INTRODUÇÃO AO

JORNALISMO
UNIDADE II
Jornalismo como
Profissão
Maria Luiza Viana de Aquino
 Jornalismo como Profissão

Introdução
A profissão de jornalista hoje está consolidada, mas sua trajetória revela importantes
transformações sociais. Nesta unidade, vamos explorar essa evolução, a estruturação
da notícia e os desafios éticos do jornalismo. Isso nos permitirá entender o papel social
da profissão e sua importância na construção de uma sociedade crítica e informada.

Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:

• Compreender o trabalho do repórter ao longo da história.

• Identificar as características essenciais da notícia.
• Compreender os princípios éticos fundamentais do jornalismo.

3
A Atuação do Repórter
O jornalismo, como profissão, desempenha um papel essencial na construção de uma
sociedade informada e crítica, tendo evoluído nas técnicas de apuração e transmissão
de informações. O repórter, figura central nesse processo, tem a responsabilidade de
investigar e relatar os fatos com precisão e imparcialidade, seguindo os princípios
éticos que guiam a profissão. O jornalista deve estar atento aos impactos sociais
de seu trabalho, contribuindo para o fortalecimento da democracia ao proporcionar
acesso à informação de qualidade.

O repórter é um dos principais pilares do jornalismo, responsável por recolher,

investigar e transformar informações em matérias jornalísticas que serão divulgadas
ao público. Esse profissional atua em redações, nas quais sua tarefa essencial é a
apuração precisa dos fatos, com o objetivo de oferecer uma visão fundamentada e
clara dos acontecimentos para a sociedade.

Nesta unidade, vamos conhecer a trajetória histórica desse profissional e os fatos e

contextos que abriram caminho para o fortalecimento do repórter como figura central
no jornalismo.

O Trabalho do Repórter na História

Os jornais do início do século XVII foram um marco na comunicação, os quais atendiam

principalmente a burguesia emergente, refletindo seus valores e preocupações
(Caversan, 2009). Os textos publicados eram retóricos, promovendo a grandeza
das instituições e a legitimidade das práticas religiosas. No século XIX, a Revolução
Industrial e o avanço das impressoras rotativas ampliaram a capacidade de impressão
e distribuição, tornando os jornais acessíveis a um público mais amplo, que incluía
pessoas comuns fora das elites tradicionais (Caversan, 2009).

Atenção
O mercado publicitário impulsionou as publicações, exigindo que
o conteúdo dos jornais fosse atraente e acessível, a fim de atingir
um público cada vez maior.

4
Surge, então, uma nova era de reportagens dinâmicas e impactantes, com a cobertura
de eventos de grande relevância social, como crimes, guerras, revoltas e decisões
políticas, ratificando o papel do repórter nesse cenário, profissional vital para a
construção da narrativa pública atraente.

O final do século XIX e o início do século XX foram marcados pelo advento do

jornalismo sensacionalista, também conhecido como jornalismo amarelo. Esse estilo
de jornalismo era caracterizado por práticas controversas que priorizavam o impacto
emocional sobre a precisão dos fatos.

Com o avanço do século XX, a necessidade de resgatar a credibilidade do

jornalismo se tornou cada vez mais evidente, especialmente após os excessos do
jornalismo sensacionalista.

Nesse cenário, surgiu o movimento de profissionalização do jornalismo, marcado pela

criação das primeiras faculdades de jornalismo, que objetivavam formar profissionais
capacitados, que seguissem padrões éticos e técnicos rigorosos, elevando a prática
jornalística a um novo patamar de seriedade e respeito.

O Repórter na Sociedade Atual

Atualmente, o repórter desempenha um papel crucial ao fornecer orientação ao

público para tomar decisões informadas sobre diversas áreas, como finanças, carreira
e viagens. Uma de suas funções principais é traduzir conhecimentos técnicos e
científicos em mensagens acessíveis, selecionando e contextualizando os fatos para
ajudar o público a entender melhor e avaliar as informações.

O Perfil do Repórter

A paixão pelo jornalismo sustenta o repórter durante longas jornadas e desafios

diários, exigindo também adaptação e flexibilidade para cobrir uma variedade de
eventos e situações.

O jornalismo é tanto uma prática técnica quanto uma forma de arte, uma vez que a
individualidade e a criatividade do repórter enriquecem a cobertura de notícias. Cada
repórter traz para a mesa uma perspectiva única, moldada por suas experiências,
personalidade e visão de mundo. Com o avanço das tecnologias de comunicação e a
diversidade de mídias, o jornalista precisa ser versátil, capaz de trabalhar em diferentes
formatos, incluindo impresso, digital, audiovisual e redes sociais.

