A Jurema Sagrada Como Planta de Poder Cultura e Id
A Jurema Sagrada Como Planta de Poder Cultura e Id
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All content following this page was uploaded by Tayronne de Almeida Rodrigues on 02 April 2021.
Abstract: The cult of Jurema, developed and intrinsically associated with the concept of "Indian",
was pursued and repressed, mainly with prohibition during the 40’s of any religious practice
related to the Afro universe, and was pursued in different areas and contexts until the second half
of the decade of 1960. In this article, we aim to understand the symbolic organisms that Jurema
adherents used in the African and in the native religions in Brazil, in view of its legitimacy as a
ceremonial and cultural element. To this end, we will focus on the practices of this religiosity in
the different religious aspects, built on this symbolic foundation, valuing the ethnic and religious
representations of the Brazilian Indians and the Afro-descendants of the Northeast region of
Brazil. Faced with a fluidified and fully connected universe, Sacred Jurema claims even its
legitimacy as a framework of national identity.
Keywords: Sacred Jurema; African and Brazilian Native Religions; Identity.
INTRODUÇÃO
Revista África e Africanidades – Ano XII – n. 32, nov. 2019 - ISSN 1983-2354
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A história nos diz que a vinda dos negros oriundos da África, no período da
colonização do Brasil, contribuiu para influenciar, e muito, a cultura e a sociedade do
novo mundo, que estava despontando no continente americano.
Nos dias atuais existem grupos religiosos que mantêm viva não somente a fé
nos deuses africanos, mas também uma cultura rica; ligada ao xamanismo que, por
meio do uso de plantas de poder como a Jurema, continua viva nos barracões de
Candomblé e em templos de outras religiões.
A herança cultural dos símbolos da África, fazem parte da memória negra e
atuam como elementos de territorialização para transmissão e permanência cultural.
Sem a presença de seu território físico, elemento de sua batalha por territorialidade,
restou o patrimônio simbólico de cultos e danças como elo territorial pós diáspora
vinculado e adaptado às novas realidades. (SODRÉ, 1988).
Segundo Alves; Jesus; Diaz (2017), a população de ascendência africana foi
vilipendiada e negligenciada pelas estruturas de Estado, sendo que eles produziram
grandes riquezas ao Estado brasileiro, através da produção de riquezas com o
trabalho escravo. Mesmo após a abolição, as populações negras do Brasil
continuaram a não poder vivenciar um modelo de cidadania. Gera, portanto, no
dominado a ideia de não possuírem mais identidade cultural e cidadã.
Não foi possível identificar precisamente o momento de contato entre o culto
da jurema nativa e os cultos de possessão afro-brasileiros. Há quem acredite que isso
pode ter acontecido no século XVIII, numa época em que o Candomblé já estava
presente nas regiões do interior do nordeste brasileiro (NASCIMENTO, 1997).
O conhecimento da jurema foi provavelmente transmitido aos escravos
africanos quando, fugindo da escravidão e na direção do cobiçado quilombo,
encontraram refúgio entre as tribos indígenas do nordeste brasileiro que usavam essa
bebida visionária (ASSUNÇÃO, 2014).
Os cultos afro-brasileiros nos quais se deu alguma forma de sincretismo com
o culto da Jurema são: Catimbó, Candomblé, Umbanda, Xangô, Toré, Maracatu. A
análise desses cultos sofre de uma nomenclatura talvez um pouco personalizada
demais para os estudiosos, com o surgimento de dificuldades na distinção dos tipos
de cultos descritos (ALBUQUERQUE, 2002).
Estas nomenclaturas “personalizadas” são, por outro lado, uma expressão
das contínuas influências, evoluções, desenvolvimentos e hibridismos entre as
diferentes comunidades que usam jurema, sempre prontos a dar vida a algo novo nos
rituais e no panteão lotado de espíritos e fiéis possuidores (CAMARGO, 2014).
