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Código de Ética

O Código de Ética orienta a conduta profissional, promovendo integridade, responsabilidade e confiança nas relações interpessoais. A Polícia da República de Moçambique (PRM) adota um Código de Ética que estabelece normas claras para a conduta dos agentes, visando garantir a legalidade e o respeito aos direitos humanos. Sanções disciplinares são previstas para infrações, assegurando um processo justo e a possibilidade de reabilitação profissional.

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Código de Ética

O Código de Ética orienta a conduta profissional, promovendo integridade, responsabilidade e confiança nas relações interpessoais. A Polícia da República de Moçambique (PRM) adota um Código de Ética que estabelece normas claras para a conduta dos agentes, visando garantir a legalidade e o respeito aos direitos humanos. Sanções disciplinares são previstas para infrações, assegurando um processo justo e a possibilidade de reabilitação profissional.

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Código de Ética

O Código de Ética é um conjunto de directrizes e princípios que orientam a conduta de


indivíduos ou organizações em suas práticas profissionais. A definição e a aplicação de um
Código de Ética têm sido objecto de debate entre diversos autores.

Debate sobre a Definição de Código de Ética

Resnik (2018), argumenta que um Código de Ética é essencial para garantir a integridade e a
responsabilidade nas acções dos profissionais. Ele enfatiza a necessidade de directrizes claras
que ajudem os indivíduos a tomar decisões éticas em contextos complexos.

Beauchamp e Childress (2013), por outro lado, ampliam essa discussão ao afirmar que um
Código de Ética deve incorporar princípios fundamentais como autonomia, beneficência, não-
maleficência e justiça. Para eles, a ética não se resume a regras, mas deve considerar valores
éticos mais amplos que guiam a prática profissional.

Gert et al. (2017), trazem uma perspectiva adicional ao afirmar que um Código de Ética deve
promover a confiança nas relações interpessoais e profissionais. Eles argumentam que, para ser
eficaz, um Código de Ética deve ser compreensível e aplicável, ajudando a construir uma cultura
de confiança e responsabilidade.

Importância do Código de Ética

Orientação e Directrizes: O Código de Ética fornece um guia claro sobre como agir em situações
éticas. A American Psychological Association (2020), destaca que essas directrizes ajudam os
profissionais a enfrentarem dilemas éticos, promovendo decisões mais informadas e
responsáveis.

Protecção: O Código de Ética protege os profissionais contra práticas antiéticas. Resnik (2018),
menciona que a existência de tais códigos pode ajudar a prevenir comportamentos prejudiciais
tanto para os indivíduos quanto para a organização. Segundo McEthics (2021), a implementação
de um Código de Ética sólido pode servir como um escudo contra litígios e danos à reputação.

Confiança: Um Código de Ética bem estruturado aumenta a confiança do público e dos


stakeholders. A American Psychological Association (2020), afirma que essa confiança é crucial

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para a credibilidade de qualquer profissão, pois demonstra um compromisso com altos padrões
éticos.

Responsabilidade: O Código de Ética estabelece a responsabilidade dos profissionais em suas


acções. Isso é importante para a promoção da accountability, em que os indivíduos são
responsabilizados por suas decisões e comportamentos (Resnik, 2018). Hartman e DesJardins
(2013), enfatizam que a responsabilidade ética é fundamental para o funcionamento efetivo de
qualquer organização.

Cultura Organizacional: A implementação de um Código de Ética contribui significativamente


para a formação de uma cultura ética dentro das organizações. A American Psychological
Association (2020), ressalta que essa cultura influencia positivamente o comportamento dos
colaboradores e promove um ambiente de trabalho saudável e colaborativo. Segundo Treviño e
Nelson (2016), organizações com uma forte cultura ética tendem a ter um desempenho superior e
maior satisfação dos colaboradores.

Código de Ética da Polícia da República de Moçambique (PRM)

A ética policial representa o conjunto de princípios, valores e normas que orientam a conduta dos
agentes da PRM, assegurando que suas acções estejam sempre em conformidade com a
legalidade, o respeito à dignidade humana e a responsabilidade social (Santos, 2025). Silva
(2023) reforça que o Código de Ética da PRM é fundamental para garantir uma actuação
profissional íntegra, disciplinada e comprometida com o bem-estar da sociedade, fortalecendo a
confiança da população na instituição policial. Assim, o Código de Ética funciona como um guia
prático e normativo que assegura que os membros da PRM atuem com honestidade, respeito e
justiça, preservando a imagem e a legitimidade da corporação.

