UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC)
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
METODOLOGIAS DE PESQUISAS CIENTÍFÍCAS
CAMPUS BLUMENAU
RACISMO NO DIA-DIA
Discente: Jemima Paula Domingos Zongo
Docente: Drª Bruna Liana Mattiuzzi Frainer Xavier
Blumenau, Santa Catarina
Julho de 2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC)
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
METODOLOGIAS DE PESQUISAS CIENTÍFÍCAS
CAMPUS BLUMENAU
RACISMO NO DIA-DIA
Discente: Jemima Paula Domingos Zongo
Docente: Drª Bruna Liana Mattiuzzi Frainer Xavier
Blumenau, Santa Catarina
Julho de 2023
RESUMO
Os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação
racial. O autor aponta as vinculações desse tipo de interpretação a uma problemática
social europeia e norte americana já superada, embora ainda predominante no Brasil. Ele
procura também demonstrar que a linguagem de classe e de cor no Brasil sempre foi usada
de modo racializado, "naturalizando" desigualdades que poderiam comprometer uma
imagem do país como uma democracia racial.
Palavras-chave: racismo; antirracismo; raça; "cor"; Brasil.
ABSTRACT
Brazilians imagine that they live in a society free from racial discrimination. In
this article, the author points out how this sort of interpretation is linked to a European
and North American social perspective, which, though outdated in these contexts, remains
predominant in Brazil. The article also seeks to demonstrate how the idiom of class and
color in Brazil always was used in a racialized fashion, "naturalizing" the inequalities that
might tarnish the country's prevailing image as a racial democracy.
Keywords: racism; anti-racism; race; color; BraziL
Índice
INTRODUÇÃO
MUDANÇA DE AGENDA DO ANTI – RACISMO OCIDENTAL------------------------6
DISCRIMINAÇÃO RACIAL--------------------------------------------------------------------6
TEORIZANDO O RACISMO--------------------------------------------------------------------7
A MUTAÇÃO DO RFACISMO NO BRASIL ------------------------------------------------7
O CONTEXTO HISTÓRICO DA POPULAÇÃO NEGTA NO BRASIL------------------7
O PRCONCEITO NO BRASIL----------------------------------------------------------------7,8
TRANSFORMAÇÕES ORIGINADAS PELO RACISMO-----------------------------------8
A PRÁTICA DO RACISMO NO BRASIL-----------------------------------------------------9
O BRASIL É MAIS RACISTA QUE ESTADOS UNIDOS? ---------------------------10,11
CONCLUSÃO-------------------------------------------------------------------------------------12
REFERÊCIA BIBLIOGRÁFICA---------------------------------------------------------------13
Introdução
O presente trabalho trás excelentes abordagens sobre o racismo, desde a gênese
do seu historial, impacto nas gerações passadas, consequências, traumas e vítimas
causadas deste preconceituoso fato social que vem desestruturando o mundo até
atualmente.
Diante desta realidade assustadora, vulneravelmente egocêntrica, arrogante,
apática, cheia de complexo de superioridade que vive subestimando a negritude, o
objetivo maior é a luta contra à exclusão social e desigualdades, devemos compreender o
porquê ainda existe racismo e como combater isso. A desigualdade racial se configura
como qualquer situação injustificada em que há diferenciação de acesso e benefícios de
oportunidades, por conta de cor, raça, etnia ou procedência nacional.
Neste trabalho, aprenderás os pontos chaves do contexto histórico dos negros no Brasil
até o debate sobre o racismo no dia a dia.
A mudança de agenda do Antirracismo ocidental
O campo de pesquisa científica conhecido como "relações raciais" é de inspiração
norte-americana. Os cientistas sociais tomaram geralmente o padrão de relações raciais
nos Estados Unidos como modelo para comparar, contrastar e entender a construção
social das "raças" em outras sociedades, especialmente no Brasil. Tal modelo, elevado a
arquétipo, acabou por esconder antes que revelar, negar mais que afirmar, a existência
das "raças" no Brasil. De fato, o modelo norte-americano exibia um padrão de relações
violento, conflitivo, segregacionista, vulgarmente conhecido como "Jim Crow",
sancionado por regras precisas de filiação grupal, baseadas em arrazoados biológicos que
definiam as "raças". O modelo brasileiro, ao contrário, mostrava uma refinada etiqueta de
distanciamento social e uma diferenciação aguda de status e de possibilidades
econômicas.
Discriminação Racial no Brasil
O Conceito de raça a questão relativa à adoção do conceito de “raça”, no que
concerne a grupos humanos, assume contornos específicos conforme a análise se dê no
âmbito das ciências biológicas, sociais ou jurídicas. A despeito de se admitir uma
concepção de saber interrelacional, na qual inexistem departamentos estanques e
incomunicáveis de produção do conhecimento ou de seus efeitos, não se deve ignorar as
particularidades para compreensão do todo.
