🦷 1.
Hiperplasia Fibrosa Inflamatória (Fibroma
Traumático)
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Proliferação benigna do tecido conjuntivo fibroso em resposta a
trauma crônico, geralmente por bordas protéticas ou mordidas repetidas.
Aspecto: Lesão nodular, firme, bem delimitada, com coloração semelhante à
mucosa adjacente. Pode ser séssil ou pediculada.
Localização comum: Mucosa jugal (linha de oclusão), língua lateral, lábio
inferior.
Sintomas: Geralmente assintomática, cresce lentamente.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Normalmente não há alterações radiográficas, pois trata-se de uma lesão
exclusivamente de partes moles.
Radiografias são utilizadas para excluir envolvimento ósseo ou dentes próximos
traumatizantes.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Epitélio estratificado pavimentoso hiperplásico, podendo estar com
paraqueratina.
Tecido conjuntivo fibroso denso, com poucos vasos sanguíneos.
Infiltrado inflamatório discreto ou ausente.
Ausência de atipias celulares (benigno).
📈 Prognóstico
Excelente.
Risco de recorrência se o fator irritante não for removido.
💉 Tratamento
Remoção cirúrgica da lesão (excisão simples).
Eliminação do fator causador (ajuste de prótese, orientação ao paciente).
Reavaliação após cicatrização para garantir ausência de recorrência.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“O segredo está na anamnese bem feita e na inspeção cuidadosa — a história de trauma
crônico e a ausência de dor são pistas-chave. E lembre: toda lesão removida deve ser
enviada para biópsia!”
🦷 2. Candidíase Oral
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Infecção fúngica oportunista causada principalmente por Candida
albicans, comum em pacientes imunossuprimidos, em uso de antibióticos ou
corticoides, e usuários de próteses.
Formas clínicas mais comuns:
o Pseudomembranosa (sapinho): placas brancas removíveis com gaze,
deixando base eritematosa.
o Eritematosa (atrófica): áreas avermelhadas e dolorosas, geralmente sob
próteses.
o Hiperplásica crônica: placas brancas aderidas, geralmente em mucosa
jugal.
Sintomas: ardência, gosto metálico, sensação de secura ou queimação.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Sem alterações radiográficas diretas.
Radiografias podem ser solicitadas para avaliar próteses mal adaptadas ou
fatores de retenção alimentar.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Hiperplasia epitelial discreta (dependendo da forma).
Presença de hifas de Candida invadindo as camadas superficiais do epitélio
(coradas com PAS ou prata metenamina).
Infiltrado inflamatório leve a moderado na lâmina própria.
📈 Prognóstico
Bom, desde que a causa seja identificada e controlada.
Pode recorrer em imunossuprimidos ou pacientes que não seguem corretamente
o tratamento.
💉 Tratamento
Antifúngicos tópicos: nistatina em suspensão oral, miconazol gel.
Antifúngicos sistêmicos: fluconazol (em casos recorrentes ou sistêmicos).
Medidas auxiliares:
o Higienização adequada de próteses
o Troca de escovas
o Controle de xerostomia
o Avaliação de doenças sistêmicas (ex: diabetes)
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“A candidíase é o reflexo de algo maior. O fungo é oportunista — investigue sempre a
causa por trás. Às vezes, o diagnóstico mais importante não está na boca.”
🦷 3. Leucoplasia
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Lesão branca, não removível, que não pode ser caracterizada
clinicamente ou histologicamente como nenhuma outra condição. É
considerada uma lesão potencialmente maligna.
Aspecto: Placa branca, bem delimitada, de superfície lisa, rugosa ou fissurada.
Pode ter áreas eritematosas (eritroleucoplasia).
Localização comum: mucosa jugal, língua lateral e dorso, soalho bucal.
Fatores de risco: tabagismo, etilismo, trauma crônico, HPV.
Sintomas: geralmente assintomática.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Sem alterações específicas.
Radiografias podem ser solicitadas para avaliar dente/raiz que possa estar
gerando trauma crônico local.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
O diagnóstico definitivo exige biópsia incisional.
