Avaliação Audiológica Laudos Audiométri
Avaliação Audiológica Laudos Audiométri
PARA O ALUNO
PROJETO INTEGRADOR: AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: ASSOCIAÇÃO
DE LAUDOS AUDIOMÉTRICOS
Professor(a): Sara Gabriele de Freitas
ROTEIRO DA APA PARA O DISCENTE
ORIENTAÇÕES GERAIS
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POR QUE PRECISO APRENDER ISSO ?
01. Capacitar o aluno a desenvolver habilidades necessárias para um bom diagnóstico
auditivo.
02. Saber identificar o tipo, grau e configuração da perda auditiva.
03. Entender sobre os tipos de perda auditiva e seu impacto na vida das pessoas.
04. Conhecer e aplicar na prática clínica o exame audiometria.
05. Entender sobre o diagnóstico de problemas da audição.
06. Conceituar a necessidade de realizar a logoaudiometria e sua relação com a audio-
metria.
07. Saber escrever e ler os laudos relacionados à audiometria.
O corpo humano em todas as suas funções à medida com que o tempo passa, vem sofren-
do desgastes e perda de seu funcionamento, acarretando assim, inúmeros problemas, podendo
até sofrer eventos traumáticos.
Contudo, o nosso sistema auditivo não é diferente, está em todo o momento sujeito a danos
e perda de seu desempenho. O som, até chegar no córtex auditivo e ser interpretado, passa por
todo um processo envolvendo várias estruturas e faz com que se torne extremamente complexo.
Portanto, a audiometria é um exame fundamental para a avaliação da audição. Esse teste
tem como objetivo identificar possíveis perdas auditivas e determinar suas características, como
tipo, grau e configuração, não é um procedimento invasivo, é indolor e essencial para a saúde
auditiva. Atualmente, esse procedimento é efetuado dentro de clínicas, empresas e hospitais,
realizado pelo fonoaudiólogo e atingindo todas as idades.
Durante esse período de aprendizagem você irá aprender desenvolver raciocínio lógico,
saber realizar os exames de audiometria, classificar o grau de perda auditiva, identificar as al-
terações condutiva, neurossensorial e mista, distinguir os tipos de curva encontrada no exame,
realizar logoaudiometria, saber como e quando utilizar o mascaramento clínico, aprender a
analisar e criar laudos, entre outras atividades que promovem maior conhecimento do assunto.
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AMBIENTE NA PRÁTICA
Caro(a) aluno(a),
Nesta atividade prática, você irá utilizar caneta azul, vermelha e preta, anotará as respostas
na folha de atividades com o audiograma e linhas para escrever os laudos.
A presente atividade prática será realizada no Megapolo Unifatecie.
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EMBASAMENTO TEÓRICO
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1.3 Orelha interna
Essa é a região onde podemos encontrar a cóclea, que é um órgão com aproximadamente
9 mm de diâmetro, nela possui três “tubos” paralelos que começam a afinar da base para o ápice.
No seu interior podemos encontrar uma parede delgada e se dispõem em espiral, no lado externo
sua estrutura é óssea. Sua função é realizar a transdução de energia acústica (mecânica) em
energia elétrica. Na base da cóclea podemos observar que é mais larga e possui duas janelas,
sendo a janela redonda e oval. Encontramos também estruturas muito importantes, como o ducto
coclear ou rampa média (está localizado no órgão de Corti), rampa vestibular e a rampa timpânica.
As rampas vestibulares e timpânica possuem uma comunicação entre si e no seu interior contém
uma grande quantidade de perilinfa, que é um fluido, rico em sódio. Entretanto, no interior do ducto
coclear encontramos uma grande quantidade de endolinfa, na qual é rica em potássio. A rampa
vestibular é separada do ducto coclear através da membrana vestibular de Reissner e o ducto
coclear é separado da rampa timpânica através da membrana basilar (Williams, 1995).
Durante a transmissão sonora através da cadeia ossicular, o estribo se projeta para o interior
do vestíbulo pela janela oval e impulsiona o líquido perilinfa. Esse líquido se encontra em uma
caixa óssea rígida, e a pressão aplicada é direcionada sobre a membrana basilar e, em seguida,
na direção ao ápice. Devido a esse processo, a onda mecânica se move pela rampa vestibular
e retorna pela rampa timpânica. Quando acontece esse deslocamento de “vai e volta” da onda
sonora, observa-se uma diferença de pressão hidrostática que se aplica sobre a membrana
basilar, na qual faz vibrar de baixo para cima. As características mecânicas da membrana basilar
são importantes para a fisiologia adequada da cóclea (Bonaldi; Angelis; Smith, 2004).
