À margem da historia da Bahia: bandeirantes bahianos: F.
Borges de Barros
Source: Catholic University of America
Contributed by: Barros, F. Borges de (Francisco Borges)
Stable URL: https://www.jstor.org/stable/community.38771223
JSTOR is a not-for-profit service that helps scholars, researchers, and students discover, use, and build upon a wide
range of content in a trusted digital archive. We use information technology and tools to increase productivity and
facilitate new forms of scholarship. For more information about JSTOR, please contact [email protected].
This item is being shared by an institution as part of a Community Collection.
For terms of use, please refer to our Terms & Conditions at https://about.jstor.org/terms/#whats-in-jstor
Catholic University of America is collaborating with JSTOR to digitize, preserve and extend access to Catholic
University of America
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
F. Borges de Barros
Director do Archivo Publico e do Masiu do Estado
a a a a T
pesnaDE t ana
rin
A MARGEM
Ba Misroria DA BAMIA
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
anet,
s
fg
AANER 4:
i
E
raže
w
“
as
T
c
g
b
e
*
%
T A
p
$
e
x
i
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
~ a9 m
F, orars de Marros
pirector do Archivo Publico e do Waseu do Estado
Fx
A margem da
Jlstoria da Rahia
(BANDEIRANTES BAHIANOS)
The OLIVEIRA ;
LIMA LIBRARY
The Catholic
f TSN University of
utat America
E
me
BAHIA
IMPRENSA OFFICIAL DO ESTADO
Rua da Misericordia, n. 1
1918
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Ás CREANÇAS DO MEU E staDo
AO VERDADEIRO AMIGO
lər: Fiel Kortes
Homenagem do auctort.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
O DESCOBRIMENTO
Ẹ A ARMADA QUE SEGUIA PARA AS INDIAS
1500 eeaeee
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
M y
x
RE
P
Ay
P
CA
~
a DAKOA
s
N
nar
SNA
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
CRA ARA AEAAS
AUEN
APNAN APN APAAPA KAINANGA APAONE PNPN AAIEN INYON YANINI INYON PAAPA INNAR ONNENN ONORINA KINON NAE Ag NE AAA
O DESCOBRIMENTO
Fazendo rumo de Öèéste para evitar as calmarias do littoral
africano, Pedro Alvares Cabral foi arrastado pelas correntes
pëlasgicas, de moödö que nó dia, 21 de Abril de 1500 se lhe
depararam signaes evidentes de terra com o avistar pedaços de
madeira, plantas e aves aquaticas.
No dia 22 foi avistado um monte, ao qual o Almirante deu o
nome de Paschoal por se estar no oitavario da Paschoa, recebendo
à terra descoberta o nome de Vera Cruz, na supposição de que
fôsse uma ilha. O monte Paschoal tem 536 metros de altura e delle
destaca-se o pico João de Leão.
Posteriormente-o -nome de Vera-Cruz foi
mudađo-para o de Santa- Cruz. e mais tarde
para o de Brazil, devido á descoberta e trafico
da madeira de- igual-nome:-{*} No dia-2%
Cabral fundeiou a armada no ancoradouro encon-
trado ao norte, denominando-o Porto Seguro,
o qua é a actual Dakia Cabraha ou de Santa
Crus muito bom e muito seguro e com muito
larga enirada. (**) D. Manuel
Erm seguida mandou á terra Nicoláo Coelho e Bartholomeu
Dias, indo tambem Pero Vaz de Caminha, Escrivão da Armada, ð
Sg ) Segundo Muratori em 1193 e 1316 appareceu noticia de uma droga que
tingia os tecidos de encarnado, dando-se-lhe na Italia o nomede Brazil, Brecillis,
Bracıre, Brasilly, Brazilis e Brazili. O nome razi! jjá era couhecido muito antes
do descobrimento da America por Colombo e as tarifas da alfandega de Ferrara
comprehendiam essa mercadoria em um de seus artigos.
Marco Polo faz della menção, e na Hespanha foi introduzida nos annos 1221 a
Teka.
O primeiro documento official, dando esse nome, éo alvará de 20 de Dezembro
de 1530, o qual diz:
Eu enuyo oraa martim afonso de Souza do meu conselho por capitam mór
darmarda que enryo á terra do brazille asy de todas as terras que ele dito martim
afonso na dita terra achar e descobrir’
(**) Vide sobre a denominação de Porto Seguro, a obra historica do Prof.
Luiz dos Santos Vilhena e sobre o commercio do áu brazil e assumpto outros as
annotações do Dr. Braz do Amaral ás Memorias de Accioli».
H B
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
na
O i
qual depois, na celebre carta, datada do mesmo ponto, deu a D.
Manoel, conta da nova terra descoberta. (*)
Habitavam Porto Seguro os Tupiniguins, que muito auxiliaram
os descobridores. ;
A 26, o Almirante mandou celebrar uma missa no ilhéo ou
restinga, (com um kilometro de largura—a Corôa Vermelha),
pelo Capellão da Armada Frei Henrique de Coimbra. Cabral,
durante o sacrificio da missa, esteve ao lado do Evangelho, com o
Estandar te da Ordem de Christo, recebido das mãos de D. Manoel,
Rei de Portugal, antes de partir de Belem.
A 19de Maio foi levada a Cruz, em (**) procissão, ao local onde
foi collocada com as armas e insignias reaes, celebrando Frei Hen-
rique de Coimbra uma segunda missa, depois da qual pregou acerca
do Evangelho e dos Apostolos S. Felippe e Santiago, que a igreja
commemorava nesse dia.
Terminado o sermão, o capellão, por indi-
cação de Nicoláo Coelho, collocou varios crucifixos
de estanho nos pescoços de 50 selvagens, prolon-
gando-se a ceremonia até uma hora da tarde,
quando se lavrou o termo de posse, firmando-se
solemnemente o dominio portuguez no territorio
descoberto.
A 2 de Maio, Gaspar de Lemos foi incumbido
Pedro A. Cabral por Pedro Alvares Cabral de levar a noticia da
descoberta a D. Manoel, sendo portador da carta de Pedro Vaz de
Câminha, proseguindo o Almirante, nesse mesmo dia, sua rota para
-e
as Indias, cujo commercio ia assegurar em nome Ħ’'El-Rei.
Ficaram em terra dois degredados, sendo que um delles servio
mais tarde de interprete aos portuguezes que ahi aportaram na
segunda expedição.
A viagem de Pedro Alvares foi tormentosa.
(**) O mesmo fez mestre Joño, astronomo, physico e cirurgião da frota de
Pedro Alvares Cabral.
(**) Em 1837 o deputado provincial Snr.João Iadisláu de Figueredo e Mello
apresentou uma indicação no sentido de ser collocado um cruzeiro de pedra no
local em que Cabral esteve em 1500. O projecto não teve andamento, como não
têm todos os que dizem respeito ás tradições brazileiras.
Em 1849 o referido deputado mandou preparar uma cruz de jitahipeba com
treze e meio palmos de comprimento e em 27 de Junho do mesmo anno mandou-a
ao vigario de Santa Cruz, Jacinto de Freitas Neutro, acompanhada de uma carta.
Em 1900 oò então Governador da Bahia, Cons. Luiz Vianna, mandou levantar
uma Cruz de madeira com base de alvenaria, sendo encarregado desta tarefa
o major Salvador Pires de Carvalho e Aragão, que tambem escreveu o livro
A Bahia Cabralia, para figurar nas festas do Centenario do Descobrimento .
Ainda a convite do Governo do Estado, no mesmo anno, esteve nesta Capital
o escriptor brazileiro Coelho Netto, actual deputado federal pelo Maranhão, o qual
visitou Porto Seguro e Santa Cruz.
Entretanto, não basta o cruzeiro.
Santa Cruz precisa de um monumento que perpetúe o feito do descobrimento
e á nação brazileira compete fazel-o.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
A 12 de Maio, em alto mar, se lhe apreseutou üm immenso
cometa, que, durante oito dias, produzio grande pavor aos Capitães.
Effectivamente, dias depois, uma formidavel procella que
durou 20 dias, fez submergir no Cabo Tormentoso ( Bôa Esperança)
os navios de Ayres da Suva, Pedro de Athayde; Simao de Pinare
Bartholomeu Dias, morrendo este junto no celebre Cabo Tormen-
toso, por elle descoberto 14 annos antes.
g s Cabral atom a SOA, dmpiadose Cm. Serdara
Quilôa, Melinde, Anchediva, Calicut,na costa de Malabar e Cochim.
Assegurando o commerċio portuguez tas Indias; voltoma
taspa em 23 de Junho de LS50r:
—D. Manoel deu conhecimento aos Reis Catholicos da desco-
peria då UNa de Vera-Cruz, em cirta de 29de Joho de ToU
:
Autographo de Cabral
— Pedro Alvares Cabral nasceu em Belmonte pelos annos de
1467 a 1468. Foram seus paes: Fernão Cabral e D. Izabel de
Gouvêa, filha de D. Joäo de Gouvêa, Alcaide-mór de Castello
Rodrigo.
Era casado com D. Izabel de Castro, filha de D. Fernando de
Noronha.
D. Manoel galardoou os seus serviços, dando uma tença de
13000 por anno e mais 2%437 por mez, de moradia e em 1502
outra tença de 30$000.
Ha duvidas sobre a data de seu fallecimento, querendo uns que
fôsse em 1526, óutros em 1527 a 1545, e ainda outros em RA
emae Visconde de Porto Seguro descobrio em 1839 o jazigo do
do grande navegador na sacristia do Convento da Graça, em San-
tarem; (o)
Sabem-se os nomes de nove navios, dos 13 da fróta de Cabral:
UIA sepultura de Cabral é rasa com o seguinte epitaphio em gothico florido:
«Aqui iaz Pedi’ aluares Cabral, e Dona Izabel de Castro sva molher, cuia hé
esta capella he de todos seos erdeiros aquall depois da morte de ser mar ido Joi cà-
mareira mor da Infanta Dona Marya, fiiha dEl-Rei Dô João Noso Senhor hò
terceyro deste nome.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
iia
Espirito Santo, Santa Cruz, Fröl de la Mar, S. Pedro, Victoria,
Espera, Annunciação, El-rer e galeão Trindade.
Eram estes os commandantes da frota:
Pedro Alvares Cabral, commandante geral, senhor de Azurara,
Governador da Provincia da Beira e Alcaide-mór de Belmonte;
- Sancho de Thoar, Nicolo Coelho, Bartholomeu Dias, Diogo Dias,
seu irmão Vasco de Athayde, Sinão de Miranda Azevedo, substi-
tuto de Cabral, Pedro de Athayde, Ayres Gomes da Silva, Simão
de Pina, Nuno Lertão, Luts Pires, André Gonçalves e Gaspar de
Lemos.
O calendario de então era o de Julio Cezar, adoptađo pelo
Concilio de Nicéa no anno 325 de nossa éra: dava para o anno
tropico a duração de 365 dias 1% quando o valor médio do anno
tropico é de 365 e 0,2422- Com a continuação, essa differença para
mais dew ao calendario juliano o avanço de dez dias no anno de
1582: marcou o equinocio da primavéra a 11 de Março, quando o
seu dia realera o 29 de Março. A’ vista disto, o Papa Gregorio XIII
resolveu reformar aquelle calendario, supprimindo 10 dias e por
Bulla determinou que o dia 5 de Outubro passasse a ser conside-
rado 15'de Outubro.
Por isto, o descobrimento do Brazil, realizado a 22 de Abril,
passou para 3 de Maio pelo calendario gregoriano. O Governo Pro-
visorio da Republica, por decreto n. 155 B, de 14 de Janeiro de
1890, declarou de festa nacional, o dia 3 de Maio, consagrado ao
descobrimento do Brazil.
O Cardeal Sirleto, Christovão Clavius e o sabio medico
italiano Luiz Lilio foram os auctores da reforma gregoriana.
CARTA QUE NOMEOU PEDRO ALVARES CABRAL (PERO ALUAREZ DE
GOVEA ) CAPTPÃO DA ARMADA QUE FOI ENVIADA ÁS INDIAS
Dom Manoel ete. Fazemos saber a vos quapitaes fidalguos
cavaleiros escudeiros mestres e pyllotos marinheiros e companha e
oficiaes e todas outras pesoas que hys e imviamos na frota e armada
que vay para a India que nos pela muyta comfiança que temos de
fedraluarez de govea fidalguo de nosa Casa e por conheçernmos
delle que nysto e em toda outra coussa que lhe emcarregarmos nos
sabera a muy bem servir e nos dara a de sy muy boa conta
e Recado lhe damos e emcarregamos a Capitanya mor de toda a
dita frota e armada. Porem vollo notificamos asy e vos mamdamos
a todos em geral e a cada hum em especial que em todo o que por
elle vos ffor requerido e da nossa parte mamdado cumpraes e façaes
inteiramente seus requerimentos e mandados asy e tam inteira-
mente e com aquela diligencia e bom cuydado que de vos comfiamos
e o faryes se por nos em pessoa vos fosse dito e mandado por que
hasy o avemos por bem e noso serviço e aqueles que asy O fezerdes
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
e comprirdes nos fares nysso muyto serviço eosque o contrario
. . t .
que não esperamos nos deserviram muyto elhe daremos por elo
aqueles castigos que por taes cassos merecerem.
Outrosy por que as coussas de nosso serviço sejam guardadas
e ffeitas como devem em semelhante frota e armada e por tal que
sejam castigados aqueles que alguns mallefiçios e delitos cometerem
contra nosso serviço e em quaesquer outros cassos que acontecer
possam por este presente lhe damos todo nosso inteiro poder e
alçada da qual em todo os cassos ate morte naturall vssaraa
imteiramente e se daram ha enxucaçaın seus Juizos e mamdados
ssem delle aver apelaçam nem agravo. Porem este poder e allçada
se nam emtenderao nas pessoas dos capitães das naaos e nauyos
que com elle vãao e fidalguos e outros que na dita frota e armada
emviamos quando alguñs casos crimes cometerem pér que deyam
ser castiguados por que sobre estes ssoomente se faram os processos
de seus cassos e nos seram trazi-
dos pera os vermos e segundo as Prabang
calidades delles seram ponydos e Fi Co ea
castiguados como fôr Justiça e em
testemunho de todo mamdamos Autographo de Caminha
fazer esta carta per nos asinada e aselada de nosso sello a qual em
todo mamdamos que se cumpra > guarde como nella se comtem
sem mimguoamento alguñ. Dada em a nosa cidade de lixbôa a b.
dias de feruereiro amtonio carneiro a fez anno de nosso Senõr
Jhuñx. de mil quinhemtos.
Chancelaria de D. Manuel—liv. 13 fI 10.
FREI HENRIQUE DE COIMBRA
Foram seus companheiros de jornada na viagem ao Oriente:
padres Gaspar, Francisco de la Cruz,Simon de Guimarães, Luiz del
Salvador, Mosco, Frei Pedro- Neto eFrei. João de la Victoria,
leigo.
Frei Henrique trabalhou muito em Porto Seguro para con-
seguir que Cabral o deixasse no Brazil.
Em Moçambique pregou o Evangelho entre os indigenas. Em
Anchediva baptisou 28 pessoas. Em Calicut fez varias conversões á
religião christã, soffrendo a aggressão de 4000 gentios, que o
matariam, se não fosse rapida a repressão feita por Pedro Alvares
cabal, guè pöz a pique dez embarcações e Dombardéiou a
cidade.
Frei Henrique construiu varias capellas na Ilha de Vaipen,
esmolando para não ser pesado ao Almirante.
De volta a Lisbôa, foi em 1505 consagrado Bispo de Ceuta,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
sendo antes enviado a Hespanha para dar pezames ao Rei pela
morte da Rainha D. Izabel, a Catholica.
Em 1511 foi mandado pelo Papa visitar as Irmãs de Santa
Clara.
Em 1517 foi incumbido pelo Summo Pontifice de fazer um
relatorio juridico sobre a morte de Gonçalo de Vaz, martyrisado
na-Atrica:
Falleceu em Olivença, em 4 de Dezembro de 1532 e está
sepultado na Igreja da Magdalena.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
EXPLORACOES DA COSTA
O CARAM FEL]!
RAÇAS INDIGENAS
e A CASA DA TORRE
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ariaa adei aayah ai aar) fafa a altai ayat feia at aieia
E EE E E
EXPLORACÇÕES DA COSTA *)
«O prazer produzido na Europa ela noticia desta descoberta
levou o' rei D. Manuel a aprestar uma segunda armada para
proseguir nos novos descobrimentos. A 10 de Maio do seguinte
anno partiu do Tejo, composta de tres navios, commandada não se
sabe bem por quem, mas levando comsigo, como o homem de inais
conhecimentos, o cosmographo florentino Amerigo Vespucci, que,
de Maio de 1499 a Jwho de 1500, tinha acompanhado a Alonso de
Hojeda, sob o pavilhão hespanhol, n’'uma expedição ás costas da
Guyana e Columbia e que agora se achava a serviço da corôa
portugueza.
Na altura do Cabo Verde encontrou esta
frota
a de. Pedro Alvares Cabral, que voltava
da India e seguindo sua viagem, tocou no
cabo de 5. Rogue a 16 de: Agosta, dia d'este
santo, €, proseguindo pela cósta abaixo, foi
descobrindo os seguintes pontos, aos quaes foi
dando nomes conforme os dias em que os ia
descobrindo:
Americo Vespucio Cabo de S. Agostinho (28 de Agosto)-
rio de S, Miguel (29 de Setembro), S. Jeronymo (30 de Setembro),
Rio de S. Fran cisco (4 de'Outubro), bahia de Todos os Santos
Si dë Novembro), rio -de Santa Luzia (13 de Dezembro),
. Thomé (21 de Dezembro), Riode Janeiro {10 de Janciro de
iip Angra dos Reis (6 de Janeiro), ilh ade S. Sebastião (20 de
Janeiro) e S. Vicente (22 de Janeiro).
Na altura da actual republica do Uruguay, abandonou Ves-
pucci a costa americana a ł3 de Fevereiro e depois dE Eiga e
tormentosa viagem de regressp, entrou no Tejoa 7de SrsirezEn
de 1502,
(*) Vide mappas de Toscanelli-—-1472--de Martin Beahim, 1492 e de Cantino
1502 e de Jeronymo Martini, existente o ultimo no Palacio Rio Branco, neste
Estado.
# p `
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Sa
No seguinte anno ainda acompanhou uma segunda expedição
portugueza, sob o commando de Gonçalo Coelho, que partiu a 10
de Maio de 1503 para descobrir um caminho occidental para Malaca
ou as Molucas. Nesta segunda viagem descobriu uma ilha que se
suppõe ser a de S. Matheus, ou a de Fernando de Noronha.
perdendo-se o navio capitanea; entrou na Bahia de Todos os
Santos, onde se de-
imorou dous mezes è
debalde esperou pelos
outros navios desgar-
rados da expedição;
costeiou em seguida
å tetra aieo L8- no
actual Porto-Seguro,
como dizet mns ou
na hodierna cidade
de Caravėéllas, como
guere outros, peor
Ser 0- PON TO TIeSeE
acha na sobredita la-
titude e alli construiu
umna feitoria fort
ficada con doze peças
de . attilitaria; Que
assimf oi o primeiro
ponto de estábeleci-
mento portuguez no
Brazil, deixando 24
Caramurú
pessoas de tripulação.
providas sufficientemente de armas e viveres para seis mezes,
as quaes, pela bondade dos indios, chegaram a penetrar até
quarenta leguas no interior, e, depois de carregar seus navios
com páo-brazil, partiu para o Tejo, onde, depois de uma viagem
de setenta e sete dias, chegou a 28 de Junho de 1504, sendo rece-
bido com grande jubilo, por já alli ser considerado perdido.
Querem alguns que a bahia de Todos os Santos fosse descoberta
nesta segunda viagem de 1503, e não na de 1501, mas esta opinião
desapparece diante do facto de vir indicada no regimento, dado a
Gonçalo Coelho em 1503, a recommendação de procurar a bahia
de Todos os Santos, que devia servir de ponto de reuuião das
náos, caso houvesse extravio, conforme diz o proprio Vespucci em
süd crta a Soderini.
Se, pois, a Diogo de Lepe se deve o primeiro conhecimento da
fórma pyramidal da America do Sul, a Vespucci se deve o não
menos importante de ser este paiz um continente, e não uma ou
mais ilhas, e de estar em ligacão continental com as descobertas
já feitas na Guyana e na Colombia.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Mappa de Beahim
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— li —
D’'ahi em diante pouco mais fizeram os pọrtuguezas em bene-
ficio de suas descobertas na costa brazileira. Toda a attenção do
governo estava prendida na India, para onde se dirigiam as
frotas. Algumas dellas tocavam na nova feitoria de Santa Cruz,
como a commandada por Affonso de Albuquerque.
Quem mais se interessava pelo paiz recentemente descoberte
era a especulação commercial, com particularidade dos francezes
com os seus navios de Honfleur e Dieppe, tendo nós noticia mais
positiva de uma expedição em 1503 por Binot Palmier de Gonne-
ville, que entrou o Paraguassú, depois de ter estado no Rio de
S. Francisco do Sul, no hodierno Estado de Santa Catharina, e
em outros pontos da cidade bahiana.
Estas expedições trouxeram a grande vantagem de chamar
a attenção de Portugal sobre o que se estava dando nas costas de
sua possessão sul americana, fazendo com que D. Manuel, e após
seu successor, depois de ter debalde na côrte de Paris reclamado
contra a violação de seus direitos, tomasse a resolução de armar
uma frota para estacionar nas costas do Brazil e cruzar contra os
francezes.
De seu commando foi encarregado Christovão Jaques, que
no fim do de 1526 apresentou-se com seis navios em Pernambuco,
onde fundou, no logar denominado Igaraçú, pelos indigenas, uma
feitoria para servir-lhe de principal ponto de operações.
Jaques, em seguida, pôz-se a cruzar pela costa abaixo até a foz
do Prata, e na sua volta esbarrou, na altura da bahia de Todos os
Santos, com tres navios da Bretanha, com os quaes luctou um dia
inteiro, rendendo-se-lhe finalmente os francezes em numero de
trezentos, que foram levados e aprisionados a feitoria de Per-
nambuco.
A Jaques, seguio-se no commando da feitoria um Antonio
Ribeiro, de cuja actividade nada se sabe, e pouco depois d'alli
desappareceu a frota. Os francezes nos seguintes annos tornaram a
se apossar da feitoria, ficando assim a costa novamente a descrip-
ção de todo mundo.
Foi, porém, durante este tempo de completo abandono da
costa brazileira, antes da resolução tomada por D. João de maudar
Christovão Jaques fiscalisal-a, que na bahia de Todos os Santos
appareceu um portuguez, o qual mais tarde foi de grande vanta-
gem á colonisação quando ella seriamente teve principio, em volta
do qual com o correr dos tempos se desenvolveu uma legendaria
atmosphera. i
Este portuguez foi Diogo Alvares, que, não se sabe de que
navio, naufragou nas costas da Bahia, muito perto do ponto em
que está hoje a cidade, nos annos de 1508 ou 1510.
Conseguindo escapar á morte ameaçada pelos indigenas anthre-
pophagos (a legenda diz que em consequencia do enorme pavor
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
S
que infundiu nos indios por um tiro de mosquete, que dera numa
ave, que logo cahiu morta), e tendo adquirido grande influencia
sõbre as tribus de toda a vizinhança, viveu longos annos entre
os indios da Bahia, amancebado com diversás caboclas-com as
quaes fez numerosa familia, distinguindo-se d’entre ellas uma,
com quem mais tarde casou-se, de nome Paraguassíú.
Deixando de parte este assumpto, sabemos que voltando
Christovão Jaques a Portugal, propoz ao governo, ad-rnstar do que
se tinha feito na colonisação de Madeira, que se distribuissem as
as terras do continente brazileiro entre donatarios hereditarios,
que as colonisariam a sua custa.
Esta proposta foi muito approvada por Diogo de Gouveia,
homem éminente daqrv.elles tempos, mas ainda a corôa hesitava
sobre o que devia resolver, até que uma carta de 2 de Agosto de
1530, vinda de Sevilha, em que se noticiou o regresso de Sebastião
Cabot, descobridor do Paraná e Paraguay e do rio da Prata, elec-
trisando o espirito dos portuguezes os levou a resolução de prece-
derem os hespanhoes na posse dessas riquezas. Em breve estava
prompta no Tejo uma armada de cinco navios com quatrocentos
tripulantes. Para seu almirante foi nomeado em 20 de Novembro
de. 1530, Martim Affonso de Souza, à quem foram concedidas
extraordinarias attribuições, como a de propor as divisões de
territorios, de preencher todos os cargos, jurisdicção plena, civil
e criminal, até o direito de vida e morte, excepto os fidalgos. Alem
disto, foi encarregado de distribuir terras a todos quantos as
desejassem, sendo, porém, estas sesmarias feudos pessoaes ad vzłam
sem passarem de paes a filhos.
A estes primeiros europeus ajuntaram-se, quatro annos mais
tarde, no novo nucleo bahiano, em Agosto de 1535, alguns da náo
hespanhola „São Pedro, que com outra tinha sahido naquelle anno
de S. Lucar, ao mando de Simão de Alcaçova para o Mar Pacifico, e
que, retrocedendo de certa paragem do estreito de Magalhães para
Porto de Lobos, foi encalhada pela tripulação amotinada na ilha de
Boipeba, algumas leguas ao sul da bahia de Todos os Santos. Nesta
occasião João de Mori, commandante da dita náo, diz que esses
colonos eram em numero de nove».
Nos ultimos dias de Janeiro de 1531 passou a armada o cabo
de Santo Agostinho e ancorou na feitoria de Pernambuco, onde
esbarrou com tres navios francezes, que foram logo aprisionados.
Martim Affonso dividiu então sua armada, remettendo para Portu-
gal um navio com os prisioneiros e enviando dous sob o commando
de Diogo Leite, a investigar as costas do N. e collocar padrões nos
pontos mais adequados, o que Leite executou até a enseada do
Gurupy, seguindo então para Lisbôa.
Com o resto da frota seguiu Martim Affonso para o S.,
entrando logo na bahia de Todos os Santos, onde foi recebido por
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
M Iapp a de & antıno
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ra
Ae
T
E
7
NAAA
Py RN
jad %
pi
S tE
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
PAE
s E
Diogo Alvares e toda a sua numerosa familia. Fazia então vinte e
dois annos que Diogo se achava na Bahia, na aldeia que fundara
nö lugar hoje conhecido por Victoria e Graça, e onde, pela victori
alcançada sobre os cablocos, tinha construido uma egreja com o
nome de Nossa Senhora da Victoria, em que então teve logar:0
casamento de suas filhas celebrado por uns franciscanos, que, na
armada tinħam vindo. Por esta occasião presenceou o almirante
uma batalha naval entre os indios dos contornos, que durou quasi
todo um dia, entre sessenta canoas de ambas as partes.
Antes de. partir, deixou Martim Affonso alguns colonos com
sementes de todas as especies, afim de experimentarem para qual
čultura mais o terrėno se prestava.
Na volta, Pedro Lopes deixou ahi mais tres homens, que fugi-
ram de bordo, sendo um delles, talvez, Affonso Rodrigues de Obidos,
depois genro de Diogo. (*)
MARCO POLO
Navegador italiano—Nasceu em 1254 e falleceu em 1323—
Atravessou toda a Asia pela Mongolia e voltou por Sumatra. E’ dos
mais preciosos o «Livro manuscripio de suas viagens», o qual foi
öfferecido pela Senhoria de Veneza ao Rei D. Pedro de Portugal
quando em 1428 regressou de suas viagens encetadas em 1416.
As viagens de Marco Polo prolongaram-se no seculo XIII ao reino
de Cathay, hoje China. Sua obra foi impressa em 1477, na lingua
allemå.
Martim Beahim nasceu em Novembro entre os anuos de 1430
e 1436. Negociou em fazendas e construio em Lisbôa um ast1olabio
de grande importancia para a navegação. Foi discipulo do
astronomo Camillo João Müller de Monte Regio. Casou-se em
Fayal com D: Joanina dé Macedo, fiha de Jobst Von Henrter,
senhor de Murkirchen e Harbrek, 19 donatario de Fayal e Pico,
Niajou cóm Diogo Cão em 14894 nas costas da Africa até o Tio
Congo. Suppõe-se ter morrido em 1506.
Paulo Toscanelli era cosmographo florentino e sustentava a
doutrina, desde 1474, de que, seguindo-se pelo Atlantico, em
direitura ao poente, se chegaria á India, por um caminho mais
directo e mais curto: que esta asserção se podia fazer bem sensivel,
tendo uma poma ou pequeno globo á vista; mas que, em todo o
caso lhe remetia (e D. Afonso V, ret de Portapai è Fernäo
Martins, conego da Sé de Lisbôa) um mappa ou carta, como as de
marear, por elle desenhada, na qual havia marcado todo o- poente
a—
(*) Vide—M. Historica—F. Vianna.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ea
(incluindo a Irlanda) designando nella o paiz da especiaria e
accrescenta: (nem vos admire que chafne. poent ao páiz da
especiaria, que commumente se diz nascer no levante; porque os
que. navyegarem sent cessar pâra o põenté, achārão por essa Bànda
os referidos logares-—a Ilha das Sete Cidades ou Antilha.»
No mappa de Cantino 1502, Vem assie nalados o No 5-
Francisco, a Bahia de Todos os Santos e Porto Seguro (*).
r
DIOGO ALVARES CORREA O CARAMURU
Diogo Alvares Corrêa naufragou na costa da Bahia—no'logar
denominado Qyucbranças; em 1510, sendo. seus companheiros
devorados pelos selvagens. Segundo a opinião de um chronista,
Diogo Alvares conseguio salvar-se da morte incruenta dos ‘“Tupi-
nambás” por se ter utilisado de um mosquete com que atirou em
um passaro, provindo desse facto a denominação de Caramurú—-
Homem do Fogo.
Outros dizem qüe Catharina Paraguassú, india formosa, filha
do ‘‘Cheje Taparica’’, encontrou Diogo Alvares, tiritando de frio e
coberto de limo, semelhante ao peixe Caramurú, numa das locas dò
recife onde se havia refugiado, e, condoida, salvou-lhe a vida.
— Posteriormente; Diogo Alvares casou-se. coii Catharina
Paraguassú, dando inicio em 1512-1515-á primeira povoação entre
os largos da Graça e da Victoria. Em 1524 foi por elle fundāda a
Ermida de NS. da Graca e em. 15304 då Victória: Hin 1390 recebeu
a doação de uma sesmaria de 400 varas de terra, onde já tinha sua
povoação. Diogo Alvares prestou inestimaveis serviços na cons-
(*) Vide—Candido Costa—obr. cit.
—Americo Vespucio nasceu em Florença em 1451. Visitou a America 4
vezes, deixando as relações de suas viagens escriptas em Jatim, as quaes foram
traduzidas e impressas em 1532 em Paris.
Morreu na Ilha Terceira em 1514.
— Em 8 de Maio de 1506, Christovão Colombo, © descobridor da America,
morreu em extrema miseria, sendo sepultado na Cathedral de Sevilha. Nasceu em
1436 em Genova.
Entrou no serviço de Hespanha em 1492, obtendo de Isabel de Castella tres
caravellas com as ques descobrio a America em 12 de Outubro de 1492. O ponto
primeiro descoberto foi Guaəanahani (S. Salvador;j' uma das Lucayas; em
seguida descobrio Cuba e Haiti que denominou Hespaniola. Voltou a Hespanha
em 1493. Em uma segunda viagem elle reconheceu Guadelupe, Maria Galante,
Dominiċa, Antigoa, Monte Serrat, as Sotavento. Em 1498-0 grande navegador
descobrio o Orenoco até Caracas. Em 1502 descobrio Veragua, principiando nessa
epoca a ser calumniado e perseguido até que veio a morrer de miseria em
Valadolid.
Antes de morrer escreveu uma carta a D. Izabela Catholica, pedindo uma
esmola por caridade, «e nella dizia que a isto era forçado por não possuir sequer
um maravedis com que fizesse uma offerenda espiritual».
—Vasco da Gama nasceu em 1469e morreu em 1524. Descobrio em 1498
o caminho das Indias pelo Cabo da Bôa Esperança. Foi Vice-Rey das Indias e
fundou Moçambique, Sofala e Cochim,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a iom
trucção da cidade, auxiliando com sua gente ä todos os Governa-
dores Geraes e donñatarios da Bahia.
; Paleceu em gde? Outubro:dé 1557; tta povoagáo doi Pereira
(Villa Velha) (*}-dèixando grande prole e por testamenteiro seu
genro Joãó de Figueredo. Era üatural de Vianna e pertencia a uma
das familias mais importantes daquella Villa.
Foi sepultado, bem assim sua mulher, na Igreja da Graça, onde
se encontram varios tumulos com belias inseripções.
RAÇAS INDIGENAS
A CASA DA TORRE
Abatirás—Estendiam-se do Reconcavo até á Capitania de
Porto Següro.
Anibıréis—Habitavam o sul da Bahia nos limites com o Espirito
-Santo.
Aymorés—Habitavam a Serra dos Aymorés. Indios bravioS,
existentes ainda hoje.
Aramarizes—Viviam no interior.
Aramiıtes—V agueiavam na costa maritima.
Aturáras—Habitavam em Porto-Seguro.
Augairarıs—Habitavam em Porto-Seguro.
Canarıns—Hahbitayvam em Viçosa e Caravellas.
Cancaiares—Habitavam na Bahia de Todos os Santos.
Cataąguás—Habitavam em Porto-Seguro. `
Cusivios— Habitavam na Bahia de Todos .os Santos.
Gutiglás —Habitavam em Porto-Segnro.
Gurgravibos—Habitavam em Porto-Seguro.
Gutvos—Habitavam na Bahia de Todos os Santos.
Iphigriacupos-—Habitavam em Porto Seguro.
Machacarıs—Habitavaın na Serra dos Aymorés.
Malals—Habitavam na Serra dos: Aymorés.
Maragues--Håbitavam na Bahia de Todos Santos.
Mariıquıtos— Habitavam na costa norte da Bahia.
Mongors—Habitavam na Serra dos Aymorés.
Orısés Procases—Habitavam em Queimadas.
Patachós—Habitavam no Rio de Contas e Jussiape.
Qruiırıgujas—Habitavam na Bahia de Todos os Santos.
Tucanucos—Habitavam em Porto Seguro.
Tupiıinambés—Habitavam a costa desde o rio Real até Ilhéos.
Tupınıgquins——Habitavam em Porto Seguro, Ihéos, Camamú
e se estendiam até o rio S. Matheus ou Cricaré.
(*) Imiz dos Santos Vilhena, cuja obra sobre a Bahia, existe em copia no Ar-
chivo Publico, falla das explorações que, em 1800, sem resultado se fizeram no local
da antiga Villa Velha do Pereira.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— l6—
Tupinambás —Habitavam a Bahia de Todos Santos.
Da tribu dos Zupinambás, a maior e mais importante da Bahia
descendeu Catharina Paraguassú, filha do chefe Taparica, a qual se
casou com Diogo Alvares Corrêa, o Caramurú.
“Do casamento de Diogo Alvares Corrêa com Catharina
Paraguassú nasceram as filhas seguintes:
D. Anna Alvares, D. Genebra Alvares, D. Apolonia Alvares,
D. Garcia Alvares, ċasada com Antão Gil.
D. Anna Alvares casou-se com Custodio Rodrigues Corrêa,
fidalgo da Cidade de Santarém em Portugal e teve os seguintes filhos.
—pPadre Marçal Rodrigues Corrêa., Vigario da Villa Velha e
povoação do Pereira. Capm. André Rodrigues Corrêa, Paulo
Rodrigues Corrêa, Lourenço Rodrigues Corrêa, Jorge Alvares
Corrêa, D. Maria Corrêa.
D. Maria Corrêa casou-se com Ayres da Rocha Peixoto, fidalgo
natural de Elvas, da Familia dos Alvaradas Peixoto, do Porto.
D. Genebra Alvares casou-se com Vicente Dias de Beja,
natural de Alemtejo, fidalgo da Casa do Infante D. Luiz e deste
consorcio descende a nobre Casa da Torre de Garcia de Avila.
Desse casamento nasceram:
—ÞDiogo Dias D. Maria Dias, casada com Francisco de Araujo,
Lourenço Dias, Melchior Dias e Vicente Dias.
D. Catharina Alvares,casada com Balthazar Barbosa de Araujo,
D. Andreza Dias; casada com Diogo- de Amotim Soares, D.
Francisca Dias, casada com Antonio de Araujo.
Diogo Dias cascv-se com D. Izabel de Avila, filha de Garcia de
Avila (fidalgo portuguez que veio para a Bahia com Thomé de
Souza e de sua mulher D. Maria Rodrigues. )
Deste consorcio nasceu um unico filho, que foi Francisco Dias
de Avila, 1° Senhor do morgado e Casa da Torre, e fidalgo da Casa
redi:
Francisco Dias de Avila casou-se com D. Anna Pereira e
tiveram Garcia de Avila, senhor da Casa da Torre, capitão de orde-
nuanças e fidalgo da Casa Real que se consortiou com D. Leonor
Perera.
Deste casamento nasceram: Francisco Dias de Avila, Bernardo
Pereira Gago, D. Catharina Fogaça.
Do casamento de Francisco Dias de Avila com D. Leonor
Pereira Marinho nasceu Garcia de Avila Pereira, que como seu
Pae, foi coronel de ordenanças, casou-se com D. Ignacia de Araujo
Pereira e dessa união nasceram:
Francisco Dias de Avila, Senhor da Casa da Torre e mestre de
Campo de auxiliares da Torre, fidalgo da Casa Real e casado com D.
Catharina Francisca Corrêa de Aragão Vasques Anes.
Deste casamento nasceram;
| Garcia de Avila Pereira de Aragão, D. Leonor Pereira
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
P A
Marinho, casada com o mestre de campo José Pires de Carvalho e
Albuquerque.
Garcia de Avila Pereira de
Aragão, Senhor da Casa da
Torre; fdalpo. da Casa Real
casou-se com D. Anna Thereza
Cavalcanti dë Albügüerqüe,
filha do Alcaide-mór da Cidade
da Bahia, Salvador Pires de
Carvalho.
— Catharina Paraguassú
falleceu ëm 20 de Janeto dë
2% missa—Corôa Vermelha 1583 eestá sepultada na igreja
da Graça.
Sua sepultura tem o seguinte epitaphio:
«Sepultura de D. Catharina Alvares Paraguassú, Senhora que
foi desta Capitania da Bahia, a qual ella, e seu marido Diogo
Alvares Corrêa, naturał de Vianna, deram os Senhores Reis de
Portugal; edificou esta Capella de N. S.° da Graça e a deu com as
terras annexas ao patriarcha de S. Bento em os annos de 1582.»
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
CAPITANIAS HEREDITARIAS, OUVIDORIAS
1534—1761
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
SAVATA TA TATA TATAATAATA A
IRIRI IRIK IR IE IE IRIRI
RE RRR
CAPITANIAS HEREDITARIAS
Não dando resultado o systema de colonização, estabelecido por
Christovão Jacques e Martim Affonso de Souza, os quaes foram os
mais importantes exploradores da Costa do Brazil, fundando
feitorias em Zguarassú, aprisionando corsarios francezes, carregados
de páu brazii, reconhecendo o interior do paiz, fundando Martim
A onso dec Souza a lomia de -Ss tkaentesao, littorádl Æ -a de
Piratininga no interior, no que foi auxiliado por Gonçalo Monteiro
e João Ramalho, D. João III (*) dividio o Brazil em Capitanias
hereditarias, doando-as do seguinte modo:
A Martim Affonso de Souza 12 legoas ao sul de Cananéa até as
þarras dò Paranaguá e os terrenos desde ð rio Yuqueryguecré até
13 legoas ao norte de Cabo Frio.
A Pero Lopes de Souza (seu irmão) desde o Yuqueré-mirim
até á barra S. Vicente e de Paranaguá para © sulaté Laguna em
altora de 28° etm terço e mais 30 leyois aA0omone da ilha- de
Itamaracá.
Martim Affonso de Souza foi governador da India e levou ao
Oriente S: Francisco Xavier.
A- Pero dë Góes foi doada a da Patabyba do. Sul- ou”dags
Goytacazes.
A Vasco*Fernandes Coutinho—a do Espirito Santo em uma
extensão de 50 legoas.
A Pero do Campo Tourinho—a de Porto Seguro, de S. Matheus
até á barra do Poxim na altura de IS.
A Jorge de Figueredo Corrêa—a de Ilhéos ao sul da Barra da
Bahia.
A Francisco Pereira Coutinho—a do padrão da Barra ao Rio
S. Francisco.
(*) D. João III nasceu em Lisbôa no dia 6 de Junho de 1502 e succedeu em
1521 a D. Manoel, O Venturoso, que falleceu em 13 de Dezembro do mesmo anno.
Falleceu em 11 de Junho de 1557, succedendo-lhe no throno seu neto D.
pm ‘com 3 annos de idade, ficando na regencia a avó- D. Catharina
Austria.,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
aa 9O
A de João de Barros e Ayres da Cunha—estendia-se da Bahia
da acao, NUM percus de 100 lepoas, ate O tio Mundaig,
(territorio da Parahyba, Rio Grande do Norte e parte do Ceará).
A de Antonto Cardoso de Barros—estendia-se atéo rio Para-
hyba, onde eéstão hoje o Piauhy e parte do Ceará.
A de Fernando Alwares de Andrade—de 75 legoa5, até o
norte do Rio Turyassú, no Maranhão.
As Capitanias foram doadas em 1534, com os foraes res-
pectivos. (*)
*
E e
Francisco Pereira Coutinho, donatario da capitania da Bahia,
estabeleceu-se em Vrlila Velha, ou Villa'do Pereira sendo muito
ajudado por Caramurú, em 1535.
Sendo infeliz em suas tentativas de colonização, naufragou em
Itaparica nos recifes aratna, sendo morto pelos indigenas, com
os quaes havia aberto acirrada lucta.
A Capitania, por sua morte, reverteu á Corôa em 1548.
Em Villa Velha, Francisco Pereira Coutinho fündou a pri-
meira fortaleza—a de Santo Antonio da Barra.
Em 1537— 1540 foram fundados nas proximidades do Dique os
primeiros engenhos (2) de assucar, que foram queimados pelos
Tupinambás. >
%*
E
A Capitania de Porto Seguro prosperou com Pero de Campo
Tourinho, natural de Vianna da Foz do Lima, homem de muitos
haveres e de grande parentéla.
E casad coti D. Ipnez Fema Pinto e tinha unm Siho
Fanad cmap Lourinho: (7)
Levantou a Villa na foz do Rio Burahem, algumas milhas ao
sul da Bahia Cabralia, construindo casas, forte, capella, armazens,
estaleiro e forja,distribuio terras aos moradores, fez um tombo para
registro das sesmarias e desvendou o sertão.
A igreja da Ajuda foi fundada pelo Jesuita Vicente Rodrigues,
dos primeiros que viéram em 1549 com Manoel da Nobrega, em
companhia de Thomé de Souza.
A Capitania prosperou muito até que falleceu Tourinho.
Em 1550 Duarte de Lemos passou a governal-a, sendo infeliz.
Succedeu-lhe Fernã do Campo, filho do donatario, .o `qual
levou a Capitania á desordem.
Fallecendo Fernã, passou a Capitania a sua irmã D. Leonor,
(*) Vide F. Freire H. Territ. do Brazil.
(**) Vide—Processo contra o mesmo instaurado pelo Tribunal de Inquisição
(Archivo Publico).
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
aen
D a
a qual, com licença regia, vendeu-a a D. João de Lencastre, 1.
Duque de Aveiro.
Posteriormente ella soffreu a invasão dos Aymorés que
destruiram a Villa e a povoação de Sanio Amaro, que ficava
proxima, até que em 17/59 reverteu á Corôa.
Revertida á Coroa, o Marquez de Pombal creou na antiga
Capitania uma ouvidoria, sendo nomeado ouvidor Thomé Couceiros
de Abreu, que exercia o cargo de Ouvidor em Thomar e vindo
paraa Bahia, teve as honras de dezembargador da Relação do Porto.
Trouxe Thomé Couceiros varias instrucções ou clausulas dadas
pelo marquez de Pombal, até então Conde de Oeiras, clausulas que
constituem um regimento administrativo e judiciario para o bom
governo da Ouvidoria.
Thomé Couceiros tomou posse de seu cargo em 8 de Dezembro
de 1763 e exerceu-o durante 16 nezes; falleceu em meiados de 1765,
sendo inhumado em Santa Thereza. (Seminario).
Estudou todas as barras do sul, as aldeias de indios, sondou
todos os rios e creou varias villas.
Foi substituido pelo Ouvidor José Xavier Machado Monteiro,
tambem de grande valor.
Xavier Machado desenvolveu- muito a ouvidoria, incremen-
tando o cultivo das terras.
CAPITANIA DE ILHÉOS
Foi doada em 25 de Abril de 1534 com o Foral de 26 de Agosto
do mesmo anno, com 50 legoas a Jorge de Figueredo Corrêa,
Fidalgo d’El-Rei D. João I e Escrivão de sua real Fazenda.
Jorge de Figueredo Corrêa mandou em seu logar Francisco
Roméro, que iniciou a construcção da Villa no Morro de S. Paulo,
de onde depois passou para o rio de Ilhéos e ahi fundou a Villa, a
que deu o nome de S. Jorge em 1535 ou 1536.
A capitania prosperou, apezar da lucta com os indios Aymorés:
Por morte de Jorge de Figueredo passou a capitania a seus
filhos Jeronymo e Ruy de Figueredo.
Jeronymo de Figueredo vendeu-a em 1560 a Lucas Giraldes.
por 4.825 cruzados ou 1:930%000.
Fallecendo Lucas, passou a Francisco de Sá de Menezes e sua
mulher D. Maria Giraldes, em poder dos quaes foi penhorada por
D. João de Castro, em nome de sua mulher D. Juliana de Souza e
sua filha D. Helena de Souza. Em 10 de Junho de 1615, a requeri-
mento de André Dias, procurador de D. João de Castro, na Praça do
Pelourinho, nesta Capital, foi arrematada por 9.370-cruzados
(3:768$000). Os réos embargaram, havendo nova arrematação,
sendo arrematante D. João de Castro (o Conde Almirante).
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
s
Sua filha D. Helena de Castro requereu confirmação da carta
de arrematação que lhe foi passàda em 17 de Outubro de 1645.
Foi ultimo donatorio D. Antonio José de Castro.
Por provisão de 4 de Março de 1761 a corôa ordenou que o
ouvidor da Bahia tomasse posse della, a qual se effectuou aà 27 de
Junho de 1762 pelo ouvidor Luiz Freire le Véras, constituindo-se
em comarca a velha capitania, separada da Bahia, sendo seu
primeiro ouvidor o Dr. Miguel Ayres Lobo de Carvalho, que
tomou posse em 1762.
CAPITANIA DO PARAGUASSU’ E JAGUARIPE (*})
D. João IJI, attendendo aos relevantes serviços prestados por
por D. Alvaro da Costa, filho de D. Duarte da Costa, 2.° Gover-
nador Geral do Brazil, concedeu-lhe dez legoas de terras desde o
Rio Paraguassú até Jaguaripe,entrando pelo continente até terminar
na serra do Guararú.
(*) Substancioso estudo sobre esta Capitania foi feito pelo Dr. FE. Vicente
Vianna, não se sabendo, entretanto, o paradeiro do mesmo trabalho.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
THOMÉ DE SOUZA
10 GOVERNADOR GERAL
Duarte da Costa e Mem de Sá
VICE-REIS (JUNTAS GOVERNATIVAS)
1549—1822
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
THOMÉ DE SOUZA
19 GOVERNADOR GERAL
Não produzindo o systema das Capitanias o effeito desejado,
D. João III resolveu crear um governo geral para o Brazil,
escolhendo Thomé de Souza.
O novo governador geral partio
de Lisbôa, a frente de uma expedição
de 600 soldados, 400 degredados, va-
rias familias e seis jesuitas, em cujo
numero vinhanı Manoel de Nobrega e
Aspilcùeta Navarro (*) e chegou á
Bahia a 29 de Março de 1549, sendo
recebido por Diogo Alvares e pelo
colono Gramatão Telles.
A esquadra que o trouxe era com
posta das tres náos— Cozcerção, Sal-
vador, Ajuda, duas caravellas e um
bergantim.
Thomé de Souza era filho de João
de Souza, prior de Rataens.
O novo governador geral recebeu
um regimento, feito pelo Conde da
Castanheirà; ("*) homem mui experi- Pegada de Thomé de Souza
mentado nas cousas do Brazil, o qual continha 41 artigos e mais
artigos supplementares.
Sua nomeação foi passada em Almeirim em 7 de Janeiro de 1549.
Foram nomeados os funccionarios seguintes:
Rodrigo de Freitas, Escrivão do almoxarifado com 30%$000
(*) Os demais Jesuitas foram: Leonardo Nunes, Antonio Pires, os irmãos
Vicente Rodrigues e Diogo Nunes.
(**) O Conde de Castanheira era ministro de D. João II. Em recompensa de
seus serviços, El-Rey lhe deu as terras de Itaparica, Tamarandiva e Rio Vermelho
que passaram a seus successores, (Vide Arch. Publico— documentos).
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
28 —
cada anno; Antonio Alves, Provedor da Fazenda, em Ilhéos;
Antonio Cardoso de Barros, Provedor-mór da Fazenda Real, na
Bahia de Todos os Santos; Antonio Rego, Escrivão da Provedoria;
Gaspar Camargo, contador, Miguel Muniz, Escrivão dos contos;
Nuno Alvares, Escrivão da armada; Pero Góes, capitão-mór da
costa do Brazil; Fraucisco Mendes da Costa, Escrivão da Fazenda
das terras do Brazil; Liuz Dias, mestre đas obras das fortalézas,
que se haviam de fazer na Bahia; Diogo de Castro, boticario; Pero
Borges, ouvidor geral; Christovão de Aguiar Daltro, almoxarife do
armazem de mantimentos; Jorge Fernandes, Physico-mór.
Chegando á Bahia, Thomé de Souza hospedou-se com Diogo
Alvares e o ouvidor-Pedro Borges e o provedor Antonio Cardoso
de Barros com os genros do mesmo Diogo Alvares.
= Escolhido -o local, a mela legua da Vila Velka, por set
melhor ancoradouro para os navios e por existirem duas fontes—
do Unhão e do Pereira—para aguada da armada e serviço da cidade,
iniciou a edificação, roçando o terreno e cercando as areas de páo a
pique para segurança dos trabalhadores
Os mdigenas, dirigidos. por- -Diogo Alvares Corrêa, a quem
El-Rey dirigio Hna Garna espečial, auxiliaram O gOvV ernador na
gránde tarefa.
CARTA DE EL-REI D. JOÃO III A DIOGO ALVARES CORREIA
O—CARAMURÚ
Diogo Alvares:
Bu, El-Rey, vos Envio muito saudar: Eu ora,mando- Thomé
de Souza, fidalgo da minha casa, a essa Bahia de Todos os Santos
por Capitão Governador della e para na dita Capitania e mais outras
desse Estado do Brazil prover de Justiça della e do mais que ao
meu serviço cumprir, e mando que na dita Bahia faça uma povoação
e assento grande e outras cousas de meu serviço.
E porque sou informado pela muita pratica que tendes dessas
terras e da gente e costumes dellas o sabereis bem ajudar e conciliar,
vos mando que tanto que o dito Thomé de Souza lá chegar, vos
vades para elle e o ajudeis no que lhe deveis cumprir e vos
encarregar, porque fareis nisso muito serviço.
E porque o comprimento e tempo de sua chegada ache
abastada de mantimentos da terra para provimento da gente, que
com elle vai, escrevo sobre isto a Paulo Dias, vosso genro, procure
se haverem e os vá buscar pelos portos desta Capitania de Jorge de
Figueredo.
Sendo necessaria vossa companhia e ajuda, recommendo-vos
que ajudeis no que cumpre, como creio que o fareis.
Bartholomeu Fernandes a fez em Lisbôa a 19 de Novembro
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
an
J
de 1548: Rey. Subscripto. -Por -El-Rey;: A Diogo Alvares-5
Cavalheiro de Sua Casa na Bahia de Todos os Santos.
