0% acharam este documento útil (0 voto)
11 visualizações21 páginas

181 Observatorio

O artigo discute a construção da cidadania no Brasil, focando na luta pelo reconhecimento e regulamentação do trabalho doméstico, que historicamente enfrentou desafios devido à sua caracterização não produtiva e à falta de sindicalização. A pesquisa analisa marcos legais, como a Constituição de 1988 e a 'PEC das domésticas', evidenciando as contradições sociais e políticas que dificultam a plena cidadania das trabalhadoras domésticas. Conclui-se que a regulamentação do trabalho doméstico é um reflexo das desigualdades estruturais e da falta de reconhecimento do seu impacto econômico.

Enviado por

annavicrocha152
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
11 visualizações21 páginas

181 Observatorio

O artigo discute a construção da cidadania no Brasil, focando na luta pelo reconhecimento e regulamentação do trabalho doméstico, que historicamente enfrentou desafios devido à sua caracterização não produtiva e à falta de sindicalização. A pesquisa analisa marcos legais, como a Constituição de 1988 e a 'PEC das domésticas', evidenciando as contradições sociais e políticas que dificultam a plena cidadania das trabalhadoras domésticas. Conclui-se que a regulamentação do trabalho doméstico é um reflexo das desigualdades estruturais e da falta de reconhecimento do seu impacto econômico.

Enviado por

annavicrocha152
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 21

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA

Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

A construção da cidadania no Brasil: a luta pelo reconhecimento e


regulamentação do trabalho doméstico

The construction of citizenship in Brazil: the struggle for the


recognition and regulation of domestic work
DOI: 10.55905/oelv21n11-181

Recebimento dos originais: 20/10/2023


Aceitação para publicação: 22/11/2023

Emily Santos Mota


Doutoranda em Política Social no Programa de Estudos Pós-Graduados
Instituição: Universidade Federal Fluminense, Escola de Serviço Social (UFF - ESS)
Endereço: Rua Professor Marcos Waldemar de Freitas Reis, Bloco E 3º andar Campus
Universitário do Gragoatá, São Domingos, Niterói – RJ, CEP: 24210-201
E-mail: [email protected]

RESUMO
O presente artigo propõe discutir a temática da construção da cidadania, tratando da
especificidade da luta pelo reconhecimento e regulamentação do trabalho doméstico no
Brasil, considerando o trabalhador doméstico essencialmente a empregada doméstica, ou
seja, aquela que atua no interior dos domicílios como responsável pelos trabalhos dos
cuidados. A proposta do artigo é ir além da narrativa de fatos que envolvem conquistas
legais por parte dessa categoria, e procura argumentar também sobre os efeitos dos
contextos sociais, políticos e ideológicos presentes em cada marco legal, mostrando,
nesse caso, as contradições e conflitos que atravessavam as incorporações das massas na
estrutura protetiva quando estas estavam nas suas fases mais expansivas.
Metodologicamente, a pesquisa foi realizada por meio bibliográfico dentro de um método
dedutivo, de modo que a discussão generalista acerca da implementação da cidadania
regulada funcionou como base interpretativa da luta seminal das trabalhadoras domésticas
por direitos e proteção social. A cidadania regulada é o ponto de partida da discussão,
considerando não somente os elementos característicos desse modelo de cidadania - o
autoritarismo, corporativismo e controle das massas - como também seus impactos no
efeito regulatório do trabalho doméstico brasileiro. Além da cidadania regulada, o marco
que celebra a consagração da Constituição Federal em 1988 também foi um elemento de
discussão do artigo. Foi possível, por meio dela, interpretar as contradições entre a
proposta da Constituinte e os conflitos ideológicos e de classe presentes nesse momento
da sociedade brasileira, e, ademais, os impactos que isso acarretou na incorporação da
categoria doméstica no corpo protetivo do Estado. Em um ponto posterior, a ‘PEC das
domésticas’ também é discutida, permitindo compreender o debate que permeava o
momento da sua aprovação, e quais os embargos ainda existentes na equiparação da
cidadania das domésticas em relação as demais categorias profissionais. De forma
conclusiva, a pesquisa mostra que a dificuldade de reconhecimento e regulamentação do

Page 21937

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

trabalho doméstico no Brasil vem: da caracterização não produtiva desse trabalho, que
não gera lucro; da dificuldade de sindicalização; dos conflitos de classe que envolve a
exploração do trabalho doméstico; e da falta de compreensão do impacto econômico do
trabalho doméstico no PIB e na renda das famílias usuárias desse tipo de prestação de
serviço.

Palavras-chave: cidadania regulada, trabalho doméstico, regulamentação.

ABSTRACT
This article proposes to discuss the topic of the construction of citizenship, dealing with
the specificity of the struggle for the recognition and regulation of domestic work in
Brazil, considering the domestic worker essentially the domestic worker, that is, the one
who acts inside the households as responsible for the work of care. The article's proposal
is to go beyond the narrative of facts that involve legal conquests by this category, and it
also seeks to argue about the effects of the social, political and ideological contexts
present in each legal landmark, showing, in this case, the contradictions and conflicts that
went through the incorporations of the masses into the protective structure when they
were in their most expansive stages. Methodologically, the research was carried out by
bibliographic means within a deductive method, so that the generalist discussion about
the implementation of regulated citizenship functioned as the interpretative basis of the
seminal struggle of domestic workers for rights and social protection. Regulated
citizenship is the starting point of the discussion, considering not only the characteristic
elements of this citizenship model - authoritarianism, corporatism and mass control - but
also its impacts on the regulatory effect of Brazilian domestic work. Besides regulated
citizenship, the landmark that celebrates the consecration of the Federal Constitution in
1988 was also an element of discussion of the article. It was possible, by means of it, to
interpret the contradictions between the proposal of the Constituent Assembly and the
ideological and class conflicts present at this moment in Brazilian society, and,
furthermore, the impacts that this brought about in the incorporation of the domestic
category into the protective body of the State. At a later point, the `PEC das Domesticas'
is also discussed, making it possible to understand the debate that permeated the moment
of its approval, and what embargoes still exist in the assimilation of the citizenship of the
domestic women in relation to the other professional categories. In a conclusive manner,
the research shows that the difficulty in recognizing and regulating domestic work in
Brazil comes from the non-productive characterization of this work, which does not
generate profit; from the difficulty of unionization; from the class conflicts that involve
the exploitation of domestic work; and from the lack of understanding of the economic
impact of domestic work on the GDP and income of the families that use this kind of
service.

Keywords: regulated citizenship, domestic work, regulation.

