POR QUE TRATAR EFLUENTES ?
Prof. Dr. Michel Gerber
POR QUE TRATAR EFLUENTES?
O objetivo do tratamento de efluentes é a remoção de
determinados contaminantes para atender aos padrões
estabelecidos.
• Padrões: legislação ambiental;
• Contaminantes: principais parâmetros de monitoramento
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
pH e Temperatura:
Sólidos:
✓ Sólidos totais
✓ Sólidos dissolvidos
✓ Sólidos em suspensão (suspensos e sedimentáveis)
Matéria orgânica:
✓ DQO – Demanda química de oxigênio
✓ DBO – Demanda bioquímica de oxigênio
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Outros parâmetros:
✓ Nitrogênio
✓ Fósforo
✓ Óleos e graxas;
✓ Surfactantes;
✓ Cianetos, sulfetos, etc.
Metais:
➢ Cromo, níquel, ferro, cobre, alumínio, cádmio, mercúrio,
chumbo, zinco, etc.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Temperatura
✓ Elevações da temperatura aumentam as taxas das reações
químicas e biológicas;
✓ Elevações da temperatura diminuem a solubilidade dos gases;
✓ Elevações da temperatura aumentam a taxa de transferência
de gases, o que pode gerar odores desagradáveis.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
pH
✓ O potencial hidrogeniônico, representa a concentração de íons
hidrogênio dando uma indicação sobre a condição de acidez,
neutralidade ou alcalinidade da água.
✓ Quimicamente, pH varia em 0 a 14, sendo 7 pH neutro
✓ Em tratamento de efluentes, convencionou-se trabalhar como
faixa de neutralidade, entre 6 a 8,5 – 9,0
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
pH
✓ diferentes valores de pH estão associados a diferentes faixas
de atuação ótima de coagulantes;
✓ valores de pH afastados da neutralidade tendem a afetar as
taxas de crescimento dos microrganismos;
✓ pH do efluente pode ser corrigido antes e/ou depois da adição
de produtos químicos no tratamento primário ou secundário;
✓ valores elevados de pH em lagoas de estabilização podem
estar associados a proliferação exagerada de algas.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Sólidos
Quase todos os contaminantes presentes em efluentes são
sólidos, com exceção dos gases dissolvidos. Dessa forma, a
remoção desses contaminantes conduz, principalmente, à
geração de lodo em todos os níveis .
Para dimensionar a ETE, é fundamental conhecer o perfil de
sólidos no efluente, que podem ser classificados de acordo com:
(a) o seu tamanho e estado;
(b) as suas características químicas;
(c) sua decantabilidade.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Classificação por tamanho e estado:
• sólidos em suspensão;
• sólidos dissolvidos;
Classificação pelas características químicas:
• sólidos voláteis;
• sólidos fixos;
Classificação pela decantabilidade:
• sólidos em suspensão sedimentáveis;
• sólidos em suspensão não sedimentáveis.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Matéria Orgânica
A matéria orgânica presente nos efluentes é uma das
causadoras da diminuição do oxigênio dissolvido em recursos
hídricos devido ao consumo pelos microrganismos aeróbios para
a sua estabilização.
Os principais compostos orgânicos são os compostos de
proteína, os carboidratos, a gordura e os óleos, além da ureia,
surfactantes, fenóis, pesticidas e outros em menor quantidade.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
A matéria orgânica divide-se nas seguintes frações:
a) não biodegradável (em suspensão e dissolvida) e
b) biodegradável (em suspensão e dissolvida).
Utilizam-se normalmente métodos indiretos para a quantificação
da matéria orgânica:
a) Medição do consumo do oxigênio (Demanda Bioquímica de
Oxigênio ⎯ DBO;
b) Demanda Química de Oxigênio ⎯ DQO;
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
A DBO retrata a quantidade de oxigênio requerida para
estabilizar, através de processos bioquímicos, a matéria
orgânica carbonácea. É uma indicação indireta, portanto, do
carbono orgânico biodegradável.
A estabilização completa demora cerca de 20 dias, denominada
Demanda Última de Oxigênio (DBOu). Entretanto, convencionou-
se em determinar a DBO520 com indicadora da DBOu.
Isso significa: determinação do OD inicial da amostra, incubação
por 5 dias à 20° e determinação do OD Final no 5° dia de
incubação. A diferença entre OD inicial e final é equivalente a
demanda de oxigêncio necessária para oxidação da matéria
orgânica na amostra.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Demanda Química de Oxigênio (DQO)
O teste da DQO mede o consumo de oxigênio durante a
oxidação química da matéria orgânica. O valor obtido é,
portanto, uma indicação indireta do teor de matéria orgânica
presente.
• A DBO relaciona-se a uma oxidação bioquímica da matéria
orgânica, realizada por microrganismos;
• A DQO corresponde a uma oxidação química da matéria
orgânica, obtida através de um forte oxidante (dicromato de
potássio) em meio ácido
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Nitrogênio
As formas predominantes de nitrogênio em efluentes são:
orgânico e amoniacal. As demais formas de nitrogênio são
usualmente de menor importância no tratamento de efluentes
ou na avaliação da qualidade de recursos hídricos superficiais.
