco zero (1943-1946).

Sua poesia é marcada por uma visão, ao mesmo tempo, crítica, bem-humorada e
apaixonada do Brasil.

Ele utilizou poemas-piadas, que se configuram como textos curtos com jogos
de palavras produzindo efeitos de humor.

Sua prosa é marcada por uma


linguagem simples e ágil.
Nos dois romances que ele escreveu, Memórias sentimentais de João Miramar e
Serafim Ponte Grande, ele utiliza uma estrutura inovadora, utilizando capítulos
onde a realidade nacional é abordada em rápidos flashes.

Na obra Memórias sentimentais de João Miramar, temos a


história de um escritor, filho de cafeicultores ricos, abordando
uma crítica severa à sociedade brasileira. A obra é escrita
com linguagem clara.

Na obra Serafim Ponte Grande, temos um romance mais radical, pelo fato
dos fragmentos componentes do livro não possuírem uma lógica evidente.
Com isso, o foco narrativo varia ao longo da história.

O enredo aborda os feitos do personagem-


-título num navio onde os tripulantes
pretendem fundar uma sociedade ideal.

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Mário de Andrade
Sua poesia possui uma tentativa de conciliar a liberdade formal (presente nos
versos livres, por exemplo), com as cenas do cotidiano e reflexões íntimas.

Seus principais livros de poemas são: Pauliceia desvairada (1922), Losango cáqui
(1926), Clã do jabuti (1927), Remate de males (1930) e Lira paulistana (1946).

Amar, Verbo Intransitivo


O livro traz traços da prosa de Mário de Andrade: o questionamento das
convenções do romance do século XIX. Na obra, temos experimentações feitas
pelo autor, como a não separação de capítulos e adotar um narrador, e mesmo
que este fosse em terceira pessoa, parece atuar como um personagem.

O enredo do livro gira em torno da família Sousa Costa, ricos e paulistanos.

Felisberto, o pai da família, contrata uma governanta alemã, a Fräulein,


para educar os seus filhos e cuidar da casa. Porém, a verdadeira
intenção de Felisberto é que a governanta promova a iniciação
sexual do seu filho, Carlos Alberto.
O livro critica os valores hipócritas de uma família burguesa, que
colocam o dinheiro e a aparência acima de sentimentos verdadeiros.

Macunaíma
O romance apresenta uma nova proposta do herói brasileiro, onde o personagem-
-título é o protagonista da história e é a mistura de diversas etnias que deram
origem ao povo brasileiro (índio, negro e europeu).
A malandragem constante de Macunaíma faz com que ele fosse definido como
"o herói sem nenhum caráter".

Manuel Bandeira
A vida pessoal do autor teve grande influência em suas obras.
A sua infância no Recife, o cotidiano no Rio de Janeiro , o
fantasma da morte e tuberculose foram os principais temas
de suas obras.
Uma das suas principais características é o lirismo, que trata de
situações mais prosaicas, sendo transformadas em poesia através de
uma linguagem simples, sendo capazes de proporcionar ao leitor uma reflexão
sobre as angústias que afligem o ser humano.

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Alcântara Machado
Ganhou destaque por retratar a vida dos imigrantes italianos em São Paulo.
A sua obra mais famosa é Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), que conta os típicos
personagens paulistas em situações cotidianas da cidade.
Essa obra utiliza o cruzamento de diferentes gêneros,
como o conto, a crônica e o texto jornalístico.

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MODERNISMO NO BRASIL: 2ªa_ FASE


CONTEXTO HISTÓRICO
Os paulistas estavam inconformados por terem perdido poder
político, após Getúlio Vargas ter assumido o poder, e por isso, no
ano de 1932, causaram a Revolução Constitucionalista, não
tardando em ser derrotados.
No ano de 1934, após promulgar uma nova Constituição, Getúlio Vargas assumiu o
cargo de presidente.
No ano de 1937, Getúlio fechou o Congresso e deu início à ditadura do Estado Novo.
O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) perseguiu vários escritores,
os acusando de subversão.
Nesse período ocorria a Segunda Guerra Mundial, iniciada no ano
de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha. A guerra findou
em 1945 e deixou milhares de mortes.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA
SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA
O início da segunda geração modernista ocorre no ano de 1930, com a publicação
de Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, e o fim do período vai até o
ano de 1945.
A segunda fase do modernismo brasileiro ficou marcada em abordar questões
sociais, a fim de refletir a tensão social do período em questão.
Os escritores deram continuidade ao processo de renovação da linguagem.
A novidade na circulação dos textos, é que surgia no
período novas editoras brasileiras, facilitando a
publicação das obras.
Os temas abordados pela segunda geração modernista,
como aqueles relacionados ao ser humano, permitiu uma
maior aceitação dos textos pelo público leitor.
A linguagem da segunda geração modernista é marcada pela liberdade no uso,
ou seja, o poeta poderia utilizar versos livres e brancos ou versos rimados e
metrificados conforme desejasse.

