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A Europa Dos Estados Absolutos e A Europa Dos Parlamentos

O documento discute a estrutura social e política da Europa durante o Antigo Regime, caracterizada por monarquias absolutas e uma sociedade estratificada em ordens sociais. Destaca a mobilidade social limitada, o absolutismo régio e a transformação da corte em um centro de poder e controle. Também aborda a transição para sistemas parlamentares, especialmente na Inglaterra, onde a burguesia começou a ganhar influência e a ideia de direitos individuais foi defendida por pensadores como John Locke.

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A Europa Dos Estados Absolutos e A Europa Dos Parlamentos

O documento discute a estrutura social e política da Europa durante o Antigo Regime, caracterizada por monarquias absolutas e uma sociedade estratificada em ordens sociais. Destaca a mobilidade social limitada, o absolutismo régio e a transformação da corte em um centro de poder e controle. Também aborda a transição para sistemas parlamentares, especialmente na Inglaterra, onde a burguesia começou a ganhar influência e a ideia de direitos individuais foi defendida por pensadores como John Locke.

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A EUROPA DOS ESTADOS ABSOLUTOS E A

EUROPA DOS PARLAMENTOS

Estratificação social e poder politico nas sociedades do Antigo Regime

Uma sociedade de ordens assente no privilégio

Antigo Regime: Época da História europeia compreendida entre o Renascimento e as


grandes revoluções liberais que corresponde, a grosso modo, à Idade Moderna.
Socialmente, o Antigo Regime caracteriza-se por uma estrutura fortemente
hierarquizada, politicamente corresponde às monarquias absolutas e
economicamente ao desenvolvimento do capitalismo comercial.

Ordem/Estado: Corresponde a uma categoria social definida quer pelo nascimento


quer pelas funções sociais que os individuos desempenham. Confere aos seus
membros determinadas honras, direitos e deveres. A cada ordem corresponde um
estatuto jurídico próprio e os seus elementos distinguem-se, de imediato, pelo traje e
pela forma de tratamento.

Estratificação social: Divisão da sociedade em grupos hierarquicamente organizados,


consoante o seu prestígio, poder ou riqueza.

A diversidade de comportamentos e de valores. A mobilidade social

Na sociedade hierarquizada do Antigo Regime, todos os comportamentos estavam


rigidamente estipulados para cada uma das ordens sociais. Assim, o estatuto juridico,
o vestuário, a alimentação, as profissões, as amizades, os gastos, os divertimentos, as
formas de tratamento devem reflectir a pertença a cada uma das ordens: por
exemplo, apenas o nobre usava a espada e apenas o membro do clero usava a tonsura
(corte de cabelo tipico). Esta preocupação em tornar visivel a diferenciação social
exprimira os principais valores defendidos na sociedade de ordens: a defesa dos
privilégios pelas ordens sociais mais elevadas, a primazia do nascimento como critério
de distinção e a fraquíssima mobilidade social.

Mobilidade social: Transição dos individuos de um para outro estrato social, quer em
sentido ascendente quer em sentido descendente. Numa sociedade de ordens, esta
mobilidade é sempre reduzida, uma vez que o critério de diferenciação social assenta
no nascimento. Porém no Antigo Regime, o desenvolvimento do capitalismo comercial
conduziu à ascensão da burguesia, que viu reforçadas tanto a sua valia económica
como a sua dignidade social.
Fatores de mobilidade social descendente da nobreza rural e do baixo clero:

Degradação da situação da pequena nobreza e baixo clero devido aos seus baixos
recursos económicos;
Desenvolvimento de uma economia monetária que levou ao empobrecimento da
nobreza rural que vivia dos rendimentos agrícolas;
Endividamento da nobreza rural que se vê obrigada a vender as suas terras à alta
nobreza e burguesia;
Confiança nos sinais exteriores de superioridade e em privilégios antigos que
foram caindo em desuso.

Fatores de mobilidade social ascendente da burguesia:

Expansão geográfica e comercial que estimulou o desenvolvimento de uma


economia monetária e comercial;
Enriquecimento com o comércio colonial;
Afirmação do Estado Moderno, Absoluto e Burocratizado que privilegiou o
recrutamento da burguesia;
Aquisição de terras à nobreza;
Compra de cargos públicos;
Obtenção de cargos, títulos e doações dos reis:
Obtenção de titulos através do casamento com a nobreza;
Grandes habilitações literárias.

