O capitalismo é um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção, na
acumulação de capital e na busca constante pelo lucro. Desde o seu surgimento na Europa, entre
os séculos XV e XVI, o capitalismo passou por várias fases e transformações, moldando o mundo
moderno e influenciando diretamente as relações de trabalho, as formas de produção e o
comportamento da sociedade. Ele nasceu com o capitalismo comercial, onde o lucro era obtido
principalmente por meio do comércio marítimo e das grandes navegações. Posteriormente, com a
Revolução Industrial no século XVIII, o capitalismo se transformou em capitalismo industrial, com a
introdução das máquinas, das fábricas e da produção mecanizada. A partir daí, o trabalho
assalariado, a divisão do trabalho e o aumento da produtividade se tornaram características
marcantes do sistema.
Com o avanço da industrialização, os capitalistas buscaram modelos cada vez mais eficientes para
organizar a produção e aumentar seus lucros. Foi nesse contexto que, no início do século XX,
surgiu o fordismo, um modelo produtivo que revolucionaria a indústria. Criado pelo empresário
norte-americano Henry Ford, esse sistema se baseava na produção em massa de produtos
padronizados por meio da linha de montagem. Nela, cada trabalhador executava uma única tarefa
repetitiva, o que reduzia o tempo de produção e aumentava significativamente a produtividade. O
exemplo mais famoso dessa aplicação foi a fabricação do Ford T, um carro popular que se tornou
símbolo da produção em massa. Graças à padronização e à mecanização, os custos diminuíram e
os produtos puderam ser vendidos a preços mais baixos, ampliando o consumo entre as classes
médias e populares.
O fordismo não foi apenas um modelo técnico de produção, mas também um modo de organização
social dentro do capitalismo. Ele estimulava o chamado consumo de massa, ou seja, o consumo
em grande escala por um grande número de pessoas. Para que isso fosse possível, Henry Ford
defendeu a ideia de pagar salários mais altos aos trabalhadores, o que permitiria que eles também
fossem consumidores dos produtos que fabricavam. Essa lógica foi essencial para o fortalecimento
do capitalismo industrial durante grande parte do século XX, especialmente nos países
desenvolvidos. O trabalhador deixava de ser apenas um operário para se tornar também
consumidor. O Estado, por sua vez, assumiu um papel regulador, intervindo na economia em
momentos de crise e garantindo direitos sociais, consolidando o chamado Estado de bem-estar
social.
Contudo, o modelo fordista também apresentava sérias limitações. O trabalho repetitivo levava à
alienação do operário, que muitas vezes realizava sua função sem entender o todo do processo
produtivo. A rigidez da produção impedia adaptações rápidas e gerava grandes estoques, o que se
tornava um problema em períodos de baixa demanda. Foi nesse contexto que surgiu uma das
maiores crises do capitalismo: a Crise de 1929. Marcada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova
York, ela revelou as fragilidades do modelo fordista e da economia capitalista baseada na
superprodução. Milhões de pessoas perderam seus empregos, e empresas do mundo inteiro
faliram. A crise obrigou o capitalismo a se repensar e buscar novas formas de produção.
Nas décadas seguintes, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, outro modelo começou a
ganhar destaque: o toyotismo. Desenvolvido no Japão pela montadora Toyota, esse sistema
nasceu em um cenário de escassez de recursos e necessidade de alta eficiência. Diferente do
fordismo, que priorizava a produção em massa, o toyotismo focava na produção sob demanda e na
eliminação de desperdícios. Seu princípio central era o just-in-time, ou seja, produzir apenas o
necessário, na hora certa e na quantidade exata. Esse método permitia uma produção mais enxuta,
sem grandes estoques e com foco na qualidade do produto final.
Além disso, o toyotismo valorizava o trabalhador como agente ativo no processo produtivo. Ao
contrário do modelo fordista, em que o operário era treinado para repetir sempre a mesma tarefa,
no sistema toyotista o funcionário precisava ser multifuncional, trabalhar em equipe e ser capaz de
identificar e solucionar problemas na linha de produção. Isso representava uma mudança profunda
na organização do trabalho dentro do capitalismo. O toyotismo também utilizava tecnologias de
informação para integrar produção, logística e vendas, tornando-se um modelo mais flexível e
adaptável às demandas do mercado.
Essa nova lógica de produção acompanhava uma nova fase do capitalismo: o capitalismo
globalizado e informacional. A partir dos anos 1970 e 1980, com o avanço da tecnologia e a
intensificação da globalização, as empresas passaram a atuar em escala mundial, conectando
fábricas, fornecedores e consumidores em diferentes partes do planeta. O toyotismo se adequava
perfeitamente a essa realidade, pois permitia respostas rápidas às oscilações do mercado,
diversidade de produtos e redução de custos operacionais. Com isso, o modelo se espalhou por
diversos países e setores da economia, tornando-se dominante no final do século XX e início do
século XXI.
No entanto, assim como o fordismo, o toyotismo também é alvo de críticas. A exigência por
trabalhadores polivalentes e produtivos pode gerar sobrecarga e estresse. A flexibilização das leis
trabalhistas, a terceirização e a pressão constante por resultados podem prejudicar a qualidade de
vida dos empregados. Além disso, a busca por redução de custos pode levar as empresas a
explorarem mão de obra barata em países menos desenvolvidos, ampliando as desigualdades
sociais. Apesar disso, o toyotismo é considerado por muitos como uma evolução em relação ao
fordismo, por valorizar mais o conhecimento e a participação dos trabalhadores.
A comparação entre fordismo e toyotismo ajuda a entender como o capitalismo se transforma ao
longo do tempo para manter sua lógica de acumulação de capital. O fordismo está diretamente
ligado ao capitalismo industrial do século XX, com seu foco na produção padronizada, na
mecanização e no consumo em massa. Já o toyotismo se relaciona com o capitalismo flexível e
globalizado, que exige inovação, adaptação e personalização dos produtos. Ambos os modelos são
expressões de diferentes momentos históricos do sistema capitalista e revelam como a organização
do trabalho é moldada pelas necessidades econômicas de cada época.
Ao longo do tempo, o capitalismo mostrou grande capacidade de adaptação. Mesmo diante de
crises profundas, como a de 1929 e a crise financeira de 2008, o sistema encontrou caminhos para
se reinventar. Parte dessa capacidade está na adoção de novos modelos de produção que
respondam às exigências do mercado e da sociedade. O fordismo e o toyotismo são exemplos
claros dessa transformação contínua. Eles representam não apenas métodos de fabricação, mas
também modos de vida, de consumo e de organização social.
A produção em massa, o consumo em massa, a automação e a personalização de produtos são
expressões do modo como o capitalismo atua para gerar lucros, moldar comportamentos e
expandir seus mercados. Com o avanço das tecnologias digitais, da inteligência artificial e da
automação industrial, novos modelos surgem, baseados em plataformas, dados e serviços. No
entanto, as raízes dessas mudanças continuam ligadas aos fundamentos lançados por Henry Ford
e aperfeiçoados pela Toyota. Entender essas conexões é essencial para compreender o presente e
imaginar o futuro das relações econômicas e sociais no mundo globalizado.