O órgão de Corti é uma estrutura que transforma a energia mecânica em energia elétrica,
fica localizado em cima da membrana basilar e é formado por alguns tipos básicos de células:
as células ciliadas internas (CCI) que são as células receptoras auditivas, estão localizadas
na coluna interna do órgão de Corti, possui aproximadamente 3500 células. Células ciliadas
externas (CCE) que formam as três fileiras mais externas e são maiores comparadas com a CCI,
tendo aproximadamente 12000 a 16000 células e são cilíndricas (Williams, 1995).
Se fizermos um resumo sobre a fisiologia da audição, podemos dizer que o pavilhão auri-
cular capta as ondas sonoras nas quais são transmitidas para a membrana timpânica através do
canal auditivo, o tímpano e os três ossículos vibram fazendo com que o estribo empurre a janela
oval e movimente os líquidos perilinfa e endolinfa que estão dentro da cóclea. O líquido se move
e as vibrações são transmitidas através do líquido do ouvido interno na forma de espiral e fazem
mover as células ciliadas da cóclea. As células ciliadas detectam o movimento e o convertem em
sinais químicos que são transmitidos para o nervo auditivo. Através de impulsos elétricos, essa
informação chega ao cérebro, onde será interpretado esse som.
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auditiva se relacionam com inúmeros fatores que devem ser considerados em um momento de
investigação diagnóstica, tais como a etiologia, o tipo e grau da perda auditiva, a idade em que
foi adquirido o acometimento, dentre outros.
A avaliação audiológica básica é composta por uma bateria de testes constituída por audio-
metria tonal liminar, logoaudiometria e medidas de imitância acústica. São procedimentos ampla-
mente realizados e geralmente entendidos como o primeiro passo no processo de investigação
diagnóstica em indivíduos com queixas auditivas e vestibulares (Amaral; Santos, 2022).
O objetivo principal da avaliação audiológica é verificar a integridade do sistema auditivo e,
na presença da perda auditiva, auxiliar no diagnóstico diferencial entre os quadros patológicos
que impactam a audição, além de fornecer informações fundamentais ao processo de tratamento
e/ou reabilitação.
O primeiro passo para uma boa avaliação audiológica é a realização da anamnese. A
partir de perguntas direcionadas, são investigados traços e sintomas que possam surgir a per-
da auditiva, as perguntas devem ser objetivas e apresentadas de forma clara ao paciente ou
acompanhantes.
É necessário analisar o histórico do paciente, saber se já possui perda auditiva, quando
essa perda começou, se realizou exames anteriores, se faz uso de aparelho auditivo, há quantos
anos usa o aparelho, se sente que o aparelho está sendo eficiente e melhorando a qualidade
de vida, a queixa principal, aspectos de saúde geral/medicamentos, investigar a presença de
zumbido, trauma acústico, dores no ouvido, secreção no ouvido, sensação de ouvido tampado.
Além disso, investiga-se sobre o contexto ocupacional e a exposição a agentes otoagressores no
trabalho ou lazer. Logo após, é realizada a otoscopia (Amaral; Santos, 2022).
Segundo Paço et al. (2010), a otoscopia é um procedimento rápido e simples com o objetivo
de examinar o canal auditivo e a membrana timpânica, pois através deste é possível observar
a membrana timpânica e o canal auditivo. Este exame é fundamental para identificar condições
como infecções do ouvido médio e externo, obstruções por cera, identificar presença de algum
corpo estranho, como por exemplos, insetos ou algo que foi inserido dentro do ouvido.
Para realizar qualquer exame, é necessário que seja realizada a otoscopia antes, pois
qualquer obstrução do conduto já impacta negativamente nos resultados do exame. Quando é
identificado algo, o paciente deverá ser encaminhado para o médico otorrinolaringologista antes
de realizar qualquer procedimento audiológico.
Para realizar a otoscopia, utiliza-se um instrumento chamado otoscópio, que possui uma
lanterna e lente de aumento para proporcionar uma visão clara das estruturas internas do ouvido.