Em resumo, tem-se:
➢ NT = N-orgânico+ N-amoniacal + NO2 + NO3
➢ NTK = nitrogênio amoniacal + nitrogênio orgânico
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Importância:
✓ nos processos de estabilização do nitrogênio, ocorre o
consumo de oxigênio para conversão da amônia a nitrato;
✓ As formas de nitrogênio como amônia ou nitrito pode ser
altamente tóxicas;
✓ o nitrogênio é um dos principais responsáveis pelo processo
de eutrofização de lagos e represas;
✓ o nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento
dos microrganismos responsáveis pelo tratamento de esgotos;
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Fósforo:
O fósforo pode se apresentar no efluente nas seguintes três
formas:
• ortofosfatos são diretamente disponíveis para o metabolismo
biológico sem necessidade de conversões a formas mais
simples.
• polifosfatos são moléculas mais complexas com dois ou mais
átomos de fósforo. Os polifosfatos se transformam em
ortofosfatos pelo mecanismo de hidrólise, mas tal
transformação é usualmente lenta.
• fósforo orgânico é normalmente de menor importância nos
esgotos típicos, mas pode ser importante em efluentes e lodos
oriundos do tratamento de esgotos.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
A importância do fósforo associa-se principalmente aos
seguintes aspectos:
✓ o fósforo é um nutriente essencial para o crescimento dos
microrganismos responsáveis pela estabilização da matéria
orgânica;
✓ o fósforo é um nutriente essencial para o crescimento de
algas, podendo por isso, em certas condições, conduzir a
fenômenos de eutrofização.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Óleos e graxas (O & G):
✓ podem ser de origem animal, vegetal ou mineral;
✓ O&G de origem animal e vegetal são ésteres formados por um
álcool (glicerol) e ácidos graxos;
✓ O&G de origem mineral são derivados de petróleo e alcatrão,
compostos basicamente de carbono e hidrogênio.
✓ São compostos de difícil degradação. podem causar
entupimento de redes e equipamentos da ETE e se não
removidos, formar películas sobre a água dos rios.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Surfactantes:
✓ é uma palavra derivada da contração da expressão surface
active agent, termo que significa agente de atividade superficial;
✓ Bacteriostáticos, dificultam a transferência de oxigênio,
modificam as características de sedimentação dos sólidos,
geração de espumas;
✓ em condições anaeróbias os surfactantes não são removidos.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
O grupo de coliformes totais (CT) constitui-se em um grande
grupo de bactérias que tem sido isoladas de amostras de águas
e solos poluídos e não poluídos, bem como de fezes de seres
humanos e outros animais de sangue quente.
Os coliformes termotolerantes são um grupo de bactérias
indicadoras de organismos originários do trato intestinal humano
e outros animais. O teste para CTe é feito a uma elevada
temperatura, na qual o crescimento de bactérias de origem não
fecal é suprimido.
A Escherichia coli é uma bactéria pertencente a este grupo.
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MEDIÇÃO DE VAZÃO
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MEDIÇÃO DE VAZÃO
• Medição direta:
• Hidrômetros:
• Medidores eletromagnéticos;
• Medidores ultrassônicos;
• Vertedores;
• Calha Parshall.
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MEDIÇÃO DIRETA
Consiste na medição direta do volume armazenado, em um
recipiente de capacidade conhecida, em um determinado
intervalo de tempo.
Q = vol / t
onde:
Q: vazão;
vol: volume armazenado, em L ou m3;
t : intervalo de tempo, em segundos, minutos ou horas
Quanto maior o intervalo de tempo, maior será a precisão
dos resultados obtidos. Este processo, normalmente, só
deve ser utilizado para determinação de pequenas vazões e
em tubulações de pequeno diâmetro.
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HIDRÔMETROS
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VERTEDORES
O vertedor é uma placa vertical com uma abertura na parte
superior, colocado transversalmente em um canal ou canaleta e
perpendicular ao fluxo.
Os vertedores são diferenciados pela forma da abertura, sendo
classificados como triangular, retangular, trapezoidal, entre
outros. Os mais utilizados são os triangulares e retangulares.
- Triangulares: vazão até 30 L/s;
- Retangulares: vazão entre 30 e 1.000 L/s.
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VERTEDORES TRIANGULARES
Para vertedores com ângulo de
NÍVEL
N. A. 90o, a vazão é calculada pela
fórmula de Thomson:
H
H
Q = 1,4 x H 5/2
onde:
Q: vazão em m3/s;
H: carga, altura do líquido acima da
base da abertura, em m.
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VERTEDORES TRIANGULARES
Fonte: www.jinox.com.br
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VERTEDORES TRIANGULARES
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VERTEDORES RETANGULARES
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VERTEDORES RETANGULARES
A fórmula mais utilizada para
o cálculo da vazão é a
proposta por Francis, em
1923:
Q = 1,84 . L . H 3/2
onde:
Q: vazão em m3/s;
L: comprimento da crista ou
abertura, em m;
H: carga, altura do líquido acima
da base da abertura, em m.
