ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
PODER JUDICIÁRIO
Juízo de Mimoso do Sul - 1ª Vara
Praça Coronel Paiva Gonçalves, 184, Fórum Desembargador O Reilly de Souza, Centro, MIMOSO DO SUL - ES - CEP: 29400-000
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PROCESSO Nº 5000337-32.2025.8.08.0032
ALIMENTOS - LEI ESPECIAL Nº 5.478/68 (69)
REQUERENTE: CAMILA MARTINS CAMPOS, A. C. D. S.
REQUERIDO: JOAO PAULO DA SILVA
DECISÃO
Vistos etc.
Cuida-se de ação de alimentos c/c guarda e convivência aforada por CAMILA MARTINS CAMPOS
PEREIRA, por si, e representando o filho ANTHONY CAMPOS DA SILVA, em face de JOÃO PAULO
DA SILVA.
Busca a parte autora, de início, a fixação: i) da guarda provisória compartilhada do menor, com residência fixa
junto à genitora; e ii) de alimentos provisórios em favor do menor, no percentual de 30% dos rendimentos do
requerido ou, em caso de inexistência de vínculo empregatício, de 50% do salário-mínimo, além de metade
dos gastos do menor com medicamentos, consultas e exames médicos e odontológicos, material, uniforme e
transporte escolar.
A inicial veio acompanhada de documentos.
Registra-se, inicialmente, que as pretensões deduzidas na peça de ingresso se mostram compatíveis entre si,
não obstante a diversidade de procedimentos. Desse modo, deve ser adotado o procedimento comum
ordinário do processo de conhecimento, conforme previsto no CPC, art. 327, § 2º, de tal sorte que se mostra
possível analisar o pedido liminar ora formulado sob o prisma da antecipação inaudita altera pars dos efeitos
da tutela.
Como se sabe, para a concessão da medida antecipatória pautada na urgência, devem estar presentes o
fumus boni juris, caracterizado pela plausibilidade do direito alegado, bem como o periculum in mora,
manifestado pelo perigo de dano pela demora do trâmite ordinário do julgamento da demanda (caput, art.
300, CPC).
Cuida-se de medida excepcional e como tal deve ser deferida com bastante cautela e somente quando
presentes os seus pressupostos autorizadores, que são cumulativos. A ausência de um deles já impossibilita a
concessão da tutela antecipada.
Nesse contexto, revestindo-se a narrativa autoral de plausibilidade ou verossimilhança, inclusive no que
concerne ao periculum in mora, caberá ao juiz empreender um juízo de probabilidade e valorar os elementos
disponíveis quando da análise do requerimento.
Acerca do tema, Guilherme Rizzo Amaral leciona que:
Se a conclusão for a de que, provavelmente, o requerente não possui razão, deverá o juiz indeferir a medida postulada. Se,
por outro lado, concluir que o requerente provavelmente possui razão, então deverá passar à análise do segundo requisito
para a concessão da tutela de urgência cautelar ou antecipada, que vem a ser o “perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo”. (Alterações do Novo CPC. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 400).
Em juízo de cognição sumária, verifico estarem presentes os requisitos necessários à antecipação da tutela.
Isso porque, como se sabe, a guarda compartilhada, modalidade proposta pela parte autora, visa permitir
maior participação de ambos os genitores na vida do filho.
Dessa forma, tenho por bem acolher o pedido, para fixar provisoriamente a guarda compartilhada do menor,
com residência fixa junto à genitora, por ser o local em que a criança reside e já se encontra adaptada.
Tendo sido definida a guarda compartilhada, prudente a regulamentação das visitas, de modo a assegurar ao
menor, assim como ao seu genitor, o direito à convivência familiar.
De tal sorte, entendo por regulamentar o direito de visitação do menor, em princípio, na forma proposta na
exordial, isto é, na modalidade livre, mediante prévio aviso.
De igual modo, deve ser deferido o requerimento de alimentos provisórios, visto que a certidão de nascimento
acostada aos autos demonstra ser o menor filho do requerido, o que faz incidir o dever de prestar alimentos,
conforme previsto na CRFB, arts. 227 e 229, e no Código Civil, arts. 1.694 e 1.696, e evidencia a
probabilidade do direito alegado.
Outrossim, é de se inferir que o menor não poderá esperar a solução do litígio para que lhe seja assegurado o
direito aos alimentos, vez que não tem condições de prover sua própria mantença, restando comprovado,
portanto, o perigo de dano.
Para quantificar o valor dos alimentos, devem ser sopesadas as necessidades do menor em recebê-los, as
possibilidades da parte demandada em prestá-los e a proporcionalidade entre tais vetores, na forma do
Código Civil, art. 1.694, § 1º. Atento a tais parâmetros, entendo prudente fixar os alimentos provisórios no
valor equivalente a 30% do salário-mínimo, haja vista que inexiste nos autos, até então, a comprovação do
quantum em dinheiro recebido pelo requerido, a título de remuneração do labor por si desempenhado.
Quanto ao pleito de inclusão nos alimentos de despesas diversas, a proporção de metade de todos os custos
de medicamentos, consulta/exames e material escolar, este será apreciado por ocasião da sentença, após
formação do contraditório.
Isto posto, DEFIRO a antecipação dos efeitos da tutela, de modo que CONCEDO a guarda
compartilhada do menor aos genitores, porém com residência fixa junto à genitora e direito de
visitação pelo genitor, em princípio, de forma livre, mediante prévio aviso.
DEFIRO, ainda, os alimentos provisórios, em 30% do salário-mínimo, devidos a partir da citação,
devendo o valor ser depositado em conta de titularidade da genitora do menor, até o dia 10 de
cada mês.
Por ora, defiro os benefícios da assistência judiciária.
Na forma do CPC, arts. 334 e 695, DESIGNO audiência de conciliação/mediação para o dia
07/05/2025, às 15:00 horas.
CITE-SE e INTIME-SE a parte requerida, para que compareça à audiência de mediação, observando-se
quanto ao mandado o disposto no CPC, art. 695 (especialmente em seu § 1º, segundo o qual “O mandado de
citação conterá apenas os dados necessários à audiência e deverá estar desacompanhado de cópia da petição
inicial, assegurado ao réu o direito de examinar seu conteúdo a qualquer tempo”), constando-se as
advertências legais, inclusive que:
1) a parte requerida deverá estar acompanhada de advogado ou Defensor Público (CPC, art. 695, § 4º e art.
334, § 9º);
2) o não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato
atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica
pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado (CPC, art. 334, § 8º);
3) o prazo para apresentar contestação é de 15 dias, contados da data da audiência, caso não ocorra a
autocomposição (CPC, art. 335), sob pena de ser decretada sua revelia, presumindo-se verdadeiras as
alegações de fato feitas pela parte autora (CPC, arts. 341 e 344).
INTIME-SE a parte autora, inclusive para que compareça à audiência de mediação, com as advertências
previstas no CPC, art. 334, §§ 8º e 9º, e art. 695, § 4º.
INTIME-SE ainda o MINISTÉRIO PÚBLICO.
Faculto às partes e seus advogados a participação da audiência, por videoconferência, por meio do uso do
aplicativo ZOOM, cujos dados para acesso são:
Ingressar na reunião Zoom
https://tjes-jus-br.zoom.us/j/85465223331?pwd=KcfgzeXjqfokSfCRxZaeebmYrYnaXy.1
ID da reunião: 854 6522 3331
Senha: 55581592
Cumpra-se.
MIMOSO DO SUL-ES, data e horário da assinatura digital.
RAFAEL MURAD BRUMANA
Juiz de Direito