Possui também vários espéculos de tamanhos variados para cada tipo de conduto (Amaral;
Santos, 2022).
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A audiometria tonal tem por objetivo principal determinar o limiar de audição, também
chamado de limiar de audibilidade ou limiar auditivo, é o menor nível de som que uma pessoa
consegue detectar. Esse limiar é pesquisado tanto pela condução do som por via aérea (VA)
quanto pela via óssea (VO), em cada frequência testada (Bess; Humes, 2012).
Sabemos que para o som chegar até o cérebro é necessário que ele passe por várias
estruturas. O som entra no conduto auditivo, passa pelo ouvido médio, ouvido interno e chega
até o cérebro. Todo esse processo é realizado através da condução do som por via aérea. Por-
tanto, sabemos que a onda sonora é tridimensional permitindo ser percebida em todo o espaço
até uma determinada distância, assim sendo, o som não atinge apenas o pavilhão auricular,
atinge o crânio e faz uma vibração na caixa craniana fazendo com que os líquidos dentro da
cóclea ativam as células sensoriais do órgão de corti e transforme essa mensagem em impulsos
elétricos para o córtex auditivo. Ou seja, não ouvimos apenas por via aérea (som é captado pelo
pavilhão e passa por orelha externa, orelha média e orelha interna), ouvimos também por via
óssea (som afeta diretamente o crânio, fazendo movimentar os líquidos existentes na cóclea,
atingindo diretamente o ouvido interno).
Na audiometria tonal, é pesquisado o limiar de VA das frequências de 250, 500, 1000,
2000, 3000, 4000, 6000 e 8000 Hz em ambas as orelhas, e os limiares de VO apenas nas
frequências de 500, 1000, 2000, 3000 e 4000 HZ. Todas essas informações são anotadas em um
audiograma. O audiograma permite visualizar graficamente as diversas frequências (em hertz) e
intensidades sonoras (em decibéis). Acima podemos identificar todas as frequências avaliadas,
enquanto ao lado podemos visualizar a intensidade. Conforme realizamos o exame, passamos
as respostas para o gráfico.
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Com relação às marcações, sempre aparecerá dois gráficos, um para orelha direita e outro para
a orelha esquerda, no lado direito VA e VO devem ser escritas com caneta vermelha e os símbolos
ligados por uma linha reta, enquanto no lado esquerdo VA e VO devem ser marcados em azul e os
símbolos ligados por uma linha pontilhada, os símbolos são representados pelas figuras abaixo:
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vezes de uma sequência de 4 apresentações, ou seja, apresentar um estímulo, se o paciente
responder, confirmar apresentando novamente o mesmo estímulo com a mesma intensidade.
Com relação à duração do estímulo e ao tempo de apresentação, entre eles durante a pesquisa
do limiar auditivo, algumas condições e cuidados devem ser observados:
• O estímulo deve ter duração aproximada de 1 segundo. Após apresentado o estímulo,
este faz com que as fibras nervosas do nervo coclear sejam ativadas, havendo sincronia
com a área da membrana basilar que foi estimulada.
• O intervalo entre os estímulos deve ser de 2-3 segundos para que uma estimulação
não sobreponha outra e o paciente responda para o efeito fantasma do estímulo anterior.
• O intervalo entre os estímulos não deve ser sempre igual, pois o indivíduo pode respon-
der para o ritmo de apresentação e não para o estímulo em si.
Em pacientes com queixa de zumbido, a resposta pode ser assistemática e sofrer inter-
ferência desse sintoma, sendo recomendado que, inicialmente, o examinador apresenta não
apenas o tom puro, mas também o estímulo pulsátil ou modulado, como opção de estímulo a
ser empregado no procedimento. Deve ser escolhido aquele estímulo que mais se diferencie do
zumbido segundo a percepção do indivíduo sob teste, de modo a facilitar a tarefa a ser realizada
e a possibilitar respostas mais consistentes (Fechner, 1965).
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corretamente, sem encostar no pavilhão auricular e minimizar ao máximo a presença de cabelo,
conforme imagem abaixo:
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FIGURA 2: PERDA CONDUTIVA BILATERAL
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Podemos observar que a VO em algumas frequências está acoplada com a VA, enquanto
outras frequências apresentam uma diferença de 5 e 10 dB. Desta forma, conseguimos identificar
que o problema ocorreu no ouvido interno, pois diferente da perda de condução onde os limiares
de VO estavam preservados, na perda neurossensorial os limiares de VO estão alterados. Em
casos assim, não identificamos alteração de orelha média e por isso, a curva apresentada na
timpanometria é do tipo “A”.