Page 21938

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

1 INTRODUÇÃO
De modo geral, a cidadania enquanto matéria a ser estudada, é referenciada a partir
dos pressupostos de Marshall, responsável por essa elaboração conceitual, e direcionado
por meio dos estudos da evolução da sociedade inglesa. Pelos pressupostos Marshallianos
de cidadania, os direitos civis se referiam ao direito à vida, igualdade e liberdade, já os
direitos políticos se tratavam do direito à associação e representação, enquanto que os
direitos sociais eram referentes à participação na riqueza produzida. Entretanto, o modelo
de Marshall não pode ser considerado universal - e o autor deixou explícito que não tinha
o interesse de fazê-lo - uma vez que cada sociedade desenvolveu seu processo de
construção de cidadania de formas diferentes, principalmente por terem iniciado sua
consolidação em tempos históricos diversos, como no caso do Brasil, que tem a base
autoritária e conservadora na sua formação (SILVA, 2009)
No Brasil, a cidadania foi consolidada com o processo de incorporação das massas
populares na estrutura protetiva de forma fragmentada, caracteristicamente regulada, ou
seja, o indivíduo precisava estar vinculado a um setor trabalhista que fosse reconhecido
pelo governo como um trabalho formal, e associado e contributivo com a crescente
industrialização, levando diversos setores, como os trabalhadores domésticos e rurais, por
exemplo, a ficarem descobertos. Segundo Santos (1987) toda política social brasileira, e
para além dela, em 1930, e posteriormente também, estava vinculada e dependente do
processo de acumulação capitalista, e isso quer dizer que a política social não deveria
gerar comprometimento ou pudesse de fato alterar à acumulação. Nesse sentido, o
objetivo desse artigo é discutir a construção da cidadania das trabalhadoras domésticas
no Brasil, com ênfase na luta pelo reconhecimento e regulamentação do trabalho
doméstico, tratando do processo de sindicalização dessa categoria iniciado em 1930, na
promulgação da Constituição Federal de 1988, e na ‘PEC das domésticas’ em 2013
(OLIVEIRA, 2009; SILVA, 2009). No entanto, a proposta é ir além da narrativa de fatos
que envolvem conquistas legais por parte dessa categoria, e procura argumentar também
sobre os efeitos dos contextos sociais, políticos e ideológicos presentes em cada marco
legal, mostrando, nesse caso, as contradições e conflitos que atravessavam as

Page 21939

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

incorporações das massas na estrutura protetiva quando estas estavam nas suas fases mais
expansivas.
A profissão de trabalhadora doméstica, que não era considerada um trabalho
contributivo com o projeto de desenvolvimento estabelecido desde 1930, é uma herança
cultural do período da escravidão, e que sempre foi tratado como “lugar feminino”, e mais
do que isso, é um exercício comum e que foi destinado para a população feminina e negra.
Após a abolição da escravatura, essa foi a principal ocupação feminina e negra no Brasil,
acontecendo, inclusive, do oferecimento do trabalho não ter remuneração assalariada em
ua cotraprestação. Discutir a regulamentação dessa categoria, e compreender o seu
processo de organização será muito importante, pois ajuda a compreender os elementos
do processo político que fundamentou a construção da cidadania brasileira (MELO, 1998;
OLIVEIRA, 2009).
O trabalho doméstico foi escolhido para discutir a construção da cidadania no
Brasil em função das desigualdades que esse setor trabalhista possui em relação aos
demais, no que se refere ao processo de regulamentação e reconhecimento. Por muito
tempo essas profissionais não tiveram seus direitos definidos legalmente, seu processo de
regulamentação iniciou tardiamente, e até hoje não há equiparação prática com os demais
setores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) principalmente no que se
refere às regras fundamentais que regem o exercício da função e a sua seguridade.
(OLIVEIRA, 2009).
A trabalhadora domestica, dessa forma, vivenciou desde o início a falta daquilo
que Silva (2009) chamou de “cidadania plena”. Este conceito define que é no exercício
do conjunto dos direitos civis, políticos e sociais que o indivíduo se torna cidadão em sua
essência completa, de modo que a existência de apenas alguns direitos não
necessariamente determina que o indivíduo de fato possua cidadania. Nessa perspectiva,
existe então, no trabalho doméstico, a vivência de uma cidadania incompleta, visto que
enquanto uma pequena parcela populacional consegue vivenciar plenamente o gozo
desses direitos, esse grupo específico travou, e vem travando, uma extensa luta para ser
reconhecido como cidadão de fato e de direito (SILVA, 2009).

Page 21940

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

Os direitos trabalhistas se consolidaram no Brasil por meio de várias lutas e


tensões, e com o trabalho doméstico não foi diferente. O período de 1930 foi marcado
pela ação sindical como o principal meio de comunicação entre a classe trabalhadora e o
poder público, entretanto, o sindicato das trabalhadoras domésticas não possuíam
organização ou força suficiente para negociar suas demandas, principalmente por estas
não serem reconhecidas como tais. No período da redemocratização, o movimento
feminista foi atuante de forma ímpar, negociando no corpo a corpo pela consolidação da
cidadania feminina, e um dos pontos foi a necessidade de regulamentar a seguridade do
trabalho doméstico, entretanto, apesar da Constituição Federal de 1988 ser considerada a
“Constituição cidadã”, e considerasse os direitos sociais como parte componente da
cidadania, as empregadas domésticas não conseguiram ser resguardadas legalmente na
mesma proporção que os demais setores (RIBEIRO FILHO, 2016).
Metodologicamente, a pesquisa se dá por meio bibliográfico e método dedutivo,
de modo que o debate sobre o conceito de cidadania parte de uma lógica generalista sobre
sua implementação, e adentra na especificidade do trabalho doméstico por meio de dois
momentos: a regulada, pré – Constituição, que traz uma fundamentação teórica para o
tardiamento e morosidade da regulamentação do trabalho doméstico no Brasil; e a
Constituição Federal de 1988, com suas contradições no processo de ampliação dos
direitos ao não conseguir cobrir totalmente as trabalhadoras domésticas em relação aos
demais trabalhadores, isso só sendo possível mais tarde com a PEC das domésticas.