* -
* ë *
Construiram-se,- desde. logo, o- palacio, a: Casa da-Camara,
cadêa, alfandega, casa dos contos, da fazenda, armazens e casas
particulares, cobertasde palmas.
Um muro de taipa grossa foi levantado, com dois baluartes
ao longo do mar e quatro do lado de terra eem cada um delles
foi collocada artilheria para garantil-a das invasões indigenas.
Em seguida foram dadas as armas da cidade consistindo em
cuma pomba em campo verde, com um rôlo brancoe a legenda em
letras de ouro: Sıc illa ad arcam reversa est». (*)
«Estas Armas (**) se veem em ambas as portas da cidade, na
Cása da Camara, no seu Pendão; e nås varas dos cidadaosi.
Na praia da cidade foi construida uma ermida com a invoca-
ção de NS? da Conceição, para o fim de tornar mais commoda aos
navegantes o culto de Nossa Senhora.
Pelo mesmo tempo, o Jesuita Manoel da Nobrega e seus com-
panheiros edificavam a segunda igreja da cidade—a da Ajuda que
servio de parochia.
Bm 1990 a igreja da Bahid, por pedido de-D. João ILI,fci
elevada a Bispado, sendo seu primeiro Bispo D. Pedro Fernandes
Sardinha, o qual trouxe comsigo o pessoal diocesano, sinos e
paramentos, em 1551.
A igreja da Ajuda servio de Sé, emquanto o Bispo não provi-
denciou para a edificação da verdadeira Sé.
Pāra as obras da Sé foi determinada por alvará de 16 de
Setembro de 1551 a applicação do producto das fianças e condem-
nações applıcadas aos criminosos, os dizimos, miunças e novidades
desta capitanias e terras das partes do Brazil que pertencem ao
mestrado de NS. Jesus Christo e sendo o rendimento até 200% por
anno, o dito Bispo o repartisse entre si e pelo meio e sendo mais
de 200$ a demazia que mais for poderá o Bispo repartir pelas
igrejas parochiaes das ditas capitanias e pelos vigarios e beneficiados
que tivessem mais necessidade.
De 1549 a 1551 stavam abertas na cidade as ruas seguintes:
a da Victoria, que atravessa o terreno onde está a fortaleza de-
S. Pedro, chamada—Portas da Villa Velha, a rua do Rosario, a
de 9. Pedro, de S. Bento, áa de Palacio, à da Muda, umia das
primeiras do commercio. Em seguida surgiram as da Misericordia,
da ladeira da Praça, a dos Capitães ea do Collegio de Jesus. (**)
(*) Vid. Rocha Pit H. da America Portugueza.
(**) Vide Mello Moraes. Chronica do Imperio do Brazil.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
< S0
Thomé de Souza inspirou a idéa da fundação de uma Santa
Casa de Misericordia para curar a gente pobre, abrio a Praça da
Palacio, de cujos cantos seguiam dois caminhos pela encosta de
montanha, para a praia, sendo um do lado do Norte, que ia ter-
minar na fonte chamada do Pereira; e o outro do lado do sul (por
detraz do Palacio) dava passagem para a igreja da Conceição da
Praia, onde desembarcavam as mercadorias que subiam em carros
pelo caminho (ladeira da Preguiça) para a praça.
Na Praça de Palacio desembocava o becco do «Tira Chapéo»
porque todos se descobriam ao passar em frente ao Palacio de
El-Rei. A rua Direita de Palacio era fechada e tinha portão, razão
porque še chamava passagem da Porta de Santa Luzia.
A opinião mais abalisada é a de ter sido a Cidade do Salvador
inaugurada com toda a solemnidade em 13 de Junho de 1549.
O primeiro governador geral deu á Camara, por força doe
regimento que trouxe, seis legoas de terra, do padrão da Barra ao
rio Joannes, e, posteriormente mais tres legoas, a requerimento do
procurador da Camara, (*) Francisco Rodrigues, começando desde
2 legoas além do Rio Vermelho e em direcção ao Sertão, todo O
espaço que fôsse de campo para pastos, para patrimonio da mesma
Camara.
Mandou vir gado das ilhas de Cabo Verde e sementes de canna,
e distribuio terras para lavoura e para criação de gado, iniciando a
colonização nos rios Real, Paraguassú, Jaguaripe, de cuja primeira
Zona Garcia d’Avila foi o maior sesmeiro, como Antonio Gtiedes
de Britto o foi no centro.
` As tropelias dos gentios são reprimidas por Thomé, de Souza,
«que fez amarrar á bocca de uma peça e despedaçar com um tiro a
dois indigenas de uma tribu que havia devorado quatro portu-
guezes.» ;
Em recompensa de seus serviços, D. João III concedeu-lhe
uma sesmaria de oito legoas de costa e cinco para o sertão no rio
Pojuca.
Depois de prestar inestimaveis serviços, retirou-se para Läsbôa
em- 1553:
Thomé de Souza foi substituido por Duarte da Costa, 2°
Governador Geral, que assumio o cargo em 1553, vindo em sua
companhia 16 Jesuitas, entre elles o! Padre José de Anchiêta.
Em 1554 D. João III, em alvará, ampliou as liberdades
coloniaes, isentando do pagamento de dizimo a todo aquelle que
fizesse ou reformasse engenhos, movidos por agua ou por bois, no
firme proposito de augmentar a colonização das novas terras.
Fizeram-se no mesmo anno varias nomeações para a Alfandega
(*) Por Decreto de 25 de Agosto de 1826 foi concedida á Cidade de Salvador
o titulo de Zeal e Valorosa Cidade.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
RE
T TA
e foi ordenado a Duarte da Costa que favorecesse aos Jesuitas, para
que elles edificassem um collegio igual ao de Santo Antão.
As questões que haviam surgido em S. Paulo. quando se
E N S TERR E TA
lançaram as bases do respectivo Collegio e a mudança dos
habitantes de Frratınınga para a nova povoação, reaccenderam-se
na Bahia entre Duarte da Costa, D. Alvaro da Costa e o Bispo D.
ENEN
Pedro Fernandes Sardinha.
A lucta originou-se da questão entre os colonos e os Jesuitas,
aggravada com a attitude de D. Alvaro da Costa, que acabava de
vencer os indigenas que depredavam os estabelecimentos agricolas
da cidade e seu reconcavo.
—Neste pé as cousas, O Bispo escreve a El-Rey dizendo «gue
quem vio a Bahia em tempo do bom Thomé de Souza, e a vê agora,
tem tanta cousa de se carpir, que passa a expor-lhe as gueixas
conira as más acções de D. Alwaro da Costa, João Rodrigues
Peçanha, Luiz de Goés, Fernando Vasco da Costa e outros seus
sequazes, e tantos descuidos do Governador que não ha homem, nem
mulher na Bahia, que não sejam affrontados, desautorados e
combatidos de sua honra, e são estes homes excessivamente atrevidos,
em ofender a Deus, em afrontar os moradores, e que queixando-se
delles ao Governador e em particular que olhasse para seu filho e o
apartasse das más conversações, respondeu que não podia toiher seu
filho D. Alvaro, que folgasse com quem quizesse e gue na terra não
havra outros fidalgos mais honrados que João Rodrigues Peçanha e
Luiz de Góes com quem seu filho se désse e praticasse, e por suas
queixas lhe tomou o Governador tamanho aborrecimento que nunca
mais lhe passou pela rua, e fez que seu filho D. Alvaro e João
Rodrigues Peçanha amotinassem os conegos contra elle, como
fizeram.»(*)
Em 1555 não passou despercebida a El-Rey a necessidade de
se construirem navios para guardar a costa, recebendo Duarte da
Costa ordens no mesmo sentido. (**)
Augmentando as desavenças com o Governador Geral, D.
Pedro Fernandes Sardinha embarcou para o Reino. A sorte lhe foi
adversa e naufragando nos Baixos de D. Rodrigo, no rio Cururipe,
foi morto e devorado pelos indios Cahetés em 1555.
Devido ao estabelecimento dos francezes, commandados por
Nicoláo Durand de Villegaignon, no Rio de Janeiro e á morte do
Bispo, Duarte da Costa deixou o governo em 1557 e retirou-se para
Lisbôa.
(*) Tambem Duarte da Costa escreveu tres cartas a El-Rey, queixando-se dos:
excessos € crimes do Bispo, o que tudo se evidenciava do processo e devassa que
remettia para El-Rey verificar.
(**) Em 15 de Maio de 1651 o Governo Portuguez mandou construir o Arsenal
de Marinha da Bahia, sendo Governador Geral o Conde de Castello Melhor.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
MEM DE SÁ foi o 3.° Governador Geral do Brazil. Descendia
da Familia Pelagio de Sá, fidalgo da Casa Real, e era filho de
Gonçalo Mendes de Sá.
Foi nomeado em 24 de Julho de. 1556 e tomou posse do.
Governo em 23 de Julho. de 1558.
No mesmo anno de 1557, morreu D. Seratia. com a idade de
tres annos, ficando na regencia do Reino D. Catharina d'Austria,
viuva de D. João III, ena Bahia (5 de Outubro) morreu Diogo
Alvares Corrêa—Caramurú.
Braz Fragoso foi nomeado ouvidor da Bahia, em logar do
Dris Pedro Borges.
Pot esse tempo-a côrte provê sobre os eèngeñhós de Moer
cannas, sobre os direitos do assucar, sobre os degredados que são
mandados para o Brazil e sobre as ferramentas com que os mora-
dores do Brazil podiam negociar com os indigenas.
Assumindo o governo, Mem de Sá restabeleceu a ordem,
mandou logo combater os Goytacazes, que infestavam a capitania
do Espirito Santo, dando esta incumbencia a seu filho Fernando-
de Sá, que foi morto pelos mesmos.
Emn seguida seguio para o Rio de Janeiro no sentido de bater
os Francezes, commandados por Villegaignon. Recebeu os refor-
ços que o Padre Nobrega enviou de S. Vicente e derrotou os Fran-
cezes, que eram auxiliados pelos indios Zamoyos.
Entretanto, havia muito que fazer de referencia á expulsão das
forças de Villegaignon.
Da metropole, a seu pedido, vieram tropas commandadas por
seu sobrinho Estacio de Sá.
Estacio de Sá dirige-se ao Rio e fortifica-se no Pão de Assucar,
lançando as bases da cidade de S. Sebastião.
Sabendo que Estacio não conseguio expulsar os Francezes,
Mem de Sá, já então na Bahia, seguio para o Rio e levou uma expe-
dição commandada por Christovam de Barros, recebeu reforços do
Espirito-Santo e de S. Vicente e no dia 15 Março de 1560 atacou os
Francezes e os destroçou no Forte Coligny, fugindo a maior parte
para a Bahia de Nictheroy, apoderou-se da ilha Uruçumiri, do Forte
Coligny, demolio-o e conduzio para bordo todo o trem de guerra..
Em seguida transferio a cidade do Rio para o Morro do Cas-
tello, nomeando seu Governador Salvador Correia de Sá, por ter-
fallecido Estacio de Sá, devido a um ferimento recebido na lucta
contra os Francezes.
De S. Vicente escreveu a El-Rey dando conta do successo,
mudou os habitantes de Santo André para o sitio, onde se fundou
S. Paulo e retirou-se para a Bahia, onde foi festivamente rece--
bido.
Governou até 1572, data em que falleceu.
Foi enterrado na igreja do Collegio.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
P OER
No seu governo, 1509, chegou 4. Bahia -o segundo Bispo,
D. Pedro Leitão, o mesmo que ordenou ao Padre José de Anchiêta.
4.° Luiz de Britto e Almeida, nomeado a 10 de Dezembro de
1572. Chegou a Bahia a 13 de Maio de 1573 e governou até o
ultimo dia do anno de 1577, em que foi substituido por
5.° Lourenço da Veiga, que até então tinha administrado, como
capitão-mór e locotenente dos donatarios de S. Vicente, successores
de Pero Lopes, a dita capitania. Chegou a Bahia em fins de
Dezembro de 1577 e assumiu o Governo a 1 de Janeiro de 1578,
fallecendo a 17 de Junho desse anno. Sentindo-se doente, passou
em tempo o governo ao senado da camara e ao ouvidor geral Cosme
Rangel de Macedo, forma collectiva, então nova, de governo, confir-
mada depois pelo rei, que era Felippe II de Hespanha.
Este governo interino durou até chegar
6.° Manoel Telles Barretto, que, nomeado a 20 de Novembro
de 1581 assumiu a administração a 9 de Maio de 1583 e exerceu-a
até 27 de Março de 1587, em que falleceu,. succedendo-Ihe, con-
forme a via de successão que trouxera, uma junta composta do
Bispo D. Antonio Barreiros, o provedor-mór da fazenda Christovāo
de Barros, e por curto tempo o ouvidor geral Antonio Coelho de
Aguiar, junta que governou até 24 de Outubro de 1591, quando
chegou
EeP Francisco-de Sousa nomeado- -por Ce Reide L° de
ea de 1590.: Tomou- posse a 4 de Outubro-de 1591; e goyer-
nou até 12 de Maio de 1602. Quando em 1598 foi ao descobrimento
das minas de prata de Roberio Dias, substituio-o no governo o
capitão-mór Alvaro de Carvalho.
8.° Diogo Botelho, nomeado por C. R. de 20 de Fevereiro de
1601. Tomou posse a 12 de Maio de 1602 e governou até
Fevereiro de 1607.
92: D- Diogo de : Menezes, -depois 1.° -Conde da Ericeira,
nomeado a 22 de Agosto de 1606, chegou a Pernambuco em fins de
1607 e a Bahia em Fevereiro de 1608 ( Varnhagen ), governando até
1613.
Succedeu-lhe
10. Gaspar de Souza, nomeado a 4 de Março de 1613, tomou
posse a 21 de Dezembro de 1613. Por ordem régia fixou a principio
sua residencia em Pernambuco por causa das guerras contra os
francezes que queriam se estabelecer no Maranhão.
Ainda em 1616 passava elle uma provisão, a 20 de Janeiro em
Olinda, nomeando a Vasco de Souza Pacheco para capitão-mór da
Bahia, em substituição a sua pessoa.
11: D. Laiz de Souza, tomou possé to dia 1 de Janerode
1617 e governou até Outubro de 1622, epoca em gue ässumiu a
administração.
12. Diogo de Mendonça Furtado. Este governou até 10 de
H B >
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
34 —
Maio de 1624. quando foi preso, com mais 13, pelos hollandezes,
quando invadiram a Bahia, e remettido para Hollanda.
Pela via de successão competiu o governo a
13. Mathias de Albuquerque, que então governava Pernam-
buco. Mas emquanto não tomou posse, governaram como capitães-
móres do Reconcavo:
a) O ouvidor geral Antão de Mesquita e Oliveira nos primeiros
dias logo depois da tomada da Bahia;
b) A junta composta do bispo D. Marcos Teixeira, Antonio
Cardoso de Barros, e Lourenço de Albuquerque que governou até
22 de Setembro, e finalmente: ;
c) Francisco Nunes Marinho, que veio como locotenente de
Mathias de Albuquerque e governou de 22 de Setembro até 3 de
Dezembro do dito anno de 1624, auxiliado por Manoel de Souza
a Eca.
14. D. ŪVrancisco de Moura Rolim tómou posse a 3 de
Dezembro de 1624, vindo nomeado pelo rei com patente de capitão-
mór do Reconcavo, e governou até 6 de Outubro de 1626, em que
foi rendido por
15. Diogo Luiz de Oliveira, conde de Miranda, que governou
ate BNS de 1635.
16. Pedro da Silva, o Duro, depois conde de S. Lourenço,
tomou posse em fins de 1635 e governou até 20 de Janeiro de 1639.
17. D. Fernando de Mascarenhas, conde da Torre, tomou
posse a 20 de Janeiro de 1639 e governo até 7 de Janeiro de 1640,
epoca em que partiu commandando a frota que tão tristes dias
teve a 12, 13 e 17. Do governo ficou inteiramente incumbido
D. Vasco Mascarenhas, conde de Obidos.
18. D. Jorge de Mascarenhas, marquez de Montalvão, 19 vice-
rei do Brazil. Tomou posse a 3 de Junho de 1640.
Preso a 15 de Abril do anno seguinte e deposto, foi, a 5 de
Junho, carregado de ferros, remettido á Lisboa sob a vigilancia de
seu inimigo fidagal Luiz Telles da Silva.
Governou provisoriamente a junta composta do Bispo D. Pedro
da Silva Sampaio, Luiz Barbalho e Lourenço de Britto Correia,
até yir.
19. Antonio Telles da Silva, que tomou posse a 26 de Agosto
de 1642 e governou até 22 de Dezembro de 1647.
20. Antonio Telles de Menezes, Conde de Villa Pouca de
Aguiar, tomou posse a 22 de Dezembro de 1647 e governou até
7 de Março de 1650.
21. João Rodrigues de Vasconcellos, Conde de Castello Melhor,
tomou posse a 7 de Março de 1650 e governou até 5 de Janeiro de
1654.
22. Jeronymo de Athayde, Conde de Atouguia, tomou posse a
6 de Janeiro de 1654 e governou até 18 de Junho de 1657.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a
23. Francisco Barreto de- Menezes tomou posse a 20 de Junho
de 1657 e governou até 24 de Junho de 16653.
24. D, Vasco de Mascarenhas, Conde dè Obidos, 29-Vice-Rëi,
tomou posse a 24 de Junho de 1663 e governou até 13 de Junho de
1667.
25. Alexandre de 50uza Freire, tomou põsse a 19de Junho de
1667 e governou até 8 de Maio do 1671.
Seu successor nomeado, João Correia da Silva, sahiu de Lisbôa
no principio do anno de 1669 para vir tomar posse, mas naufragou
e pereceu nas costas do Rio Vermelho, sendo seu corpo achado e
enterrado no Convento de S. Francisco,
26. Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça, Visconde
de Barbacena, tomou posse á 8 de Maio de 1671 e morreu de erisy-
pela a 26 de Novembro de 1675.
Por não haver via de successão, escolheu antes de morrer e de
accordo com o Senado da Camara; ós que deviam succeder-Ihe,
a saber: O chanceller Agostinho de Azevedo Monteiro, o mestre de
campo Alvaro de Azevedo e o juiz ordinario Antonio Guedes de
Britto. Fallecendo logo depois o chanceller, elegeu-se para supprir
a vaga ao Dezembargador mais antigo Christovão de Burgos
Contreiras.
A-este governo succedeu
27. Roque da Costa Barretto, nomeado por. carta régia de 3 de
Fevereiro de 1677, tomou posse a 15 de Março de 1678 e governou
até 5 de Maio de 1682, embarcanċćo para Lisbôa a 23 do mesmo mez.
28. Antonio de Souza Menezes, o Braço de prata, tomou posse
a 25 de Maio de 1682 e governou até 4 de Junho de 1684.
29. Antonio-Luiz de Souza Tello de Menezes, 29 Marquez das
Minas, tomou posse a 4 de Junho de 1684 e governou até 6 de
Julho de 1687.
30. Mathias da Cunha tomou posse a 6 de Julko de-1687,
falleceu da Bicha a 24 de Outubro de 1688 e foi sepultado em
S. Bento. Faltando tambem desta vez a via de successão, reuniu -o0
governador, antes de morrer, nem só a Camara e nobreza, como os
officiaes superiores da cidade e assentaram em eleger, para succe-
der-lhe no governo, uma Junta composta do arcebispo D. fr. Manoel
da Resurreição e do chanceller Manoel Carneiro de Sá, que
governou até § de Outubro de 1690.
ji. Antonio Luiz Gonçalves dá Camara Coitinho, Almo-
tacér-mór do Reino, tomou posse a 10 de Outubro de 1690 e
governou até 22 de Maio de 1694. Falleceu na Bahia em 1702,
quando aqui tocou de volta de seu governo da India e foi sepultado
no Collegio.
32. D. João de Lencastro tomou posse a 22 de Maio de 1694 e
governou até 3 de Julho de 1702.
33.-D. Rodrigo da Costatomou posse a 3 de Julho de- 1702 e
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 36 —
povernou ate ò de Setembro: de 1709 kaa Mio- de D. Joao da
Costa, 19 Conde de Soure.
34. Luiz Cezar de Menezes, alferes-mór do Reino,tomou posse
ao de Setembro de L705 é governou ate 3 de Mato de 1710.
99. D. Loúrenço de Almada tomou posse a 3 de Maio de 1710
e governou somente até 14 de Outubro do anno seguinte, por ter
sido chamado a occupar a presidencia da junta do commercio em
Lisboa. Foi então rendido por
36. Pedro de Vasconcellos e Souza, 20 Conde de Castello
Melhor, que tomou posse a 14 de Outubro de 1711 e governou até
to de Janio de 1714
J: De Pedro dèe Noron 20 Conde de Vila verne e 19
Màårquez de Angeja, 39 Vice-rei, tomou posse a 13 de Junho de 1714
e governou até 31 de Agost de 1718.
S0: D Sancho dè Faro € Souza, 27 Conde de Vimieiro,
tomou posse a 21 de Agosto de 1718 e, no anno seguinte de 1719,
falleceu a 13 de Outubro sendo sepultado na Piedade.
Governaram interinamente o arcebispo D. Sebastião Monteiro
da Vide, o chanceller Caetano de Britto Figueiredo e o mestre de
campo João de Araujo e Azevedo, que assumiram a administração
a 14 de Ouiübro de 17/19 e.a passaram a 23 de Novembro do
seguinte anno de 1720.
39: Vasco Fernandes Cezar de Menezés, depois Conde de
Sabugosa, 4.° vice-rei, flho de Luiz Cezar de Menezes e sobrinho
de D.João de Lencastro. Tomou posse a 23 de Novembro de 1720 e
governou até 6 de Maio de 1735, depois de Mem de Sá, o 1.° que
governou por tanto tempo.
Tambem longo foi o governo de seo successor.
40. André de Mello e Castro, Conde das Galveias, 5° Vice-
Rei, que tomou posse a 11 de Maio de 1735 e governou até 16 de
Dezembro de 1749.
41. Luiz Peregrino de Carvalho Menezes de Athayde, Conde
de Atouguia, 6° Vice-Rei, tomou posse a 16 de Dezembro de 1749
e governon até 7 de Agosto de 1754.
Emquanto lhe vinha o successor, assumiu a administração a 7
de Agosto de 1754 ajunta de governo interino, composta do
arcebispo D. José Botelho de Mattos, o Chanceller Manuel Antonio
da Cunha Souto Mayor e o Corouel Lourenço Monteiro, designados
na via de successão, que se achava na guarđa dos Jesuitas.
Fallecendo a 29 de Abril de 1755 o Coronel Lourenço Monteiro,
continuaram os dous outros no governo até que a 23 de Dezembro
do`mesmo anno assumiu a administração:
42. D. Marcos de Noronha e Britto, 6° Conde dos Arcos, 7.°
Vice-Rei, que governou até 9 de Janeiro de 1760, retirando-se para
Lisbôa a 24 de Abril na náo «Nossa Senhora d'Ajuda».
43. D. Antonio de Almeida Soares Portugal, 3.° Conde de
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
. sE gi
Avintes, 1° Marquez de Lavradio, 8° Vice-Rei e ultimo na Bahia:
Tomou posse a 9 de Janeiro de 1760 ea 4 de Julho desde mesmo
auno falleceu.
Não havendo via de successão, reuniram-se a Camara, o Cabido
e a Relação e nomearam a 6 de Julho governador interino ao
Chanceller Thomaz Robim de Barros Barretto, que governou até 21
de Junho do seguinte anno, mas não tendo esta escolha tido a regia
approvação, foi então substituido por uma junta composta do
Chanceller José de Carvalho de Andrade e coronel Gonçalo Xavier
de Barros Alvim, que tomou posse a 21 de Jundo de 1761. A estes
dous reuniu-se a 29 de Julho do seguinte anno de 1762 o Bispo
Coadjutor da Bahia D. Fr. Manuel de Santa Ignez, depols Afce:
bispo.
Este governo esteve á testa da administração até 25 de Março
de 1766.
44. Antonio Rolim de Moura Tavares, 1° Conde de Azambuja,
tomou posse a 25 de Março de 1766 e governou até 31 de Outubro
ado seguinte anno de 1797 quando partiu para o Rio de Janeiro a
succeder ao Conde da Cunha.
Até vir-lhe successor, governou o Arcebispo D. Fr. Manuel
dé Santa Ignez.
45. D. Luiz Antonio de Almeida Portugal Soares d’Eça
Alarcão Mello Silva e Mascarenhas, 4° Conde de Avintes e 2°
Marquez de Lavradio, tomou posse a 19 de Abril- de 1708-€
governou até 11 de Outubro do seguinte anno em que foi assumir,
como vice-rei, o governo no Rio de Janeiro e foi rendido por.
46. D. José da Cunha Gran de Athaide e Mello, 4° Conde de
Povolide, que tomou posse a 11 de Outubro de 1769 e governou
até 3 de Abril de 1774, em que por ordem da côrte partiu para
Lisbôa, deixando, pela mesma ordem a administração entregue á
junta composta do Arcebispo D. Joaquim Borges de Figueirôa, o
Chanceller Miguel Serrão Diniz e o tenente-coronel Manuel
Xavier Ala, segundo alvará de 12 de Dezembro de 1770. Este
governo findou a 8 de Setembro de 1774.
47. Manuel da Cunha Menezes, depois Conde de Lumiar,
tomou posse a 8 de Setembro de 1774 e governou até 12 de
Novembro de 1779.
48. D. Affonso Miguel de Portugal e Castro, Marquez de
Valença, tomou posse a 13 de Novembro de 1779 e governou até
31 de Junho de 1783. Até vir-lhe successor, governou a jůnta
composta do Arcebispo D. Antonio Correia, Chanceller Joaquim
Ignacio de Britto Boccarro Castanheda e o coronel Luiz Clarque
Lobo, até 6 de Janeiro de 1784, em que tomou posse.
49. D. Rodrigo José de Menezes e Castro, depois Conde de
Cavalleiros, que governou até 18 de Abril de 1788.
50. D. Fernando José de Portugal, depois Marquez de
ai aaia nT aiii
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
sa oS
Aguiar, tomou posse a 18 de Abril de 1788 e governou até 10 de
Outubru de 1801, um dos longos governos que teve a Bahia.
Emgquanto não lhe veio successor governaram interinamente o
Arcebispo D. Antonio Correia, Firmino de Magalhães Cerqueira
Fonseca e Florencio Jésé Correia de Mello.
51. Francisco da Cunha Menezes tomou posse a 5 dè Abril de
t802 e governou até 14 de Dezembro de 1805.
52°. D. João de Saldanha da Gama Mello Torres Guedes de
Britto, 6° Conde da Ponte, tomou posse a 14 de Dezembro de 1805
e falleceu a 24 de Maio de 1809 e jaz na egreja da Piedade.
Succedeu-lhe um governo interino composto do Arcebispo D.
Fr. José de Santa Escolastica, Chanceller Antonio José Pereira da
Cunha e marechal João Baptista Vieira Godinho, que governaram
até 30 de Outubro de 1810 em que tomou posse.
5: D: Marcos de Noronha e Britto, 8° Conde dós Arcos que
governou até 26 de Janeiro de 1818, assumindo finalmente n'esta
data o governo da capitania.
94 DS Francisco de Assis Mascareuhas, Conde da- Palma,
ultimo governador da Bahia, que a 10 de Fevereiro de 1821 passou
a administração a uma junta provisoria de governo, composta do
Conego José Fernandes da Silva Freire, tenente-coronel Francisco
de Paula Oliveira, tenente-coronel Francisco José Pereira, Fran-
cisco Antonio Filgueiras, José Antonio Rodrigues Vianna, Paulo
José de Mello Azevedo Brito, dezembargador Luiz Manuel de
Moura Cabral, desembargador José Caetano de Paiva Pereira,
bacharel José Lino Coutinho e coronel Manuel Pedro de Freitas
Guimarães.
A ësta junta succedeu a 2 de Fevereiro do seguinte anno de
1822 uma outra composta do Dr. Francisco Vicente Vianna, como
presidente, o dezembargador Francisco Carneiro de Campos, como
secretario, Francisco Martins da Costa, Francisco Elėsbão Pires de
Carvalho de Albuquerque, conego José Cardoso Pereira de Mello,
tenente-coronel Manuel Ignacio da Cunha Menezes e desem-
bargador Antonio da Silva Telles.
Esta segunda junta foi a 9 de Maio de 1823 deposta pelo
general Madeira. Neste entretanto, porém, organisou-se a 6 de
Setembro de 1822 em Cachoeira uma outra composta do capitão-
mór Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, como
presidente, bacharel Francisco Gomes de Brandão Montezuma,
como secretario, dezembargador corregedor Antonio José Duarte
de Araujo Gondim, capitão Manuel da Silva Souto Coimbra,
capitão Manuel Gonçalves Maia Bittencourt, padre Manuel Dendê
Bus.
Mais tarde entraram tambem para esta Junta: Miguel Calmon
du Pin e. Almeida, Manuel da Silva Parahy, Theodosio Dias de
Castro, Simão Gomes Ferreira Velloso, Manuel dos Santos Silva,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
39
Francisco Ayres de Almeida Freitas como representantes das
differentes villas colligadas.
A esta Junta süccedeu, finalmente, a creada por C. I dé 5. de
Dezembro de 1822, composta de Francisco Elesbão Pires de
Carvalho e Albuquerque, depois Barão de Jaguaripe, Dr. Joaquim
José Pinheiro de Vasconcellos, depois Barão e Visconde de
Montserrate, José Joaquim de Siqueira Bulcão, depois Barão de S.
Francisco, José Joaquim Muniz Barretto de Aragão, depois Barão de
Itapororocas, Dezembargador Antonio Augusto da Silva, Manuel
Gonsalves Maia Bittencourt e o coronel Filisberto Gomes Caldeira.
Foi esta Junta que passou o governo ao primeiro presidente-
que teve a Provincia da Bahia.
ORGANISAÇÃO ADMINISTRATIVA DA CAMARA
NA EPOCA COLONIS
O GOVERNADOR GERAL, com amplas attribuições exaradas nos
respectivos regimentos. De 1549 até 1640 a Bahia foi séde de um
Governo Geral. De 1640 até 1763 foi séde do Vice-Reinado.
O CAPITÃO-MÓR. A funcção do Capitão-mór era defender a
Cidade das incüūrsões, prover sobre sua segurança, fortifcal-a,
tambem «usando seus poderes no Crime, no Civel, na Justiça e na
fazenda».
O ALCAIDE-MÓR. Os Alcaides-móres eram em Portugal os
guardas dos Castelios. D. Affonso V dispoz que elles fossem fidalgos
de Pae e Mãe, e eram escolhidos por eleição tirada em pelouros.
Tinham direitos, regalias e grossas rendas de herdade.
Usavam vara e tinham logar em muitas causas como membro
da justiça.
O ALCAIDE DA CIDADE. O Alcaide da Cidade correspondia ao
Alcaide Pequeno, que em Lisbôa era o'substituto do Alcaide-mór.
Uma de suas funcções era a visita aos navios que tocavam no porto..
Os Alcaides eram escolhidos de tres nomes que os Officiaes da
Camara pediam ao Alcaide-mór. Dos tres era escolhido o mais
idoneo, a quem se passava Provisão por tres annos. Tambem
exerciam funcções de Justiça e faziam penhoras.
OS OFFICIAES DA CAMARA. Os Offciaes da Camara serviam
por um anno e eram eleitos por meio dos pelouros que eram
mandados tirar pelo Juiz e pelo Procurador da Camara, os quaes se
reuniam na Casa da Camara.
Os Offciaes da Camara comprehendiam: dois Juizes, tres
Vareadores e o Procurador da Cidade.
Os ALMOTACÉIS. Os Almotacéis eram escolhidos por pelouros
tirados pelos Juizes e Procurador do Conselho e serviam durante
dois mezes.
Eram os fiscaes dos pesos e medidas e dos preços dos generos.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 40
Além destes contavam-se os Procuradores do Conselho e da
Cidade, que velavam pelos seus interesses defendendo-os em Juizo
e perante 0S veréadores.
ORGANISAÇÃO JUDICIARIA
A Relação da Bahia foi creada pelo Governador Geral D. Diogo
de Menezes. Seu primeiro Regimento é de 7 de Março de 1609.
Felippe III de Hespanha supprimio-a. No governo do Conde de
Castello Melhor—foi novamente instaurada em 1652——reinando em
Portugal- D. João IV; quelbe deu am. regimento que-existe nó
Archivo Publico deste Estado. Em 28 dë Junho de 1809 —resolução
de 28 de Junho foi declarada Casa do Ponto ou do Civel. Ficava ao
lado do Palacio do Presidente da parte do Norte; tem frente para o
mar á dita praça (D. Rabello=—1829):
No mesmo edificio tem sala para audiencia do Ouvidor do
Civel edo Cunie.
«Antes de 1808 o Poder Judiciario estava confiado ás respectivas
Relações, compostas de «Dezembargadores», que sentenciavam por
appellação, e «Ouvidores ou Juizes Itinerantes» que faziam todo o
anno a correição nas Comarcas. O Julgamento de certas causas
competia aos «Juizes de Fóra»,escolhidos entre os Bachareis formados
em Coimbra. Nos logares menos populosos «Juizes Ordinarios», com
attribuições de «Juizes de Fóra», eram eleitos por individuos
denominados «Bons do Povo» assim qualificados por haverem
exercido cargos das municipalidades. Das sentenças destes juizes
havia appellação para a Relação do Rio de Janeiro e desta para o
«Dezembargo do Paço» de Lisbôa.
Os estatutos que regulavam o Poder Juridico eram baseados
nos dos reinados dos Felippes, e intitulados «Ordenações do Reino»
e Decretos promulgados depois que subio ao Throno a Casa de
Bragança; occupava esta legislação nove volumes.
Entretanto, uma ordem do Capitão General bastava para
suspender ou reduzir á nullidade as sentenças legaes (J. Armitage
—H. do Brazil—).
PROVĘDOR-MÓR DA FAZENDA DE AUSENTES. Era nomeado
pelo Rei e guardava os interesses dos Auzentes.
Joiz- DE ORPRHAOS: Era- o -guarda dos- bens dos menores
orphãos e nomeado pelo Governador Geral, em nome de El-Rey.
«Comprehende (*) o governo civil, ou secular a bôa admi-
nistração da Justiça, arrecadação da Real Fazenda e o governo
economico do Povo.
Para a bôa administração da Justiça está este governo dividido
(*) Vide—Luiz dos Santos Vilhena—Arch. Pub.
ne d
r
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
em cinco comarcas, que em outro tempo forão Capitanias, as- quaes
correndo do norte para o Sul, são Sergipe d’El-Rey, Bahia, Ilhéos,
Porto Seguro, todas ao correr da costa, e Jacobina no tnterior do
Certão.
Todos os ouvidores destas comarcas fazem vezes de corre-
gedores com Jurisdicção tanto no civil, como no crime, e dos seus
despachos e sentenças se agrava, e apella recorrendo ao Supremo
Tribunal da Relação, onde'se discute se o agravante,ou apelante tem
ou não Justiça, revogão estes ou confirmão as sentenças do Juizes
forenses, ou ordinarios, de que ha muitos em cada huma das
comarcas. Servem igualmente de Provedores da Real Fazenda e
tomão contas dos testamentos, arrecadação dos bens de defuntos e
anzentes, capellas e residuos, örphäos, se em alguma parte nao
existe ainda algum proprietario leigo.
Na Cidade do Salvador Capital da Capitania da Bahia, e que
não ha muitos annos deixou de o ser de todo o Estado do Brazil,
hé a residencia do Tribunal da Relação, que toma conhecimento
por apellação, ou agravo dos despachos, e sentenças dos Juizes
inferiores de toda a Capitania estendendo-se a sua Jurisdicção até
os ouvidores de Pernambuco, Lagoas, Parahiba e mais comarcas,
pertencentes a Capitania de Pernambuco assim como do Reino de
Angola, e Ilha de S. Thomé para as revogar, aprovar ou reformar
segundo os fundamentos sobre que se fundão, e a Justiça que assiste
aos agravantes, apelantes e embargantes.
Compoem-se este Tribunal de hum Presidente, que sempre'hé
RT
o Governador General, como regedor das Justiças; hum Chanceler,
POE
e nove dezembargadores com seus cargos, e vema ser, cinco
agravistas, dois ouvidores geraes, do Civil hum, e outro do crime,
que ao mesmo tempo bé Intendente Geral da Policia; hum Juiz, €
hum procurador da Corôa e Fazenda. Beg
Há mais na Relação hum Tribunal do Dezembargo do Paço o
- qual se compoem do Regedor, Chanceler e Agravista mais antigo;
hotii
nelle hé que se passão as Provizões de Graças, e perdoens de crimes,
e mais particulares que só pertencem a hum similhante Tribunal e
Juiz, e Procurador da Corôa com os adjuntos que o Regedor nomea
decidem as causas, em que he parte o Soberano, assim como
decidem as duvidas, que se sujeitão entre a Coroa, e a jurisdicção
e de Justiça, e protege os vassallos quando oprimidos pelos Juizes
Eclesiasticos, oppondo se lhe quando querem proceder com
infracção dos Privilegios, Regalias do Reino, prestados por
concordata com a Santa Sé Apostólica.
Foi creada a Relação da Bahia no anno de 1603 por Fellipe 3°
em Castella e 2° em Portugal, bem como foi abolida em 12 de
Setembro de 1626 como se vê do Alvará que se acha registado na
Casa da Arrecadação da Real Fazenda da Bahia no livro 2.° de
ainni
Provizoens de que o Copia he a seguinte:
H B .
(d
CATHOLIC
\
I| UNIVERSITY OF AMERIC
A
T
+
E
EE E RE
à af Snne
A
ER
EAE
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Eu El-Rey faço saber aos que este Alvará virem, que por
« Justas consideraçoens do meu serviço, que me moverão, mandei
Cirat a Relação do Estado do Brazil, e qùe a consignação dos
«ordenados dos Ministros e oficiaes della se aplique ao sustento do
« Prezidio da Gente de Guerra da Bahia de Todos os Santos: pello
«que mande ao Governanor Geral, ao Provedor mór da minha
« Fazenda delle que sendo Ihe este aprezentado, logo sem dilação
« fação aplicar toda á quantia que se montar nos ditos ordenados,
«que havião os Ministros e oficiaes da dita Relação ao sustento do
« dito Prezidio, não consentindo que por nenhuma via se lhes pague
« mais, e para esse efeito passarão todas as ordens necessarias de
« maneira que a ditta quantia se despenda com o sustento da gente
«de guerra do ditto Prezidio e não no pagamento dos dittos
« Miuistros, e officiaes da Relação sub pena que, fazendo-se o
«contrario se não levará em despezas e a ditta quantia ou a parte
«que della se despendėér de official que a pagar. Este se cumprirá
« como nelle se contem, o qual se registará nos livros da Fazenda
«do ditto Estado, para a todo o tempo; se saber o que por elle
«mando, e valerá como carta sem embargo da Ordenação L°. 6°.
« titulo 40 que dispoem o contrario e se passou por tres vias, huma
« só haverá effeito e não passará pela Chańcelaria. Manoel Pereira a
« fez em Lisbôa a 5 de Abril de 1626. Diogo Soares subscreva, Rey.
«Por cartà de Sua Magestade de 3 de Março do ditto anno».
Por este Alvará, pois,de Felipe o Prudente 3.° em Castella e 2.°
em Portugal foi abolida a Relação da Bahia; veio porem -a sèr
restituida pelo Senhor Rey D. João IV no anno de 1652, gover-
nando então o Estado do Brazil João Rodrigues de Vasconcellos,
Conde de Castello Melhor, e então foi que se crearão os dois
ouvidores com a Relação. Não conhece este Tribunal das causas
apelladas das Capitanias do Sul, e Minas depois que o Senhor Rey
D. José Primeiro creou hum similhante Tribunal de Relação na
Cidade do Rio de Janeiro, e de ambos estes Tribunaes tem as partes
o regresso de apellarem para a Caza da Supplicação da Córte e
Cidade de Lisbôa logo que as cauzas forem avaliados em mais de
hum conto e duzentos mil reis por ser athé onde chega a alçada
destas duas Relações, bem entendido que hé só nas cauzas civeis,
porque nos crimes não há recurso: com a Relação foi igualmente
creado o Tribunal da Chancelaria.
O Tribunal da Provedoria Mór da Fazenda foi creado pelo
Senhor Rey D. João III no anno de 1549 e finalizou no anno de
1759 em que o Snr. Rey D. José I creou a «Junta da Arrecadação
da Real Fazenda». O 1°. Provedor Mór foi Antonio Cardoso de
Barros bem como o primeiro Ouvidor Geral, lugar creado então
pelá piimieira: vez: ioi 9 Dr: Pedro Borges.
A Casa da Moeda foi instituida no anno de 1694 governando
este Estado D. João de Lencastro, e isto para reduzir em moeda as-
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
peças de ouro, e prata dos moradores em attenção a falta de dinheiro
que entao havia. Não se cunhou este na Bahia, mas sim em
Pernambuco, e Rio de Janeiro. Suprimio-se o lavor desta Caza athé
que se descobrirão as Minas de Ouro, e o Senhor Rey D. João V
ordenou que se tornasse a abril-a e laborar, no que tem continuado
athé o presente. Creou-se com ella hum conservador que sempre
hé hum dos Dezembargadores da Relação, e hum escrivão, perante
o Conservador são privativamente demandados os moedeiros.
A Meza da Alfandega hé tão antiga como a mesma Cidade do
Salvador se bem que no seu principio não se estabeleceu com a
ordem e regimen que hoje tem em beneficio da Arrecadação da Real
Fazenda. As fazendas porem que desde o seu principio vinuhão de
Portugal sempre se réėgistavão. Athé o anno de 1550 vinhão estas
para se repartirem pelos habitantes sem que com tudo pagassem
pensão algama de direitos; correndo porem o tempo se estabeleceu
o methodo, e ordem para a arrecadação dos direitos pertencentes a
Sua Magestade como te farei ver nos governos de Pedro de
Vasconcellos 36. Governador, e Vice Reynado do Marquez de
Angeja, 3°. Vice-Rey do Estado do Brazil.
A Meza da Inspecção foi creada pelo Senhor Rey D. José I no
anno de 1751 governando este Estado e Capitania o Conde de
Atouguia D. Luiz Pedro Peregrino de Carvalho de Menezes e
Atahide 6°. Vice Rey do Brazil, foi o seu 1°. ministro Wencesláo
Pereira da Silva.
O Juizo de Fóra foi creado pelo Snr. Rey D. Pedro II no anno
de 1696 governando esta Capitania D. João de Lencastro; Jorge da
Costa Correia ioi o 1°. ministro que servio neste lugar.
O Corregedor da Comarca foi o mesmo Senhor servido crear
naquelle mesmo anno, e o 1°. ministro foi Melchior de Souza
Villas Bôas.
O logar de juiz do crime foi creado pelo Senhor Rey D. João V
no anno de 1742 no vice-reinado do Conde das Galveas e seu
1.° ministro foi Rodrigo dos Reys Correia.
O juizo dos orphãos foi creado pelo mencionado Senhor, sendo
Vice-Rey Vasco Fernandes Cezar de Menezes; o ministro primeiro
que nelle serviu foi Cypriano José da Rocha.
O Juizo da Mampostaria-mór dos Captivos andava annexo ao
juizo de orphãos`atéo anno de 1774, em que D. José I foi servido
extinguil-o por Lei de 2 de Junho daquelle anno.
Antes de haver na Bahia Relação, todos estes empregos
estavam incorporados na Ouvidoria Geral e Correição donde se
foram gradualmente desannexando até ficarem no estado em que
persistem.
A Secretaria do Estado teve seu principio com a creação deste
governo.
A Junta da Arrecadação da Real Fazenda foi creada -pelo -
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
sA
Sr. D. José I no anno de 1757, governando a Capitania da Bahia.
D. Marcos de Noronha, Conde dos Arcos, ficando por isso extincto
o logar de Provedor-mór da Fazenda que então exercia Manoel de
Mattos Pegado Serpa.
No anno de 1758 vieram a esta cidade tres conselheiros de
Ultramar mandados por S. Magestade a diversas diligencias de
consequencia importante (*).
No anno de 1754 havia o mesmo Senhor creado o lugar de
Juiz de Fora da Villa da Cachoeira, governando esta Capitania o
snpramencionado Vice Rey, Conde de Atouguia; foi o 1°. Ministro
Paschoal de Abranches de Almeida.
Emm 1742 havia o Senhor D. João V creado o logar de Ouvidor
de Jacobina, governando esta Capitania o Conde das Galveas, e o
primeiro provido neste lógar foi, segundo hum assento que acho, o
Dr. Manoel da Fonseca Brandão, se bem que ache, outro assento
differente como adiante verás».
A BAFUA CAPITAR DO BRAZIL.
A Bahia foi Capital do Brazil desde 1549 até 23 de Junho de
1763, quando foi mudada para o Rio de Janeiro.
1°. VICEAREY
O primeiro Vice Rey do Brazil foi D. Jorge de Mascarenhas,
Marquez de Monte Alvão, o qual tomou posse a 3 de Junho de 1640.
Foi preso, devido a uma revolução, deposto do cargo, carre-
gado de ferros e remettido a Lisboa sob a vigilancia de seu inimigo
hgadal Luiz Telles daSilva. }
_ (*) Sobre devassas abertas contra os Dezembargadores da Relação da Bahia,
leiam-se os Annaes da Bibliotheca Nacięnal do anno de 1912 e «Cartas a Sua
Magestade, existentes no-Archivo Publico». :
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
OS MISSIONARIO E 08 BANDEIRANTEO
INVASÃO FRANCEZA EM ILHÉOS—1595
A CATECHÉSE E A CONQUISTA DAS TERRAS
DESCOBRIMENTO DE MINAS
1549—1918
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a
)
ra a a
a ELAT
Pes
LAT] ka
DOEDDB
„
met ,
BeesENERE DE
EEEREN
S Manet LA w Daran DPA EPAA NASPAN
KA
ED
PAINno
AA
GE
aog Aar
EAAE
RARER
P pia. woor NaP IAPAA
PEENE
PASCAS,
Aan R
NRY
Ne aA aorar LAT ia yape
s)
AON
TA
ONS
D
CPT IPOTOTILTLEDS RA TSA
Sru A E PAPAR g Arar A PATETEPA TATP ATTE LETLTIT D EE PTT TAT TTA T T a]
———e d $e ma Ae itaali W
T
E
E NO N E O
AT
OS JESUITAS—-A CATECHESE
O Padre Manoel da Nobrega foi o chefe dos Jestitas que
vieram com o primeiro Governador Thomé de Souza.
Chegando á Bahia e achando um vasto campo para sua missão
evangelisadora, iniciou a construcção de templos, cuidou da
catechese e civilisação dos indigenas, cohibindo os abusos
praticados por elles e pelos colonos.
Aspilcueta Navarro foi o seu companheiro
de apostolado. Nomeado provincial da Ordem
no Brazil, fundou o Collegio de S. Paulo, auxi-
hou o 3° Governador Geral Mem de Sá na
expulsão dos Francezes do Rio de Janeiro.
Ordenou o levantamento de templos reli-
giosos em Itaparica, Cayrú, Camamú, Porto
Seguro, Ilheús e Tinharé creando muitas al- ;
deias, as quaes em 1555 foram por elle visitadas José de Anchiêta
e corridas «por que elle mesmo queria ver com seus olhos e conso-
lar-se com o fructo espiritual, que esperava de tão bem empregados
suores de seus missionarios.»
—0ỌOs missionarios foram dos elementos mais importantes da
civilisação brazileira.
«Perlustravam (*) as florestas, reunindo os selvagens, cathe-
zavam-nos, disciplinavam-nos para a vida e para a lucta e
integrayvam-nos depois na diocese mais proxima. :
A tribu tranformava-se em civitas, a maloca em villa; o
parocho substituia o apostolo; o corregedor sübstitula o caciqte.
E o missionario reaviava-se ás trilhas dolorosas do dèserto, em
busca de outras selvas e de outros indigenas, retravando, obscu-
ramente, nas solidões ignoradas, a sua immensa batalha sem ruidos.
Sua obra ficava e com a batida nos desertos, exposto: ás
intemperies, sem outro lucro que a firmeza de seu apostolado, o
missionario augmentava a tarefa, transformava as missões religiosas
Es v. E. da Cunha-Perú versus Bolivia:
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
= AG sa
em missões politicas e, de envolta com tudo isto, augmentava o
territorio patrio num rumo intorcivel e persistente para o --norte;
Assistia em todos os mistéres as sociedades
nascentes. Era o medico, o confessor, O Juizo en-
genheiro que Ihes abria as veredas e Ihes locali-
sava as cidades e o ta ctico gue id ás lutas,
tombando, muita vez, na batalha, como aquelle
i
Jesuita Francisco Xa vier.»
- Aspilcucta Nä varro catechizou os in-
digenas dosul do Estado, creou varias aldeias, con-
struiu varios templos e ; com o consentimento do
Padre Nobrega, superior 18°acio de Loyola dą ordem fez parte da
bandeira do castelhano Franscisco Bruza de Spinosa, organizada
por Thomé de Souza em 1553, a qual partiu de Porto Seguro.
Aspilcueta Navarro relata o resultado da bandeira nas «Cartas
Avulsas dos Jesuitas.»
JOSÉ DE ANCHIÉTA.
José de Anchiêta veio com o 2.° Governador Geral Duarte da
Costa. Auxiliou Nobrega nos mra apostolicos e terminou a
terrivel confederação dos «Tamoyos.»
Anchiêta não foi só o catechisador da religião catholica, senão
que se dedicou desde logo aos assumptos da ethnologia, ao estudo
da lingua indigena e de seus costumes.
Foi a primeira organisação de scientista que visitou o Brazil.
Escreveu o livro «Vidas dos Religiosos da Campanhia de
Jesus», onde: está a narração das chapadas brazileiras e é um
repositorio de factos de um grande periodo colonial.
Escreveu a «Historia Natural do Brazil», tão notavel que, efn
1812, foi publicada pela Academia Real de Sciencias de Lisbôa,
dando motivo a qve Saint-Hilaire o proclamasse por um dos
homens mais extraordinarios de seu tempo. Essa dissertação é feita
em forma de cartas com o titulo «Epistolæ quam plurimarum
rerum naturalium quœ S. Vicenti provinciano incolunt sistens
descriptioneni.»
Falleceu em 1597 na aldeia de Reritgbá, no Espirito-Santo,
pouco depois de ter visitado o grande rio a que deu o nome de S.
Matheus, por ter a elle chegado no dia da commemoração desse
santo. {*)
Suas reliquias foram para Lisbôa em 1762. Prosegue na Igreja
o processo de sua canonisação.
Francisco Pires, Leonardo Nunes, Luiz da Gram, Vicente
(*) Vide doc. inedit. no Archivo Publico.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
m A a
Rodrigues e Antonio Vieira foram outros obreiros do bem,
catechizando, ensinando vencendo e deixando sua tradição nos
que lhes succederam na piedosa missão: Ludovico de Liorne e
Ascoli, em Ilhéos, Araujo Ferraz em 1718 em Belmonte, Apolonio
de Todi em Monte Santo e tantos outros. H
INVASÃO FRANCEZA EM ILHÉUS—1595.
Em 1595 uma armada franceza, composta de 13 náos, sendo
dez pequenas e tres grandes, invadio a cidade de Ihéus saqueiando-a.
Invadida a Cidade. os habitantes, tendo á frente Christovam
Leal e o mameluco Antonio Fernandes, «o Catuçadas», alcunha
que lhe déram pelas estocadas que dava nos inimigos, ao tempo em
que mandavam chamar o Capitão-Mór, no Almada, organisaram a
resistencia, enfrentando os inimigos hereges.
O ponto, onde os defensores se fizéram fortes, foi a Ermida de
N. S: da Victoria e «ahi resistiram com tanto valor quë com a
morte de tres e perda de doze arcabuzes, por se não arriscarem
mais com tão pouco, tendo a villa por toda sua, se retiraram para
ella, e sè fizeram fortes em humas casas para isso muito capazes de
Jorge Martins e dellas começaram a dar saques a todas as mais».