Normas e Directrizes Previstas no Código

O Decreto nº 30/2019, de 30 de Abril, que institui o Estatuto Orgânico da PRM, estabelece que a
polícia é um serviço público de natureza paramilitar que deve actuar respeitando a Constituição,
as leis, os direitos humanos e a ordem pública (República de Moçambique, 2019).

O Código de Ética da PRM impõe normas claras para a conduta dos seus membros, entre as
quais destacam-se:

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 Cumprimento rigoroso da legislação e ordens superiores: Os agentes devem agir
estritamente conforme a Constituição, as leis e as ordens legítimas, garantindo que suas
acções estejam dentro do marco legal e institucional.
 Respeito à dignidade e aos direitos humanos: O polícia deve tratar todas as pessoas com
respeito, sem discriminação por raça, sexo, religião, origem ou qualquer outra condição,
evitando abusos de poder e garantindo o tratamento justo e igualitário.
 Conduta exemplar dentro e fora do serviço: A ética policial exige que o
comportamento do agente seja íntegro não apenas durante o serviço, mas também em sua
vida pessoal, pois a imagem da instituição depende da conduta individual.
 Imparcialidade, honestidade e transparência: Os agentes da PRM devem actuar sem
favorecimentos, com honestidade e clareza, promovendo a confiança da população.
 Zelo pelo uso correto dos recursos públicos e património do Estado: O agente deve
proteger os bens públicos e utilizar os recursos da corporação de forma responsável e
eficiente (Decreto nº 28/99, 24 de Maio).

Essas directrizes são essenciais para manter a legitimidade da PRM e garantir a confiança da
sociedade.

Sanções para condutas antiéticas – Explicação detalhada e exaustiva

O Regulamento Disciplinar da Polícia da República de Moçambique, aprovado pelo Decreto nº


84/2014, de 31 de Dezembro, detalha o regime disciplinar e o processo para apurar e punir as
infracções cometidas pelos membros da PRM (República de Moçambique, 2014). A seguir,
explicamos detalhadamente as sanções previstas, o processo disciplinar e os órgãos responsáveis,
para compreender como a PRM assegura a disciplina e a ética institucional.

1. Conceito de infracção disciplinar

Considera-se infracção disciplinar qualquer ato ou omissão dolosa ou culposa que viole os
deveres, normas e princípios éticos da PRM, comprometendo a ordem, a disciplina ou a imagem
da instituição (Art. 5, Decreto nº 84/2014). Exemplos incluem desobediência, negligência, abuso
de poder, corrupção, indisciplina, entre outros.

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2. Tipos de Sanções Disciplinares

As sanções são graduadas conforme a gravidade da infracção, visando corrigir o comportamento


e preservar a disciplina. São elas:

Advertência (Art. 15): É uma crítica formal feita pelo superior hierárquico, destinada a corrigir
uma falha leve na conduta do policial. Tem carácter educativo e serve para alertar o agente sobre
a necessidade de mudança de comportamento.

 Repreensão pública (Art. 16): Consiste em uma crítica feita na presença dos colegas ou
em público, para enfatizar a gravidade da infracção e estimular a correcção imediata. É
uma sanção mais severa que a advertência e visa preservar a disciplina no ambiente de
trabalho.
 Multa (Art. 17): Aplicada como desconto no vencimento do policial, que pode variar
entre 5 e 90 dias, graduada conforme a gravidade da infracção. A multa tem carácter
punitivo e educativo, desestimulando a repetição da conduta inadequada.
 Aquartelamento ou corte de licença (Art. 41): Restrição temporária da liberdade de
circulação do policial dentro da unidade, ou suspensão da licença de saída, por até 15
dias, aplicada em infracções que demandam maior controle disciplinar.
 Despromoção (Art. 18): Implica a perda de antiguidade, redução de direitos como
licença anual e impossibilidade de promoção durante o período da sanção. Aplica-se em
infracções graves que comprometem a confiança e a hierarquia.
 Demissão (Art. 19): A demissão implica a perda do cargo e da função pública, com
consequências administrativas, como a perda do tempo para efeitos de pensão. É aplicada
em infracções muito graves que comprometem a integridade da instituição.
 Reforma compulsiva e expulsão (Arts. 20 e 21): São as sanções mais severas, aplicadas
em casos extremos, que implicam a saída definitiva do policial da corporação, com perda
total dos direitos funcionais.