O absolutismo régio

Monarquia absoluta: Sistema de governo que se afirmou na Europa, no decurso do


Antigo Regime. Concentra no soberano, que se considera mandato por Deus, a
totalidade dos poderes do Estado.

Os fundamentos do poder real

O poder real assenta em quatros características fundamentais:

É sagrado, porque provém de Deus que o conferiu aos reis para que estes o
exerçam em seu nome. Daqui decorre que atentar contra o rei é um sacrilégio e
que se deve "obedecer ao principe por princípio de religião". Mas esta origem
divina do poder real se a torna incontestável também lhe impõe limites, pois os
reis devem honrar o poder que Deus lhes deu, usando-o para o bem público;
É paternal, pois, sendo a autoridade paterna a mais natural e a primeira que os
homens conhecem, "fizeram-se os reis pelo modelo dos pais". Por isso, o rei deve
satisfazer as necessidades do seu povo, proteger os fracos e governar
brandamente, cultivando a imagem de "pai do povo":

É absoluto, uma vez que o principe deve tomar as suas decisões com total
liberdade. Por isso, "o principe não deve prestar contas a ninguém do que ordena".
Mas poder arbitrário e poder absoluto são coisas muito diferentes. O rei assegura,
com o seu poder supremo, o respeito pelas leis e pelas normas da justiça, de
forma a evitar a anarquia que retira aos homens os seus direitos e instala a lei do
mais forte.

Está submetido à razão, isto é, à sabedoria, visto que Deus dotou os reis de
capacidades que lhes permitem decidir bem e fazer o povo feliz. Escolhidos por
Deus, os monarcas possuem certas qualidades intrinsecas: bondade, firmeza,
forças de carácter, prudência, capacidade de previsão, São elas que asseguram o
bom governo.

A encenação do poder: a corte régia

Na monarquia absoluta, o rei utilizava a vida em corte para mais facilmente controlar
a Nobreza e o Clero. O grupo que rodeava o rei (sociedade de corte) estava
constantemente sujeito à vigilância deste. Os palácios eram centros da vida da corte e
eram locais de ostentação do poder e, ao mesmo tempo, de controlo das ordens
privilegiadas.

Não foi o Absolutismo que inventou a corte mas foi ele que a transformou no
espelho do poder. Tal como Luis XIV é um exemplo de paradigma de um rei absoluto,
Versalhes é o exemplo do paradigma de uma corte real. Quem pretendia um cargo ou
uma mercê só podia obtê-los no palácio. O luxo da corte arruinara a nobreza que
rivalizava no traje, nas cabeleiras, na ostentação, assim se esquecendo de que a sua
influência política se esvaíra nas mãos do soberano.

Nobres, conselheiros, "privados do rei", funcionários que viviam na corte e para a


corte, seguiam as normas impostas por uma hierarquia rigida e de uma etiqueta
minuciosa. Esta sociedade da corte servia de modelo aos que aspiravam à grandeza,
pois representava o cume do poder e da influência.
Todos os actos quotidianos do rei eram ritualizados, "encenados" de modo a
endeusar a sua pessoa e a submeter as ordens sociais. Cada gesto tinha um significado
social ou político, pelo que, através da etiqueta, o rei controlava a sociedade. Um
sorriso, um olhar reprovador assumiam um significado politico, funcionando como
recompensa ou punição de determinada pessoa.

Sociedade e poder em Portugal

A preponderância da nobreza fundiária e mercantilizada

A restauração da independência nacional, em 1640, por iniciativa da nobreza,


concedeu a esta ordem de grandes proprietários de terras um papel social
importante, reforçado pelos cargos na governação da monarquia, na administração
ultramarina e no comércio ultramarino. Deste modo, as principais caracteristicas da
sociedade de ordens em Portugal são, por um lado, a preponderância política da
nobreza de sangue, e por outro lado, o afastamento da burguesia das esferas do
poder. A debilidade da burguesia portuguesa, deveu-se, em grande parte, à
centralização das actividades mercantis nas mãos da Coroa e da Nobreza
(completavam os rendimentos da administração do reino com dádivas reais e com o
comércio).