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- Catimbó
O Catimbó ou Catimbó de Jurema se espalhou para as regiões brasileiras de
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e manteve suas características originais
bastante intactas. Alhandra é a cidade que abriga grandes linhagens de
catimbozeiros, com nomes famosos como Maria do Acais e Manoel Inácio, figuras
agora santificadas (ASSUNÇÃO, 2014).
Os catimbozeiros também são conhecidos como juremeiros; na verdade, é
melhor chamá-los de juremeiros, pois há quem considere os termos expressões
pejorativas e associados à baixa magia da Umbanda (GRÜNEWALD, 2009).
Os trabalhos e a mesa da jurema podem ser abertos "para a direita" ou "para
a esquerda", dependendo do tipo de divindade que você deseja descer sobre o
médium (operação também conhecido como incorporação) (BARROS, 2011).
Em vários terreiros, existe uma árvore de jurema, que se chama “Cidade da
Jurema”. Na preparação da bebida visionária, a entidade espiritual (mestre) de uma
determinada Cidade da Jurema é solicitada, as raízes da árvore são descobertas, às
vezes um ritual é realizado com velas e defumações. Então as raízes da jurema são
cortadas, lavadas e maceradas com um pilão destinado exclusivamente para este fim
(BARROS, 2011).
A massa resultante é colocada em uma bacia com água limpa, que assume
uma cor rosa e tem um sabor amargo e adstringente. Então, prossegue-se para as
defumações rituais (BARROS, 2011).
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- Umbanda
No que diz respeito à Umbanda, esse culto surgiu nos anos 30 do século XX
e é hibridizado com elementos kardecistas, católicos, indígenas e do candomblé. A
Umbanda, além de suas raízes africanas, tornou-se um culto universal e aberto a
indivíduos de qualquer etnia e cor. Hoje, a religião também é difundida na Argentina e
em outros países latino-americanos (NASCIMENTO, 1994).
A umbanda foi formada pela hibridação de duas tradições religiosas que
também já eram sincréticas: o Candomblé e o Espiritismo Kardecista, a qual devem
ser acrescentadas elementos das tradições católicas e indígenas (NASCIMENTO,
1994).
Hoje, no Estado da Paraíba, duas tradições afro-brasileiras são encontradas,
a "Linha da Jurema", herdada essencialmente dos processos rituais dos antigos
elementos do Catimbó/Jurema misturados à Umbanda; e a "Linha de Orixá", que tem
sua fonte de inspiração no Candomblé (LIMA SEGUNDO, 2015).
As duas linhas têm processos rituais e iniciáticos distintos, mas a "Linha da
Jurema" é considerada a porta pela qual se deve passar para depois tomar parte na
"Linha de Orixá" (SERRADELA, 2016).
Foi por volta de 1960, como resultado dos fluxos migratórios vindos do sul e
do sudeste, que provavelmente o primeiro contato do juremeiro do catimbó com a
Umbanda foi estabelecido, dando vida a esse processo que poderia ter sido
promovido na busca de legitimar o culto da Jurema, inserindo-se em uma religião
institucionalmente reconhecida (NASCIMENTO, 1997).
A FEU (Federação Espírito-Umbandista), através da qual a umbanda foi
legalmente reconhecida, foi criada em 1939 (Nascimento, 1994).
No terreiro da Umbanda que cultua a Jurema, existem dois espaços principais:
o espaço da Jurema e o espaço dos Santos. Em cada um, há um altar específico, mas
o segundo é um espaço reservado, pertinente novamente àquele segredo da Jurema,
cujo acesso é proibido aos não iniciados (GRÜNEWALD, 2009).
No altar da jurema existem as tronqueiras, geralmente constituídas de
Jurema, mas em alguns casos também podem ser constituídas por troncos de outras
árvores consideradas sagradas, como o angico (Anadenanthera). Cada tronco é
colocado na vertical em uma base ou em um pote de terracota. Cada tronqueira
receberá uma entidade que "desce na jurema" (CAMARGO, 2014).