Pode variar de:
o Hiperqueratose simples
o Hiperplasia epitelial
o Displasia epitelial leve, moderada ou severa
o Em casos mais graves: carcinoma in situ ou carcinoma invasivo
📈 Prognóstico
Variável, depende do grau de displasia.
Risco de transformação maligna: 5% a 18% (maior em leucoplasias de soalho
bucal e língua lateral).
Prognóstico pior em casos com displasia severa ou áreas eritroleucoplásicas.
💉 Tratamento
Remoção do fator causal (tabaco, trauma local).
Biópsia obrigatória para definir a natureza da lesão.
Monitoramento clínico rigoroso (a cada 3 a 6 meses).
Excisão cirúrgica nos casos com displasia moderada a severa.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Toda lesão branca que não sai ao raspar merece respeito. Mesmo pequena, pode
esconder algo grande. Ensine seu olhar clínico a desconfiar com inteligência.”
🩸 4. Eritroplasia
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Lesão vermelha, bem delimitada, não removível, que não pode
ser caracterizada como outra condição clínica conhecida.
Altamente suspeita de malignidade — considerada a lesão potencialmente
maligna com maior risco de transformação.
Aspecto: Placa lisa, aveludada, de coloração vermelho-intensa, geralmente
assintomática.
Localização comum: soalho bucal, língua ventral e mucosa mole.
Fatores de risco: tabagismo, etilismo, imunossupressão, trauma crônico, HPV.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Sem alterações diretas.
Radiografia apenas para excluir envolvimento ósseo ou outras causas locais.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Biópsia incisional obrigatória.
Altíssima frequência de:
o Displasia epitelial severa
o Carcinoma in situ
o Carcinoma espinocelular invasivo
Epitélio atrófico, infiltrado inflamatório denso, áreas de ulceração.
📈 Prognóstico
Reservado a ruim, dependendo do grau de malignidade no histo.
Transformação maligna estimada em até 51% dos casos.
Localizações em soalho bucal e língua ventral têm pior prognóstico.
💉 Tratamento
Excisão cirúrgica imediata com margem de segurança.
Encaminhamento para oncologia bucal em casos de displasia severa ou
carcinoma.
Acompanhamento rigoroso e periódico.
Orientações para cessar fatores de risco.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Eritroplasia é como uma sirene silenciosa: discreta, mas extremamente perigosa. Todo
aluno deve saber identificá-la e nunca hesitar em indicar biópsia!”
🧪 5. Líquen Plano Oral (LPO)
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Doença mucocutânea inflamatória crônica de base imunológica,
com múltiplas manifestações clínicas.
Formas clínicas principais:
o Reticulada (mais comum): estrias brancas finas (estrias de Wickham),
geralmente em mucosa jugal.
o Erosiva/ulcerativa: áreas vermelhas e dolorosas, com ulceração.
o Atrófica, placa, bolhosa (menos comuns).
Sintomas: a forma reticulada é assintomática; a erosiva pode causar ardência ou
dor.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Não apresenta alterações ósseas ou dentárias.
Pode ser usada para avaliar envolvimento periodontal em casos de inflamação
crônica secundária.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Epitélio hiperqueratinizado (reticulado) ou atrófico (erosivo).
Interface liquenoide com denso infiltrado inflamatório subepitelial (linfócitos
em faixa).
Degeneração da camada basal.
Importante diferenciar de displasias ou reações medicamentosas.
📈 Prognóstico
Crônico e recidivante, mas controlável.
Potencial de transformação maligna baixo (0,5% a 2%), mais associado à
forma erosiva.
Acompanhamento semestral é indicado.
💉 Tratamento
Assintomáticos: apenas acompanhamento.
Sintomáticos: corticoides tópicos (clobetasol, dexametasona).
Controle do estresse, ajuste de próteses e eliminação de fatores irritantes.
Biópsia em lesões que mudam de padrão ou se tornam ulceradas.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“O líquen plano não é só uma lesão — é uma janela para o sistema imunológico do
paciente. Sempre olhe além da mucosa.”
