Teste de avaliação Sedimentação e rochas sedimentares
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Grupo I
Em Espanha, o Principado das Astúrias, situado na costa norte espanhola, virado para o
mar Cantábrico, possui a maior bacia carbonífera da Península Ibérica, denominada Bacia
Central de Carvão Asturiana (fig. 1). O Carbonífero, ou Carbónico, foi um período de grande
soterramento de matéria orgânica vegetal, generalizado a todo o planeta, resultando no
intervalo da História da Terra mais importante para a formação de carvão.
Figura 1. Mapa geológico das Astúrias. [Fonte: P. Cienfuegos, J. Loredo Department of Mining and Exploration
Engineering, University of Oviedo, C/Independencia 13, 33004-Oviedo, Spain]
Próximo da bacia existe o Parque Nacional dos Picos da Europa, uma das grandes cadeias
montanhosas de Espanha, uma área igualmente repleta de rochas datadas do Carbónico, mas
bem diferentes das da vizinha bacia carbonífera. Em vez de sedimentos de origem continental
e litoral, depositaram-se aqui espessas sucessões de carbonatos, bastante mais do que 1
quilómetro de sedimentos, gerados num ambiente de plataforma marinha.
Com tanto calcário e altitudes tão elevadas, são férteis na paisagem evidências
geomorfológicas associadas, numa combinação perfeita, entre dissolução e a ação do gelo. No
meio das vastas morfologias cársicas, não muito longe, esconde-se a “Cueva de Valporquero”,
a gruta mais marcante de toda a região. Entre estalactites e estalagmites, mais ou menos
espetaculares e singulares, a gruta de Valporquero distingue-se, acima de tudo, pelas
dimensões das suas salas.
Duarte, L. V., García-Ramos, J. C., (2023). Do Paleozoico dos Picos da Europa ao Jurássico da Costa (Asturiana)
dos Dinossauros, Rev. Ciência Elem., V11(4):048. Disponível em http://doi.org/10.24927/rce2023.048
1. Para a formação de carvão na Bacia Central de Carvão Asturiana, contribuiu
(A) o afundimento da bacia, associado à diminuição da compactação dos sedimentos.
(B) o enriquecimento em carbono, associado à atividade de bactérias aneróbias.
(C) a manutenção da turfa a reduzidas profundidades.
(D) o enriquecimento em carbono, por aumento dos voláteis e diminuição em água dos
sedimentos.
1
2. O calcário é uma rocha quimiogénica que resultou diretamente da ________ de carbonato
de cálcio, e o carvão é uma rocha biogénica de natureza ________.
(A) precipitação … carbonatada
(B) evaporação ... silicatada
(C) deposição … carbonosa
(D) dissolução … quartzítica
3. Junto dos calcários, é comum encontrar terra rossa, que é a designação atribuída aos
depósitos ________ de cor vermelha, que resultam da acumulação de resíduos após a
________ das rochas carbonatadas.
(A) solúveis … dissolução
(B) insolúveis … hidrólise
(C) solúveis … hidrólise
(D) insolúveis … dissolução
4. A falha cantábrica, que atravessa a bacia carbonífera, é mais ________ do que os
depósitos desta bacia pela aplicação do princípio da ________.
(A) recente … interseção
(B) recente … inclusão
(C) antiga … inclusão
(D) antiga … interseção
5. Na paisagem dos Picos da Europa, a geomorfologia é determinada
(A) unicamente por processos associados à meteorização química.
(B) essencialmente por processos de crioclastia.
(C) por variações de estado físico da água e pela sua acidificação.
(D) pelas alterações climáticas que provocam grandes amplitudes térmicas.
6. Faça corresponder cada uma das descrições, relativas à formação de rochas sedimentares,
expressas na coluna I, ao respetivo processo, que consta na coluna II.
Coluna I Coluna II
(a) Deposição de sedimentos soltos em camadas horizontais. (1) Diagénese
(b) Processo que pode ter como consequência a formação de (2) Meteorização
novos minerais à superfície da Terra. (3) Erosão
(c) Transformação de sedimentos em rochas mais compactas. (4) Sedimentação
(5) Transporte
7. Explique o processo de formação da Cueva de Valporquero tendo em conta a litologia da
região.