5
 A produção jornalística precisa ser multimídia

Fonte : Plataforma Deduca (2024).

#pratodosverem: ilustração em que se vê o dorso de quatro perfis femininos,
uma parda com roupas sociais, uma branca de cabelos negros, uma negra e
uma ruiva, e sobre elas se forma uma nuvem contendo diferentes ícones de
redes sociais.

A Produção da Notícia
O processo de produção de uma notícia envolve três fases principais: seleção,
ordenação e nomeação de eventos. Cada uma dessas etapas estabelece um papel
essencial na construção de uma narrativa jornalística coerente e eficaz.

Produção da notícia

Fonte: © freepik, Freepik (2024).

#pratodosverem: ilustração em que se vê três figuras humanas, duas mascu-
linas, na parte superior, na direita e na esquerda, e uma feminina, ao centro
embaixo; e um jornal em tamanho grande, dando a entender que essas pessoas
estão consumindo o seu conteúdo.

6
Na seleção dos eventos, o jornalista decide quais fatos serão reportados. Na ordenação,
o jornalista define a sequência das informações para facilitar a compreensão pelo
público. Na nomeação, atribui significados e rótulos finais à notícia.

Nesta unidade, vamos explorar detalhadamente essas fases para entender como criar
uma narrativa jornalística coerente e eficaz.

Características da Notícia

Uma notícia deve ser verdadeira e imparcial, refletindo os fatos com precisão e
sem distorções. Embora possa evocar emoções como comoção ou revolta, essa
capacidade é parte da responsabilidade do jornalismo.

O jornalista deve garantir que a informação seja relevante e fiel aos fatos. Além disso,
as notícias podem ser classificadas pela previsibilidade dos eventos, o que influencia
a abordagem jornalística e a organização das redações.

Notícias previstas

São eventos previsíveis, como conferências de imprensa, lançamentos de

produtos, eventos políticos e celebrações anuais, que os jornalistas podem
antecipar devido ao agendamento prévio.

Notícias imprevistas

São eventos inesperados, como acidentes, crimes e desastres, que exigem

resposta rápida dos jornalistas para relatar os fatos conforme se desenrolam,
sem aviso prévio.

Notícias mistas

São eventos previstos que se desenrolam de forma inesperada, como a morte

súbita de uma figura pública, combinando elementos previstos e imprevistos.

As notícias podem ser classificadas pela sua origem, em locais nacionais e internacionais,
o que ajuda a determinar sua relevância e impacto para o público-alvo. A proximidade
da notícia é um fator crucial; assim, notícias internacionais geralmente recebem
menos destaque, a menos que tenham implicações significativas para o público local
ou nacional. Essa dinâmica faz com que os veículos de comunicação ajustem suas
coberturas para atender às expectativas e necessidades da sua audiência.

7
O Cruzamento de Informações

Para que uma notícia tenha credibilidade, é essencial que as informações sejam
verificadas com rigor, além disso as fontes consultadas devem ser qualificadas e
idôneas, o que é nomeado como apuração.

Etapas da apuração

Fonte: elaborado pela autora (2024).

Consultar fontes diversificadas e respeitáveis contribui para uma apuração mais

robusta, permitindo que o jornalista construa uma narrativa fiel aos acontecimentos e
que resista a escrutínios posteriores.

A integridade da notícia depende da habilidade do jornalista em filtrar esses dados,

para garantir que o relato final seja coerente e verdadeiramente representativo da
realidade. Dessa maneira, evita a inclusão de informações contraditórias e, assim,
preserva a clareza e a confiabilidade da notícia.

Processo de produção da notícia

Fase do
Descrição
processo

Definição da O processo de produção de uma notícia começa com a definição da

pauta, que é essencial para orientar o trabalho jornalístico. Pautas
pauta previstas são aquelas que podem ser antecipadas, como eventos
programados, conferências ou reuniões importantes. Já as pautas
imprevistas surgem de maneira inesperada, como desastres naturais,
acidentes ou acontecimentos repentinos.

Pré-produção Nesta etapa, o jornalista faz o levantamento das fontes e realiza

pesquisas detalhadas para coletar dados suficientes que permitam
abordar o tema de diferentes ângulos. A pré-produção é crucial
para garantir que a notícia seja bem fundamentada e que todas as
perspectivas relevantes sejam consideradas. Esse planejamento
também inclui a preparação para a edição da matéria.

8
 Fase do
Descrição
processo

Produção e Na fase de produção e redação, o jornalista começa a transformar as

informações coletadas em um texto jornalístico. A redação da notícia
redação exige precisão e clareza, sendo necessário revisar e reescrever o
texto quantas vezes for necessário para garantir que a informação
seja apresentada de forma compreensível e fiel aos fatos.