A perda auditiva do tipo mista apresenta origem e características tanto condutivas quanto
sensorioneurais, envolvendo o acometimento de estruturas de orelha externa ou média e orelha
interna ou nervo. Na perda mista, espera-se que tanto os limiares de VA quanto os de VO encon-
trem-se alterados, com os limiares por via aérea maiores que 20 ou 25 dB, e os limiares por via
óssea maiores que 15 dB. Porém, considerando que a pesquisa por VA representa a alteração do
mecanismo condutivo somado à lesão sensorioneural, há gap aéreo-ósseo significativo, maior
do que 15 dB (Silman; Silverman, 1997).
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A escolha da classificação fica a critério do profissional. Entretanto, é imprescindível que
o fonoaudiólogo indique qual foi a classificação adotada, desde que reconhecida e validada
cientificamente.
No Guia de orientações na avaliação audiológica, podemos encontrar algumas classifica-
ções utilizadas e validadas cientificamente, entre elas a classificação descrita pela Organização
Mundial da Saúde.
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FIGURA 6: CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE CONFIGURAÇÃO
Fonte: Classificação de Silman e Silverman (1997) adaptada de Carhart (1945) e Lloyd e Kaplan (1978).
No quadro encontramos a palavra “oitava”, isso significa que não são levadas em consi-
deração as frequências de 3000 e 6000 Hz, consideramos a frequência de 2000 a 4000 Hz e
4000 a 8000 Hz. Porém, recentemente alguns profissionais vêm considerando as frequências de
3000 e 6000 Hz para classificar as configurações. Na atividade prática, descreveremos os laudos
considerando as oitavas de acordo com o quadro acima.
Para ficar mais fácil de visualizar, abaixo encontramos audiogramas com cada tipo de
configuração (Silman; Silverman, 1997).
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FIGURAS 7-14: EXEMPLOS DE AUDIOGRAMAS COM OS TIPOS DE CONFIGURAÇÃO
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Vale ressaltar que, além dessas informações apresentadas pelos autores, é o examinador
quem vai determinar qual tipo de configuração mais se encaixa no audiograma do paciente.
A configuração “ascendente” , por exemplo, muitas vezes a melhora por oitava em direção às
frequências altas, variam entre 10 ou 20 dB. Na configuração “horizontal” às vezes, os limiares
são alternados entre 15 ou 20 dB. A configuração entalhe em alguns casos não é apenas uma
frequência isolada que ocorre uma “queda” no gráfico, pode acontecer de duas ou três frequências
apresentarem uma “queda” acentuada e recuperar em seguida. Na prática clínica, nem sempre
encontramos a configuração exatamente da forma como descreve a teoria, porém buscamos
ao máximo encaixá-las dentro das configurações citadas acima. Quando não se parece com
nenhuma dessas configurações, podemos deixar sem descrever no laudo.
07. LOGOAUDIOMETRIA
A logoaudiometria contém três testes, sendo esses:
• Limiar de reconhecimento de fala (LRF ou SRT): realiza a confirmação dos limiares
auditivos para tons puros, obtidos na audiometria tonal. É necessário realizar a média
tritonal (limiares das frequências de 500, 1000 e 2000 Hz e o resultado dividir por três),
O LRF precisa ser no mesmo valor da média tritonal ou 5, ou 10 dB acima da média
tritonal. Se o valor apresentado for abaixo ou acima de 15 dB, possivelmente o resultado
da audiometria não está correto, sendo necessário refazer novamente o exame.
O teste é iniciado com o nível de apresentação da fala que representa 40 dB a partir do valor
da média tritonal. É importante esclarecer ao paciente que o nível de apresentação de fala irá
diminuir gradativamente, portanto, a dificuldade para reconhecer a palavra poderá ser maior. As
palavras mencionadas são trissílabas e se o paciente apresentar dificuldade para compreensão,
poderão ser ditas palavras polissílabas.
• Índice Percentual de Reconhecimento da Fala (IPRF): neste teste, a habilidade
avaliada é o reconhecimento de fala. O principal objetivo é determinar o melhor de-
sempenho do paciente para o reconhecimento de palavras em condições controladas e
padronizadas.