Os versos dos poemas apresentam uma estrutura sintática mais elaborada.

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PRINCIPAIS AUTORES

Carlos Drummond de Andrade


O "Poema de sete faces" é importante porque dá início a temas presentes em sua
poesia, como: o sentimento de inadequação num mundo, o questionamento de si
mesmo, a família e a função social do poeta.

Em diversos poemas, Drummond retrata o seu passado através de lembrança da


família e de sua terra natal, numa tentativa de compreender a si mesmo.

Denúncias

Além dessa temática, também é recorrente um


tom político através de denúncias das injustiças
e o seu desejo de construir um mundo novo.

Seus poemas possuem um caráter reflexivo, dedicado a compreender o ser


humano e a relação do "eu" com o mundo.
Drummond também possui poemas metalinguísticos, os quais abordam a sua
preocupação como fazer poético, assumindo duas faces: a "material" (a escolha
de palavras, rimas, etc.) e a do conteúdo, trazendo os principais temas que o autor
aborda em suas obras.

Cecília Meireles
Assumiu o papel de primeira mulher a ocupar um cargo importante na poesia
brasileira.
Em seus poemas, é possível notar uma preocupação espiritual.

Sua principal característica nos poemas é a sua capacidade de


compreender que a vida é breve e passageira.
Assim, o tema da fugacidade das coisas, aliado ao amor e ao tempo,
é abordado pela autora num lirismo sensível e sutil.

Natureza

Seus poemas também trazem imagens da natureza,


como a água, o mar, o vento, espaço, etc., e imagens
do infinito, caracterizando uma atmosfera de fuga.

O seu poema mais conhecido é o Romanceiro da Inconfidência (1953), que aborda


uma nova perspectiva da Inconfidência Mineira.

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Vinícius de Moraes
Sua produção literária possui influências do Simbolismo, ao abordar temas como a
religiosidade e a angústia atrelada a matéria e ao espírito.
Também produziu poemas amorosos, com forte influência do poeta português
Luís de Camões.
O autor possui a característica de buscar compreender a natureza do amor.
Em relação à forma, ele utiliza o soneto e abusa das antíteses, características natas
da obra camoniana.
Nos sonetos de Moraes, o amor é abordado como um
sentimento forte e poderoso.
Suas antíteses servem para expressar a fugacidade do amor e a perda do
ser amado.

INTERPRETANDO O POEMA

Balada dos mortos dos campos de


concentração
[...] Ah, doces mortos atônitos
Quebrados a torniquete
Vossas louras manicuras
Arrancaram-vos as unhas
No requinte de tortura
Da última toalete...
A vós vos tiraram a casa
A vós vos tiraram o nome
Fostes marcados a brasa
Depois vos mataram de fome!
Vossas peles afrouxadas
Sobre os esqueletos dão-me
A impressão que éreis tambores –
Os instrumentos do Monstro –
Desfibrados a pancada:
Ó mortos de percussão!
Cadáveres de Nordhausen
Erla, Belsen e Buchenwald!
Vós sois o húmus da terra
De onde a árvore do castigo
Dará madeira ao patíbulo
E de onde os frutos da paz
Tombarão no chão da guerra!
MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo:
Companhia das Letras, 2009. p. 191. (Fragmento).

Leia a interpretação do poema, na próxima página.


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No poema em destaque, percebe-se a preocupação do autor com questões


contemporâneas, como o impacto trazido pela Segunda Guerra Mundial.

Murilo Mendes
Suas obras possuem temas como religiosidade e espiritualidade, trazendo
relações do eu-lírico sobre si mesmo e sobre o mundo.
Suas obras mais importantes são: A poesia em pânico (1938), O
visionário (1941) e As metamorfoses (1944).