2 A CIDADANIA REGULADA E SUA RELAÇÃO COM AS CATEGORIAS


PROFISSIONAIS
A cidadania brasileira se caracteriza pela cristalização estrutural da sociedade.
Essas relações de poder cristalizadas socialmente acabam por esboçar o processo de
construção do Estado Nacional, que se caracteriza por estar sempre em situação de
incompletude. A escolha de um formato de política social que se organiza com base em
relações tradicionais de autoridade e é consumado em modelos distintos para cada
seguimento de trabalhadores se institui na crença da desigualdade natural dos homens,

Page 21941

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

indicando qual o lugar que cada um das secções ocupa nessa convergência de forças
(FLEURY, 2008).
O conceito de cidadania é plural e muito amplo, entretanto, a cidadania regulada,
pelo menos durante o seu processo de constituição teórica, é a que se aproxima e se
condiciona aos tipos de categorias profissionais no Brasil. Segundo Wanderley
Guilherme dos Santos (1987) a cidadania regulada determina a cidadania dos indivíduos
conforme eles estejam associados às categorias profissionais regulamentadas e
reconhecidas por lei. Existia, então, uma dependência com a estrutura de governo, visto
que a designação de quem era ou não cidadão, que proporcionava o usufruto dos
benefícios, estava vinculado à associação em sindicatos que eram admitidos pelo
governo. Essa forma de atuação do governo retratava a sua caracterização corporativista,
que utilizava dos sindicatos para controlar a regulação da cidadania, e levando os direitos
sociais a serem reconhecidos como uma gratificação ao trabalho exercido, e não como
um direito de fato, um direito de todos (OLIVEIRA, 2009).
Ao apresentar o conceito de cidadania regulada, Santos (1987) relembra que a
forma como ocorreu a implementação da política social no Brasil impactou as raízes da
ordem social brasileira, e ao fazer isso o autor tenta mostrar como a escolha por esse tipo
de implementação se torna um mecanismo que incorpora trabalhadores na cobertura da
cidadania de forma hierarquizada. Essa hierarquização foi uma conseqüência da
dependência que a política social tinha do projeto de desenvolvimento econômico que foi
desenhado para o país naquele período, priorizando trabalhadores pertencentes a setores
urbanos que consolidavam contribuições lucrativas, e nesse caso, as trabalhadoras
domésticas e outras categorias ficaram de fora desse processo, visto que o seu trabalho
era visto como de caráter reprodutor e incapaz de gerar mais - valia. A fragmentação no
acesso aos direitos sociais conduziu o intento de melhorias substanciais nas condições de
vida da população para um plano secundário, de modo que as trabalhadoras domésticas
só tiveram qualquer aceno de expansão de direitos a partir das décadas de 1960 e 1970
(LOBATO, 2016; OLIVEIRA, 2009).
A concessão de privilégios e a incorporação das massas populares de forma
regulada por parte do Estado não se configurou à toa, existe um projeto político e

Page 21942

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

econômico por trás dessas decisões, e tais hipóteses são sustentadas por Santos (1987) e
Vianna (1999). Santos (1987) elaborou em sua tese que esse formato de cidadania, aberto,
mas sob o controle do Estado, ao idealizar a existência de pré-cidadãos, e prometer a
incorporação regulada destes que vivem marginalizados na sociedade brasileira, se
colocava como um Estado disposto a ampliar a regulação profissional, e isso promovia
embasamento explicativo para o regime autoritário, tanto em 1930 como em 1964, que
dominava pelo alto, mas que controla repressivamente as classes populares ao mesmo
tempo em que permitia, de forma regulada, a sua ascensão.
Vianna (1999) de forma complementar, mas com um pensamento associado e
contributivo à Santos (1998) defende que a mudança do regime governamental liberal e
oligárquico para o corporativista de Vargas é de suma importância para a incorporação
das massas na ordem capitalista. Ao utilizar de métodos comunitaristas no processo de
inclusão de setores ocupacionais, a permissão da consolidação de modelos autoritários se
constituiu com mais facilidade em função do apoio da massa populacional interessada em
ser inclusa nos benefícios da cidadania. É possível perceber, então, que a caracterização
corporativista presente na cidadania regulada faz parte de um projeto mobilizado pelas
elites empenhadas no controle das massas populares.
A classe trabalhadora exercia pressão popular, mesmo que de forma tutelada e
sem possuir posição ideológica organizada. Pressionado por ela, o poder estatal se via na
obrigação de controlar as forças sociais, e para tal, não podia se colocar como indiferente
às demandas solicitadas, assim como não poderia deixar de institucionalizar soluções para
elas nesse modelo social. O controle dessas forças sociais passou a ser exercido por meio
da legislação. Nos períodos autoritários a legislação surge como um mecanismo de
controle social, moldando a participação social de acordo com as adequações do governo.
Além do controle social, a legislação se manifesta como meios de mascaramento das
contradições nas quais a classe trabalhadora estava envolvida – desigualdade entre o
capital e a classe trabalhadora, e o papel de controle repressor dos sindicatos. As marcas
deixadas pelo projeto de controle de massas por meio da ação da cidadania regulada, e o
uso da legislação como instrumente de mascaramento das contradições e desigualdades

Page 21943

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

de classe se faz importantes para compreender as nuances e tensões existentes no processo


de reconhecimento e regulamentação do trabalho doméstico no Brasil.

3 A DIFICULDADE DE SINDICALIZAÇÃO E SEU EFEITO REGULATÓRIO:


PRÉ - CONSTITUIÇÃO DE 1988
Tratar da dificuldade de sindicalização das trabalhadoras domésticas é um passo
importante, pois partiu de várias percepções acerca do papel dos sindicatos a partir de
1930. Independentemente da existência do controle estatal, o sindicato atuava de maneira
fundamentalmente essencial por exercer um canal de comunicação entre a massa
trabalhadora e o poder público. Lá foi o espaço embrionário de organização da classe
trabalhadora em torno de pautas específicas e fundamentais para o exercício das suas
funções (OLIVEIRA, 2009).
Para Santos (1987) a morosidade da regulamentação do trabalho doméstico era
fruto da dispersão das demandas1 mesmo essa categoria se constituindo como um
importante contingente de trabalhadores, pois isso impedia que as trabalhadoras
conseguissem se organizar enquanto sindicato forte e com alta capacidade de negociação.
Essa dificuldade em reconhecer e a recusa em regulamentar vem de dois lugares
diferentes: a relação estabelecida entre as empregadas e os seus patrões (criando laços de
lealdade, e sensação de fazer parte da família), e por se configurar em uma relação
diferente do conflito entre capital e trabalho (o trabalho não era visto como produtor de
riqueza, ou seja, o emprego da força de trabalho não tinha poder gerador de mais-valia)
(OLIVEIRA, 2009).
Essa visão do trabalho enquanto gerador de mais – valia faz parte da visão
marxista de que a produção capitalista é a produção de mercadoria, de modo que quando
um trabalhador vende seu serviço, ele será remunerado, mas nem sempre seu trabalho
gerará valor, mais – valia, a quem contrata seus serviços. Essa “não – produtividade” foi
o fio condutor utilizado como justificativa para a negação de direitos para essa categoria,

1
As demandas não eram reconhecidas como tal.

Page 21944

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

pois na relação tradicional marxista entre trabalho e a formação de capital, o trabalho


doméstico se enquadra da seguinte forma:

O trabalho da empregada doméstica é pago com renda pessoal, não pode ser
produtivo, pois a simples troca de dinheiro por trabalho não define tal caráter.
Não é produtivo, ainda, pois, para ser, deveria produzir riqueza material ao
mercado via trabalho não pago. As empregadas domésticas produzem serviços
para o consumo imediato da família empregadora e não mercadorias que serão
comercializadas (COSTA e VIEIRA, 20192).