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FIGURA 15: CLASSIFICAÇÃO DO IPRF
Limiar de Detecção de Voz (LDV) ou Limiar de Detecção de Fala (LDF): é realizado apenas
quando não é possível aplicar o teste de Limiar de Reconhecimento da Fala (LRF/SRT), em
casos que o paciente tem dificuldade no reconhecimento de palavras, seja por perda auditiva
neurossensorial severa ou profunda, ou por distúrbios muito severos de linguagem. Na maioria
dos casos realizamos o LRF, porém se o paciente tem perda severa ou profunda ou apresenta
grande dificuldade em reconhecer as palavras, podemos substituir o LRF pelo LDV , o examina-
dor deverá apresentar as sílabas “PA PA PA” e ir diminuindo a intensidade até chegar no valor da
média tritonal, ou o melhor limiar auditivo obtido por condução aérea.
Quando realizamos o LDV não conseguimos realizar o IPRF, pois se o paciente já apre-
senta dificuldade em compreender palavras trissílabas não conseguirá compreender as palavras
monossílabas, e um outro ponto a se analisar, é que o IPRF é realizado sempre 40 dB acima da
média tritonal do paciente, ou seja, pacientes com perda profunda ou severa se acrescentarmos
40 dB a intensidade chegará no ouvido do paciente em torno de 140 / 130 dB, a intensidade
máxima apresentada pelo audiômetro varia entre 100 até 110 dB. Sendo assim, se torna inviável
realizar o IPRF nesses casos.
08. LAUDO
O laudo é um documento essencial na prática clínica, onde o profissional descreve os
resultados obtidos do exame, sendo necessário que as informações estejam claras e objetivas
e precisa conter informações básicas, como: nome completo do paciente, data de nascimento,
data da realização do exame, audiômetro, data da última calibração do equipamento, assinatura
e carimbo do fonoaudiólogo.
Deverá conter se a perda é simétrica (ambas as orelhas possuem o mesmo grau e a mes-
ma configuração) ou assimétrica (quando muda o grau e/ou configuração de uma orelha para a
outra). Além disso, sempre deverá colocar o tipo de perda, o grau e a configuração. Seguindo
um dos modelos abaixo:
• Quando não apresentar perda auditiva, o laudo será:
– Limiares auditivos dentro do padrão da normalidade (Referência, Ano).
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• Quando apresentar perda auditiva com o mesmo grau, tipo e configuração:
– Perda auditiva simétrica, do tipo XXX (Referência, Ano), de grau XXX (Referência,
Ano) e configuração XXX bilateralmente (Referência, Ano).
• Quando apresentar perda auditiva com grau e/ou tipo e/ou configuração diferentes:
– Perda auditiva assimétrica, do tipo XXX à direita e XXX à esquerda, de grau
XXX à direita e XXX à esquerda e configuração XXX à direita e XXX à esquerda
(Referência, Ano).
No caso de limiares alterados em frequências onde não se realiza via óssea 250, 6000 e
8000 Hz), não é possível mencionar o tipo da perda auditiva, pois nessas frequências não são
realizadas VO para conseguirmos identificar o tipo, nesse caso, deve escrever “Perda auditiva
nas frequências XX”, e no final escrever a lateralidade (bilateral / à direita ou à esquerda).
– OBS: quando ocorre perda auditiva em algumas frequências que conseguimos realizar
a VO, mas o grau é normal, podemos escrever da seguinte forma: “Perda auditiva do tipo
mista nas frequências de 3000Hz e 4000Hz bilateral (Silman; Silverman, 1997)”.
Se tivermos perda auditiva nas frequências de 3000 Hz e 4000 Hz, mas o grau continua
normal, quando realizamos a VO identificamos o tipo de perda nessas frequências, mas pelo
fato do grau estar normal, não precisamos descrever o grau nem a configuração, desta forma,
podemos escrever “Perda auditiva do tipo mista nas frequências de 3000 Hz e 4000 Hz”. (Silman;
Silverman, 1997)
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• Índice Percentual de Reconhecimento da Fala (IPRF): exemplo de modelo: “IPRF (Ín-
dice percentual de reconhecimento de fala) com XXX dificuldade para compreender a fala
bilateral”. Ou, “IPRF (Índice percentual de reconhecimento de fala) com XXX dificuldade
para compreender a fala à direita e XXX dificuldade para compreender a fala à esquerda”.