Soffrendo os Francezes os primeiros revézes e não chegando
do Almada o Capitão-Mór, elegeram chefe da resistencia ao mestiço
Antonio Fernandes, que, com poucas armas e poucos homens, 20
ao todo, revestido, porém dé coragem e de patriotismo, pois, já era
um genuino: brazileiro, levou de vencida os hereges francezes,
matando cincoeñta e sete, inclusive o Capitão. «E assim
despejaram (*) a terra, e os da Villa ficaram muy ufanos, ajudados
todos com os socorros de N. S. da Victoria», vendo os inimigos
reembarcarem vencidos e sahirem a barra da Capitania.
BANDEIRANTES
Thomé de Souza 1°. Governador Geral do Brazil, por ordem
da metropole, organizou as bandeiras de penetração, pois até então
ño dizer de Frei Vicente do Salvador, os portuguezes «viviam ao
longo da costa como carangueijos.»
Os bandeirantes venciam os indigenas, dominavam as terras
que iam conhecendo,- plantavam a canna eos cereaes e criavam
o primeiro gado.
—A 1.° bandeira foi por Thomé de Souza confiada a Francisco
Bruzza de Spinosa, que levou em sua companhia o jesuita Aspil-
ĉueta Navarro.
(*) Jaboatão—Orbe Serafico.
H B
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ai hga
Percurso: 330 legoas, subindo os rios Jequitinhonha, das
Velhas e S. Francisco
Mallograda esta expedição, Thomé de Souza escreveu ao Rey:
«não fallaria outra vez em ouro, emquanto não o mandasse devéras
e que nas diligencias por elle andaria com muito tento e pouca
perda de gente e de fazenda, pois que... por muito madrugar não
era que havia de amanhecer mais cedo.»
Neste primeiro periodo a colonisação abrangia o Jequitinhonha
e o Paraguassú, sendo dadas no curso do ultimo grandes sesma-
rias, avultando as de D. Alvaro da Costa, de 10 legoas, entre
as barras do Paraguassú è Jaguaripe, as de Simão da Gama
e- Erančisco Toséaro:
2." bandeira—A de Vasco Roïz Caldas, em 1562 percorreu
70 legoas nò Paraguassú
3.* bandeira--A de Martim Carvalho penetrou 220 legoas
e encontrou grãos miudos, crystaes e pedras verdes. Effectuou-se
em I570 quando a colonisação se estendia pelo Paraguassú e pelo
Rio Real, sendo condição essencial ás dadas sesmarias «deitar
gado dentro de seis mezes.»
Egas Moniz, Miguel dc Moura, Gaspar Rodrigues, Belchior
Dias Porcalho e Duarte Dias são os principaes colonisadores
das bacias do Paraguassú e Rio Real. (*)
4.” bandeira—A de Sebastião Fernandes Tourinho—1572 e
1575, internou-se por Porto-Seguro, regressando pelo Jequiti-
uhonha.
Subiu depois o Rio Doce e voltou pelo valle de Caraveltłas.
Descobriu pedras verdes e rubras e tambem ouro.
Nesse anno Garcia ď’Avila tornou-se o maior sesmeiro da
Bahia, possuindo terras desde Jaguaripe até o Rio Real, em uma
distancia de quasi 50 legoas. (Posteriormente Garcia d'Avila, que
(*) O nome de Belchyor Moreya, Pae de Roberio Dias, era Belchyor da
Fonseca Sarayva Dias Moreva.
Por carta régia de 22 de Novembro de 1696 foi èncarregado do descobrimento
das minas de prata, sendo nomeado coronel do regimento de Infanteria da
Ordenança da Capitania de Sergipe d’El-Rey.
Francisco Dias ď’Avila, filho de Garcia d'Avila, Senhor da Torre, e tronco da
nobreza bahiana, era casado com D. Leonor Pereira Marinho e teve um filho de
nome Garcia d'Avila Pereira.
Francisco Dias d'Avila que, unido a Gaspar Roïz Adorno, foi o bandeirante
mais audaz da Bahia, sustentou grandes demandas com S. Bento a proposito de
um testamento feito por seu pai. (Ineditos do Arch. Pub.).
Sua viuva D. Leonor Pereira Marinho offereceu-se a El-Rey—vid. C. Regia
de 15 de Março de 1697—«para assistir de sua fazenda com os gastos e despezas na
construcção da fabrica de salitre que S. M. mandou estabelecer nas terras do
sertão», e custeou o pagamento dos pertences chegados de Iisbôa em 18 dë Março
de 1697 para a referida fabrica.
(Em estudo especial que estou fazendo sobre os bandeirantes bahianos e
sobre o descobrimento de riquezas mineraes trato do papel importantissimo
de Francisco Dias d'Avila na colonisação dos sertões bahianos, simplesmente
com os ineditos do Arch, Pub, da Bahia. )
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
habitava ocelebre castello da Torre, obteve outras sesmarias, que
se estenderam pelos rios Real, Itapicurú, Inhambupe, Pojuca
e S. Francisco, tornando-se o maior proprietario das terras da
Bahia. Suas terras constavam de um tombo, intitulado «lombo da
Casa da Torre», de que varias copias foram tiradas e apezar dos
esforços empregados, ainda não consegui descobrir.
Contemporaneo de Garcia d'Avila foi Guedes de Britto o
2.° maior proprietario territoriaąl—a começar do Itapicurú até as
extremas com Minas-Geraes, cujo tombo intitulado «Tombo da
Casa da Ponte», existe na Intendencia Municipal de Macahubas
e de tão grande alcance para as nossas com
questões. de limites
Minas-Geraes. »
Nesse mestno anno de 1573, Luiz de Britto. e Almeida, Govert-
nador Geral, organisou uma bandeira, que confiou a Antonio Dias
Adorno, o qual seguiu o roteiro de Sebastião Tourinho e encontrou
as celebres pedras verdes.
Chegou Adorno até a Serra das Esmeraldas e Lagôa Vapa-
buss, da qual fugiam aterrados os indigenas.
5. bþandeira— A de Roberio Dias realizou-se em 1591, sendo
Governador da Bahia D. Francisco de Souza. Roberio Dias, desgos-
toso, conduziu a comitiva de Francisco de Souza por sitios tão
diversos, que não foi possivel achar os rastos das minas que tinha
assegurado.
6. bandeira—A de Gabriel Soares de Souza, historiador,
bandeirante auctor do «Tratado descriptivo do Brazil», trouxe
como resultado a descripção minuciosa dos sertões brazileiros.
(TVEL
7.* bþandeira—A de João Coelho de Souza, em 1591, entrou
pelo Paraguassú, em demanda do S. Francisco. Descobriu metaes
preciosos de que fez menção no roteiro que, antes de morrer,
mandou entregar a seu irmão Gabriel Soares.
8. bandeira—.^ de Francisco Dias d'Avila, filho de Garcia
dďd’Avilla e sobrinho de Melchior Fonseca Sarayva Dias Moreya,
enveredou em 1600 por Jacobina, encontrando prata e ouro, de que
deu noticia em 1633 um official hollandez. Francisco Dias ď’Avila
era senhor da Torre de Tatuapára e foi dos mais abnegados
bandeirantes bahianos. De espirito altivo, laborioso, patriota,
grande foi o contingente que prestou á colonia, colonisando,
semeando culturas, augmentando as descobertas e conquistas,
batendo os indigenas e oppondo lucta tenaz á invasão hollandeza.
Em 1608 jáa colonisação se estendia por jequiriçá, Jagua-
ripe, Paraguassú, Rio Real, Agua Fria, Jacobina e S. Francisco.
9.° bandeira. A de Francisco da Rocha, em 1651, partio de
Ihéos e seguio por Marahú, Rio de Contas e Camamí.
10. bandeira. A de Gaspar Roïz Adorno, um dos mais
celebres bandeirantes bahianos, 1651, tendo por logar-tenente
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Z p9 um
Cosme Carneiro. parto de Hhéós; Adorno intentou bater ös
Indios Maracás. Esses indios foram batidos posteriormente por
Pedro Gomes e Elias Adorno e de vez vencidos por João Amaro
Maciel Pareñte e por Bayão Parente (paulistas.)
1L. pandetai A de Fernao Carriho, emi 1669, Vencen ös
mocambos de Geremoabo com as Companhias de Ordenanças
da Torre, Campo do Rio Real e os Indios Jassurá e Itapicurú-
ANA.
12. bandeira. A de Pedro Gomes da Franca, 1700, sahio de
Ilhéos em busca do rio Patipe, onde achou ouro e pedras preciosas.
13. A do Cap™ Jóäó dë Castro Fragoso €e Manuel då Silva
Pacheco-1671-explorou as minas de prata da Serra Picaraça.
14.: bandeira: A de Lucas de Freitas (1724) partio de Ilhéos,
tôi å Porto Seguro € dahi aó Rió Verde.
ior pandena A de- Domnigos Homen d H= REy=ISU
procurou as cabeceiras do rio S. Matheus. Partio de Ilhéos € cruzou
com a bandeira de Sebastião de Leme, que vinha de Minas Geraes.
(As ordens régias de 4 de Julho, de 24 do mesmo mez e de 14
de Março todas do anto. de 17/32; Mostran O progresso das
dëscobertas de mineraes na Bahia. Por Carta de 4 de Julho, o Cons:
Ultramarino devolveu ao Conde de Sabugosa as amostras que o
. mesmo remetteu, declarando que a pedra na 1°. tirada da mina da
prata pezou. um marco, quatro ónças e seis oitavas e della se tirarantı
tres Oncas de praa de 0ize dinbenros e Vne e Um graos; Oi 2
en onze dinneyios € vinte Taos e meyo €a QUe vay Como D:
Erco ten Qez dinheyros € 20 prdos e meyo. O- Copre tem
quarenta e nove oitavas. O Chumbo é capaz de se usar delle.
Essas explorações foram feitas no Rio de Contas.
A Ordem régia de 24 de Julho dá conta do exame procedido
nas pedras achađdas no Rio Jaquitinhonha que são crystal, sendo
diamantes as que Gregorio Affonço da Torre achou em sua lavra
jünto dë Jacobina, eque são igūaes as do Serro dö Frio.
A 14 de Março do mesmo anno communica estar El-Rey
inteirado da conquista do Rio de Contas, em quasi 80 legoas e do
encontro de alguns ribeiros «com o ouro de sorte.»
( Ineditos do Archivo Publico).
16. bandeira. A de André da Rocha Pinto, em 1731. Luctou
com os Aymorés, seguindo Domingos Carneiro Baracho.
Em 1735 João Gonçalves do Prado explorou o Jequitinhonha,
ö Pardo e a Serra dos Aymorés, encontrando ouro.
Em 1783 Chistovam da Rocha Pitta descobrio as minas de
prāta e cobre dá Serra da Borracha.
Ein 184r “o alferes Mattos, vindó de Minas explorou o
Assuruá e descobrio diamantes na Chapada em 1842-1843.
Em 1847 José Pereira do Prado descobrio minas diamantinas
ein S. João do Paraguassú, na Serra da Chapadinha e no Mocugê.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
k D
—José Francisco Thomaz do Nascimento descobrio em 1857,
at Iihéos, turia, carvað de pedra, varios betumes € calcarcos
impregnados de petroleo e manganez emi Nazareth. Em 1854. três
annos antes, havia descoberto cobre no riacho Amendoim, na Ilha
de Itaparica, e turfa em Marahú.
Erm 1882 foram descobertas as minas do Salobro. (*)
Foram descobertas ha mais de 20 annos as minas de
manganez de Nazareth; ha uns 15 annos as de cobre em Bomfim e
ultimamente as de manganez em Villa Nova e Campo Formoso.
%
(*) Vide—plantas e mappas do Solobro (Arch. Publico)
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
y AA EA
aA a AA a
pa pag emin a ea Aet
E ere
g
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
INVASÃO HOLLANDEZA
1624—1638
ASSALIOS NA GOSLA DO SUL
— CASA DA MOEDA
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
INVASO HOLLANDEZA
Em 1624 o Governador Diogo de Mendonça Furtado recebeu
aviso da approximação dos hollandezes, senho-
res de todos os segredos do Brazil, por inter-
medio dos Judeus, que aqui viveram longos
annos. A esquadra inimiga reuniu entre Ilhéos
e Morro de S. Paulo, os seus navios em nuutero
de 26, commandados por Jacob Willekens,
tendo como vice-almirante Pieter Pietersen
Heyn e 1.300 homens de desembarque ás ordens
de Johan Van Dorth.
Fulgia no pulpito naquella época o padre Padre Antonio Vieira
Antonio Vieira que em sua Annua de 1623—1624 assim escrevet:
«Alguns dias antes da chegada dos inimigos, estando dois
padres em oração, viu um delle a Christo Nosso Senhor com uma
espada desembainhada contra a cidade da Bahia, como quem a
ameaçava. No outro dia appareceu o mesmo Nosso Senhor com
tres lanças com que parecia atirava para o corpo da igreja.
Bem entenderam os que isto viram
que prognosticavam algum grande castigo;
mais de qual houvesse de ser estavam 1mncer-
tos; quando èm dia da apparição de S. Miguel,
que foia 8 de Maio de 1624, appareceram
de fóra da costa sobre esta Bahia 24 vélas
hollandezas de alto bordo com algumas lan-
chas de gavea; as quaes fizeram crer aos
cidadãos acostumados a viver em paż, O
de que os ‘não persuadiram de todo os avisos
que dous annos antes mandara S. M. nem a
O Principe Mauricio náo Capitanea desta mesma armada que
de Nassau quasi todo o mez tinha andado na barra e
roubado um navio que de Angola vinha carregado de negros para
o serviço e manejo desta Capitania.» 8
D
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ai
S a
Na cidade principiou a organisação da resistencia tendo á
frente Gonçalo Bezerra, D. Marcos Teixeira, Ruy Carvalho, Affonso
Rodrigues, Lourenço de Britto e Vasco Carneiro, commandando os
indios, os arcabuzeiros e os aventureiros.
No alto da Sé levantou-se uma forca para os que não cum-
prissem o seu dever.
Armada de Mauricio de Nassau
No dia 9 de Maio, ás primeiras horas da manhã, appareceū a
esquadra inimiga, a cuja noticia o venerando Padre Antonio Vieira
pronunciou na igreja da Ajuda um sermão monumental, em qne
se revelov. um excelso patriota, aconselhando o povo á defeza da
cidade e invocando a protecção de Deus em momento tão pericli-
tante para ð Brazil.
Os hollandezes desembarcaram na Barra e investiram contra
a cidade, emquanto a esquadra operava no centro da Bahia de
Todos os Santos.
O Governador e seu filho Antonio de Mendonça batem-se com
galhardia até que no dia 10 de Maio, já abandonado pelas tropas,
são presos e euviados para a Hollanda. (*)
—Surgindo a reacção por porte do povo do Reconcavo, sob a
direcção do Bispo, Van Dorth é morto em uma emboscada em Agua
đe Meñinos, organizada por Francisco Padilha.
Logo após é morto Alberto Schouten.
Por esse tempo o Governo luso-hespanhol mandau para esta
(*) Preso o Governador D. Diogo de Furtado Mendonça (1624) e enviado
para a Hollanda, reunio-se no Monte que depois ficou chamado do Conselho, no
:Rio Vermelho, uma commissão composta do Auditor Geral Antonio de Mesquita
e Oliveira, Coronel Lourenço Cavalcanti e Alburqueque e João de Barros Cardoso,
portuguezes, e deliberou organisar a resistencia contra os Hollaudezes no Dique,
«que Ihes servia de defeza, fortificando-se primeiramente os Portuguezes no
referido Monte».
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
capital uma grande esquadra commandada por D. Fradique de
Toledo Osorio, fidalgo, hespanhol, filho de- D: -Fernando-ide
Toledo, o Duque d'Alba, vindo a bordo uma grande divisão do
exercito sob as ordens de D. Francisco de Moura.
Apertado -o cerco, os hollandezesrendem-se em- t4625, sendo
enviados para a Hollanda. (*)
—Em 1638 Mauricio de Nassau, chefe do governo hollandez,
no Brazil invadio de novo a Bahia, desembarcando em Itapagipe e
assaltando-a nos: dias 21 de Abril e 18 de'Mdio- A defeza da cidade
e a Tesislencia foram -organizadas pelo Conde de- Bagpnola,
Camarão, Luiz Barbalho Bezerra, André- Vidal de Negreiros,
Francisco Rebello, Sebastião Souto e Estevão de Tavora.(**)
Por esse tempo o almirante Lichthard, por ordem de Nassau,
saqueiou as villas de Camamú e Ilhéos, incendiando a primeira e
Segismundo von Sköppe se apoderou de Itaparica.
Sendo batido, Nassau regressou para Pernambuco, depois de
perder 2.000 homens.
=O Padte Bartholomeu Guerreiro, T)da Companhia de
Joste en Gta escripta cm 1625, dáconta de-que occorreti-em
Lisbôa, quando chegou a noticia da tomada da Bahia pelos herejes
hollandezes.
Expõe esse illustre missionarioo que se passou na Bahia, depois
de sua tomada,o sentimento de Sua Magestade por semelhante
acontecimento, o incentivo aos luso-hespanhoes e brasileiros no
sentido de recuperal-a, as Orações que se fizeram a Deus por essa
desgraça, a pressa com que tratou de acudil-a, do soccorro cóm
que os governadores mandaram ao Brazil antes da Armada, do
söõčcorro que de suas pessoas os Senhores Fidalgos da Corôa-de
Portugal deram para a Armada, dos aventureiros casados que
da Cörôd de Pottügal foram na jornada da Bahia, dos Aven-
tureiros solteiros para o mesmo fim, da estima que Sua Magestade
fez do muito que houve na Corôa de Portugal para a jornada da
Bahia, da pressa que. se deu á Armada da Corôa de Portugal, đa
esquadra que veio do Porto e Vianna, da ordem de Sua Magestade
=e
(*) O dique foi formado pelos Hollandezes, em 1640 afim de cortar a
communicação com o outro lado da cidade, onde os Portuguezes se preparavam
para atacal-os e expulsal-os desta Capital. Foi formado de um lago que existia e
das aguas que nascem nas baixas do quintal do Convento de S. Bento, origem do
rogato denominado—Rio das Tripas—sendo engrossado por diversos brejos».
Rocha Pitta é da mesma opinião do Dr. Alvares do Amaral.
Entretanto, a planta da Cidade do Salvador. levantada muitos annos antes
existente no Archivo Publico, já o assignalava. Com a continuação das construcções
urbanas, foi sendo entulhado até ficar reduzido ao ponto em que está. E’ muito
piscoso.
(**) Em acção de graças pela victoria alcançada aos Hollandezes, a 5 de Março
de 1625, o Padre Frei Gaspar da Ascenção, da Ordem dos Pregadores, proferiu um
sermão na Sé. Gaspar da Ascenção era grande theologo Dominicano veiu em— 1624
na Armada de D. Fradique de Toledo Osorio.
(***) Vide Archivo Publico. Documentos relativos á Historia da Bahia,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Ba nS
‘para se ajuntarem as Armadas, onde e quando, da machina por
miúdo daArmada da Corôa de Portugal, da partida e chegada da
armada da Corôa de Portugal ao Cabo Verde, do estado em que neste
tempo estava o Brazil por mar, do estado do Brasil nas cousas da
«terra, do que succedeu na Bahia, sendo o Bispo Capitão-mór, o que`
succedeu na Bahia sendo Capitão-mór Francisco Nunes Marinho
de Eça, do que succedeu na Bahia, sendo Capitão-mór D. Francisco
de Moura, da chegada da Armada da Corôa de Castella ao: Cabo
Verde e navegação até a Bahia, do Sitio e Cerco da Bahia, do valor
dos Fidalcos e Capitaes Portuguczes Mos Otarteis do Carmo È
S. Bento, da Morte do Morgado de Oliveira, das grandezas de Sua
Magestade com os Vassallos Portuguezes,
que se acharam na jornada da Bahia,
força que os nossos fizeram ao inimigo
pOr terd e do aidi gue elle tez por Wan
dos casos de valor que entre os nossos
succederam, do rendimento do inimigo,
da segunda instancia do inimigo com
capitulações e resposta do General, das
capitdlaçoes da euntresa da cidade da
eutiana da cidade, das Graças que s
deram a Deus pela victoria, do mais que
passou na Bahia, recuperada dos nossos,
da dikpcacia Jandia gue o Ouvidor
Geral fez com os do incendio e do subsi-
dio de dinheiro que os Vassallos da Corôa
de Portugal deram para o trausporte da Vice-almirante Pieter Heyn
Armada.
«Não soffrerão os vassallos diz o padre Guerreiro, que por sua
real fazenda estar delgada, deixasse de ir o soccorro grosso, como
convitiha a 'reputacão da Corôd e segurança do successo da
jornada.»
ÅA cidade de Lisbôa onerecen ceni mil cruzados, D. Theodosio;
Duque de Bragança, vinte mil cruzados para munição e polvora, e
Duque Villa Hermosa, Conde de Ficalho, 2.400 cruzados; o Marquez
de Castello Rodrigues, 3350 cruzados; D. Luiz de Souza, alcaide
de Beja, que Gnha sido Governador do Brazil 9 300 cruzados €
tinta molos de trigospard Discoito o Condesda Castanheira,
D. Joao de Athayde, 2.500 criz300s, D: Pedro de Alcacova, 1.500
cruzados; D. Pedro Coutinho, 2.000 cruzados; Tristão de Mendonça
Furtado, um navio de 350 toneladas com 20 peças de artilharia e
düzéütos homens de mat, pagos de- set bols); o Arcebispo de
Laisbôa, D. Miguel de Castro, 2:000-cruzados;-D. José de Meėllo,
Metropolitano de Evora, 4.000 cruzados; D. Rodrigo da Cunha,
1.500 cruzados; D. Rodrigo Coutinho, Bispo de Algarves, 1.000;
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
u o j a
os mercadores italianos, 500 cruzados; os allemães 2.100 cruzados;
os homens de negocio de Lisbôa, 3.400 cruzados. (*)
OS HOLLANDEZES EM CAMAMÚ E EM ILHÉOS-1638
O Conde Mauricio de Nassau, (**) Governador do Brazil
Hollandez, deixando a Bahia, em 1638, em demanda do Recife,
encarregou Segismundo Von Schhoppe de guardar a fronteira do
sul e mandou o Almirante Lichthardt cruzar na costa para reprimir
as velleidades do Conde Bagnuolo, commandante das tropas luso-
hespanholas. r
Lichthardt fez aos habitantes do Reconcavo e de toda a costa
norte-sul o mal que poude.
Não conseguindo desembarcar em Itapoan, velejou para o sul,
entrou em Camamú, saqueiou, incendiou e fez avarias nos barcos
de commercio.
Poa seguida vekjou para Tlhéos, em. cújo Fontal iez descer
tropas em varias chalupas e invadir a cidade, fazendo. uma limpa
em varias caixas de assucar e em diversos carregamentos de pau-
brazil, collocados nas barrancas do rio, á espera dos barcos para
transportal-os.
Não tardou a reacção. Indignados, os habitantes enfren-
(*) D. Thomaso Tamaio de Vargas escreveu sobre a guerra hollandeza—a
Restauração de Cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos, na Provincia do
Brazil pelas armas de D. Philippe IV, o Grande.
(**) João Mauricio de Nassau, Principe do mesmo nome, nasceu em 1604 e
morreu em 1679. Deu grande incremento ao Recife, cidade Mauricia, de que fez
a Capital de seus dominios no Brazil. Depredou as colonias portuguezas na Africa.
Descendia da familia de Guilherme I, o Taciturno.
Tomou parte na condemnação do grande libertario hollandez Barneveldt. Vindo:
para o Brazil trouxe uma cohorte de sabios, pintores, naturalistas e engenheiros
notaveis como fossem Wilhelm Piso, Marcgraph, Elias Herkmamn, Pieter Post,
grande architecto, Francisco Post, pintor.
Em 1639 Mauricio de Nassáu perdeu seu irmão o Principe Ernesto que foi
mandado da Hollanda como general de mar das esquadras hollandezas no Brazil:
„~ Mauricio de Nassáu embarcou para a Europa em 1644, seguindo com elle-
muitos indios, varios negociantes. Levou do Recife material para um grande museu.
Em 27 de Setembro de 1644 apresentou seu relatorio aos Estados Geraes em
Haya, luminoso documento em que dá noticia sobre o paiz, seus recursos, a
lavoura, o commercio, as finanças, a politica etc.
Em 27 de Outubro do mesmo anno foi promovido a tenente-general e em
Dezembro Governador da Praça de Wezel. Combateu ao lado de Frederico
Henrique em 1645-1646 em Flandres. Ẹm 1652 foi condecorado Principe do
Imperio Allemão pelo Imperador Fernando ITI e foi eleito Grão-Mestre da Ordem
de S. João na Alemanha. Em 1671 sustentou o jovem Guilherme II na defeza
das fronteiras hollandezas. Em 1674 fez a campanha dos Paizes Baixos Hespanhóes,
distinguindo-se na batalha de Senef.
Em 20 de Dezembro de 1679 falleceu com 75 annos e seis mezes.
Em 1702 seu mausoléo foi damnificado pelos Francezes.
Em 1811 Napoleão, que sabia apreciar a memoria do grande Principe, mandou
reparar esse grande monumento funebre. ;
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a D
taram-nos. Durante müitas:horas foirenhido o desforço e atroz a
carmiñcina.
Perseguidos, recolheram-se ás. naos e velejaram para o norte.
Seguiram- se- grandés festas -4 -essar victoria: € -em -acção de
graças å Santa do mesmo nome, por ter cmmgido de louros as
frontes dos valorosos defensores da Villa.
A moite O casrtio ornot-se de lumrmarias; Havendo uni
sumptuoso 7e-Deum.
FUNDAÇÃO DA CASA DA MOEDA ÑA BAHIA.
FUNDIÇÕES EM JACOBINA E RIO DE CONTAS:
A Casa da moeda foi inaugurada no dia 8 de Agosto de 1694,
«num edificio levantado num dos angulos da Praça de PFalacio,
cunhando-se então seis generos de moedas de prata; na forma
semelhantes, mas differentes no peso, valor e tamanho».
—Enm virtude da grande quantidade de ouro encontrado em
Jáacöbina; Sincorá- e Minas. do Rio de Cotas, o Gonselho
Ultramarino, por Provisão de 13 de Maio de 1726, mandou que se
creassem duas Casas de Fundição, sendo uma em Minas do Rio de
Contas e outra em Jacobina «chegandoó-se a arrecadar nos dous
annos de 1747—1748 tres mil oitocentas e trinta e uma e meia
oitavas de ouro de 23 quilates, apezar dos exttravios.»
O ouro em pó ou em barra era conduzido em borrachas de
couro, com os Sinetes e armas e as tropas seguiam a estrada real quê
hoje margeja a via ferrea do S. Francisco; de Minas do Rio de
Contas seguiam pela estrada real, intitulada «Caminho do Sertão».
O ouro em pó corria naquellas villas como dinheiro e com elle
se faziam compras de gado, de terras, Ļagavam-se as esportulas dos `
casamentos e baptisados.
A Casa da Moeda foi extincta por Dec. de- 13 de Março de
1834. Nella se cunharam moedas de cobre, prata e ouro. Todas as
moedas cunhadas na Bahia tinham em uma das faces a letra B. que
se significava Bahia.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
INSURREIÇOES E REVOLTAS
1683—1799
EXPULSAO DOS JESUITAS
——-17 58—17 60——
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
EE aaraa laahaa, aaia) Baia aiaiaid
AUENONE OTKEN TENTENE
TUMULTO DE 1682 NA BAHIA
O tumulto de 1682 foi provocado pelo alcaide-mór Francisco
Felles de Menezes, que, por seu genio rancoroso, cahio na antipathia
do povo, sendo assassinado.
Francisco Telles de Menezes era filho de Matheus Pereira de
Menezes, que prestou preito e homenagem a 18 de Junho de 1667.
Servio a El-Rey no posto de Alferes e Capitão de infäntaria. Devido
a uma conspiração em que tinha tomado parte na Bahia em 1667,
foi preso e remettido para Portugal. Em Portugal, após algum
tempo Francisco Telles de Menezes comprou a alcaidaria-mór E
voltou mantido neste cargo com Alexandre de Souza Freire, quando
em 1668 veio como Governador. O novo aleaide-mór grangeiou
logo mais odios pelo defeito de uma lingua immodesta e de um
animo vingativo. «Vindo Antonio de Souza Menezes, appellidado
o «Braço de Prata», com quem Francisco Telles de Menezes, quando
esteve em Lisbôa, Teva contrahido amisade, como Gov Stnaİor da
Bahia, o alcaide-mór, preponderando sobre elle, deu curso ás suas
vinganças. O resultado foi que em Junho de 1683 foi accommettido
na rua atraz da Sé por oito mascarados, que depois de dispararem
os bacamartes, um delles tirou a mascara, mostrando ser Antonio
de Britto de Castro, avançou á serpentina emi que jia Francisco
Telles e deu-lhe um golpe mortal no pescoço, seguido de outro
que lhe applicaram os seus sequazes, vindo a fallecer horas
depois».
O assassino escondeu-se no Convento dos Jesuitas, razão pela
qual o Governador prendeu varios Jesuitas, enchendo as prisões de
pessoas do povo. A cidade ficou convulsionada, repetindo-se os
conflictos até que chegou o novo Governador Geral o Marquez das
Minas, que restabeleceu a ordem .
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
E aa
EUMULTO DE 1712
A causa do tumulto de 1712, que assumio serias provações,
foi a decretação que o Governador Geral Pedro de Vasconcellos e
Souza estabeleceu de um imposto de dez por cento ad valorem nos
productos de importação. Sendo o imposto mal recebido pelo
commercio, o povo reunio-se, elegeu um Juiz intitulado—/uiz do
Povo——e cercou o Palacio do Governo mandando ao Governador
uma commissão para «bradar Justiça». A confusão e as apprehensões
eram augmentadas pelo badalar incessante do «ginga do povo»
(siuo da torre do Senado da Camara, que hoje se acha no Archivo
Publico da Bahia).
Nāo sortindo effeito a reclamação, o povo fez Justiça por suas
proprias mãos, destruindo os depositos de sal, e saqueando as casas
f
de negocio.
Com a presença do Arcebispo o povo serenou os animos por
momentos, até que se recolhendo á Cathedral o S. S. Sacramento,
o povo de novo cercou o Palacio do Governador, que pela força das
circumstancias, «capitulou ordenando por escripto quanto exigiram
e a amnistia para todos.
A populaça não se contentou e «exigio tumultariamente do
misero Governador que enviasse uma frota para a restauração do
Rio de Janeiro, invadido pelos. Francezes, (commandados por
Duguay-Trouin). Embalde retorquio o Governador que não tinha
meios nem dinheiro; indicaram-lhes os thesouros dos claustros,
que depois o commercio honradamente restituiria. Submetteu-se o
Governador; mas neste interim veio a noticia de que os iuvasores
já haviam evacuado o Rio de Janeiro. Com essa experiencia ficou
provado que a concessão liberal dos «Juizes do Povo» tolhia e
muitas vezes annullava a acção do governo. Era proprio d'este
tribunato revolucionario agitar as baixas paixões do vulgo e nellas
fundar o seu unico prestigio. Foi por isso abolido ( ESA e
MOTIM POPULAR (1716)
Governava D. Pedro de Noronha, Marquez de Angeja (1714
a 1718), que prestou á Capitania da Bahia assignalados serviços,
quando, a proposito da execução de dois réos condemnados em 1716
á pena de morte, houve nesta capital um grande motim popular.
O facto deu-se do modo seguinte: no acto da execução succedeu
que um dos réos cahiu vivo com o carrasco do alto do patibulo, em
virtude de se ter partido um dos travessões.
«A Irmandade da Misericordia, baseada em um antigo uso,
(*) Vid. Historia do Brazil—João Ribeiro.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
cobrio o réo com sua bandeira; mas o meirinho das execuções,
desprezando tal formalidade, acabou o penitente ás estocadas.»
—Por causa de semelhante acto de barbaridade, o povo
insurgiu-se, atacando o meirinho que escapou devido á providencia
dada pelo vereador Jeronymo de Burgos que o mandou recolher á
cadeia.
A Irmandade da Misericordia exigiu do Vice-Rey, o marquez
de Angeja, a punição do meirinho. A multidão acompanhou a`
Irmandade a Palacio, gritando pelas ruas e commettendo depre-
dações.
Providencias urgentes dadas pelo Marquez trouxeram como
resultado a prisão dos que faziam parte da Irmandade e de varios
sediciosos, tendo posteriormente o Vice-Rey a approvação de seu
acto pele Carta Regia dë 350 de Abril de 1716:
MOTINS NAS MINAS (1726—17883
De 1693 em diante a exploração do ouro tomou grande incre-
mento, não sendo poucas as ordens regias baixadas para sua regu-
lamentação. O exodo da população das villas e logarejos do littoral
era continuo, e, si novos veios surgiam em Jacobina e Rio de
Contas, maior se tornava a tributação, já para resarcir o prejuizo
causado pelos contrabandos, já para compensar o ouro perdido nos
naufragios das náos que o levavam, dando em resultado o mar
«comer todo o ouro» (*)
A vida, por aquelle anno de 1693, tornou-se intensa na mine-
ração e difficil na séde da Capitania, luctando a população, de um
lado, com à falta de braços que fugiam para a empreza facil das
catas, abandonando as culturas no littoral, e do outro com a
elevação dos preços dos generos e mercadorias e até com a falta de
moeda para trocos. (**)
A acção do governo da metropole era incerta.
Ora, levado pela cobiça, o governo determivava o serviço de
mineração, taxando grandes tributos, tão extorsivos que os contra-
bandos duplicavam; ora, prohibia-o terminantemente na supposição
de que as catas se esgotavam.
A arrecadação do ganto que, em Julho de 1724 se elevou a
4.500 oitavas de ouro, cobrindo de sobejo os «gastos de fazenda»
feitos por Pedro Barbosa Leal, (*) ateiou a cobiça da Corôa, que,
ao lado das ordens terminantes para que os quintos, varios
impostos como os da Paz de Hollanda e å vintena da Rainha não
diminuissem, estabelecia penas severas para os transgressores, que
occultavam os contrabandos nas dobras dos amplos chapéos de
(*) Carta de Luiz Cezar de Menezes ao Rey.
(C*) Ord. régia đe Z3 de Fevereiro de 1693.
(***) Cart. de Vasc Fernandes Cezar de Menezes, 19 de Janeiro de 1725.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
E
coufto,-nas baınhas--das calças, -nos canos dos bacamartes e nog
fórros das cangalhas.
Cresta dia a dia, nas minas, a Cobiça pela niqueza fecil. GS
arredores de Jacobina e Rio de Contas simulavam acampamentos de
regimentos de milicias espalhados pelas abas das serras, pelos valles
e descampados, na dura faina de descobrir o precioso minerio €
tazer fortuna em menor tempo.
Os corregos e os contrafortes das serras recebiam -de continuo,
de seis da manhã ás Ave—Marias, o golpe surdo do alvião; o ouro,
estremado da terra no peHo luzidio dos COUTOS, cTa cozido nas
boryachas e posto no costado de animaes que os tropeiros tangiam
até Cachoeira.
—A par do trabalho febril, surgiam as desordens, motivadas
pela falsidade dos exploradores que misturavam varias substancias
sem Valor a0 OUTO eni pO, qie corria como dinleiro as MmUtag
extorsivas, as perseguições e: vexames que tangenciavam pelos
barbaros morticinios
—A creação das ouvidorias veio minorar em parte, por aleum
tempo, a situação, fazendo cumprir as ordens e determinações regias.
Entretanto, contra a acção da Justiça se foram levantando os
bandeirantes e contra estes os mamelucos e escravos, empregados
no exhaustivo. serviço. Medidas .severas, toņiadas pela côrte, mias
exaċērbavanı os animos.
FOL esse tempo. as: descobertas prosegiuram e Pedro Leong
Maris, (*)André da Rocha Pinto, Franco Dias, Bernardo de Mattos,
Braz Esteves, Thomaz Gago, Antonio Nunes de Oliveira, Gonçalo
de Gouvêa, Francisco Martins Soares. e Antonio Pardo da Cunha
exploravam os rios Paramirim, Gavião, Verde, Serra da Tromba e
Serta Branca, onde o primeiro dizia ao Vice-Rey, em Carta de 11
de Junho de 1762, festar localisado. o, roteiro de Belehiot Dias
Moreya, pelos marcos encontrados e que, em certas noites ouvem-se
(Serras da Tromba e Branca) grandes estouros, huas vezes como
tiros de ronqueiras, outras como baterias de dez a doze peças e ás
vezes têm lançado de sy alguns voleões.»
— Em breve os Hahcantes iairanm-se na Capital a Pedro
Fernandes do Souto, Escrivão da Casa da Moeda desta Capital, e
redobraram os contrabandos com os quaes se faziam optimos
negocios em 5. Pedro do Monte, onde os comboieiros faziam
estação de parada antes de entrar nesta Cidade.
—Estabelecida uma severa devassa na Casa dos Mineiros e no
Monte foram presos os delinquentes, sequestrados os negros,
importando em vinte mil cruzados os bens, ouro e dinheiro
arrecadados, ficando responsabilisados o Escrivão citado e varios
negociantes.
Em 1730 redobram as devassas, taes os-extravios do-ouro: os
praanamanainani
(*) Vide—Docs. ineditos—Arch. Publico.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
comboieiros são obrigados a dar fiança «a meterem na Casa da
Fundição o producto de seus comboios.»
‘Dois annos depois (1732) Alexandre Pixon apresenta ao Vice-
Rey o seu novyo engenho de preparar o ouro, o qual posto em
execução não deu resultado «por ignorar, diz «œ Vice-Rey em
Carta do Rey, a formação que têm as minas deste B otado.t
——A repulsa dos povos á extorsão fiscal por parte da Corôa ia
se avolumando, mais e mais aggravada pelo despotismo dos chefes
dos serviços e pelos bandeirantes.
Domingos Dias do Prado e seu irmão Francisco Dias do Prado
foram condemnados á morte por crimes praticados em 1724 em
conquistas e descobrimentos que fizeram, e, em Jacobina e minas
do Rio de Contas innumeros foram os motins, logo suffocados em
sangue, clandestinamente «para que se evitasse algum borborinho
na Cidade da Bahia.» Os tropeiros recebiam ardem de se niao
referirem a taes successos, sob pena de morte.
Assim varios motins causados pela oppressão dos Vice-Reys e
dos bandeirantes ficaram sepultados no olvido e nas paginas das
devassas e processos.
LEVANTE DO TERÇO VELHO (1728)
No dia 10 de Maio de 1728 os soldados do batalhão denomi-
nado Terço Velho e commandado pelo mestre de Campo João de
Araujo Azevedo, revoltaram-se e após varias mortes e depredações,
aquartelaram-se na fortaleza do Campo da Polvora.
A energia do Vice-Rey Vasco Fernandes Cezar de Menezes,
Conde Sabugosa, conseguiu dominal-os, abrindo-se em seguida
uma devassa em segredo de justiça, a qual deu em resultado o
enforcamento de sete soldados, em cujo numero figurou o chefe
do movimento, que era um pardo conhecido por «Barriga q’ Areia»,
que depois de enforcado foi esquartejado para exemplo.
SEDIÇÃO DE 1798—1799
Rebentou em 23 de Julho de 1798 uma sedição na Bahia,
chefiada pelo alfaiate João de Deus do Nascimento, que teve como
companheiros os soldados Luiz Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas,
Luiz Pires, Manoel Faustino e outros
O sediciosos norteavam-se pelas idéas francezas propagadas por
Volney, em seu livro intitulado «Ruinas» e por varios pamphletos
e avulsos inspirados na grande conquista da Revolução Franceza.
Varios dos documentos mencionados foram apprehendidos
por D. Fernando José de Portugal, Vice-Rey com séde na Bahia e
se acham actualmente publicados no 2° vol. dos «Annaes do Archivo
Publico» e se fazem dignos da inais acurada leitura.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
-F a
A- sedição foi descoberta e denunċiada pelo- Padre José da
Fonseca Nunes, Capellão do Engenho de Paulo Argollo.
Connmuumcado 0 grave facto A Corða Portugueza; esta fez
baixar uma Carta Régia ordenando as mais severas providencias
seguidas do officio abaixo: :
(Recebi os difiercites oficiós güe V. Exa. me dirigiu peld
correio maritimo “Phaetonte», e levando a Real Presença os mais
essencdiaes S.-M. foi servido mandar lavrar a Carta Régia que V. S.
pede para castigar os réos da Conspiração que ahi se descobriu,
querendo a mesma Senhora que elles sejam julgados com toda a
justa severidade das leis, dando-se ao processo aquella publicidade
qüe é compativel coni o gte se acha disposto nas mesmas. Sua
Magestade desejava ver em V. S. maior energia hayendo descoberto-
o que os conspiradores depois descobriram e recommenda a V. S.
ġüe- sobretüdo coñserve a tröpa na mais: severa disciplina ea
magistratura na mais perfeita administração da justiça como deve,
pois-sobre estes dois objectos V. S. tem visto as tristes infor-
mações que têm chegado a Real Presença e Sua Magestade espera
qùe V. S. vigie attentamente para o futuro sobre as- disposições dos
espiritos nessa Capitania.
À mesma Senhora imanda recommendara V. S. a prompta
expedição do comboio para este Reino e que muita pena Ihe dará o
ver condemmnar-se a náo «Infante D. Pedro».
Deus Guarde a V: S.
Palacio de Queluz, Pde Dezembro de 17983. =D. Keodripo de
Souza Coutinho.
De todos os conspiradores os mais importantes foram João de
Deus do Nascimento, que se portou com coragem até á morte, O
Dr. Cypriano Barata de Almeida e Marcellino Antonio. (*)
Condemnados alguns á pena ultima, foram enforcados, no dia
8 de Novembro de 1799, no largo da Piedade. Existe no «Archivo
Publico», collocada pelo actual director em 8 de Novembro de
1917, uma lapide em homenagem aos martyres citados. (**)
(*) Estes dois ultimos moravam na Freguezia do Monte.
«Os conjurados destinguiam-se por um bysío pendente das cadeias do relogio,
os quaes faziam os seus conventiculos nos logares proximos á fortaleza de $.
Pedro, em cujos ajuntamentos davam vivas á Liberdade e a Bonaparte».
(**) A bandeira dos revolucionarios era constituida do modo seguinte; «campo
branco, uma estrella vermelha de cinco raios e um globo vermelho no intervallo-
dos raios Na parte inferior da estrella uma legenda de lettras brancas em campo
vermelho; «Fluctuat nec mergitur». As pontas extremas da bandeira eram de côr
azul celeste.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a a
OS JESUITAS—SUA EXPULSÃO
O Marquez de Pombal (*) communicou em 1° de Maio de 1758
ao Governador o Conde dos Arcos terem sido os Jesuitas suspensos
de ordens, expulsos do confissionario e dos dominios portuguezes,
«em consequencia, principalmente da opposição
que haviam feito ao tratado de limites de 16
de Janeiro de 1750, estipulado entre as côrtes
portugueza e hespanhola.»
Recebida a ordem, recolheram-se a esta
Capital todos os Jesuitas que se achavam em
[lhéos, (**) Camantú; Cachoeira, Porto-Seguro,
Abrantes, e dois que vieram do Piauhy (***)
Marquez de Pombal ẹ embarcaram para Lisbôa, em 19 de Abril de
1760, atravessando as ruas da cidade em o meio de escoltas.
— Seus bens foram sequestrados e vendidos depois em hasta
publica pelo Governo.
(*) O marquez de Pombal, anteriormente Conde de Oeiras, chamava-se
Sebastião José de Carvalho e Mello. Nasceu em 1699, na povoação de Souza, perto
de Coimbra. Foi o celebre ministro de D. José I em 1755, quando houve o grande
terremoto em Lisbôa.
Pombal reconstruio a Cidade, reorganisou as finanças, o exercito, o ensino.
Devido ás suas luctas com a alta nobreza, foi desterrado e morreu em 1782. Era
um estadista notavel e de energia inexcedivel.
(**) Vide Annaes da Capitania de Ihéos.
(***) Archivo Publico-—-Documentos.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
0 COMERCIO DA BAHIA
Exportação—Ataques das esquadras estrangeiras
—ỌO commercio de passaros
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
PEEIEEUEEF
POTTE TATI ETETETT AT T TET LETLET EPE ETIT PTEE EPEETL ETL ETTET PTET ETETE PTET EPET T ETT ETTET
TEP ETLETLPTI PTT T a
O COMMERCIO DA BAHIA
samat E g e OF ary
Exportação—Ataques das esquadras extrangeiras—O Commercio
de passaros
O commercio da Colonia desenvolveu-se extraordinariamente
de 1723 a 1801 e isto se explica, não só pela grande exploração do
ouro, Como pela exportação que se fazia de «páu-brazil», plantas
medicinaes, cacáo, piassava, café, fumo, assucar, aguardente e
varias especiarias, fructos, animaes e passaros. (*)
Além do mais, a exploração não se fazia tão somente para
Lisbôa, e, sim tambem para os Estados e Reis Africanos—Adomir,
Sacú, Aviņa, Axiro, Ankobar, Jabs, Lualo, Tetu, Sabo, Fantiva,
Ackron, Incassau, Labbade e Lampi.
A Bahia era; então, além de Capital do Brazil, Capitalida
Africa Portugueza; vinham para a Cidade do Salvadór as ordens
que se transmittiam de Lisboa para as colonias d'Africa. (**)
Sendo desenvolvido o commercio, ĉresceu a cubica das
extrangeiros, dos quaes se destacavaim os Hollandezes, que sulcavam
os mares em cruzeiros de pirataria.
O odio destes mais se acirrou contra o nosso commercio,
quando em 1723 o Vice—Rey Conde de Sabugosa apresou em nosso
porto um navio que entrou arribado, confiscando os escravos € o
marfim que trazia de Madagascar e Gôa.
Por semelhante facto as depredações hollandezas proseguiram
mais acirradas, exigindo os respectivos capitães, em alto mar, dos
navios portuguezes, 10% sobre o valor da carga sob pena de
confiscação.
A acção hollandeza prolongou-se até 1781, quando ainda se
mantinha na Hollanda a «Companhia Occidental,» de que foi chefe
Mauricio de Nassau em 1624—1640—, possuindo varios fortes na
Costa da Guiné.
—-——
(*) Vide—Cartas a Sua Magestade. Ineditos—Arch. Pub.
(**) Arch. Pub.—-Costa da Mina.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
——-Nāo fartos dos ataques aos Portuguezes, aquelles piratas
começaram a atacar os navios inglezės, que, em numero reduzido,
viajavam para as Indias e para as Colonias africanas.
Não produzindo effeito as reclamações do ministro portuguez,
em 17/20, contra os roubos Teitos pelas armadas Hamengas
reavivando-se as dissenções de 1666, havidas entre a Inglaterra e a
Hollanda, a proposito dos obstaculos creados pela ultima ao
commercio da primeira, a Inglaterra estabeleceu no Cabo Corso a
Capital de seus estabelecimentos maritimos, pondo tambem sob a
protecção de sua bandeira os navios portuguezes.
—Estabelecido o cruzeiro pelas. ĉostas brazileira e africana, a
esquadra ingleza composta de 10 vélas—intitulada a «grande
armada,» sob òo commando de James Brunes, que arvorava seu
pavilhão no (Brzsłoð varreu os mares, aprisionou náos hollandezas `
e francezas e restabeleceu suas linhas de commercio.
= Muito importante era o commercio dos passaros.
As remessas delles multiplicavam-se não. só para os mercados
de Lisbôa, como tambem pata o Jardim Zoologico,- de-gqüé era
director o Dr. Vandelli, grande amigo de José da Silva Lisbôa.
Dentre os mais afamados passaros de commercio contavam-se:
oS Mutuns, João Cocão, Ferreiros, Cardeaes, Sofres, Azulöls,
Periguitos, Tandaias, Canartos, Papagatos e Betja-flôres. (*)
ÖS CORREIOS ("5
Estou, porém, a notar qüe nos desyidimos um. tanto da
exposição sobre a vida dos nossos correios que lhes prometti.
Emquanto se levantava a casa apalaçada da rua principal do
cominercio estavá o Correio a passar a sua existencia numa casa de
aluguel á rua Santos Dumont.
A yenda dos Scllos e o repisto das Caridis se azian HO
pavimento terreo ao lado da secção de encommendas postades e
no primeiro andar trabalhavam-se nos demais ramos do serviço.
Antes desse periodo håviao Correio morado á rua da Alfandega,
em um predio pouco mais ou menos fronteiro ao portão do Elevador
Lacerda. Era elle quente e mai appropriado.
A pecçao dë entrega das encommendas postaes ja existia è
estava no segundo andar para o qùal se subia por umā escada
longa e escura.
Antes desta havia. tido o Correio a sua residencia durante
algumas dezenas de annos num edificio, confronte á casa grande da
Alfandega, do lado de terra, bem defronte da egreja do Corpo Santo.
(*) Vide mappas de exportação colonial--Cartas a S. Magestade. 1780—1783
~>Afob. Pab. Ineditos.
(**) Vide Dr. Braz do Amaral. Conferencia publicada no Drario Oficialde 6
de Janeiro de 1918, de que damos estes trechos.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Era uma especie de enorme pavilhão quadrado que me parece
fazia parte das construcções da Alfandega.
A rua já desappareceu e a grande casa com ella.
Em baixo, num commodo vasto, lageado e um tanto humido,
porque se achava abaixo do nivel da rua, era onde se sellavam as
cartas e se as punham na caixa de expedição.
Para esta sala se descia da rua por uma rampa empredrada ou
por uma escadaria de pedras muito escuras e carunchosas.
No primeiro andar estavam installados os outros ramos do
serviço.
O tecto do pavilhão nesse 19 andar era de telha vã e muito
vasta toda a peça.
Não vem a pello nem se me affigura de grande vantagem para
os senhores seguirem durante o seculo 199 por onde andou residindo
o Correio da Bahia.
Vamos pois á parte mais interessante da instituição, que é a de
seus principios nesta terra.
Mandava o Governo portuguez desde o inicio da administração
no Brasil as suas ordens e resoluções em cartas para os governadores;
vice-reis e demais authoridades, as quaes eram trazidas pelas frotas,
pelos navios de aviso e pelos navios de contracto, as tres classes de
embarcações que faziam os transportes e communicações entre a
metropole e a sua grande colonia.
Estes papeis vinham em saccos de fumo fechados, a que se
chamava «saccos das vias».
Como sabem todos, até hoje se conserva o costume de conduzir
desta maneira as correspondencias chamando-se ao conjuncto dos
volumes ou a um só, a «mala».
Antes de chegar um dos grandes paquetes modernos a qualquer
porto verão os meus caros ouvintes que viajarem, serem trazidos ás
costas de marinheiros muitos saccos de lona que vão sendo atirados
uns sobre'os outros num logar do convez.
Os barcos que conduzem as encommendas postaes trazem-os
tantos que espanta ver o monte que elles formam.
O que vem para o Brasil tem no tecido da lona uma lista verde
e outra amarella.
Os paquetes em cada porto de escala parem esses montes de
saccos que são as malas do correio, filhas, succedaneas ou descen-
dentes dos antigos «saccos das vias» dos nossos tempos coloniaes.
As cartas particulares eram naquelles tempos trazidas pelos
passageiros ou pelos commandantes e outros empregados dos navios.
A começar do meiado do seculo 179 se nota o primeiro esforço
do Governo portuguez para organizar um serviço de correspondencia
com a Bahia que era a capital do Brasil, porque em carta de doação
e regimento de 12 de Junho de 1657 fez o rei mercê do «officio do
correio das cartas do mar» a Imiz Gomes da Matta que tinha o
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
zs
a a
mesmo officio em Portugal e que conseguiu estender o seu serviço,
para as possessões do Reyno, excepto a India Oriental.
Este primeiro -encarregado ou emprezario teve aqui um
assisteńte e o mesmo fez depõis delle «ko correio mór! do Reyno,
Duarte de Souza Coutinho da Matta, verifcando-se porém que a
jurisdicção delle só se exercia nas cartas vindas de Portugal e não
nas que viessem dos outros portos do Brasil, nem de Angola, por
causa da demora apurada na entrega dellas.