Texto 2
2
O Jurássico no Norte de Espanha aflora numa estreita película de terra junto ao Atlântico,
bordejando a Zona Cantábrica. Os afloramentos e a qualidade do registo fossilífero são tão
assombrosos que aqui foi erguido o Museo del Jurásico de Asturias (MUJA), em que se
destacam os dinossauros, não só os fósseis, mas também bastantes réplicas. Esta região é
conhecida como “La Costa de los Dinosaurios”, sendo um tema frequentemente recordado e
valorizado em diversos locais da região.
De natureza siliciclástica e localmente carbonatada, a deposição ocorrida durante o
Jurássico Superior terá resultado da ação fluvial meandriforme e de ambientes de transição,
como deltas e lagunas de maior ou menor influência marinha. As sucessões sedimentares,
datadas essencialmente do Kimmeridgiano, uma divisão do Jurássico, diferenciam-se nas
formações de Vega, Tereñes e Lastres (figura 2). Grande parte das pegadas de dinossauros
podem ser observadas nas praias de Merón (Villaviciosa), La Griega (Colunga) e de
Ribadesella, numa densidade algo incomum.
Figura 2. Reconstrução paleoambiental de habitats de dinossauros jurássicos da Formação Vega,
Astúrias, Espanha.
Gutiérrez, K., & Sheldon, N. (2012). Reconstrução paleoambiental de habitats de
dinossauros jurássicos da formação Veja, Astúrias, Espanha. Boletim da Sociedade
Geológica da América 124(3-4): 596-610. Disponível em 10.1130/B30285.1
O Jurássico Inferior e Médio também são observáveis nesta costa, principalmente o Inferior,
de natureza carbonatada, com preponderância de sedimentos margo-calcários depositados em
ambiente marinho de rampa. Nessa altura, formou-se um mar epicontinental (raso), bastante
antes da abertura do Atlântico Central e Norte, quando a Ibéria e a porção ocidental do Norte
de África estavam ainda unidas ao continente norte-americano. A ocorrência de amonites, em
grande parte da sucessão, permite identificar, de modo detalhado, os três últimos andares do
Jurássico Inferior.
Duarte, L. V., & García-Ramos, J. C., (2023). Do Paleozoico dos Picos da Europa ao Jurássico da Costa (Asturiana)
dos Dinossauros, Rev. Ciência Elem., V11(4):048. Disponível em http://doi.org/10.24927/rce2023.048
8. Os icnofósseis visíveis nas praias de Merón, La Griega e de Ribadesella formaram-se porque
3
(A) o ambiente de sedimentação nestas praias no Jurássico Superior apresentava elevado
hidrodinamismo.
(B) ainda não tinha ocorrido compactação e cimentação dos sedimentos quando ficaram
marcadas as pegadas.
(C) ocorreu deposição de sedimentos superiores a areias por cima das pegadas.
(D) a sedimentação nos locais deixou de ocorrer após a passagem dos dinossauros.
9. Os arenitos do Jurássico Superior resultaram de
(A) erosão, seguida de sedimentação.
(B) desidratação, seguida de compactação.
(C) meteorização, seguida de deposição.
(D) deposição, seguida de cimentação.
10. A passagem dos depósitos calcários do Jurássico Médio para as unidades que estão por
cima pode ser interpretada como uma
(A) transgressão e a mudança da deposição de sedimentos de meio continental para meio
marinho.
(B) transgressão e a continuação da deposição de sedimentos em meio continental.
(C) regressão e a mudança da deposição de sedimentos de meio marinho para meio
continental.
(D) regressão e a continuação da deposição de sedimentos em meio continental.
11. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a
sequência correta de acontecimentos relacionados com a evolução geológica da região
mencionada no texto 2.
A. Deposição da Formação de Lastres.
B. Formação de fósseis de amonites.
C. Deposição da unidade geológica Formação de Vega.
D. Alteração do ambiente sedimentar com início de deposição de sedimentos mais
grosseiros.
E. Sedimentação por precipitação num mar pouco profundo intraplaca.
12. Selecione, de entre as afirmações relativas aos dados fornecidos sobre a zona cantábrica
referida no texto 2, as duas afirmações corretas.
I. Muitos sedimentos depositados durante o Jurássico Superior sofreram diagénese,
originando rochas detríticas.
