o caso da rua
morgue
Atividade Gamificada
Atividade gamificada inspirada numa investigação
criminal com o conto “A nova Califórnia”, de Lima
Barreto
Produzido por Naiara Chaves de Carvalho -
@atividade_criativa_
Este e-book foi elaborado por:
Naiara Chaves de Carvalho
Ao adquirir este e-book, você tem o direito ao seu uso
pessoal com seus estudantes, ou seja, você pode
compartilhar as atividades com seus alunos de maneira
impressa ou digital. Você não pode revender este material
nem compartilhá-lo impresso ou digitalmente com outros
professores. Ao fazer uso em outras produção, deve-se citar
a autoria.
Fevereiro de 2024 | @atividade_criativa_
@prof_naiarachaves
Apresentação
Esta é uma atividade gamificada com o conto “Os
assassinatos na rua Morgue”, do escritor Edgar Allan
Poe. Trata-se de uma atividade inspirada em uma
investigação criminal, a qual os estudantes deverão
desvendar mistérios e resolver missões durante a
leitura do texto literário.
A trama do conto é a seguinte: Em Os assassinatos na
rua Morgue, mãe e filha são assassinadas em uma casa
fechado, sem qualquer sinal de arrombamento. Depois
de ouvir gritos estridentes, vizinhos entram e saem da
cena do crime, cada um com uma especulação diferente
sobre quem teria sido o assassino. Um detetive buscar
solucionar os mistérios.
Com uma pasta de evidências, os estudantes devem
resolver 3 missões a partir desse incrível conto da
literatura mundial
ORGANIZAÇÃO DOS
MATERIAIS
● Imprima, recorte e monte todo o material da
atividade. A sugestão da organização é:
-1 pasta para o “arquivo policial”
-Impressões
PLANO DE APLICAÇÃO
DAS ATIVIDADES
Organize a turma em grupos com 5 ou 6 estudantes. Explique
que eles farão uma atividade de leitura e análise de um conto e
que será utilizado uma metodologia chamada Gamificação. Não
diga aos alunos ainda qual será o conto trabalhado. Informe aos
alunos que a atividade está organizada em 3 missões, e que, em
grupos, eles deverão realizá-las. O conto só deverá ser lido pelos
alunos após a realização da missão 1.
A primeira atividade será realizada com base em documentos
que se relacionam com a narrativa (estão todos nos anexos). Na
primeira missão o conto ainda não deve ser lido. Utilizar apeas
os materiais da pasta do arquivo policial.
PARA A APLICAÇÃO DAS MISSÕES: (as missões estão
disponíveis nos anexos. Os alunos devem escanear o Qr code e
ouvir uma mensagem de voz com as instruções).
Distribua a pasta de evidências, a mensagem (anexo 2) e a
missão 1 para os grupos. Nesta primeira missão os estudantes
deverão analisar todos os documentos e tentar levantar
hipóteses sobre quem é o possível assassino. A primeira missão
das equipes é analisar as evidências coletadas pela polícia e
levantar hipóteses sobre o caso. Para isso, deverão pensar nas
questões: Quem matou as duas mulheres? O que teria
motivado o crime?
PLANO DE APLICAÇÃO
DAS ATIVIDADES
Nesta primeira missão, o objetivo é que os alunos juntem
os documentos e tentem levantar uma hipótese sobre o
ocorrido. Não há uma resposta certa ainda. Espera-se que eles
juntem os documentos para se chegar a uma conclusão.
Oriente-as a ler o relatório da perícia pois nele há detalhes
importantes para desvendar o mistério. Eles devem ler também
os depoimentos e montar “o quebra-cabeças” para desvendar o
mistério.
Quando cada equipe finalizar a primeira missão, entregue
a missão 2 e a cópia do conto. Não será necessário ler o conto
todo. Pode-se iniciar na página 16 do pdf que está anexo a este
material e finalizar na página 28. Não entregue ainda o restante
do capítulo, pois este só deverá ser lido na missão seguinte.