E’ o que estabalecem as Cartas Regias de- 23-de Fevereiro de
1692 e 15 de Janeiro de 1629.
No seculo 189, em 1740, opinou André de Mello- Castro,
Conde das Galveias, vice-rey do Brasil, respondendo a uma consulta
da côrte que não era praticável estabelecer correio desta capitania
com as outras suas subalternas, porque as communicações por mar
eram muito frequentes e a correspondencia por terra avultada,
fazendo-se a conducção dos gados e transporte dos negros e servindo
os proprios-conductores de correio sem o desembolso de pagar os
que as mandavam portes de cartas que seriam de muito valor,
attendendo ás grandes distancias, pelo que se alguem tomasse a si
esse encargo, precisaria ter grande numero de cavallos empregados
neste serviço, sem que talvez o lucro correspondesse ao gasto.
Por uma carta escripta pelo mesmo conde das Galveias ao
soberano conhecemos o meio pelo qual se recebia e distribuia a
correspondencia aqui na Bahia.
Havia na sala de Palacio duas caixas numa das quaes se mettiam
as cartas que se queria mandar para o Reyno e destinada a outra a
receber as cartas que se remettiam para os portos da America.
Um empregado subalterno chamado o Ajudante das Cartas era
quem entregava as que chegava a quem as vinha procurar.
Este Aiudante das Cartas não tinha ordenado nem emolumento
algum e recebia uma insignificante retribuição por aquellas que ia
entregar pessoalmente. i
No tempo de D. Fernando José de Portugal, cerca de 40 annos
depois, seguia-se o mesmo costume com a mesma variante que já
era uim progresso.
Quando chegavam os navios da Europa ia um escaler da
Ribeira a se encostar nelles, destinado a receber logo as cartas que
os capitães remettiam em um ou mais «saccos de vias» para o
Palacio do Governador.
Ahi, por uma janella, o Ajudante das Cartas que até 1797
continuava a exercer as mesmas funcções sem ordenado especial,
distribuia a quem vinha procurar a correspondencia.
As cartas que não eram procuradas, conduzia-as o Ajudante das
Cartas para sua casa e fazia das pessoas a quem eram destinadas
uma lista, entregando-as pessoalmente nas casas e recebendo por
este trabalho 20 réis, salvo quando era muito volumosa a missiva,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
eN oie
caso em que era costume receber mais, de modo que o Ajudante das
Càrtas tirava deste util serviço que fazia uma retribuição
miserabilissima.
Eram as communicações da Bahia com as outras capitanias do
Brasil quasi exclusivamente por mar, situação na qual nos encon-
tramos até hoje, apezar dos cento e tantos annos decorridos, não
tendo havido neste particular differença essencial, a não ser no
tempo das viagens que naquella época se faziam parao Rio de
Janeiro em sete dias, quando o vento não era contrario.
Foi entre os annos de 1797 a 1799 que se organizou o serviço
regular do Correio maritimo, isto é, dedicando-se viagens especial-
mente para a conducção dos «saccos das vias».
Já eram formuladas queixas contra o novo serviço como se verá
da seguinte missiva. que tambem prova como já ha mais de cem
annos os interesses do commercio do Rio de Janeiro prejudicam a
tudo o que é da Bahia:
Exmo. Sr. (escrevia D. Fernando José Portugal a D. Rodrigo
de Souza Coutinho, ministro, a quem deve o Brasil a instituição
dos correios maritimos ). l
A 20 de Julho passado, entrou, -neste porto, o briguwe
Neptuno», commandado pelo 19 Tenente José Maria Gonçalves,
e, por causa do concerto não pequeno de que necessitava e estação
invernosa, não foi possivel sahir para o Rio de Janeiro senão em
31 de Agosto.
O commandante me expoz que o chefe de esquadra Antonio
José de Oliveira, Inspector do Arsenal Real, Ihe dera ordem para
que do Rio de Janeira voltasse em direitura para a Côrte; o mesmo
se observou antecedentemente por outra igual ordem com o Correio
«Gavião», commandado pelo 29 Tenente Joaquim Gomes da Rocha,
sem que V. Ex. me participasse semelhante alteração, quando pelo
officio de 27 de Fevereiro de 1798, que acompanhou o alvará da
Lei de 20 de Janeiro do mesmo anno e Instrucções sobre o
estabelecimento dos correios maritimos se determina que estes,
depois de partirem daquella capital, voltem a este porto, sendo
praticavel, para levarem resposta das cartas que trouxerão.
Estas considerações a representação que me dirigirão alguns
commerciantes desta Praça, requerendo-me que o correio maritimo
«Neptuno» voltasse aqui, em razão de suas correspondencias, me
obrigarão a ordenar ao commandante que na volta do Rio de
Janeiro buscasse este Porto, participando isto mesmo ao Vice-Rey
e ao Vice-Almirante Antonio Januario do Valle.
A vista do exposto rogo a V. Ex. haja de dar alguma
providencia sobre esta materia que só consiste em se observar o que
se acha determinado pelo officio de V. Ex. Alvará de Lei acima
referido, pois do contrario ficarão servindo os correios maritimos
quanto a esta cidade meramente de traserem as cartas dirigidas
.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
B eA
dessa Côrte, havendo de demorar-se meramente o tempo necessario
para entregar as Malas, em conformidade das Reaes Ordens, pois
se de alguns tem tido maior demora, he em rasão dos concertos de
que necessitão.
O referido correio chegou do Rio de Janeiro a este Porto em 14
dö corrente- mez: coni. &-breye -viagem -de-onze dias; apezar- de
principiar -a monção- contraria, commandado -pelo 1>- tenente
Alexandre José Motiteiro, em logar de 1: tenente José Maria
Gonçalves que o Vice-Rey remette a Presenca de V. Ex. debaixo
de prisão pelos motivos que me não toca everiguar.
Deus guarde a V. Exa. Bahia- 18 de Outubrode-1799. Sr: D.
Rodrigo de Souza Coutinho—Dom Fernando José de Portugal.
Está a findar a hora da nossa conversa, caros filhos e amigos,
pelo que não podemos dar certo desenvolvimento aos Correios
terrestres, ou do interior.
Em 1821; comi data de 22-de Janeiro, Gdrios- Frederico- de
Caula se dirigiu ao Presidente e membros da Junta que governava
a- Bahia remettendo üm. plano de serviço de correio terrestre da
Bahia ao Ceará e Piauhy e mandando, por ordem do rei, quea Junta
informasse sobre o estabelecimento de nova agencia em Ilhéos e
Caravellas- para segurança da chegada das cartas que vinham
daquellas afastadas provincias paraa Côrte, necessidade que eu
attribuo tornar-se aguda pelas difficuldades da navegação á véla
para aquellas costas do Norte do Brasil, navegação que era a unica
daquelle tempo.
Já estavam organisados, se bem que muito rudimentarmente,
os correios da capital da Bahia como seu sertão nos primeiros
annos do Imperio e pouco a pouco se foi estendendo o raio da sua
distribuição e recebimento.
Já em 1833, -partia -o -principal ramo-do serviço dós correios
desta Provincia da villa de Cachoeira, naquella epocha emporio dos
sertões bahianos, em sua maior parte.
Basta dar-lhes clara idéa do que vae dito, lendo-lhes o officio
gue o. Presidents -Pinheiro de Vasconcellos dirigio á&- Camarada
Cachoeira, no qual foi arbitrado não só a esta, como as: outras.
principaes villas da Provincia o credito indispensavel para os
estafetas e outras despezas da conducção das cartas, auctorisado
pelo Concelho desta mesma Provincia.
Para o Presidente e vereadores da Camara da Villa deCachoeira.
Havendo-se arbitrado em Concelho a gratificação de 200$000 para
administrador do correio estabelecido nessa villa e que sob
attestado dessa Camara seja a mesma gratificação paga pelo collector
do logar, bem como as despezas feitas com os Pedestres e custeio
do mesmo correio, sendo satisfeita desde que elle foi installado:
Cumpre-me assim communicar a V. Mcês. para sua intelli-
gencia e execução pela parte que lhes toca, prevenindo-os: de que
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
SE goa
$
ao Inspector da Thesouraria de Fazenda da Provincia expedi a
conveniente ordem şobre este objecto. Deus guarde a V. Mceés.
Palacio do Governo da Bahia, 21 de Outubro de 1833 Srs. Presi-
dente e Vereadores da Camara Municipal da Villa de Cachoeira.
Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos.
Estando a dar a hora da nossa Aula só Ihes posso dizer que para.
a administracção, estafetas e outras despezas foi marcada para a
Camara de Cachoeira como acabamos de ver a gratificação de... ..
200%$000.
Pars a de Santo AMaTo d €s soseaua 100$000
Pora a da JAcODna d Ges oneo rerni 50$000
Pora a dé Corle d Ue. rosi ear i
eana 508000
Para a dò Kio de Contas d de, -esieoses 50%000
Para a da Villa da Barra a de. socso an 508000
Para a de Valenca a dën.: ciran ' 50$000
Pars a de Caman a dess isidisnm 50$000
aa E a an a EE 40$000
Pata a de Maragogipe a dE Ainoaa 50$000
Fota a le Namie A UCs. deis iuenir 50$000
Parande S: Fanos aden. ao. 50$000
790$000
Ao todo 790$000 despendia o serviço dos correios do interior
ou terrestre na Bahia.
Acaba, porém, de soar a sineta que marca o termino da
conversa com que os está a fatigar o seu velho amigo e como não
tem o professor o direito de tomar o tempo ao collega que tem de
dar aqui nesta sala a sua lição, ficaremos neste ponto, permanecendo
para qualquer esclarecimento ou explicação, como é do bom dever
do mestre, este ao dispor dos seus discipulos».
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ACADEMIAS
O cultivo da Gėographia e da Historia
mataa E E e O
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ACADEMIAS DE SCIENCIAS E LETTRAS
Em 1724—7 de Março—foi fundada testa Capitala Academia
Brasilica dos Esquecidos, governando a Capitania como Vice-Rey
Vasco Fernandes Ceżar de Menezes, depõis Gondë de-Sabugosä,
Funccionava no Palacio do Governo, e com o beneplacito do Vice-
Rey, escolheram por empreza o—sol oriens în occiduo.
Realison 48 conferencias, sendo a ultima celebrada em 4 de
Fevereiró de 1725.
«Tomaram os academicos por materia geral de seus estudos a
historia brasilica, dividida em quatro partes:
w naiurai que corre por conta do chanceller; mtaray, que. se
encarrega ao Juiz de fóra; a ecciestastica, cuja empreza Se deta
padre Gonçalo Sóares da França e a potica incumbida ao ouvidor
geral do civel.
Nomes dos sete primeiros academicos:
Padre Gonçalo Soares da França,:-Dez. Caetanö. de-Britto. €
Figūéredo; Dez, Luiz de Siqueira da Gama, Dr.. Ignacio. Barbosa
Machado, Coronel Sebastião da Rocha Pitta, Capm. João de Britto
Lima è José da Cunha Cardoso:
Appelidos dos primeiros academicos.
O chanceller—nubiloso.
O ouvidor —Occupado
O Jüiz de Fóra— Laborioso
O.coronel— Vago.
O Capitão—Infeliz.
O ultimo— Venturoso.
ACADEMIA DOS RENASCIDOS
Foi fundada na Bahia em 19 de Maio de 1759.
Era composta de 40 academicos e de cinco supranume-
rarios.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
A Academia tomou por padroeira a Virgem da Conceição, por
protector D. José (*) e por Mecenas o Marquez de Pombal.
A damvisa éra tma Phenix ftando os olhos no- céo com o
distico——MULMPLICABO DIES.
O sello destinado aos despachos, cartas e diplomas, repre-
séntava 4 mesma Phenix em chammas, com a lettra—« Ut vivam»
€ 0a Gfcamiercuca o Gtülo abreviado. Academ. Braz. dos
Renascidos».
ACADEMIA DE LETTRAS DA BAKIA.
Foi fundada em 7 de Março de:1917.
Funcciona no Edificio da Camara dos Deputados.
A Bahia durante o periodo colonial teve os historiadores
seguintes: Frer Vicente do Salvador, Jabotão, Sebastião da Rocha
Pitia, - Gabræl Soares de Souza—Ayres de Casal, Simão de
Vasconcellos. e Luiz dos Santos Vilhena.
No periodo do 1° e 2° Imperios avultou como o mais impor-
tante: Lenaro. Accioly- de Gergueira e Silva.
FREI ANTONIO DE SANTA MARIA JABOATÃO
Nasceu na Frégtezia gde S. Amaro, em Pernambuco, èm
1695 e falleceu em 1764. Sua obra——Orbe Serafico appareceu
impressa em Lisbôa em 1761.
Posteriormente o Conego Dr. Fernandes Pinheiro annotou-a
—-1858 a 1862—publicando-a na Revista do Instituto Historico
do Rio de Janeiro.
«Os manuscriptos deste chronista achavam-se guardados no
archivo da Provincia de Santo Antonio do Brazil, no Convento de
S. Francisco da Cidade da Bahia.
PADRE 2 AYR BS DE GASAL
AUTOR DA CHOROGRAPHIA BRASILICA
Nasceu em Portugal em 1754. Era presbytero secular do grão
priorato do Crato. Sua Chorographia foi publicada na Imprensa
Regia do Rio de Janeiro em 1817.
Falleceu em Lisbôa, na indigencia, em casa de Frej Joaquim
Damaso, pelos annos de 1820—1821, tendo sido os seus manus-
criptos vendidos a diversos taverneiros da Cidade.
—
(*) D. José de Miralles, membro desta Academia, escreveu a Historia Militar
do Brazil desde 1549 até 1762.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
nee sT peen
DR. ALEXANDRE JOSÉ DE MELLO MORAES
Nasceu na cidade de Alagóas, (antiga Capital do Estado) do
mesmo nome em 23 de Julho de 1816 e fallece no Rio de Janeiro
de 1882. Além de outras obras, escreveu o
em 6 de Setembro
Brazıl Historıco e a Chronica do Imperio do Brazib, com docu-
mentos do Archivo da Bahia, que para sempre ficaram pertencendo
á Bibliotheca Nacional
DR. FRANCISCO VICENTE VIANNA
Nasceu a 26 de Dezembro de 1848, na Freguezia do Monte.
Descendia dos Barões de Vianna.
Foi o organisador do Archivo Publico deste Estado e escreveu
a «Memoria Historica da Bahia,» um volume de collaboração com
o Dr. José de Oliveira Campos sobre os limites da Bahia com
Sergipe, uma memoria sobre a colonisação de Jaguaripe e uma
monographia sobre a Sabinada.
Falleceu em o dia 24 de de Abril de 1895.
SIMRO De VASCONCELLOS
Nasceu na Cidade do Porto, donde passando á Bahia, envergou
a roupeta de Jesuita, no anno de 1616, contando 19 annos de edade.
Em 1641 acompanhou á Europa o Padre Antonio Vieira e
D. Fernando de Mascarenhas, estes encarregados pelo Vice-Rey,
D. Jorge de Mascarenhas, Marquez de Montalvão, de cumprimentar
D. João IV por sua ascensão ao throno. i
Escreveu a Chronica da Companhia de Jesus, foi Provincial dæ
ordem e falleceu no Rio de Janeiro em 29 de Setembro de 1671,
com 74 annos de edade e 55 de religioso.
SEBASTIÃO DA ROCHA PITTA (*)
Filho de João Velho Gaudim e D. Brites da Rocha Pitta,
nasceu na Bahia a 3 de Maio de 1660 e falleceu a 2 de Novembro
de 1738.
Graduou-se em Artes no Collegio dos Jesuitas da Bahia e
posteriormente bacharel em Canones pela Universidade de Coimbra.
Dedicou-se á lavoura em uma fazenda no rio Paraguassú; foi
coronel do regimento privilegiado das ordenanças da Bahia, fidalgo
da casa real, cavalleiro professo da ordem de Christo, academico
supranumerario da Academia Real de historia portugueza e membro
da Academia Brasilica dos Esquecidos.
(*) Vid: Sacr: Blake: Dice. Bibi.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Esereveat a Mistoria da America Portnguesa—~—de-1500 a
1724. Breve Compendio e narração do funebre espectaculo que na
insigne cidade da Bahia, cabeça da America Portugueza, se vio na
mone T ERa D Pedro I- 1709:
Summar da vida e morte de D. Leonor Josepha de Vilhena
edas exegulds que se celebraram å sua memoria na Cidade da
Bana 1721.
Oração do academico Sebastião da Rocha Pitta presidindo a
Academia Brasilica ém 7 de Maio de 1724.
—Foi dos primesiros historiadores que o Brazil teve.
ERBET VICENTE DO- -SALVADOR
(*)
«Filho de João Rodrigues Palha e d. Messia de Lemos e
chamado no seculo Vicente Rodřigues Palha, nasceu na Freguezia
de Matoim, nesta Capital, sendo baptisado na Sé a 28 de Janeiro de
1567 e falleceu entre os annos de 1636 e 1639. Formou-se em
Canones pela Universidade de Coimbra, foi conego da Cathedral e
vigario geral do bispado da Bahia. Tomou o habito a 27 de Janeito
e 1599 e professou a 30 de Janeiro do anno seguinte. Foi escolhido
ara fundar o convento de S. Antonio do Rio de Janeiro e eleito
eu guardião em 1612.
> Escreveu os livros seguintes.
Historia do Brazil, a primeira escripta por penna brazileira. Foi
concluida na Bahia a 20 de Dezembro de 1627, sendo escripta a
instancias de Manoel Severim de Faria a quem é offerecida e com-
põe-se de cinco livros. Levou muitos annos inedita sendo publicada
em 1889. Foi annotada por- Capistrano de Abreu.
Chromca da Custodia do Brasri—citada por Jaboatão no`Orbe
Ser aphico sendo que Agostinho de Santa Maria publicou de a varios
trechos no seu Sanctuario Mariano, e tanto Barbosa Machado como
Bento Farinha, a dão como publicada em Lisbôa em 1618.
IGNACIO ACCIOLA DE CEKOUEIRA E- SILVA
«Filho do dezembargador Miguel Joaquim de Cerqueira e Silva,
nasceu em 1808, em Coimbra.
Veio para a Bahia em tenra idade.
Falleceu no. Rio de Janeiro em 1°. de Agosto -de 1865.. Aos
14 annos tomou parte na campanha da independencia, servindo
na milicia civica, onde subiu ao posto de Coronel chefe de legião,
no qual foi reformado.
Foi director do Theatro S. João e chronista do Imperio,
("I Via Dee BibL Si Blake,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
s g
confessando em carta inedita existente no Archivo Publico o seu
arrependimento de ter acceito o ultimo cargo. Está sepultado no
mausoléo do historiador Mello Moraes, de quem foi muito amigo.
Era commendador da ordem da Rosa, Cavalleiro da do Cruzeiro e
dé Christo.
Escreveu: a Chorographia Paraense—1833. Memorias Histo-
ricas da Bahia, actualmente annotados pelo Dr. Braz do
Amaral-
As Memorias Mistorıcas tambem foram annotadas por
Hypolito Cassiano de Miranda, apenas sendo publicado o 1°. volume
em 1592.
Restauração da Cidade do Salwador, Bahia de Todos os
Santos, na Provincia da Bahia, pelas armas de D. Felippe 4°. rei
das Hespanhas e Indias, publicada em 1628 por D. Thomaz e
Tamayo de Vargas e addicionada com notas e uma carta topo-
graphica.
Informação ou descripção topographiıca e politica do Rıo de
S. Francisco——1847.
Memoria sobre tribus indigenas.
Ensaio Chorographico do Imperio do Brazil.
Memorias diarias da guerra do Brazil, começando em 1630.
Ensaio Historico, Estatistioa e Geographico sobre o Imperio
do Brazil.
Historia Chorographica e contemporanea do Imperio do
Brazil.
O «Cabalista», jornal politico e litterario da Bahia.
O «Guarany», jornal politico, litterario e industrial.
Biographia de José Eloy Pessõa.
Biographia de José de Sá Bittencourt Accioly.
Biographia do Padre Manoel da Nobrega.
Biographia do Padre Joseph de Anchiêta.
DOMINGOS JOSÉ ANTONIO REBELLO
Nasceu na Bahia, onde foi negociante matriculado sendo
director da Companhia de Seguros, «Commercio Maritimo».
Escreveu a «Corographia ou abreviada historia geographica do
Brazil, especialmente da provincia e cidade do Salvador, Bahia de
Todos os Santos, coordenada e dedicada á casa dos Orphãos de
S. Joaquim desta Cidade para uso de seus alumnos». Sa
(*) Vide Diccionario citado.
H-B
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
LUIZ DOS SANTOS: VILHENA
Era filho de Portugal e exercia nesta Capital em 1800 o cargo
de Professor de Grego. i
Escreveu uma «Historia da Bahia», acompanhada de photo-
graphias, que é reputada o estudo mais completo que se conhece
sobre o nosso Estado.
O manuscripto, em questão, foi comprado em Lisbôa pelo Dr.
José Carlos Rodrigues e offerecido á Bibliotheca Nacional, do qual
o Governo deste Estado obteve copia que se acha no Archivo
Publico.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Lı JOAO FAI
(1808 )
O VISCONDE DE CGAYRU
Elevação do Brazil a Reino Unido 1815—Revoltas
—Pesquizas scientificas
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
"o.
RVA
SVAN y D EA S
A ywy4
TETEA
A,
ANA SVAN
VA A
SVA
“j
TA z-s
JA X jő Şi
3 S TN IN IRN IR IR TIR T MR R MR IR IN MN
-3 y naa ENRE g. E ; g> A E 2 ne Í go H Sa 2L £ zo; f 3 a DAN AR A æ AL. x
D. JOO VI
PAHWRTFTILA DE LISBOA
D. João VI era filho de D. José I e de D. Maria e foi chamado
a administrar o Reino em 1.° de Março de 1792, durante a molestia
da Rainha, Sua Progenitora, «visto como succedera nos direitos do
irmão primogenito, o principe D. José, fallecido em 1787». (*)
Casoti-se eti 1790 ċóm a Infanta da Hes-
panha D. Carlota Joaquina, que, em Portugal
èin 1805, no Brazil durante o periodo em que
D. João VI lhe dirigio os destinos e mais tarde em
Portugal, amarguroù os dias de existencia do real
esposo.
Em 1805 descobrio-se uma conspiração por
élla chefiada e acolytada por fidalgos descon-
tentes e varios ecclesiasticos que formavam stua D. João VI
côrte particular, destacando-se dentre os primeiros o Marquez de
Alorna, que para sahir da Côrte foi nomeado Governador das
Armas nò Alemtejo, o Conde de Sabugal e o Marquez de Ponte
dë Lima.
«O publico attribuio a envenenamento a morte do magistrado
que chegou a colher as provas da conjuração—— José A nästacio de
Figueredo, que logo depois teve logar, e a do Conde de Villa Verde
que não viveu muito tempo depois».
Após esse tetrico acontecimento, D. João VI separou-se da
esposa, que ficou residindo no Palacio de Queluz, residindo o
Monarcha no Palacio de Mafra, (**) distante seis legoas de Lisbôa.
——Carlota Joaquina, ligada á corte de Hespanha pelos laços de
sangue, dia a dia acirrava a luta contra D. João VI, convul-
sionando a corte com intrigas, falsas noticias e desregradas ambi-
ções, levando a anarchia a todas os ramos da administração.
(*) Pereira da Silva—H. da Fundação do Imperio Brazileiro.
(**) Junto ficava o Convento de mesmo nome construido por D. João V, em
cujas obras applicou a renda de todo o ouro que foi do Brazil para o Reino,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
DS
p a
—Nesse interim mais se arraigavam as pretenções de Napoleão
Bonaparte, ‘que visava a occupação de Portugal no sentido de
neutralisar a influencia ingleza, de sorte que em 27 de Outubro de
1807 os plenipotenciarios general francez Duroc e o enviado hespa-
nhol D. José Izquierdo assignaram em Fontainebleau o tratado
que «declarava extincta a autonomia do reino e despojados da
corôa os membros da casa real de Bragança. Partilhou-se o seu
territorio. Conberão á Infanta de Castella, Rainha da Etruria as
provincias de Entre-Douro e Minho, com a Cidade do Porto.
Deu-se ao Principe da Paz, instrumento de que se servia
Napoleão para dominar a Hespanha, o Alemtejo e Algarves.
Guardou a França para si Lisbôa, a Estremadura, Beira e Trás-dos-
Montes. Ficarão reservadas as possessões ultramarinas de Portugal
para serem partilhadas mutuamente entre Hespanha e França,
quando se concluisse a guerra e apparecesse momento opportuno
para effectual-o». (*)
Partindo o General Junot para invadir Portugal, Lord
Strangford, diplomata inglez, residente em Lisbôa, influio no
animo de D. João transferir-se para o Brazil. Estāþeleceu-se o
panico em Portugal com a noticia da marcha accelerada de Junot,
o povo percorria as ruas em desespero, entre lamentações e lagrimas.
Após Muitas vacillaçõës, D. João Vi, prétirdo~ pelas
cirecumstancias, mas cujo patriotismo se pode aferir por aquella
phrase «que si diria de um rei que fugia ao perigo e deixava os
seus estados ao desamparo» resolveu embarcar para o Brazil, o que
fez em 27 de Novembro de 1807, no Caes de Belem.
Carlota Joaquina, suas filhas, damas do Paço e o Infante
D. Miguel embarcaram na náu «Rainha de Portugal»,
t De Tolo cmbircou na nát Principe Redi €- Detm -assim
D. Pedro, a rainha sua Avó. As duas princezas, irmãs da Rainha,
embarcaram na náu «Princeza do Brazil».
O duque de Cadaval, os marquezes de Alegrete, Bellas,
Angeja, Pombal, Lavradio, Torres Novas e Vagos;, os Condes de
Pombeiro, Redondo, Caparica, Belmonte e os ministros de Estado
embarcaranı em outras náus.
A esquadra era composta dos navios: Principe Real, Rainha
de Portugal, Princeza do Brazil, Medusa, Conde D. Henrique,
Martin de Freitas, Affonso de Albuquerque, D. João de Castro,
Fragatas Minerva, Golfinho e Urania e brigues Voador, Vingança,
Lebre e Carioca.
Devido aos ventos a esquadra só sahio na manhã de 29 de
Novembro e pelas 9 horas da manhã de 30 as avançadas de Junot
entraram em Lisboa, ainda avistando os navios distantes das costas
e aprisionando alguns que não poderam transpor a barra.
("7 P. de Siva—obr. ct.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Por esse mesmo tempo o almirante inglez Sidney Smith
bloqueiou o porto de Lisbôa e se apossou da ilha da Madeira, orde-
nando que uma esquadrilha comboiasse a armada que conduzia o
monarcha portuguez ao Brazil.
CHEGADA DA FAMILIA REAL Á BAHIA
No dia 19 de Janeiro foram- vistos os- priméiros contornos
das terras da Balnea, -entrando -A -esggadra na -tarde -dez20;
debaixo do maior jubilo da população, sendo saudada pelas
fortalezas e navios ancorados no porto. Governavaa Bahia o Conde
da Ponte, que deu todas as providencias no sentido de se prepararem
commodos para S. Magestade e sua illustre comitiva; determinou
festas publicas, reunio tropas e milicias para
as continencias do estylo, acções de graças €
te-deum por tão feliz acontecimento. O Principe
recebeu o Governador, a bordo, com o maximo
carinho e determinou para o dia 21 o desem-
barque, dia em que o povo bahiano recebeu a
Magestade com toda a pompa e enthusiasmo.
«Guardou o Principe durante toda a súá
vida a lembrança do acolhimento prazenteiro e
Visconde de Cayrú
respeitoso que lhe fizeram os seus subditos da
Bahia, e sempre que com os seus familiares tratava de recordal-o,
manifestava emoção profunda e sentida.»
Desembarcando, D. João hospedou-se no Palacio do Governo e
sua comitiva nos melhores predios da Cidade.
Inqvirindo com interesse das cousas do Brazil, ouvio as pessoas
mais importantes da cidade, sendo-lhe dado conversar com José da
Silva Lisbôa, mui capacitado nas cousas economicas e financeiras.
Devido aos seus conselhos, D..João assignou em 28 de Janeiro o
decreto de abertura dos Portos do Brazil ao Commercio das Nações.
(José da Silva Lisbôa, posteriormente Visconde de Cayrú, nasceu
na Bahia em 16 de Julho de 1756. Formou-se em direito canonico
na Universidade de Coimbra. Foi professor de grego, hebraico e
philosophia em Portugal e no Brazil, exerceu o cargo de ouvidor da
Capitania de Ilhéos, ) onde primou pela energia e pela honestidade.
A. Publico—Ineditos. Advogou na Relação da Bahia, em cujos
archivos forenses se encontram luminosas razões e publicou além de
outros, o Tratado de Direito Mercantil, impresso em 1801 e os
Principios de Economia Politica em 1804. Já em 1781 em Carta
escripta ao Dr. Vandelli, Silva Lisbôa se externava sobre a vanta-
gem da abertura dos portos do Brazil ao Commercio mundial.
Em 1782 Silva Lisbôa, por ordem do Vice-Rey, estudou em
Cachoeira um meteorito que ali appareceu.
:
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 9b —
Em 23. de Fevereiro de 1808 D. João VI nomeiou-o professor,
baixando o decreto seguinte:
Sendo absolutamente necessario o estudo da sciencia economica
etc. e por me constar que Josë da Stiva Lisboa, deputado e Secretario
da mesa da inspecção da agricultura e commercio da cidade da Bahia,
tem dado todas as provas de que é murto habil para o ensino daguella
scienca ihe Jaço mercê da propriedade e regencia de uma cadeira e
aula publica, gue por este mesmo decreto seu servido crear na Cidade
do Rio de Janeto, para o ir exercitar, conservando os ordenados dos
dous logares, que até agora tem occupado na Bahia».
GARTA REGIA- DE 28:DE JANBIRO- -DE 1808
Conde da Pomte do meu- consello, governador € Capitao
General da Capitania da Bahia. Amigo, eu o Principe Regente vos
envo muto sandar, Como adqnelle; que arno. Atendeodo á
representação, que fizestes subir á minha real presença, sobre se
achar interrompido, e suspenso o cominercio desta Capitania com
grave prejuizo dos meus vassallos, e da minha real fazenda, em razão-
das criticas e publicas circumstancias da Europa, e querendo dar
sobre este importante objecto alguma providencia prompta, e capaz
de melhorar o progresso de taes damnos: Sou servido ordenar
interina, e provisoriamente, emquanto não consolido hum systema
petal, que eleciivamente regule semelhantes materiaes o Se-
guinte: ;
1- Qúe sejao admissiv&as nas: Alfandegas do Brazil todos e
quaesquer generos, fazendas, e mercadorias transportados ou em
navios estrangeiros das- potencias, que se conservão em paze
harmonia com a minha real corôa ou em navios dos meus vassallos,
pagando por entrada vinte e quatro por cento; a saber:
Vinte de direitos grossos, e quatro de donativojá estabelecido,
regulando-se a cobrança destes direitos pelas pautas, ou aforamentos,
porque até o- presente se regulão cada huma das ditas alfandegas,
ficando os vinhos, agoas ardentes, e azeites doces, que se denominão
molhados, pagando o dobro dos direitos, que até agora. nella
satisfazião: i
2: kje nao- s699- meus vasšailos;, mas- tambem os- ditos
estrangeiros possão exportar para os portos, que bem lhes parecer, a
cþeneficio do commercio, e agricultura, que tanto desejo promover,
todos, €e quaesquer generos Colonjaes, á excepção do Páo Brazil, e
outros notoriamente estancados, pagando por sahida os mesmos
direitos, já estabelecidos nas mesmas Capitanias, ficando entretanto
como em suspehso, e setn vigor todas as leis, cartas regias, ou
outras ordens, que até aqui prohibão neste Estado do Brazil o
_teciproco commercio e. navegação entre os meus vassallos,- s
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ai
I aan
estrangeiros: O qüe tudo assihu farcis executar com- 0 zelo €
actividade que de vós espero.
Escnpta na Baiia, 405 28 de Janenro de 1808: Z rrnömpé
Regente.
PARTIDA PARA O RIO DE JANEIRO
Depois de ter tomado varias providencias. de caracter
importante na Bahia e de conferir honras titulares a varios dos
seus homens eminentes, apezar dos insistentes pedidos do povo, que
se promptificava a construir um. palacio para o Soberano e Sua
Augusta Familia e edificios para as repartições publicas, D. João VI
partiu no dia 26 de Fevereiro pard o Rio de Janeiro, chegando
aquella cidade no dia 8 de Março do mesmo anno.
*
No Rio de Janeiro estábeleceu D. Joao a -Capital dó Brazil,
creando os serviços seguintes:
as secretarias de Estado, reorganisou o arsenal de marinha,
fundou uma Academia de Guardas-marinhas, uma bibliotheca,
uma repartição de contadoria, uma fabrica de polvora, um hospital
militar, um archivo militar, elevou a Relação do Rio de Janeiro
á cathegoria de Casa de Supplicação, creou uma Intendencia Geral
de Policia, fundou a Imprensa régia, o Jardim Botanico, o Banco do
Brazil, organisou © serviço de extracção de ferro é dirigiu “um
manifesto ás nações do mundo.
Em 12 de Janeiro de 1809 conquistou a Guyana Franceza,
sendo chefe das tropas expedicionarias o Brigadeiro Manoel
Marques d’Elvas Portugal, que expulsou o Governador Hughes e
toda-a cuarnicao.: D. Jodo VI foi acclimado e coroado enmi O de
Fevereiro de 1818.
— Em 1821 D. João VI regressou a Lisboa e faHlècew em
tas;
A ADADE DE OURO
Em 13de Janeiro de 1811 foi publicado na cidade do Salvador
o jornal a Zďade de Ouro, sendo organisada pelo Conde dos Arcos
uma typographia. O estabelecimento do jornal foi autorisado por
Carta Régia de 5 de Janeiro do mesmo anno, sendo director do
citado jornal Manoel Antonio da Silva Serva.
AFRICANOS USSÁS— 1813
Em 28 de Fevereiro de 1813 rebentou na Capital uma revolta
dos Africanos Ussás em numero superior a 500. Commetteranı
muitas barbaridades, sendo vencidos nas 47 magções. Os chefes foram
enforcados no largo da Piedade em 18 de Novembro do mesmo anno,
HB .
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a E
ELEVAÇÃO DO BRAZIL A REINO UNIDO
Por Cåârta de Lei de 16 de Dezembro de 1815, D. João VI “o
intuito de dar ao Brazil (*) uma manifestação publica do quanto o
penhorava o acolhimento que havia recebido dos seus povos, e dos
desejos que nutria para a sua prosperidade e grandeza, concedeu-lhe
o titulo de Rerzo Unido a Portugaie Algarves. Significava este favor
regio o direito de ser tratado pelo soberano no mesmo pé de
igualdade que os Reinos europêos; a declaração de que não
constituia mais uma colonia de Portugal; e a certeza de que lhe não
poderião ser cassadas as faculdades e privilegios que lhe havião sido
outorgados.»
Para commemorar tão grande acontecimento fizeram-se, por
varios dias, muitos festejos em todo Brazil, particularmente na
Bahia, S. Paulo, Recife e Marianna.
A Inglaterra reconheceu o dovo R&no Unido em 20 de
Fevereiro de 1816; a Frauça em 29 de Fevereiro do mesmo anno; a
Austria em 27 de Março do mesm» anno; a Russia em 2 de Maio
do mesmo anno; a Prussia em 30 de Maio do mesmo anno. A
elevação do Brazil a Reino Unido foi uma consequencia do
Congresso de Vianna, reunido em 1815, na Capital da Austria, de
que foi embaixador por parte de Portugal o Conde de Palmella, a
quem Tallayrand, embaixador da França, aventou a idéa que mezes
depois fructificou com a luminosa Carta de 16 de Dezembro.
REVOLUÇÃO DE 1817 EM PERNAMBUCO—REPERCUSSÃO
NA BAHIA t
Foram seus chefes: Domingos José Martins, Domingos
Theotonio Jorge, Padre João Ribeiro Pessôa, Dr. Luiz José de
Mendonça, José de Barros Lima (o Leão Coroado) o Dr. Abreu e
Lima (Padre Roma) Padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro
(Padre Miguelinho) Padres Muniz Tavares e Tenorio.
As causas da revolução foram de um lado as discordias
existentes e rivalidades suscitadas entre officiaes portuguezes e
brazileiros; de outro lado as idéas liberaes propagadas no paiz.
Estalada a revolta, o Governador Caetano Pinto de Miranda
Montenegro capitulou, recolheu-se á fortaleza do Brum e retirou-se
para o Rio.
Organizou-se o Governo Provisorio, ao tempo em que a
Parahyba, o Rio Grande do Norte e Alagoas adheriam á revolução
que não vingou no Ceará e na Bahia, onde, respectivamente, foram
presos o Padre Alencar e Abreu e Lima (Padre Roma).
D. João VI organisou a resistencia. Uma esquadra do
commando do almirante Rodrigo Lobo bioqueou o Recife e
(*) Vid. P. da Silva—-Fundação do Imperio Brazileiro—vol 3 pag 215.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
o Marechal Cogominho de Lacerda seguio por terra, commandando
um-corpo de:exercrto:
O Dezembargador Teixeira Coutinho foi nomeado para julgar
os rebeldes, instituindo aada no Recife, sendo tambem nomeado
Governador da-Capitania Laiz do Rego-Barretto:
Travadđas varias luctas, debandaram os revolucionarios, sendo
muitos presos e fuzilados.
As 10 horas da manhā de-29 de Marco:de:1817-foi fuzilado no
Campo cta. Polvora o Dr. José Ignacio Ribeiro de Abreu e Lima
(0 Padre Koma).
O Padrè Roma havia sido prezo ao desembarcar na Barra,
tendo vindo de Pernambuco em uma Jangada. Acha-se sepultado
na igreja de Sant Anna.
SENTENÇA DA COMMISSÃO MHATAR
«Vendo-se nesta cidade da Bahia o processo verbal do réo
adre José Ignacio Ribeiro de Abreu e Lima, auto de corpo de
delicto, tres testemunhas sobre elle perguntadas; e interrogatorio
feito ao mesmo réo; decidiu unanimemente e por todos os votos, que
as sobreditas culpas se achavam plenamente provadas e o réo dellas
mews nos S9 o e 8S Tiido Oc do havra 5- das Ordes dô
Reino e mandam que se executem no sobredito réo as penas do $
9. da mesma Ord. Bahia em Commissão Militar, 28 de Marco -de
1817. (Assinados) Henrique de Mello Coutinho de Vilhena,
relator. Manoel Pedro de Freitas Guimarães, Major; José Antonio
de Mattos, Tenente-Coronel; Manoel Gonçalves da Cunha, Major;
Joaquim José de Souza Portugal, Coronel; Antonio Fructuoso de
Menezes Doria, Coronel; Felisberto Caldeira Brant Pontes, Briga-
deiro; Manoel Joaquim de Mattos, Brigadeiro de Legião, D. Marcos;
Conde dos Arcos, General.
REVOLUÇÃO CONSTITFUCIONAL DA BAHIA. -1821
Hm 10 de Fevereiro de 1821, ás-6 horas da manhas os
batalhões de artilheria e outros corpos ‘estacionados na Bahia
marcharam para a Praça de Palacio e acclamaram a constituição
que foi assumpto da revolução do Porto, de 24 de Agosto de 1820.
A’ frente dessa conjuração, na Bahia, estavam o cirurgião
Cypriano José Barata de Almeida, Lino Coutinho, e os coroneis
Manoel Pedro de Freitas Guimarães, Francisco José Pereira e
Francisco de Paula Oliveira.
Nas reuniões politicas, Cypriano Barrata-€ Lino Coutinho
eram os mais exaltados.
Era Governador da Bahia o Conde da Palma, que pronunciada
a revolução, se retirou para o Quartel da «Legião de Caçadores»,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 100 —
em Santo Antonio da Mouraria (antigo quartel de cavallaria) è
partio para a Praça da Piedade com o «terço velho», outras tropas
eo 12°. batalhão, commandado por Bandeira de Mello.
Felisberto Caldeira Brant Pontes, Marquez de Barbacena,
Marechal Inspector, marchou com 200 praças para o «Forte de
S. Pedro» e quartel dos Afflictos onde os revoltosos se ħaviam
entrincheirado, collocando tres peças na bocca da rua das Mercês.
Intimando-os Felisberto Caldeira á rendição, os revoltosos
responderam com artilheria e fuzilaria, caħindo feridos 20 soldados
€ 9 DiOrtos.
O marechal Luiz Paulino Pinto da França aconselhou ao Conde
da Palma qué se pronunciasse pela revolução. «Já então a Camara
funccionava extraordinaria e tumultuariamente.
Lavraram-se termos, proclamações e officios communicando
ao Rei e aos povos da Capitania os acontecimentos, pedindo que se
adoptasse o regimen constitucional, manifestando dedicação e
obediencia ao Rei e a sua dynastia e jurando homenagem ás côrtes
de Lisbôa».
O Conde da Palma e Felisberto Caldeira retiraranı-se para ©
Rio de Janeiro a bordo da náu ingleza dcarus. E’ digna de nota
a celebre carta do Conde de Palmella a D. João VI, de referencia
ao Brazil e aos movimentos liberaes.
O movimento de 1821, na Bahia, foi o agente mais poderoso:
para a independencia brazileira.
PESOGISAS SCIEN TIPICAS:
As pesquisas scientificas foram iniciados no Brazil pelo Jesuita
José de Anchiıéta, conforme vimos em capitulo anterior.
Durante o periodo hollandez foram ellas continuadas por «Hlias
Herkman, Wilhelm Glimmer, Mathias Bech, George Marcgraph,
Wilhelm Piso,» medico do Conde de Nassáu.
«Piso estudou o mangue vermelho, inaugurou as pesquisas
ophidicas, estudou a therapeutica phitologica, a taxicologia vegetal,
as propriedades emetico—cathargicas da ipecacuanha, da copahiba,
da Japecanga, da caroba, da tayoba e de ovtras plantas.
Foi o inventor do megascopio de que se utilisava em suas
pesquisas.»
Herkman encontrou nos sertões vestigios de um povo prehis-
torico de tradições muito apagadas consistindo em grandes pedras
arredondadas, de 16 pés de diametro, empilhadas umas sobre outras
e talhadas em forma de altares.
Publicou o livro 4% quedam de Tapuys
Seguiram-se as pesquisas de Johnñ Mawe, que nasceu em
Derbyshire em 1764 e veio ao Brazil no seculo XVIII.
Mawe estudou as zonas diamantinas estudando as minas do
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 101 —
Tijuco, dos rios Jequitinhonha e Pardo. Escreveu varias memorias
söbre a Bahia, Pernambuco, Ceará, Pará, Goyaz é Mattò Grosso €
em 1813 publicou um- tratado sobre diamantes e -pedras pre-
ciosas.
Falleceu em 26 de Outubro de 1829.
GUILHERME ESCHWEGE
Nasceu na Allemanha, em Hesse em 15 de Novembro de 1777.
Acompanhou D. João VI ao Brazil.
Percorreu as Provincias do Rio de Janeiro, S. Panlo é Minas,
fundou uma fabrica de ferro em Villa Rica e publicou varias
memorias e. vogábularios da . Įngna indigena: Falleceu em
Wolfsanger ém 1” de Fevereiro de 1899.
AUGUST DE SAINT-SHEAIRR
Nasceu em Orléans, na França em 1789 e falleceu em 1853.
Veio para o Brazil em 1816, wa comitiva do Duque de
Luxemburgo. Embaixador da Corte de Luiz XVHI, Juntoa D.
João VI.
Pèrcorreu grande parte do Brazil e estudov a flora, a fauna, os
valles hydrographicos e varios dialectos e linguas dos selvagens.
CONDE DE LA HURE
Estudou as inscripções lapidações do interior da Bahia.
AGASSIZ E HARTT
Luiz Agassiz nasceu em Oule em 1807 no Cantão de Vaud.
Naturalisou-se cidadão norte-americano.
Estudou a historia natural do valle do Amazonas.
Acompanharam-nos os varios scientistas norte-americanos:
«Carlos Ħartt, geologo; Orestes Saint john, geologo; os naturalistas
John Anthony, John Allen, o Dr. Cotting, o desenhista Jacques
Burkhardt, o preparador William James e madame Agassiz, que
esereveu de collaboração com o seu marido o livro «Voyage ou
Brésil.»
Hartt foi quem estabeleceu a divisão paleontologica brazileira
e publicou em Boston emt 1878 o unotavel trabalho (Geology and
Physical Geography of Brazil.»
Agassiz fallecen em 1873.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
102 —
; BARÃO ALEXANDRE DE HUMBOLDT
Nasceu em Potsdam em 1767. Era irmão de Carlos Guilherme
Humboldt, estadista prussiano. Percorreu e estudou o valle do
Amazonas, classificou sua flora e fauna e foi á Patagonia, ao Cue e
& Perra do Fogo
De volta á Allemanha escreveu as «Voyages au régions
equinoxiales du Nouveau Continent» onde fez referencias ás
inscripções lapidares dos rios Oyapoch e Orinoco.
Escreveu o Cosmos, considerada por Latino Coelho, uma das
mais notaveis obras do seculo em que viveu.
Fallecem em T599.
PRINCIPE MAXIMILIANO DE NEUWIEED
Estudou o -sudoéste da Bahia, suas inscripções e raças
indigenas, levantando mappas.
PISTER WILHELM LUND
E’ cognominado o «Pae da Paleontologia Brazileira». Nasceu
em Copenhague, a 14 de Junho de 1801. Formou-se em 1818 e em
1827 recebeu o gráo de doutor em Philosophia. Veio pela 1° vez ao
Brazil em 1825 e em 1833 fixou residencia em Minas Geraes,
procurando a Lagôa Santa cujos fosseis, bem como os do Sumidouro,
estudou com profundeza.
Em Lagôa Santa estudou as lapas de Santa Luzia, Sete Lagôas,
Curvello, Fidalgo, Cerca Grande, Mosquito, Sacco Comprido e a
Lapa de Maquiné, de todas a mais formosa.
Mandou varios especimens de nossa fauna e flóra para os
Musêus de Copenhague e escreveu varias memorias sobre a geologia
brazileira e sobre a fauna e flóra.
A sua obra mais notavel é o «Estudo Summario do Reino
Animal do Brazil antes da Ultima Revolução do Globo.»
DOMINGOS FERREIRA PENNA
Nasceu em Minas Geraes em 1818 e falleceu em Belém (Pará)
em 1888.
Estudou os povos do Amazonas, descobrio monumentos
prehistoricos, inscripções lapidares que traduzio e publicou as
varias obras:
O Tocantins e o Anapré, 1864; a Ilha de Marajó, 1875; Breve
Noticia sobre os Sambaquis do Pará, 1878; as «Urnas de Maracá;
Explorações no Amazonas e Rio Branco, 1833; Indios de Marajó.
O que Lund fez no sul, Ferreira Penna fez no norte.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 103—
EFPEDERIC VON MARTIUS E-VON SPIX
Fizerám profundos estudos em Minas Geraes e Bahia de 1817
å 1824.
Von Martius escreveu o «Atrayvez da Bahia,» obra de muita
observação, a qual foi traduzida pelo Dr. Pirajá da Silva.
Eram filhos de Munich (Allemanha).
Outros scientistas estrangeiros:
John Pohl, Halfeld, Gerbar e Schreiner que estudaram o Rio
S. Francisco, sua geologia, flóra e fauna.
Halfeld levantoù a planta deste rio e morreu em Minas em
1843. Foi soldado de Blücher em Waterloo.
—Olfers, von Sellów, Martiêrė, Pieter Clansen, E. Pissis,
francez que levantou o nosso primeiro mappa e falleceu no Chile;
Helmreichen, Castelnau, Ruétel, Saint-Adolph.
SCIENTISTAS BRAZILEIROS"
Ladisláu Netto, ġue ‘escreveu as “Investigações sobre a
Archeologia Brazileira;» Rodrigues Peixoto, que escreveu os
«Novos Estudos Craneologicos sobre os Botocudos;
Cons. Alencar Araripe, que escreveu “Cidades Petrificadas e
Inscripções Lapidares do Brazil»; |
José Verissimo, que escreveu «Populações Indigenas do
Amazonas;»
-Couto de Magalhães, que escreveu os «Ensaios de Antho-
pologia» e o «Selvagem».
Baptista de Lacerda que escreveu «O Homem dos Sambaquis»..
JOSÉ BONIFACIO DE ANDRADA E SILVA
Nasceu em Santos em 13 de Junho de 1763.
Formou-se em Coimbra, frequentou os estabelecimentos-
metallurgicos da Inglaterra, Allemanha, Dinamarca, Noruega,
Belgica, Hollanda, Hungria e Italia.
Publicou os seguintes livros:
«Viagem Geognostica aos Montes Euganeos no territorio de
Padua; Viagem Mineralogica pela Provincia de Extremadurá;
memoria sobre o carvão de pedra de Portugal; memoria sobre a
mina de ouro sobre a outra banda do Tejo; tratado de mineralogia;
compendio de montanistica; Memoria sobre o trabalho e manipu-
lação das minas de ouro em geral; tratamento metallurgico».
Era grande auxiliar do Barão de Humboldt. i
.i : A politica desviou-o da senda scientifica e a 16 de Janeiro de
1822 accedeu ao pedido do Imperador, assumindo a pasta dos
extrangeiros.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 104 —
DR: JOAOUIM CARTANO DA SILVA
Escreveu o Oaypoch, depois de estudar a região norte do
Amazonas.
DR. BARBOSA RODRIGUES
Estudou a região amazonica e escreveu o Muyrakttaun.
DR. MANOEL BASILIO FURTADO
Escreveu a Coutribuição para o Estudo da Zoologia do Brazil.
DR. FREIRE ALLEMÃO
Escreveu os &siudos Boranios.
BARÃO DE CAPANEMA
Escreveu os Apontamentos Geologicos e os. Ensaros de
SCIENCILAS.
ALEXANDRE RODRICUES: FERRKIRA (*)
«Nasceu na Bahia (Capital) a 27 de Abril de 1756, sendo seu
pae Manoel Rodrigues Ferreira, e falleceu em Lisboa a 23 de Abril
de 1815.
Matriculou-se no curso juridico da Universidade de Coimbra
em Outubro de 1770; porem obrigado a suspender os seus estudos
por causa da reforma da Universidade em 1771 matriculou-se no
curso de philosophia, e o seguiu com applicação tal, que dois annos
depois de o concluir era demonstrador de historia natural».
Era appellidado o Zumboidt Brasileiro.
Em Poftugal examinou as minas de carvão de pedra đe
Buarcos, descreveu varios productos do Museu da Ajuda.
Por determinação régia exerceu por 10 annos a commissão de
percorrer e estudar o que houvesse de notavel desde o Pará até
Matto Grosso.
Em 1793 voltou a Portugal sendo nomeado official da Secre-
taria de Estado de Negocios da' Marinha e dos dominios ultra-
marinos.
Um anno depois foi nomeado director do real gabinete de
Historia Natural, Jardim Botanico e depois nomeado por Di. Maria I
administrador das Reaes Quintas e deputado ďa Junta do
Commercio.
(*) Vid. Sacramento Blake—Dicc. Bibl. Braz.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a 0D a
Escreveu varias memorias sobre os Estados do Pará e Matto-
Grosso, sobre os seus rios, cachoeiras e serras; visitou a Gruta das
Onças em 1790; estudou os gentios Muras, Urequenas, Caripinas,
Cambêbas, Yurupyxuns, Manhãs Miranha; descreveu as tarta-
rugas, © peixe pirarucú, o peixe Arananã, as plantas do Rio
Branco, as palmeiras, o macaco simia mormon, a lavoura de
Macapá; classificou as madeiras do Pará e emprehendeu outros
estudos de capital importancia.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
A INDEPENDENCIA
1822—1823
Soror Joanna Angelica--Varios successos—-Labatut, Lima
e Silva e Felisberto Gomes Caldeira
A heroina bahiana Maria Quiteria de Jesus Medeiros
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
aT
A a e a ai
7 A S S ASCAP CADA EI CT A ES APP UOATRPA EPVE EPKINCIDPAA NA N E
PEORIA EPN GP uPA PNI
IE
A P
NEn
SI EPAT
PARUN
iid AN v
m e TE a p a a aa a a d aa aa a a
A CAMPANIA DA INDEPENDENCIA NA BAHIA
O GENERAL MAÐDHKIRA
A campanha da Independencia teve forte baluarte na acção
energica dos Deputados Lino Coutinho, Cypriano José Barata de
Almeida, Domingos Borges de Barros ( Visconde da Pedra Branca)
e Frei Francisco Agostinho Gomes que, desde 15 de Dezembro de
1821, quando tomaram assento nas Camaras de Lisbôa, como
representantes da Bahia, até á retirada precipitada para Plymouth,
se bateram pela liberdade patria, conseguindo vel-a triumphante
em 7 de Setembro de 1822 e em 2 de Julho de 1823.