O próximo passo diz respeito ao ritual para a implantação de uma semente de
Jurema. As facas usadas para fazer esses cortes rituais são chamadas obé e são
mantidas entre os componentes ritualísticos, perto da tronqueira (CAMARGO, 2014).
Quem se submete ao ritual deve dormir no chão por sete dias e sete noites
no terreiro. Depois disso, o novo filho da Jurema poderá incorporar sua entidade e
terá no altar uma tronqueira dedicada a ela.
Os Santos representam os elementos da cultura luso-africana, e são santos
católicos reinterpretados como Orixás Africanos (CAMARGO, 2014).
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- Candomblé
Passemos agora ao candomblé, uma religião que se originou no estado da
Bahia no século XVIII. É dividida em “nações”, de acordo com as origens étnicas dos
condutores de culto, e que podemos reconhecer dois grupos gerais: os descendentes
culturalmente de áreas Africanas Bantu e os descendentes de Nago. Os iniciados do
candomblé são chamados de filhos-de-santo ou filhas-de-santo, e o sacerdote é
chamado de pai ou mãe-de-santo (BARROS, 2011).
Embora mais de 400 orixás sejam adorados no culto original africano, apenas
cerca de vinte são adorados no Brasil. No Candomblé, as entidades espirituais que
aparecem durante as sessões de rituais de Jurema são agrupadas em três módulos:
os da floresta, referidos como Caboclos e Índios; os Mestres, considerados detentores
da "ciência da Jurema" e os Pretos-velhos. Exu e Pomba-giras são entidades do
panteão de orixás que foram reinterpretadas no culto da Jurema e que atuam no início
das sessões (SERRADELA, 2016).
Os Mestres são vistos como espíritos de grandes sacerdotes do culto; a
devoção ao Mestre Zé Pilintra é tão forte que tem um verdadeiro culto dentro do culto.
O Caboclo e o Índio falam pouco, emitem gritos de guerra, segurando arcos e flechas
nas mãos (ASSUNÇÃO, 2014).
Como no caso do Catimbó e da Umbanda, os espíritos vivem em espaços
denominados reinos ou cidades, distintos em número de sete e cada um associado a
uma dada árvore sagrada da Jurema. As entidades de Jurema tiveram que passar
pela vida na terra, antes de se tornarem formas espirituais, e são finalmente
consideradas como espíritos desencarnados (ASSUNÇÃO, 2014).
No candomblé, em muitos barracões, o símbolo da presença dos Mestres é
um tronco de Jurema, e quando é necessário dirigir alguma oração àquele Mestre ou
solicitar sua presença, nos ajoelhamos diante dele, em uma representação como se
fosse um altar. (ASSUNÇÃO, 2014).
Uma variante independente do Candomblé é o "Candomblé de Caboclo", que
tem predominância de elementos religiosos africanos Bantos. Um de seus elementos
característicos é a concepção do "caboclo" como entidades vivas e não como espíritos
dos mortos (ALBUQUERQUE, 2002).
No Candomblé de caboclo há referências a lugares espirituais chamados de
"aldeia de Kariri", "aldeia de Ayucá", termos que trazem uma influência do culto nativo
da Jurema (ALBUQUERQUE, 2002).
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- Maracatu
O termo maracatu hoje é geralmente associado a uma dança típica e a um
ritmo de som folclórico brasileiro; mas aqui deve ser entendido em seu sentido original,
que o vê associado a um culto afro-brasileiro originário do estado de Pernambuco,
com fortes influências Yorubás, e que adotou o uso da Jurema (BARROS, 2011).
O Maracatu Rural Cambinda, fundado em 1918, é considerado um dos mais
antigos e está localizado na cidade de Nazaré da Mata. Existem muitos outros
Maracatus que usam Jurema, tanto urbanos como rurais, e usam jurema branca e
preta, mas com propósitos diferentes, visto que a branca é melhor para atrair luz
(BARROS, 2011).
