Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
RESOLUÇÃO Nº 126 DE 10 DE JULHO DE 2007
Dispõe sobre a reiteração de
discordância com as propostas de
rebaixamento da maioridade penal.
A Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda, no
uso das atribuições legais estabelecidos na Lei n.º 8.242, de 12 de outubro de 1991, art. 5º ,
parágrafos 1º ao 6º do Regimento Interno e a deliberação do Conselho, em sua 148ª Assembléia
(Extraordinária ), realizada no dia 26 de Fevereiro de 2007, resolve:
Art. 1º - Aprovar , divulgar e tornar publica a seguinte Nota :
I - O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) vem a público
manifestar-se contra a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reduz a idade
penal de 18 para 16 anos por considerá-la inconstitucional e comprometedora da imagem e da
credibilidade do país com relação aos compromissos internacionais assumidos, como a Convenção
sobre os Direitos da Criança e do Adolescente da Organização das Nações Unidas (ONU) ratificada
pelo país em 1990.
Como principal órgão do sistema de garantias dos direitos da criança e do adolescente no
país, criado pelo próprio Estatuto da Criança e do Adolescente e formado, paritariamente, por
membros do governo e da sociedade civil, o Conanda tem como missão principal a promoção, a
defesa e a garantia integral dos direitos da criança e do adolescente. Nesse sentido, tendo em
vista que a Constituição Federal Brasileira de 1988 considerou que a inimputabilidade penal é
direito e garantia fundamental de todas as pessoas com menos de 18 anos (crianças e
adolescentes), isto significa que o adolescente não responde criminalmente quando comete atos
infracionais (crimes ou contravenções), mas responde conforme a legislação especial (Estatuto da
Criança e do Adolescente). O artigo 60, parágrafo 4, inciso 4, da Constituição Federal dispõe que
“não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias
individuais”.
Além disso, o Brasil ao ratificar a Convenção da ONU se obrigou a tratar de forma totalmente
diferenciada as crianças e adolescentes com relação aos adultos, quando se envolvem com a
criminalidade. A Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente da ONU após ser ratificada
pelo país signatário tem “status” constitucional, se incorporando ao rol dos direitos e garantias
fundamentais da Constituição Federal. Portanto, além dos motivos sociais, econômicos e
psicológicos já explicitados em notas anteriores do Conselho (anexos), a PEC aprovada ontem na
Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal está ferindo frontalmente princípios
constitucionais e garantias elementares das crianças e adolescentes.
Diante disso, o Conanda, com o apoio do jurista Dalmo de Abreu Dallari e da Associação
Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude (ABMP) irá elaborar e impetrar um
mandado de segurança, com pedido de liminar, no Supremo Tribunal Federal (STF), visando à
paralisação imediata da tramitação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que trata da
redução da idade penal no Congresso Nacional, defendendo dessa forma a prevalência da
soberania dos princípios constitucionais no Estado Democrático de Direito e em defesa do integral
cumprimento da Lei 8.069, de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) .
Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
CARMEN SILVEIRA OLIVEIRA
Presidente do CONANDA