Na segunda missão os alunos deverão confirmar se as
hipóteses levantadas por eles estão certas e buscar identificar o
verdadeiro culpado, já que o detetive Dupin não acredita que o
homem que foi preso é o verdadeiro assassino. Para isso, os
alunos deverão ler as páginas indicadas acima e buscar novas
pistas. Será que o homem que foi preso é realmente o culpado?
Essa é a questão motivadora da missão 2.
Ao finalizar a missão 2 os alunos deverão, apresentar a
você professor as hipóteses levantadas.. Ao concluir, entregue
para eles a missão 3 e o restante do conto.
PLANO DE APLICAÇÃO
DAS ATIVIDADES
Na missão 3 as equipes deverão realizar a leitura do do
restante do conto e descobrir quem é o verdadeiro assassino.
Eles deverão coletar todas as informações presentes no conto e
apresentá-las ao professor(a).
Quando todas as equipes tiverem concluído as 4 missões,
discuta os aspectos relevantes da narrativa. Caso deseje,
retome com os alunos o foco narrativo do conto, o espaço, o
tempo, etc.
RESOLUÇÃO DO MISTÉRIO:
Quem comete os assassinatos é uma fera (um orangotango) de
um manrinheiro. Dupin mostra um jornal com um anúncio na
seção de classificados que ele havia colocado em seu caminho
para casa na noite anterior, declarando que ele havia capturado
um orangotango perdido e que o proprietário, presumivelmente,
um marinheiro, deve vir reclamar seu animal na casa
compartilhada por Dupin e o narrador. Dupin explica que outros
indícios tinham mostrado que um marinheiro estava presente
nos assassinatos. Utilizando novamente a sua capacidade de
análise, Dupin assume que o homem vai querer recuperar o seu
animal apesar dos riscos, porque ele vale muito dinheiro, e o
anúncio dizia que ele tinha sido encontrado perto da Rua
Morgue, minimizando qualquer suspeita de que o marinheiro
poderia ser conectado com os assassinatos.
PLANO DE APLICAÇÃO
DAS ATIVIDADES
Finalmente, chega um homem, com aparência de marinheiro.
Dupin o faz entrar, afirma que capturou o orangotango e que a
recompensa ele pede é para saber os detalhes dos assassinatos da Rua
Morgue. Enquanto fala, Dupin tranca a porta e casualmente coloca sua
pistola na mesa à vista do marinheiro, assegurando-lhe que não significa
nenhum dano e que ele sabe que o marinheiro não tinha participado dos
assassinatos. No entanto, ele acrescenta que Adolphe Le Bon é
inocente, e seu nome deve ser limpo das acusações de assassinato que
pesam sobre ele. O marinheiro concorda em falar, dizendo que ele é
inocente. Ele tinha capturado em Bornéu um orangotango selvagem
com a ajuda de um amigo, que morreu mais tarde. O marinheiro trouxe a
criatura sozinho pelo oceano e por terra até chegar na sua própria casa,
em Paris, onde ele o escondeu no armário do quarto até o animal se
recuperar de um ferimento que recebera durante a viagem, na
esperança de vendê-lo quando estivesse bem de saúde.
Certa noite, o marinheiro chegara em casa e descobrira que o
orangotango tinha quebrado a porta do armário, e estava diante do
espelho tentando se barbear, sem dúvida imitando os gestos que ele
tinha visto serem feitos pelo marinheiro. Percebendo o perigo que
representava uma navalha na mão do animal, o marinheiro apanhara um
chicote para puni-lo. Assustado, o macaco fugiu pela janela com a
navalha na mão, perseguido pelo marinheiro. Eles correram todo o
caminho até a Rua Morgue, até que o orangotango, em busca de um
lugar para se esconder, subiu pela lateral do edifício de Madame L’
Espanaye e pulou para dentro do quarto pela janela aberta.