Jorge de Lima
Suas obras são conhecidas pela forte relação com o catolicismo.
Nessas obras, temos o ensinamento de que a poesia está presente nas coisas
simples, baseada na perspectiva cristã de que: tudo pode ser considerado uma
manifestação divina, sendo matéria de construção poética para o eu-lírico.
Além do tema cristão, também está presente temáticas que abordam a denúncia
do preconceito contra os negros.

INTERPRETANDO O POEMA

O sono antecedente
Parai tudo que me impede de dormir:
esses guindastes dentro da noite,
esse vento violento,
o último pensamento desses suicidas.
Parai tudo que me impede de dormir:
esses fantasmas interiores que me abrem
as pálpebras,
esse bate-bate de meu coração,
esse ressonar das coisas desertas e mudas.
Parai tudo que me impede de voltar ao
sono iluminado
que Deus me deu
antes de me criar.
LIMA, Jorge de. Antologia poética. Seleção de Paulo
Mendes Campos. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.
p. 67.

No poema em destaque, percebe-se a


indagação espiritual presente na
segunda geração modernista, em que
a religião ocupa o papel de fuga para
as mazelas do mundo.

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ROMANCE DE 1930
Entre os anos de 1930 e 1945, a literatura brasileira ficou conhe-
cida como "a era do romance brasileiro".

Os romances escritos a partir do ano de 1930 passaram a


retratar dois momentos anteriores da prosa de ficção: o regionalismo romântico e
o Realismo do século XIX.

Por isso, essa geração é conhecida como regionalistas ou neorrealistas.

O romance de 1930 passa a trazer novas perspectivas das relações sociais e do


impacto do meio sobre o indivíduo.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ROMANCE DE 30


Tinha como projeto literário trazer a influência do subdesen-
volvimento na vida dos brasileiros.
Os autores buscavam criar enredos a fim de relacionar o con-
texto socioeconômico do país e o espaço.
A maioria dos escritores trouxe a realidade nordestina em suas obras.
Os enredos eram dinâmicos e possuíam linguagem simples.
O eixo de ficção brasileira na década de 1930 se direcionou para Maceió, capital
alagoana em que moravam José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Graciliano
Ramos.
Uso de termos

Nas obras, também era comum trazer termos


regionais para auxiliar o leitor a compreender
uma representação mais fiel da região
abordada nos romances.

PRINCIPAIS AUTORES

Graciliano Ramos
Os principais romances do autor que ganharam destaque são
Vidas Secas e São Bernardo.
O autor possui um cuidado com as palavras, economizando o uso
de adjetivos e advérbios, preferindo escolher cuidadosamente os substantivos,
para trazer ao leitor a experiência de um "realismo bruto", definindo o olhar
neorrealista do autor sobre o mundo.
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Os personagens de Graciliano são homens atormentados, solitários e destruídos


pela vida.

São Bernardo
O protagonista, Paulo Honório, é um órfão criado por uma negra analfabeta, e ele
luta para vencer na vida. Quando o protagonista conquista a fortuna que deseja,
ele se depara triste por perceber que é solitário.

Nesse processo, Paulo Honório faz uma análise da sua


vida, e aqui surge traços marcantes da personalidade
moldada pelo contexto socioeconômico em que vive.

Na autoanálise, o protagonista casa com Madalena, uma professora


de origem pobre, e essa união representa, para Paulo Honório, como
uma negociação.
As diferenças de Paulo Honório para Madalena são grandes e o conflito
entre os dois traz a abordagem de Graciliano sobre a tentativa do
protagonista crescer economicamente, mas, ao mesmo tempo,
não conseguir se integrar à elite.

No romance, surge uma luta de classes,


onde a burguesia falida aceita novos-ricos,
como Paulo Honório, mas não aceita a sua
integração socioeconômica.

Vidas Secas
O livro é o único romance do autor escrito em terceira pessoa.
A obra não foi planejada como romance, na verdade, surgiu de um conto "Baleia".
Os capítulos foram escritos fora de ordem.
Não possui aprofundamento de análise psicológica, como aconteceu na obra São
Bernardo.
O livro aborda a dura existência no cenário nordestino.
A narrativa traz Fabiano, sinhá Vitória, os dois filhos e a
cachorrinha Baleia que buscam um lugar melhor para viver.
Após longas caminhadas pela caatinga, chegam a uma
fazenda abandonada e se instalam ali.