Em Portugal, a nobreza mercantilizada (dedicada ao comércio), dá origem à figura do


"cavaleiro-mercador", o qual investe os lucros do comércio em terras e bens de luxo.
Deste fenómeno decorrem duas consequências: a dificil afirmação da burguesia
portuguesa e o atraso económico de Portugal face a vários países da Europa.

A criação do aparelho burocrático do Estado absoluto

Os reinados da Dinastia de Bragança corresponderam à afirmação progressiva do


absolutismo régio:

D. João IV:

- Convocação das Cortes em 1641;

- Reactivação e reestruturação do aparelho burocrático central do Estado:

- Reorganização do Conselho do Estado com a criação de 3 secretarias em áreas


fundamentais com a defesa (criação do Conselho de Guerra). as finanças (reforma do
Conselho da Fazenda) e a Justiça (reestruturação do Desembargo do Paço);

- Governo partilhado entre secretarias e Conselhos dos Nobres;


D. Pedro II:

- Desvalorização do papel das Cortes (apenas as reuniu para decisões com direitos
hereditários da Corte);

- Manutenção das instituições criadas anteriormente;

- Declínio dos Conselhos

D. João V:

- Não convoca as cortes;

- Diminuição do poder dos Conselhos;

-Redefinição das funções dos secretários, aos quais recorria frequentemente;

- Reforço da autoridade e centralidade do rei.

O absolutismo Joanino

O fenómeno a que se chamou a "encenação do poder" estava, também, presente na


monarquia portuguesa, em particular no reinado de D. João V. Tal como Luis XIV, D.
João V realçava a figura régia através da magnificência (luxo) permitida pelo ouro e
diamantes do Brasil, da autoridade e da etiqueta, de que se salientaram os seguintes
aspectos:

Subordinação das ordens sociais (manifestada na recusa em reunir cortes e no


controlo pessoal sobre a administração pública);
Envio de embaixadas ao estrangeiro (com engrandecimento das representações
diplomáticas);
Distribuição de moedas de ouro pela população;
Política de grandes construções (Convento de Mafra, Aqueduto de águas livres):
Politica externa (o rei procurou a neutralidade face aos conflitos europeus,
salvaguardando os interesses do nosso império e do nosso comércio);
Grande protocolo da corte (luxo e etiqueta minuciosa);
Reforma das secretarias existentes e a redefinição das suas funções.
Grande politica cultural com o desenvolvimento das letras, das ciências e das
artes com a criação da Real Academia Portuguesa da História e a protecção de
diversos artistas e músicos, expresso nas grandes obras barrocas.
A Europa dos Parlamentos: a sociedade e poder politico

A afirmação da política da burguesia nas Provincias Unidas/ A burguesia nas


estruturas do Poder / A jurisprudência ao serviço dos interesses económicas:

Grotius e a legitimação da liberdade dos mares

Depois de uma longa guerra contra a soberania espanhola, a região dos Paises Baixos
do Norte tornou-se num pequeno Estado independente. O novo Estado tomou a
forma de uma república altamente descentralizada e conduzida pela burguesia de
negócios, sobretudo pela holandesa, a provincia mais rica da União. Eram os
burgueses que assumiam as magistraturas nas cidades e eram também eles que
desempenhavam funções ao mais alto nivel, como as de deputado aos Estados Gerais,
o Parlamento da República com sede em Haia. Aos nobres ficaram reservadas, quase
unicamente, as funções militares.

Influenciada pela moral protestante mas também pela consciência do seu Ivalor e
dos seus interesses, a burguesia holandesa cultivou uma mentalidade própria que
valorizava a vida sóbria, o sucesso dos negócios e o bom desempenho dos cargos
públicos. Foi desta "república de mercadores que partiu, pela mão de Hugo Grocio, a
contestação do exclusivo ibério de navegação e comércio transoceânico, expresso no
seu texto publicado em 1608, "A Liberdade dos Mares (Mare Liberum)".

Grotius argumentava que os mares eram inesgotáveis e essenciais à vida, pelo que
constituíam propriedade comum de toda a Humanidade.

