ARA 0406 Enfermidades Infecciosas e Parasitárias dos Animais
Agentes virais
Imunodeficiência Viral
Felina - FIV
Prof. Caio Rodrigues
[email protected] FIV
Infecção encontrada em gatos em todo o mundo
O vírus atua sobre o sistema imunológico deixando o gato mais
vulnerável a outras infecções (imunossupressão)
Agente etiológico
- FIV Lentivirus (Família Retroviridae, subfamília Lentivirinae)
- Classificados em subtipos A a F (glicoproteína gp120 do envelope)
- Alta taxa de mutação (alta virulência e patogenicidade)
Hospedeiros
Felídeos
- Gato doméstico
- Leões, panteras, guepardos, etc
FIV
Epidemiologia
Maior ocorrência - gatos machos inteiros e com acesso à rua
Infecção associada a disputas territoriais ou brigas
Gatos infectados podem parecer normais por anos e sofrem de
deficiência imunológica eventualmente
Transmissão
Principal via: mordedura (vírus presente na saliva)
Transmissão uterina e transmamária (não é comum)
- Gata com alta viremia durante a gestação
- Pode ocasionar reabsorção fetal, aborto ou natimortos
Fômites (potinhos de comida compartilhados)
FIV
Patogenia Infectado
Inoculação
Imunodeficiência Febre leve e transitória
Infecções secundárias Anorexia
Doenças imunomediadas Linfadenopatia
Neoplasia 1-3 meses
Fase Clínica Fase Aguda
Fase Assintomática
Fontes de infecção
Muitos não progridem
FIV
Patogenia
Saliva
Macrófagos Linfócitos TCD4
Sêmen
apresentação Intensa replicação
Leite antigênica
disseminação
Crescimento
tumoral Diminuição da razão de Depleção do Sistema Imune
Linfócitos TCD4/TCD8 (declínio de TCD4)
Infecções
Pele, pulmão etc
oportunistas
FIV
Sinais e Sintomas
Depressão e anorexia
Uveíte e conjuntivite
Febre e linfadenopatia
Podem ser assintomáticos
conjuntivite
estomatites
FIV
Sinais e Sintomas
Doenças Associadas
Estomatite
- Gravidade variável
- Refratária ao tratamento conservador
Neoplasias
- Linfoma sendo o mais comum
Uveítes e coriorretinites
Doença neurológica central e periférica
- Comportamento anormal
- Nistagmo, ataxia, convulsões, paresia e paralisia
Alterações hematológicas
- Anemias e leucopenias
Doença renal
FIV
Diagnóstico
Detecção de anticorpos específicos
- Desenvolvimento de altas concentrações durante toda a infecção
- Amostras de sangue total, soro ou plasma
- Testes: imunocromatográfico ou snap ELISA
- RT-PCR (vírus RNA)
Interpretação
Gatos < 6 meses cuidado com anticorpos maternos
retestar após 6 meses de vida
Gatos > 6 meses reativo somente após 60 dias pós infecção
associar a outras técnicas de diagnóstico (PCR, Western Blot)
FIV
Diagnóstico
Negativo
Positivo
Falso negativo (testes sorológicos)
- Infecção recente (ausência de soroconversão)
- Alterações cepas/ isolados virais
Falso positivo (testes sorológicos)
- Gatos estrangeiros previamente vacinados (anticorpos vacinais)
- No Brasil não há vacinação para FIV
PCR - Falso negativo
- Animal assintomático com baixa carga viral
- Cepa não detectada por variação genética
FIV
Tratamento
AZT (zidovudina inibidor da transcriptase reversa)
- Reduz carga viral e melhora a clínica do paciente
- No Brasil, o uso em gatos é restrito a projetos de pesquisa
(segundo a ANVISA)
- Efeito adverso anemias arregenerativas
Interferon (modula o sistema imune)
Tratar infecções/doenças secundárias
Controle e profilaxia
AAFP recomenda a vacinação como prevenção (no Brasil não tem)
Isolamento dos animais positivos
Não permitir o acesso à rua
Castração
Check up a cada 6 meses com um médico veterinário;
ARA 0406 Enfermidades Infecciosas e Parasitárias dos Animais
Agentes virais
Leucemia Viral