A aridez do cenário vai além da narrativa e alcança o


comportamento dos personagens, os quais passam a
falar de forma monossilábica e com gestos
direcionados para a sobrevivência imediata.

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Ocorre no romance a animalização dos personagens, como, por exemplo, nas


crianças que se quer são nomeadas, passam apenas a serem referidas como
"menino mais novo", "menino mais velho", e assim como os animais,
os personagens agem conforme a necessidade de sobreviver.
A obra relaciona o indivíduo com a sociedade e aborda a seca, que domina
os indivíduos e traz uma condição de vida péssima, tornando as pessoas
vítimas de "patrões" inescrupulosos.

José Lins do Rego


Nas obras que compõem o ciclo da cana-de-açúcar, temos a recriação
de uma realidade de trabalhadores de uma região canavieira
pernambucana, a partir das recordações da infância do autor.
A linguagem das obras traz a preocupação do autor perante a
veracidade das cenas e dos personagens.

Na obra Menino de engenho, temos um romance que inaugura o ciclo da cana-de-


-açúcar.
O livro aborda a rotina de um engenho por meio da junção da descrição do
espaço e da fala das personagens.

O leitor é imerso numa narrativa a fim de


sofrer junto ao menino, que anda triste e
"por debaixo das árvores da horta, ouvindo
sozinho a cantoria dos pássaros".

Rachel de Queiroz
A autora era prima de José de Alencar, por parte de mãe.

Foi a primeira escritora a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, no


ano de 1977.

Na sua obra, O quinze, a narrativa é construída sob dois planos


diferentes: no primeiro plano, temos a história de Conceição, a
protagonista do livro, e uma personagem que foi desenvolvida
para afirmar o papel social da mulher numa sociedade
machista e que funcionava sob os coronéis.

No segundo plano, temos a vida do vaqueiro Chico Bento


e a sua família que fogem da seca do nordeste.
O romance possui o papel de retratar uma realidade brutal, caracterizada por
filhos dos retirantes numa época de seca, ocupando o espaço de covas abertas
pelo solo duro do sertão.
A linguagem da obra de Rachel era voltada para reproduzir a fala que a autora
ouvia nas ruas.
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Jorge Amado
O autor passou a exercer um estudo das relações humanas, construindo um perfil
multicultural e multirracial do povo brasileiro.
Um dos seus principais romances é: Terras do sem-fim (1943),
uma obra que aborda a vida na região cacaueira de Ilhéus.
O romance é caracterizado pela opressão que viviam os
trabalhadores rurais num contraste com os grandes coronéis
que enriqueciam com o cultivo do cacau.
Outro romance de destaque do autor é Capitães de Areia (1937), um romance
pertencente a fase dos romances urbanos de Salvador, contando a história de um
grupo de meninos que viviam na rua.

Uma característica importante que aparece em todas as obras de Jorge Amado é


a sensualidade brasileira, formada por morenas, como Gabriela, Tieta e Tereza
Batista.

Érico Veríssimo
Um dos seus romances abordam um painel da burguesia gaúcha.
Nessas obras, é possível notar o tema da crise moral e espiritual do homem na
sociedade em que vive.

Dyonelio Machado
Sua principal obra, publicada em 1936, é Os ratos, que traz a narrativa de 24 horas
da vida de um funcionário público.
Naziazeno, aflito por não ter omo pagar a conta do leiteiro, traz um cenário
de agonia e proporciona ao leitor uma experiência angustiante de um
homem comum, cujo salário não é suficiente para oferecer o básico a sua
família.

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GERAÇÃO DE 45 E CONCRETISMO
CONTEXTO HISTÓRICO
A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, e a Europa estava em destroços,
passando por um lento processo de reconstrução.
A Guerra Fria passava a dividir o mundo em dois blocos: o capitalista, liderado pelos
Estados Unidos, e o socialista, liderado pela União Soviética.
O Brasil se aliava ao bloco capitalista, e o Partido Comunista entre em ilegalidade,
passando a perseguir os intelectuais de esquerda, como Graciliano Ramos, Rachel
de Queiroz e Jorge Amado.
Getúlio Vargas retorna ao poder em 1951, e por conta de pressões sociais, acaba
cometendo suicídio.
A nova eleição elege Juscelino Kubitschek ao poder.