No Rio de Janeiro, além de outros, foram
vultos proeminentes da campanha libertadora—
José Bonifacio de Andrade e Silva èe Joaquim
Gonçalves Ledo.
Os acontecimentos que se desenrolaram em
Fevereiro de 1822 obedeceram ás idéas libertarias
que, ha longos annos, se vinham accentuando no
animo do povo brazileiro, sendo o acto da Camara .
Municipal desta Capital, negando-se á pôr a assi- D. Pedro I
gnatura no «Cumpra-se» á carta regia de 9 de Dezeml ro de 1824,
que nomeou o General Ignacio Luiz Madeira de Mello para o cargo
de Governador das Armas daBahia, o inicio da discordia e-o
prenuncio da liberdade patria.
Occupava o Cargo de Governador das Armas na Bahia, o
Brigadeiro Manoel Pedro de Freitas Guimarães.
Em vista da attitude da Camara Municipal, Madeira reunio os
officiaes dos corpos de primeira e segunda linhas, que se pronun-
cavam pela sna causa, lavrando-se um termo de obediencia.
Logó diyidiraii-se as. tropas. A favor de Manoel Pedro
pronunciaram-se o 1° Regimento de Infantaria, artilheria elegião de
Caçadores, ficando fieis a Madeira a tropa portugueza e o esquadrão
de cavallaria.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 110 —
A unta governativa: pôz-se taolad de Mancel Fedro;
fortalecida por uma grande representação favoravel ao mesmo, e
assignada por 421 pessoas, e depois de uma reunião, decidio que o
governo Militar ficasse entregue a uma commissão~militar de 7
membros até que novas ordens viessem de Lisbôa.
Começou, desde essa resolução, o movi-
mento armado na Cidade. Madeira mandou
sahir piquetes armados para vigiarem as forças
güe Manoel Pedro colocou em S. Benio: Sesu
ram-se algumas hostilidades entre as tropas
adversas, officiando a Juntà aò General Madeira;
convidando-o e aos seus officiaes para uma reunião
em Palacio, ao gue nao accedeu, percorrendo o
General os postos occupados pela milicia. Domingos Borges de
Durante o seu trajecto ouviram-se gritos de: Barros, Visconde da
«fóra a Camara! Morra Manoel Pedro!». TORE E
No dia 19 de Fevereiro os factos assumiram maior gravidade
havendo tiroteio na rua do Rosario, Forte de S. Pedro, Afflictos e
Mercês entre as forças dos dois commandantes.
Nesse mesmo dia, vencidas as forças do Brigadeiro Manoel
Pedro, as tropas de Madeira, desenfreiadas, commetteram os maiores
attentados -contra ðs- lares- das. familias babianas, violaramı o
Convento da Lapa, matando, a baioneta, a abbadessa do Convento
Joanna Angelica e o Capellão do mesmo, Padre Daniel da Silva
Lisbôa.
—Deante de taes factos, sem força moral, o General Madeira
para cohibir os exccessos da soldadesca, que não levou em conta sua
proclamação de 19 do mesmo mez, principiou o exodo da população
para o reconcavo.
Na tarde de 19 determinou-se para o dia seguinte o bombardeio
da Fortaleza de S. Pedro, onde se achava o Brigadeiro Manoel
Pedró;- 0 qüe se náo realizou devido- á acção. energica da. Junta
provisoria, que procurava evitar maior perda de sangue No dia 21 as
tropas portuguezas occuparam a referida Fortaleza, prendendo o seu
commandante e a officialidade que o acompanhava.
—Echoaram esses factos em Lisbôa e ao lado da junta e de
Manoel Pedro ficaram os deputados bahianos Domingos Borges de
Barros e Cypriano José Barata de Almeida; patrocinando a causa dos
portuguezes ficou. o Marechal Luiz Paulino de Oliveira Pinto da
Frānça, com quem Barata de Almeida sustentóu na Camara forte
polemica. «Azedada esta no alto de uma escada, o Dr. Barata, no
auge da indiguação, impellio por ella abaixo ao marechal sri
Paulino, que se recolheu ao domicilio bastante machucado.» (*
ZA vista de taes factos occorridos na Bahia, cuja S
*) Vide—M. Historicas Brazileiras—Datmasceno Vieira.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
e T
foi a moọörte dè mais de 200 pessôas, © espirito publico mais se
inflammou, a ponto de D. Pedro I ordenar a retirada de Madeira para
Lisbôa, publicando nesse sentido uma proclamação ao Povo Bahiano
que terminou deste modo:
«Os honrados brazileiros preferem a morte á escravidão; vós não
sois menos; tambem o deveis fazer, para comnosco entoardes vivas á
independencia moderada do Brazil, ao nosso bem e amado monarcha,
El y +D; Joãó VI e á nossa Assembléa-Geral Constituinte
e ‘Legislativa do- Rètnò-do-Brazil+—-Rio; 17 de Junho de 1822.
Principe Regente.»
O exòdđò continuava intenso, até que, conr o desembarque das
trópas dö Gereéral Jorge de Avilez; que havianr sido expulsas do
Rio de Janeiro, assumio proporções extraordinarias.
A RESISTENCIA DOS BAHIANOS: O RBEGONGAVO
No reconcavo multiplicavam-se os aprestos para a lucta heroica,
séndo a povoação de Belem, em S. Felix; o primeiro local onde se
encontraram os primeiros homens promptos para a resistencia.
No dia 25 de Junho de 1822 fez-se a marcha pata Cachoéiraą,
onde «officiaram ás auctoridades declarando a intenção que os
movyia—de acclamarem regente do Brazil ao Principe D. Pedro.»
Igual communicação dirigiram aquelles patriotas ao commandante
de uma escuna de guerra que Madeira para alli ıinandou, quando teve
suspeitas de que o Padre Lourenço da Silva, Magalhães Cardoso,
vigario da igreja de S5. Pedro, desta Capital havia para alli partido.
#—A acção do Padre Cardoso mais acceħdeu os auimos dos
Cachoeiranos.
— As 9 horas da manha do citado dia 25 reunitam-se na
Camara os patriotas cāchoeiraños, havendo uma sessão que foi
presidida pelo Juiz de Fora—Antonio de Cerqueira Linta, estando
presentes para mais de 250 cidadãos, de cujo numero se destacavam:
José Garcia Pacheco de Aragão, Antonio de Castro Lima, Joaquim
Pedreira dö Couto Ferraz, Rodrigo Antonio Falcão Brandão, José
Antonio Fiuza de'Almeida e Francisco Gê Acayaba de Montezuma,
(posteriormente Visconde de Jequitinhonha )
(O Procurador dO venado da- -Vatiara, enpunoando Um
estandarte, fallou de uma das Janellas, ao povo, «perguntando se
concordava quë se acclamasse Sua Alteza Real Commo regente
constitucional e defensor perpetuo do Brazil, da mesma forma queo
Havia sido no Rio dé Jañeiro. Povo e tropå respondera comi
grande enthúsiasmo: Sim».
Do occorrido lavrou-se uma acta, hav endo ás 3 horas da tarde `
um Te—Deum», no qual pregou o vigario Francisco Gomes dos
Sañtos € Alméida:
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
—A’s 5 horas da tarde a Escuna de guerra rompeu fogo coutra
a cidade, na mesma occasiãc em que da casa do portuguez Manoel.
Machado Nunes atiraram contra o povo.
Formou-se, então, a junta Conciliadora de
Defesa composta de Antonio Teixeira de Freitas
Barbosa, Presidente, Antonio Pereira Rebouças—
Secretario—Padre Manoel José de Freitas (cogno-
minado Manoel Dendê Bus) José Paes Cardoso.
da Silva € Antonio José Alves Bastos.
— Dado o commando das forças ao Coronel
José Garcia Pacheco de Aragão, travou-se a lucta
Visconde de Jequi- que terminou vo dia 28 de Junho, quasi á meia
quitinhonha Hoite, sendo tomada a escuna e aprisionada a
tripolação.
> N STerE E STe O ee A EE a a a nA T E EE O ONN a a N a a
—Crearatmn-se varias Caixas Militares em diversas Villas como
Santo Amaro e S. Francisco, levantaram-se trincheiras e fortifi-
caram-se muitas posições.
No dia 29 de Junho do mesmo anno effctuou-se em S. Amaro e
na Villa de S. Francisco o Juramento e adhesão á regencia.
Joaquim de Siqueira Bulcão, na villa de S. Francisco organisou
batalhões e concentrou-os no Iguape, batendo-se pela mesma
causa.
Em Santo Amaro os Senhores de engenhos levantaram-se em
peso pela causa da liberdade, organisando batalhões dentre os quaes
o commandado pelo Coronel Luiz Manoel de Oliveira Mendes, que
se reunio dos demais em Pirajá.
Em 29 de Junho travou-se o combate de Funil ao sul da ilha
Santo Amaro, sendo vencido o capitão Taborda com 80 praças:
e duas canhoneiras, sendo os patriotas auxiliados pelas forças
que vierasti de- Cachoeira commändadas -por - fodo -Baptista
Massa.
Em 26 de Setembro organizou-se em Cachoeira um governo
interino sob a presidencia do capitão-mór de Santo Amaro
Francisco Elešbão Pires de Carvalho e Albuquerque. O governo
interino augmentou a resistencia, ordenando a marcha do Coronel
Rodrigo Brandão e do Alferes Francisco de Faria Dutra para
Pirajá, juntando-se-lhe, posteriormente, as forças do tenente-
coronel Alexandre Gomes de Argollo Ferrāo e major Manoel
Gonçalves da Silva.
— A 28 de Outubro de 1822 chegou.a Bahia.o general Labatit,
que assumiu o commando geral das forças e estabeleceu o quartel
general no «Engenho Novos, estreitaudo o cerco da cidade.
—A 8 de Novembro do mesmo anno'feriu-se o cotmbate de
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 118 —
Pirajá, (*) sendo as tropas de Madeira derrotadas pelo major José
de Barros Faicaode Lacerda:
—A 29 de Dezembro do mesmo anno Labatut atacou o ponto
da Conceição e Felisberto Gomes Caldeira atacou os portuguezes
por Itapoan.
Earn Itaparica nos dias 23 de Outubro e 8 de Dezembro tinham-se
ferido sangrentas pugnas, sahindo vencedores João Francisco de
Oliveira Botelho commandante do «Barco D. Pedro I» e o patriota
Francisco Xavier de Barros Galvão.
“A y Q Janeno de 1623, 0S portüguézes que imvesiiam
contra Itaparica, são completamente desbaratados devido á bravura
do major Antonio de Souza Lima, commandante da ilha e de seus
companheiros Oliveira Bottas, Galvão, Correia de Moraes e
outros.
—Em Fevereiró chegam do Rió dé Janeiro a esquadra
commandada pelo almirante Lord Cockrane, depois Marquez do
Maranhão, è o batalhão do Imperador, commandado pelo coronel
José Joaquim de Lima e Silva. Devido a varias desintelligencias o
o coronel Lima e Silva é nomeado chefe do exercito libertador.
T
A 3de Junho de 1823 F. Gomes Caldeira atacou os portuguezes
em Brotas e Rio Vermelho.
Baldo de recursos, resolveu o general Madeira retirar-se com
SGAS tropas. {5 )
Para o seu transporte achavam-se promptas 86 embarcações.
Temendo ser combatido no momento de embarcar, recorreu aos
bons oficios do Barão do Rio Vermelho, junto ao coronel Lima
esSilva, Pp
Nada obtendo, Madeira expediu ordens ás suas tropas que se
reunissem em determinados pontos e ás 4 horas da madrugada
do dia 2 de Julho de 1823, ao signal ajustado de um tiro de peça
do Forte S. Alberto, effectuou-se o embarque nos pontos da
Gambôa, Arsenal de Marinha e Noviciado (S. Joaquim).
A frota de Madeira não sahiu incolume da Bahia: o almirante
Cockrane aprisionou os bergantins Promptidão, Leal- Portu-
gueząā, o navio Pizarro, a fragata Carohna e o navio Conde de
Peniche.
Recebida a noticia do embarque de Madeira, deu entrada na
cidade o Exercito Libertador:
——-No convento da Soledade as religiosas prepararam um arco
triumphal elogo que a esta posição chegou a divisão da direita,
(*) O corneta Luiz Lopes, desobedecendo nesse combate ás ordens do Major
José de Barros Falcão, servindo-se de um clarimi que ùsava, tocou «avançar a
cavallaria a carregar», levando a confusão aos portuguezes, que abandonaram o
campo da acção.
(**) Memorias Historicas—Accioly.
H B
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— li4—
llas abrindo as portàās da sua clausura, sauran a adornar Coin
corôas marciaes os defensõres da Patria. (*)
No Barbalho foi arvorado o pavilhão nacional pelo alferes José
Adrião. l
No largo do Terreiro teve logar a grande parada, a qual se
seguiu a distribuição de policia, occupação dos fortes e corpos da
guarda da guarnição, retirando-se a quarteis, debaixo da maior
ordem, os que folgaram desse serviço.»
A Bahia guarda os despojos de Labatut em um mausoléo
levantado em Pirajá e prestou ao Coronel José Joaquim de Lima e
Silva condigna homenagem collocando seu retrato em um dos
salões do Conselho Municipal da Capital.
BATALHOES PATRIOTICOS
«Periquitos» 800 homens; commandante José Antonio da Silva
Castro:
«Bellona» 400 homens; commandanute Ignacio Joaquim
Pitombo.
«Mavorte» 300 homens; commandante Verissimo Cassiano
dè Souza.
«Voluntarios dos Peċárões ou Encouraçados ou Couraças» orga-
nisado por Frei José Maria Brunier, do convento do Carmo.
«Batalhão Henrique Dias» 1.100 homens; commandante
` Manoel Gonçalves da Silva.
«Batalhão de Santo Amaro» 300 homens; commandante Luiz
Manoel de Oliveira Mendes. l
«Batalhão de Itaparica» 600 homens.
«Batalhão da Villa de S. Francisco» Esquadrão de Cavallaria;
commandante capitão Pedro Ribeiro.
«Batalhão do Imperador» commandante coronel José Joaquim
de Lima e Silva (veio do Rio de Janeiro. )
José Joaquim de Lima e Silva nasceu em 26 de Julho
dE 1737. C9
(*) A campanha da Independencia teve em Maria Quiteria de Jesus Medeiros,
filha de S. José das Itapororócas, uma heroina excelsa.
Assentou praça em um batalhão de artilharia. passando posteriormente para
o batalhão «Voluntarios do Principe», que se passou a denominar «Batalhão dos
Periquitos», pelo facto de as fardas terem golas e canhões de pano verde.
Maria Quiteria adoptava em seu fardamento um saiote escossez, que a diffe-
rençava dos demais soldados. i
Com tanta coragem e bravura empenhou-se em diversos combates, que
D. Pedro I, por decreto de 20 de Agosto de 1823, concedeu-lhe a patentee o
soldo de alferes do exercito e o uso da insignia de cavalleiro da Imperial Ordem
do Cruzeiro, sendo elle proprio quem lhe collocou .ao peito a gloriosa condeco-
ração.
A Bahia levantou, no Parque Duque de Caxias, um sumptuoso monumento
aos Heroes da Independencia.
(**) Vide—Generaes do Exercito Brazileiro pelo Capm. P. Maciel da Siiva
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Spp
Em 15 de Agosto de 1805 foi nomeado alferes-e ténente em
Hode Dezembro de 1806. Por dec. de 17 de Outubro de 1808 foi
promovido a Capitão e distinguido com o habito de S. Bento de
Aviz em Oütüubro-de 18122- For dec; de-17/-de Dezembrorde 1814
foi promovido a sargento-mór-e commandante das forças esta-
donadas to Piauly. Por dec. de 6 de Fevereiro de 1818 foipronmio:
yido a Tenente-Coronel e a Coronel graduado em Junho de 1822
vindo para a Bahia em 18 de Janeiro de 1823, comniandando o
«Batalhão do Imperador», gite entorporcu-ás forças dö Génerdi
Labatut.
Na Bahia tomou parte nos combates de 3 de Maio e 3 de Junho
de 1823, recebendo o commandö geral das tropas -depois da
desintelligencia de Felisberto Gomes Caldeira com Labatut. Em 2
Julho de ”1823 entrou nesta Capital cómimandāänds o (Exercito
Pacificador».
. Em 9 de Maio de 1823 foi confirmado Coronel; em 9 de
Agösto de 1824 graduado Brigadeiro, sendo condecorado com a
medalha de distincção concedida aos bravos do «Exercito Liber-
tador» e- digñatario da Imperial Ordem do Crizėiro. Em 17 de
Outubro de 1829 recebeu a niea da Rosa. Em 24 de Outubro
de 1832 foi nomeado Vogal do Conselho Supremo Militar e em
2 de Janeiro de 1834 Secretario da Guerra.
Foi deputado pelo Piauhy em 1843. Foi promovido a Marechal
de Campo em 12 de Setembro de 18537.
Em 5 de Fevereiro de 1841 foi nomeado Conselheiro de
Estado. Fez parte da commissão encarregada da reorganisação do
Exercito. Em 17 de Jåáneiro de 1852 fot reformado e em Z2 de
Dezembro de 1854 teve o titulo de Visconde de Magé. Falleceu no
Rio de janeiro em 24 de Agosto de 1855.
PRISÃO DO GENERAL LABATUT (*Y EM 1823
Em.21 de Maio de 1823 foi prezo em Pirajá, em um cannavial
do Engenho Cugurungú, o Brigadeiro Pedro Labatut, General
Chefe do Exercito Pacificador, pelo Coronel Felisberto Gomes
Caldeira, em virtude de úma conspiração havida na brigada da
esquerda.
(*) Já baleado e preso, Gomes Caldeira ouvio-se uma voz que gritou: «Um
General não se prende, mata-se».
Seus restos mortaes foram transferidos no dia 25 de Outubro de 1825 para a
-Capella da Igreja do Collegio de Jesus.
ES CNS ea n ea TS ENN T a N o A ae S EN E e T E E E EE E E
Pedro Labatvt entrou para a carreira das Armas em 1789 e servio nos exercitos
de Napoleão I, conquistando o posto de general de Brigada e sendo condecorado .
com a Legião de Honra. Veio para e America do Sul em 1815, onde se bateu pela
independencia das Colonias Hespanholas.
Vindo para o Brazil offereceu ig serviços ao Exercito Brazileiro, e entrou no
posto de Brigadeiro, por Dec. de 3de Julho de 1822. Em 9 do mesmo mez seguio
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
A Er e
z
— 1ll6 —
Preso Lapatut, toi ò Gel José Joaquti de lima e Silva
nomeado Chefe do Exercito Libertador.
Respondendo no Rio de Janeiro, a conselho de guerra, foi
absolvido em 9 de Fevereiro de 1824. Falleceu na Bahia em 1849
sendo sepultado no Convento da Piedade, de onde em 4 de Setembro
de 1853 foram trasladados seus ossos para Pirajá, estando deposi-
tados no Pantheon, ali erguido.
MORTE DO CORONEL FELISBERTO GOMES
CALDEIRA (1824)
Retirando-se para o Rio de Janeiro o Coronel José Joaquim
de Liña e Silva, assumio o Commando das Armas o Coronel
Felisberto Gomes Caldeira,
No- dia 25- de Outubro de 1824-053. e E° patalhoes dë
infanteria e o corpo de artilbaria revoltaram-se. Soldados do 3.’
batalhão, appellidados «Periquitos» cercaraın o quartel general, á
ladeira do Berquó, n. 8&—onde hoje se acha o Gymnasio S. Salvador
—e assassinaram o Coronel Felisberto Gomes Caldeira.
Os soldados revolucionarios queriam a soltura do Major João
Antonio da Silva Castro e que Felisberto se considerasse preso.
Felisberto resistio com bravura, sendo traiçoeiramente morto
por quatro soldados que acompanhavam os alferes Gurgel e
Jacintho.
O batalhão dos «Periquitos» contido com difficuldade pelos
Coroneis Alexandre Gomes de Argollo Ferrão, José Leite Pachėco
e Antonio de Souza Lima, embarcou para Pernambuco em 1°. de
Dezembro de 1824.
O MARQUEZ DE ABRANTES
Dentre os bahianos que mais assignalados serviços prestaram
á causa da. Independencia está o Dr. Miguel Calmon du Pin e
Almeida—Marquez de Abrantes.
para a Bahia, commandando a expedição que vinha combater o General Ignacio
Luiz Madeira de Mello. Devido a desavenças foi preso na Bahia e mandado para
Maragogipe, de onde seguio para o Rio de Janeiro, sendo absolvido por sentença
de 9 de Fevereiro de 1824, confirmada pela de 18 de Março do mesmo anno. Por
dec. de 5 de Fevereiro de 1829 foi demittido do Exercito, sendo reintegrado em
11 de Abril de 1831.
Em 7 de Junho de 1832 foi nomeado commandante das forças pacificadoras
do Ceará, suffocando a revolução que explodio naquella Provincia. Por dec. de 2
de Dezembro 1839 foi graduado no posto de Marechal de Campo.
Em 10 de Janeiro de 1840 foi nomeado commandante das forças da fronteira
da Provincia de S. Paulo para bater os revoltosos. Ęm 6 de Janeiro de 1840 foi
responder a Conselho de guerra. Em 19 de Agosto de 1842 foi transferido para a
3% classe do Exercito; seguindo para a França èm 3 de Abril de 1843. Em 15 `dè
Novembro de 1849 foi promovido a Marechal de Campo effectivo. Em Setembro
de 1848 veio para a Bahia, onde morreu em 24 de Setembro de 1849, sendo
sepultado na Igreja da Piedade. Seus ossos, conforme | seu desejo, foram trasla-
dados em uma urna de marmore para Pirajá, em 4 de Setembro de 1853.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Filho de José Gabriel Calmon e Almeida e D. Maria Germana
de Souza Magalhães, nasceu em Santo Amaro, a 22 de Dezenibro
de 1796 efallecen no Rió dè Janeiro a 5:de'Outubro de 1865.
Formou-se em‘Coimbra e obteve varios titulos, commendas e
insignias.
Escreveu as obras seguintes:
Resposta justificada á declaração franca que fez o general
Labatut de sua conducta, emquanto commandou o exercito paci-
ficador da Provitiċia da Bahía— 1824.
Cartas politicas de Americus, Ensdio sobre o fabrico do
assucar»; mermoria sobre a cultura do tabaco; «memoria» sobre
colonisação; «missão especial» na córte de Berlim, para negociar
um tratado de commercio, estudar a ordenisacão militar. Ean
Lòndres e Paris a missão teve por objecto a politica ambiciosa
do Dictador Rosas relativamente ao Paraguay e ás republicas do
Priman“)
Orřiġém da tüitüra e comércio do annıl € outros de real
vålor.
O: VISCONDE DA PRDRA BRANCA
Domingos Borges de Barros, posteriormente Visconde da
Pedra Branca, filho legitimo do Capitão-mór Francisco Borges de
Barros, e de D. LinizatBoipes, nasceu emi 1- de Outubro de 17830 e
falleceu a 20 de Março de 1855. Era doutor pela Universidade de
Coimbra, ŝėnador, grande do Imperio, diplomata, embaixador,
conselheiro de Estado. Foi á França encarregado de obter o reco-
nhecimento da Independencia do Brazil e mais tarde ajustou o
casamento da princeza D. Amelia de Leucthemberg com D. Pedro I.
Bateu-se pela Independencia, pelo abolicionismo e pela emanci-
pação do sexo feminino.
Escreveu os livros seguintes: «Diccionario francez —portuguez»
— 1812. «O merecimento das mulheres» traducção do francez—
1319. Joesras Onercecidas äs- Senhoras Drazileiras, 1923. O3
Tumulos, poema philosophico 1826. Ode ao Conde dos Arcos.
Memorta sobre a plantação e fabrico do urucú. Memora sobre o
café, sua historia cultura e amanho. Memortas sóbre os muros de
esgotar as tērras inundadas. Vantagens da vida campestre.»
De seu consorcio teve uma filha D. Margarida Portugal de
Barros, Condessa de Pedra Branca e de Barral por haver se casado
com o Conde de Barral de que teve um filho Domïngos Horacio de
Barral. A Condessa de Barral exerceu grande preponderancia no
segundo Imperio, junto á Familia Imperial Brazileira.
(*) Vid. Diccionario Bibliographico de Sacramento Blake.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ao
CYPRIANO JOSÉ BARATA DE ALMEIDA
Era filho legitimo de João Alves Barata de Almeida e nasceu
na Capital da Bahia a 26- de Setembro de- 1762, fallecendo no Rio
Grande do Norte a 1° de Junho de 1838. Formgu-se em medicina
pela Universidade de Coimbra e, tomando parte nos acontecimentos
de seu paiz, bateu-se pela liberdade. Foi preso varias vezes como
conspirador, tendo sido um dos mais tenazes propagandistas da
revolu çao de / de ALl e da Tudependencid Drazlenu.: Foi
condecorado com a dignataria do Cruzeiro e escreveu o seguinte:
«Sentinella da Liberdade», na guarita de Pernanbuco 1823 (o orgão
republicano. )
«Sentinella da Liberdade á beira do mar da Praia Grande—
Nictheroy—1823.
(Nova Sentinella da Liberdade» na guarita do Forte d eS.Pedro
da Bahia—1831.
«Manifesto a Bahia»——1823.—Motivo de minha prisão e des-
graças. Pernambuco e Rio de Janeiro—1823. «Dissertação abreviada
sobre a Presiganga. «(Defeza»—1825——«1Allegação» em defeza 1830.
Requerimento á Camara dos Deputados—15 de Junho de 1827.
«Manifesto» sobre a sua prisão na Bahia e remessa para a
Côrte—I83T.
FRANCISCO GË ACAIABA DE MONTESUMA
( VISCONDE DE JEQUITINHONHA )
Nasceu em 23 de Março de 1794, na cidade do Salvador. Até á
data da Independencia chamou-se Francisco Gomes Brandão
Montezuma e falleceu no Rio de Janeiro a 15 de Fevereiro de 1870.
Era bacharel pela Universidade de Coimbra.
Foi senador, Conselheiro do Imperio, Conselheiro de Estado,
dignatario da ordem da Rosa, condecorado com a medalha da
Independencia, fundador e presidente honorario do Instituto da
Ordem dos Advogados Brazileiros.
Fez parte da Camara Municipal que negou a posse do commando
das Armas ao general Madeira. De Cachoeira foi a Ilhéos e dahi, em
uma lancha, foi ao Rio de Janeiro em commissão da Junta do
Governo. Após a Indepencencia foi condecorado com a dignataria
do Cruzeiro, sendo admittido como Grão-mestre da ordem maçonica
dos Cavalleiros da Santa Cruz, de que era Chefe D. Pedro I.
Foi ministro de extrangeiros no gabinete de 16 de Maio de
1837, o ultimo da Regencia Feijó. Escreveu:
«Diario Constitucional»—Bahia—1821——1822.
«O Independente Constitucional»—Cachoeira—1823.
«Memoria politica e historica» da revolução da Bahia, princi-
piada a 25 de Junho de 1822.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 9 —
«Itinerario» da decretação do Conselho interino 1822.
(Analyse Go Decreto de 1, de Dezempro- de 1822 sobre a
creação da Nova ordem do Cruzeiro.
CA opposição» de 1891 €e 1832 iustihcada ou os crimes da
administração actual, por um brazileiro amante de sua patria 1832.
tA liberdade das repūbliċcas». 1834.
«Comparação» entreas monarchias e as republicas. 1834.
«Reflexões» sobre as finanças do Brazil, operações de creditos
do Thesouro e o emprestimo contractado em Londres. 1865.
Protesto do Senador V. de Jequitinhonha contra a intervenção
dos Alliados no sitio e rendição de Uryguayana.—1865.»
FRANCISCO AGOSTINHO GOMES
Filho legitimo de Agostinho Gomes, fidalgo da Casa Real, e de
D. Izabel Maria Maciel Teixeira, ñasceu nå Bahia a de Julho dé
169 è lillecen d 19 de Fevereiro de 1842.
Foi deputado ás Côrtes Portuguezas, bateu-se pèla liberdade
patria, concorreu para a fundação da Bibliotheca Publica. Abando-
nando os estudos ecclesiasticos, dedicou-se ao estudo das sciencias
naturaes, economia politica e litteratura. Foi deputado varias vezes
ë senador ém 1826.
Escreveu as obras seguintes: «Escudo da Liberdade» —1822—
«Memoria apologetica» sobre o Tratado de commercio entre o Brazil
ePortugal 1937:
1841.
«Dissertação» sobre a origem e estado da lingua portugueza—
«Lei natural» ou principios physicos de moral, deduzidos da
organisação do homem e do Universo, por C. T. Volney--traduzidos.
por um bahiano— 1835.
«Philosophia Moral» de Dugald Stewart—traducção.
NODS
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
MOVIMENTOS SEDICIOSOS
A SABINADA
Bento Gonçalves da Silva
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
BEEE
PNEPNAP APN APRANN EANAN PNN g Par er ar
ASSASSINATO DO MARECHAL JOSÉ EGYDIO GORDILKO VELLOSO DE BARBUD
(1.° VISCONDE DE CAMAMU)
Nasceu em 1°de Agosto de 1787 na Villa de Chamusca.
Acompanhou seu pae á Iha da Madeira-e com- 12 annos
assentou praça de cadete no corpo de artilharia e sendo promovido
age ienente cmibarcou para O Brazil. A 6 de Julbo de 1810.191
promovido a Tenente da «Legião de Caçadores», da ponm =
ajudante de ordens do governo ‘da mesma Capitania.
Pori de oemDro de LSI foi promovido a Capitão, conti-
nuando como ajudante de ordens do Conde dos Arcos. Por dec. de
24 de Jwho de ig13 Tor promovido. a sargento-mör. Em 1817
acompanhou o Marechal de Campo Joaquim de Mello Leite Cogo-
minho de Lacerda, que foi subjugar os revolucionarios pernam-
bucanos. Em 26 de Outubro de 1817 foi promovido a Tenente-
Coronel e em 5 de Maio de 21 foi promovido a Coronel de artilharia.
Em 12 de Outubro de 1824 for elevado a Brigadeiro. Em 29 de
Agosto de 1827 foi nomeado Presidente da Provincia da Bahia e em
12'de Outubro do mesmo anno promovido a Marechal de Campo.
Em 1828 recebeuo titulo de Visconde de Camamú.
A 28 de Peévyereirto de 1830 fot assasinadg, quando se apeiava
do seu carro no Largo do Theatro.
Homem austero e cumpridor de deveres, reagio contra innu-
meros abusos que se deram na Provincia, punindo com mão de ferro
os moedeiros falsos e os que intentavam «implantar sedições nas
classes populares». «O assassino evadio-se e o facto ficou para sempre
occulto em mysterioso véo.»
LEVANTE DE 1831
Em 4 de Abril de 1831 parte da tropa de linha sublevou-se na
fortaleza do Barbalho, pedindo a deposição do Marechal João
Chrysostomo Callado, Commandante das Armas da Provincia.
E consequente á abdicação de D. Pedro I, déram-se na Bahia
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
varios factos luctuosos. A morte de Victor Pinto deCastro, brazileiro,
occasionada no Bairro Commercial, deu logar a innumeras repre-
salias contra os portuguezes, e certamente, seriam peiores os
resultados se não houvesse a intervenção do Visconde de Pirajá,
commandante das Armas e do Dr. Cypriano José Barata de
Almeida.
MOVIMENTO SEDICIOSO DE 33 C)
No dia 27 de Abril de 1833 100 presos de Justiça, encarcerados
no Forte do Mar, revoltaram-se, hasteändo no
mesmo Forte uma bandeira chamada «Fede-
ração», formada de uma lista branca e duas
azues.
Na vespera prenderam o Commandante
da Fortaleza. Em seguida bombarderam a
cidade.
Em tefra,- no-adro da "Sé, foram cöllo-
cadas cinco peças que auxiliadas por tres do
Arsenal de Marinha e pelas da «Corveta Rėège- fi
neração» obrigaram os revoltosos á rendição
No dia 29 do mez citado foram todos recolhidos Diogo Antonio Feijó
á náu «Presiganga».
INSURREIÇÃO DE AFRICANOS (1835)
Era a noite de 24 de Janeiro de 1835 insurgiram-se os Africanos
e, em meio de gritos atacaram a Policia, estacionada no «Largo do
Theatro», eos Quarteis da Mouraria, de S. Pedro, a guarda do
Collegio e o Quartel de Cavallaria de Agua de Meninos.
Repellidos com energia pela Presidencia da Provincia sendo
Presidente o Dr. Francisco de Souza Martins, fugiram uns, sendo
outros duramente castigados.
Os Africanos communicavam-se por meio de escriptos, de uma
graphia interessante—V. Arch. Publico.:
(*) REGENCIAS—Com a retirada de D. Pedro I, D. Pedro II ficou entregue
aos cuidados de uma regencia interina de que faziam pa:te Francisco de Lima a
Silva, o Marquez de Caravellas e o Senador Campos Vergueiro.
Em 17 de Junho de 1831 foi eleita a Regencia Trina Permanente constituida
do Brigadeiro Francisco de Lima e Siiva, o Marquez de Monte Alegre e João
Braulio Muniz. A 7 de Abril de 1835 o Padre Diògo Antònio Feijó foi eleito 19
Regente. O 2° Regente foi Pedro de Araujo Lima, pòsteriormente Marquez de
Olinda. que exereeu-a até 1840, quando D. Pedro II foi declarado maior.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 125—
A SABINADA
A Sabinada rompeu em 7 de Novembro de 1837. Foram chefes.
do movimento o Dr. Sabino Alvares da Rocha Vieira, João Carneiro
da Silva Rego e Sergio Velloso. O seu objectivo era a separação da
Provincia do resto do Imperio até a maioridade de D. Pedro II.
Os partidarios da Sabinada 'chamavam-se raposas, que déram
aos legaes o appellido de perús. O Presidente da Provincia
Francisco de Souza Paraiso e o Commandante das Armas Tenente-
Coronel Luiz da França Pinto Garcez refugiaram-se a bordo da náu
«Tres de Maio».
O Dr. Honorato José de Barros Paim, assumindo o governo,
como 2° Vice—Presidente, e organisoua resistencia, auxiliado pelo
Tenente Coronel Alexandre Gomes de Argollo Ferrão, depois
Barão da Cajahyba.
Sitiada a Cidade pėlas tropas que viéram de Pernambuco,
commandadas pelos Generaes João Chrysostomo Callado e José
Joaquim Coelho, após os combates de 15 e 16 de Março de 1838,
foram presos Sabino Vieira e seus companheiros, sendo o primeiro
deportado para Goyaz e posteriormente para S. Luiz de Caceres em
Matto Grosso, onde morreu. ;
Əs demais insurrectos foram recolhidos á náo «Presiganga».
Sabino Vieira prestou relevantes serviços á causa da Indepen-
dencia, tomando parte nos encontros que se déram em Itaparica em
7 de Janeiro de 1823.
Era um varão de notavel saber e sua bibliotheca foi aniquilada
no sertão da Bahia, onde ficou aguardando a terminação da secca
para ser conduzida ao local do desterro de seu proprietario.
—ỌO deputado bahiano Dr. Cosme Moreira apresentou á
Assembléa Constituinte um projecto que se consubstanciou em lei,
considerando feriado o dia 7 de Novembro, em homenagem ás
memorias dos revolucionarios de 1837. ;
ACTA ASSIGNADA EM SESSÃO EXTRAORDINARIADA CAMARA
MUNICIPAL POR 105 CIDADÃOS
&¢A tropa, Povo Bahiano, Guardas Nacionaes e Policiaes; tendo
«bastante em vista as necessidades publicas, as bem conhecidas más
Gntenções do Governo Central, que todas as vezes procura enfra-
«quecer as provincias do Brazil e tratal-as como colonias, com
«notavel menoscabo de sua dignidade e categoria, deliberaram
adoptar as bases da separação da Provincia.»
No primeiro artigo (são sete ao todo ) lê-se:
«A Provincia da Bahia fica inteira e perfeitamente desligada do
«Governo denominado—Central do Rjo de Janeiro—e considerada
«Estado livre e independente pela maneira por que fôr confeccionado
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ca AG
«o Pacto Fundamental, que organisar a Assembléa Constituinte, que
«deverá ser desde já convocada, precedida da eleição de Eleitores da
«Capital e ao mesmo tempo proceder-se-há por toda a Provincia á
«eleição de Eleitores que elegerão a nova Assembléa para desen-
«volver as bases apresentados pela primeira. O numero de deputados
«será de 36, conforme a declaração feita.»
Nova reunido da Camara Municipal teve jogar 1o. dia? 113
convocada pelo ` Vice-Presidente do Estado Livre e independente
pata attender a umma representação, assignada pela. maioria- dos
cidadãos, que assistiram á sessão do dia 7, pedindo, para conside-
rar-se a independencia da. Provincia atéa maioridade do Imperador
G oen Nor D. Fedro La
GENERAL JOÃO CHRYSOSTOMO CALLADO
Nasceu na Cidade de Elvas ( Portugal) em 24 de Março de 1780
e assentou praça de cadete no 20 regimento de infantaria em 26 de
Matco de i795:
Combateu contra os hespanhóes em 1801. Em 5 de Janeiro de
1805 foi promovido`a Tenente e sob as ordens do General Antonio
d'acrecombateu os Francezest Por dec. del2de Dezesibro de 1810
foi promovido a Capitãoe graduado em sargento-mór em 5 de
Março de 1811;
Obteve a «Cruz das Campanhas da Peninsula» por ter luctado
durante o periodo de 1808 a 1814: Em:22 de Junho- deisis foi
promovido a tenente-coronel.
Fez a companha do sul sob as ordens de Lecór.
Em Junho de 1816 foi nomeado Cavalleiro da Ordem Militar
de S. Bento de Aviz; promovido a Coronel em 24de Junho de 1820,
recebendo em 30 de Janeiro de 1821 «o gráo de Cavalleiro da ordem
da Tone e Espadas,- Való Lealdade e Merito Lucton em
Montividéo contra o General D. Alvaro da Costa.
Foi promovido a Brigadeiro graduado em 12 de Novembro de
1822, obteve a medalha das Campanhas do sul em 21 de Janairo dé
1823 e o officialato da Ordem Imperial do Cruzeiro. A 12 de Outubro
de 1828 foi- graduado no posto de Marechal de Campo. Em 2 de
AD Qe-1los 0 foi nomeado Commandante das Armas da „Bahia,
deixando-o em 23 do mesmo mez, «por ordem do Presidente da
Prona Ians Lano de Araujo Bästos, no-intitito-de -evitat o
derramamento de sangue, á vista das- energicas medidas que
pretendia Callado pôr em pratica, com o fim de supplantar a sedição
e a revolta que pela tropa e o povo se haviam manifestado, com pro-
funda perturbação da ordem e disciplina.» Preso no Rio de Janeiro,
respondeu a Conselho de guerra, sendo absolvido. Por dec. de 12 de
Sere BrO de. 199/- lOl confirmado no posto de Marechal de Campo
e por outro de 28 de Janeiro de 1838 foi Commandante das Armas
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
wA
pna a ae -—
i ad
da Bahia, «sendo então incumbido de formar um exercito em força e
disciplina para oppor-se aos revoltosos, que dominavam a Provincia
desde 7 de Novembro de 1837. Dirigio em pessoa ãs operacões, que
duraram dias, conseguindo debellar a revolta nas memoraveis bata-
lbásde Ts ë16deè Matcóde T8338, restitüindo a påz 4-Provinčia.»
Foi Tenente-General em 20 de Agostode 1838; conselheirode
Estadó ëm 18- de Julhö -de 1841, reformando-se em 19 de Julho
de 1849.
Falleceu tio Ri de Janeiro ém 1° de Abril de 1857-
BENTO GONÇALVES DA SILVA=1837
Bento Gonçalves-da- Silva; (*) um dos-chefes da: guerra-dos
řarapos, vindo preso do Rio-Grande do Sul, para o Rio de
Janeiro, dahi passou para a Bahia no brigue Constança € Ior fEcG:
lhido ao Forté de S. Marcello. «Tendo (**) obtido licença para
tomar banhos de mar foi por alguns dias á corôa que circumda a
fortaleza nas marés vasias e no dia 10 de Setembro de 1837 ali
chegando pelas 10 horas da manhã disse ao soldado que lhe fazia
sentinella que tomasse conta da roupa que havia tirado, accrescen-
tando que havia uma onça do ouro no bolso do collete. Mergulhou
em seguida e nadou com toda a força para uma canôa que ali
proximo se achava e que o recebeu.
Apenas Bento Gonçalves havia entrado na canôa,foi ella impel-
lida com vellocidade por oito remeiros nella postados e abrindo logo
as vélas partiu com immensa velocidade para a ponta do Manguinho.
Na canôa havia roupa para o chefe revolucionario, um espelho
e uma thešsoura com aqual cortou a barba que havia de caso
pensado deixado crescer desde que fôra preso.
Do Manguiuho passou para esta cidade, desencontrando todos
os esforcos das autoridades que o procuravam nos arredores e daqui
fugiu disfarçado no patacho Æstżrella do „Sul, graças ao auxilio do
dono deste navio Antonio Gonçalves Pereira Duarte, ex-consul da
cidade livre de Hamburgo.
O patacho levou-o para o Desterro,Capital de Santa Catharina,
donde elle ganhou o Rio-Grande do Sul, vindo occupar o logar de
presidente da republica de Piratinim e tomar o commando das
forças revolucionarias.
A Tuğä de Bento Gonçalves é um facto extraordinario e quasi
romanesco, mas é preciso levar em conta que as ordens do Governo
não foram bem cumpridas.
Bento : Gançalves correspondia-se. para a- terra, andava na
fortaleza sem vigilancia, tanto que poude quebrar o porta-voz
Em Os revolucionarios proclamaram a republica de «Piratin m».
(*) Vide—Braz do Amaral— Revolução dos «Farrapos». Annaes do Archivo
Pablicó—=II vol. 1917.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
o
E
— 125—
pelo qual se falava dali para o brigue Vinte e nove de Agosto
que estava ancorado perto do forte, razão pela qual não se poude
comprehender do citado navio o que gritavam da fortaleza indi-
cando a fuga.
Foi por isto que ainda veiu do brigue um escaler ao forte
saber o que havia e somente depois disso foi que seguiu uma
embarcação em seguimento á canôa, aqual não foi mais alcançada.
E cousa mais estranhavel ainda!
A fortaleza não atirou sobre a canôa porque a polvora estava
molhada pelo proprio Bento Gonçalves, o que tudo prova as
transgressões, facilidades que havia em favor da fuga e contra
disposições tomadas pelas autoridades superiores.»
A campanha dos Faz7apos, nome dado pelos legalistas para
exprimir a miseria dos revolucionarios, principiou em 1837 e
terminou em Fevereiro de 1845, sendo subjugada pelo marechal
Limā e Silva, depois Duque de Caxias.
MOFIM POPULAR
(28 DE FEVEREIRO- F 1. DE MARÇO DE 1858)
Em 28 de Fevereiro de 1858 o povo invadio o Recolhimento
da Santa Caza de Misericordia, no momento em que as recolhidas
bradavam soccorro pelo facto de terem sido entregues á direcção
das Irmãs de Caridade, algumas das quaes foram aggredidas,
logrando salvamento devido á acção de algumas pessoas de
importancia.
O povo amotinado dirigio-se para a Casa da Providencia,
cujas portas foram arrombadas e expulsas as Irmäs, passando em
seguida a atacar o Collegio S. Vicente de Paula, em cujo local se
enfraqueceu sua acção deante da força de Cavallaria alli postada.
De S. Vicente de Paula dirigiram-se os amotinados para a
Praça do Conselho, onde invadiram a Camara Municipal e
quebraram, a pedradas, as vidraças do Palacio do Governo.
Uma força de linha deu uma carga na Praça evacuando-a por
completo ás 7 horas da noite.
Entretanto, na manhãde 1.° de Março, o povo começou a
reunir-se na Praça, no intuito de peħetrar na Camara Municipal
para assistir á nova apuração das actas da eleição de um senador.
Invadiram os mais desabusados a sala dos trabalhos dos
vereadores, seguindo-se a multidão, com gritos e assuadas, sendo
após repellida por uma força militar.
—Deixando a Casa da Camara, a multidão estacioñoù na
Praça clamando contra a crise alimenticia, «proveniente da carestia
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
e monopolio dos generos de primeira necessidade», pedindo «carne
sem osso e farinha sem caroço».
Não attendendo a multidão a promessa alguma do governo,
«o Presidente da Provincia mandou dispersal-a «a panno de espada
e a patas de cavallo pelo Commandante do Esquadrão de Cavallaria
com um piquete de 30 soldados, de espada em punho», que perseguio
tenazmente os amotinadores, os quaes tiveram de fugir, ficando
muitos feridos e contusos, inclusive alguns cidadãos que por
curiosidade alli permaneceram. Foi um facto horroroso, mas que
surtio effeito, porquė ficou o re sto do dia e da noite em socego a
3 cidade». S
= (*) O motim popular citado tambem teve o nome de—.Sedição dos chinellos
ou ainda das pedras. (Vide Dr. Braz do Amaral—Motimda Carne sem osso e
Jarinha sem caroço, ou sedição dos chinellos, ou ainda das pedras—Rev. do Insti-
tuto Geographico e Historico n. 43. 1918. š rE
HB 17
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
R S
m a
~ BE $: iais D ifa
AES C
k ias ada
a
H
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
D. PEDRO II E D. IZABEL
A Questão Christie—O Caso do Florida
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
manaoga raenoaunaaceotiE
ATE
VIAGEM De D..PEDRO IA BAHIA
CiSIT}
Em 1859 D. Pedro II, Imperador do Brazil, emprehendeu uma
viagem á Bahia, chegando a esta Capital no dia 6 de Outubro,
acompanhado da Imperatriz D. Thereza Christina Maria.
No Largo do Theatro, S. Magestade «que
trajava o grande uniforme de Generalissimo,
recebeu as chaves da cidade, seguindo para a
Cathedral, onde se effectuou pomposo «Te-
Deum». Após esta ceremonia, S. Magestade
recolheu-se ao Palacio da Presidencia, transfor-
mado em Paço Imperial,cuja guarda dè honra
era feita por Veteranos da Independencia.»
D. Pero IH
Em seguida S. Magestade visitou o tumulo
de Labatut em Pirajá e partio para a Cä-
choeira de Paulo Affonso, e de volta visitou as cidades de Cachoeira;
Itaparica, Nazareth, Jaquaripe, Santo Amaro, e Villa de S Fran-
cisco, S. Gonçalo dos Campos, S. Felix e Feira de Sant'Anna,
sendo em todas ellas recebido com a maior pompa.
Em Santo Amaro, S. Magestade inaugurou a Escola Agricola
de §. Bento dos Lages, examinou varias estradas e assistioá
«botada» do engenho Colonia. ;
Nas citadas cidades S. Magestade distribuio varios titulos
nobiliarchicos.
E TEE E
D. Pedro II nasceu a 2 de Dezembro de 1825. Foi acceito pelo
voto popular em 7 de Abril de 1831, declarado maior em 23 de Julho
de 1840, sendo sagrado a 18 de Julho de 1841. Governou o Brazil
até o dia 15 de Novembro de 1889, quando foi desterrado para a
Europa, partindo a bordo do vapor «Alagôas», comboiado pela
' encouraçado Riachuélo.
—Casou-se em 4 de Setembro de 1843 com D. Thereza
Christina Maria.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
E
O monarcha brazileiro construio as primeiras estradas de ferro,
organisou o exercito e a armada, creou varias instituições scienti-
ficas e litterarias, fomentou a agricultura, guarneceu as costas,
estabeleceu a immigração, abolio o trafico de escravos, sanccionou
a lei de 28 de Setembro de 1871, que declarou não nascerem mais
escravos no Brazil, inaugurou os telegraphos terrestre e submarino,
creou escolas agricolas, iniciou a delmitação das fronteiras do
Brazil, sanccionou o acto da Princeza Isabel abolindo a escravidão
em 13 de Maio de 1888., sustentou a campanha contra o Paraguay
č venceu Lopez.
Em Uruguayana esteve á frente do exercito que fez Estigar-
ribia render-se ás armas brazileiras.
Animou as artes liberaes, fundou obser vatorios e mesmo longe,
no exilio, prestes a morrer, pedio que sua cabeça descançasse em
terras-đo Brazil.
Falleceu em Paris em 1891.
Está `septültado, benr cofo a Inipetattiz,- ño Cemitério de S.
Vicente dë Fora emi Lisbôa.
Phrases memoraveis de D. Pedro: a proposito da questão
Christie: i
= qå onde succumbir a honra e a soberania da Nação, eu
süccumbirei com ellas.»
A proposito da terminação da questão Christie e em agrade-
cimento á Camara Municipal da Côrte:
«Já o disse, mas tenho prazer em repetil-o: a Nação Brazileira
não póde contrahir divida com o seu Imperador. Nas horas das
provações contem os Brazileiros sempre commigo, e, depois, desejo,
como recompensa, achar-me no meio delles, para, formando todos
nós uma só familia, trocarmos nossas expansões de affectuoso
jubilo».
D. Pedro II partio para Uruguayana em 10 de Julho de 1865
e antes de seguir proferio esta phrase:
«Parto. Levo na minha Pessôa a garantia do triumpho.»
D.: Pedro II casou-se em 4 de Setembro de 1843 com a Sra. D.
Thereza Christina Maria, Irmã d’El-Rey de Napoles, a qual
embarcou para o Brazil na «Fragata Constituição», comboiada por
duas Corvetas brazileiras.
D. Thereza Christina Maria, Imperatriz do Brazil, appellidada
mãe dos Brazileiros, era filha de Francisco I, rei das Duas Sicilias-
eènasceu a-14-de Margo de 1822.
Após o desterro, falleceu na cidade do Porto a 28 de Dezembro
de 1889, sendo sepultada no Pantheon dos Braganças, em S.
Vicstede Fóra:
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 135 —
D. IZABEL CHRISTINA {A REDEMPTORA)J
Nasceu tio Rio de Janeiro a 29 de Julho de 1846.
A 15 de Outubro de 1864 casou-se com Luiz Philipe Gastão de
Orleáns, conde d'Eu, tendo os filhos segmintes: D. Pedro de
Aicañntara, Luiz Philipe, ex-Principe (1878) e D. Antonio Gastão
Francisco Luiz (1881).
Em 28 de Setembro de 1871, estando na Regencia do Imperio,
pôr estár na Europa D. Pedro II, sanccionot a lei que déclarava
livres os filhos de mulheres escravas, promulgada pelo Visconde do
Rio Branco.
Regeu o Imperio pela segunda vez eni 1875 e eni 1888, no dia
13 de Maio, promulgou a lei que extinguia a escravidão no Brazil.
A 17 de Novembro de 1889 acompanhou ao exilio seu Augusto
Fae. e
Vive em Paris com o esposo, filhos e netos, muito se interes-
sando pelas cousas do Brazil.
—E’ das mais significativas a carta que, a proposito da decla-
ração da guerra por parte do Brazil á Allemanha, escreveu ao Cons.
João AĦredo Correia de Oliveira, que enri 1888, referêndou o
decreto da liberdade dos escravos.
Nesta carta. D. Izabel reaffrma o seu grande amor á tèrra de
seu berço, tornando-se ainda uma vez credora da admiração dos
Brazileiros.