PLANO DE APLICAÇÃO
DAS ATIVIDADES
O marinheiro perseguiu o animal pelo para-raios mas não podia
alcançar a janela e só assistiu com horror como o orangotango agarrou
Madame L’Espanaye pelo cabelo, segurando a cabeça para trás como
se fosse barbeá-la. A luta da mulher irritou o macaco e ele cortou a seu
cabeça. Depois ele se virou para a filha dela, que desmaiara e caíra no
chão. Ele atacou ferozmente Camille L’Espanaye, e a estrangulou com
os seus longos dedos. Ao perceber o rosto horrorizado do marinheiro, o
animal percebe que ficaria em apuros e tenta esconder o que tinha feito,
enfiando o corpo da jovem na chaminé e arremessando o corpo da mãe
pela janela. Ao ver o orangotango se aproximando da janela, o
marinheiro foge aterrorizado, desistindo de recapturar o animal, que
depois escapara pela janela, que fechara após sua passagem pela
movimento da mola.
Depois de relatar essa história e aliviar seu sentimento de culpa, o
marinheiro vai embora. Mais tarde, ele recapturou o orangotango e o
vendeu imediatamente. Adolphe Le Bon também foi libertado e ficou
livre de suspeitas após Dupin contar à polícia exatamente como estes
assassinatos tinham realmente ocorrido. O Prefeito da Polícia,
enciumado por Dupin ter resolvido o caso e ter feito a polícia parecer
um bando de patetas resmunga que certas pessoas deveriam se meter
apenas com sua própria vida. Dupin se mostra indiferente, dizendo que
ele não é má pessoa, apenas um sujeito com muita habilidade para
explicar minuciosamente as coisas erradas mas incapaz de entender
algo que não siga o padrão ao qual ele está acostumado. Para isso, Dupin
acrescenta, é necessário ter capacidade de análise, o que nunca foi o
forte da polícia.
ANEXO 1
Etiquetas para
pasta do “caso
rua Morgue”
Recorte as etiquetas e cole-as
na pasta
Recorte e cole na capa da pasta
Caso Rua Morgue
ANEXO 2
Mensagem para
alunos
Recorte e entregue para os
alunos no momento indicado
no plano de aplicação da
atividade
DETETIVES DO CASO RUA MORGUE
Caros estudantes, o detetive Dupin necessita da
ajuda de vocês para desvendar um misterioso
assassinato. Vocês serão detetives por um dia,
imersos em uma narrativa envolvente e cheia de
enigmas. A Rua Morgue tornou-se palco de crimes
misteriosos, e a responsabilidade de desvendar
esses segredos recai sobre vocês. Como o assassino
ainda está a solta, estou enviando essa mensagem
secreta a vocês. Preparem suas mentes
investigativas, pois cada pista, cada detalhe
aparentemente insignificante pode ser a chave para
a resolução desse intrincado quebra-cabeça.
A investigação será estruturada em 2 missões, cada
uma revelando novos elementos da trama.
Colaborem entre si, usem suas mentes perspicazes
e busquem pistas ocultas para desvendar o mistério
que envolve os assassinatos na Rua Morgue.
Que a sorte esteja a favor de vocês nesta
emocionante investigação!
Boa sorte e que a busca pela verdade comece!
Att.: E. A. P
ANEXO 3
Missão 1 e 2
Recorte e entregue para os
alunos nos momentos
indicados no plano de
aplicação da atividade
MISSÃO 1 MISSÃO 1
MISSÃO 1 MISSÃO 1
MISSÃO 1 MISSÃO 1
MISSÃO 2 MISSÃO 2
MISSÃO 2 MISSÃO 2
MISSÃO 2 MISSÃO 2
MISSÃO 3 MISSÃO 3
MISSÃO 3 MISSÃO 3
MISSÃO 3 MISSÃO 3
ANEXO 4
Materiais de
investigação
Organize os materiais desse
anexo dentro da pasta de
investigação. Coloque-os na
ordem que aparece aqui
CONFIDENCIAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DA FRANÇA
POLÍCIA CIVIL DE PARIS
SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
Data: 10/01/1818
Assunto: DUPLO HOMICÍDIO
Referência: Informe nº 5126/72/B3-DSI
Origem: SI/SR/DPF/PR/FR
Vítimas: Madame L’Espanaye e sua filha, Mademoiselle
Camille L’Espanaye
Anexos:Depoimento dos suspeitos/evidências encontradas
no local do crime
_________________________________________
1. A perícia criminal de Paris, ao apurar a cena do
crime, encontrou-a da seguinte maneira.