Entretanto, segundo os Mestres a branca sem a preta se torna muito passiva.
O juremeiro usa a preta, buscando esse equilíbrio, visto que a preta seria ligada ao
fogo, movimento, força, uma força de Caboclo, que representa a energia da terra.
Da jurema branca, é feito um "vinho" espremido com água, que é mantido em
um recipiente fechado, e que é bebido durante trabalhos espirituais cuja linha segue
em uma direção na qual se interceptam a Umbanda e o Catimbó (CAMARGO, 2014).
Desse modo pode-se dizer que a Jurema branca é amor e a Jurema preta é
combate. Todo maracatu tem proteção da Jurema. Cada Maracatu tem o seu próprio
ritual (CAMARGO, 2014).
No Maracatu, além de defumações com cachimbos e charutos, são prescritas
banhos de sal grosso e defumação com ervas de diversas naturezas. A fórmula para
a defumação requer ervas como o alecrim seco, lavanda, incenso, mirra, casca de
alho, raspagem de chifre e cascas de laranja (CAMARGO, 2014).
A fórmula jurema comunicada por uma madrinha espiritual do Maracatu é
interessante, visto que jurema preta é considerada "a que dá calor": "Eu misturo como
vinho o pinhão-roxo (folhas de Jatropha gossypiifolia), a manjerona vermelha, a liamba
vermelha (cânhamo) e outras ervas, como o manjericão, considerando-se este como
o rei das ervas na Jurema. Torna-se uma bebida vermelha que serve para banhos de
purificação e para beber (CAMARGO, 2014).
Para o caboclo que durante algum ritual deve “girar” ou “curiar” por muito
tempo, é dada a jurema preta, que oferece calor, e não a jurema branca, que é muito
calma e tem pouca força. Os participantes podem beber Jurema por três dias
consecutivos e não podem tomar bebidas alcoólicas (LÉO NETO & GRÜNEWALD,
2015).
- Toré
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METODOLOGIA E DISCUSSÃO
As informações foram obtidas a partir de pesquisas bibliográficas sobre o
tema, de cunho exploratório e de natureza investigativa.
Segundo Gil (2011), a pesquisa é feita mediante conhecimentos acessíveis
com a execução de métodos e técnicas de investigação, abarcando diversas etapas.
De acordo com o mesmo autor, uma pesquisa pode ser compreendida como um
processo formal e sistemático de desenvolvimento do modo científico na qual são
descobertas respostas ou são comprovadas hipóteses para as quais foram
formulados questionamentos e apresentados problemas.
A pesquisa metodológica aplicada ao presente estudo consiste em uma
investigação qualitativa e, segundo Gil (2011), a pesquisa quantitativa pode ser
definida em exploratória, descritiva e causal. O presente trabalho, por tratar-se de
pesquisa qualitativa, tem a base da flexibilidade e criatividade buscando conhecer o
assunto.
Portanto, este trabalho desenvolveu-se por meio de pesquisas bibliográficas
e se buscou relacionar autores que permeiam seus estudos nessa esfera, bem como
trazer à luz a relevância do uso da Jurema nos rituais afro-índio-brasileiros.
Dentro das discussões mais relevantes, quanto ao fator cultural e identitário,
destaca-se que, com o fim das perseguições religiosas e da interdição policial que
haviam se estendido até o século XX, as religiões que prestam o culto à Jurema
Sagrada se expandiram significativamente e, cada vez mais, pessoas que não
possuíam raízes africanas ou indígenas aderem a suas doutrinas e passam a se
devotarem aos deuses africanos e às demais entidades de concepção indianista.
Assim, tais religiões abriram suas portas para sujeitos que procuravam os pais
e mães-de-santo em busca de um passe mágico, uma consulta espiritual, ou até
mesmo para satisfazer suas curiosidades.