O governo de JK proporciona um acelerado


crescimento industrial e urbano, e diversas pessoas
migram do campo para a cidade a fim de encontrar
novas oportunidades de vida.
Nesse contexto surge o Pós-Modernismo, com a função
de marcar a ruptura de algumas certezas que sustentavam diversas atividades
humanas.

Esse movimento tem como finalidade romper com as fronteiras que


definiam o belo e o feio, o bem e o mal, e faz dessas distinções uma linha
tênue, proporcionando os artistas questionarem os modelos modernos.

Nesse contexto, o ser humano é posto


como o centro do mundo contemporâneo,
em nome do bem-estar social.

Dessa forma, surge a ideia de ponto de vista, um ideal pelo


qual a arte pode ser vista, transformada ou subvertida a
depender do ponto de vista de quem a interpreta.

PRINCIPAIS CAMINHOS ESTÉTICOS


DO PÓS-MODERNISMO
Valorização da matéria
Aqui, os objetos de arte podem ser tocados, cheirados, ouvidos, etc.

Experimentação
Aqui ocorre a exploração de diferentes formas de criação e interação da obra de
arte com o público.
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Construção do sentido
O sentido da arte passa a ser construído no próprio processo de leitura do público.

Arte aliada à mídia


Um exemplo é a pop art de Andy Warhol, que recria a imagem de produtos
domésticos.
Outro exemplo é o cinema de Godard, o qual explora as associações e
sobreposições de imagens.
Além disso, merece destaque a arquitetura urbana que se submetia ao
capitalismo, transformando as cidades em verdadeiros corredores de compras.

A POESIA PÓS-MODERNA
Os principais fatores valorizados pelos autores da época eram o
trabalho com a materialidade textual e a retomada de formas
fixas e de modelos poéticos clássicos.
Esses fatores eram explorados a fim de delinear os
limites entre o poético (o trabalho com a forma) e o
não poético (o elemento prosaico do cotidiano).
Os principais autores dessa época são: Péricles Eugênio da Silva Ramos, Ledo Ivo,
Geir Campos, José Paulo Paes e João Cabral de Melo Neto.

De acordo com o artista João Cabral de


Melo Neto, era importante realizar o
planejamento e a reflexão sobre o fazer
poético.

Os seus metapoemas (assim chamados


por retratarem o fazer poético em si),
tratam da importância em articular a
forma e o conteúdo.

A obra mais famosa do autor é Morte e Vida Severina,


um auto de Natal. Nessa obra citada, temos uma cena
bíblica do nascimento de Cristo, se passando num
manguezal do rio Capibaribe, em Recife.

Leia o poema, na próxima página, do autor João


Cabral de Melo Neto.

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INTERPRETANDO O POEMA

O cão sem plumas


Na paisagem do rio
difícil é saber
onde começa o rio;
onde a lama
começa o rio;
onde a terra
começa a lama;
onde o homem,
onde a pele
começa a lama;
onde começa o homem
naquele homem
Difícil é saber
se aquele homem
já não está
mais aquém do homem
mais aquém do homem
ao menos capaz de roer
os ossos do ofício.
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 110. (Fragmento).

No trecho em destaque, percebe-se a


repetição da expressão "onde começa".

Os substantivos rio, lama, terra, homem e pele


atravessam a expressão, como se estivessem
cortando o meio.
Além disso, o efeito que se provoca
através desses cortes é a exclusão dos
limites entre o homem e o rio: a sua
pele, a lama e a terra se fundem.
Na segunda parte do trecho,
percebe-se a repetição do
verso "mais aquém do homem",
destacando a condição
desumana daqueles que "roem
os ossos do ofício", ou seja, que
Dessa forma, a cena passa lutam para sobreviver.
a detalhar as péssimas
condições de vida dos
catadores de caranguejo
do Capibaribe.
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João Cabral aborda nesse trecho o seu modo de extrair apenas o


essencial de cada palavra: não utiliza ornamentos (repare que no trecho
quase não existem adjetivos) ou fala dos sentimentos do eu-lírico.
Na verdade, os verbos são usados de forma breve, como uma "faca de uma
só lâmina", trazendo a realidade do homem nordestino.