2. Reinava no quarto a mais completa desordem; os
móveis, espatifados, espalhavam-se por todos os
cantos. Do único leito, os colchões tinham sido
arrancados e lançados ao meio do soalho. Sobre uma
cadeira, encontrou-se uma navalha da qual escorria
sangue; no átrio, três longos e fortes anéis de
cabelos grisalhos, que pareciam violentamente
arrancados com as raízes. No soalho, quatro
napoleões, um brinco ornado de topázio, três grandes
colheres de prata, três menores, de metal de Argel, e
duas bolsas contendo quase quatro mil francos de
ouro. Num dos cantos, as gavetas de uma cômoda,
abertas, tinham sido sem dúvida saqueadas, apesar de
nelas se verem intactos vários artigos. Um pequeno
cofre de ferro foi encontrado debaixo da cama e não
debaixo da armação da cama; estava aberto, e tinha a
chave na fechadura. Encerrava apenas algumas velhas
cartas e outros papéis sem importância.
CONFIDENCIAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DA FRANÇA
POLÍCIA CIVIL DE PARIS
SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
___________________
3. Não se viam vestígios da Sra. l'Espanaye; notou-se,
todavia, grande quantidade de fuligem na lareira, fez-se
uma busca e – coisa horrível de dizer! – tirou-se o
corpo da senhorita, de cabeça para baixo, introduzido à
força e empurrado pela estreita abertura até
considerável distância. O corpo estava ainda quente.
Examinando-o, descobriram-se numerosas escoriações,
causadas sem dúvida pela violência com a qual fora
empurrado e com a qual fora retirado. Trazia fortes
arranhões. A garganta apresentava equimoses e profundos
sulcos de unhas, como se a morte se tivesse verificado
por estrangulamento.
4. Após minucioso exame de cada parte da casa, que não
acarretou nenhuma outra novidade, os vizinhos entraram
num patiozinho pavimentado, na parte traseira da
construção. Lá, jazia o cadáver da velha senhora, com o
pescoço cortado tão perfeitamente que, ao tentarem
erguê-lo, a cabeça se separou do tronco. O corpo, como a
cabeça, horrivelmente mutilado, mal conservava aparência
humana
CONFIDENCIAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DA FRANÇA
POLÍCIA CIVIL DE PARIS
SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
___________________
5. Quatro testemunhas depuseram que a porta do quarto
onde se encontrou o corpo da Srta. l'Espanaye estava
fechada por dentro, ao chegarem. Reinava o mais perfeito
silêncio; nem gemidos nem ruídos de espécie nenhuma.
Após forçarem a porta, não viram ninguém. 21 As janelas,
no quarto traseiro e no da frente, estavam fechadas e
solidamente trancadas por dentro. Uma porta de
comunicação achava-se fechada, mas não à chave. A porta
que do quarto da frente dá para o corredor estava
fechada à chave, e a chave encontrava-se no lado de
dentro; um pequeno recinto na frente da casa, no quarto
andar, entrada do corredor, estava aberto, e a porta
entreaberta. O recinto repleto de velhos estrados de
cama, malas etc. Foram cuidadosamente revistados todos
os objetos. Não há polegada de nenhuma parte da casa que
não tenha sido cuidadosamente revista. Meteram-se longas
escovas nas chaminés. A casa tem quatro andares com
mansardas. Uma portinha condenada, que dá para o
telhado, fora solidamente fechada com pregos; parecia
não ter sido aberta havia anos. As testemunhas variam
quanto à duração do tempo decorrido entre o momento em
que se ouviram as vozes que discutiam e o momento em que
foi forçada a porta do quarto. Alguns o acham
curtíssimo, dois ou três minutos. Outros, cinco minutos.