A definição de "raça" como um conceito biológico ou pelo menos como uma
noção sobre diferenças biológicas, objetivas (fenótipos), entre seres humanos escondia
tanto o caráter racialista das distinções de cor, quanto o seu caráter construído, social e
cultural. Se a noção de "raça" se referia as diferenças biológicas hereditárias precisas,
então, segundo esse modo de pensar, a "cor" não podia ser considerada uma noção
racialista, dado que não teria uma remissão hereditária única e inconfundível, seria apenas
um fato e objetivo. Poder-se-ia rejeitar a noção biológica de "raça" e ainda assim
reconhecer diferenças objetivas de "cor".
O preconceito de cor é tratado como sobrevivência deslocada e não funcional. A
ênfase é posta no “preconceito de não ter preconceito” (Bastide & Fernandes, 1955), ou
seja, a incapacidade das classes dominantes e das elites de encararem as persistências do
passado e sobrepujá-las. Para os intelectuais brasileiros, mesmo para o sociólogo e ativista
negro Guerreiro Ramos (1954), o “problema negro” deveria ser subsumido à questão da
formação da classe trabalhadora ou à questão da for [1] nação do povo brasileiro. Era por
meio de estudos sobre a sociedade industrial de classes, a democracia de massas, a ruptura
das amarras imperialistas e neocolonialistas que nós, brasileiros, tentávamos suplantar o
modelo original, americano, dos “estudos de relações raciais”.
Há, de fato, alguns negros entre esses imigrantes [nordestinos] (os “baianos”), mas os brancos
predominam. A imagem coletiva que é atribuída a essa massa, os julgamentos desfavoráveis que ela
provoca e os estereótipos que a definem não separam esses brancos dos baianos. Há, portanto, um
deslocamento do preconceito da cor do indivíduo para a sua posição na hierarquia ocupacional. (Bastide,
1965, p. 24-5)
A cultura é traçada ao longo de linhas étnicas absolutas, não como algo intrinsecamente
fluido, mutante, instável e dinâmico, mas como uma propriedade fixa de grupos sociais, ao invés
de campo relacional no qual os grupos se encontram e vivenciam relações sociais históricas.
Quando a cultura é relacionada à "raça" transforma-se então numa propriedade pseudo-
biológica de vida comunal (Gilroy, 1993, p. 24).
Teorizando o racismo
Christian Delacampagne (1990, pp. 85-6) provê um excelente exemplo dessa
conceituação ampliada do racismo e de seu uso metafórico:
O racismo, no sentido moderno do termo, não começa necessariamente quando se fala da
superioridade fisiológica ou cultural de uma raça sobre outra; ele começa quando se alia a (pretensa)
superioridade cultural direta e mecanicamente dependente da (pretensa) superioridade fisiológica; ou
seja, quando um grupo deriva as características culturais de um grupo dado das suas características
biológicas. O racismo é a redução do cultural ao biológico, a tentativa de fazer o primeiro depender do
segundo. O racismo existe sempre que se pretende explicar um dado status social por uma característica
natural.
A mutação do racismo no Brasil
Qualquer análise do racismo brasileiro deve considerar pelo menos três grandes
processos históricos. Primeiro, o processo de formação da nação brasileira e seu
desdobramento atual; segundo, o intercruzamento discursivo e ideológico da ideia de
"raça" com outros conceitos de hierarquia como classe, status e gênero; terceiro, as
transformações da ordem socioeconômica e seus efeitos regionais. Procurarei em seguida
tocar nos pontos principais (do ponto de vista do racismo atual) de cada um desses
processos.
Para os afro-brasileiros, para aqueles que se chamam a si mesmos de "negros", o
antirracismo tem que significar, entretanto, antes de tudo, a admissão de sua "raça", isto
é, a percepção racializada de si mesmo e dos outros. Isso significa a reconstrução da
negritude a partir da rica herança africana — a cultura afro-brasileira do candomblé, da
capoeira, dos afoxés etc. —, mas significa também se apropriar do legado cultural e
político do "Atlântico negro" — isto é, o Movimento pelos Direitos Civis nos Estados
Unidos, a renascença cultural caribenha, a luta contra o apartheid na África do Sul etc.
O contexto histórico da população negra no Brasil
Entre o ano de 1501 até 1870, quase 13 milhões de africanos foram raptados de
seus países de origem, vendidos como mercadoria e transportados para a América. Desse
número, ¼ foi enviado para o Brasil, sendo que quase 2 milhões de pessoas não chegaram
ao destino, pois morreram de sarampo, sífilis, varíola, disenteria, entre outras
enfermidades. Por conta do tráfico negreiro, que teve seu auge entre 1800 e 1850, o Brasil
contava com uma grande população negra até a segunda metade do século XIX. No
entanto, as condições precárias de alimentação, descanso, higiene, castigos físicos e
jornadas exaustivas nas lavouras restringiam expectativa de vida dos escravizados.
O preconceito no Brasil
Mesmo com a abolição da escravatura em 1888, a população negra não recebeu
incentivos para se integrar à sociedade livre, sendo então marginalizada e excluída. Antes
de adentrarmos nas questões de racismo no Brasil, devemos compreender os conceitos de
dois termos muito comentados: o preconceito e a discriminação racial.
Entende-se por preconceito o julgamento premeditado a respeito de uma pessoa
em determinada situação, gerando assim uma concepção que pode sustentar estereótipos.