💧 6. Mucocele
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Lesão benigna causada pelo extravasamento ou retenção de muco
salivar, geralmente associada a trauma dos ductos das glândulas salivares
menores.
Formas clínicas:
o Extravasamento (mais comum): ruptura do ducto e acúmulo de muco
nos tecidos.
o Retenção: obstrução ductal com dilatação.
Aspecto: lesão arredondada, flutuante, coloração azulada ou transparente. Pode
variar de 1 mm a vários centímetros.
Localização mais comum: lábio inferior (por mordedura), mas também ocorre
em assoalho bucal (ranula), mucosa jugal e ventre da língua.
Sintomas: geralmente assintomática, mas pode causar desconforto.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Não apresenta sinais radiográficos, pois envolve partes moles.
Radiografias podem ser feitas para avaliar presença de trauma dentário
associado.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Mucocele por extravasamento: cavidade pseudocística sem revestimento
epitelial, com muco rodeado por tecido de granulação e infiltrado inflamatório.
Mucocele por retenção: verdadeira cisto com revestimento epitelial ductal.
Presença de glândulas salivares menores ao redor.
📈 Prognóstico
Excelente.
Raro recidivar quando bem removida.
Quando recorrente, pode estar associada à remoção incompleta da glândula
salivar acessória.
💉 Tratamento
Remoção cirúrgica completa, incluindo a glândula salivar adjacente.
Técnica minimamente invasiva com bisturi, laser ou crioterapia.
Biópsia indicada para confirmação.
Ranulas (mucocele em assoalho bucal) podem necessitar de abordagem
hospitalar.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Se você viu uma bolinha azulada no lábio inferior que desaparece e volta, pense em
mucocele. É simples, mas não pode ser subestimada. E lembre: nunca remova só a
cápsula — a glândula é o verdadeiro foco.”
🦷 7. Cisto Radicular (Periapical)
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Cisto odontogênico inflamatório mais comum da cavidade bucal,
originado da proliferação de restos epiteliais de Malassez em resposta à necrose
pulpar.
Geralmente assintomático, descoberto em exames radiográficos de rotina.
Quando sintomático, pode haver: discreto aumento de volume, fístula, dor leve à
pressão ou sensibilidade.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Lesão radiolúcida, bem delimitada, unilocular, com halo radiopaco fino.
Localizada no ápice de dente com necrose pulpar ou previamente tratado
endodonticamente.
Tamanho >1 cm geralmente indica cisto (menores tendem a ser granulomas).
Pode deslocar estruturas adjacentes ou causar reabsorção radicular.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Cavidade cística revestida por epitélio escamoso estratificado não
queratinizado.
Infiltrado inflamatório crônico na parede conjuntiva.
Pode conter restos de colesterol, corpúsculos de Russel, e células
multinucleadas.
📈 Prognóstico
Muito bom, especialmente com remoção completa.
Pode regredir espontaneamente após tratamento endodôntico eficiente, nos
casos iniciais.
Recorrência rara.
💉 Tratamento
Endodontia adequada no dente envolvido (muitos casos resolvem sem
cirurgia).
Cirurgia periapical (cistectomia) indicada em casos persistentes ou cistos
grandes.
Exodontia nos casos sem possibilidade de restauração ou tratamento
endodôntico viável.
Biópsia sempre recomendada para confirmar o diagnóstico.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Nem toda radiolucidez apical é cisto, e nem todo cisto precisa de bisturi. Diagnóstico
bem feito poupa dente — e paciente.”
🧬 8. Cisto Dentígero
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Cisto odontogênico de desenvolvimento, associado à coroa de um
dente não irrompido, especialmente terceiros molares inferiores e caninos
superiores.
Geralmente assintomático, mas pode causar aumento de volume, deslocamento
dentário e/ou infecção secundária.
Detectado frequentemente em exames de rotina antes da erupção dental.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Radiolucidez unilocular, bem delimitada, envolvendo a coroa de um dente
não irrompido.
O cisto está aderido à junção amelocementária.
Margens corticais bem definidas.