A porta só pôde ser aberta com grande esforço.
CONFIDENCIAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DA FRANÇA
POLÍCIA CIVIL DE PARIS
SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
___________________
6. “Diversas testemunhas, ao serem reconvocadas,
testemunharam que as chaminés de todas as peças do
quarto andar eram estreitas demais para admitir a
passagem de um ser humano. Por “limpa-chaminés” queriam
dizer escovas cilíndricas de limpeza, do tipo que são
empregadas por aqueles que limpam chaminés para retirar
o acúmulo de fuligem. Estes escovões foram passados para
cima e para baixo de cada saída de lareira e de cada
cano de ventilação existente na casa. Não existe uma
porta dos fundos pela qual alguém pudesse haver descido
enquanto os salvadores subiam as escadas. O corpo de
Mademoiselle L’Espanay e estava tão firmemente entalado
na chaminé que não pôde ser descido até que cinco ou
seis pessoas unissem suas forças para puxá-lo.
CONFIDENCIAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DA FRANÇA
POLÍCIA CIVIL DE PARIS
SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
EVIDÊNCIAS ENCONTRADAS NO LOCAL DO
CRIME
● Mobília quebrada
● Colchão no meio do quarto
● Uma navalha manchada de sangue em cima da cadeira
● Mechas de cabelo grisalho na lareira (estavam
cobertas de sangue)
● 4 moedas no chão
● 1 brinco, 3 colheres grandes e 3 pequenas, 2 bolsas
com 4 mil francos em ouro $$
● As gavetas da cômoda estavam reviradas, mas
aparentemente nada foi levado
● Um cofre de ferro estava na cama, mas com a chave na
porta. Havia cartas antigas e outros papéis.
● Havia fuligem na lareira (local onde o corpo da filha
foi encontrado)
● O corpo da mãe foi encontrado no quintal da casa
CONFIDENCIAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DA FRANÇA
POLÍCIA CIVIL DE PARIS
SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
PERFIL DAS VÍTIMAS
NOME: Camille L’Espanaye
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: Jovem bonita, atraente, de
olhos expressivos
CONFIDENCIAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DA FRANÇA
POLÍCIA CIVIL DE PARIS
SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
PERFIL DAS VÍTIMAS
NOME: Madame L'Espanaye
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: mulher idosa, sempre bem
vestida
OUTRAS CARACTERÍSTICAS: Sua posição social é indicada
pela sua riqueza, o que pode ser percebido por seu
estilo de vida e residência.
FICHA CRIMINAL
Nome: Pauline Duborg
Ocupação:lavadeira
Origem: França
………………………………………………………………………………….
Depoimento:
Declara ter conhecido as duas vítimas por três
anos, durante os quais sempre lhes lavou a roupa.
“A velha senhora e a filha pareciam viver em boa
harmonia, e eram muito dedicadas uma à outra.
Pagavam bem.”
Nada pode dizer relativamente ao gênero de vida
que levavam e aos meios de subsistência. Julga que
a Sra. l'Espanaye lia a sorte para viver, e acha
que tinha dinheiro guardado. Nunca viu ninguém na
casa, quando ia levar ou buscar roupa. Tem a
certeza de que as duas mulheres não dispunham de
criados. Tem a impressão de que não havia móveis
em parte nenhuma da casa, salvo no quarto andar.
Digitais
Pauline Duborg - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Pierre Moreau
Ocupação:negociante de fumo
Origem: França
………………………………………………………………………………….
