Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Tema: Dislexia e disortografia como distúrbios que dificultam a aprendizagem de
leitura e escrita
Nome de Estudante: Berta José Lucas
Código: 708182559
Curso: Licenciatura em Ensino de Português
Disciplina: Psicolinguística
Ano de frequência: 4º Turma: B
1º Trabalho
Docente: Pascoal Guiloviça
Chimoio, Maio, 2025
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do Subtotal
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tutor
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Aspectos Índice 0.5
Estrutura
organizacionais Introdução 0.5
Actividades 0.5
Organização dos dados
Indicação correta da
Actividades2 fórmula
Conteúdo 17.0
por unidade
Passos da resolução
Resultado obtido
Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
ii
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
Capítulo I .................................................................................................................................... 5
1. Introdução ............................................................................................................................... 5
1.1. Objectivos ............................................................................................................................ 5
1.2. Metodologia ......................................................................................................................... 5
Capítulo II................................................................................................................................... 6
2. Desenvolvimento .................................................................................................................... 6
2.1. Dislexia: conceito e manifestações ....................................................................................... 6
2.2. Disortografia: características e implicações .......................................................................... 6
2.3. Distinções entre dislexia e disortografia no contexto educacional ......................................... 7
Capítulo III ............................................................................................................................... 10
3. Conclusão ............................................................................................................................. 10
3.1.Bibliografia ......................................................................................................................... 11
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Capítulo I
1. Introdução
A leitura e a escrita são competências fundamentais no processo de aprendizagem e no
desenvolvimento educacional do indivíduo. No entanto, algumas crianças enfrentam sérias
dificuldades nesses domínios, não por falta de esforço ou inteligência, mas devido à presença de
distúrbios específicos da aprendizagem, como a dislexia e a disortografia. Esses distúrbios,
muitas vezes confundidos ou subestimados, comprometem significativamente o desempenho
escolar, afetando também o bem-estar emocional e social do estudante. Este trabalho tem como
finalidade aprofundar a compreensão sobre a dislexia e a disortografia, destacando suas
características, diferenças e impacto no processo educativo.
1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
Analisar a dislexia e a disortografia como distúrbios que dificultam a aprendizagem da
leitura e escrita.
1.1.2. Específicos
Identificar a dislexia e a disortografia como distúrbios que interferem no processo de
leitura e escrita;
Descrever as principais características e manifestações da dislexia e da disortografia;
Distinguir a dislexia da disortografia, evidenciando suas diferenças no contexto da
aprendizagem.
1.2.Metodologia
A metodologia empregada neste estudo foi a pesquisa bibliográfica. É fundamental destacar que
esse método consiste na análise de materiais previamente elaborados e/ou publicados, incluindo
livros, revistas, jornais, monografias, teses, dissertações, relatórios de pesquisa, entre outros.
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Capítulo II
2. Desenvolvimento
2.1.Dislexia: conceito e manifestações
A dislexia é um distúrbio específico de aprendizagem com origem neurobiológica, caracterizado
por dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente das palavras, além de problemas na
decodificação e na soletração. Tais dificuldades geralmente resultam de um déficit no
componente fonológico da linguagem, que é inesperado em relação a outras habilidades
cognitivas e ao ensino convencional em sala de aula (INTERNATIONAL DYSLEXIA
ASSOCIATION, 2002).
Segundo Capovilla e Capovilla (2000), a criança com dislexia pode apresentar lentidão na leitura,
troca ou inversão de letras, dificuldade para associar letras a sons, além de comprometimento na
compreensão de textos. Essas dificuldades não estão relacionadas à inteligência geral ou ao
ambiente escolar, mas sim a um modo diferente de funcionamento do cérebro em relação ao
processamento da linguagem escrita.
Estudos neurocientíficos têm demonstrado que o cérebro de indivíduos com dislexia apresenta
padrões distintos de ativação, principalmente nas áreas do hemisfério esquerdo responsáveis pela
leitura (Shaywitz, 2003). Esse achado reforça a natureza neurológica da dislexia e a necessidade
de estratégias pedagógicas adaptadas.
O impacto da dislexia na vida escolar é significativo. Crianças com esse transtorno podem ter
dificuldades de acompanhar o ritmo da turma, o que leva a frustrações constantes e, muitas vezes,
à desmotivação e baixa autoestima. É fundamental que o diagnóstico seja feito precocemente
para que as intervenções sejam eficazes e minimizem as consequências no processo de
escolarização.