Felina - FeLV
Prof. Caio Rodrigues
[email protected] FeLV
Vírus oncogênico comum em animais de rua ou que vivem em
grandes populações como os abrigos
Agente etiológico
- FeLV Gamaretrovirus (Família Retroviridae)
- RNA fita simples e envelopado
- Classificado em quatro subgrupos distintos:
FeLV-A, FeLV-B, FeLV-C e FeLV-T
O RNA é transcrito em DNA (provírus) pela RNA polimerase viral
transcriptase reversa e é integrado ao genoma celular persistência no organismo
Hospedeiros
Felídeos domésticos e selvagens
FeLV
Epidemiologia
Não é uma zoonose
Os gatos são usualmente infectados a partir do estreito e íntimo
contato com animais portadores do vírus
Maior incidência (gatos jovens, 1 - 5 anos e que vivem em grupos)
Muitos gatos expostos ao vírus se recuperam e tornam-se não
virêmicos
FeLV
Transmissão
Disseminação viral através de fluidos corporais de um gato
infectado: saliva, secreção nasal, leite, urina e fezes
Transmissão vertical mãe infectada para os filhotes
Transmissão horizontal entre gatos que vivem juntos
(mães infectadas também podem transmitir via horizontal)
Principal via de transmissão: oronasal (lambedura e mordedura)
O FeLV é transmitido através do contato
próximo entre gatos alimentos, grooming
FeLV
Patogenia Abortiva, Regressiva e Progressiva
Invasão em macrófagos
PCR (-) ELISA (-) IFD (-)
Eliminação viral (-) Ac (+)
Saída por exocitose
PCR (+) ELISA (+) IFD (+)
PCR (+) ELISA (-) IFD (-) (já passou pela medula)
Eliminação viral (+)
Eliminação viral (-)
tropismo
FeLV
Evoluções clínicas
Vírus se aloja no tecido
-
viremia primária) medula óssea viremia secundária
Progressiva - infecção replica em tecidos linfoides, medula óssea, mucosa e
glândula salivar (excreção do vírus pela saliva) afecções secundárias
Regressiva - não há a eliminação do vírus - baixo risco de desenvolver afecções
secundárias (reativação ocorre por imunossupressão) diminui com o tempo
(duração após o gato ter eliminado a viremia).
Abortiva - é caracterizada por resultados negativos de testes para vírus
cultiváveis, antígenos, RNA viral e dNA pró-viral. O único indício de infecção por
FeLV é a presença de anticorpos.
FeLV
Sinais e sintomas
Alterações hematológicas
- Anemia (comumente arregenerativa)
- Neutropenia, trombocitopenia, linfocitoses
- Leucemias
Linfoma mediastinal
- Animais jovens (1-2 anos)
- Formas multicêntricas
Mielopatias
- Disfunção neurológica gradualmente progressiva
- Vocalização e comportamento anormal
- Paresia progredindo para paralisia
Outras infecções associadas bactérias, protozoários, fungos, etc.
FeLV
Diagnóstico
1. qRT PCR detecção de RNA viral (1 semana de exposição)
2. PCR detecção de DNA viral (2 semanas de exposição)
3. Testes rápidos - detecção de antígenos (em geral após 30 dias)
4. Imunofluorescência Direta células marcadas
(passou pela medula óssea)
Cada resultado depende do status imunológico e
da forma da doença (abortiva, regressiva ou progressiva)
Tratamento
Suporte (sem medicamentos eficazes que controlam o vírus)
FeLV
Profilaxia e controle
Prognóstico ruim alta letalidade
(quadro hemorrágico + infecção secundária)
Isolamento dos animais positivos
Controle de acesso à rua (telagem)
Castração dos animais
Vacinação (eficaz, porém cara)
- vírus completo inativado ou recombinantes
- Altos títulos de anticorpos (vacinais confundem com a doença)
- Segura para gestante
ARA 0406 Enfermidades Infecciosas e Parasitárias dos Animais
Agentes virais
Peritonite Infecciosa
Felina - PIF
Prof. Caio Rodrigues
[email protected] PIF
Acomete felinos (domésticos e selvagens) de todas as idades