Depoimento:
Declara que fornecia habitualmente a Sra. l'Espanaye,
e lhe vendia pequenas quantidades de fumo, às vezes
em pó. Nasceu no bairro e ali sempre viveu. “A
falecida e a filha, havia mais de seis anos, ocupavam
a casa onde foram encontrados os cadáveres. Antes,
habitavaa um joalheiro, que subalugava os aposentos
superiores a várias pessoas. A casa pertencia à Sra.
l'Espanaye que, descontente com o locatário o qual
abusava dos direitos, fora viver na casa,
recusando-se a alugar qualquer parte. A boa senhora
era infantil. A testemunha viu a filha cinco ou seis
vezes durante os seis anos. As duas levavam uma vida
excessivamente apartada, e passavam por gente de
posses” Ouviu os vizinhos afirmarem que a Sra.
l'Espanaye lia a sorte; não acredita nisso. Nunca viu
ninguém atravessar a porta, salvo a velha senhora e a
filha, um carregador uma ou duas vezes, e um médico
oito ou dez
Digitais
Pierre Moreau - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Isidore Muset
Ocupação:gendarme
Origem: França
………………………………………………………………………………….
Depoimento:
Depõe que o chamaram pelas três horas da madrugada, e
que encontrou na porta principal vinte ou trinta pessoas
que se esforçavam por entrar. Forçou-a com uma baioneta
e não com uma barra. Não foi muito o trabalho para
abri-la, pois tinha duas folhas e não estava aferrolhada
nem em cima nem em baixo. Os gritos continuaram até que
a porta fosse arrombada; depois cessaram subitamente.
Dir-se-iam gritos de uma ou várias pessoas presas das
mais cruciantes dores, gritos altíssimos, prolongados,
não gritos breves, nem precipitados. A testemunha galgou
a escada. Chegando ao primeiro patamar, ouviu duas vozes
que discutiam em tom altíssimo e acre; uma delas, uma
voz rude, a outra muito mais aguda, uma voz estranha.
Distinguiu algumas palavras da primeira, que era de um
francês. Está certo de que não era voz de mulher. Logrou
distinguir as palavras sacré e diable. A voz aguda era
de um estrangeiro. Não sabe precisamente se de homem ou
de mulher. Não conseguiu adivinhar o que dizia, mas
presume que falava espanhol. Essa testemunha descreve o
estado do quarto e dos cadáveres nos mesmos termos por
nós empregados ontem
Digitais
Isidore Muset - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Henri Duval
Ocupação:ourives, vizinho das vítimas
Origem: França
………………………………………………………………………………….
Depoimento:
Depõe que fazia parte do grupo dos primeiros que
entraram na casa. Confirma em geral o testemunho de
Muset. Mal se introduziram, fecharam a porta para
evitar a passagem a uma multidão que se ia
amontoando, apesar da hora mais do que matutina. A
voz aguda, segundo a testemunha, era de um italiano.
Indubitavelmente não era voz francesa. Não sabe ao
certo se voz de mulher; entretanto, poderia ser. A
testemunha não está familiarizada com a língua
italiana; não conseguiu distinguir as palavras, mas,
pelo tom, está convencido ele que o indivíduo era
italiano.
A testemunha conheceu a Sra. l'Espanaye e a filha.
Muitas vezes falou com elas. É fora de dúvida que a
voz aguda não pertencia a nenhuma das duas vítimas
Digitais
Henri Duval - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Odenheimer
Ocupação:restaurador
Origem: Amsterdã
………………………………………………………………………………….
Depoimento:
Essa testemunha ofereceu-se espontaneamente. Não fala
francês, e foi interrogado por meio 20 de um
intérprete. Nasceu em Amsterdam. Ia passando pela
frente da casa no momento dos gritos. Duraram alguns
minutos, talvez dez. Gritos prolongados, altíssimos,
horrorosos. Odenheimer foi um dos que entraram na
casa. Confirma o testemunho precedente, salvo num
ponto. Está certo de que a voz aguda é de homem, e de
francês. Não pôde distinguir as palavras articuladas.
O diálogo era em tom alto, desigual, exprimindo ao
mesmo tempo temor e cólera. A voz era áspera, mais
áspera do que aguda. Não pôde chamá-la precisamente
de voz aguda. A voz grossa repetiu: Sacré, diable. E
uma vez exclamou: Mon Dieu!