Pode causar deslocamento do dente, reabsorção radicular de vizinhos, e
aumento de espaço folicular (>5 mm).
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Revestimento epitelial fino (2 a 4 camadas de células não queratinizadas).
Estroma conjuntivo fibroso com leve inflamação.
Pode apresentar áreas de metaplasia mucosa, colesterol ou calcificações.
Fundamental para diferenciar de outras lesões como queratocisto ou tumor
odontogênico adenomatoide.
📈 Prognóstico
Excelente, com baixa taxa de recorrência.
Pode evoluir para ameloblastoma mural ou carcinoma (raro), se não tratado.
💉 Tratamento
Remoção cirúrgica completa do cisto e do dente envolvido.
Em casos de dentes permanentes com potencial erupção e cisto pequeno:
marsupialização pode ser considerada.
Biópsia obrigatória para confirmação e exclusão de lesões mais agressivas.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Todo dente incluso com espaço folicular aumentado precisa de atenção. A aparência
inofensiva pode esconder uma história de pressão e destruição óssea.”
🧠 9. Ameloblastoma
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Tumor odontogênico benigno, mas localmente agressivo, originado
de elementos epiteliais do órgão do esmalte (restos da lâmina dental, epitélio
reduzido do esmalte, etc.).
Crescimento lento, porém infiltrativo.
Geralmente assintomático nos estágios iniciais, podendo evoluir para aumento
de volume facial, expansão óssea e deslocamento dentário.
Localização mais comum: região posterior de mandíbula (ângulo e ramo).
📸 Diagnóstico Radiográfico
Imagem clássica: radiolucidez multilocular com aspecto de “bolhas de
sabão” ou “favo de mel”.
Também pode aparecer como unilocular (forma desmoplásica ou em jovens).
Expansão cortical, deslocamento de dentes, reabsorção radicular frequente.
Tomografia computadorizada ajuda a mapear extensão tridimensional.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Padrões histológicos principais:
o Folicular (mais comum): ninho de células ameloblásticas com
palisamento periférico.
o Plexiforme, acantomatoso, desmoplásico, basal, etc.
Estroma fibroso com pouca inflamação.
Não apresenta cápsula verdadeira → invasão óssea microscópica.
📈 Prognóstico
Reservado, devido ao alto índice de recorrência (até 55%) se removido de
forma conservadora.
Com cirurgia radical (ressecção com margem): índice de cura sobe para 90%+.
Não metastatiza (exceto variante maligna, rara).
💉 Tratamento
Ressecção cirúrgica com margem de segurança (1-2 cm).
Enucleação ou curetagem não são recomendadas devido à alta taxa de recidiva.
Acompanhamento por 5 a 10 anos com exames de imagem.
Reconstrução óssea pode ser necessária.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“O ameloblastoma te ensina que benigno não é sinônimo de inofensivo. Ele não corre,
mas invade sorrateiramente — e quando você perceber, já ocupou tudo.”
🧨 10. Carcinoma Espinocelular (CEC)
(também conhecido como Carcinoma de Células Escamosas – CCE)
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Neoplasia maligna epitelial, mais comum da cavidade oral,
representando cerca de 90% dos cânceres bucais.
Fatores de risco: tabagismo, etilismo, HPV (principalmente orofaringe),
trauma crônico, exposição solar (lábio inferior).
Localizações frequentes: lateral de língua, soalho bucal, mucosa jugal, lábio
inferior.
Aspecto clínico variável:
o Lesão ulcerada com bordas elevadas e endurecidas
o Lesão infiltrativa, exofítica ou vegetante
o Pode se apresentar como leucoplasia ou eritroplasia em fase inicial
Sintomas: dor, halitose, sangramento, parestesia, dificuldade de fala ou
deglutição, mobilidade dentária.
📸 Diagnóstico Radiográfico
Lesão radiolúcida irregular em casos de invasão óssea.
Pode haver reabsorção óssea, deslocamento dentário, perda óssea alveolar
atípica.