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CALHA PARSHALL
Este medidor foi idealizado por R. L.
Parshall para medição em sistemas
de irrigação.
Atualmente, é muito utilizado em
estação de tratamento de efluentes,
associado as funções de medidor e
dispositivo de mistura rápida.
Consiste em uma seção
convergente, uma seção
estrangulada (também denominada
de garganta) e uma seção
divergente.
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CALHA PARSHALL
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CALHA PARSHALL
W (pol) Q min (L/s) Q max (L/s)
3” 0,85 53,8
6” 1,42 110,4
9” 2,55 251,9
12” 3,11 455,6
18” 4,25 696,2
24” 11,89 936,7
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ELETROMAGNÉTICOS
São indicados para medições em
situações difíceis, como por exemplo,
líquidos com grande quantidade de
sólidos ou fortemente agressivos.
A medição da vazão é baseada no
princípio de indução eletromagnética
(Lei de Faraday), que mais
especificamente, determina a
velocidade de escoamento do fluído no
interior do tubo.
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ELETROMAGNÉTICOS
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ULTRA-SÔNICOS
Aplica-se a todos os líquidos
independente de suas
propriedades físicas e químicas.
Não requer sólidos em suspensão
ou trechos retos na tubulação,
para o seu funcionamento.
O princípio da medição
estabelece-se na diferença de
tempo na propagação entre
ondas ultra-sônicas, atravessando
contra e a favor da corrente.
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ULTRA-SÔNICOS
Fontes: nivetec, vikacontrols, digitrol
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AVALIAÇÃO DE CARGA
POLUIDORA
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CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Vazão de efluente sanitário
De maneira geral, a produção de efluentes sanitários está
relacionada ao consumo de água em residências, indústrias,
escolas, bares, etc.
Coeficiente de retorno (R: Vazão de esgotos/vazão de água).
Os valores típicos de R variam de 60% a 100%, sendo que um
valor usualmente adotado tem sido o de 80% (R= 0,8).
Exemplo: uma casa consome mensalmente 20 m3 de água da rede
pública, portanto com um R de 80%, gera uma 16 m3 de efluente
sanitário por mês!
Q = 20 m3 x 0,8 = 16 m3
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CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Tabela 1: Contribuição diária de esgoto : NBR 7229
1. Ocupantes permanentes CPC (L)
Residência padrão alto 160
Residência padrão médio 130
Residência padrão baixo 100
Hotel (sem lavanderia e cozinha) 100
Alojamento provisório 80
2. Ocupantes temporários
Fábricas em geral 70
Escritórios, escolas, prédios públicos, etc 50
Bares 6
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CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Valores típicos dos principais parâmetros em efluentes
domésticos
DBO: 300,0 mg O2/L
Nitrogênio total: 8,0 mg N/L
Fósforo total: 1,0 mg P/L
Lembrete: 1 mg/L = 1 ppm = 1 g/m³
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AVALIAÇÃO DE CARGA POLUIDORA
A carga per capita representa a contribuição de cada indivíduo
(expressa em termos de massa do poluente) por unidade de
tempo. Uma unidade comumente usada é a de g/hab.d. Assim,
quando se diz que a contribuição per capita de DBO é de 54
g/hab.d, equivale a dizer que cada indivíduo contribui por dia, em
média, com o equivalente a 54 gramas de DBO.
Exemplos:
DBO: 180 L x 300 mg/L = 54 g/hab.d
N: 180 L x 8 mg/L= 1,44 g/hab.d
P: 180 L x 1 mg/L= 0,18 g/hab.d
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AVALIAÇÃO DE CARGA POLUIDORA
A carga afluente a uma estação de tratamento de esgotos
corresponde à quantidade de poluente (massa) por unidade
de tempo. Neste sentido, relações de importância são:
carga = população x carga per capita
carga (kg/d) = população (hab.) . carga per capita(g/hab.d)
1000 (g/kg)
Ou
carga = concentração x vazão
carga (kg/d) = concentração (g/m3) . vazão (m3/d)
1000 (g/kg)
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AVALIAÇÃO DE CARGA POLUIDORA
Equivalente populacional (EP):
Traduz a equivalência entre o potencial poluidor de uma indústria
(comumente em termos de matéria orgânica) e uma determinada
população.
Exemplo : uma indústria gera 200 m3.d-1 de efluente com DBO de
500 mg.L-1. Qual o EP?
Calcule a carga: 200 m3.d-1 x 500 g.m-3 = 100 kg DBO.d-1
Calcule o EP: carga÷CPC= 100 kg.d-1÷0,054 kg.hab-1.d-1=
EP = 1.852 hab
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EXERCÍCIOS
1. Qual indústria que apresenta o maior potencial
poluidor?
• Indústria X: Q= 100 m3/d , DQO= 1.000 mg/L =
• Indústria Y: Q= 200 m3/d , DQO= 500 mg/L =
• Indústria Z: Q= 400 m3/d , DQO= 250 mg/L =
2. Qual a carga poluidora diária emitida pela sala de
aula de ??? alunos em DBO, N e P?
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