Digitais
Odenheimer - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Jules Mignaud
Ocupação:banqueiro da Casa Mignaud et
fils, Rua Deloraine.
Origem: França
………………………………………………………………………………….
Depoimento:
É o mais velho dos Mignaud. A Sra. l'Espanaye tinha
algum dinheiro. Ele lhe abrira uma conta na casa,
oito anos antes, na primavera. A senhora, muitas
vezes, depositou pequenas quantias de dinheiro. Ele
nunca lhe entregou nada até o terceiro dia antes da
morte, quando ela lhe foi pedir pessoalmente quatro
mil francos. A quantia foi-lhe paga em ouro, e levada
por um funcionário.
Digitais
Jules Mignaud - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Adolphe Lebon
Ocupação:funcionário de Mignaud et
fils
Origem: França
………………………………………………………………………………….
Depoimento:
Declara que no dia de que se trata, pelo meio-dia,
acompanhou a Sra. l'Espanaye até a casa desta, com
quatro mil francos, em duas bolsas. Quando a porta se
abriu, a Srta. L'Espanaye, aparecendo, pegou-lhe das
mãos uma das duas bolsas, enquanto a senhora o
livrava da outra. Cumprimentou-as e afastou-se. Não
viu ninguém na rua naquele momento. É uma travessa
solitária
Digitais
Adolphe Lebon - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: William Bird
Ocupação:alfaiate
Origem: Inglaterra
……………………………………………………………………………….
Depoimento:
Declara ser um dos que se introduziram na casa. É
inglês. Vive há dois anos em Paris. Foi um dos
primeiros a subir a escada. Ouviu as vozes que
discutiam. A voz rude era de um francês; conseguiu
distinguir algumas palavras, mas não se lembra delas.
Ouviu distintamente sacré e mon Dieu. Naquele
momento, foi como se diversas pessoas se espancassem,
houve ruído de luta e de objetos quebrados. A voz
aguda era fortíssima, mais forte que a voz rude. Tem
certeza de que não era voz de inglês. Parecia de
alemão, e talvez até de mulher. A testemunha não sabe
alemão.
Digitais
William Bird - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Alfonso García
Ocupação: empreiteiro de pompas
fúnebres
Origem: Espanha
……………………………………………………………………………….
Depoimento:
Declara que vive na Rua Morgue. Nasceu na Espanha.
Foi um dos que entraram na casa. Não subiu a escada.
Tem nervos delicadíssimos, e teme as consequências de
uma violenta agitação nervosa. Ouviu as vozes que
discutiam. A voz grossa era de francês. Não pôde
compreender o que dizia. A voz aguda era de inglês,
tem certeza. A testemunha não sabe inglês, mas julga
pelo tom
Digitais
Alfonso García - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Alberto Montani
Ocupação: confeiteiro
Origem: Itália
……………………………………………………………………………….
Depoimento:
Declara ter sido dos primeiros que subiram a escada.
Ouviu as vozes. A voz rouca era de francês.
Distinguiu algumas palavras. O indivíduo que falava
parecia estar repreendendo. Não pôde adivinhar o que
dizia a voz aguda. Falava depressa e por impulsos.
Tomou-a pela voz de um russo. Confirma em geral os
testemunhos precedentes. É italiano; confessa que
nunca falou com um russo.
Digitais
Alberto Montani - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
FICHA CRIMINAL
Nome: Paul Dumas
Ocupação: médico
Origem: França
……………………………………………………………………………….
Depoimento:
Depõe que foi chamado para examinar os corpos mais ou
menos quando o dia clareava. Nessa ocasião, ambos
estavam deitados sobre a cobertura de estopa do
estrado da cama, no mesmo quarto em que Mademoiselle
L’Espanaye fora encontrada. O cadáver da jovem estava
muito machucado e arranhado. O fato de ter sido
empurrado chaminé acima poderia perfeitamente causar
essa aparência. A garganta estava muito machucada.
