Funções da Linguagem
Tema gerador: Racismo Ambiental
Educadores Manuela Rosas Lopes e Ully Akebi Ferreira Pedrosa
Língua Portuguesa
1.ELEMENTOS
DA COMUNICAÇÃO REFERENTE OU
CONTEXTO
MENSAGEM CÓDIGO
EMISSOR (o que é transmitido) (a forma que a
RECEPTOR
linguagem é produzida)
CANAL
(meio de transmissão)
2. TIPOS DE FUNÇÃO
FUNÇÃO FUNÇÃO FUNÇÃO
REFERENCIAL EMOTIVA POÉTICA
FUNÇÃO FUNÇÃO FUNÇÃO
FÁTICA CONATIVA METALINGUÍSTICA
Intencionalidade.
FUNÇÃO REFERENCIAL
A função referencial, também chamada de denotativa ou informativa,
é uma das funções da linguagem que visa transmitir informações de
forma objetiva e clara. Ela se concentra no conteúdo da mensagem,
no referente, buscando comunicar fatos e dados de forma precisa e
sem subjetividade.
Ex: Notícias, textos científicos e materiais didáticos.
"De acordo com os dados facultados pela Polícia Militar, sobe para
12 o número de vítimas em estado grave após o confronto entre as
equipes de futebol nesta quarta-feira, entre as quais 3 mulheres."
FUNÇÃO EMOTIVA
A função emotiva, também chamada de função expressiva, é uma
das funções da linguagem em que o foco está no emissor, ou seja,
na pessoa que está a transmitir a mensagem. A ênfase está na
expressão dos seus sentimentos, emoções e opiniões.
Textos literários e não literários
Subjetividade
"A beleza dessa praia é incrível!" (Expressão de admiração)
"Estou morrendo de fome!" (Expressão de fome)
"Que prazer, finalmente nos encontramos!" (Expressão de
felicidade)
FUNÇÃO POÉTICA
A função poética, também chamada de função estética, é uma das
funções da linguagem que se concentra na própria mensagem,
valorizando sua forma e expressão. Essa função busca criar um efeito
estético e emocional no receptor, utilizando recursos como figuras de
linguagem, linguagem figurativa e desvios da norma padrão da escrita.
Poemas, obras literárias e letras de músicas.
Figuras de linguagem.
Preocupação com a forma.
FUNÇÃO FÁTICA
É a que mais utilizamos no dia a dia. A função fática tem
como finalidade estabelecer, manter ou interromper a
comunicação entre o emissor e o receptor da mensagem.
Sempre vai envolver o ato da comunicação.
O foco não está no conteúdo em si, mas sim no canal de
comunicação.
Tem o objetivo de testar se a comunicação está
ocorrendo, de verificar o contato entre emissor e
receptor.
Expressões que chamam a atenção do receptor,
vocativos, perguntas para testar a interação (exemplos:
“alô?”, “entendeu?”, “né?”, “tchau!” etc.)
FUNÇÃO CONATIVA
A função conativa, também chamada de função
apelativa, é uma das funções da linguagem que se
concentra no receptor da mensagem, buscando
influenciar ou persuadi-lo. O objetivo principal é
que o interlocutor adote um determinado
comportamento, pensamento ou atitude.
Foco no receptor, com o intuito de influenciá-lo.
Uso de verbos no imperativo.
O uso de vocativos para chamar a atenção do
interlocutor.
Tom persuasivo.
Estratégias argumentativas.
Exemplos:
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA
A função metalinguística, ou metalinguagem, é uma
função da linguagem em que o próprio código
(linguagem) é o tema da mensagem, ou seja, a linguagem
fala sobre si mesma. A principal característica é o foco no
código, seja o idioma, gênero textual ou a linguagem em
si, utilizado para explicar, analisar ou refletir sobre ele.
Autorreferência.
Diversos contextos: filmes, livros, quadrinhos, obras
de arte, música, etc.
Foco no código.
“As meninas”, de Diego Velázquez (1656)"
“Frase é um enunciado, com ou
sem verbo, que tem sentido
completo.”
01) (Enem 2023) A garganta é a gruta que guarda o som
A garganta está entre a mente e o coração
Vem coisa de cima, vem coisa de baixo e de
[repente um nó (e o que eu quero dizer?)
Às vezes, acontece um negócio esquisito
Quando eu quero falar eu grito, quando eu quero
[gritar eu falo, o resultado Calo.
ESTRELA D’ALVA, R. Disponível em: https://claudia.abril.com.br.
Acesso em 23 nov. 2021 (fragmento).
A função emotiva presente no poema cumpre o propósito do eu lírico de
A) revelar as desilusões amorosas..
B) refletir sobre a censura à sua voz.
C) expressar a dificuldade de comunicação.
D) ressaltar a existência de pressões externas.
E) manifestar as dores do processo de criação.