Porém, quando se trata da discriminação racial há uma ruptura do princípio da igualdade,
cuja melhor definição conceitual está na Lei 12.288/ 2010. “Discriminação racial ou
étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o
reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer
outro campo da vida pública ou privada”.
Como o racismo se enraizou no comportamento social
Com isso, podemos compreender o racismo como a intersecção entre o preconceito e
a discriminação, que atinge a honra da população negra de diversas maneiras.
Pela transmissão geracional do racismo e da desigualdade, a percepção da sociedade,
em relação aos negros, sempre denotou discriminação e exclusão em vários campos.
A marginalização da população negra, desde a época da escravização, atribuiu
uma percepção de valor deturpada e estereotipada por piadas sobre cabelo, corpo, fala,
entre outros. Um exemplo disso foi o que ocorreu com o professor João Luiz no Big
Brother Brasil deste ano, 2021, pois seu cabelo crespo foi alvo de uma piada racista por
outro participante.
Isso trouxe à tona o debate do racismo estrutural, que está presente na cultura, na política,
no mercado de trabalho, nas instituições públicas e privadas, na educação e em diversos
outros lugares.
Se “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele…”, como diria Nelson
Mandela, logo, esse comportamento é ensinado de alguma maneira ao longo da vida.
Transformações originadas pelo racismo
Ao decorrer desses 133 anos sem escravização, o movimento negro busca,
gradativamente, seu espaço diante de uma sociedade ainda preconceituosa.
Dos quilombos até a era da internet muita coisa aconteceu, sendo que a
representatividade é cada vez mais pautada como uma das medidas antirracistas.
Essa representatividade é relevante nas relações sociais, a fim de reconhecer a
identidade de um grupo e reforçar o direito de igualdade em um caminho diverso.
Podemos ver negros apresentando telejornais, ocupando as universidades e influenciando
pessoas por meio de livros, redes sociais, palestras e outros cenários.
A prática do racismo no Brasil
Embora haja conquistas do movimento negro, infelizmente a situação ainda não é
agradável e a percepção de democracia racial é apenas uma visão romancista.O racismo
no Brasil não é praticado de forma velada, mas sim escancarada, especialmente
considerando os aspectos estruturais e institucionais. As oportunidades no mercado de
trabalho, a distribuição de renda, o percentual da população carcerária e as condições
desiguais de moradia só ressaltam isso. Em 2018, de acordo com atlas de violencia a taxa
de homicídios por 100 mil habitantes foi de 37,8% de negros e 13,9% de não negros em
todo território nacional.
Esses dados demonstram que ainda existe um percurso árduo para a população negra ser
realmente valorizada e respeitada.0
Portanto, ao propor esse debate sobre o racismo no Brasil, devemos nos perguntar
se ainda propagamos conceitos raciais de forma estrutural e aceitar que a educação é a
estratégia mais efetiva para combater esse mal.
Brasil é mais racista que estados unidos?
Não. O Brasil não é mais racista que os Estados Unidos. Também não é menos.
Na verdade, experiências de racismo não devem ser comparadas de forma quantificável.
O essencial é que os dois países possuem um passado de escravidão e são, ainda hoje,
estruturalmente racistas. Mas cada sociedade se formou de uma maneira, com valores
diferentes. E cada uma tomou caminhos distintos para lidar com a questão racial,
produzindo desdobramentos também muito particulares, como apontam a historiadora
Luciana Brito, a socióloga Flavia Rios e o advogado e filósofo Silvio Almeida. Hoje, 13%
da população dos Estados Unidos é negra. No Brasil, 55%, segundo o IBG.
Conclusão
Portanto, racismo é a crença em que uma raça ou certas características físicas
sejam superiores a outras. O racismo pode se manifestar tanto em nível individual, como
em nível institucional, através de políticas como a escravidão, o apartheid, o holocausto,
o colonialismo, o imperialismo, dentre outros.
Embora o racismo associe-se ao preconceito contra os negros, ele pode se
manifestar contra qualquer raça ou etnia, sejam asiáticos, indígenas etc. É importante
lembrar que a prática do racismo, no Brasil, é considerada um crime inafiançável, com
pena de até 3 anos de prisão.
Referência bibliográfica
1. GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Racismo e Antirracismo no Brasil.
São Paulo 2005. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2128310/mod_resource/content/1/AS
G_racismo_e_anti_racismo_NE%2043_1995.pdf > Acesso em 20 jun 2023.
2. REVISTA DE ANTROPOLOGIA, SÃO PAULO, USP, 2004, V. 47 Nº 1.
3. PINTO, L. A. C. O negro no Rio de Janeiro: relações de raças numa sociedade
em mudança. Rio de Janeiro, Cia. Editora Nacional 1998 [1953]
4. MUNANGA, Kabengele. Negritude Afro-Brasileira: Perspectivas e
Dificuldades. Departamento de Antropologia, Universidade de São Paulo. Revista
de Antropologia, (33), 1990.
5. https://brasil.elpais.com/brasil/2020-11-19/o-brasil-e-mais-racista-que-os-
estados-unidos.html
6. https://www.editora34.com.br/detalhe.asp?id=128