2.2. Disortografia: características e implicações
A disortografia é um transtorno de aprendizagem que afeta a escrita, especialmente no que diz
respeito à ortografia. Crianças com disortografia cometem erros persistentes na grafia das
palavras, como omissões, inversões ou substituições de letras, mesmo após o ensino sistemático e
repetido da ortografia. Esses erros não decorrem de negligência ou preguiça, mas sim de uma
dificuldade real no processamento da linguagem escrita (Lerner, 2002).
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Ao contrário da dislexia, que interfere principalmente na leitura, a disortografia manifesta-se na
produção escrita, comprometendo a estrutura gráfica da palavra. Segundo Zorzi (2003), a
disortografia está associada a déficits na memória auditiva, na percepção visual e na consciência
fonológica. Crianças com esse distúrbio apresentam dificuldades em aplicar regras ortográficas,
organizar as ideias por escrito e manter coerência textual.
A disortografia pode estar presente de forma isolada ou em conjunto com outros transtornos,
como a própria dislexia. Em ambos os casos, é necessária uma abordagem interdisciplinar,
envolvendo professores, fonoaudiólogos e psicopedagogos, para que o aluno possa superar os
obstáculos impostos por essa condição.
2.3. Distinções entre dislexia e disortografia no contexto educacional
Apesar de frequentemente coexistirem e apresentarem algumas semelhanças em seus efeitos
sobre a aprendizagem da linguagem escrita, a dislexia e a disortografia são transtornos distintos,
com manifestações e impactos diferenciados no processo de alfabetização e letramento. No
ambiente educacional, compreender essas diferenças é essencial para garantir intervenções
pedagógicas adequadas e eficazes.
A dislexia é caracterizada como um transtorno específico da aprendizagem com predominância
de dificuldades na decodificação fonológica, reconhecimento de palavras e fluência na leitura
(Shaywitz, 2003). Já a disortografia é definida como uma dificuldade específica relacionada à
codificação escrita das palavras, afetando sobretudo a ortografia e a organização textual (Zorzi,
2003). Em termos práticos, isso significa que o aluno com dislexia pode apresentar uma leitura
lenta, entrecortada e com baixa compreensão, enquanto o aluno com disortografia pode ler bem,
mas escrever com muitos erros ortográficos e de estrutura linguística.
Exemplo prático 1: uma criança com dislexia, ao tentar ler a frase “O gato subiu no telhado”,
pode trocar palavras (lendo “O pato subiu no telhado”), inverter letras ou até pular palavras,
demonstrando esforço excessivo para decodificar o texto. Já uma criança com disortografia pode
ler essa mesma frase corretamente, mas ao escrever, pode produzir algo como “O gatu subio no
telado”, revelando dificuldade com a ortografia e as regras gramaticais, mesmo compreendendo o
sentido da frase.
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Snowling (2000) afirma que é comum que esses distúrbios coexistam, o que pode tornar o
diagnóstico mais desafiador. No entanto, a distinção é fundamental. A dislexia envolve,
predominantemente, falhas nos processos de percepção e processamento fonológico, afetando
diretamente a habilidade de associar sons às letras e palavras. Por outro lado, a disortografia está
mais ligada a falhas na memória visual, na percepção auditiva e na aplicação das regras
gramaticais e ortográficas durante a escrita (Lerner, 2002).
Exemplo prático 2: um aluno com dislexia pode ter dificuldades para ler palavras com sílabas
complexas, como “brinquedo” ou “despertador”, lendo-as de forma truncada ou trocando sílabas.
No entanto, ele pode apresentar escrita aceitável se tiver memorizado a palavra. Já um aluno com
disortografia, mesmo conhecendo bem o significado dessas palavras, pode escrevê-las como
“brinqueido” ou “despertado”, devido à dificuldade de aplicar corretamente a estrutura
ortográfica.
Segundo Capellini, Oliveira e Cuetos (2007), a diferenciação clara entre esses transtornos permite
um planejamento pedagógico mais focado, evitando abordagens generalistas que pouco
contribuem para o progresso do aluno. Quando a dislexia é diagnosticada, por exemplo, é
essencial o desenvolvimento de habilidades fonológicas por meio de jogos sonoros, segmentação
silábica e reconhecimento de rimas, além do uso de textos com apoio visual e leitura
compartilhada. Já no caso da disortografia, a intervenção deve priorizar a prática sistemática da
escrita, o uso de dicionários visuais, estratégias mnemônicas e a repetição das regras ortográficas
com aplicação prática.