Fonte: elaborado pela autora (2024).

Ao manter o controle sobre o processo de apuração e buscar informações adicionais

que não estejam presentes nos releases e nos discursos oficiais, o jornalista pode
assegurar uma cobertura mais rica, completa e imparcial, que respeite o compromisso
de informar o público de forma justa e precisa.

A Estrutura da Notícia

A estrutura da notícia se refere à maneira como as informações são organizadas

e apresentadas ao público, o que está diretamente ligado à objetividade, ao ritmo
narrativo e à hierarquização da informação, a fim de proporcionar ao receptor a
captação rápida dos pontos mais importantes.

Reflita
Os critérios de noticiabilidade determinam se um acontecimento
tem "valor-notícia", definindo o que pode ser transformado em
conteúdo jornalístico com base em um conjunto de valores.

Além disso, a notícia precisa obedecer a uma estrutura organizacional eficiente, sendo
a pirâmide invertida um dos formatos mais amplamente utilizados. Essa técnica
prioriza as informações mais relevantes e recentes, permitindo que o leitor ou ouvinte
obtenha uma visão geral do acontecimento logo nos primeiros parágrafos.

O lead, ou lide, é uma das principais ferramentas utilizadas no jornalismo para organizar
a notícia de maneira clara e objetiva. Sua função primordial é fornecer, de imediato, as
informações essenciais da notícia, respondendo às perguntas fundamentais: o quê,
quem, quando, onde, como e por quê.

9
Essa hierarquização das informações é um reflexo direto do compromisso informativo,
pois permite que o leitor receba o conteúdo de forma estruturada e lógica, sem ruídos
interpretativos. Dessa forma, proporciona objetividade e clareza ao texto e, também,
respeita o tempo e a capacidade de entendimento do público.

Ética Profissional no Jornalismo

No contexto jornalístico, a ética estabelece as bases para uma conduta profissional
que respeite os princípios da verdade, responsabilidade e integridade.

Diariamente, os jornalistas enfrentam uma série de desafios éticos que permeiam

todas as etapas do processo de produção de notícias, desde a apuração dos fatos
até sua veiculação final. Neste tópico, vamos refletir sobre os principais aspectos
que norteiam a ética na prática jornalística, conhecer os seus principais códigos e as
transformações em meio a mudanças tecnológicas.

Princípios Éticos

Um dos pilares éticos do jornalismo é o direito à informação de interesse público,

garantido pela Constituição Federal de 1988, especificamente no art. 5º, inciso
XXXIII. Contudo, é preciso compreender o que de fato está implícito no conceito de
interesse público.

Este conceito se refere àquelas informações que afetam o bem comum, o bem-estar
social e as condições de vida de uma comunidade ou de toda a população, os quais
são atingidos diretamente pela atuação do jornalista.

Atenção
Importante não confundir este conceito com o “interesse do
público”, conjunto de temas que atraem a curiosidade das pessoas,
mas não necessariamente têm relevância social.

Ao observar a ética no exercício de seu papel social, o jornalista não apenas refletirá a
realidade, mas também participará ativamente na criação do que é percebido como de
interesse público. Assim, orientará a sociedade sobre temas que afetam diretamente
seu cotidiano e sua qualidade de vida..

10
 Reflita
Na cobertura de controvérsias políticas, o jornalista deve
ouvir todos os lados para garantir uma apresentação justa e
equilibrada. Isso permite que o público forme opiniões com base
em informações precisas.

Outro princípio ético no jornalismo é o dever de preservar a integridade das fontes,

garantindo que a identidade delas seja mantida em sigilo quando necessário. Isso
é particularmente importante em situações nas quais as fontes compartilham
informações sensíveis que possam comprometer sua segurança física, profissional
ou pessoal.

Responsabilidade com a fonte é princípio ético do jornalismo

Fonte: © freepik, Freepik (2024).

#pratodosverem: duas pessoas em pé, uma em frente da outra, em uma
situação de entrevista jornalística; à direita está o entrevistador e à esquerda o
entrevistado. Em primeiro plano, vê-se uma câmera filmadora.

O jornalista deve sempre considerar os impactos potenciais que a divulgação de

certas informações pode ter sobre as pessoas que colaboram com seu trabalho,
garantindo que a prática jornalística não exponha indevidamente essas pessoas a
riscos desnecessários.

11
Normas e Códigos de Ética

No Brasil, existe uma diversidade de códigos de ética voltados para a prática jornalística,
elaborados por diferentes instituições e associações de classe.