A QUESTÃO CHRISTIE EM 1862
SUA REPERCUSSÃO NA BAHIA
A questão Christie originou-se do naufragio da barca ingleza
«Prince of Wales» nas costas dò Rio Grande do Sul e da prisão de-
tres officiaes inglezes que pretenderam atacar uma estação policial.
Por semelhante facto o ministro inglez William Dougal Christie
dirigio ao Governo varias reclamações eivadas de descortezias.
O Marquez de Abrantes ( Miguel Calmon du Pin e Almeida—
bahiano-) então ministro das Relações Exteriores, discutio com
proficiencia e altivez o assumpto, dando ao ministro inglez todas
as explicações cabiveis no caso.
Christie não se conformou com as providencias do Governo e
pedio um novo inquerito em presença de um official da marinha
ingleza.
Ainda uma vez a resposta do Marquez de Abrantes, recusando
o alvitre, que importava em uma affronta ao Governo Brazileiro,
foi vasada em termos delicados, mas energicos.
A opinião publica, no Rio de Janeiro e nas Provincias, agitou-
se com patriotismo, collocando-se ao lado do Governo e auxiliando-o..
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
pO
Formaram-se em todo o paiz «comités de defeza» e na Bahia
virou a alma popular.
As fortalezas foram restauradas, o arsenal imperial trabalhava
dia a noite em aprestos bellicos, as municipalidades abriram
subscripções para obtenção de donativos, organisando para esse fim
livros especiaes, dos quaes, como reliquia preciosa, ainda existe um
exemplar no Archivo Publico do Estado.
As reservas militares fzéram-se com rapidez e enthusiasmo,
como um exemplo frisante do patriotismo do povo bahiano.
—Semelhante questão, a que se Junta a da fragata «Forte,
terminou pelo pagamento de 3.200 libras e a da fragata Forte, pelo
arbitramento submettido ao Rei da Belgica, que proclamou em seu
ļaudo a razão do Brazil.
O CASO DO FLORIDA (7 DE OUTUBRO DE 1864 )
Pela madrugada de 7 de Outubro de 1864 deu-se um facto
grave no interior da Bahia de Todos os Santos.
O navio de guerra da União Norte Americana, «Wassuchets»,
ancorado neste porto, abordou na madrugada de 7 o navio
confederado «Florida,» que dois dias antes havia chegado a esta
Bahia. Após uma lucta corpo a corpo e desigual, porquanto era
diminuta a guarnição do «Florida,» accrescendo a circumstancia de
muitos officiaes se acharem em terra, o Wassuchets, em desrespeito
á nossa bandeira e «com menospreço dos deveres que nossa neutrali-
dade lhe impunha», levou o citado navio barra fóra, incendiando-o.
—O povo amotinou-se nas ruas e praças a proposito de tal facto
e atacou o consulado americano, destruindo a taboleta. /
O Governo Imperial, como lhe cumpria fazer, protestou contra
semelhante facto attentatorio de sua soberania e o governo
americano mandou dar uma satisfação á offensa feita ao Brazil.
Assim é que a 23 de Julho de 1866 o navio de guerra «Nipsic» içou
«ao meio dia o pavilhão brazileiro no tope do mastro grande e
èë saáùdòuü-o com 21 tiros de peça, retribuindo-lhe a. corveta
«D. Januaria», navio chefe surto no porto. Na côrte do Rio de
Janejro foi dada igual satisfação com as mesmas formalidades.»
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
PRESIDENTES E GOVERNADORES
G88241916)
CEMITERADA—1834
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Kele ke efe ote ke oke ke ke she efe fe oke efe afe e ote efe ehe afe efe oke efe efe ote J
AOLO LOLO LOTOLOTO LOES TOLO CEOE ER EELO LOLOTO TOOL OLOTO LOEO L d
Hai i ai iia i sia a apo i ai o ie a ai o o o a ia a a e ijIE
PRESIDENTES
1° Dr. Erancisco Vicente Viania, depois Barao do Rio-de
Contas, tomou posse a 19 de Janeiro de 1824 e governou até 4de
Julho de 1825.
2: Consélhėiro João Severiano Maciel da Costa, depois
Visconde e Marquez de Queluz, tomou possea 4 de Julho de 1825
e governou até 7 de Julho de 1826.
Nesta data e até vir-lhe successor, governou interinamente o
Vice-presidènte Manuel Ignacio da Cunha Menezes, depois
Visconde do Rio de Vermelho.
3S Dr: Nuno Engenio de Locio Seilbitz tomou posse a 17-de
Março de 1827 e governou apenas os dias que decorreram até 20 do
sèguinté mez dë Abril
Substituiu-o no governo o Vice-presidente Manuel Ignacio da
Cunha Menezes até vir o novo presidente.
4.° José Egydio Gordilho de Barbuda, Visconde de Camamú,
que tomou posse a 11 de Outubro de 1827 e foi assassinado na noite
"dede de reyereiro de- [830
Governou interinamente o conselheiro do governo José Gon-
salves Cezimbra até tomar posse, o
5° Lz Paio de Araujo Basto, Visconde dos Fiacs, giie
assumiu o governo a 13 de Abril de 1830 e deixou a administração
A15 de Abril Gé TEIT.
TRM
Desse dia até 15 de Maio de 1831 governou como Vice-
presidente o conselheiro do governo João Gonsalves Ce zimbra.
Seguiu-se-lhħhe nesta ultima data, na mesma qualidade, o
sêgüinte conselheiro do governo Luiz dos Santos Lima, que
governou até 21 de Junho do mesmo anno, did èm que tomott
posse, o
6.° Conselheiro Honorato José de Barros Paim, que governou
até 4 de Junho de 1332.
7.° Conselheiro Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos, depois
Visconde de Monserrate, tomou posse a 4de Junho de 1832, €
governou até 10 de Dezembro de 1834.
8.° Dr. Francisco de Sousa Martins, depois Barão de Parahiba,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 140 —
tomou posse a 10 de Dezembro de 1834 e governou até 18 de Abril
de T909:
Eımquánto não veio-lhe successor, governou, desta data a 26 de
Septembro do mesmo anno, o Desembargador Vice-presidente
Manoel Antonio Galvão. Nesta ultima dataassumiu a administração,
tambem como Vice-presidente, o Desembargador Joaquim Marcel-
lno de Britto, que governou até 26 de Março de 1836.
9° Senador: Frañcisco de Souza Paraiso, tomou possë a 26 de
Marco de 1836 e governon até- -a revolução då- Sabinada de / de
Novembro de 183/, epocha eni que -$e retirou para o brige de
puerra (Tres de Maios, € depois para Santo Amaro, Ondé a-13 de
Novembro, passou a administração ao Vice-presidente Honorato
Joséde Barros Paim, que, a 19 do mesmo mez e anno, entregou-a em
Cachoeira ao recem-chegado novo presidente nomeado pelo Governo
Imperial.
10. Conselheiro Antonio -Férreira Batretto Pedros; ©-qual
governou a provincia no Reconcavo durante a revolução, e, depois
della, (16 de Março de 1338) na capital até 10 de A Bril do-mesmo
anno de 1838, retirando-se nesta data para tomar- assento na
Assembléa Geral e passando então o governo ao Vice-presidente
Alexandre Gomes de Argollo Ferrão, depois Barão de Cajahiba,
qüe a 28 do mesmo mez e anno passou a administração ao novo
presidente.
Il Coaselbeno Thomaz Xavier Garcia de- Ahmeda; que
góvernoü desse dia até 15 de Outubro de 1840.
12. Vereador Paulo José de Mello de Azevedo e Britto tomou
possea 15 de Outubro de 1840 e governou até 26 de Junho de-1841.
13. Conselheiro Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos tomou
posse a 26 de Junho de 1841 e governou até 13 de Agosto de 1844.
şmquanto não Ihe veio successor, governou desta ultima data
a 25 de Novembro do mesmo anno de 1844, o Vice-presidente
Desembargador Manuel Messias de Leão.
14. Tenente—General Francisco José Azevedo Soares de
Andréa, depois Barão de Caçapava, tomou posse a 22 de Novembro
de 1844 e governou até 4 de Agosto de 1846.
Nesta ultima data assumiu a administração, na qualidade de
Vice-presidente, o Dezembargador Manuel Messias de Leão para
entregal-a ao novo presidente.
15. Conselheiro Antonio Ignacio de Azevedo, que tomou posse
a 27 de Agosto de de 1846 e governou até 21 de Setembro de 1847.
16. Desembargador João José de Moura Magalhães tömou
posse a 21 de Setembro de 1845 e governou até 14 de Abril de 1848.
Emquanto não vinha novo Presidente, governou, como Vice-
presidente, o Desembargador Manuel Messias de Leão.
17. Conselheiro Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos tomou
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ei
Eai
— l4 —
posse a 26 de Maio dé 1848 e governou desta vez só até 11 də
Septembro do mesmo anno.
18. Conselheiro Joäó Duarte Lisbôd Serra tomou possé ail
de Setembro de 1848 e governoü apenas até 12 de- Outubro de
1848.
19. Conselheiro Francisco Gonsalves Martins, depois Barão e
Visčonde dë S. Lourenço, tomoü pösse a 12 de:Outubró de 1848 e
governou até 3 de Maio de 1852 com as seguintes interrupções:
a; de 26 de Março a 4 de Abril de 1850 governou o Vice-
presidente Dr. Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima, reassumindo
Martins a administração a 4 de Abril e conservando-a até 20 do
mesmo anno.
b) đe 20 de Abril de 1850 dté-24 de. Setembro do mesmó
anno governou, como Vice-presidente, o citado Dr. Alvaro Tibe-
r0 dé Moncorvo e Lima.
A 24 de Setembro de 1850 reassumiu Martins a administração,
e consèryou-a até 3 de Maio de 1851.
c) de 3 de Maio de 1851 até 2% de Setembro do mesmo anno;
tornou a governar, como Vice-presidente, o mesmo Dr. Alvaro
Tiberio de Moncorvo e Lima.
A 23 de Setembro de 1851 reassumiu Martins a- administração
€ conservou-a até 3 de Maio de 1852.
d) de 3 de Maio de 1852 até 20 de Setembro do mesmo anno
tornou a governar o dito Vice-presidente Dr. Alvaro Tiberio de
Moncorvo e Lima.
20. Dr. João Mauricio Wanderley, depois Barão de Cotegipe:
tomou posse no dito dia 20 de Setembro de 1852, e, egualmente
com as interrupções abaixo indicadas, governou a provincia até 1.°
de Maio de 1855:
a)de 18 de Maio de 1853 até o 1.° de Outubro do mesmo anno,
governou, na qualidade de Vice-presidente, o já mencionado Dr.
Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima.
No dia 1.° de Outubro de 1853 reassumiu Wanderley a admi-
nistração e conservou-a até o 1.° de Junho de 1854.
b) De-1.° de Junho de 1854 a 19 de Setembro domesmo anno
tornou a governar o mesmo Dr. Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima.
A 19 de Setembro de 1854 reassumiu Wanderley a adminis-
tração e conservou-a-até 1.° de Maio de 1855.
c) Do 1°. de Maio de 1855 a 23 de Agosto do mesmo anno
tornou a governar, como Vice-presidente, o mesmo Dr. Alvaro
Tiberio de Moncorvo e Lima.
21. Dr. Alvaro Tiberio de Moncorvo è Lima foi então nomeado
presidente e tomou posse a 23 de Agosto de 1855, governando até
19 de Agosto do anno seguinte de 1856.
22. Desembargador
João Lins Vieira Cansanção de Sinimbú,
depois Visconde de Siniinbú, governou de 19 de Agosto de 1856,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
eni dne tomou possé, ate 11- de Maid: de 1950, Gom 4s seguintes
interrupções:
a Deo asOde Junho de 1857 20vernou, como Vicepresidente,
ö Desembargador Manuel Messias de Leão.
De 30 de Junho de 1857a 28 de Setembro dó seguinte anno
administrou o presidente Sinimbá.
b) De 11 de Maio a 28 de Setembro, de 1858 administrou ©
Vice- presidente Manuel Messias de Leão.
29. Dr.: Francisco xavier Pacs Barrela tomou posse a: 28 de
SENtEmDro de 13878 € POVON ale 19-A AW US iSS:
Emquanto não lhe- veiu successor, administrou a provincia,
como Vice-presidente, o citado Desembargador Manuel Messias de
Leão, isto é, de 19 de Abril a28 de Setembro de-1859.
"24. Consėlheiro Herculano Ferreira Penna tomou- posse a 28
de Septemöro de 1959 e governou até 26 de Abril de L060:
23: Antonio da Costa- Pintó governou de 26 de Abrilde 1860
a0 de MUNO de Leul
Emquanto não lhe vinha successor, administrou a provincia,
como Vice-presidente, o Conselheiro José Augusto Chaves.
26. Conselheiro Joaquim Antão Ferne andes Leão, tomou posse
4 24 de: Dezetibro -de 13961 egovernouaté 30 de Setembro de 1862.
27. Conselheiro Antonio Coelho de Sá e Albuquerque tomou
pase a 30 de Setembro de: 18362 e goyvetnon até 15 de Dezembro
de 1563:
Emquanto não Ihe vinha successor, governou, como Vice-
presidente, o Conselheiro Manuel Maria do Amaral.
28. Dezembargador Antonio Joaquim da Silva Gomes tomou
posse a 2 de Maio de 1864, governando åpenas até 3 de Novembro
do mesmo anno.
Emquanto não lhe. vinha successor, governou como Vice-
presidente, o. Dezembargador Luiz Antonio Barbosa de Almeida..
29. O mesmo Dezembargador: auz Antonio Barbosa de
Almeida, nomeado então presidente, tomou, nesta qualidade, posse
do governo da provincia a 29 de Novembro de 1864 e governou até
2 de Maio de 1865.
Emquanto não The veid successor, governou, como Vice-
presidente, o Dr. Balthazar de Araujo de Aragão Bulcão.
30. Conselheiro Manuel Pinto de Sousa Dantas tomou posse a
24 de fulbo de 1865 e govertiou até 3 de Marco de-1866;
Emquanto não lhe veio successor, governaram como Vice-
presidente:
1.°) o Dr. Pedro Leão Velloso, de 3 de Março a 12 de Outubro
de 1866: 2°.) desta data em deante o Dr. Francisco Liberato de
Mattos, que entregou a administração ao
31. Dezembargador Ambrosio Leitão da Cunha, depois Barão
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
de Mamoré, que tomou posse a 25de Novembro de 1866 e governou
áté 19 de Marco de 1867.
Emquanto não lhe veiu successor, governou a provincia, como
Vice-presidente, o Dr. Joáo Ferreira de Moura.
32. Dr. José Bonifacio Nascentes de Azambuja tomou posse a
21 de Junho de 1867 e governou até 26 de Julho de 1868.
Até vir-lhħe successor, governou o Vice-presidente Dezem-
bargador Antonio Ladislau de Figueiredo Rocha.
33. O Barão, depois Visconde de S. Lourenço, tomou- posse-a 6
de- AgOStO de 18083 € governor até 15de Abin de 18971 Com as
AS interrupções:
a) de 29 de Abril a 21 de Outubro de 1869 governou o Vice-
presidente Dezembargador Antonio Ladislau de Figueiredo Rocha.
Á 21 de Outubro de 1869 reassumiu Martins o governo eo
conservou até 28 de Maio de 1870.
b) de 28 de Maio até 10 de Outubro de 1870 governou o Vice-
presidente Conselheiro João José de Almeida Couto, depois Barão
o Desterro.
A 10 de Outubro de 187/0 reassumiu Martins o governo e€
conservou até 15de Abril de-1871.
c) de 15 de Abril até 17 de Outubro de 1871 governou o Vice-
presidente Dr. Francisco José da Rocha.
dJ a este Vice-presidēnte succedeu, a 17 de Outubro de 1871,
o já citado Vice-presidente Conselheiro João José de Almeida Couto,
que governou até 8 de Novembro do mesmo anno de 1871, epoca
em que tomou posse do governo da Provincia.
34. o Dezembargador João Antonio de Araujo Freitas
Henriques que governou até 6 de Junho de 1872.
Emquanto não lhe vinha successor, administrou a provincia o
citado Vice-presidente Conselheiro João José de Almeida Couto.
35. Dr. Joaquim Pires de Machado Portella, tomou posse a 1.°
de Julho de 1872 e governou até 16 de Novembro do mesmo anno.
Até vir-lhe successor, adıninistraram a provincia os seguintes
Vice-presidentes:
a) o Conselheiro Joño José de Almeida Couto, de 16 de
Novembro de 1872 á TO de Junho de 1878.
b) Dr. José Eduardo Freire de Carvalho, de 10 đe Junho á 22
de Outubro de 1873.
36. Commendador Antonio Candido da Cruz Machado, ANEA
Visconde do Serro Frio, tomou posse á 22 de Outubro de 1873 e
governou até 23 de Junho de 1874.
37. Dt. Venancio José de Oliveira Lisboa, tomou posse a
23 de Junho de 1874 e governou até 20 de Julho de 1875.
Emquanto lhe não veio successor, governou a provincia ©
Vice-presidente Dr. José Eduardo Freire de Carvalho.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— l44—
SS: e RUI Antono da Siya NNeS tomou posse £ Lode
Agosto de 1576 e governou até 5 de Fevereiro de 1877.
59: Dezembargador Henrique Pereira de Lcena, depois
Barão de Lucena, tomou posse a 5 de Fevereiro de 1877 e governou
até 4 de Fevereiro de 1878.
Emquanto lhe não veio successor, governou o Vice-presidente
Dr. José Edvardo Freire de Carvalho.
40. Baáārao Homem Ge Mello tóomóü póssé 4 25 dë Fevereiro
de I878 e governou até 25 de Novembro dó mesmö anno.
Emquanto não lhe foi nomeado successor, governou o Vice-
presidente Dr. Antonio de Araujo de Aragão Bulcão, depois Barão
de o. Franosco; O qua 20 de fanero de LorIk tornUa POSSE
como Presidente. da provimtia, por ter Sido nomeadó para esse
cargo.
41- Dr. Antonio de Araujd de Aragão Būicão; depois Barao
de S. Fkreotisco; QUe bovernou dte 2o de Março de Jeii
42. Conselheiro João Lustosa da Cunha- Paranaguá, depois
Visconde e Marquez de Paranaguá, tomou posse a 25 de Março de
1691- QOVETNOL Ate J dE Janeiro dë 18652.
Emquanto não lhe veio successor, governou a Provincia o
Vice-presidente Dr. João dos Reis de Souza Dantas.
43. Conselheiro Pedro Luiz Pereira- de Souza tomoù posse a
29 de Nalco dë 1882 e- goyernoü até-i4 de- Abl de i884, com
uma peqüeña interrupção; de 1l á-16 de Abri de1882,; em gue
governou, como Vice-presidente o Dr. Augusto Alvares Guimarães.
44. Conselheiro João Rodrigues Chaves tomou posse a 14 de
Abril de 1884 è governou somente até 10 de Setembro do. mesmo
anno de 1884.
45. Dezembargador Espiridião Eloy de Barros Pimentel tomou
posse 4-10 de Setembro de 1884 e governou até 25 de Maio de
1885.. Até vit o seguinte presidente; governou o Vice-presidente
Dr. Augusto Alvares Guimarães.
46. Conselheiro José Luiz de Almeida Couto tomou posse no
1.9 de Junho dë 1885 é govérnou até 29 de Agosto do mesmo annó:
Emquanto não lhe veio successor, governou o Vice-presidente
Dezembargador Aurelio Ferreira Espinheira.
47. Conselheiro Theodoro Machado Freire Pereira da Silva
tomou posse a 24 de Outubro de 1885 e governou até 26 de Julho
de 13886: 5
Até vir-lhe succéssor, governou, Come- Vice-presidente, -0
Dezembargador Aurelio Ferreira Espinheira.
48. Conselheiro João Capistrano Bandeira de Mello tomou
posse a 11 de Outubro de 1885 e governou até 29 de Fevefetfo de
1888.
Emquanto não lhe veio successor, governou a provincia o
Vice-presidente Dezembargador Aurelio Ferreira Espinheira.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 145—
49. Conselheiro Mánuel dò Nascimento Machado Portella
tomou posse a 27 de Março de 1888 e governou até o 1°. de Abril
dë 1889. ;
Emquanto não lhe veio successor, governou o Vice-presidente
Dezembargador Aurelio Ferreira Espinheira.
50. Conselheiro José Luiz Affònso de Carvalho tomou posse a
9 de Maio de 1889, e governou somente até 14 de Junho do
mesmo añno.
51. Conselheiro José Luiz đe Almeida Couto tomou posse a 14
dë Junho de 1889, e, como ultimo presidente da provincia da
Bahia, findou sua administração a 17 de Novembro de 1889 com a
proclamação, a 15, e a adhesão que fez a Bahia á Republica. dos
Estados-Unidos do Brazil.
Durante o regimen republicano têm sido estes os Governadores:
Drs. Virgilio Chimaco Damasio, Manoel Victorino Pereira,
Marechal Hermes Ernesto da Fonseca, José Gonçalves da Silva,
Manoel Joaquim Rodrigues Lima, (1892 a 1896.
Durante o periodo governamental do Dr. Manoel Joaquim
Rodrigues Lima, assumio as funcções de governador por curto.
prazo o Barão de Camaçary.
CONS: KUIZ VIANNA
Assumio o governo em 28 de Maio de 1896 e terminou e
mandato em 28 de Maio de 1900.
Durante o seu quatriennio e pelo prazo deum mez esteve no
governo o Presidente dò Senado Dr. José de Aquino Tanajura.
DR. SEVERINO: DOS SANTOS VIEIRA
Assumio o governo em 28 de Maio de 1909 e terminou o
mandato em 28 de Maio de 1904. l
DR. JOSÉ MARCELLINO DE SOUZA
Assumio o governo em 28 de Maio de 1904 e termincu o
mandato em 28 de Maio de 1908.
Durante o seu quatriennio e por espaço de 20 dias esteve no
governo o Conego José Cupertino de Lacerda, Presidente do Senado.
DR. JOÃO FERREIRA DE ARAUJO PINHO
Assúūmio' o governo em 28 de Maio de 1908'e renunciou œ
mandato em Novembro de 1911.
19
H B
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— l46—
DR. AURELIO RODRIGUES VIANNA
Assumio o governo em Novembro de 1911 e deixou-o em
Janeiro de 1912.
CONS. BRAULIO XAVIER DA SILVA PEREIRA
Assumio o governo em Janeiro de 1912 e entregou-o ao Dr.
José Joaquim Seabra em 29 de Março do mesmo anno.
DR. JOSÉ JOAQUIM SEABRA
Assumio o governo em 29 de Março de 1912 e entregou-o ao
seu successor Dr. Antonio Ferrão Moniz de Aragão em 29 de
Março de 1916.
DR. ANTONIO FERRÃO MONIZ DE ARAGÃO
Assumio o governo em 29 de Março de 1916.
CEMITERADA 1834—25 DE OUTUBRO
A Cemiterada, facto que se desenrolou nesta Capital em 25 de
Outubro de 1834, originou-se de ter a lei n°. 17 de 25 de Junho do
mesmo anno prohibido os enterramentos dos membros das varias
Irmandades nas Igrejas.
Exigindo as Irmandades do Presidente da Provinciaa suspensão
da referida lei e não sendo attendidas, marcharam ás 10 horas da
manhã, de Cruz Alçada, para o Campo Santo e arrazaram o que
ēncontraram, á excepção-da Capella: (%)
(*) Vide—Braz do Amaral---Conferencia e. Resumo Chronologico e Noticioso
da Provincia da Bahia.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
GUERRA DO PARAGUAY
D. Anna Nery--Conflicto Frias Villar--Campanha
abolicionista
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
NINANI
AINENA ANINA A PNA ANINO. INIAN AAP N A A NNA NAN A N INNIAANA
LOE
EEERREF. ANNA, EARANN.
SAINI AAAA
ANNAA gA
GUERRA DO PARAGUAY
O GRANDE CONTINGENTE DA BAHIA
A campanha do Paraguay, iniciada a 12 de Novembro de 1864,
e declarada officialmente ao Brazil pelo Dictador Francisco Solano
Lopes; em- 14 de:Dezembro do' mesmo: anno, com-å -invasão da
Provincia de Matto Grosso e o ataque ao Forte de Coimbra, em 27
de Dezembro, encontrou no animo dos Bahianos de todas as classes
e categorias, o maior e o mais assignalado concurso em prol da
defeza do Brazil.
Daqui partiram commandando batalhões de voluntarios, Fran-
cisco Lourenço de Araujo ( Barão de Sergy) Joaquim Mauricio,
Rocha Galvão. Faria Rocha, dos que mais se distinguiram.
Era tal o numero de voluntarios que a Bahia mandava para o
campo da lucta, que, de uma feita, D. Pedro II proferio a legendaria
phrase: «A Bahia! sempre a Bahia! enthusiasmado com o amor dos
bahianos á defeza da Patria.
© -3.° batalhão de voluntarios, commandado pelo Coronel José
da Rocha Galvão partio deste Estado em 17 de Março de 1865 e
receębeu no. Rio de Janeiro uma gloriosa bandeira bordada a ouro,
offerta das senhoras bahianas ali residentes. l
Este precioso tropħéo foi, por ordem da S. M. D. Pedro. II,
collocado em 20 de Novembro de 1870, na Igreja da Cathedral,
sendo a entrega feita pelo Commandante das Armas Coronel
Antonio Gomes Leal ao então Arcebispo da Bahia, Conde de
S. Salvador.
Rocha Galvão morreu na batalha de 24 de Maio e foi
um dos bravos da campanha.—O Barão de Sergy (Franċisco
Lourenço de Araujo), seguio como Brigadeiro commandando
o 46° de voluntarios de Santo Amaro. Fez brilhante figura e
voltou em 18 de Maio de 1870, sendo recebido em Santo
Amaro com pomposas festas. A bandeira do 46° acha-se na
Intendencia Municipal daquell Cidade.—O 41°. de vol. (Corpo de
Policia) seguio sob o commando do Coronel Joaquim Mauricie
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 150 —
Ferreira, que praticou brilhantes feitos, voltando em 11 de Maio de
1870. Foi o primeiro que se offereceu em todo o Brazil para seguir
para a cainpanha.
A 1.° de Março de 1865 o Brazil, por intermedio de seu
embaixador Francisco Octaviano de Almeida Rosa, celebrou o
Tratado da Triplice Alliançaà com o Uruguay e a Republica
Argentina contra o Paraguay.
O Governo do Imperio expedio para o campo da lucta uma
divisão naval commandada por Francisco Manoel Barroso, depois
Barão do Amazonas, a qual, nas Tres Boccas, bloqueiou o Paraguay
e venceu em 11de Junho de 1865 a batalha naval de Riachuélo, a
mais notavel que até hoje se ferio na America do Sul. Em Março
do mesmo anno o General Manoel Luiz Osorio foi nomeado chefe
do Exercito Brazileiro, vencendo as batalhas do Passo da Patria,
Estero Bellaco e Tuyuty, a ultima em 24 de Maio, a maior batalha
campal ferida na America do Sul. Adoecendo e desavindo-se com
Mitre, Osorio passou o commando do Exercito ao General Polydoro
Jordão, que venceu as batalhas de Potrero Pires e Boqueirão ao-
tempo em que o Barão de Porto Alegre, chefe do 2.° corpo do Exercito
atacava Curuzú e derrotava os Paraguayos. A 17 de Novembro de
1866 o Marechal Luiz Alves de Lima e Silva, posteriormente Duque
de Caxias, assumio o commando do Exercito e reorganisot-ọ, a0
tempo em que o commando da esquadra passou ao almirante Joaquim
José Ignacio, depois Visconde de Inhaúma.
Caxias venceu as batalhas de Tuycuê, Arroio Grande, Hondo,
Villa do Pilar, Tatayba, Potrero Ovelha, Tagy, Avahy, Curupaity,
Itosoró, Lomas Valentinas e Angustura, entrando em Assumpção-
a5 de Janeiro de 1509.
Osorio, por esse tempo commandava o 3.° Corpo do Exercito
organisado no Rio Grande do Sul; o marechal Alexandre de Argollo
Ferrão, bahiano, depois Visconde de Itaparica, construio a diffici-
lima estrada do Chaco; por onde passou todo o Exercito
Brazileiro.
A passagem de Humaytá, fulgente feito de glorias da Armada
Brazileira, effectuou-se em 19 de Fevereiro de 1868, e ao lado de
Joaquim José Ignacio, Delfim Carlos de Carvalho, depois Barão da
Passagem e Cordovil Maurity, o heróe do «Alagôas», estava o-
bahiano Jeronymo Gonsalves.
—Por molestia, a 14 de Abril de 1869, o marechal Duque de
Caxias passou o commando do Exercito ao Conde d'Eu, que
emprehendeu a Campanha das Cordilheiras, ultimo reducto
estabelecido por Lopes nos sertões do Paraguay.
O Conde d’Eu, auxiliado pelos Generaes José Antonio Correia
da Camara, Andrade Neves, Osorio, Polydoro, Porto Alegre e os.
Mennas Barrettos, venceu as batalhas de Tupypinlañ, Sapucaia,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 151—
Peribebuy, Campo Grande, Caragätahy, vencendo Lopes em
Aquidaban.
A Campanha terminou em 1.° de Março de 1870.
--0 Cons. Dantas, então Presidente da Provincia da Bahia,
baixou em 28 de Julho de 1865 uma Proclamação patriotica
concitando o Povo á defesa da Patria.
(Vid—Arch. Publico—Docs. )
PROCLAMAÇÃO
Bahtianos!—Novos e gloriosos sacrificios são reclamados para
sustentação da honra, soberania e integridade do Imperio Brazileiro.
Ainda nenhum povo livre deixou de acudir ao reclamo da
Patria, quando seus brios de nação, os seus mais caros e santos
direitos são desconhecidos e ultrajados.
Bahianos, vós fostes os primeiros que voluntariamente vos
apresentastes para vingar no campo da batalha a affronta descon-
munal, irrogada á nossa Patria pelo selvagem governo do Paraguay.
Vós sereis os ultimos a deixar as armas, e só o fareis quando o
hymno da victoria annunciar-nos e ao mundo, que a dignidade
brazileira, desaffrontada e vingada pelo valor dos nossos exercitos,
ergue-se sobranceira impondo respeito ao estrangeiro atrevido, que
ousou desacatar a nossa bandeira e escarnecer de nossa inde-
pendencia.
Vêde o inexcedivel patriotismo do nosso TirpuranoRf
Elle, O Primeiro dos Brazileiros, o Chefe Supremo da Nação, lá
partiu para a heroica provincia do Rio Grande do Sul.
Este raro exemplo de patriotismo é só por si sufficiente para
que todos os brazileiros como um só homem, corrão ao campo da
honra.
Para esse posto nos chamão ainda os nossos irmãos, aquelles
que já praticarão prodigios de valor, nos brilhantes feitos de Coimbra
e Paysandú, de Jaguarão e Riachuelo.
Nossas legiões invenciveis irão de triumpho em triumpho
até a cidade da Assumpção.
E, então, levantando bem alto o pavilhão auri-verde, dando åô
mundo um novyo exemplo de nossa coragem e patriotismo, poderão
voltar ao seio da nossa patria, onde as bençãos de todos, a admiração
dos presentes, e a gratidão dos vindouros recompensarão sobeja-
mente os nossos sacrificios!
Bahianos, brevemente soará para nós o momento da victoria!
Não deixeis que essa gloria seja partilhada exclusivamente por
aquelles que primeiro correrão em defeza da Patria.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
—. 152 —
Vinde alistar-vos nessas fileiras de bravos, que lá nas campinas
do Sul tanto já tem nobilitado o nome brazileiro e provocado a
admiração das nações cultas.
A Patriá tūdọ. espera dë vós!
Aguerra!
As`armas!
Viva a Religião Catholica Apostolica Romana!
Viva Sua Magestade o Imperador!
Viva a Constituição do Imperio!
Vivão os bravos defensores:da Patria!
Palacio do governo da Bahia, 28 de Julho de 1865.—Manoe:
Pinto de Souza Dantas.
BATALHÕES DE VOLUNTARIOS QUE SEGUIRAM
PARA O PARAGUAY
«O 41. de Voluntarios, commandado pelo Coronel Joaquim
Mauricio Ferreira.
«O 1.° de Voluntarios», commandado pelo Coronel José da
Rocha Galvão, que morreu gloriosamente na batalha de 24 de Maio
de 1866, em Tuyuty.
Esse batalhão ao chegar ao Rio de Janeiro -teve o n.° 3 eno
Paraguay o n.29.
«O 3.° de Voluntarios» (depois 24), commandado pelo Coronel
Domingos Mundim Pestana. Foi organisado tiesta Capital.
«O 2.° da Guarda Nacional de S. Pedro» (ou 29 de voluntarios)
commatidado pelo Coronel Alexandre Freire Maia Bittencourt.
«O 1.° da Guarda Nacional da Sé», commandado pelo Tenente-
Coronel João Francisco Gonsalves.
«O Princeza Leopoldina, commandado pelo coronel Domingos
Seixas.
«O 4.° de Voluntarios,» de Cachoeira, commandado pelo
Tenente-Coronel José Pinto da Silva.
«O batalhāäo de Voluntarios» da mesma Cidade, commandado
pelo Tenente-Coronel Carolino da Silva Tosta.
«O 5.°de Voluntarios» da Cidade de S. Amaro tomou no Rio de
Janeiro o n. 15 e no Paraguay o n. 45, commandado pelo Coronel
Antonio Joaquim Alvares Pinto de Almeida
«O 46. de Voluntarios» de Santo Amaro, commandado pelo
intrepido coronel Francisco Lourenço de Araujo, posteriormente
brigadeiro honorario do Exercito e -Barão de Sergy.
«O 40. de Voluntarios» commandado pelo Brigadeiro Francisco
: Vieira de Faria Rocha.
«O54. de Voluntarios» commandado pelo Coronel Manoel
-Gonçalves d Cunha.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 153 —
«O 22. de Voluntarios» da cidade de Minas do Rio de Contas,
commandado pelo Coronel Marcolino de Moura e Albuquerque.
«O 32. de Voluntarios» de Santa Izabel do Paraguassú
commandado pelo Coronel Landulpho da Rocha Medrado. (* )
D. ANNA NERY
D. Anna Justina Ferreira Nery, viuva do Capitão de Fragata
Isidoro Antonino Nery, nasceu em Cachoeira no dia 13 de Dezembro
de 1814. Era irmã do Coronel Joaquim Mauricio Ferreira, comman-
dante do 41 de voluntarios e do Tenente-Coronel Manoel Jeronymo
Ferreira, tambem voluntario.
Tevye os filhos seguintes: Pedro Antonio Nery e Dr. Isidoro
Antonino Nery.
A 10 de Agosto de 1865 offereceu-se ao Presidente da Provincia
«como voluntaria da Caridade, para os hospitaes de sangue no
theatro da guerra. Quando a bala inimiga vinha ferir aquelles que
luctavam á sombra do -pavilhão nacional, ai delles si não
encontrassem, longe da Patria, o amparo nos braços daquella mãe
terna e carinhosa! E não era somente o soldado brazileiro! Para ella
a dor não tinha Patria, o soffrimento não tinha milicia; a caridade
não tinha côr natural; todos, amigos ou alliados, indifferentes ou
inimigos, todos eram infelizes, todos eram irmãos!»
Falleceu no Rio de Janeiro em 20 de Maio de 1880.
«€m vida o Imperadcr concedeu-lhe uma pensão annual de
120$000, a medalha de 5.^ classe e a de campanha com passador
de onton. 53
De volta do Paraguay, as senhoras bahianas, residentes no Rio
de Janeiro, offereceram-lhe uma corôa de louros cravejada de
diamantes. ;
Em 28 de Setembro de 1873 foi collocado o seu retrato, com a
maxima solennidade, no Paço municipal desta Cidade «por ordem
da Edilidade da Leal e Valorosa Cidade do Salvador em nome do
Povo Bahiano.»
O povo deu-lhe o nobre titulo de «Mãe dos Brazileiros.»
JOSÉ ANTONIO SARAIVA
Nasceu no engenho Quitangá, Bom Jardim, em Santo Amaro, a
1.° de Março de 1823 e falleceu a 21 de Julho de 1895. Formou-se
em§. Paulo. Em seu Estado exerceu varios cargos de magistratura,
foi deputado provincial e geral e senador do Imperio em 1869.
Presidio œ Piauhy, Alagoas, Pernambuco e S. Paulo; foi ministro da
(*) Sobre as bandeiras desses batalhões e seu historico vide—Reliquias da
Bahia—Bandeiras Gloriosas do Dr. Silio Boccanera.
H B 2
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 154—
marinha em 1857 e em 1865; a pasta do Imperiò em 1861 e a da
fazenda em 1880 e 1885.
Foi ao Rio da Prata como embaixador em 1864. Foi eleito
representante da Bahia uos primeiros dias da Republica, cargo que
renunciou.
Escreveu varios relatorios, regulamentos, propostas, manifestos
e a resposta ao Dr. Vasques Sagastume. (*)
JOÃO MAURICIO WANDERLEY
Nasceu a 23 de Outubro de 1815 em Campo Largo, então
pertencente a Villa da Barra do Rio Grande, deste Estado, e falleceu
no Rio de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1889.
Formou-se em Olinda.
Foi senador e grande do Imperio, Con-
selheiro de Estado, presidente do Banco do
Brazil, provedor da Santa Casa de Misericordia,
onde fundou o Instituto Pasteur e o Hospicio
de N. S. das Dores em Cascadura, para tuber-
culosos; foi dignatario da ordem do Cruzeiro,
commendador da ordem da Rosa, e da ordem
Barāo de Cotegipe portugueza de Villa Viçosa, teve a grã-cruz da
ordem belga de Leopoldo etc.
Formou-se em 1837, foi eleito deputado provincial em 1841
e deputado geral em 1842 e senador em 1856.
Fez parte do gabinete de 26 de Setembro de 1853, occupando a
pasta da marinha e após a da fazenda e de estrangeiros; em 1875
a de estrangeiros passando em 1877 para a da fazenda; organisou o
ministerio de 1885, occupando a pasta de estrangeiros em 1888,
quando o Imperador viajou para a Europa.
Foi ao Rio da Prata como embaixador e enviado extraordinario.
Escreveu:
«Les negociations avec le Paraguay»; «Apontameuto sobre os
limites do Brazil e a Republica Argentina». «Discursos pronun-
ciados no Senado» 1867; «Discussões do voto de graças. Tratado de
Assumpção»; «Reforma eleitoral—1873 ». «Emissão do papel
moeda»—4«Discurso em 1879». «Reclamação Waring Brothers».
«Fuga de Escravos em Campinas». «A questão Militar» 1887.
«Tribunal arbitral» estabelecido em Santiago do Chile, 1887.
«Projecto de indemnisação aos possuidores de escravos», 1888.
«Melhoramento do fabrico do assucar», 1867. «Revolução da Bahia»
de 1837.»
(*) Vide Diccionario citado.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 155—
O Dr. João Ferreira de Araujo Pinho escreveu sobre o mesmo,
que era seu sogro, uma bôa biographia, que foi lido no Instituto
Historico da Bahia.
«Zacharias de Góes e Vasconcellos, filho de Antonio Bernardo
de Vasconcellos, nasceu na cidade de Valença, provincia da Bahia
a 5 de Novembro de 1815 e falleceu no Rio de Janeiro a 28 de
Dezembro de 1877, sendo doutor em direito pela Academia de
Direito de Olinda, professor jubilado da mesma academia, senador
do Imperio, do conselho do Imperador, commendador da Ordem da
Rosa, grã-cruz de 2a classe da ordem de S. Gregorio Magno de
Roma, socio do antigo Instituto Historico da Bahia etc.
A politica, a que entregou-se desde o começo de sua vida
publica, arredou-o do magisterio, para onde entrou em 1840, no
terceiro anno de sua formatura e onde muitas vezes arrancou
applausos dos alumnos arrebatados por sua erudição e eloquencia:
Presidiu as provincias de Sergipe, Piauhy e Paraná, da qual foi
installador por ser o primeiro presidente nomeado em sua creação;
representou esta provincia na 114 legislatura, a de Sergipe na
8& e sua provincia natal na 98 e na 128, de onde passou a repre-
sental-a no Senado e occupou em varios gabinetes as pastas da
Marinha, do Imperio, da Justiça e da Fazenda, sendo o organizador
dos de 24 de Maio de 1862 (o ministerio dos tres dias, porque
só viveu esse tempo). A 15 de Julho de 1868 pediu elle exoneração
do gabinete em consequeucia da questão da prerogativa da Corôa,
questão suscitada por occasião da escolha de Francisco de Salles
Torres Homem, depois Visconde de Inhomerim, para senador pela
provincia do Rio Grande do Norte. Desde 1862 passou a militar
sob as fileiras do partido liberal, já se tendo antes retirado das do
antigo conservador quando inaugurou-se o da liga para- que cooperou
bastante. Foi um dos mais notaveis oradores do Brazil, de palavra
facil,fluente e corrente, argumentação logica, cerrada e muitas vezes
adubada de epigrammas finos, pungentes e esmagadores. Escreveu:
—Da natureza e limites do poder moderador. Rio de Janeiro,
1860, in—89. Este teve segunda edição muito augmentada, tambem
no Rio de Janeiro, 1062, 254 paginas in— 80. Nesta edição, além
de alguns discursos que o autor pronunciou na sessão legislativa de
1861 com relação ao poder moderador, ha uma apreciação de ideas
emittidas no Ensaio do Direito Administrativo do Visconde de
Uruguay (veja-se Paulino José Soares de Souza), tratandc da
irresponsabilidade ministerial e dos actos daquelle poder.
-Discurso recitado por occasião de abrir o curso de direito
natural na Academia de Sciencias Juridicas a Sociaes de Olinda.
Pernambuco, 1851, 13 pgs. in-19. Questão de limites entre a
provincia do Paraná e a de Santa Catharina, Rio de Janeiro, 1857,
26 pags. in-49
.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
= aho—
—Discursos proferidos no debate de voto. de graças de 1865.
' Rio. de-Janeiro.-1865, 136 pags. in-49. Discursos proferidos. no
dabate do voto de graças de 1868. Rio de Janeiro; 1868, 350. pags.
in40. A introducção deste ayro foi reimpressa na «Opinio
Nacional» do Recife de 21 de Novembro de 1868, sob o titulo
«Considerações sobre a actual situação politica».
——Discursos proferidos na discussão do voto de graças-de 1869.
Rio de Janeiro, 1869, in-49, 2a edição, Bàhia, 1869, 125 pags.
in 49. Discursos proferidos no Senado e na Camara: dos Deputados
na sessão de 1868. Rio de-Janeiro, 1868, in-89. São precedidos de
considerações acerca da politica do.gabinète que o autor precisa.—
Reforma eleitoral: discursos proferidos no Senado. Rio de Janeiro,
1670, 88 pags. in—49
Discursos proferidos no debate do voto de graças e do orça-
mento do Imperio :de.1870.. Rio.de.- Janeiro, 1871, S XIX-4246
pags. in-4°.
Discursos parlamentares. dos srs. conselheiros Zacharias e
senador Silveira Martins. Rio de Janeiro,. 1876, 58 pags. in=8°
com dous retratos. -Referem-se å accusação feita, ao, Parão de.
Cctegipe na Camara dos Deputados, pelo deputado Cesario Alvim.
Manifesto do:Centro Liberal, Rio de Janeiro; 1869, 67 pags.
in-4° (veja-se José Thomaz Nabuco de Araujo).
Programma do partido liberal, Rio de Janeiro, 1870, 17 pags,
in-4° (veja-se o mesmo J. T. Nabuco de Araujo).
Legislação compilada sobre a empreza funeraria e os cemi-
terios da cidade do Rio de Janeiro, Rio đe Janeiro... Reflexões
ácerca do projecto de estatutos-da Faculdade-de Direito de Olinda
O autographo, de 13 fs. com dita de 13 de Março de 1853,
acha-se na Bibliotheca Nacional. Foi escripto quando se tratava da
mudança da Faculdade para o Recife e apresentado ao ministro-da
Justiça cons. Souza Ramos, depois Visconde de Jaguary:
—Discursos proferidos no Supremo Tribunal de Justiça a 21
dé Fevereiro de 1874-pelos exmios. srs. cons: Zacharias de Góes
Vasconcellos--e- dr. Antonio Ferreira Vianna no jülgamẹñto do
exmo. rvn Sf. bispo de-Olhnda, Rió de Janeiro, 1874, 56 pags.
in-8° peg.
——Acha-se tambem no livro. (o bispo de Olinda perante a
história), do dr. A. M. dos Reis, pags. 23 a 252. Ha do cons.
Zacharias muitos relatorios, já de associações ou estabelecimentos
humanitarios que dirigiu como a Santa Casa da Misericordia, desde
1867 até seu fallecimento em 1877, já de ministerios e presidencias
de provincia, de que citarei: Relatorio do presidente da provincia
do Paraná na abertura da. Assembléa Provincial em 15de Julho
de 1854. Curityba; relatorio do presidente á Mesa da Santa Casa da
Misericordia -do Rio de Janeiro pelo seu provedor, etc., em 25 đe
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
zr
Julho de 1867. Rīoò de Janeiro,: 1867, in-4°. Ha finalmente
trabalhos seus na imprensa politica.
—Proposta e relatorios apresentados á assembléa geral legisla-
tiva pelo ministro da Fazenda, Rio de Janeiro, 1867 e 1868, 2 vols.
in-4ọ..
Proposta para approvação de creditos pelo governo no inter-
vallo da sessão da Assemibléa Geral de 1867 e 1868. 2 vols.
in-4”.,
ANGELO MƏNIZ DA SILVA FERRAZ
( BARÃO DE URUGUAYANA )
Prestou relevantes serviços como ministro da guerra, na phase
da guerra do Paraguay.
Nasceu na cidade de Valença, neste Estado, em 1812 e falleceu
em Petropolis, a 18 de Janeiro de 1867.
Formou-se em 1834 em Olinda;exerceu os cargos de promotor,
Juiz de direito de Jacobina, deputado provincial e geral em 1842 a
1848, senador do Imperio em 1857; ministro da fazenda em 1858;
presidente do Rio Grande em 1857; ministro da guerra em 1865,
no gabinete Olinda.
Foi conselheiro de Estado, grande do Imperio, commendador
da ordem de Christo do Brazil ede Portugal e dignatario da Rosa.
Escreveu:«Proposta e relatorio» do ministro da fazenda 1860,
«Regulamento do Imposto» do sello €e sua arrecadação, «Regula-
mento das Alfandegas» e mesas de rendas, «A tarifa das Alfandegas»
də Imperio do Brazil, «Varios Avisos», «Discurso sobre o» voto de
graças na sessão de 15 de Maio de 1844. (*)
MARECHAL ALEXANDRE GOMES DE ARGOLLO FERRÃO
( VISCONDE DE ITAPARICA)
Nasceu a 8 de Junho de 1821. Durante 49 annos prestou ao
Brazil os mais assignalađoš serviços:
Seguindo para o Paraguay, iniciou em Novembro de 1868 a
construcção da estrada do Chaco, considerada impraticavel pelos
mais notaveis engenheiros estrangeiros. em um percurso dè mais
de tres legoas de terreno pantanoso. Construio-a em 22 dias € por ella
passaram o Exercito Brazileiro e todo o pesado material de
guerra.
De volta á Bahia foi recebido com pompa extraordindriá, e 4o
povo desatrelando os cavallos: dö coche; para o qual, subiraao
desembarcar no Arsenal de Marinha, levou-o atéa casa de sua
peep
(*) Vide Dicc Cit.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Ta e kim
residencia, em signal da grande estima em que tinha o Bahiano
Benemerito da Patria.»
Falleceu no dia 23 de Junho de 1870.
ERILAS VILEAR=CONFPLCTO DE 4 DE JUCHO DE 18/6
No dia 4 de Julho de 1876 esta Capital foi theatro de serio
acontecimento, proveniente da morte do artista João Albino de
Almeida. A exaltação dos animos teve inicio no dia 2 de Julho,
aggravando-se no dia 4.
A 2de Julho, quando se effectuava a parada das Tropas no
Terreiro (hoje Praça 15 de Novembro) o povo e os soldados do 18.
Batalhão de Linha attrictaram-se, dando origem a varios conflictos,
que se prolongaram até o dia 4, quando foi aggredido o Comman-
dante Frias Villar, do 18.° Recolhendo-se. preso ao Arsenal de
Marinha, foi visto pelo povo, quando descia a Ladeira da Conceição
em uma cadeira de praça, sendo apupado e rotas as suas vestes.
Refugiando-se em uma casa da mesma Ladeira, escapou á ira
popular. O 18.° embarcou para o Rio de Janeiro, por ordem do
Presidente da Provincia, na madrugada de 5 de Julho, ficando
assim restabelecida a tranquillidade publica nesta Capital.
Conteve o povo na dura emergencia o Conselheiro Manoel
Pintó de- Souza Dantas, redactor do Drarıo da Bahia e chefe do
Partido LaDeral:
A CAMPANHA ABOLICIONISPEA
O primeiro brado da abolição do elemento servil foi levantado
no tempo da colonia por um frade do Convento da Piedade Frei
Joseph de Boulogne, (*) o qual teve de soffrer as consequencias de
tão nobre idéa.
—Em 1821 o Visconde da Pedra Branca, José Bonifacio e os
irmãos Ferreira França ventilaram a questão no Parlamento
Portuguez. l
Avolumando-se dia a dia, encontrou posteriormente defensores
intemeratos em Velloso de Oliveira, Ribeiro Rocha, Eusebio de
Queiroz e Hypolito José da Costa, que se apoiavatn na intervenção
successiva dos Inglezes que, em cruzeiros no Atlantico perseguiam
os navios que traficavam com a raça negra.
—Em 1871 a figura do Visconde do Rio Branco culmina no
scenario politica e dá á assignatura imperial a celebre lei do ventre
livre em 28 de Setembro do mesmo anno.
Na Bahia, para não fallar em outros, o grande poeta Antonio
de Castro Alves profliga o procedimento do Imperio, que mantinha
(*) Archivo Publico —Documentos,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
su Bo
o elemento servil; reaccende-se a campanha, os jornaes combatem
dia a dia até que em 13 de Maio de 1888 o Conselheiro João Alfredo
leva á sancção da Princeza Izabel o luminoso decreto que redimio
a raça escrava.
DR. JOSÉ MARIA DA SILVA PARANHOS
( VISCONDE DO RIO BRANCO)
Nasceu nesta Capitala 16 de Março de 1819 e falleceu no Rio
de Janeiro a 1°. de Novembro de 1880. Foram seus paes Agostinho
da Silva Paranhos e D. Emerenciana Barreiro Paranhos.
Foi grande do Imperio, Conselheiro de Estado, do Conselho de
Sua Magestade, senador pela Provincia de Matto
Grosso, Professor da Escola Polytechnica, Grão
Mestre do Grande Oriente do Brazil, Comm. da
ordem da Roza, dignatario do Cruzeiro, Gão Cruz
da Ordem Franceza da Legião ie Honra, professor
de mathematicas da Escola Militar, secretario da
missão especial encarregada ao Marquez de
Paraná em 1851 no Rio da Prata, passañndòó a
ministro residente no anno seguinte.
Visc. do Rio Branco
Foi varias vezes ministro plenipotenciario
nas republicas do Prata.
«Foi Presidente do Rio de Janeiro, deputado pela Bahia, pelo
Municipio Neutro e por Sergipe, ministro da Marinha em 1853, dos
extrangeiros em 1857, cabendo-lhe a gloria de protestar contra actos
violentos do governo inglez.
Foi ministro da guerra em 1858 e 1871.
Em 7 de Março de 1871 foi ministro da Fazenda.
Foi o auctor da lei de 28 de Setembro de 1871 que considerou
livres os filhos dos Escravos. (*)
Escreveu. «O novo Tempo», Jornal politico 1844—1845,
«O Marimbondo», Jornal politico 1849, «Projecto do Codigo Cri-
minal—Cartas de um amigo auzente». «A Convenção de 20 de
Fevereiro—1865», «Questão religiosa— 1873, «Voto de graças»—
1873, «Companhia de Navegação do Amasonas»—1877, «Notas
de viagem» e memoria immensa e varios descursos.