Tomografia é essencial para avaliação da extensão local e planejamento
cirúrgico.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Proliferação de células escamosas atípicas, com perda da polaridade e invasão
do tecido conjuntivo subjacente.
Perolas córneas e pontes intercelulares podem estar presentes.
Classificação em graus histológicos: bem, moderadamente e pouco
diferenciados.
Presença de invasão linfática, perineural e vascular são fatores prognósticos
negativos.
📈 Prognóstico
Altamente dependente do estágio ao diagnóstico.
Estágios iniciais: bom prognóstico com cirurgia/RT.
Estágios avançados: maior risco de metástases regionais (linfonodos cervicais) e
sistêmicas.
Taxa de sobrevida de 5 anos varia de 30% a 80%.
💉 Tratamento
Cirurgia com margens oncológicas + esvaziamento cervical se necessário.
Radioterapia e/ou quimioterapia adjuvante em casos avançados.
Reabilitação fonoaudiológica e nutricional em muitos casos.
Acompanhamento oncológico prolongado.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Toda úlcera que não cicatriza em 14 dias é um alerta. O carcinoma espinocelular não
grita no início — mas silencia vidas quando ignorado.”
🦴 11. Osteomielite
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Processo inflamatório crônico ou agudo que acomete a medula
óssea, o osso cortical e o periósteo, geralmente causado por infecção
bacteriana.
Causas comuns: infecção odontogênica (pulpar, periodontal), fraturas expostas,
cirurgia contaminada, imunossupressão.
Classificação:
o Aguda supurativa
o Crônica supurativa
o Esclerosante difusa
o Condensante (focal)
Sintomas (aguda):
o Dor intensa e pulsátil
o Edema e rubor facial
o Febre e mal-estar
o Parestesia (sinal do nervo alveolar inferior)
o Mobilidade dentária
Sintomas (crônica):
o Fístulas
o Drenagem purulenta
o Áreas de sequestro ósseo
o Espessamento ósseo e dor recorrente
📸 Diagnóstico Radiográfico
Aguda: pode não apresentar alterações visíveis inicialmente.
Crônica:
o Áreas mistas radiolúcidas e radiopacas
o Sequestros (fragmentos ósseos necrosados)
o Perda de definição da lâmina dura
o Periostite (linha de onion-skin em crianças/adolescentes)
Tomografia computadorizada é essencial para avaliação da extensão e definição
cirúrgica.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Inflamação intensa, com presença de neutrófilos (aguda) ou
linfócitos/macrófagos (crônica).
Áreas de necrose óssea.
Formação de sequestros.
Reação periosteal, espessamento da cortical, tecido de granulação denso.
📈 Prognóstico
Variável, depende da rapidez do diagnóstico e início do tratamento.
Pode cronificar e causar perda óssea extensa.
Casos negligenciados podem levar à fratura patológica ou sepse.
💉 Tratamento
Aguda: antibioticoterapia intravenosa de largo espectro + drenagem.
Crônica: remoção cirúrgica dos sequestros ósseos (sequestrectomia),
decorticação e antibioticoterapia prolongada.
Controle de doenças sistêmicas associadas (ex: diabetes).
Reconstrução óssea nos casos extensos.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Quando a infecção chega ao osso, ela não quer sair. Por isso, diagnostique cedo, trate
com força, e monitore de perto. O osso fala — e o pus é seu grito.”
☢️12. Necrose Avascular / Osteorradionecrose (ORN)
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Condição severa caracterizada pela morte do osso mandibular ou
maxilar, geralmente sem presença de infecção ativa, associada à redução do
suprimento sanguíneo, principalmente após radioterapia ou uso de
bifosfonatos (osteonecrose por medicamento).
Formas mais comuns:
o Osteorradionecrose (ORN): necrose óssea após radioterapia em cabeça
e pescoço.
o Osteonecrose medicamentosa (MRONJ): associada a uso de
bifosfonatos, denosumabe ou antiangiogênicos.