Outro aspecto importante é a avaliação contínua e individualizada do aluno. Avaliações
psicopedagógicas, neurológicas e fonoaudiológicas ajudam a traçar um perfil detalhado do
estudante, identificando os pontos fortes e as fragilidades a serem trabalhadas. A identificação
precoce de cada transtorno permite que as intervenções ocorram no momento mais sensível do
desenvolvimento da linguagem, aumentando as chances de superação ou controle das
dificuldades (Capovilla & Capovilla, 2000).
Além do trabalho clínico e pedagógico, é fundamental que a escola esteja preparada para acolher
esses alunos por meio de adaptações curriculares e avaliações inclusivas. Isso inclui permitir mais
tempo para a realização de provas, oferecer apoio individualizado e utilizar métodos alternativos
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de avaliação, como apresentações orais, trabalhos práticos ou provas com leitura assistida. A
compreensão e o apoio da equipe escolar são decisivos para o sucesso acadêmico e emocional do
aluno.
Exemplo prático 3: em uma prova escrita, um aluno com dislexia pode precisar que o texto da
questão seja lido em voz alta por um professor auxiliar, para que ele compreenda completamente.
Já um aluno com disortografia pode precisar de um recurso que permita revisar sua escrita com
apoio visual (como corretores ortográficos), ou até mesmo a possibilidade de responder
oralmente a parte da avaliação.
Portanto, vale ressaltar que tanto a dislexia quanto a disortografia não são indicativos de baixa
inteligência, mas sim de uma forma diferente de funcionamento cerebral. Com o suporte
adequado, os alunos com esses transtornos podem desenvolver plenamente seu potencial e
alcançar níveis satisfatórios de aprendizagem.
A diferenciação clara entre os dois distúrbios permite que o trabalho pedagógico seja direcionado
conforme as necessidades do aluno. No caso da dislexia, o foco será o desenvolvimento da
consciência fonológica e da fluência de leitura; já na disortografia, será necessário um trabalho
mais intenso com as regras ortográficas, treino da escrita e estratégias de revisão textual.
Além disso, o ambiente escolar precisa estar preparado para acolher essas crianças, promovendo
adaptações metodológicas e avaliações inclusivas, que considerem suas dificuldades sem
comprometer seu desenvolvimento educacional e emocional..
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Capítulo III
3. Conclusão
A dislexia e a disortografia são distúrbios da aprendizagem que impactam diretamente a
capacidade de ler e escrever, sendo muitas vezes confundidos ou negligenciados no ambiente
escolar. Identificar, compreender e diferenciar esses distúrbios é fundamental para promover uma
educação inclusiva e eficaz. Com diagnóstico precoce, acompanhamento profissional e
estratégias pedagógicas adequadas, é possível minimizar seus efeitos e garantir o pleno
desenvolvimento educacional dos alunos afetados.
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3.1. Bibliografia
1. apellini, S. A., Oliveira, F. C., & Cuetos, F. (2007). Dislexia do desenvolvimento:
abordagem neuropsicológica e procedimentos de avaliação. Memnon.
2. Capovilla, F. C., & Capovilla, A. G. S. (2000). Problemas de leitura e escrita: como
diagnosticar e tratar na escola. Memnon.
3. Ferreiro, E., & Teberosky, A. (1999). Psicogênese da língua escrita (17ª ed.). Artmed.
4. International Dyslexia Association. (2002). Definition of dyslexia.
https://dyslexiaida.org/definition-of-dyslexia/
5. Lerner, D. (2002). A psicologia educacional e a criança excepcional (4ª ed.). Martins
Fontes.
6. Shaywitz, S. E. (2003). Overcoming dyslexia: A new and complete science-based
program for reading problems at any level. Alfred A. Knopf.
7. Snowling, M. J. (2000). Dyslexia (2nd ed.). Blackwell Publishing.
8. Zorzi, J. L. (2003). Dislexia: uma abordagem neurobiológica e multidisciplinar (2ª ed.).
Artes Médicas..
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