« Na Bahia está assignalada a casa em que nasceu, com as datas
de seu nascimento e obito.»
Orador fluente e publicista notavel, era progenitor do Barão
do Rio Branco.
(*) Vid. S. Blake.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Juo Sieg
i
AA
= ei
a
ARA
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA
(1889 )
A Bandeira e sua commemoração
MUBEU DO ARCHIVO PUBLICO
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Tr et
spia
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
ERAAI
LPOTP PTET ETL PT EPT ETTET OPT ETLETLPT ETTET ETETETT ETLE LT EOELLTI TEPLE ITEP PO TTET
ARAS
TIT OPT ETIET ETETE TEETE AN T a r
PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA
A Republica foi proclamada no dia 15 de Novembro de 1889,
e pelo Decreto numero 1, da mesma data, foi decretada como a forma
de governo da Nação Brazileira a Republica Federativa, estabe-
lecendo normas pelas quaes se deviam reger os Estados Federaes.
Foi Chefe do Governo Provisorio o Marechal Deodoro da
Fonseca. Ministros: Arestides da Silveira Lobo, Ruy Barbosa,
Quintino Bocayuva, Benjamin Constant, Eduardo Wandenkolk e
Demetrio Rib»iro.
—O Decreto n. 7 de 20 de Novembro de 1889 dissolveu e
extinguio todas as Assembléas Provinciaes creadas pelas leis de 12
de Outubro de 1832 e 12 de Agosto de 1834, fixando as attribuições
dos Governadores dos Estados.
—0ỌO Decreto n. 78. A 21 de Dezembro de 1889 banio do
territorio nacional o Sr. D. Pedro de Alcantara e sua Familia.
—OỌO de n. 78 da mesma data banio do territorio nacional o
Visconde de Ouro Preto, chefe do ultimo gabinete da monarchia,
e seu filho Affonso Celso de Assis Figueredo, desterrando para o
continente europêu o cidadão Gaspar da Silveira Martins.
—O de n. 78 B. designou o dia 15 de Setembro de 1890 para a
eleição geral da Assembléa Constituinte e convocou a sua reunião
para dois mezes depois, na Capital da Republica.
—A Constituição Federal foi promulgada em 24 de Fevereiro
de 891.
Antes, a 22 de Junho de 1890, havia sido decretada uma
Constituição provisoria.
—A Constituição Federal revogou a do Imperio, jurada em
25 de Março de 1824.
A Constituição Monarchica de 25 de Março de 1824 instituio
os «Conselhos Geraes de Provincias», (*) que pelo «Acto Addi-
cionab, de 3 de Agosto de 1834, foram suppressos e creadas as
Assembléas Provinciaes.
{*) Vide Actas respectivas no Archivo Publico,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— J64 —
— Os Conselhos Geraes de Provincias compunham-se de cinco
membros.
—O Codigo Commercial Brazileiro foi promulgada pela lei n.
556 de 25 de Junho de 1850.
—A Consolidação das Leis Civis, feita pelo jurisconsulto
Augusto Teixeira de Freitas, bahiano e filho de Cachoeira, é um
dos mais importantes repositorios do Direito Civil Brazileiro.
Sua elaboração foi auctorisada pelo Governo Imperial em 15
de Fevereiro de 1855.
—0O Codigo Penal-Brazileiro foi promulgado pelo- decreto n.
847 de 11 de Outubro de 1890.
—A Constituição do Estado da Bahia foi promulgada em 2 de
Julho de 1891 e reformada em 24 de Maio de 1915.
—0O Codigo Civil Brazileiro foi promulgado e entrou em vigor
ém 1° de Janeiro de 1917. `
—O Codigo do Processo do Estado da Bahia foi promulgado
pela lem ilzi de 21 de Apgósto de 1915, ficando revogada a
Consolidação das Leis do Estado, que entrou em vigor em 10 de
Maio de 1900.
A BANDEIRA NACIONAL
DECRETO N. 4 DE 19 DE NOVEMBRO DE 1889
Estabeleceu os distinctivos da Bandeira e das Armas Nacionaes,
e dos Sellos e Sinetes da Republica.
O Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do
Brazil:
Considerando que as Côres da nossa antiga Bandeira recordam
as luctas e as victorias gloriosas do Exercito e da Armada na defesa
da patria;
Considerando, pois, que essas côres, independentemente da
forma de governo, symbolisam a perpetuidade e integridade da
Patria entre as outras Nações:
Decreta;
Art. 1.° A Bandeira adoptada pela Republica mantem a tradição
das antigas côres nacionaes—verde e amarella—do seguinte modo:
um losango amarello em campo verde, tendo no meio a esphera
azul celeste, atravessada por uma zona branca em sentido obliquo e
descendente da esquerda para a direita com a legenda—Ordem e
Progresso—e ponteada por vinte e uma estrellas, entre as quaes a
da constellação do Cruzeiro, disposta na sua situação astronomica,
quanto á distancia e tamanho relativos, representando os 20 estados
da Republica e o Municipio neutro; tudo segundo o modelo etc.
Art. 2.° As armas Naciouaes serão as que figuram na estampa
annexa,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a TG mi
Art. 3.° Para os sellos e sinetes da Republica servirá de symbolo
a esphera celeste, qual se debuxa no centro da Bandeira, tendo em
volta as palavras—Republica dos Estados Unidos do Brazil.
Art. 4.° Revogam-se as disposições em contrario.
Sala das Sessões do Governo Provisorio, 19 de Novembro de
18089, 1.7 da Republica.
Marechal Manoel? Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo
Provisorio.—Q. Bocayuva.—Arestides L oba: = Ruy Darbos
M. Ferraz de Campos Salles.—Benjamim Constant Botelho de
Magalhães. —Eduardo Wandenkoik.
Decreto n. 12715 de 17 de Novembro de 1917
Manda considerar feriado o dia 19 do
corrente mez.
O Presidente da Republica dos Estados-Unidos do Brazil:
Attendendo a que o momento excepcional, que o paiz atravessa,
justifica todas as medidas tendentes a fazer vibrar o civismo dos
brasileiros, e que por isso se deve celebrar, com especial solem-
nidade, a Festa da Bañdeira, resolve declarar feriado o dia 19 do
Corrente mez.
Rio de Janeiro 17 de Novembro de 1917. 96 da Independencia
e 29. da Republica.
Wenceslau Biraz Pererra Gomes.
PROCLAMAÇÃO ÐA REPUBLICA NA BAHIA
A noticia da proclamação da Republica chegou no dia 15 de
Novembro aos republicauos (*¥) que militavam neste Estado.
Espalhada a noticta, foi extraordinario o ajuntamento do pa nas
ruas e praças.
Governava o Brandla o Cons. José Luiz de Almeida Couto,
que se conservou em Palacio, cercado de amigos e do marechal
commandante das Armas, até ás 10 horas da noite, aguardando
poticias officiaes.
As forças de linha e de policia ficaram, por ordem superior,
recolhidas aos quarteis.
—No dia immediato, 16, ás 10 horas da manhã, o Conselheiro
Almeida Couto conferenciou demoradamentė com o mareehal
Hermes da Fonseca, commandante das Armas, reunindo-se ao
meio dia no Palacio da Praça grande numero de pessôas convidadas
pelo Presidente da Provincia, destacando-se dentre ellas o Cons.
Francisco Maria Sodré Pereira, Cons. Antonio Carneiro da Rocha,
(*) Dentre elles destacavam-se: os Drs. Cosme Moreira, Flavio de Araujo,
Manoel Victorino, Virgilio Damasio e Guilherme Rebello.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
SEn e
Barão de §. Francisco, Augusto Ferreira França, Innocencio
Marques de Araujo Góes Junior, Arthur Cesar Rios, engenheiro
Jesé Carlos. de Carvalho. -
O Presidente da Provincia communicou á assistencia haver
recebido do General Deodoro da Fonseca um telegramma em
que, na qualidade de chefe. do Governo Provisorio Republicano
«appellava para o seu patriotismo tncumòbindo-o de continuar na
adminisiração deste Esiado, até que viesse seu successor, sob a
auctoridade do Governo Provisorio» e o Cons. Lmiz Vianna.
O Cons. Couto expoz a sua opinião que era a «de que tendo
recebido o seu poder de um governo legalmente constituido, não
podia acceital-o de um outro que considerava revolucionario, e.
que, portanto, a responder aquelle telegramma, só o podia fazer
declarando que a provincia da Bahia não adheria ao movimento
republicano», sendo essa rosolução approvada pelos presentes, «no
meio de grande enthusiasmo e de vivas á Monarchia e a S. Mages-
tade o Imperador».
O Dr. Augusto França redigiu nos termos seguintes a resposta
ao telegramma do Mãrechal Deodoro:
«O povo bahiano, representado pelas diversas classes sociaes,
reunidas hoje em Palacio sem distincção de partidos politicos,
e animado de ardente patriotismo, deliberou que se faça patente á
nação inteira que a Bahia, fiel á Constituição e ás leis, aguarda,
nas actuaes circumstaucias, com firmeza e tranquillidade, as delibe-
rações dos poderes legalmente constituidos. Presidente da Pro-
vincia
—A Camara Municipal, presidida pelo Dr. Augusto Alvares
Guimarães, reuniu-se em sessão extraordinaria, resolvendo enviar
ao Presidente da Provincia a mensagem seguinte:
« A Camara Municipal desta Cidade, reunida hoje em sessão
extraordinaria, resolveu por unanimidade, officiar a V. Exa. apre-
sentando-lhe os sentimenfos de fidelidade á causa da monarchia e
das instituições vigentes-
Agora que chegaram da Côrte noticias dos graves aconteci-
mentos, que ahi se estão dando, é dever da Camara rodear de todo
o apreço a cadeira exercida por V. Exa. como delegado do Goveruo
legitimo e protestar contra o acto de assalto, que constituio o inti-
tulado governo provisorio.
Deus Guarea V. Bri.
Illm. e Exm. Sr. Dr. José Luiz de Almeida Couto M. D. Presi-
dente desta Provincia——Augusto A. Guimarães, Fresidente, Inno-
cencio Marques de Araujo Góes, Antonio José Rodrigues, Francisco
Pires de Carvalho, João Rodrigues Germano Filho, João Lourenço
de Souza Seixas, Luiz José da Silva, Dr. Bellarmino Pasšos dā
Costa, Manoel Moreira de Carvalho e Silva, Francisco Luiz de
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
na
— 167—
Azevedo, Dr. José Baptista Gonçalves, Manoel Joaquim Cafezeiro
e Dr: Virgilio- Cezar de Carvalho.
O Presidente da Camara tambem expediu aos jornaes do Rio
este telegramma: «A Camara Municipal da Bahia pròótesta contra
a dictadura militar, que sob o nome de Governo Provisorio, se esta-
beleceu na Côrte, e affirına sua completa adhesão ás instituições e
ao Imperador.
Provincia da Bahia não adhere movimento illegal e tumul-
tuario, imposto pela força, e, ao que parece, acceito pelo terorr.
Pede que communique todas as folhas! Augusto Guimarães, presi-
dente. Bahia 16 de Novembro de 1889.»
Assumida semelhaute attitude, o povo principiou a dar nas
ruas morras á Republica e vivas á Monarchia, havendo tumultos
desacatos e assassinatos, assignalando-se o que occorreu na rua dos
Capitães. Os amotinados procuraram logo o Dr. Virgilio Damasio,
ne intuito de offendel-o, obrigando-o a communicar por escripto
ao Coronel Buys a situação em que se achava.
Seguiram-se varias aggressões, sendo assassinado um homem
do povo, chamado Braz; ferido no rosto, o Dr. Augusto Cardoso,
advogado nos auditorios da Capital å apedrejadas varias casas.
—Por esse tempo vieram do Rio ordens terminantes para que
-o Dr. Virgilio
d
Damasio assumisse o 5governo, 9 o que se effectuou no
dia. I7.
«A’ uma hora da tarde, formados, em quadrado os batalhões 16.
e 9.° de linha e o Corpo de Policia, em frente ao quartel do Forte de
S. Pedro, sendo tres lados do quadrado occupados pelas tropas e o
quarto pelo povo, o Dr. Virgilio Climico Damasio collocou-se no
centro, de pé sobre um tamborete; e, depoisde ler o telegramma que
o nomeaya Vice-Governador, dirigio-se em eloquente discurso, ao
povo e ás tropas, congratulando-se com o paiz pelo acontecimento
que alli os congregava.»
O Coronel Christiano Buys ficou encarregado de manter a
ordem e a tranquillidade publicas.
Em seguida as tropas, a que se juntou um batalhão de acade-
micos, desfilaram até á Praça de Palacio entre vivas á Republica e
ao Exercito, e ahi formaram um quadrado no centro do qual o
Coronel Buys, tirando o kepi, declarou proclamada a Republica.
Logo após, as forças seguiram até ao Terreiro,de onde regres-
saram para o Forte de S. Pedro, chamado nesse dia «Campo
d'Acclamação», a pedido do Dr. Guilherme Pereira Rebello no
final de seu patriotico discurso. O Forte do Mar suspendeu uma
bandeira branca que foi saudada com 21 tiros. Após a proclamação
assignada pelo Dr. Virgilio Damasio o Dr. Manuel Victorino Pereira
expedio ao Cons, Ruy Barbosa o telegramma seguinte: «Bahia 17.
Foi proclamado o governo republican o instituido na Provincia.
Passeio triumphal da tropa e povo. Muitas acclamações. Hermes
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 168—
adherio. Perfeita tranquillidane. Parabens.
Têm produzido magnifica
impressão as noticias chegadas.» No mesmo dia o Marechal Hermes
E. da Fonseca, Commandante das Armas, baixou uma Ordem do
Dia «em que convidava os commandantes e officiaes dos corpos
a prestar adhesão e obediencia ao Governo provisorio republicano
sob. a presidencia do Exmo. Sr. Marechal de Campo Manoel
Deodoro da Fonseca.»
--A Camara Municipal, que tanto resistita a principio, adherio
ao governo republicano no dia 18 de Novembro, dando posse ao Dr.
Virgilio C. Damasio á uma hora da tarde do mesmo dia, passando
em seguida o telegramma abaixo ao Marechal Deodoro.
«Com grande acclamação do povo e na melhor ordem possivel,
acabo de prestar juramento perante a Camara Municipal e tomar
posse do Governo do Estado da Bahia. Dr. Virgilio Climaco
Damasio.»
Em seguida o Governador expedio uma circular, em que se
congratulava pelo justo motivo da Proclamação da Republica e pelo
enthusiasmo do Povo e recommendava o maior respeito á lei, ás
instituições, á liberdade do cidadão e do domicilio, mantendo nos
cargos o fanccionalismo e todos os auxiliares da administração.
A Bandeira Brazileira foi instituida officialmente em 19 de
Novembro de 1889.
Annualmente faz-se em todo o Paiz a sua commemoração.
O Governo do Estado, por proposta da Directoria do Archivo
Publico, installou no dia 19 de Novembro de 1917, o Museu do
Archivo Publico, recolhendo ao mesmo com toda solennidade a
Bandeira do extincto 5.° corpo de Policia, que batalhou em Canudos,
a que cobrio o esquife do Dr. Manoel Victorino e Marechal Floriano
e a que o povo Sant’ A marense empunhou nas ruas da cidade quando
em 1865 partiram para o Paraguay os batalhões de voluntarios. (*)
O HYMNO NACIONAL (**)
«O decreto n. 171 de 20 de Janeiro de 1890 estatuiu no art. 1°:
E’ conservado como Hymno Nacional a composição musical do
maestro Francisco Manoel da Silva.
Comquanto muitos affirmem que o nosso Hymno foi composto
em Abril de 1831 e pela primeira vez executado quando D. Pedro I
e a Familia Imperial seguiram para Portugal, ha quem assevere que
só dez annos mais tarde, isto é, em 1841 foi o mesmo composto para
a ceremonia da coroação de D. Pedro II.
(*) Tendo em consideração este esforço o Governo do Estado resolveu crear
o Museu do Estado, que vai ficar annexo ao Archivo Publico.
(**) Vide Dez. Filinto Bastos—Elementos de Educação Civica e Direito.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 169—
Dá-se como estribilho do Hymno Nacional a quadra seguinte:
Dá patria o grito
Eis se desata
Desde o Amazonas
Até ao Prata.
O HYMNO DA PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA
O decreto citado estabeleceu noart 2.° E’ adoptado sob o titulo
de Hymno da Proclamação da Republica, a composição musical do
maestro Leopoldo Miguez, baseado na poesia docidadão José
Joaquim de Campos da Costa Medeiros e Albuquerque.
A poesia do alludido Hymno éa que se segue:
Seja um pallio de luz desdobrado
sob a iarga amplidão destes céos
este canto rebel, que o Passado
vem remir dos mais torpes labéos!.
Seja um hymno de gloria que falle,
de esperanças de um novo porvir!
Com visões de triumphos embale
quem por elle lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
abre as azas sobre nós!
Das lutas na tempestade
dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora
tenha havido em tão nobre paiz.....
Hoje o rubro lampejo da aurora
acha irmãos, não tyrannos hostis.
Somos todos eguaes—Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
A a
nosso augusto estandarte que, puro,
CEI
brilha, ovante, da Patria no altar!
PEEN
P
Se é mister que de peitos valentes
haja sangue no nosso pendão,
sangue vivo do heróe Tiradentes
baptizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos.
E’ de amor nossa força e poder;
HB 2z
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
mas da guerra nos transes extremos
heis de ver-nos lutar e vencer.,
Liberdade! Liberdade!
etc.
Do Ypiranga é preciso que o brado
seja um grito soberbo de fé!
O Brazil já surgiu libertado
sobre as purpuras regias de pé!
Eia pois, Brasileiros, avante!
Verdes loiros colhamos louçãos!
Seja o nosso paiz, triumphante
livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade! etc.»
A BANDEIRA DO ESTADO DA BAHTA
«Cada um dos Estados (*¥) da União Brasileira tem o seu
pavilhão. No Congresso Republicano que se reuniu nesta cidade em
26 de Maio de 1889, o Dr. Deocleciano Ramos, Professor da Facul-
dade de Medicina, propoz que se adoptasse para o partido republicano
uma bandeira. que é a actual bandeira do Estado. E’ formada de
quatro listas horizontaes, brancas e vermelhas, alternando-se estas
côres, e tendo noangulo superior e interno um quadrangulo, azul
o qual leva no centro um triangulo branco.
As tres côres branca, vermelha e azul, lembram a revolução de
1793; o triangulo branco no quadrangulo azul recorda a bandeira
dos inconfidentes mineiros; e a disposição em listas foi feita para
uniforimizal-a com a bandeira dos Estados Unidos da America do
norte.)
ARMAS, SELLOS E SINETES DO ESTADO
DA BAHIA (**)
«A lei n. 9 de 19 de Janeiro de 1893 decretou quaes seriam as
armas do Estado Federado da Bahia, os sellos e sinetes das diversas
instituições e repartições do Estado, dando em annexo os
respectivos desenhos. »
(*} Vide—Dez. Felinto Bastos—Elementos de Educação Civica e Direito.
Historica—Rev. do Inst. Historico da
Dr. Braz do Amaral—Memoria
Bahia—n° 30—1904:
(**) Vide—Dez. Felinto Bastos--op cit.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 171—
O HYMNO PATRIOTICO DA BAHIA (*)
«O maestro bahiano José dos Santos Barretto, cuja alma se
inundou de Jubilo ao vêr na campanha de 2 de Julho de 1823 o
complemento de nossa independencia, produzio vibrante com-
posição musical a que deu o nome de—Hymno 2 de Juiho, em honra
ao exercito pacificador.
E’ desconhecido o nome do auctor da poesia a que se adaptou
o Hymno, ou que neste se baseou.
Lembramo-nos que o estribilho do Hymno é o seguinte:
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas acções.
Com tyrannos não combinam
Brasileiros corações.
Ainda hoje, quando se commemora esse dia glorioso, o hymno
de Santos Barretto é ouvido com respeito e veneração, e nelle se
percebe o lampejo da inspiração do artista patriota».
(*) Vide—Dez. Felinto Bastos—op cit.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
BEE ONAE
a ai
E
“Y ZÈ ampun a E a A
paourez eae e e
~,
aan p morris Sam? ma a A SAER E
ian i me ain Man É it n aiti
yi gei i e
»* Ca E aS a A
ITA Fb
1a x
miai An y Pp aA Sa
Meee
EAEra
ya e ea
E DEE OE
kenad
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
CAMPANHA DE CANUDOS
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
E A a a A A a Aa Aa A Aa Aa a a a
MIRAR RRR M MIRRI
CAMPANHA DE CANUDOS
EXPEDIÇÃO PIRES FERREIRA
Os factos que se desenrolaram em Canudos tiveram inicio ent
dias de Outubro de 1896 e se originaram da circumstancia de não
ter sido entregue «uma certa quantidade de madeiras, cuja compra
Antonio Conselheiro contractara com um dos representantes da
autoridade da cidade de Joazeiro».
Habituado ao saque, á violencia e ao morticinio desde 1874,
quando já era o terror das paragens sertanejas, vivendo cercado de
sicarios que tinham em Canudos o esconderijo, onde se resguar-
- davam da acção da Justiça, Antonio Conselheiro, certo de que, por
varios motivos não lhe seriam entregues as encommendas feitas na
cidade mencionada, preparou contra ella um ataque.
Recebida a communicação, o Cons. Luiz Vianna, Governador
do Estado, providenciou sobre a defeza da cidade sertaneja,
mandando uma expedição de 100 praças, commandada pelo tenente
do exercito Pires Ferreira, do 9.° batalhão de infantaria, que
sustentou o primeiro combate em Uauá, baqueiando na lucta 16
soldados feridos e um official morto.
Após o combate de Uauá, a expedição retirou-se para Joazeiro,.
onde chegou quatro dias depois.
. EXPEDIÇÃO FEBRONIO DE BRITTO
Compunha-se de 545 praças, 15 offciaes combatentes, tres-
medicos e uma pequena divisão de artilharia, com dois canhões
Krupp 7 1⁄4 e duas metralhadoras Nordenfeld. A expedição chegou
a Monte Santo no dia 29 de Dezembro de 1896 e partiu para
Canudos no dia 12 de Janeiro de 1897. Seguiu pela estrada do-
Cambaio, Acarú, Lage de Dentro, entrando pelo Valle das Serras
Grande e do Athanazio.
Vencida a grande resistencia dos jagunços do Cambaio,.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
commandados pelo negro cognominado João Grande, a expedição
seguiu acampando mais tarde em Taboleirinhos, junto á Lagôa do
Cipó, onde no dia immediato se desenrolou o mais tremendo ataque
dos jagunços, o qual foi repellido com energia, perdendo os fana-
ticos trezentos homens na lucta corpo a corpo.
—Exhausta a tropa e sem munição sufficiente, resolveu o
commandante fazer a retirada com a condição expressa de não
se deixar uma unica arma, um unico ferido e não ficar um unico
cadaver insepulto.
—Seguiu-se a retirada da expedição pelos mesmos caminhos
percorridos na investida, em completa ordem, mas sempre perse-
guida pelos jagunços. Em Bendengó de Baixo foi ella assaltada e
varridos os fanaticos a metralha.
Quando chegaram a Monte Santo, não havia um homem
valido. Aquelles mesmos que carregavam os companheiros succum-
bidos claudicavam, a cada passo, com os pés sangrando, varados de
espinhos e cortados pelas pedras. Cobertos de chapéos de palha
grosseiros, fardas em trapos, alguns tragicamente ridiculos mal
velando a nudez com os capotes em pedaços, mal alinhando-se em
simulacro de formatura, entraram pela arraial lembrando uma turma
de retirantes, batidos dos sóes bravios, fugindo á desolação e á
miseria.»
EXPEDIÇÃO MOREIRA CESAR
A 3 de Fevereiro de 1897 0 Coronel António Moreira Cesar
viajou para esta Capital trazendo o 7.° batalhão de infantaria, uma
bateria do 2.° regimento de artilharia e um esquadrão do 9.° de
cavallaria, o 16, 0 33 e o 9.” ao todo um effectivo de 1200 homens,
com quinze milhões de cartuchos e setenta tiros de artilharia.
Commandaram as varias unidades:
Major Raphael Augusto da Cunha Mattos, o 7°.
Capitão José Agostinho Salomão da Rocha, a artilharia.
Capitão Pedreira Franco, o 9.° de cavallaria.
Coronel Souza Menezes, o 16 de infantaria.
Coronel Pedro Nunes Tamarindo, o 9.° de infantaria.
A 20 do mesmo mez estava a expedição em Monte Santo.
A 21 seguiu para Canudos atravessando Pitombas, Angicos,
Umburanas e Favella onde pararam, tendo á frente o arraial de
Canudos.
Após breve descanço, «á voz de vamos tomar o arraial sem
dısparar mais um tıro....á bayoneta», phrase proferida pelo
commandante, fez-se a descida da tropa até a borda do rio, já sob
o fogo inimigo.
As forças avançando mais e mais penetraram no arraial, onde
-a lucta se fez, em muitos pontos, corpo a corpo.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 177—
Sendo, afinal, Gnquietadora a situação», proferindo o wou
dar brio aquella gente, o coronel Moreira Cezar desceu e a meio
«caminho foi attingido por uma bala, e logo após por outra ficando
fóra de combate.
As tropas exhaustas volveram ao acampamento e os seus
substitutos no commando, a despeito do que lhes era ordenado, opi-
navam pela retirada immediata, revoltando o commandar:te supremo
que pediu— lavrassem uma acta de tudo aquıllo, deixando-ihe
margem para um protesto, em que incluiria o abandono da
carreira militar.,
No dia immediato, ao romper da aurora, principiou a deban-
dada, apenas interrompida pela artilharia sob o commando do
capitão Salomão e pelo capitão Villarim, mortos nos seus postos de
honra e sacrificio.
Officiaes e praças chegaram dias depois a Monte-Santo, ao
Cumbe e a Queimadas, rôtos e famintos, deixando em mãos dos
fanaticos os armamentos, munições e viveres.
EXPEDIÇÃO ARTHUR OSCAR
O General Arthur Oscar de Andrade Guimarães, então
commandante do 2.° districto militar, foio chefe da ultima
expedição a Canudos.
Compunham a expedição os batalhões seguintes: 12, 25, 30,
31, 32, do Rio Grande do Sul; o 27, da Parahyba; o 34, do Rio
Grande do Norte; o 33, e o 35, do Piauhy; o 5.° do Maranhão; o 4.°
do Pará; o 26, de Sergipe; o 14, e o 5.° de Pernambuco; o 2.° do
Ceará; o 5.° e parte do 9.° de Cavallaria, Regimento de Artilharia
-da Capital Federal; o 7.° o 9.° o 16, e o 5.° Corpo de Policia da Bahia.
Dentre os bravos officiaes que fizeram parte da ultima expedição
destacavam-se: o Coronel Olympio da Silveira, José de Siqueira
Menezes, que abrio a estrada para a expedição, Carlos Maria da Silva
Telles, Julio Augusto Serra Martins, Araujo Pantoja, Antonio Tupy
Ferreira Caldas, Salvador Pires de Carvalho e Aragão, comman-
dante do 5.° Corpo de Policia da Bahia Thompson Flores, Dantas
Barretto e Silva Barbosa.
A columna Arthur Oscar, composta de 1933 soldados, quatro
canhões de tiro rapido; um grande canhão 32, e varias metra-
lhadoras, partio de Monte Santo, atravessou Caldeirão, Gitirana,
Joá, Lage, Aracaty, Rosario, Baixas, Pitombas e Angico,
estacionando no Alto da Favella.
A brigada Savaget, commandada pelo General Claudio do
Amaral Savaget, indo por Sergipe, foi ter a Geremoabo e dahi
seguiu para Barriguda, Joé, Tarraxil, Tepipau, Canchê e Cocorobó,
wonde se cobrio de louros no celebre combate nesta garganta.
—Defrontando-se as duas columnas, que recebiam diariamente
23
H B
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
grandes reforços de contingentes das Policias do Pará, Amazonas,
S. Paulo. e- de varios: outros batalhões- vindos - dos- Estados;
estabeleceu-se o cerco de Canudos. :
—Por esse tempo---Agosto de 1897, o Ministro da Guerra,
Marechal Carlos Machado de Bittencourt veio a Bahia para dirigir
de perto a marcha da campanha, providenciando sobre o rapido
fornecimento ás: tropas € estabelecendo uma segura base de
operações em Monte Santo. ”
—Dentro de Cañńudos o cerco máāis e mais se apertaya ea
artilharia dia a dia destruia centenares de casas, convergindo os
fanaticos para o bôjo das duas igrejas.
Alguns chefes fanaticos como Pajehú e Villa-Nova haviam
desapparecido.
Mesmo assim a resistencia dos restantes fanaticos era forte.
—Determinaram-se novos assaltos para o dia 1.° de Outubro,
os quaes se realisaram com todo o valor.
Na manhā de 2 de Outubro alteiou-se no arraial uma bandeira
branca e minutos depois veio á presença do General commandante
um dos chefes dos fanaticos «Antonio Beatinho» render-se, decla-
rando ter morrido Antonio Conselheiro.
Beatinho veio acompanhado de um outro Jagunço Bernabé
José de Carvalho, ("Y chefe de 2.° linha.
Horas depois para mais de trezentas mulheres e creanças
penetravam no acampamento das tropas sendo entregues por
Antonio Beatinho ás forças legaes.
(Os Jagunços, diz E. da Cunha, libertaráni-se dagquella
multidão inutil, concurrente. aos escassos recursos que acaso
possuiam, e podiam, agor2, mais folgadamente delongar o com-
bate.»
—Livres daquella gente sem valor, continuaram a lucta os
fanaticos a qual se prolongou até o dia 4 de Outubro.
No ultimo dia de combate, já incendiadas as casas, esboroadas
as igrejas, existiam em um antro, a que se chamou «Hospital de
Sangue» dos Jagunços, alguns fanaticos famintos e quasi nús, os
quaes resistiram por algum tempo.
No dia 5 de Outubro; (**)- ao entardecer, morreram os- quatro
Jagunços restantes, um velho, dois homens feitos e uma creança,
terminando a campanha.
As forças do exercito nesse dia, eram de cinco mil soldados.
(*) Vide—Sertões—Euclydes da Cunha.
(**) O 5° Corpo de Policia da Bahia foi o primeiro a fincar na cidadella đe
Canudos a sua bandeira.
Era commandado naquelle dia pelo major Virgilio Pereira de Almeida.
Empunhava a bandeira o official do mesmo batalhão, alferes João Baptista
Coelho.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
OBSERYAÇOES
A pagina 13, èm vez de: «Martim Beahim nasceu em
Novembro», leia-se Martim Beahim nasceu em Nuremberg.
A’ pagina 29, em vez de «em seguida foram dadas as armas
etc.» leia-se: «El-Rey mandou D. Duarte da Costa do seu Conselho,
ao qual deu a armada conveniente a tal pessôa, em que passou a
este Estado, com a qual chegou a salvamento na Bahia de Todos
os Santos; e desembarcou na cidade do S. Salvador, nome que Ihe
S. A. mandou por e lhe deu por armas uma pomba branca em
- campo verde, com um rollo á roda branco, com letras de ouro qne
dizem— Src rila arcam reversa est.
A’ pagua 9/, em vez dë tem 13 de Janeiro de 1811 etċ»
leia-se: «em 14 de Maio de 1811 foi publicado na Cidade do
Salvador o jornal 4 Idade de Ouro».
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
à ri Sia o
a ONS A EA ee eè i
banati
Ao a a eaaa ani
Dee
Hoa a Br.Te 5 bai , E `
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
BANDEIRANTES BAHIANOS
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
O DESCOBRIMENTO
E A ARMADA QUE SEGŲIA PARA AS INDIAS
1500
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
SECULO XYI
A PRIMEIRA PENETRAÇÃO DAS TERRAS BAHIANAS
BANDEIRANTES — O AUXILIO DOS MISSIONARIOS
A entrada nas terras centraes da Bahia foi feita, pela vez
primeira, em 1503 pelos tripulantes que Gonçalo Coelho deixou,
segundo uns, em Caravellas, segundo outros, em Porto-Seguro.
«Esses 24 tripulantes providos sufficientemente de armas e viveres
para seis mezes, pela bondade dos indios, chegaram a penetrar aE
. quarenta leguas no interior.» (*)
1553
Chegando á Bahia em 1549, Thomé de Souza, 1.° Gover-
nador Geral do Brazil, por ordem da Metropole, organisou
bandeiras para desvendar o interior do paiz e confiou a primeira
em 1553 a Francisco Bruzza de Spinosa, que levou em sua com-
panhia o jesuita Aspilcueta Navarro. ;
A bandeira de Spinosa percorreu 350 leguas, subindo os
rios Jequitinhonha, das Velhas, S. Francisco e C ricaré ou São
Matheus. Partiu de Porto-Seguro, subindo o rio Buranhem.
Não colhendo resultado, Thomé de Souza escreveu a El-Rey
dizendo: «que não fallaria outra vez em ouro, emquanto não o
mandasse devéras e que nas diligencias por elle andaria com muito
tento e pouca perda de gente e de fazenda, pois que... por muito
madrugar não era qne havia de amanhecer mais cedo.»
(*) Bandeirante era um individuo pertencente a uma bandeira.
As bandeiras compunham-se de cem, duzentas ou mais pessoas e tinham por
objectivo descobrir minas e vencer e escravisar os selvicolas.
Os principaes das bandeiras seguiam a cavallo e a maior parte a pé.
As vestes dos bandeirantes consistiam em um jaléco, calças curtas, perneiras,
um lenço amarrado ao pescoço e um chapéo grande, quasi sempre preto.
Levavam a tiracollo a espingarda, o facão na cintura e uma pequena bandeira
vermelha.
—Usavam um «relogio de sol», de modelo muito interessante, existente no
Inst. Hist. deste Estado.
—$Sobre o roteiro đa bandeira e Espinosa e sobre a acção do Jesuita A.
Navarro veja-se o folheto do padre Samuel Telleroo e de A. Olyntho Santos
Pires—A Mineração—Riquezas Mineraes. :
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 184—
1562
) VASCO RODRIGUES CALDAS
Era vereador na capital deste Estado. Os indios, em conversa,
fallavam-lhe de grandes riquezas no interior dos sertões, onde
abundava o ouro. (*)
Preparou uma bandeira de 100 homens e enveredou pelo rio
Paraguassú, até 70 leguas.
Os indios Tupinaen, habitantes daquellas paragens, oppu-
zeram-se com as armas nas mãos, mataram muitos commandados
do chefe bandeirante, obrigando-os a retroceder.
1570
MARTIM CARVALHO
A bandeira de Martim Carvalho era composta de 60 portu-
guezes e de muitos indios, que «segundo Pero de Magalhães
Gandavo, fallavam da existencia de umas pedras verdes, que se
encontravam em serras, muitas leguas pela terra dentro, e das quaes
trouxeram amostras, que foram reputadas esmeraldas. Diziam os
indios, (vide A. Olyntho) que a serra que as continha era «mui
formosa e resplandecente» o que na lingua tupy se traduzia por
«Itaberaba», ou no augmentativo.——Itaberaba-bussú» ou «Itabe-
raba-ocú», ou ainda «Taberabuss» por abreviação; ou finalmente
por corruptela «Sabará-bussú», nome com que foi conhecida,
durante mais de um seculo de pesquizas, a afamada serra que
continha em seu seio riquezas fabulosas. (**)
O percurso da bandeira de Martim Carvalho foi de 220 leguas.
Foram encontrados muitos crystaes e grãos amarellos, que os
aventureiros tiveram como ouro e varios outros metaes.
Devido á opposição das tribus disseminadas naquellas para-
gens, Martim Carvalho retrocedeu.
1572—1573
SEBASTIÃO FERNANDES TOURINHO
A bandeira de Sebastião Fernandes Tourinho internou-se por
Porto-Seguro, percorreu os rios Buranhem, Jequitinhonha, subiu
o Rio Doce e voltou pelo Valle do Rio Caravellas.
(*) O objectivo de Vasco Rodrigues Caldas era continuar © caminho de
Espinosa. O padre Leandro do Valle descreveu essa bandeira.
(**) Vide Memoria lida pelo Dr. Theodoro Sampaio no Inst. Hist. de
S. Paulo. :
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
PE ETNE
i aeaa
Descobriu pearas verdes e rubras e tambem ouro nos logares
percorridos.
No mesmo anno, com a noticia das descobertas de Tourinho,
D. Luūuiz de Britto e Almeida, Governador Geral do Brazil, orga-
nisou uma bandeira e entregou a direcção a Antonio Dias Adoruo,
que, no dizer de Rocha Pitta, seguiu o roteiro de Tourinho encon-
trando esmeraldas e saphiras. Chegou Adorno até a serra das
Esmeraldas e «Lagôa Vapabussú», da qual fugiam aterrados os
indios e os bandeirantes. (>)
1591
ROBERIO DIAS E MELCHIOR DIAS
Muitos historiadores têm attribuido a Rubellio Dias ou Roberio
Dias uma grande participação na descoberta de minas de prata.
Segundo Capistrano de Abreu, Roberio Dias nunca foí á
Europa e «sempre se conservou indifferente ás pesquizas de seu
pae, Melchior Sarayva Dias Moreya (**)
Roberio Dias era flho natural de Melchior Sarayva Dias
Moreya con a india Lourença.
«Melchior Dias Moreya, ou Belchior Dias Moreira, diz C. de
Abreu, é que foi o verdadeiro batedor dos sertões; mas o seu nome
quasi desappareceu da Historia para ser substituido pelo de seu
filho, graças á confissão de Rocha Pitta que os historiadores subse-
quentes copiaram.
Melchior se dedicou primeiro á creação de gado, tornando-se
um dos maiores fazendeiros das ` margens do Rio Real, onde está
hóje-a Villa de Campos; em Sergipe, e- cuja- càpella- for por
elle cdiücada: Teve fôros de fidalgo e foi-tronco- de- -grande
familia. Morreu em 1622, em sua fazenda, na edade de 80 annos
e deixou, entre outros filhos, Rubelio Dias, que era sen filho
natural com a india Lourença e nascido no Gerú, o qual passou
a occupar na Historia o logar assignalado que competia a sen
pae».
— Por esse tempo, no governo de Francisco de Souza, o histo-
riador bandeirante Gabriel Soares de Souza chefou uma bandeira.
O resultado desta bandeira de Gabriel Soares foi a descripção
minuciosa dos sertões no «Tratado descriptivo do Brazil». (***)
(*) Sebastião Fernandes Tourinho descerdia do donatario de Porto Seguro
Pero do Campo Tourinho e foi um dos bandei. tes mais destemidos.
A elle deve-se o conhecímento de toda a região do sul. Infelizmente sew
roteiro, como os demais, desappareceram.
(**) Verdadeiro nome de Melchior. Docs. Arch. Publico.
(***) Gabriel Soares de Sọuza, senhor de engenho da Bahia, vereador da
Camara, residio na Bahia 17 annos e escreveu em 1587 o tTratado Descriptivo do
Brazil», publicado em 1851 na «Revista do Instituto Historico Brazileiro».
Gabriel Soares está sepultado na Igreja de S. Bento e seu tumulo tem æ
legenda: «Aqui jaz um peccador».
E p 24
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 186 —
1591
JOŘO COELHO DE SOUZA
A bandeira de João Coelho de Souza, irmão de Gabriel Soares,
entrou pelo Rio Paraguassú em demanda do S. Francisco.
Descobrio metaes preciosos de que fez menção no roteiro que,
antes de morrer, mandou entregar a seu irmão Gabriel Soares.
1596
D. Francisco de Souza organisou em 1596 uma bandeira
e entregou a chefia ao bandeirante Diogo Martins Cão.
Nada se apurou sobre o resultado da bandeira de Diogo
Martins Cão.
BASTIÃO ALVARES
Foi mandado por Luiz de Britto e Almeida descobrir as cabe-
ceiras do Rio de S. Francisco. Levou 4 annos na entrada e morreu
nas mãos dos Indios Tupinambás.
SECULO XVII
OS AVILAS,
O Castello da Torre, unico de estylo meėdieval construido na
America, tem sido o alvo de inquirições, de pesquizas e de rebus-
camentos, tanto no que se refere ás suas lendas e tradições, quanto
ao seu soerguimento.
Quantos episodios ali tangenciaram pelas luctas guerreiras,
pelas scenas de heroismo!
Valido do primeiro governador Thomé, de Souza, Garcia
d’Avila aqui aportou com a esquadrilha que o conduziu em 1549.
Distinguindo-se como funccionario que foi do Senado da
Camara, recebeu em recompensa dadas de terras para as bandas do
norte da cidade, e, activo e emprehendedor, foi penetrando o lati-
fundio do deṣertão, semeando cultura e creando gado.
O regimento dado por D. João III e escripto pelo Conde da
Castanheira, impunha em um dos seus artigos a construcção de
torres, e a obrigação de, pela parte do norte, penetrar logo as
regiões desconhecidas. a contar do termino das seis leguas que
mediavam da capital «té Tatuapára, e entrada de Peraxuim, por
onde andava disseminado o gentio tupinambá.
A Garcia d'Avila foi imposta a tarefa na região do norte,
emquanto no sul as primeiras bandeiras escalavam com Spinosa,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Navarro, Vasco Roïz Caldas, Sebastião Tourinho e outros intre-
pidos batedores, os rios e as serras, as planicies e as bocainas.
—Reduzido o gentio, o primeiro Avila levantou em Tatuapára
a torre singéla e implantou os fundamentos da nobreza.
Garcia d'Avila constituiu familia, casando-se com D. Maria
Rodrigues.
Pelos annos de 1560 o fidalgo ostentava os seus immensos
curraes e campos de pastagens.
To
à
O CASTELLO DA TORRE
As complicações que logo surgiram com os frades benedictinos,
as quaes se estenderam até os dias de Francisco Dias d’Avila
filho de Diogo Dias e D. Isabel d‘Avila, filha do primeiro fidalgo
Garcia, enfraqueceram de algum modo o desenvolvimento de
Tatuapára, até que um accordo se estabeleceu e Francisco Dias
d'Avila, livre, com grande prejuizo, estabeleceu o Morgado e
Casa da Torre, casando-se com D. Anna Pereira e tornando-ae
fidalgo da Casa Real, por provisão de Sua Magestade.
Data de Francisco Dias d'Avila a construcção do Castello.
cujas ruinas hoje admiramos e que vivem abandonadas.
Inquire-se sobre o modo da construcção.
E’ bem de ver, deduzindo os factos e consultando documentos,
que a elevação do Castello não foi obra de um só.
Lançados os alicerces por Francisco Dias d'Avila, foi a obra
continuada por Garcia d'Avila, seu filho com D. Anna Pereira; por
Francisco Dias ď’Avila, filho de Garcia d'Avila com D. Leonor
Pereira; por Bernardo Pereira Gago, D. Catharina Fogaça e por
todos os seus successores.
Em 1624 a parte principal do Castello estava prompta e em
seu torreão se faziam os signaes que eram transmittidos aos varios
pontos da costa até ao pharol da Barra, prevenindo a approximação
das esquadras hollandezas.
E’ outro ponto de. inquirição o modo por que o Castello foi
construido.
Admiram-se os visitantes da qualidade das grandes pedras e
perguntam se ellas vieram de Lisbôa ou se foram trabalhadas em
blocos tirados de nossas innumeras pedreiras.
Si percorrermos os recantos de nossa historia poderemos ver
que a corôa de Itapitanga, proxima á ilha de Maré, forneceu
pedras para as obras dos edificios que se altearam na cidade do
Salvador e não é de duvidar que bandeirantes destemerosos, como
foram os Avilas que perlustraram terras até além do Rio S. Fran-
cisco, descobriram o salitre do rio do mesmo nome e foram até o
Piauhy, as mandassem trabalhar nos logares onde as encontrassem
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 188 —
e as conduzissemn com: a esctavatita € Os indigenas á costa de
Tatuaparta.
Não palmilharam os Avilas os sertões, onde hoje se encontram
as cidades de Villa Nova, Joazeiro, Inhambupe, Campo Formoso,
Jacobina e tantas outras, em cujos arredores se encontram o granito
e o marmore?!
Como não acreditar que de lá os houvessem mandado vir?!
Não era commodo o trabalho do escravo e do indio?!
Construido na idade média, teve os seus labyrinthos, subterra-
neos, arcadas e grutas com communicações para pontos desco-
nhecidos.
Nao è de admirar esse tacto, quando vemos os inüumeros
subterraneos que se encontram na Capital deste Estado.
—0Os subterraneos, como ainda hoje, eram os postos de mais
segurança contra as invasões indigenas; eram os reservatorios de
viveres e da fortuna dos senhores, e os depositos onde se armaze-
navam o ouro e a prataria.
Vive em torno do Castello historico muita lenda interessante;
alenda de-gitar a torre, altas horas da noite, sobre uiti piaö e
funccionarem cortantes navalhas.
O certo é que ali se inscreveram feitos de valor nas pugnas
contra os hollandezes.
Passa de geração em geração a lenda do inartyrologio do
official flamengo, que preferiu abrir as veias a soffrer a desdita de
um amor não correspondido pela indiana de rara formosura.
São lendas e tradições que, atravessando seculos, reclamam
üm pulso dë escriptor que as revigore no drama; no romance € ta
epopea.
Sobre o Castello da Torre e suas dimensões o Dr. Braz do
Amaral eserevet um artigo na «Revista dó Instituto Historico»
yol-x- ded disS, (f)
Francisco Dias d'Avila, filho de Diogo- Dias e D. Izabel
d'Avila, filha de Garcia d'Avila, organisou em 1600 uma bandeira
e enveredou por Jacobina, tendo encontrado prata e ouro, de que
deu noticia em 1633 um official hollandez.
TERRAS DA CASA DA TORRE
As primeiras sesmarias que Garcia d'Avila obteve foram dadas
por Thomé de Souza e segundo Gabriel Soares, em 1573, os domi-
nios de Garcia estendiam-se além de Tatuapára num percurso de
15 leguas, onde então já possuia muitos curraes de gado.
(*) Perto de João Amaro tambem se fundou uma Casa Forte, cujos vestigios
ainda existem, e servio de base de operações, em 16715, á repressão dos Indios
Guerens que infestavam aquella região.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 189—
Garcia havia sido por esse tempo encarregado da tentativa de
colonisar Sergipe.
Com a retirada de Thomé de Souza para o Reino os dominios
de Garcia foram augmentados, porque, segundo uns, Thomé de
Souza lhe fez doação da sesmaria de 8 leguas que D. João III Ihe
coüċéedeùt por carta de 29 de Outubro’ de 1565; segundo- óutros
o Governador Geral vendeu-a ao grande sesmeiro.
Essa sesmaria estava localisada no Rio Ipojuca, para a parte
do sul duas leguas pela costa e para o sertão dez leguas.
—Em 1621 Francisco Dias d'Avila, filho legitimo de Garcia,
estendeu os dominios da Casa da Torre com a obtenção de uma
sesmaria de 10 leguas ao sul do Inhambupe, acompanhando o rio
para oéste, até chegar ao logar denominado Pindaguassutuba com
seis leguas de largura. (*)
—Em 1654, Garcia d'Avila, filho de Francisco Dias dď’Avila,
obteve pör carta de 23 de Maio de 1654 seis leguas de largo
e mais duas do lado do mar «começando da passagem de cima
do sertão do rio Subahuma até, ,o de Inhambupe, correndo para
elle acima do lado do sul com seis leguas de largo até os campos
de Pindaguassutuba com mais as duas leguas da banda do mar,
com todas as aguas para engenhos, campos etc.
As terras entre o sertão do rio Subahuma, com as seis leguas
de largo foram de Francisco Dias d'Avila, pai do concessionario e
as duas do largo do mar, foram-lhe de novo concedidas.
—Em 1765, Garcia d’ Avila, Franeisco Dias d'Avila, Catha-
rina Fogaça, Bernardo Pereira Gagö € o padre Pereira, todös
da Casa da Torre, augmentaram os seus dominios «obtendo uma
sesmaria de dez leguas para cada um, isto é 50 leguas pelo alto
S. Francisco a começar do fim da sesmaria do padre Pereira.
A do padre Pereira ia pelo S. Francisco acima e toda a barra do
rio Salitre; descia o S. Francisco até encontrar a sesmaria de
Balthazar de Queiroz e da mesma barra do Rio Salitre pelo São
Francisco acima até intestar, para cima e para baixo com a Bahia
rumo de léste a oéste, que divide uma da outra da nascença do
rio Real para o sertão com outro ponto de comprimento acima e
abaixo; incluindo as nascenças do rio Itapicurý, as serras do Eigipe
—Iba e Jacobina com as mesmas que ficaram dentro desta dada
com os seus logradouros.»
~t de Garaa d'Avila e os demais começava do fim da
do padre Antonio Pereira, correndo sempre o rumo direito
pela baixa de S. Francisco acima, resalvando terras de caatingas e
penedias e para o sula largura que houver até entestar com a
jurisdicção da Capitania da Bahia fazendo rumo de léste a oéste que
dividir uma da outra, e da nascença do rio Real para o sertão com
——
(*) F. Freire—H. Territ.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 190—
outro tanto de comprido acima quanto o que tiver pelo rio de
S. Francisco acima todas terras, mattas, pastos etc.»
A acção da Casa Torre foi-se estendendo por Geremoabo,
Inhambupe, Itapicurú, Joazeiro, Rio Salitre e Jacobina, na dupla
missão de vencer -o indigena e conquistar a terra, estabelecendo
nellas os curraes de gado.
Em 1671 o patrimonio territorial dos Avilas se prolongava
pelas margens do Rio S. Francisco, chegando quasi á cidade de
Uzubá;
—Em 1685, a proposito de varias questões suscitadas entre os
capuchinhos, os indigenas e varios sesmeiros, que deram em resul-
tado a batalha travada na margem do rio Salitre e em que sahiu
ferido o coronel Garcia d'Avila, Francisco Dias d'Avila «sob `o
pretexto de ser dono das terras devolutas do S. Francisco apodera-se
das dos indios para seus curraes, contra a disposição das provisões
régias que as exceptuavam.
Fez curraes de um e outro lado do rio, com cavallos nas ilhas,
para onde os indios tinham ido; em vista da grande secca que
reinava, os cavallos começaram a prejudicar as plantações.
Pediu o padre Martim a Avila deos retirar, pessoalmente. Não
acquiesceu. Disse então appellaria para os tribunaes.
Foi para a Bahia o coronel Avila e levantou todas as opiniões
contra Martim, como um inimigo do Estado.
Nada sabia o padre.
Escreveu entãoao governador sobre o caso tres vezes, man-
dando a terceira carta por um. dos indios. Nenhuma resposta teve.
Foi a Bahia. Sahiu-se ben» (*)
A acção de Garcia d'Avila prolongou-se pelo reconcavo, de
que foi um dos commandantes, firmando-se mais ainda quando
devido. a noticias de uma nova invasão hollandeza. foi pela
metropole encarregado de estabelecer um systema de pharóes na
costa por meio de fachos de modo a communicar á Capital a appro-
ximação de navios. O primeiro seria na Torre de Tatuapára, o
segundo em S. João, o terceiro no Espirito-Santo, O quarto em
Itapoã, o quinto no Rio Vermelho.
Dessa fórma ficava bem vigiada a costa.
x
*. +
Francisco Dias d'Avila, já senhor de uma enorme extensão de
terras, conquistou em 1676 os indios do rio Salitre; auxiliado por
Francisco Barbosa Leal, venceu os indios «Galaches» no rio São
Francisco e foi pela Corôa encarregado da exploração do mesmo
rio, cujo salitre havia sido descoberto por Bento Surrel em 1671.
(*} F. Freire—H. Territ.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 191 —-
Finda essa conquista foram augmentados os seus dominios, ao
tempo em que seu filho Garcia d'Avila «pedia auxilio contra os
indios do Piauhy que prejudicavam os curraes ali existentes» sendo
nessa occasião aberta a estrada para a descida do gado dos sertões
do Piauhy para a Bahia, sendo auxiliado pelos missionarios e pelos
indios de Joazeiro e Pontal.