A recusa do Absolutismo na sociedade inglesa

A primeira revolução e instauração da repúblical A restauração da monarquia. A


Revolução gloriosa/ Locke e a justificação do parlamentarismo

Entre 1603, data da morte da rainha Isabel I, e 1688-1869, data da Revolução


gloriosa, a Inglaterra viveu um periodo politicamente conturbado, oscilando entre o
absolutismo e o parlamentarismo. Jaime I sucedeu a Isabel I, pondo fim à dinastia dos
Tudor, iniciando a dos Stuart; era um rei autoritário, adepto do Catolicismo, o que
impossibilitou que dispusesse do apoio das elites, sobretudo das representadas no
Parlamento.

O fortalecimento do poder régio acentuou-se com a subida ao trono em 1625 de


Carlos I: era católico e ampliou a cisão entre o rei e o Parlamento, ao tomar medidas
consideradas ilegais. A governação de Carlos I deu origem a protestos por parte do
Parlamento: em 1628, o Parlamento apresentou ao rei a "Petição dos direitos", que
recomendava que os direitos dos súbditos fossem respeitados.
Carlos I não respeitou a "Petição", nem a cumpriu, pois governou de forma absoluta,
no período que ficou conhecido como a "tirania dos onze anos", entre 1629 e 1640. O
descontentamento face ao Rei Carlos I aumentou, o que originou uma guerra civil
entre 1642-1649.

O que se estipulava na "Petição dos Direitos"?

A proibição de levantamento de impostos sem o consentimento do clero, da


nobreza e do povo;
A proibição do rei de exigir dinheiro emprestado; - A proibição de prender ou
retirar bens e liberdades a um homem excepto quando decidido por um tribunal.

A guerra civil: Abolição da monarquia e proclamação da República.

A guerra civil após os defensores do rei (os realistas) aos apoiantes do Parlamento,
os parlamentaristas, também conhecidos por "cabeças redondas.
Os opositores do rei eram liderados por Oliver Cromwell e derrotaram as tropas
realistas. O rei foi executado;
Cromwell e os seus partidários proclamaram a república. Este tornou-se Lorde
Protetor da República, pela nova constituição aprovada em 1653 e assumiu o
poder executivo, enquanto o Parlamento se assumiu como o órgão supremo
legislativo. Cromwell acabou por governar de forma ditatorial e o
descontentamento generalizou-se. Em 1660, Carlos II ocupou o trono e assegurou
a restauração da monarquia.

A Restauração da monarquia em Inglaterra: Carlos II

As primeiras medidas de Carlos II foram compensar as vítimas da guerra civil;


promulgar o habeos corpus em 1679, mediante a qual ninguém podia ser preso
sem culpa formada; abolir a censura e garantir a liberdade de petição;
Devolveu ao Parlamento o seu poder e restabeleceu a câmara dos Lordes;
Carlos II morreu e subiu ao trono o seu irmão Jaime II, católico e também defensor
do absolutismo o que suscitou uma outra crise com o Parlamento e como os seus
súbditos:
Alguns membros do Parlamento solicitaram, em 1688, a intervenção de Guilherme
de Orange e Nassau, Stathouse da Holanda, protestante e casado com Maria, a
filha mais velha do rei Jaime II;
Face a esta situação Jaime II refugiou-se em França.
A declaração de direitos e a consagração da monarquia parlamentar em
Inglaterra

Os reis Guilherme III e Maria II assinaram a "Declaração dos Direitos" e aceitaram a


partilha da soberania com o Parlamento; - Os reis ficaram obrigados a convocar o
Parlamento e ficaram submetidos ao direito comum; não podiam suspender leis;
recrutar exército em tempo de paz ou levantar impostos sem o consentimento
parlamentar;
Ficou consagrada uma monarquia parlamentar.

John Locke e a Justificação do Parlamentarismo

Influenciou os sistemas políticos modernos: ao nível dos direitos e liberdade


individuais e na afirmação do parlamentarismo;
Defendeu a ideia de que o poder político assenta num contrato entre o soberano e
a nação;
Os súbditos tinham legitimidade para depor o monarca, caso não cumprisse o
contrato o poder estava nas mãos do povo.

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