Classificando de acordo com a % de monossílabas apresentadas pelo paciente, lembrando
que as dissílabas são apresentadas para o paciente apenas se atingir 88% ou menos, e o
resultado de % de dissílabas deverá ser anotado no campo do IPRF, onde aparece a %
de acertos de monossilabas e ao lado dissílabas, mas o valor descrito no campo onde se
escreve o laudo, será baseado apenas utilizando resultado de monossilabas.
• Limiar de Detecção de Voz (LDV): quando realizado, poderá ser laudado da seguinte for-
ma: “LDV (Limiar de reconhecimento de voz) compatível com audiometria tonal”. Pacientes
realizam o LDV quando apresentam perda auditiva severa ou profunda, sendo assim, não
é possível realizar o IPRF. Desta forma, podemos acrescentar “Não foi possível realizar
o IPRF à direita ou à esquerda, ou bilateral, devido aos limiares auditivos apresentados.”
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Utilizamos o mascaramento como uma técnica em que o limiar de audibilidade para um
som é elevado devido a presença de outro ruido. Durante a prática clínica, utilizamos para elevar
o limiar da orelha não testada, com o objetivo de que a mesma não interfira nas respostas da
orelha sob teste (Goldstein; Newman, 1999).
Devemos lembrar que a orelha não-testada será a orelha que recebe o mascaramento (o
ruido mascarante) será a orelha mascarada, e a orelha testada é a orelha que recebe o sinal de
teste (tom puro ou fala) durante o momento da avaliação. Podemos dizer que o mascaramento
é um procedimento de muito importante para evitar a ocorrência de audição contralateral, permi-
tindo a obtenção dos limiares auditivos de cada orelha de forma independente, é necessário ser
utilizada sempre que ocorrer a possibilidade de enviar um estímulo para uma orelha, e a outra
orelha perceber o estímulo. A orelha testada podemos classificar como OT enquanto a orelha
não testada poderá ser descrita como ONT.
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FIGURA 16: VALORES DE ATENUAÇÃO INTERAURAL SUGERIDOS PARA CADA FREQUÊNCIA.
Portanto, para saber se existe a necessidade de mascarar a via aérea, é necessário obser-
var os valores de atenuação interaural de cada frequência e comparar as respostas obtidas por
VA na OT e os limiares de VO da ONT. Se a diferença for maior ou igual à atenuação interaural
é necessário utilizar o mascaramento.
Enquanto na condução aérea, podemos observar que os valores de atenuação interaural
varia de frequência para frequência, na condução óssea o valor será de 0 dB em todas as
frequências. Martin (1974) afirma que um sinal conduzido por via óssea pode estimular ambas
as cócleas, de forma quase igual, independende do local de colocação do vibrador ósseo, resul-
tando em audição através da cóclea com maior sensibilidade.
Devido à ausência de atenuação, Sanders e Hall III (2001) recomendaram que o mascara-
mento fosse utilizado sempre que houver um intervalo aéreo-ósseo (gap) na orelha testada.
Em relação a logoaudiometria, o estímulo da fala abrange uma faixa de frequência ampla
não sendo possível fazer uma análise individual de atenuação interaural por frequência para de-
finir o quanto a energia é atenuada, desta forma será considerado um valor único de atenuação
interaural de 45 dB, proposto por Konkle e Berry (1983).
Na logoaudiometria realizamos o LRF e o IPRF. Para saber quando mascarar o LRF de-
vemos pegar o limiar de LRF da OT - 45 dB (valor de atenuação interaural), se o resultado for
igual ou maior da VO de no mínimo uma frequência, deverá utilizar o mascaramento. O mesmo
raciocínio se aplica para o IPRF, para saber quando mascarar, deve pegar o limiar de IPRF da
OT - 45 dB (valor de atenuação interaural), se o resultado for igual ou maior da VO de no mínimo
uma frequência, o mascaramento será necessário. Lembrando que poderão aparecer casos
onde o LRF não é mascarado enquanto se faz necessário o mascaramento do IPRF.