3. Processo Disciplinar – Garantias e Etapas

O processo disciplinar é um procedimento formal que assegura o direito à ampla defesa e ao


contraditório do policial acusado (Art. 34). As etapas principais são:

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 Início: O processo pode ser iniciado por ordem do dirigente, mediante denúncia,
participação ou conhecimento directo da infracção (Art. 100 do EGFAE).
 Instrução: Recolha de provas, audições de testemunhas e elaboração da nota de culpa,
que informa o policial sobre as acusações.
 Defesa: O arguido tem direito a apresentar defesa escrita e provas em sua defesa.
 Julgamento: O Conselho de Ética e Disciplina analisa as provas e decide pela aplicação
ou não da sanção.
 Recurso: O policial pode recorrer da decisão para instâncias superiores, garantindo o
devido processo legal.

A suspensão preventiva do serviço pode ser aplicada por até 60 dias, prorrogáveis, quando
houver fortes indícios de culpa e risco de continuidade da infracção, protegendo a integridade do
processo e da instituição (Art. 42).

4. Registro e Cancelamento das Sanções

As sanções a partir da repreensão pública são registadas no assento biográfico do policial, o que
pode influenciar sua carreira (Art. 33). Contudo, se o agente demonstrar boa conduta e
regeneração, a menção da infracção e da sanção pode ser cancelada após três anos, permitindo a
reabilitação profissional.

5. Competência para Aplicação das Sanções

A aplicação das sanções é distribuída hierarquicamente:

 Comandante de Quartel: aplica advertência e repreensão pública (Art. 40).


 Comandante Distrital: aplica advertência, repreensão pública, aquartelamento ou corte
de licença até 15 dias e multa até 15 dias (Art. 41).
 Chefe de Departamento Regional: competência para sanções mais severas, conforme
regulamento (Art. 42).
 Comandante-Geral: competência para demissão, expulsão e demais sanções máximas
(Art. 5, Decreto nº 30/2019).

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Referências

American Psychological Association. (2020). Publication manual of the American Psychological


Association (7th ed.). Washington, DC: Author.

Beauchamp, T. L., & Childress, J. F. (2013). Principles of biomedical ethics (7th ed.). Oxford
University Press.

Gert, B., Culver, C., & Clouser, K. D. (2017). Bioethics: A return to fundamentals. Oxford
University Press.

Hartman, L. P., & DesJardins, J. (2013). Business ethics: Decision making for personal integrity
and social responsibility. McGraw-Hill.

McEthics. (2021). The role of ethics in business. Retrieved from [McEthics]

Resnik, D. B. (2018). What is ethics in research & why is it important? National Institute of
Environmental Health Sciences.

Treviño, L. K., & Nelson, K. A. (2016). Managing business ethics: Straight talk about how to do
it right (6th ed.). Wiley.

Santos, M. (2025). Ética e conduta policial em Moçambique: desafios e perspectivas. Editora


Académica. Maputo.

Silva, J. (2023). Princípios éticos na actuação policial: um estudo sobre a Polícia da República
de Moçambique. Revista Moçambicana de Segurança Pública, 12(1), 45-60.

Legislação Consultada

República de Moçambique. (1999, 24 de Maio). Decreto nº 28/99 - Estatuto do Polícia. Diário da


República.

República de Moçambique. (2014, 31 de Dezembro). Decreto nº 84/2014 – Regulamento


Disciplinar da Polícia da República de Moçambique. Diário da República.

República de Moçambique. (2019, 30 de Abril). Decreto nº 30/2019 – Estatuto Orgânico da


Polícia da República de Moçambique. Diário da República.

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