Sinais clínicos:
o Exposição óssea persistente (>8 semanas)
o Dor, halitose, fístula
o Parestesia, fratura patológica em casos avançados
o Dente que "não cicatriza" após exodontia
📸 Diagnóstico Radiográfico
Áreas radiolúcidas irregulares, com esclerose difusa em estágios avançados.
Sequestros ósseos, perda da arquitetura óssea normal.
Falta de resposta óssea após extrações (alvéolos que não cicatrizam).
Tomografia computadorizada é fundamental para avaliar extensão.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Osso necrótico com ausência de osteócitos nos espaços lacunares.
Presença de bactérias em canais haversianos (em ORN).
Áreas de esclerose, tecido de granulação inflamatório.
Sem sinais de neoplasia ou regeneração.
📈 Prognóstico
Reservado. Condição de manejo difícil.
Pode estabilizar com tratamento precoce.
Casos avançados podem requerer grandes ressecções.
Alta taxa de recorrência se tratamento incompleto.
💉 Tratamento
Prevenção é a chave: avaliação odontológica antes de radioterapia ou início de
bifosfonatos.
ORN leve/moderada:
o Irrigação com clorexidina
o Antibióticos sistêmicos intermitentes
o Analgésicos
ORN avançada:
o Cirurgia com ressecção dos sequestros
o Em casos extremos: ressecção mandibular parcial ou total
o Uso de câmara hiperbárica (ORN) como terapia complementar
MRONJ: suspensão da medicação (quando possível), intervenção mínima e
controle clínico rigoroso
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Antes da radioterapia, cuide da boca. Depois dela, cada exodontia vira uma decisão
cirúrgica. E com bifosfonatos? Atenção redobrada — o osso vive de sangue, e eles
cortam esse fio.”
🌺 13. Granuloma Piogênico
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Lesão reacional benigna, de origem vascular, em resposta a trauma
local, placa bacteriana, hormônios ou corpos estranhos.
Apesar do nome, não é um granuloma verdadeiro nem contém pus.
Aspecto clínico:
o Lesão vermelha viva, altamente vascularizada, que sangra com
facilidade
o Pediculada ou séssil, superfície lisa ou lobulada
o Crescimento rápido
Localizações comuns:
o Gengiva (mais frequente)
o Lábios, língua, mucosa jugal
o Muito comum em gestantes (granuloma gravídico)
Sintomas: sangramento espontâneo, incômodo estético ou funcional
📸 Diagnóstico Radiográfico
Sem alterações ósseas, a não ser que haja envolvimento periodontal secundário.
Radiografias podem ser feitas para eliminar hipóteses como lesão periapical ou
periodontite avançada.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Proliferação de tecido conjuntivo altamente vascularizado, com capilares
numerosos e dilatados (semelhante ao tecido de granulação).
Infiltrado inflamatório crônico e agudo.
Epitélio pode estar ulcerado, evidenciando hemorragia superficial.
Sem atipias celulares (lesão benigna).
📈 Prognóstico
Excelente, desde que completamente removido e causa irritativa eliminada.
Recorrência é comum se o fator causal permanecer (especialmente na gengiva).
💉 Tratamento
Excisão cirúrgica da lesão, incluindo base até o periósteo quando em gengiva.
Raspagem e alisamento radicular nos casos gengivais.
Controle de fatores irritativos locais (placa, cálculo, trauma).
Em gestantes, se possível, aguardar pós-parto para tratamento definitivo.
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“O granuloma piogênico é o grito de socorro da gengiva: quando sangra ao encostar, já
passou do tempo de olhar com cuidado. Ele cresce rápido, mas também recua quando a
causa vai embora.”
🧬 14. Sarcoma de Kaposi (SK)
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Neoplasia vascular maligna associada à infecção pelo Herpesvírus
humano tipo 8 (HHV-8), comumente encontrada em pacientes
imunossuprimidos, especialmente HIV positivos ou transplantados.
O sarcoma de Kaposi pode acometer pele, mucosas e órgãos internos.
Na cavidade oral, é frequentemente a manifestação inicial da AIDS.