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No exemplo abaixo, podemos observar que o valor de atenuação interaural na frequência
de 1000 Hz é de 40 dB. O tom puro apresentado na orelha esquerda é de 50 dB e está sendo
transmitido por condução óssea, sendo assim, pode causar uma sensação de 20 dB na orelha
direita que é a orelha não testada, o limiar ósseo poderá ser -10 dB. Desta forma se faz necessário
o uso de mascaramento, a orelha direita deverá ter um ruído mascarador para obtenção do limiar
aéreo da orelha esquerda. Desta forma podemos utilizar o ruído na intensidade de 30 dB para que
o nível de sensação deste seja 10 dB superior a sensação do tom puro da cóclea não testada.
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o LRF será de 65 dB. Sabemos que o valor de atenuação interaural para a fala é de 45 dB, sendo
assim, esse estímulo de fala apresentado na orelha esquerda em 65 dB durante a pesquisa de
LRF poderá ser transmitido para a orelha direita por condução óssea, causando uma sensação
de 30 dB. Portanto, o LRF da orelha esquerda precisa ser pesquisado utilizando o mascaramento
na orelha direita com a intensidade de 40 dB, ou seja, 10 dB superior ao maior nível de sensação
da fala observado na orelha não testada.
Para realização do IPRF se o estímulo da fala apresentado estiver em 95 dB na orelha
testada, será transmitido por condução óssea e poderá causar, se considerarmos o limiar ósseo
na frequência de 1000 Hz de -10 dB, a sensação de 60 dB na orelha direita na qual é a orelha
não testada, por isso, se faz necessário o uso do mascaramento para a obtenção do IPRF da
orelha esquerda. Devemos utilizar o ruído na intensidade de 70 dB para que o nível de sensação
deste seja 10 dB superior a sensação do estímulo de fala da cóclea não testada.
Portanto, vale ressaltar que a quantidade de mascaramento varia muito de autor para autor,
alguns autores utilizam outras técnicas apresentando outros valores para conseguir chegar no
resultado.
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RECURSOS UTILIZADOS
Materiais de consumo:
Descrição Observação
caneta preta Material a ser fornecido pelo aluno
caneta azul Material a ser fornecido pelo aluno
caneta vermelha Material a ser fornecido pelo aluno
Caro(a) aluno(a),
Para realizar a prática é indispensável cuidar da sua segurança e do seu paciente, por
isso, é necessário fazer uso de medidas para prevenir riscos à saúde como agentes biológicos,
microorganismos, vírus e parasitas.
Portanto, o uso de jalecos, sapatos fechados e cabelos amarrados são indispensáveis.
Antes de realizar o exame é necessário que as mãos estejam devidamente higienizadas, desta
forma, o uso de luvas não é obrigatório.
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O QUE PRECISO FAZER NESSA ATIVIDADE PRÁTICA
Vídeo - Prática
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ATIVIDADE 1
LRF (Limiar de reconhecimento de fala) compatível com audiometria tonal e IPRF (Índice
percentual de reconhecimento de fala) com ligeira dificuldade para compreender a fala à direita
e moderada dificuldade para compreender a fala à esquerda.
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ATIVIDADE 2
LRF (Limiar de reconhecimento de fala) compatível com audiometria tonal e IPRF (Índice
percentual de reconhecimento de fala) com nenhuma dificuldade para compreender a fala bilateral.
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ATIVIDADE 3
LAUDO:_________________________________________________________________
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ATIVIDADE 4
LAUDO:_________________________________________________________________
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RELATÓRIO
Caro (a) aluno (a),
Você deverá entregar o Relatório tipo Apresentação Simples (PowerPoint). Para isso, faça o
download do template, disponibilizado junto a este roteiro, e siga as instruções contidas no mesmo.
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MATERIAIS COMPLEMENTARES
32
Produzida por autores com vasta experiência nas áreas em que se inserem, a obra norteia
a atuação audiológica, sendo referência tanto para alunos de graduação e de pós-graduação
quanto para profissionais de Fonoaudiologia e de outras áreas da saúde.
Fonte: SCHOCHAT, Eliane et al. Tratado de Audiologia. 3. ed. São Paulo: Manole Saúde,
2022. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786555765731/
epubcfi/6/46%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter08%5d!/4. Acesso em: 27 fev. 2025.
33
REFERÊNCIAS
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e de altas frequências. In: Tratado de audiologia. 3 ed. Barueri: Manole Saúde, p. 97-112, 2022.
BESS, F. H.; HUMES, L. E. A natureza do som. In: BESS, F. H.; HUMES, L. E. Audiologia:
fundamentos. 4. ed. São Paulo: Revinter, p. 23-54, 2012.
34
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