O sindicato enquanto organização política trouxe benefícios fundamentais a serem


usufruídos pela classe trabalhadora em 1930, 1941 e 1943, entretanto, não se pode dizer
o mesmo da empregada doméstica.
As trabalhadoras domésticas tiveram seu processo de sindicalização iniciado
juntamente com a fundação da Associação das Empregadas Domésticas em 1936, uma
iniciativa pioneira de Dona Laudelina Campos Melo3 na cidade de São Paulo. Já a partir
de 1950, depois de um adiamento decorrente do Estado Novo, o momento político de pós
- ditadura deu a oportunidade da expansão da luta pela sindicalização da categoria.
Retomando as articulações no eixo Rio – São Paulo, mas para além desse eixo, as
associações fizeram parte de projetos municipais, caracteristicamente dispersos e
focalizados, podendo ser encontrados em Recife, João Pessoa, Porto Alegre, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, Piracicaba, São Paulo, etc. Todavia, as Associações só
alcançam uma dimensão Nacional na década de 1960 por meio da contribuição atuante
da Igreja católica (BERNARDINO - COSTA, 2007; BERNARDINO - COSTA, 2015).
O período getulista foi essencial para a classe trabalhadora, visto que foram
criados o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio em 1930 e também as “leis de
proteção ao trabalhador” (SCHUTZ, 2019). Mas para a empregada doméstica não trouxe
conseqüência positivas, pois somente com o Decreto-lei n° 3. 078 de 27- 02 – 1941,

2
O marxismo tinha a visão de que alguns serviços, embora assalariados, não geram valor para o contratante
do mesmo, por se tratar de serviços “não capitalistas”, entretanto, não concorda com a baixa remuneração
desses trabalhadores.
3
Brasileira, nascida em 12 de 1904 e filha de pais alforriados. Atuou desde criança como trabalhadora
doméstica, e mais tarde, ao lado do seu marido, tornou – se militante no Partido Comunista, levantando a
bandeira de luta pelos direitos das mulheres, em específico o das trabalhadoras domésticas, e deu início a
luta pelo reconhecimento do sindicato das trabalhadoras domésticas. A Associação criada por Laudelina só
vem a se tornar sindicato em 1988, poucos anos antes da sua morte, em 1991.

Page 21945

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

sancionado no período getulista brasileiro, é que se tratou consolidadamente do trabalho


doméstico como um assunto em todo o território nacional, definindo, inclusive, a
obrigatoriedade do uso da carteira assinada na prestação do serviço. Como empregada
doméstica, compreendia-se todo e qualquer trabalhador que, de forma remunerada,
prestasse serviço para ambiente doméstico (OLIVEIRA, 2009; RIBEIRO FILHO;
RIBEIRO, 2016).
Em 19434, a unificação das leis trabalhistas por meio da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), expandiu os direitos da classe trabalhadora, entretanto, deixava de fora
a categoria das trabalhadoras domésticas. O seu artigo 7° deixa especificado que a
expansão de direitos mencionados naquele Decreto não alcançava as empregadas
domésticas5 (RIBEIRO FILHO; RIBEIRO, 2016). Mais adiante, persiste a segregação
dessa categoria, quando em 1949, na Lei 605, que definia o disciplinamento referente ao
descanso semanal remunerado e do pagamento dos salários em feriados civis e religiosos,
esclarece a inaplicabilidade desses direitos para as empregadas domésticas, concretizando
a manutenção da marginalização dessa categoria (RIBEIRO FILHO; RIBEIRO, 2016).
É possível concluir, a partir disso, que apesar dessas trabalhadoras terem iniciado
sua luta de forma organizada, as Associações demoraram muito a se concretizar enquanto
sindicatos, tornando insuficiente capacidade de reivindicação. (OLIVEIRA, 2009). A
repercussão disso no efeito regulatório se mostra quando a expansão legal dos seus
direitos foi somente em 1972 com a atuação do presidente em exercício Emílio Médici,
no Regime Militar. A Lei sancionada foi a de nº 5.859 e dispunha especificamente dessa
profissão (SCHUTZ, 2019). Sobre os benefícios conquistados por essa lei, Schutz (2019)
cita que os poucos direitos conquistados não se equiparavam às demais classes, ou seja,
a pequena parcela de direitos conquistados pelas domésticas em 1972 – salário mínimo,
décimo terceiro, e férias de 20 (vinte) dias - não alcançava todos os direitos que as demais
categorias já haviam alcançado em 1930, 1941 e 1943. A justificativa dada pelo
legislativo para essas desproporções se amparava no fato do trabalho doméstico não trazer

4
|Direitos conquistados pelos trabalhadores com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): Jornada de
trabalho de 8 horas diárias e 44 semanais; salário mínimo; carteira de trabalho; férias remuneradas; previ-
dência social; e descanso semanal Nesse período a empregada doméstica não foi contemplada.
5
Não alcançava os trabalhadores domésticos, onde as empregadas domésticas estavam inclusas.

Page 21946

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

lucro para o seu empregador, diferentemente dos trabalhadores da indústria e do


comércio.
Se a cidadania em 1930 dependia do alto grau de organização sindical, a existência
de carteira assinada, e o reconhecimento e regulamentação da categoria por parte do
Estado para que fosse legalmente definida, então as empregadas domésticas, assim como
outras categorias de trabalhadores, ficaram descobertas por faltarem para elas a totalidade
de elementos necessários para a efetiva concretização da sua cidadania, entretanto, com
o passar dos anos a incorporação das demais categorias aconteceram, mas as domésticas
não, como será visto mais adiante. É possível perceber que as peculiaridades na forma de
fazer política no Brasil, alem de todas as questões já mencionadas, indicam um caráter
tradicionalista, patriarcal e autoritário, que acabam garantindo antigas formas de
estruturação social (OLIVEIRA, 2009).