II. Os fósseis do Jurássico Inferior podem ter resultado da conservação de partes duras.
III. Os sedimentos depositados no Jurássico Superior são todos do mesmo tamanho.
IV. Nos arenitos do Jurássico Superior foram identificados fósseis marinhos.
V. Nas rochas do Jurássico Inferior podem ocorrer fenómenos de dissolução.
13. Os sedimentos que constituem os conglomerados são
(A) sempre bem calibrados e arredondados.
(B) bem calibrados e angulosos.
(C) maioritariamente calibrados e arredondados.
(D) mal calibrados e angulosos.
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14. As amonites da região são um controlo cronostratigráfico, ou seja, são consideradas bons
fósseis de idade, pelo facto de
(A) terem uma curta distribuição estratigráfica.
(B) terem uma baixa distribuição geográfica.
(C) permitirem a reconstituição do paleoambiente.
(D) serem contemporâneas das rochas que os contêm.
15. «Os afloramentos e a qualidade do registo fossilífero são tão assombrosos que aqui foi
erguido o Museo del Jurásico de Asturias (MUJA), em que se destacam os fósseis de
dinossauros. Esta região é conhecida como “La Costa de los Dinosaurios”.»
Explique a enorme abundância dos fósseis de dinossauros, tendo em conta as suas
características e o ambiente que existia no local, no tempo de vida dos animais.
Grupo II
Para determinar a dinâmica de meteorização da anortite (um tipo de feldspato rico em cálcio
e alumínio), foi criado um dispositivo experimental que possibilita a circulação de diferentes
soluções aquosas por amostras de mineral moído (fig. 3).
Figura 3. Dispositivo experimental simplificado.
No estudo foi usado pó de anortite no vaso de reação, o qual foi atravessado por diferentes
soluções em momentos distintos. Uma consistiu em água destilada acidificada (solução I) e
outra, em água acidificada, à qual foi acrescentado cálcio até se atingir 0,1 M de Ca (solução
II). Os resultados encontram-se na tabela 1.
Oelkers, E., & Schott, J. (1995). Experimental study of anorthite dissolution and the relative
mechanism of feldspar hydrolysis. Geochimica et Cosmochimica Acta, 59 (24): 5039-5053
5
Tabela 1. Concentrações de Si e de Al medidas, em função do tempo, nas soluções I e II, após reação com a
anortite moída. O estado de equilíbrio representa a concentração de soluto a partir da qual já é inviável o contributo
com mais silício ou alumínio por parte da anortite.
1. Os minerais foram previamente moídos para
(A) tornar possíveis as reações químicas.
(B) ocupar menos espaço.
(C) induzir meteorização física.
(D) aumentar a área de contacto com os fluidos circulantes.
2. Contribui para o aumento da fiabilidade dos resultados, a
(A) semelhança de procedimentos entre grupos experimentais.
(B) existência de grupos sujeitos a diversas variáveis.
(C) existência de um pH inferior a 3.
(D) aplicação de uma só solução.
3. O controlo da experiência terá sido a reação com água
(A) acidificada com os iões Si e Al. (C) destilada acidificada.
(B) acidificada com iões cálcio. (D) destilada com os iões Si e Al.
4. Selecione a opção que permite classificar corretamente as afirmações seguintes:
I. O equilíbrio da solução foi atingido mais cedo nos grupos sujeitos ao fluido sem ião
cálcio.
II. No grupo II, o teor final de Al é inferior em relação ao grupo I.
III. No grupo II, a saturação em relação aos dois iões é atingida simultaneamente.
(A) I é falsa; II e III são verdadeiras. (C) II e III são falsas, I é verdadeira.
(B) I e II são falsas; III é verdadeira. (D) I e II são verdadeiras; III é falsa.
5. Explique de que forma os resultados mostram que a presença do ião cálcio contribui para a
meteorização química dos minerais.
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Grupo III
Gideon Algernon Mantell (1790-1852)
foi um médico, geólogo e paleontólogo
inglês. Em 1822 foi responsável pela
descoberta, e posterior identificação, dos B
primeiros dentes fósseis pertencentes ao
Iguanodon, iniciando um estudo das
características e modo de vida dos
iguanodontes, que se mantém até à
atualidade. No seu livro de 1838, publicou
um dos primeiros cortes geológicos (fig. A
4), ao qual aplicou vários princípios da
estratigrafia.