Há outros elementos deveras importantes para a identidade dos povos
mencionados, como a inserção de dialetos africanos e indígenas que foram levados
para fora dos terreiros e barracões, caindo no gosto popular e sendo, então, cultuados
por diversos segmentos da sociedade.
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CONCLUSÃO
A cosmovisão africana, mesmo após séculos do “descobrimento”, ainda é alvo
de racismo social, religioso e cultural, criando uma ciência de degeneração
perpassando as grandes fases históricas brasileiras. (JESUS, 2003).
Durante muitas décadas, mesmo com a abolição da escravatura em 1888, o
negro e o Candomblé e as demais religiões citadas nesse trabalho sofriam
perseguições policiais e da Igreja Católica e, por uma longa data, o culto aos Orixás e
à Jurema ainda se manteve fechado e sem o reconhecimento da sociedade.
Porém, com o fim da escravidão, igualmente se estabeleceu uma conexão
entre o Brasil e a África e alguns escravos libertos viajaram para suas terras de origem
e lá foram iniciados ou aprofundaram seus conhecimentos nas ervas e em seu poder,
mais tarde sendo incorporado aos conhecimentos dos rituais dos nativos brasileiros.
Desse modo, puderam-se formar os terreiros e revigorar a prática religiosa. Surge, a
partir de então, um movimento voltado para suas raízes;
Os povos africanos produziram na Diáspora e na África um regime capaz de
englobar todas as experiências de africanos e afrodescendentes e, ao mesmo tempo,
singularizar cada experiência com seu sentido específico, criado no contexto do
acontecimento. Aqui, Ancestralidade é, então, mais que um conceito ou categoria do
pensamento. Pode ser interpretada como uma experiência de forma cultural-ética.
Pode-se dizer que a credibilidade da Jurema Sagrada, perante aos seus
seguidores, muitas vezes, foi taxada como menor em comparação com aquela
herdada da religião dos Orixás.
De modo que a apresentação do ameríndio diante de nossa sociedade tenha
sido alocada, em um viés histórico-cultural, em planos de menor importância; logo o
com o foco religioso também o foi.
Cabe ressaltar que não perfez exclusividade dos adeptos do Catimbó; mas
também dos demais rituais afro-ameríndios, o encalço político e policial entre as
décadas de 20 e de 40.
Nesse viés, as religiões descritas nesse estudo sempre foram perseguidas no
decorrer da história. É imprescindível salientar, a respeito do projeto de medicalização
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REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, U. P. Etnobotânica de uma bebida cerimonial no nordeste do Brasil.
Revista Brasileira de Farmacologia n.78 (4) 1997, p. 86-89.
ALBUQUERQUE, U. P. A jurema nas práticas dos descendentes culturais do africano no
Brasil. In: As muitas faces da jurema: de espécie botânica à divindade afro-indígena, Mota,
Clarice Novaes da, Ulisses Paulino de (Orgs.) Recife, Bagaço, 2002.
ASSUNÇÃO, L. C. A tradição do Acais na jurema natalense: memória, identidade, política. In:
Revista Pós Ciências Sociais, vol. 11, nº 21, p. 143-166. 2014. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20647 Acesso em 12 de abril de 2019.
ALVES, M. C.; JESUS, J. P.; DIAZ, L. A. F. Autodeclaração da raça/cor no SUS: reflexões
conceituais a partir da campanha realizada pelo estado do Rio Grande do
Sul. Identidade, v.22, n.1, p.05-15, 2017.
BARROS, O. M. Terreiros Campinenses: tradição e diversidade. Campina Grande: Tese
de Doutorado em Ciências Sociais, UFCG. 2011. Disponível em:
http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/152. Acesso em 15 de abril de 2019.
CAMARGO, M. T. L. Arruda. As plantas medicinais e o sagrado: a etnofarmacobotânica
em uma revisão historiográfica da medicina popular no Brasil. São Paulo, Ícone, 2014.
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