4 A REDEMOCRATIZAÇÃO E A EXPANSÃO DESIGUAL DOS DIREITOS: DA


CONSTITUIÇÃO DE 1988 À ‘PEC DAS DOMÉSTICAS’
A Constituição Federal de 1988 está associada ao regate da dívida social dentro
da agenda democrática. Esse processo se intensifica após a emergência de um rico tecido
social que tanto é fruto da convergência como também da corporificação do novo
sindicalismo e demais movimentos reivindicatórios, aptos a elaborar projetos de
reorganização institucional na década de 1980 (FLEURY, 2008). Nesse período, a luta
pela continuidade do reconhecimento e regulamentação do trabalho doméstico por parte
dos movimentos sociais segue firme, atravessando antigos limites, e embargando em
novas restrições nesse novo momento da sociedade brasileira.
A redemocratização representou, no seu processo constitutivo, a celebração das
especificidades de um novo capítulo da Ordem social. Nela, o reconhecimento dos
direitos sociais abrangia o acesso à saúde, previdência, assistência, educação, de tal
maneira que a seguridade oficializou a ampliação do seu modelo de cobertura, que foi
inspirada na modelagem do Estado de bem-estar social: acesso universal dos serviços,
responsabilização estatal, dentre outros elementos (LOBATO, 2016).

Page 21947

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

Um dos marcos inovadores constitucionais foi o capítulo da Seguridade Social


dentro da categoria dos direitos sociais por ser vinculada de forma inaugural a condição
de cidadania (FLEURY, 2008). Embora marcasse a ruptura legal do modelo
corporativista e inaugurasse e firmasse um novo pacto social voltado para a satisfação das
necessidades sociais, a estrutura em que essa cidadania, democracia e solidariedade
estavam sendo edificadas ainda pertencia a um terreno frágil, sem bases sólidas. Esse
novo pacto, de caráter solidário, visando ampliar a cidadania para os novos atores sociais,
encontrava seus limites e contradições concentrados na baixa organização social, na
potente oferta de bens e serviços sociais de baixa cobertura (ainda vinculada à regulação
associada ao mercado de trabalho formal), e no entrelaçado cultural com a ideologia
neoliberal (LOBATO, 2016).
Como mencionado, o processo de instituição da Constituição cidadã foi marcado
pela atuação dos movimentos sociais. A categoria das trabalhadoras domésticas era um
dos grupos que ainda se encontravam à margem do usufruto dos direitos sociais, e era
representado pela aglutinação do sindicato das empregadas domésticas, o movimento
feminista e o movimento negro. Nessa arena de disputa, todos os elementos de
contradição que permeavam o corpo constitucional foram alvos de debates e
discordâncias dentre esses atores sociais (OLIVEIRA, 2009).
O movimento sindical das empregadas domésticas teve uma sensível participação
na lutas pela consolidação de novos direitos da categoria em 1980, a partir da elaboração
de pautas em diversas campanhas realizadas em Brasília. Todavia, a força do sindicato só
veio a aumentar ao unir-se ao movimento negro6 e feminista, principalmente pelo fato do
último, o feminista, ter atuado de forma ímpar e direta na elaboração da Constituinte
(MELO, 2018; OLIVEIRA, 2009).
Em 1970, as lutas feministas contribuíram para a escrita da “Carta das Mulheres
aos Constituintes”, a fim de construir a cidadania feminina. Embora o conceito de
cidadania seja complexo e diverso, a intenção da luta feminista era estabelecer direitos e

6
O movimento negro já levantava pautas sobre a emancipação feminina ao alcançar a empregada domés-
tica, e criticar que as mulheres de classes mais abastadas teriam conquistado parte dessa emancipação por
meio da exploração do trabalho doméstico de outra mulher.

Page 21948

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

deveres que pudessem ser usufruídos pelas mulheres nos quesitos sociais, civis e
políticos. Somente na segunda metade da década de 1970, é que o movimento obteve
melhores resultados, e um bom exemplo disso foi o direito ao divórcio (MELO, 2018).
Em 1985, com a transição entre o governo ditatorial e o democrático, surge o
Conselho Nacional do Direito da Mulher (CNDM), trazendo uma estruturação formal do
movimento de mulheres. Esse conselho, antes de se instituir como tal, reuniu cerca de 40
mulheres, e conseguiu junto ao presidente eleito pelo colégio eleitoral (Tancredo Neves)
uma garantia da criação de um órgão estatal que se responsabilizasse pelos direitos das
mulheres, e, posteriormente com a morte do presidente eleito, essa promessa foi cumprida
pelo presidente em exercício José Sarney (MELO, 2018)
Quando se tratava dos direitos das trabalhadoras domésticas a luta era ainda mais
complicada em função da baixa representatividade feminina negra na Câmara dos
deputados. No período em questão, apenas 5,7% da Casa era composta por mulheres, e
isso implicou em um tratamento hostil para com elas, recebendo, dessa forma, o termo
pejorativo de “Lobby do batom”, entretanto, dentro desse baixo percentual, a composição
feminina na câmara se encontravam nos moldes clássicos de acesso ao poder, dentre elas:
“famílias de políticos, popularidade adquirida nos meios de comunicação, história
partidária” (VALVERDE, 2014, P. 27). Isso trouxe um entrave e conflito de interesses
no processo de regulamentação do trabalho doméstico no Brasil, uma vez que o perfil
clássico de deputadas não só não entendia essas demandas como também poderiam ser
prejudicadas caso satisfizessem essas necessidades. Esse conflito pode ser compreendido
por meio da fala de uma das militantes, Hildete Pereira de Melo, presente nas
negociações:

[..] Mas foi na pauta proposta pela Carta para incorporação das trabalhadoras
domésticas nossa maior derrota. No capítulo do trabalho, numa repetição fora
de época do passado patriarcal e escravocrata brasileiro, fomos ignoradas pelos
membros da Subcomissão dos Direitos dos Trabalhadores e dos Servidores
Públicos, e os argumentos eram similares aos de 1939 quando das negociações
para a escrita final da legislação trabalhista de 1943, “como pagar salário
mínimo a estas trabalhadoras, as famílias não são empresas e não conseguem
arcar com estas despesas”. Falso argumento que só beneficiava as famílias
ricas e brancas que se aproveitavam da desigualdade de renda que dominava e
domina ainda a sociedade brasileira. Assim, na Carta Constitucional de 1988