Relacionada com aglomerações de animais ou contato direto
Agente etiológico
- Coronavirus felino (FCoV) - (Família Coronaviridae grupo I)
- Vírus RNA
- Envelopados com glicoproteínas (S e E)
Biotipos
Coronavírus Entérico Felino (FECV)
Vírus da Peritonite Infecciosa Felina (FIPV)
PIF
Epidemiologia
- 80 a 90% positivos (gatis)
Alta prevalência em animais - 10 a 50% (gatos residenciados)
Transmissão
- Feco-oral (fezes agente disseminador)
- Fômites (potinhos, caminhas etc)
Muitos animais com a forma subclínica (sem sintomas, porém com o vírus)
Forma severa ocorre em poucos casos
PIF
Patogenia Vírus RNA (mutações possíveis)
Vilosidades FECV Destruição tecidual
Ingestão intestinais Achatamento de vilosidade
Pode haver
Replicação primária Diarreia e má absorção
mutação para
FIPV
Excreção viral (fezes)
FECV e possivelmente FIPV
FIVP Invasão e replicação Disseminação Sangue
Ingestão
em macrófagos tecidual
Replicação contínua
na porta de entrada em macrófagos no sangue
(exocitose mantém a célula íntegra)
REPLICAÇÃO FACILITADA Reinfecção após primeiro relato
Endocitose em monócitos
POR MACRÓFAGOS SEVERIDADE (MORTE) mutação
PIF
Patogenia
Anticorpos facilitam a
entrada nas células
fagocíticas
Animal que já teve FECV é mais propenso a ter FIVP (anticorpos de memória)
Sinais e Sintomas
Enterite leve (FECV)
- Auto limitante
- Diarreia e vômitos
- Atrofia do trato respiratório superior (filhotes)
Sinais e Sintomas PIF
- Perda de peso
FIVP - Anorexia Imunossupressão
- Febre favorece o vírus
- Letargia e debilidade
FORMAS CLÍNICAS VARIÁVEIS
(depende do tipo de órgão que acomete)
a) Efusiva (úmida)
- Forma clássica
- Imunodeficiência formação de imunocomplexos
Liberação de
- Aumenta a permeabilidade vascular (ascite) aminas vasoativas
b) Não efusiva (seca)
- Resposta imune celular parcial
- Danos em vasos (vasculite) reduz aporte sanguíneo
- Danos renais e neurológicos
c) Combinada
Sinais e Sintomas PIF
PIF Efusiva
- Efusão pleural / efusão abdominal
- Aumento do volume abdominal
- Dispneia e dificuldade respiratória
- Perda de peso
- Diarreia e vômitos
- Mucosas ictéricas
- Febre não responsiva aos antibióticos
Exsudato
fibrinoso Efusão sero-fibrinosa
Sinais e Sintomas PIF
PIF não efusiva
- Febre e perda de peso
- Insuficiência renal, hepática e pancreática
- Hepatomegalia
- Lesões neurológicas
- Uveítes exudativas e precipitados fibrinosos
- Hifema (sangue na cavidade ocular) e outras lesões oculares
Diagnóstico PIF
Clínico (sinais clínicos + anamnese)
Ultrassonografia e Radiografia
Diagnóstico laboratorial
- Citologia da efusão (bactérias e muitos leucócitos)
- Sorologia (RIFI e ELISA)
- RT PCR (estirpes)
RIFI com células infectadas
Post mortem
(necropsia e histopatológico)
Diagnóstico PIF
Ascite e lesões Gromerulonefrite Granulomas
piogranulomatosas (necrose) intestinais
Prognóstico desfavorável
Tratamento
Terapia hidroeletrolítica
Controle da inflamação (corticoides)
Terapia de suporte Antibioticoterapia
Controle da resposta imune (interferon)
Repouso (evitar estresse)
Dieta com baixa de proteinas
Controle e prevenção PIF
Controle de acesso à rua
Isolamento de gatas prenhas
- Diminui a infecção da mãe e dos filhotes
- Há casos de transmissão vertical
Limpeza periódica do ambiente
Reduz aglomerações de animais
Quarentena de animais novos introduzidos ao plantel
Uso de caixinha de areia (reduz disseminação)
Vacina não disponível comercialmente no Brasil
(eficácia questionada alta variação genética)
deve estimular a resposta imune celular
[email protected]