Aspecto clínico:
o Placas ou nódulos arroxeados, violáceos ou avermelhados
o Lesões podem ser únicas ou múltiplas
o Gengiva, palato e língua são as localizações mais comuns
o Pode sangrar e crescer rapidamente
Sintomas: dor, dificuldade de mastigação ou fala, sangramentos espontâneos
📸 Diagnóstico Radiográfico
Pode não apresentar alterações ósseas nas fases iniciais.
Em casos avançados, pode haver destruição óssea ou envolvimento ósseo
subjacente.
Exames de imagem (tomografia) auxiliam no estadiamento em casos sistêmicos.
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Proliferação de células fusiformes formando feixes irregulares entre canais
vasculares.
Presença de hemácias extravasadas, hemossiderina e infiltrado inflamatório
crônico.
Imunohistoquímica positiva para marcadores endoteliais e HHV-8.
Diagnóstico diferencial com outras lesões vasculares benignas ou neoplasias de
células fusiformes.
📈 Prognóstico
Variável, dependendo do tipo clínico:
o Clássico: mais indolente, geralmente em idosos
o Epidêmico (AIDS): agressivo, com risco de disseminação sistêmica
o Iatrogênico (transplantes): pode regredir com suspensão da
imunossupressão
Melhor prognóstico com controle da imunodeficiência (ex: terapia
antirretroviral)
💉 Tratamento
Terapia antirretroviral (TARV) em casos relacionados ao HIV
Cirurgia ou crioterapia para lesões pequenas
Quimioterapia sistêmica ou intralesional para lesões extensas ou sintomáticas
Radioterapia pode ser usada como alternativa paliativa
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“O Sarcoma de Kaposi é um marcador da imunidade — quando ele aparece, o corpo
está gritando por socorro. Seja clínico, mas também humano: essa lesão exige
diagnóstico, tratamento e acolhimento.”
🧪 15. Displasia Epitelial (Epitélio Displásico)
🔍 Diagnóstico Clínico
Definição: Alteração pré-maligna caracterizada por modificações citológicas e
arquiteturais do epitélio, sem invasão da lâmina própria.
Não é uma lesão clínica, mas sim um achado histopatológico de lesões como
leucoplasias, eritroplasias, líquen plano erosivo, e outras lesões
potencialmente malignas.
O diagnóstico clínico é suspeito quando a lesão apresenta:
o Áreas brancas ou vermelhas persistentes
o Superfície rugosa, ulcerada ou fissurada
o Lesões com crescimento rápido ou irregular
📸 Diagnóstico Radiográfico
Sem alterações radiográficas diretas.
Exames de imagem podem ser úteis se a displasia estiver em área com
possibilidade de envolvimento ósseo (ex: carcinoma in situ).
🧬 Diagnóstico Histopatológico
Classificação baseada na extensão das alterações epiteliais:
o Leve: 1/3 basal do epitélio acometido
o Moderada: até 2/3 do epitélio
o Severa: mais de 2/3, sem rompimento da membrana basal
o Carcinoma in situ: epitélio totalmente alterado, mas sem invasão
Alterações celulares características:
o Pleomorfismo nuclear e celular
o Hipercromatismo
o Aumento do número de mitoses e mitoses atípicas
o Perda de polaridade celular
o Desorganização do epitélio
📈 Prognóstico
Proporcional ao grau de displasia.
Leves podem regredir com remoção do fator causal.
Moderadas e severas possuem risco significativo de transformação maligna.
Acompanhamento regular e intervenção precoce são essenciais.
💉 Tratamento
Excisão completa da lesão, preferencialmente com margem cirúrgica.
Eliminação de fatores de risco (tabaco, álcool, trauma crônico).
Acompanhamento periódico:
o Leve: reavaliação a cada 6 meses
o Moderada/severa: reavaliação a cada 3 meses ou nova biópsia em caso
de recidiva
A biópsia deve sempre ser mapeada em lesões extensas
🧠 Dica da Prof.ª Stefany:
“Displasia é o limite entre o risco e a realidade. O diagnóstico precoce é sua melhor
arma — e a biópsia é seu escudo. Nunca subestime uma lesão persistente.”