Page 21949

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

os trabalhadores rurais foram incluídos, mas as domésticas não tiveram todos


os direitos reconhecidos (MELO, 2018, P. 101)

Os conflitos de classes presentes na Constituição Federal de 1988 reverberaram


em uma concessão de direitos limitada para as empregadas domésticas. Em seu Art. 7°,
a cidadania dessa categoria se estabelecia pela conquista de: décimo terceiro, salário
mínimo, impossibilidade de redução salarial, licença maternidade, aviso prévio e vale
transporte, direitos esses que já faziam parte do rol de benefícios dos demais
trabalhadores. Em contrapartida, se eximiu no que se referia a seguro desemprego para
demissão sem justa causa, seguro por acidente de trabalho, e Fundo de Garantia por
Tempo e Serviço (FGTS), que foi colocado como critério opcional para o empregador
(OLIVEIRA, 2009; SCHUTZ, 2019)
Apesar de o movimento feminista ter conseguido incorporar cerca de 80% das
demandas femininas no texto legal, e ter a Carta Magna atuado de forma inovadora ao
reconhecer a pluralidade da composição da sociedade brasileira, proporcionando novas
condições de expansão da cobertura da cidadania para grupos desprivilegiados, as
trabalhadoras domésticas ficaram mais uma vez de fora do rol de diversos benefícios
acertados no texto constitucional. Essas discrepâncias na concessão de direitos entre as
trabalhadoras domésticas e as demais categorias são fruto das contradições e fragilidades
nas quais a Constituição federal foi elaborada, pois embora se declarasse solidária, não
ficou imune do assombro da cultura neoliberal que estava em processo de expansão, e
ainda se encontrava presa ao pensamento regulador de 1930 de que o ato de conferir
direitos precisava estar vinculado à capacidade que o trabalhador teria de dar lucro e
contribuir (SCHUTZ, 2019).

4.1 A EMENDA N° 72/2013: A PEC DAS DOMÉSTICAS


O quadro de desigualdades entre os trabalhadores domésticos e os demais feria o
Princípio Constitucional da Igualdade. Embora essas disparidades não tenham sido
sanadas pela Constituição Federal em 1988, essa categoria conquistou respostas positivas
na contemporaneidade. A Proposta de Emenda Constitucional n° 72 de 3 de abril de 2013
- a ‘PEC das domésticas’ - foi aprovada como fruto de muita pressão dos agentes

Page 21950

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

internacionais e dos movimentos sociais brasileiros e promoveu a alteração do Parágrafo


Único do Art. 7° da Constituição Federal, equiparando os trabalhadores domésticos ás
demais categorias de trabalhadores no que estava previsto enquanto direitos sociais no
texto constitucional.
Após a persistente tese de não geração de mais – valia, que configura a relação de
trabalho do emprego doméstico, como justificativa para a negativa da concessão de
direitos a essa categoria, os primeiros anos do século XXI alimentaram debates dentro da
militância dos movimentos negro e feminista, para expandir a visão marxista, que
desembocaram na teorização sobre a ‘Economia dos cuidados’. Houve, então, a
problematização do trabalho exercido nos espaços públicos e privados, visando
descortinar temáticas políticas das relações sociais por se tratar de um trabalho que se
delega majoritariamente a mulheres negras. Colocar os cuidados como objeto central de
análise favoreceu o alargamento de reflexões acerca da organização social em que se
estruturava o trabalho doméstico no Brasil; a compreensão dos contextos em que vinha
ocorrendo variações e permanências nessa relação de trabalho, e suas consequentes
implicações no gozo da cidadania dessa categoria profissional. Desde o início do século
em questão foi aprofundada a discussão iniciada pelo movimento negro no final da década
de 1980 acerca das formas de reprodução de desigualdades e exploração hierárquica que
acompanhava o trabalho dos cuidados, abrindo portas para elaboração de propostas de
redistribuição, e acabou fazendo parte da consolidação de uma forte narrativa presente na
elaboração da PEC, mas para além dela também (MELO; CONSIDERA; SABBATO,
2006).
Conceituar os cuidados é tão complexo quanto à cidadania. Uma das vertentes
sobre cuidados, e a que mais se aplica ao trabalho da empregada doméstica, trata o tema
para além do comum cuidado envolvendo afeto com filhos e marido, adentrando em uma
cadeia de trabalhos que promovem o bem-estar social dos cidadãos, dentre eles estão os
serviços de limpeza e preparação de alimentos. Nesse contexto, a ‘Economia dos
cuidados’ promove a reflexão de que o trabalho de reprodução realizado por mulheres
empobrecidas, que proporciona bem – estar e realiza a manutenção e a reprodução da
vida, desobriga e libera os indivíduos – homens e mulheres abastados - que usufruem dos

Page 21951

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

serviços de cuidado a se emanciparem, a destinarem mais tempo dos seus dias ao trabalho
produtivo, aos estudos, momentos de lazer, que consequentemente traz a possibilidade de
aumentar a renda e qualidade de vida (MELO; CONSIDERA; SABBATO, 2006).
Em uma análise do mercado de trabalho, existe uma distinção do trabalho do
cuidado para a mulher branca e mulher negra. Enquanto a primeira é direcionada para
aqueles cuidados que exigem exposição pública, mais valorizados e de melhores
remunerações, a última exerce atividades invisibilizadas, que lidam com a sujeira, de
menor remuneração. Os estudos realizados pelo escopo da ‘Economia dos cuidados’
passam a avaliar essa invisibilidade, e a calcula, valorando esse trabalho e constatando
quanto custaria de fato sua remuneração, construindo novas percepções de que esse
trabalho invisível integra o sistema econômico e contribui com o processo produtivo.
(MELO; CONSIDERA; SABBATO, 2006).
Valorar o trabalho invisível foi de extrema importância para compreender o valor
do trabalho realizado pelas empregadas domésticas. Em uma análise feita em 2006,
utilizando – se de estimativas de bens ou serviços não mensurados por estatísticas
econômicas, e com técnicas similares para contabilizar o Produto Interno Bruto (PIB), a
partir de dados da Pesquisa de Amostra ao Domicílio (PNAD) “[...] conclui-se que essas
atividades vale cerca de 11,2% do PIB brasileiro e que corresponderam no ano de 2006 a
R$ 260,2 bilhões” (MELO; CONSIDERA; SABBATO, 2006, P. 451). Trazendo mais
informações que compunha o fortalecimento das narrativas esboçadas pelos movimentos
sociais nacionais e internacionais, o conhecimento acerca da ‘Economia dos cuidados’
foi um forte aliado na luta que seria travada nos próximos anos em busca da expansão dos
direitos da categoria de trabalhadoras domésticas.
Foram doze anos de luta, e durante esse processo de reivindicação por equiparação
e na conquista do alargamento dos direitos, as trabalhadoras domésticas não estiveram
sozinhas pleiteando aquilo que seria de direito desde a Consolidação das Leis do
Trabalho, houve cooperações e alianças com diversos atores políticos (tanto nacionais
como internacionais), dentre eles: a direta participação dos movimentos feministas,
movimentos classista – sindicais, sindicatos internacionais, dentre outros (BERNADINO
– COSTA, 2015; RIBEIRO FILHO, 2016).