02) (Enem 2024) Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de sobrevivência, são as adolescentes o alvo
mais vulnerável à precariedade menstrual. Sofrem com dois fatores: o desconhecimento da importância da
higiene menstrual para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares para a compra do absorvente, que acaba
entrando na lista de artigos supérfluos da casa.
A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar dessas estudantes e, como consequência,
restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do
IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar
afazeres domésticos, trabalhar ou, até mesmo, brincar) por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da
pesquisa, 2,88% deixaram de fazê-la por problemas menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de meninas
que relataram não ter conseguido realizar alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor: 2,55%.
Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas falta às aulas durante o período menstrual. No
Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes.
Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano letivo, como revela o levantamento Impacto da Pobreza
Menstrual no Brasil. O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades
entre os gêneros.
Disponível em: www12.senado.leg.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).
Esse texto é marcado pela função referencial da linguagem, uma vez que
cumpre o propósito de:
A) sugerir soluções para um problema de ordem social.
B) estabelecer uma relação entre menstruação e gravidez.
C) comparar o desempenho acadêmico de mulheres e homens.
D) informar o leitor sobre o impacto da pobreza menstrual na vida das mulheres.
E) orientar o público sobre a necessidade de rotinas de autocuidado na
adolescência.
03) (Enem 2020)
Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela
primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse
nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha
imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire.
Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de
fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da
doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!”.
Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois,
em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida
besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse
poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai desejava,
não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma
cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.
BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.
Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da
comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função
da linguagem predominante é a
a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.
b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso
poema de Bandeira.
c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de
um de seus poemas.
d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos
de Bandeira.
e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um
poema.
04) Leia o texto a seguir e responda o que se
pede. E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem
Soneto da fidelidade vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Vinícius de Moraes
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
De tudo, ao meu amor serei atento antes Que não seja imortal, posto que é chama
E com tal zelo, e sempre, e tanto
Mas que seja infinito enquanto dure
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Disponível em:
<https://www.letras.mus.br/vinicius-de-
Quero vivê-lo em cada vão momento
moraes/86563/>. Acesso em: 22 jul.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
2021.
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
No texto de Vinícius de Moraes, o poeta emprega figuras de linguagem como um recurso de
subjetividade da mensagem. Considerando essa característica, a função da linguagem que
predomina nesse poema é
a) emotiva, pois focaliza os sentimentos do emissor da mensagem e não depende de um
planejamento para a construção estrutural do texto.
b) conativa, pois direciona a mensagem ao receptor dela e busca tocá-lo sentimentalmente.
c) fática, pois são recorrentes marcas de interlocução que revelam o caráter dialógico do texto.
d) poética, pois a construção da mensagem tem como objetivo valorizar a estética textual
associada ao sentimentalismo do eu-lírico.
e) referencial, pois os verbos articulados na terceira pessoa permitem que o foco recaia sobre o
contexto de comunicação.
05) (Enem 2020)
As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua.
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma um machucado.
As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.
CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2005.
No texto predomina a função poética da linguagem, pois ele registra
uma visão imaginária e singularizada de mundo, construída por meio
do trabalho estético da linguagem. A função conativa também contribui
para esse trabalho na medida em que o enunciador procura
a) influenciar o leitor em relação aos sentimentos provocados por uma
carta de amor, por meio de opiniões pessoais.
b) definir com objetividade o sentimento amoroso e a importância das
cartas de amor.
c) alertar para consequências perigosas advindas de mensagens
amorosas.
d) esclarecer como devem ser escritas as mensagens sentimentais nas
cartas de amor.
e) produzir uma visão ficcional do sentimento amoroso presente em
cartas de amor.
06) Leia o texto a seguir:
Diálogo de todo dia
— Alô, quem fala?
— Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala.
— Mas eu preciso saber com quem estou falando.
— E eu preciso saber antes a quem estou respondendo.
— Assim não dá. Me faz o obséquio de dizer quem fala?
— Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo.
— Isso eu sei, não precisava me dizer como novidade. Eu queria saber é quem
está no aparelho.
— Ah, sim. No aparelho não está ninguém.
— Como não está, se você está me respondendo?
— Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe ninguém.
— Engraçadinho. Então, quem está fora do aparelho?
— Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.
— Não parece. Se fosse para me servir já teria dito quem está falando.
Na crônica de Carlos Drummond de Andrade, a confusão entre os falantes
é desencadeada por um trecho em que predomina a função da linguagem
a) conativa, pois pretende-se saber com quem se fala e, por isso, o
emissor se direciona ao receptor.
b) fática, pois a pergunta sobre quem fala inicia o diálogo ao abrir o canal
de comunicação.
c) poética, pois ressai a intenção de construir uma narrativa humorística a
partir de um jogo de linguagem.
d) fática, pois o autor vale-se de marcas de oralidade ao longo do diálogo,
como “Ah, sim”, “engraçadinho” e “bolas!”.
e) emotiva, pois emprega-se uma linguagem predominantemente
figurativa, o que atribui ao texto um caráter de intimidade.