Havia diversos arranhões profundos logo abaixo do
queixo, juntamente com uma série de marcas lívidas
que eram, evidentemente, as impressões deixadas por
dedos. O rosto estava arroxeado de uma forma
apavorante e os olhos saltavam das órbitas. A língua
tinha sido parcialmente mordida. Um grande hematoma
foi descoberto sobre o estômago, produzido,
aparentemente, pela pressão de um joelho. Na opinião
de M. Dumas,] Mademoiselle L’Espanay e tinha sido
estrangulada até morrer por uma pessoa ou pessoas
desconhecidas.
O cadáver da mãe estava horrivelmente mutilado. Todos
os ossos da perna e do braço direitos estavam mais ou
menos esmagados. A tíbia esquerda tinha sido partida
em mais de um lugar, do mesmo modo que todas as
costelas do lado esquerdo. O corpo inteiro estava
terrivelmente marcado e arroxeado.
FICHA CRIMINAL
Nome: Paul Dumas
Ocupação: médico
Origem: França
……………………………………………………………………………….
Depoimento (continuação)
Não era possível afirmar como os ferimentos haviam
sido infligidos. Um porrete pesado de madeira ou uma
barra larga de ferro, uma cadeira, qualquer arma
grande, pesada e contundente teria produzido tais
resultados, se fosse brandida pelas mãos de um homem
muito robusto. Nenhuma mulher poderia ter desferido
aquele tipo de golpe com qualquer arma. A cabeça da
falecida, quando foi vista pela testemunha, estava
inteiramente separada do corpo e os ossos também se
achavam em grande parte esmagados. A garganta havia
sido evidentemente cortada com algum instrumento
muito afiado – provavelmente uma navalha.
Obs.: “Alexandre Etienne, cirurgião, foi convocado
com M. Dumas para examinar os corpos. Corroborou o
testemunho e as opiniões de M. Dumas
Digitais
Paul Dumas - Depoente
Pierre Dubois - Escrivão policial
ANEXO 5
Recortes de
jornais
Coloque-os na pasta.
Gazette des Tribunaux
10. 01. 1818 Lundi
PÁGINA CRIMINAL
ASSASSINATOS
EXTRAORDINÁRIOS
Esta manhã, pelas três horas, os moradores
do bairro de Saint-Roch foram despertados
por uma série de espantosos gritos
provenientes do quarto andar de uma casa
na Rua Morgue, ocupada na 17 totalidade,
como se sabia, por uma Sra. l'Espanaye e
sua filha, Camille l'Espanaye. Após demoras
causadas por alguns esforços infrutíferos
no sentido de admissão à maneira habitual,
a porta foi forçada com o auxílio de uma
barra, e oito ou dez vizinhos entraram,
acompanhados de dois gendarmes.
Os gritos haviam cessado, mas, no
momento em que todos chegavam,
atabalhoadamente, ao primeiro andar,
ouviram-se duas vozes fortes, talvez mais,
que pareciam discutir violentamente e
vinham da parte superior da casa.
No segundo andar, cessaram igualmente aquelas vozes, e tudo ficou
perfeitamente tranquilo. Os vizinhos percorreram os quartos. Chegados a uma
grande peça situada na parte traseira, no quarto andar, e cuja porta, fechada,
foi forçada, viram-se diante de um espetáculo que os aturdiu e terrorizou
Os vizinhos encontraram a mulher e sua filha mortas. O caso permanece
envolto no mistério. Até agora não se descobriu, que saibamos, o menor fio
condutor.
Especial Edition
Le Monde
11.01.1818
CAPTURADO
CASOS DE
ÚLTIMA
No Bois de Boulogne, no
princípio da manhã de ——
do corrente, um
HORA
orangotango muito grande,
de pelagem
castanhoamarelada e da
espécie de Bornéu foi
capturado. O proprietário
poderá retomar posse do
animal, mediante uma
identificação satisfatória e
o pagamento de algumas
taxas por sua captura e
manutenção.
Procurar na Rua ——— nº
——, Faubourg St.-
Germain, no Terceiro
Distrito de Paris.
Entre em contato
+123-456-7890