Page 21952

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

Até a chegada da PEC das domésticas, somente nove (9) dos trinta e quatro (34)
direitos trabalhistas estabelecidos para a s demais categorias foram contemplados pelos
trabalhadores domésticos, estando o empregador apenas facultado de inscrever a
empregada doméstica no FGTS. As principais conquistas advindas da Emenda
Constitucional foram: a proteção por demissão por justa causa; aviso – prévio; seguro –
desemprego, inscrição obrigatória no FGTS; trabalho noturno com remuneração superior
ao diurno; para o trabalhador de baixa renda, o direito de recebimento de um salário –
família para seus dependentes; auxílio com creche e pré – escola; seguro para casos de
acidentes trabalhistas (RIBEIRO FILHO, 2016).
Muitos desses direitos não possuíam aplicação imediata, em vista disso, no mesmo
ano de aprovação da Emenda Constitucional começou a tramitar o Projeto de Lei do
Senado (PLS) nº 224/2013 cuja relatoria partia da autoria do então Senador Romero Jucá
(MDB), intentando regulamentar tal dispositivo constitucional e romper com essa
injustiça histórica. Dois (2) anos depois, em 2015, foi aprovada a Lei Complementar n°
150/2015 (RIBEIRO FILHO, 2016).
Embora a referida lei tivesse expandido a concessão de direitos às trabalhadoras
domésticas, é importante mencionar que a caracterização do trabalho doméstico, presente
no escopo legal, e realiza a clara e intencional de exclusão das diaristas dessa cobertura
protetiva, usando o termo ‘continuidade’ ao invés de ‘não eventualidade, sendo este
último um dos elementos ou princípios fundamentais para o reconhecimento jurídico da
relação de emprego. Maurício Godinho Delgado explica bem esse contexto da seguinte
forma:

Nesse sentido, para que haja relação empregatícia é necessário que o trabalho
prestado tenha caráter de permanência (ainda que por um curto período
determinado), não se qualificando como trabalho esporádico). A continuidade
da prestação (antítese à eventualidade) é, inclusive, expressão acolhida, há
mais de 40 anos, pela legislação regente do trabalho doméstico, seja a antiga
Lei n. 5.859/1972 (que se refere àquele “que presta serviços de natureza
contínua” — art. 1º, caput), seja a nova Lei Complementar n. 150/2015 (que
se reporta àquele “que presta serviços de forma contínua” — caput do art. 1º)
(DELGADO, 2019, P. 341).

Page 21953

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

Enquanto as demais categorias profissionais precisam apenas da não


eventualidade, ou seja, não é exigido um numero mínimo de dias7 por semana de serviço
prestado para que se reconheça vínculo empregatício entre obreiro e empregador, para as
empregadas domésticas essa necessidade existe. Para essa categoria é necessário que se
exerça atividade com um único empregador por mais de dois dias por semana - exercendo
assim a continuidade - para que o vínculo empregatício seja reconhecido, e dessa forma
é mantida a exploração do serviço doméstico de maneira informal. Conforma mencionado
por Delgado (2019), essa exclusão foi intencional, permitindo considerar que essa foi
mais uma forma do conflito de classe embargar a conquista de direitos das prestadoras de
serviço dos cuidados.
A PEC das domésticas foi fruto de muitas tensões no legislativo, provenientes de
reivindicações de movimentos sociais nacionais e atores internacionais interessados em
sanar as desigualdades residuais desde 1930 até a Constituição Federal de 1988.
Entretanto, essa conquista não traz um significado de completude, trata-se apenas do
começo de diversos conflitos de interesse de classes ainda sedimentados no inconsciente
da sociedade brasileira.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do artigo era discutir a construção da cidadania das trabalhadoras
domésticas no Brasil, com ênfase na luta pelo reconhecimento e regulamentação do
trabalho doméstico. O primeiro ponto a ser discutido, é que por ter sido implementada de
forma regulada, a regulamentação da cidadania acontecia por meio do reconhecimento do
trabalho formal, que assim se definia se gerasse lucro e fizesse parte do rol de setores que
compunham o projeto de desenvolvimento econômico brasileiro, e nesse caso, o trabalho
doméstico não satisfazia nenhum dos critérios que fizessem dele uma categoria
merecedora de direitos.

7
No caso das demais categorias, a exigência é que se exista habitualidade, de tal modo que embora não
esteja todos os dias prestando serviço ao empregador, no mínimo precisa estar habitualmente prestando
esse serviço. Além da habitualidade é necessário que na relação exista subordinação, onerosidade, pessoa-
lidade, dentre outros elementos necessários para que se configure uma relação de emprego

Page 21954

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

Outro ponto onde pode ser encontradas características da cidadania regulada é a


sindicalização. Para que o indivíduo se constituísse enquanto cidadão brasileiro, este
precisaria estar associado em um sindicato reconhecido pela estrutura governamental, e
para a trabalhadora doméstica essa tarefa não era fácil, visto que alem da morosidade em
reconhecer e regulamentar esse sindicato, ele também não tinha força negociadora, pois
a própria relação trabalhista na qual a empregada doméstica estava inserida atravancava-
a em se reconhecer como classe trabalhadora, e dificultava o interesse pela sindicalização.
Complementando o ponto anterior relacionado à sindicalização, o que precisa ser
mencionado é que o não reconhecimento do sindicato das trabalhadoras domésticas
também fazia parte de um projeto político – econômico de controle de massas. Mantendo
essa categoria, juntamente com outras, no lugar de pré – cidadã era mais fácil de instituir
um populismo sem transparecer o seu caráter autoritário, visto que essa categoria, ciente
de que o Estado estaria disposto a expandir até ela o seu direito a cidadania, estaria mais
preocupada em lutar por essa inclusão.
Na redemocratização, durante a promulgação da Constituição Federal de 1988,
houve um significativo afrouxamento da cidadania regulada ao considerar a seguridade
social como um direito a ser garantido, entretanto, havia contradições. Reconhecida como
a “Constituição cidadã”, que levantava a bandeira da solidariedade, a Carta Magna
também deixou as empregadas domésticas de fora dos novos direitos conquistados pelos
demais trabalhadores, com a mesma justificativa dada na negativa de 1930: não se trata
de um trabalho que dava lucro, e por isso não “merecia” mais direitos. Em 2013 teve a
aprovação da PEC das domésticas, equiparando trabalhadores domésticos com os demais,
mas ainda com características excludentes de uma parcela, mantendo as diaristas na
marginalização informal, que mais uma vez reforça a consolidação de um interesse de
classe em torno da prestação desse tipo de atividade.