• As principais organizações codificadoras no jornalismo são:

• Associação Nacional de Jornais (ANJ).
• Associação Nacional de Editoras de Revistas (ANER).
• Associação Brasileira de Emissora de Rádio e Televisão (Abert).
• Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ).

Cada uma dessas associações representa segmentos distintos da mídia, mas

compartilham a responsabilidade de criar normas que orientem a prática jornalística
em suas respectivas áreas.

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, elaborado pela Federação Nacional de

Jornalistas (FENAJ, 2007), é um dos documentos mais importantes para a prática
profissional do jornalismo no Brasil.

A mais recente atualização, fruto de um processo de consulta pública e diálogo com a

comunidade jornalística, incluiu 290 modificações no texto original, as quais refletiram
as novas demandas que surgiram com o avanço das tecnologias de comunicação e a
crescente complexidade da profissão.

Uma das particularidades do Código de Ética da FENAJ é que ele é voltado

especificamente para os jornalistas, enquanto outros códigos de ética no Brasil,
como os elaborados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) ou pela Associação
Brasileira de Emissora de Rádio e Televisão (Abert), são direcionados principalmente
aos veículos de comunicação.

A Ética e as Novas Tecnologias

As transformações tecnológicas, impulsionadas pelo desenvolvimento da informática

e pelo advento da Internet, alteraram a maneira como nos relacionamos com o mundo
e, consequentemente, a forma como o jornalismo é praticado. Essas inovações
possibilitaram o acesso rápido e facilitado a informações, ampliando as fontes e
permitindo que os jornalistas possam apurar e divulgar notícias de maneira mais
eficiente, benefícios valiosos para a profissão. Contudo, esse mesmo ambiente
digital, que facilita o acesso à informação, também potencializa práticas antiéticas,
como a disseminação de fake news, boatos e manipulação de fatos, o que coloca a
credibilidade do jornalismo em risco (Pena, 2021).

12
 O excesso de dados da internet desafia os jornalistas

Fonte : Plataforma Deduca (2024).

#pratodosverem: ilustração de uma pessoa sentada observando uma grande
tela de um notebook, sobre a qual há uma lupa; em cima dessas imagens há os
ícones de configuração, nuvem e pasta.

A confiabilidade do jornalismo, que sempre foi ancorada na verificação rigorosa dos

fatos, enfrenta o desafio do fluxo constante de dados e notícias, dificultando ao público
distinguir fontes confiáveis de veículos que propagam desinformação. Ao mesmo
tempo, o intervalo entre o acontecimento de um fato e sua distribuição como notícia
foi drasticamente reduzido.

Portais de notícias, redes sociais e blogs disputam a primazia na divulgação dos fatos,
e a instantaneidade se tornou uma exigência tanto do público quanto das próprias
plataformas de mídia (Pena, 2021).

13
 A apuração da notícia requer ouvir diferentes fontes

Fonte: © freepik, Freepik (2024).

#pratodosverem: uma situação de entrevista, em que se vê um entrevistado e
dois jornalistas segurando smartphones e microfone.

Essa corrida para ser o primeiro a noticiar os eventos coloca uma enorme pressão
sobre os jornalistas e veículos de comunicação. Com prazos cada vez mais curtos,
os profissionais são, por vezes, forçados a encurtar ou até pular etapas cruciais do
processo de produção de uma notícia.

Esse aceleramento do ciclo de produção cria um dilema ético: ser o mais rápido na
publicação pode significar sacrificar a precisão e a responsabilidade. Quando a pressa
prevalece sobre a qualidade, os jornalistas correm o risco de oferecer ao público
informações imprecisas ou incompletas.

Saiba mais
Para saber mais sobre boas práticas da notícia, sugerimos o
mergulho no Manual de Redação do Jornal O Estadão, disponível
no link.

14
Conclusão
A posição que o jornalista ocupa na sociedade atual é fruto de um longo processo
de adaptação e transformação. Trata-se de um fazer amadurecido, que, apesar de
enfrentar constantes desafios, permanece aberto para o novo, sempre em busca
de aprimorar sua função social e fortalecer seu compromisso com a informação
de qualidade.

15
Referências
CAVERSAN, L. Introdução ao jornalismo diário. São Paulo: Saraiva, 2009.

ESTADÃO. Manual de redação. 3. ed. São Paulo: Estadão, 2006. Disponível em: https://
www.estadao.com.br/manualredacao. Acesso em: 4 set. 2024.

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS. Código de Ética dos Jornalistas

Brasileiros. Vitória: FENAJ, 2007.

PENA, F. Teoria do Jornalismo. 3. ed. São Paulo: Contextus, 2021.