Garcia d'Avila protestou contra a abertura da estrada do
Piauhy ou dos Boiadas perante o governo da Bahia, que mandou
ouvir o Senado da Camara da Bahia, findo o que deferiu o pedido
de Garcia (*)
Por esse tempo, 1725, Pedro Barbosa Leal abria a estrada de
Jacobina para o Rio de Contas.
Vencidos os indios do Piauhy ainda foram augmentados os
dominios dos Avilas, os quaes deram causa a contendas e demandas
que foram resolvidas em 24 de Abril e 2 de Agosto de 1783 pelo
Conselho Ultramarino considerando as grandes sesmarias caducas,
menos as zonas cultivadas pelos sesneiros, seus feitores e arren-
datarios.
Os foreiros foram garantidos em seu direito pleno de proprie-
dade e transtormaram-se em senhorios, e as porções de terras não
cultivadas foram consideradas como devolutas, podendo os primi-
tivos sesmeiros obtel-as, mas segundo os termos da legislação em
vigor para colonisarem em tres annos e na extensão de 3 leguas de
comprido e uma de largo.»
—«A Casa da Torre tinha 260 leguas pelorio S. Francisco
acima á mão direita, indo para o sul e indo para o norte chega a 80
leguas.
TERRAS DA CASA DA PONTE
MESTRE DE CAMPO ANTONIO GUEDES DE BRITTO
Antonio Guedes de Britto foi o segundo maior proprietario de'
terras, a principiar das nascenças do Rio Real, Inhambupe, em
demanda do sul, «pelo S. Francisco acima, tantas leguas quantas
distassem d'aquellas cabeceiras ao Paraguassú.
Isso se passava em 1663.
Antonil—na Cultura e Opulencia do Brazti—diz: «Os herdeiros.
do mestre de Campo Antonio Guedes de Britto possuem, desde o
Morro dos Chapéos até á nascença do Rio das Velhas, cento
e sessenta leguas.
E nestas terras, parte dos donos dellas têm curraes proprios,
e parte são dos que arrendaram sitios dellas, pagando por cada
(*) Vid. Docs. do Arch. Municipal da Bahia.
À
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
sitio, que ordinariamente é de uma legua, cada anno dez mil réis
fôro.
EẸ assim como ha curraes no territorio da Bahia e de Pernam-
buco, e de outras Capitanias, de duzentas, trezentas, quatrocentas,
quinhentas, oitocentas e mil cabeças; assim ha fazendas, a quem
pertencem tantos curraes que chegam a ter seis mil, dez mil,
quinze mile mais de vinte mil cabeças de gado; donde se tiram
cada annos muitas boiadas, conforme os tempos são mais ou menos
favoraveis á parição e multiplicação do mesmo gado, e aos pastos,
assim nos sitios como tambem nos caminhos.»
~ Autoni Guedes de -Britto -tol ö ancestral da Casa que,
posteriormente, se chamou Casa da Ponte.
Sua filha D. Joanna Guedes Britto casou-se com Manoel de
‚Saldanha.
—Antonio Guedes de Britto era casado com D. Maria Magda-
Jena de Siqueira.
O grande sesmeiro, em virtnde de serviços prestados á Corôa,
foi dilatando os seus dominios pelos rios Paraguassú, Piranhas,
Capivary, Pardo, sitios das serras do Orubú de Cima, Macahubas,
Monte Alto até o Rio da Velhas. (*)
Durante o governo do Marquez de Lavradio, Vice-Rey do
Brazil com séde na- Bahia, foi-concedida & Ignačio da Cruz èë a
sua sogra Maria da Encarnação uma sesmaria de 12 sitios de terras
«partindo com o rio Capivary, entre esse rio eas serras do Orobó
ao léste e o rio Piranhas da parte do sul á beira do Rio Paraguassú,
em virtude de os mesmos os haverem arrematado emm hasta publica
na Villa da Cachoeira por execução que fizeram á mesma viuva de
Antonio Guedes de Britto.» (*)
Esses sitios são provavelmente os que posteriormente o
visconde do Itaəapicuráû de Cima arrematou em praça na Villa
da Cachoeira, cujos autos deyem ali existir.
Existe da Casa Ponte um Tombo de suas terras.
A familia da Casa da Ponte foi das mais notaveis em Portugal
e no Brazil.
A ella pertenceu D. João de Saldanha da Gama de Mello
e Torres, 6° Conde da Ponte, que governou a Bahia durante o
periodo de 1805 a 1810.
- €Tomou posse do governo a 14 de Dezembro de 1805. A 20 de
Abril de 1806 foi a Bahia visitada pela esquadta franceza comman-
dada pelo chefe M. Wilanez composta de sete navios, um dos quaes
commandado pelo principe Jeronymo Bonaparte, tendo sido
acolhida com respeitavel cortezia pelo conde da Ponte. Da estada
‚deste deu elle longo relatorio ao governo a 22 de Abril.
an ) Vide sesmaria citada.
(*) Vide Sesmarias—Arch. Publico.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 1983 —
A 28 do mesmo mez entrou outra divisão francesa comp
de seis navios commandada pelo capitão de mar e guerra Hermite.
Entre os serviços prestados por este governador contam-se a
extincção de diversos quilombos nas visinhanças da cidade eo
abafamento de uma grande insurreição de negros ussás.
A 22 de Janeiro chegou arribada a capitanea da frota em que,
pela invasão de Junot em Portugal, partiu de Lisbôa a 29 de
Novembro, trazendo para o Brazil o principe regente, depois rei
D. Joãšo VI. A estada d'este principe ne Bahia. fol de grande
importancia para a historia da independencia do Brazil.»
Em 1775 a Camara de Jacobina sustentou uma grande
demanda com os herdeiros de Antonio Guedes de Britto «sobre suas
grandes sesmarias, que ella calculou em trezentos leguas.» (*)
TERRAS DA CASA DOS MARQUEZES DE NIZA
A Casa dos Marquezes de Niza, D. Eugenia Maria José Xavier
Telles Castro da Gama Athayde Noronha Silveira e Souza, D. Do-
mingos Francisco Xavier Pio Telles da Gama e sua mulher D.
Maria Constança Saldanha da Gama, foi instituida em 1552 por D.
João II, Rey de Portugal, que den ao Conde da Castanheira, seu
ministro e auctor do celebre regimento que Thomé de Souza trouxe
em 1549, a grande sesmaria constituida das terras «de Itaparica,
Tamarandiva, Itapoan, Iha da Cal, Ilha de Fora; Ilha das Cannas,
Uhota, bem como as terras do Rio Vermelho, Cabulla, N. S. do ,
Repouso, Arambepe, Capoame, Bandeira e outras.»
Constituiram todas ellas uma Capitania em 1556.
Mais tarde constituiram o morgado instituido por D. Violante
da Camara contra quem o Senado da Carmara da Cidade do Salvador
sustentou renhido pleito, acabando este por perder a demanda
(vid. F. Freire —H. Territorial do Brazil. )
—Posteriormente passaram todas as terras aos Marquezes de
Lourical; por morte destes aos Marquezes de Cascaes.
—Por aviso de 6 de Abril de 1763 o Governo Portuguez man-
dou incorporar os referidos bens á Corôa, após a morte da
Marqueza de Cascaes.
Após varias reclamações, o Erario Régio, por Ordem de 23 de
Janeiro de 1788, mandou entregar essas terras á marqueza de Niza
«para ella usufruir logo que apresentasse a Carta de confirmação,» e
bem assim todos os emolumentos arrecadados e que se achavam em
deposito em 1789.
—Annos depois da Independencia do Brazil, essas terras foram
sequestradas pela Corôa Imperial, sendo mais tarde restituidas á
(*) Vide F. Freire—Hist. Territorial. pags. 209 a 214.
H B 25
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
proprietaria em virtude da sentença baseada no «Tratado de 29 de
Agosto de 1826.»
—Em 7 de Agosto de 1839 foram as terras da «Casa de Niza»
vendidas pelos seus successores os Marquezes do mesmo nome, por
escriptura passada na Cidade do Salvador,» ao Capitão Thomaz da
Silva Paranhos. i
—Por mòrte do Capm. Thomaz da Silva Paranhos passaram
esses bens ao Barão e Baroneza de Varzea».
— Varias têm sido as questões suscitadas no fôro, a proposito do
dominio directo dessas terras, de- grande parte das quaes, já de ha
muito, pela successão, os seus actuaes proprietarios têm o dominio
pleno, succedendo o mesmo que o occorrido com as casas da Torre
e da Pouté;
1651
FRANCISCO DA ROCHA
A bandeira de Francisco da Rocha partio de Ihéos em 1651.
Seguio por Marahú, Riode Contas e Camamú, bateu os Indios
Mongoiós, Botocudos e Patachós, e tomando o centro, percorreu o
Rio de Contas e seus afluentes, indo á Serra dos Aymorés, onde
encontrou os aguerridos Aymorés.
No mesmo anno partio de Ilhéos a bandeira de Gaspar Rodri-
gues Adorno, o mais celebre bandeirante bahiano depois dos dois
Avilas (Francisco Dias d'Avila).
Gaspar Rodrigues Adorno tinha por logar tenente Cosme
Carneiro.
A bandeira de Adorno percorreu os rios Jequitinhonha, Pardo,
Paraguassú e todos os afluentes e enfrentou os Indios Maracás.
1655
PEDRO GOMES E ELIAS ADORNO
A bandeira chefiada por Pedro Gomes e Elias Adorno venceu os-
Indios Moracús ou Maracás, que habitavam a Serra do Orobó.
DOMINGOS AFFONSO SERTÃO
Surgio no sertão de Rodellas, diz Euclydes da Cunha, na
sèėguuda metade do seculo XVII e localisou-se na sua fazenda
«Sobrado,» augmentando os seus dominios pelo Piauhy, Ceará e-
Pernambuco, chegando a ter cincoenta fazendas de creação.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 195—
1669
-FERNÃO CARRILHO
Fernão Carrilho, chefe de uma grande bandeira, auxiliado pelas-
Companhias de Ordenanças da Torre de Garcia d'Avila e Campos
do Rio Real, venceu os mocambos de Geremoabo e os Indios de
Jassurú e Itapicurú-mirim.
1699
Carta regia concedendo a Manoel de Araujo Aragão, licença
para criar a Villa de Maracás e abrir estrada para Conquista, para
explorar terra. (*)
Nesse anno Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista, fez
sua entrada nos sertões bahianos.
SECULO XVIII
1700
PEDRO GOMES DA FRANÇA (**)
Partio de Ilhéos em busca do Rio Patipe. Percorreu o Patipe
(Rio Pardo) o Jequitinhonha, o rio de Contas e o Paraguassú,
batendo os Indios e trazendo amostras de ouro.
—No mesmo anno a bandeira do Capm. João de Castro Fra-
goso e de Manoel da Silva Pacheco explorou as minas de prata e de
pedras preciosas da Serra do Picaraça. (***)
1724
LUCAS DE FREITAS
A bandeira de Lucas de Freitas partio de Ilhéos, foi a Porto
Seguro e dahi ao Rio Verde.
Encontrou ouro e pedras verdes e enfrentou o gentio Aymoré.
(*} Carta régia 15 de Março 7697 acceitando a offerta de D. Leonor Pereira
Marinho tpara assistir» de sua fazenda com os gastos e despezas na construcção da
fabrica de salitre que se ha de estabelecer nas terras do sertão á mesma pertencente
D. Leonor era viuva de Francisco Dias de Avila e tutora de seu filho Garcia
d'Avila Pereira.
(**) Em 1723 foi determinado ao Capm mòr Antonio Velloso da Rocha destroçar
um mocambo de 700 negros que infestavam Cayrú.
Em 23 de Março de 1723 uma C. Regia mandou tomar providencias sobre as
minas do Rio de Contas, de accordo com a Carta de Pedro Barbosa Leal..
(***) 1708 —Luiz Cezar de Menezes dá conta a El-Rey do ouro que seguio para
Lisbôa pela náo N. S. da Guia e que se perdeu com o naufragio da mesma náo,,
«comendo o mar todo o ouro.»
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
aAA
— 196—
PEDRO BARBOSA LEAL E PEDRO LEOLINO MARIS
Attendendo aos relevantes serviços. prestados pelo Coronel
Pedro Barbosa Leal nas entradas dos sertões, foi por El-Rey o mesmo
eñcarregado de explorar as.ıninas e em 1724 crear a Villa do Rio
de Contas, á margem do Rio Bromado.
O ouro encontrado por Sebastião Raposo em um riacho proximo
ao logar «Matto Grosso» induzio a Corôa a tomar esta providencia.
«Em 1742 a Villa de Minas do Rio de Contas foi transferida
para um local distante sete kilometros do em que está hoje a cidade;
passando a denominar-se Viha Velha a Villa creada por Pedro
Barbosa Leal.
«Foi elle quem abrio a estrada que ligava Minas com a Babia,
‘tornando directas as communicações da industria pastoril de Sergipe
e Piathy com Minas Geraes.
Em 1725 essa estrada estava aberta (Carta de Vasco Fernandes
Cezar de Menezes ao Rei, em 19 de Janeiro de 1726. (F. Freire--
E Lent i
Em sua carta de 11 de Junho de 1725 diz: tque desemboca no
mar o rio da Villa dos Ilhéos, trazendo a sua origem do interior do
sertão das mesmas serranias que correm das minas do Rio de Contas
para a Serra do Frio e Minas Geraes conhecido pelo nome de Rio
Pardo e se sabe com evidencia, que nas suas nascenças tem ouro e
depois de atravessar grande continente do sertão deserto e habitado
de barbaros indios, por ser caminho pela testada da Serra dos Goy-
taracas, donde principião, já as mattas grossas, que distavam da
Villa dos Ilhéos 10 ou 12 legoas e nesta serra dos Goytaracas se tem
visto ouro em duas entradas que a ella tem feito alguns moradores
dos Ilhéos que por causa do gentio barbaro se não tem franqueado.
—Nessa serra tem principio aquellas montanhas que descreve o
Padre Simão de Vasconcellos.
Dos rios do sul, © de Contas foi o primeiro, cujas cabeceiras
começaram a se povoar, porque todo ọ «continente que vai da Bahia
até o rio Doce, pela costa do mar, se acha povoado com as Villas de
Cayrú, Boipeba, Camamú, S. Jorge de Ilhéos que são da Capitania
do Almirante de Portugal pela tençã que fez o senhor Rei D. João II
de 50 legoas por terra a Jorge de Figueredo Correia, que chegou ao
Rio Grande, em cuja barra ha pouca povoação.
Na barra do Rio de S. Matheus que se segue logo ha dois ou
tres moradores que ali se foram refugiar por não serem presos por
seus delictos; na barra do rio das Caravellas estão alguns moradores
a quem se deram algumas sesmarias pelo Governador Geral da Bahia
e não se estendem para o sertão pelos assaltar o gentio quotidiana-
mente na mesma povoação que tem principiado naquella barra; na
do Rio Doce não ha povoação alguma.
Todas estas povoações se não estendem para o sertão mais do |
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 197 —
que 2 ou 3 leguas, porque sua pobreza Ihes não permitte maior
tensão de lavouras, como por estarem todas as mattas de que se
compõe o paiz nos seus sertões habitadas de varias nações de gentio
bravo. Pela parte do sertão se acha o mesmo continente povoado com
as minas do Rio de Contas, minas de Tacambira, serro do Frio e
Minas Geraes ao redor dos quaes e por entre ellas se achão povoados
e muitos curraes de gado.
Entre as referidas minas e povoações do sertão da costa do mar
medirá todas as terras de catingas, de campo e mattas dos povoados e
incultas sem povoações algumas de portuguezes e somente habitados
de muitas e variasnações de gentio barbaro que a assenhorearão
sem que até agora fossen conquistados, domesticados nem
aldeiados. (*)
, Foi dos mais importantes o papel de Pedro Barbosa Leal na
colonisação e conquista dos sertões bahianos.
Pedro Leolino Maris, destemeroso bandeirante, tambem
percorreu em 1724 a região das terras centraes da Bahia, localisando
minas e estudando-as por ordem regia.
Etn carta ao Viċce-Rey Vasco Fernandes Cezar de Menezes,
garantio estar localisado no -Rio de Contas o celebre roteiro de
Belchior Sarayva Dias Moreya, pai de Roberio Dias.
A carta de Pedro Leolino Maris foi em resposta a que, em 10 de
Fevereiro de 1731 o Vice-Rey Coude de Sabugosa lhe enviou dando
instrucções sobre o «modo de conter os disturbios que occorriam nas
minas; sobre não ser digno de compaixão Manoel de Figueredo;
sobre o rendimento e modo de cobrança dos quintos; sobre os bandos
que devem annunciar a todos os mineiros que metão o ouro na Casa
da fundição; sobie a concessão de previlegio a Antonio Correa para
conduzir o ouro.
No final da respectiva Carta o Conde de Sabugosa dizia: «que
os quintos fossem tão avultados que podessem desmentir O que
sperava muitos diziam e accreditar as suas diligencias e traba-
HETE it.
A Carta de 19 de Fevereiro de 1725, assignada por Vasco Fer-
nandes Cezar de Menezes, declara a El-Rey que restituindo Pedro
Barbosa Leal a esta Capital depois de ter aberto hum caminho da
Jacobina para Rio de Contas onde estabeleceu uma Villa com seu
magistrado e poz em forma a cobrança e arrecadação dos quintos
daquellas minas trouxe em sua companhia «quatro mil e tantas»
oitavas de ouro que são as que pertencem aos quintos de 1724, ven-
cidas no mez de Julho. Trabalhavam nesse anno em Jacobina 700
bateias e em Rio de Contas 800.
(*) Trecho da Carta de Pedro Barbosa Leal---Vide F. Freire—H. Territ do
Brazil.
(**) Vide manuscriptos. Arch. Publico—(1730—-1734) «Carta do Vice Rey ao
mesmo Pedro Leolino em 1732.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 195
Houve de 1721 a 1724 532 assassinatos.
Eim 1725, por falta de agua foram dilatados os quintos.
Carta Remia de O de Revereiro de 17/29.
El-Rey manda que Vasco Fernandes Cezar de Menezes cobre
os quintos do ouro pertencentes á Fazenda na forma que fôr possivel,
procurando sempre augmental-os e que quanto aos editaes que Pedro
Barbosa Leal tem publicado no Rio de Contas não sejam os mesmos
approvados, sem que fique constatado que os editaes são justos e con-
venientes ao seu serviço, pedindo de tudo as informações necessarias.
Vasco Fernandes informa que os quintos do ouro de Jacobina ə
Rio de Contas devem ser cobrados por bateras e que os editaes de
Pedro Barbosa Leal são convenientes ao servico de SM. e uteis A
sua Real Fazenda. `
Inf. de Vasco C. Fernandes de Menezes ao Rey —em 7 de Julho
de TES.
Dá conta da remessa de 38 mil cruzados e tresentos e setenta e
um mil setecentos e noventa e quatro reis dos quintos de Jacobina
e Rio de Contas e tambem em virtude do Dec. de 5 de Setembro de
1720 mandou entregar a Raynha Nossa Senhora— por seu Procu-
rador a vintena dos ditos quintos que importou em 822$726 reis-
«Os descobrimentos do ouro se repartiam em datas; a 1°. para
El-Rey; a segunda para o descobridor; e as mais para os mineiros; e
como em se retirar uma para a Raynha N. Senhora não resultava a
ninguem prejuizo, tambem Pedro Barbosa a meteu na serie dellas.»
Ord: Reg. de 1 dë Deżzembro de 1725.
Dom João por graça de Deus Rey de Portugal etc.
Faço saber a vós Vasco Fernandes Cezar de Menezes Vice Rey
e Capm General de mar e terra do Estado do Brazil que se vio a conta
que me destes em carta de 7 de Julho deste presente anno de que ao
provedor-mór da fazenda real deste Estad orťřdenei fizėsses
remetter ao Thezoureiro de meu Conselho ultramarino 38 mil cru-
zados e 371.694 reis dos quintos da Jacobina e Rio das Contas e na
forma do decreto de 5 de Setembro de 1720 mandareis entregar ao
Procurador da Raynha, minha sobre toda amada mulher a vintena
dos quintos que importam em oitocentos e vinte e dois mil setecentos
e vinte e seis réis que tambam ordenareis se remettessem ao mesmo
Thesoureiro do meu Conselho Ultramarino 323$000 de huma
tomadia que se fez em dois escravos no Rio de Contas por hirem sem
carta de guia e os meus despachos: Me pareceu dizer-vos que dodin-
heyro se mande passar conhecimento em forma paraa carta do
Thezonreiro Geral de cujo recebimento sahyo este dinheyro.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 199 —
El-Rey nosso Senhor o mandou por Antonio Rodrigues da
Costa e Doutor José Gomes de Azevedo, Conselheyros do seu Con-
selho Ultramarino e se passou por duas vias. Dionisio Cardoso
Pereira a. fez em Lisha Occidental enr 1° de Dezembro:de 1725: 0
Secretario -Lopes de Lavreafez- escrever-Joaguim -Ant?-Roiz-da
Costa—-Joseph Gomes de`‘Azevedo:
CARTA DE PEDRO LEOLINO MARIS—DE 11 DE
JUNHO DE 1726
Nessa carta Pedro Leolino Maris dá conta ao Vice-Rey—V. F.
C. Menezes dos descobrimentos feitos nos rios Paramirim, das
Cöntaş, na Setra-da- Tromba, e Serra Branca, mostra ao Vice-Rey
eucontrar-se naquellas paragens o verdadeiro roteiro de Belchior
Dias Moreya.
«Cita que em certas noites ouvem-se grandes estouros naquellas
partes huãs vezes como tiros de ronqueiras, outras como bateria de
dez ou doze peças, e ás vezes tem lançado de si alguns vulcões.»
O certo é, diz elle, que o antigo Belchior. Dias Moreyra, estando
aquartelado no Paramirim, fez aquy a sua entrada e se deteve
bastante tempo, e especialmente aonde se acha um marco, pelos
vestigios que se achão da sua gente, em paus donde tiraram mel
com machado, cujas cicatrizes já cobertas de novo, mostram a
antiguidade do tempo, e bem assim os fôjos feitos para caçar antas.»
Foram companheiros de Belchior, nessa estrada, seu filho
«Roberio Dias e Marcelino Coelho de Bitancor.»
Foram companheiros de Pedro Leolino Maris nesta estrada:
«André.da Rocha Pinto» que procurou as nascentes do Rio Verde;
«Franco Dias e Bernardo de Mattos» que procuraram o ouro encon-
trando-o «em pintas de contas (dahi provem o nome do Rio de
Contas ) e mais «Braz Esteves e Thomaz Gago» que o exploraram
Paramirim, Antonio Novaes de Oliveira, Gonçallo de Gouvêa,
Miguel Francisco Muniz Soares de Souza, e Ant? Prado da Cunha.
Todos elles deram o seu parecer sobre o ouro, sua qualidade, e
a procedencia, si do leito do rio, se desaggregado das montanhas e
trazido pelas correntes.
(Livrò de ordens Regias 1725 n. 22—pags. 267 a 271v.)
Carta sobre ter ordenado ao Provedor mór da Fazenda, reme-
tesse a importancia dos quintos que vierão de Jacobina, e Ryo de
Contas.
Senhor. Ao Dezr° Provedor-mór ordeno faça remetter ao
Thesoureyro do Conselho Ultramarino, a importancia dos quintos
da Jacobina e Ryo das Contas, que tirada a vintena da Raynha N.
Senhora importa o liquido oito contos, cento e setenta e sette mil
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 200—
réise a continuação e exccesso das agóas fez com que não
n fosse mais
_avultada esta remessa.
A real Pessoa de V. Mag. Nosso Senhor, como seus vassallos
havemos mister. Bahya e Agosto dezasette, de mil settecentos e
vinte eseis. Vasco Fernandes Cezar de Meneses:
Carta sobre os exames de diligencias, gue mandou a V. Rey
fazer acercča da noticia de se achar nesta cidade ouro em pó. 16 de
Agosto de 1726.
Para averiguar o facto foi encarregado o Ouvidor desta cidade.
Esse foi á Casa dos mineiros arrecadou todos os papeis è chegou Ț
á conclusão de que tinham şido vendidas trinta e tantas libras
dE Olo.
Foram presos os delinquentes, sequestrados os negros, impor-
tando tudo em vinte e tantos mil cruzados, que ficaram em deposito,
até serem remettidos ao Conselho Ultramarino.
No logar S. Pedro do Monte, onde os comboieiros costumavam
fazer alto; foi feita a mesma diligencia, succedendo o mesmo na
frota que partio p° Lisbôa.
Terminada a devassa foi entregue ao Vice-Rey, ficando respon-
sabilisados Pedro Fernandes Souto, Escrivão da Casa da moeda è
alguns negociantes. Souto comprou as 30 libras de ouro em pó.
Carta do Vice-Rey Vasco C. Fernandes de Menezes de 23de
Julho de 1726, dando conta a El-Rey da entrada que fez Antonto
lelloso, Cap. mór, auxiliado pelo Coronel João Perxoto que bateram
os Indios que devastavam. Cayrú, demoliram os seus ranchos e
estabeleceram arrayal no vzo Una.
Esses Indios impediam a marcha dos mineiros de ouro para
Jacobina e Rio de Contas.
Carta reg. dé 18 de Marco de 1726. U: João por graça de Deus,
Rey de Portugal e dos Algarves etc.
Paco sáber a vôs Vasco Cezar Fernandés de Menezes, Vi Rey
e Cap. General de mar e terra do Estado do Brazil que havend
visto o que me escrevestes em carta de oito de Agosto de 1724 qu
ahy chegarão cřæco mil oitavas de ouro dos quintos do Rio das Conta
e que brevemente esperaveis os da Jacobina e huns e outros fariei
remeter na primeira occasião que houver náu de guerra. me pareceu
por resol. de quinze deste presente mez como em consulta do meu
Cons. Ultramarino mandar-vos avisar que se receberão estas oitavas
de ouro do Rio das Contas nas quaes deveis se declarar o espaço de
tempo que produzio este rendimento, e que ponhaes particular cui-
dado em evitar que este ouro das minas e o da Jacobina cobrando-se
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 201—
por batêas e em pó não dê occasião a fazerem-se descaminhos do
ouro das minas geraes, que pagam quintos na Casa da Fundição
fundindo-se e marcando-se as barras. El-Rey nosso Senhor o man-
dou por Antonio Roiz da Costa e o Dr. José Gomes de Azevedo
Conselheyros do seu Conselho Ultramarino e se passou por duas
vias. Dionisio Cardoso Pereira a fez em Lisbôa occidental a dezoito
de Março de mil setecentos e vinte e seis.
Antonio Roiz da Costa e Joseph Gomes de Azevedo.
*
* *
As fundições de Jocobina e Minas do Rio de Contas, como
vimos em capitulo anterior, foram creadas em 13 de Maio de 1726.
Eram administradas por um director, que era sujeito ao Inten-
dente Geral do Ouro, quasi sempre um Desembargador da Relação.
Por alguns annos—1724 a 1734—foram seus directores Pedro
Leolino Maris e Pedro Barbosa Leal, como se verifica da corres-
pondencia do Vice-Rey aos mesmos.
As fundições tinham organisações completas como se poderá
ver das remessas de materiaes, que, desde sua organisação até a
data em que foram extinctas, foram feitas para o seu regular
funccionamento.
A provisão régia de 23 de Julho de 175ł para não citar outras,
determinou a entrega ao administrador da fundição de Jacobina
dos objectos seguintes: dezesete libras de solimão, dois canos de
ferro para folles de forja, dois cabos para bimbarra de engenho,
dois descanços para balança de encayxo, uma balança de pezar
prata, um forno, tres funis para o encayxo, seis frascos de agua
forte, um pharol com seu engenho, uma fôrma de rodellas, seis
barras de chumbo com tres arrobas e seis libras e uma pedra de
toque.
—Ainda existe em Jacobina uma importante prensa de bronze,
com peso superior a 500 kilos, ornada com as armas portuguezas e
com a inscripção do anno de 1726. Constitfe um monumento
historico de grande valor. Foi ali construida com o cobre tirado de
varios pontos.
Carta do Vice-Rey—Sobre remetter ac Conselho Ultramarino
as relaçoens, documentos e amostras de ouro do novo descobri-
mento que se fez no Ryo das Contas.
Ao Conselho Ultramarino remeto as relaçoens, documentos e
amostras de ouro, do novo descobrimento que se fez no Ryo das
Contas, de que foi encarregado o coronel Pedro Leolino Maris,
e sendo tudo certo como suponho, verificar-se-há naquelle conti-
H B DE:
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 202—
nente, o roteiro do celebre Belchior Dias .Motibeca e o descobri-
mento da prata se faz a mesma diligencia. Deus. guarde a V. M.—
Bahia e: Agosto «dose, ‘de mil-settecentos`e:vinte: e seis. —Vasčo
Fernandes Cesar de Menezes.—-Snr. Diogo de Menezes Corte Real.
Antonio Carlos Pinto fez varios descobrimentos no Ryo das
Contas.
No livro n. 22 de Ord. Régias de 1725—1726, constam apenas
as indicações do indice, não se encontrando as informações e as
cartas.
1730
Carta do Cònde de Sabügosa a` Pedro Barbosa Leal declarando
ter recebido por mãos de Antonio Carlos umas amostras de prata
(Sabugosa falla sobre o fim occulto da viagem de Antonio Carlos,
que se demôórou ét Caċhoeira. )
Carta do Conde de Sabugosa, remettendo a; Pedro Leolino
Māris uma provisão que recebeu d’El-Rey «afim de que a vista
della dissesse tudo oque pertencesse ao seu conteúdo ainda que para
elle (Sabugosa) se fizesse desnecessaria esta diligencia porque
conheciá o fim a que se encaminhava a menos-sinceridade do
Governador das Minas, sendo certo que esta e as mais cautelas de
qüe usa são tão affectadas, que não ha ninguem que não as
conheça.»
Carta 28 de Novembro 1878. O Conde de Sabugosa ordena ao
Guarda-mór das Minas do Río de Contas «evite a extracção do
oiro, prendetdo a toda a:pessôa gue saiit Còt elle em Pô
e fazendo-lhe sequestro em seus bens, uzando para este exame de
todos os meyos que não ignora».
Carta :de. 1.° de Dezembro 1730. Sabugosa ordena a João
Francisco Feitil que Ihe dê conta do augmento da arrecadação de
Jacobina, pertencente á corôa louvando o zelo e interesse.
Carta de Sabugosa aos offciaes da Camara de Jacobina estabe-
lecendc o registo do gado e regulando a quantidade de gado que
os Religiosos podiam receber para sua sustentação ( Dez. 1730).
Carta. de 12 de Dezembro 1730 a Pedro Leolino Maris. Nella
o Conde falla sobre os fornecimentos feitos ao mesmo Leolino para
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 203—
-s tiovos descobrimentos, de que Leolino não dava mais nòticias—
no Ryo das Contas—«e queixa-se de quẹ todas as ` pessôas que
sahem das Minas do Ryo das Contas trazem tuna ou duas barrinhas
de'ouro que levam á Casa da Fundição para lhe servir de, capa á
extraćção em'que todos cuidam e a tropa não serve para evitar este
prejuizo causado á corôa.
Maħñnoel Mendes, diz elle, não se houve com sinceridade,
levando ös emolumentos que quer pelo ouro sahidc,
«Esperava que os quintos viessem eni barras e estava sentindo
que os rendimentos delles não acabassem de fazer crer a falta de
diligencia, zelo e cuidado de que se aproveitam os transgressores
para fraudar a «Fazenda Real»,
«Ordena que logo que chegue Sebastião Leme o auxilie em
tudo aqnillo de que precisar.»
Carta de 10 de Março de 1730—OỌO Conde de Sabugosa ordena
a repressão dos motins causados por municipes insolentes, abrin-
do-lhes devassas, punindo-os com energia.
Manda que os comboyeztros dos quintos deem fiança «a meterem
na Casa da Fundição os productos dos seus comboyos», e ordena
conclua o «serviço da introducção das aguas para lavagem do
ouro», lembrando novos processos para cohibir os vicios da
extracção.
—
.- Carta de 4 de Abril de 1731—Accusando recebida do Capitão
André da Silva Pereira «hum embrulho de pedras, entre as quaes
huma cravada de prata, o que prova existir prata e que aquelles
homens têm razão particular em occultarem.»
Carta. de 28 de Setembro de 1731 em que o Conde de
Sabugosa, de ordemdo Rey, condemna os excessos do superinten-
dente Manoel Francisco dos Santos Soledade «que queria fazer
proprios os thesouros alheios, usurpando as terras com dono e já
beneñciadas e admittindo criminosos em seu arrayal em Ilhéos»,
e prohibindo-lhe os descobrimentos».
1732
Carta para o guarda-mór das Minas do Rio de Contas, decla-
rando o Conde de Sabugosa que João Luiz lhe entregou 42 oitavas
de ouro, pertencentes ás datas de S. Magestade e que Rodrigo de
Barros lhe entregou duas barras de ouro pertencentes aos quintos.
Carta 13 de Julho de 1732—Do Conde de Sabugosa a Pedro
Leolino Maris, pedindo remessa das pedras achadđas por André
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 204—
Vidal da Silva e das encontradas por Frey Francisco das Neves,
que se suppunham ser esmeraldas.
Ordi Reg. de 17 de Janeiro de 1/35— Determina a pena com
que deviam ser castigadas as pessoas que commettessem a falsidade
de misturar com o ouro em pó, outro qualquer metal ou genero
differente para ser vendido com engano do comprador.
«Se a falsidade chegasse ao verdadeiro valor de um marco de
prata, devia ser castigado com pena de morte e de confiscação de
todos os seus bens para a Fazenda Reàl; e se a falsidade não
chegasse ao valor de um marco de prata fosse o falsario degredado
para Angola e fossem confiscados todos os seus bens para a
Fazenda.
Ord. Reg. 24 de Dezembro de 1734—-«Ha El-Rei por bem,
que ainda nas terras em que com sua permissão se extrahirem
diamantes, além das outras providencias que prescrevem as leis e
que eu for servido dar, porem reservadas para a minha Fazenda,
os que forem de pezo de 20 quilates ou dahi para cima e as pessoas
que oş acharem ou tirarem, os entreguem logo dentro de 30 dias,
contados do dia em que os tirarem ou acharem nas Casas da
Fundição, ou aos Ministros mais visinhos para os remetterem a
ellas; e sendo os taes diamantes manifestados e entregues por
qualquer escravo, ficará fôrro e se Ihe passará carta de alforria, e
se lhe darão a seu dono pelo valor do mesmo escravo 400000; e
sendo feita a entrega por homem livre se lhe darão os mesmos... .
400$000.
Ordem Régia de 4 de Julho de 1732 —O Conselho Ultramarino,
em nome de D. João, devolveu ao Conde de Sabugosa as amostras
que o mesmo remetteu, declarando que a pedra tirada da mna da
rata pezou um marco, quatro onças e seis oitavas e della se tiraram
tres onças de prata de onze dinheiros e vinte e um grãos e vay
com o numero primeiro, vindo a tirar-se cem oitavas de prata; a
prata que vay com o numero segundo tem onze dinheiros e vinte
grãos e a que vay com o numero terceiro tem dez dinheiros e vinte
grãos e meyo; o Cobre que vay com o numero primeiro tem em
cada marco quarenta e nove oitavas e vinte grãos de ouro fino, e
14 oitavas e cincoenta e dois grãds de cobre, que veiu a ser de
quatro partes as tres de ouro, e a quarta parte com pouca differença
de cobre.
O chumbo é capaz de se usar delle.
Ordem Régia de 24 de Julho de 1732—El-Rey, pelos Conse-
Iheiros de seu Conselho Ultramarino, manda dar conta do exame
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 205—
procedido nas pedras remettidas pelo Conde de Sabugosa: «a que
remetestes, achada no Rio Jequetinhoha hé um christal e as duas
que Gregorio Affonço da Torre achou na sua lavra junto da Villa
da Jacobina são diamantes sem differença dos que se achão no
Serro do Frio.
~ «Em quanto ás esmeraldas que remetestes sou servido avisar-vos
que não tem estimação alguma pella sua má côr».
El-Rey estimulava na mesma Carta a descoberta de esmeraldas
estimaveis promettendo premios aos descobridores.
Ordem Régia de 14 de Março de 1732—El-Rey se inteira do
communicação feita pelo Conde de Sabugosa acerca da conquista do
Rio de Contas, em quasi 80 leguas, estabelecendo curraes, vencendo
o gentio bravo e encontrando alguns ribeyros com ouro de sorte.
Communicação do Conde de Sabugosa ao Rey sobre o appare- `
cimento de diamantes em Jacobina, «em sitios distinctos dos que
se retira o ouro, prohibindo logo aquelle lavor até que S. Mages-
tade determinasse a arrecadação que havia ter o quinto destas
pedras».
1730
DOMINGOS HOMEM DEL-REI
A bandeira de Domingos Homem d’El-Rei partio de Ilhéos em
1730, procurou as cabeceiras do rio S. Matheus e cruzou com a de
Sebastião de Leme, que vinha de Minas Geraes.
Por esse tempo o mestre de Campo Joaquim Quaresma Delgado
havia levantado um mappa das regiões percorridas, estabelecendo o
seu celebre roteiro.
«Vide Felisbello Freire—H. Territ. do Brazil—e manuscriptos
do Archivo Publico (1731).
Os seus vencimentos eram de 3000 cruzados annuaes.
1734
ANDRÉ DA ROCHA PINTO
E’ contestado o roteiro de André da Rocha Pinto. Luctou com
os Aymorés, seguindo em seu auxilio Domingos Carneiro. A ban-
deira de André da Rocha Pinto partio de Ilhéos.
Recebeu reforços de Indios das missões do Pontal, N S° das
Neves, Bom Jesus e §. Gonçalo do Salitre ede Jacobina (1731)
para a Conquista do Ryo de Contas.—Rocha Pinto foi auxiliado por
Manoel de Queiroz Sampayo e João. Peixoto Viegas. AR
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 206—
' 1735
DOMINGOS GONÇALVES DO PRADO
Explorou o Jequitinhonha, o Pardo e a Serra do Aymorés..
Encontrou ouro e diamantes e bateu os Indios Aymorés.
1783
CHRISTOVÃO DA ROCHA PITTA
Descobrio minas de prata e cobre na serra da Borracha.
1783
JOÃO GONÇALVES DA COSTA
João Gonçalves da Costa era natural de Chaves em Portugal.
Desvendou 80 legoas entre o sertão de Ressaca e o littoral e
abrio as estradas de communicação com Camamú, Rio de Contas,
Ilhéos e Conquista, fazendo descer de Conquista os primeiros lotes
de gado. Em 1783 encontrou os indios Nogoiós, aos quaes se tinham
unido muitos negros fugidos que os insuflavam contra os brancos.
Relatou ao ouvidor de Ilhéos, Francisco Nunes da Costa, as peri-
pecias da entrada.
Levou 66 homens. Diariamente desertavam, restando apenas 25
com os quaes chegou ás grandes aldeias indigenas, de que era chefe
o celebre Capivára—— o Capitão Grande.
Por esse tempo Capivára pelejava contra os Aymorés.
Aos Nogoiós se tinham unido uns negros e um mulato ladino.
Capivára entrou de amizade com Gonçalves da Costa, que
retrocedeu trazendo duas bellas indias moças como refem e varios
objectos indigenas, promettendo voltar no fim de quatro luas.
No periodo de 1803—1806, João Gonçalves da Costa, auxiliado
pelo mestre de Campo João da Silva Guimarães, depois de uma
grande lucta entre 50 portuguezes e 300 indios em um logar, hoje
chamado Batalha, venceu os indigenas. «€m allusão ao facto ali
construiram uma capella com o nome de N S. da Victoria de
Conquista. »
A lucta principiou ás 4 horas da madrugada e terminou á tarde.
1841
Em 1841 o Alferes Mattos, vindo de Minas, explorou o Assuruá
eem 1842 a 43 apanhou diamantes na Chapada, e José Pereira do
Pardo—-1844 descobrio as minas diamantinas de S. Izabel do Para-
guassú em Cambucás (na Serra da Chapadinha) e no Mocugê.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 207—
José Francisco Thomaz do Nascimento descobrio em 1857, em
Ilhéos, turfas, carvão de pedra e varios betumes e calcareos impré-
gnados de petroleo; em 1854 descobrio cobre no riacho Amendoim,
na Ilha de Itaparica e no mesmo anno descobrió a turfa de
Marahú; em 1857 descobrio tambem o manganez em Nazareth, nos
sitios «Cocão e Sapé.»
Era um homem de grande experiencia e pratico em assumptos
de mineração.
Em 1882 alguns escravos descobriram as minas do Salobro.
ESTRADAS
ESTRADA DO NORTE—NO fim do seculo XVI tinham-se aberto
em uma extensão de quasi 30 legoas as estradas que partiam da
Capital até o rio Real e da costa para o sertão.
ESTRADA DE GABRIEL SOARES—Principiaya nas margens e
Rio Jaguaripe, procurava o Paraguassú, dahi a Serra do Orobó, <
rios Jacuipe e Itapicurú, Jacobina, Rios Salitre e S. Francisco.
ESTRADA DE BELCHIOR Diıas--Partia do Rio Real, encami-
nhava-se para Jacobina, rumando pelo Itapicurú, buscando o sertão
de Massacará, Tucano, Itiúba, Serra Branca, Assuruá, passava ao
Rio Verde e deste ao Paramerim, voltando depois ao Rio Salitre,
seguindo em direcção a Sergipe e Pernambuco.
A?’ proporção que se descobriam as minas sertanejas, abriam-se
estradas para o escoamento dos minerios e o commercio de gado e
de viveres.
Em 1700 foi aberto o caminho para as minas, pelo Valle do
Rio S. Francisco,
CAMINHO DO SERTÃO—Foi aberto, a partir de Cachoeira em
demanda do sul, para communicação da Bahia com Minas, S. Paulo
e Rio de Janeiro.
De 1700 em diante era a estrada mais frequentada.
De Cachoeira ia a João Amaro—25 legoas.
De João Amaro até Trangqueira 40 legoas—De Tranqueira ao-
arraial de Mathias Cardoso 52 legoas—Desse arraial ao Rio das
Velhas 54 legoas.
Estrada da Cidade do Salvador parao norte. «Passava na
Feira Velha, Pojuca e rio Catú..
Bordejando a Matta dė S. João chegava a Alagoinhas. Ahi.
entroncava com a que seguia para Pernambuco.
Chegava a Aramary, Rio da Prata, Subahuma, passava o
riacho Camaragipe e seguia para Agua Fria e Serrinha.
Dahi chegava a Tambuatá, ao tanque do Coité, ao rio do Peixe,
seguindo o valle do Pálmėitinha até Sapucáia, onde estava o
registro das estradas e dahi a Villa de Jacobina.»
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 208—
ESTRADA DE JACOBINA A RIO DE Con'ras—«Partia de Jacobina,
atravessava o rio Jacuhype e passava a leste do Morro do Chapéo.
Dahi vinha até Campestre, atravessava o riacho Cochó e
chegava ao arraial do Bom Jesus da Lapa.
Dahi costeando a Serra da Tromba, ia ao rio Agua Suja, atra-
vessava o rio de Contas e chegava ao arraial de Matto Grosso.
Dahi a estrada chegava á villa do Rio de Contas, entroncando
com ella, a estrada que vae para a Bahia e Minas Geraes.
«A estrada que partindo da Capital ia a Joazeiro, bifurcava-se
em Queimadas, indo um trecho della para Jacobina.
Em Aramarys, um de seus pontos, seguia outra estrada em
direcção do norte. j
Atravessava o Itapicurú, junto a Villa passava-se em Nambis,
ladeava o rio Real, na cidade hoje de Campos (Sergipe) e ahi
tomava varias direcções.
Chamava-se a Estrada das Boiadas.
ESTRADA DO LITTORAL—Balthazar da Silva Lisbôa, em 1880,
foi encarregado de abrir a estrada do littoral, đe Valença até o Rio
Doce, onde chegava a jurisdicção da Bahia.
Corna toda a costa sul da Bahia; procurando muitas vezes
pontos mais centraes.
ESTRADA DE MINAS A BELMONTE— Essa estrada foi mandada
abrir em-1810:
ESTRADA DE ILHÉOS Á CongouIstAa—Sua abertura foi incum-
bida'em 1783 a João Gonçalves da Costa e tinha por objectivo dar
livre passagem ao gado.
ESTRADA DĘ CAMAMÚ PARA AS MıNas—Foi aberta em 1788
por Francisco de Souza Feio, grande sesmeiro na Serra do Garirú.
ESTRADA DE ILHÉOS PARA MONTES ALrros—Foi mandada
abrir em 16de Outubro de 1802 pela corôa, sendo encarregado
dessa tarefa o Coronel José de Sá Bittencourt Accioly.
Essa estrada servia para a conducção de gado, ouro e salitre.
ESTRADA DE JEQUIRIÇÁ A VALENÇA—Foi mandada abrir em
1811 pelo Conde dos Arcos, attendendo ao pedido do capitão-mór
das ordenanças de Jequiriçá.
SIGNAES, SYMBOLOS E INSCRIPÇÕES INDIGENAS E DOS
BANDEIRANTES
CAVERNAS E GRUTAS
Os symbolos, signaes e inscripções encontrados pelos bandei-
rantes, missionarios e por varios scientistas, que têm perlustrado as
terras centraes de nosso Estado, constituiram e ainda hoje fazem
assumpto dos mais acurados estudos.
.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 209 —
São, no dizer de H. Handelman, em sua Historia do Brazil.
“documentos isolados de um antigo passado.»
Koster descobrindo hieruoglyphos no Ceará, Wallace encon-
trando esculpturas na bacia do Amazonas Elias Herkmann com-
parando as pedras artisticamente arruma,das em Pernambuco ás
espalhadas pelos Hunos na Hespanha, os baixos relevos deparados
por Alexandre Rodrigues Ferreira nas grutas de stalactites de
Matto Grosso, os innumeros signaes, symbolos e inscripcões des-
cobertos por Spix e Martius no interior da Bahia, prestaram
relevantes serviços á archeologia brazileira.
(E evidente que esses documentos são, na maioria des casos,
obra de tribus iudigenas desapparecidas ou emigradas para muito
longe, de modo que os actuaes habitantes de pelle vermelha, esses
logares, veem nelles um enigma tão insoluvel como os seus
descobridores brancos.»
—Dos mais interessantes são os signaes, de que fallavam, em
1550, os indios da Bahia ao Padre Manoel da Nobrega, mostrando-
Ihe em uma pedra a impressão do pé de Thomé Sumé.
«Ha muito tempo, rezava a lenda, apparecerm nesta terra dois
santos homens, dos quaes um se chamava Thomé ou Sumé e
ensinaram a lavrar os campos e a cultivar e a preparar a mandioca;
mas os nossos avós brigaraim com os seus bemfeitores e perse-
guiram-nos com os seus arcos retezados..
Thomé revelou então o seu poder divino: as settas que lhe eram
disparadas voltaram-se contra os ingratos atiradores e os mataram;
as mattas e os rios separayam as suas arvores para dar passagem
ao santo que fugia. Assim deixou Sumé a terra, desgostoso com
a maldade dos homens, promettendo, porém, voltar, etm fé do
que deixou na pedra rija o signal dos seus pés.»
«A lenda do apparecimento ẹ expulsão de Thomé parece
indicar que houve uma invasão de elementos civilisadores, diz H.
Handelman, no paiz, ou antes, que a raça autochtone, na epoca em
que se fez o descobrimento do Brazil, tinha vencido, conquistando
o territorio, populações já bastante civilisadas e assimilado os seus
costumes e conhecimentos. Comparando-se essa interpretação da
lenda com as inscripções symbolicas, as pedras amontoadas artifici-
.almente e outros monumentos a que já alludimos, ser-nos-há licito
talvez admittir que, assim como no centro dos Estados Unidos,
-existio no Brasil um povo immemorial que desappareceu na noite
dos tempos e era mais adiantado moral e materialmente do que os
seus successores, sem, comtudo, poder igualar os habitantes do
planalto do Perú, da Nova Granada, da America Centrale do
Mexico.
Essa hypothese está de accordo com o testemunho dos mais
antigos escriptores, os quaes contavam que cada um dos grupos de
povos do Brasil se tinha na conta de mais antigo do que o ones,
H B
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
— 210—
Naturalmente foram ambos invasores e igualmente extranhos
ao povo primitivo e aos seus monumentos.»
*
* *
Varios são os pontos do Estado da Bahia, onde em abundancia
se encontram inscripções, signaes e symbolos indigenas e de
bandeirantes.
Alguns são de dificil decifração e parecem não pertencer nem
aos indios nem aos batedores dos sertões, devendo ficar na classe đe
que- falla H. Handelman.
—Esses signaes, inscripções e symbolos, de ordinario estão
gravados nas paredes das grutas e cavernas ou em rochedos ás
margens dos grandes rios.
Citamos algumas das grutas onde se as encontrani: Gruža dos
Abreus, em Campo Formoso, onde se tem cotmo certo o roteiro de
Roberio Dias; Gruta do Angelim, em“ Cannavieèiras) gruta da
Mangabe:ra, em Ituassú, das mais extensas e imponentės, ornada
como as dêmais de stalactites e stalagmites e innumeros fios de
agua crystalina; Buraco do Vento, em Tucatio: Buraco do Inferno,
na Serra da Itiúba; a gruta dos Brejões, em Morro do Chapéo, «a
qual contem grande numero de salões, de cujos tectos pendëém
stalactites de belleza fascinadora, nichos profundos, pilares, altares,
jarros, tubos semelhantes aos dos orgãos apparecem em todos os
salões maravyilhando o visitante.» (*)
Em varias dessas grutas encontram-se assentos talhadđos nas
pedras, os quaes nos levam a crer que os indigenas, e, antes delles
outros habitantes mais civilisados, delles se utilizassem para as
reuniões em que se decidiam as guerras e as allianças ou se prati-
cavant os officios de suas religiões.
—Na classe dos monumentces comprehendem-se os que se
encontram assim disseminados pela vastidão das terras bahianas:
O sno de pedra, perto de Bom Conselho; o frade dè pêdra,
proximo a Canudos;.a pedra da Badisa, entre Bahia e Goyaz e que
marca o pönto culminante do planalto Jalapão; as fguras de pèdra
existentes nas serras de Campo Largo, onde tambem se veem
inscripções, desenhos de animaes e de mãos espalmadas; as figuras
de pedras de Jacobina; os blocos graniticos, collocados em forma dè-
mönumentos, no Morro do Lopes; o moñumetto dè pedrå, pertö
de Taquara, a 18 kils. de S. Antonio. «E? formado de güattzò
brānco, leitoso, com labios åztes, simùúlando unia torre hëxagónal,
sem tecto, paređes robustas, fechando um recinto a que dão accesso-
tres aberturas á guisa de portas. No interior, illuminado, vê-se
adherente a uma đas paredes um leito da mesma pëđřa, cómo se
Dalein
(*) Vide-—Bellėzas: Naturaes da Bahia--Eng. Silva Lima,
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
S
talhado` fôsse por mão humana, com plano levemente inclinado
para apoio de travesseiro; (*) a gruta da Serra da Borracha,
perto de Patamuté; a gruta do S. Bom Jesus da Lapa, encontrada
pór Fré Francisco de Mendoñça Mar, fo secwlo XVIL. ("5
E’ a mais imponente de todos as maravilhas dos sertões
bahianos; a gruta do Conde dos Arcos, na Serra de Monte Alto;
à Cade das Fedras, entré os rios Preto e Grande; apresenta
uma cidade em ruinas;—os monumentos de que fallam desde os
tempos coloniaes, os sertanistas que descobriram a Cidade
Abandonada, em torno da qual ha muita lenda.
(*) Vide—Dr. Theodoro Sampaio—Descripção.
(**) Vide no Museu do Estado varios quadros com inscripçõesindigenas e de
bandeirantes.
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
a i aaa
Ta e e S n N ie S
r Pigs e oona Satai E
EA a z4 : -e
A a i Eai gay
mii Nemea Sae nethmet
a > Pei T ealah E g e
mae a A aE irt e
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms
Kidi Paii
H
This content downloaded from
179.199.142.134 on Sat, 08 Mar 2025 21:49:07 UTC
All use subject to https://about.jstor.org/terms