Page 21955

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

REFERÊNCIAS

BERNARDINO-COSTA, J. Decolonialidade e interseccionalidade emancipadora: a


organização política das trabalhadoras domésticas no brasil. Revista Sociedade e
Estado, Brasília, v. 30, n. 1, p. 147-163, 1 abr. 2015. Disponível em: Decolonialidade e
interseccionalidade emancipadora:: a organização política das trabalhadoras domésticas
no Brasil | Sociedade e Estado (unb.br)

BERNARDINO – COSTA, J. Sindicatos das trabalhadoras domésticas no Brasil: teorias


de descolonização e saberes subalternos. Tese (Doutorado em Sociologia) – Programa de
Pós – Graduação no Instituto de Ciências Sociais. Departamento de Sociologia,
Universidade de Brasília (UNB), 2007. Disponível em: Microsoft Word - versao
completa .doc (archive.org)

COSTA, R. G. da; VIEIRA, M. S. As contribuições de Heleieth Saffioti para a análise do


emprego doméstico no Brasil. Lutas Sociais, São Paulo, v. 23, n. 43, p. 271-284, nov.
2019. Disponível em:
google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahUKEwiBtr38uIiC
AxXDFLkGHT01CZsQFnoECAgQAw&url=https%3A%2F%2F2.zoppoz.workers.dev%3A443%2Fhttps%2Frevistas.pucsp.br%2Fi
ndex.php%2Fls%2Farticle%2Fdownload%2F52171%2F34374%2F155145%23%3A~%
3Atext%3DSegundo%2520Saffioti%2520(1978)%252C%2520as%2Ca%2520partir%2
520da%2520sua%2520din%25C3%25A2mica.&usg=AOvVaw3oRvlb-
OL4vHCGFkMT1UN9&opi=89978449

DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019).
Disponível em: CDT_18. ed.indb (usp.br)

FLEURY, S. Seguridade social, um novo patamar civilizatório In DANTAS, B. et al.


(Org.). Constituição de 1988: o Brasil 20 anos depois. v.5. Brasília: Senado Federal.
Instituto Legislativo Brasileiro, 2008, p. 178-212. Disponível em: [Seguridade Social]
Seguridade Social - um novo patamar civilizatório — Publicações Portal (senado.leg.br)

LOBATO, L.V.C. Políticas sociais e modelos de bem-estar social: fragilidades do caso


brasileiro. Saúde em Debate, v. 40 (spe), p. 87–97, dez. 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sdeb/a/nQMPVrcwR3ZH3FgyBkbdsNS/?lang=pt#.

MELO, H. P. A Constituição Federal de 1988 e as lutas feministas na área do trabalho:


avanços e derrotas. In: Seminário Trinta Anos da Carta das Mulheres aos Constituintes,
2018, Rio de Janeiro. Anais do Seminário Trinta Anos da Carta das Mulheres aos
Constituintes. Rio de Janeiro: EMERJ - Escola de Magistratura do Estado do Rio de
Janeiro, 2018. v. 1. p. 86-105. Disponível em: anais_de_seminarios_volume1_2018.pdf
(tjrj.jus.br)

Page 21956

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..


REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023.

ISSN: 1696-8352

MELO, H. P. de; CONSIDERA, C. M; SABBATO, A. di. Os afazeres domésticos


contam. Economia e Sociedade, Campinas, v. 16, n. 3, p. 435-454, dez. 2007.
Dispinívem em: Microsoft Word - Economia e Sociedade 31 - Artigo 6.doc (scielo.br)

OLIVEIRA, Rachel Barros de. A CIDADANIA A PARTIR DE 1930 E SUA RELAÇÃO


COM AS CATEGORIAS PROFISSIONAIS: UMA LEITURA SOBRE O EMPREGO
DOMÉSTICO. Redd – Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, Araraquara, v. 1, n.
2, p. 1-22, dez. 2009. Disponível em: A cidadania a partir de 1930 e sua relação com as
categorias profissionais: uma leitura sobre o emprego doméstico | REDD – Revista
Espaço de Diálogo e Desconexão (unesp.br)

RIBEIRO FILHO, F. D; RIBEIRO, S. Regina P. EVOLUÇÃO HISTÓRICO-JURÍDICA


DO TRABALHO DOMÉSTICO. Lex Humana, Petrópolis, v. 8, n. 2, p. 45-71, dez.
2016. Disponível em: Evolução histórico-jurídica do trabalho doméstico | Lex Humana
(ISSN 2175-0947) (ucp.br)

SANTOS W. G. Cidadania e justiça. A política social na ordem brasileira. Rio de Janeiro:


Campus, 1987. Disponível em: Wanderley Guilherme dos Santos. Cidadania e justiça.pdf
(usp.br)

SCHÜTZ, N. C. TRABALHO DOMÉSTICO NO BRASIL: uma perspectiva social,


racial, de gênero e as conquistas jurídicas. 2019. 99 f. TCC (Graduação) - Curso de
Direito, Centro de Ciências Jurídicas, Universidade Federal de Santa Catarina - Ufsc,
Florianópolis, 2019. Disponível em: Trabalho Doméstico no Brasil: uma perspectiva
social, racial, de gênero e as conquistas jurídicas (ufsc.br)

SILVA, C. F. S. da Um olhar sobre a identidade e a cidadania das mulheres negras.


2009. Dissertação (Mestrado) - Curso de Serviço Social, Pontifícia Universidade
Católica, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: Microsoft Word - 0710333 pre-
textuais.doc (puc-rio.br)

VIANNA, L. W. Liberalismo e sindicalismo no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.


Disponível em: VIANNA, Luiz Werneck. (1976 [4ª ed. 1999]) Dominação corporativa e
classe operária (usp.br)

Page 21957

REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.11, p. 21937-21957. 2023..

Você também pode gostar