Figura 4. Corte geológico
elaborado por Gideon Mantell.
[Crédito da imagem: Science Photo
Library/Fotobanco.pt – Paul D. Stewart]
1. A comparação dos dentes de Iguanodon, preservados por um processo de ________, com
os de iguanas atuais, para perceber o seu modo de vida passado, baseia-se num raciocínio
equivalente ao ________.
(A) mineralização … atualismo
(B) conservação … catastrofismo
(C) moldagem … evolucionismo
(D) impressão … neocatastrofismo
2. O sal-gema do sistema salífero, identificado por Mantell, é uma rocha sedimentar ________,
formada por fenómenos de ________.
(A) quimiogénica … evaporação
(B) detrítica … sedimentogénese
(C) quimiogénica … dissolução
(D) detrítica … evaporação
3. Os depósitos de carvão assinalados na figura 4 podem ser usados como indicador de um
paleoambiente
(A) frio e seco. (C) quente e seco.
(B) frio e húmido. (D) quente e húmido.
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4. Complete o texto seguinte com a opção adequada a cada espaço, de acordo com a
informação da figura 4.
No corte geológico de Mantell, a aplicação do princípio da sobreposição dos estratos é difícil na
sequência ___a)___, uma vez que as rochas estão deformadas. Em relação a estas, o granito
deverá ser ___b)___, sendo de prever que contenha detritos dessas camadas, de acordo com
o princípio da ___c)___. No topo da sequência ainda não ocorreu ___d)___, sendo a
deposição desta camada o evento mais recente, de acordo com o princípio da ___e)___.
a) b) c)
1. inferior 1. mais antigo 1. interseção
2. intermédia 2. mais recente 2. sobreposição
3. superior 3. contemporâneo 3. inclusão
d) e)
1. sedimentação 1. horizontalidade inicial
2. sedimentógenese 2. sobreposição
3. diagénese 3. identidade paleontológica
5. Com base na litologia de algumas das camadas sedimentares de A a B e nas alterações do
nível do mar, explique a afirmação: “A deposição das camadas sedimentares de A a B não
ocorreu no mesmo ambiente de sedimentação”.
FIM
ITEM
GRUPO
COTAÇÃO (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 80
I.
11. 12. 13. 14. 15.
8 8 8 8 8 40
1. 2. 3. 4. 5.
II.
8 8 8 8 8 40
1. 2. 3. 4. 5.
III.
8 8 8 8 8 40
Total 200
8
Propostas de solução do teste de avaliação
Proposta de solução Cotação
Grupo I
1. (B) 8
2. (C) 8
3. (D) 8
4. (A) 8
5. (C) 8
6. (a) (4); (b) (2); (c) (1). 8
7. Explicar o processo de formação da Cueva de Valporquero, que é uma
gruta existente na região, relacionando a acidificação da água da chuva
(A) com a meteorização que resulta da infiltração da água através de
fraturas existentes no calcário (B) e com a consequente remoção dos
iões resultantes da dissolução do calcário em profundidade (C).
(A) A água da chuva acidificada infiltra-se nas fraturas do calcário da 8
região.
(B) A água, ao infiltrar-se, vai provocando a meteorização química (ou
dissolução) da rocha.
(C) A remoção dos iões em solução na água que circula no interior do
maciço conduz à formação de grutas.
8. (B) 8
9. (D) 8
10. (C) 8
11. E, B, D, C, A. 8
12. I, V. 8
13. (C) 8
14. (A) 8
15. Relacionar o tipo de ambiente com a existência dos fósseis (A) e o rápido
soterramento, bem como a proteção com sedimentos (B) e as
características dos seres que permitiam a sua fossilização (C).
A) O ambiente de transição, como deltas e lagunas de maior ou menor
influência marinha, era pouco profundo, com sedimentos finos, o que
permitia a passagem dos dinossauros, a marca das suas pegadas e o 8
seu soterramento.
B) A deposição de sedimentos finos e impermeáveis sobre o animal e o
seu rápido soterramento protegiam-no da decomposição aeróbia, o
que permitia a sua preservação.
C) Os dinossauros possuíam um esqueleto ósseo rígido, o que permitiu
também a sua fossilização.
Grupo II
1. (D) 8
2. (A) 8
3. (C) 8
4. (A) 8