O CONCRETISMO
Sob influência do capitalismo, na década de 1950, a poesia passou a abordar a ideia
de multiplicidade, materialidade e fragmentação da sociedade pós-moderna.
Os temas que mais ganham destaque são relacionados a uma percepção
crítica da realidade, apresentando estruturas semelhantes aos códigos
utilizados nos meios de comunicação de massa (como cores, símbolos, etc.).

Os principais recursos utilizados pelos concretistas são:


A valorização da disposição gráfica das palavras.
A exploração poética do espaço da página.
O uso de elipse.

Principais Movimentos Poéticos Decorrentes do Concretismo

Neoconcretismo - 1959
Atribuía importância do leitor na construção do poema: o
poema se configura como um "não objeto", só se realizando
na leitura.
Os neoconcretistas utilizavam dobras e recortes na página para
produzirem efeitos do poema-objeto, a fim de abordar a importância da interação
do leitor com o texto. Um exemplo disso eram os cubos de encaixe.
Os principais nomes que participaram do movimento foram: o poeta Ferreira
Gullar e os artistas plásticos Lígia Clark e Hélio Oiticica.

Poema Processo - 1967 Ferreira Gullar


Se opõe a discursividade da poesia: para eles, o
poema significava algo tão amplo que poderia O principal objetivo do autor
se referir a uma performance ou até mesmo, era ampliar os sentidos do
um objeto gráfico sem palavras. poema. A partir de 1960,
Gullar aborda em seus
No lugar das letras e palavras são utilizados signos poemas o tema político,
gráficos (figuras geométricas, perfurações, etc.). procurando o equilíbrio entre
O principal fundador do movimento é Wlademir a expressão dos sentimentos
Dias-Pino. e a comunicação com o
mundo.

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PROSA PÓS-MODERNA
Os grandes nomes que deram início a prosa pós-moderna, foram
o irlandês James Joyce e a inglesa Virginia Woolf.
Esses autores passaram a explorar o mundo interior dos
indivíduos, propondo novas relações de tempo e espaço
narrativos em suas obras, com novos papéis para os
personagens e para o narrador.
No Brasil, os principais nomes são: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
Para ambos os autores, a principal forma de criação literária era o trabalho
com a linguagem.

Nas obras de Guimarães Rosa, percebe-se a forma


como ele aborda a sua experimentação de forma
radical, usando termos arcaicos, neologismos, fala
do interior de Minas, etc).

Já em Clarice Lispector, percebe-se a


experimentação da linguagem por meio da
estrutura da narrativa, utilizando a técnica
do fluxo de consciência.

JOÃO GUIMARÃES ROSA


Suas obras são conhecidas por conta das marcas regionais, que passam a explorar
grandes questões universais, como: os limites entre o bem e o mal, a sanidade e a
loucura, o acaso e o destino, etc.

O narrador rosiano, às vezes, se confunde com o personagem.

Em sua obra Grande sertão: veredas, o único romance do autor, temos a história
de Riobaldo, contada sob um viés monólogo.
O protagonista foi criado por seu padrinho numa fazenda no interior de Minas
Gerais.
Numa viagem que ele faz com jagunços pelo interior
do sertão, o personagem traz histórias das pessoas
que habitam a região e possibilita, na narrativa, a
expansão de um sertão, a fim de possibilitar a busca
por grandes questões humanas, como a dúvida do
que seria o bem e o mal.

Nessa viagem, o protagonista aprende a


beleza da paisagem e afirma que viver é
sempre estar em situação de risco.
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A fama do autor se deu com a publicação do livro de contos Sagarana, no ano de


1948.
A obra travava da recriação da língua portuguesa, abordando a fala regional
com o papel de língua literária.

CLARICE LISPECTOR
A literatura da autora é marcada pela compreensão de uma consciência individual,
marcada pela introspecção dos personagens.

A epifania nas obras da autora representa o momento em que


as personagens descobrem a sua própria identidade, por meio
de um estímulo externo, capaz de causar um abalo na estrutura
das suas vidas.

Nos contos de Clarice, percebe-se o uso constante de animais


representando o "coração selvagem da vida", passando a simbolizar a busca dos
personagens pela individuação e a libertação das amarras sociais.

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