ECLESIOLOGIA: A DOUTRINA DA IGREJA

Professor Pr. Carlos Furtado

INTRODUÇÃO
1. Definição de Eclesiologia.
 O que é a Eclesiologia?
O termo "Eclesiologia", derivado do grego "ekklesia" (igreja) e "logia"
(estudo). Estudo da natureza, função e estrutura da Igreja.
A Eclesiologia como uma disciplina teológica que examina a identidade e
missão da Igreja de acordo com a Bíblia.
2 - Importância da Eclesiologia para a vida cristã e a teologia
 A compreensão correta da Igreja influencia a prática do culto,
evangelismo, missões e vida cristã.
 A Eclesiologia também é crucial para o entendimento da comunhão dos
santos e do papel da Igreja no plano redentor de Deus.

I - A NATUREZA DA IGREJA
1.1 - Origem e Fundamento da Igreja
 O conceito de "igreja" no Antigo e Novo Testamento
Antigo Testamento - Inicia-se com a chamada de Abraão (Gênesis 12) e é
formalmente estabelecida através do êxodo e da aliança no Sinai (Êxodo 19-
20). Deus chama Israel como Seu povo especial, separado das nações para ser
um reino de sacerdotes e uma nação santa.
Sinal da Aliança: A circuncisão (Gênesis 17:10-14) é o sinal físico que marca a
aliança entre Deus e o Seu povo.
Novo Testamento: A Igreja é fundada sobre a obra de Cristo, especialmente
através de Sua morte e ressurreição (Mateus 16:18, Efésios 2:20). A Igreja é
formada pela reunião de crentes de todas as nações, judeus e gentios, que são
chamados em Cristo.
Sinal da Aliança: O batismo (Mateus 28:19) é o sinal da nova aliança,
representando a identificação do crente com Cristo na Sua morte,
sepultamento e ressurreição.
1.2 - Aliança e Relacionamento com Deus

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Aliança Mosaica: Israel vive sob a antiga aliança, baseada na obediência à Lei
dada por Deus a Moisés. A obediência resulta em bênçãos, enquanto a
desobediência traz maldições (Deuteronômio 28).
Culto e Sacrifícios: O relacionamento com Deus é mediado através do
sacerdócio levítico e dos sacrifícios oferecidos no templo, que apontam para a
necessidade de expiação dos pecados (Levítico 16).
Igreja de Cristo - Nova Aliança: A Igreja vive sob a nova aliança,
inaugurada pelo sangue de Cristo, que cumpre e supera a antiga aliança
(Hebreus 8:6-13). A salvação é pela graça, mediante a fé, e não pelas obras da
lei (Efésios 2:8-9).
Culto e Sacrifícios: O culto cristão é centrado em Cristo, nosso Sumo
Sacerdote, e no sacrifício único e suficiente que Ele ofereceu na cruz (Hebreus
10:10-14). Todos os crentes são chamados a oferecer "sacrifícios espirituais" a
Deus (1 Pedro 2:5).
1.3 - O FUNDAMENTO DA IGREJA EM JESUS CRISTO (MATEUS 16:18)
 Análise de Mateus 16:18 onde Jesus declara: "sobre esta pedra
edificarei a minha igreja".
O fundamento da Igreja em Jesus Cristo, conforme mencionado em Mateus
16:18, é um dos temas centrais na teologia cristã. Este versículo, onde Jesus
declara: "E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela," tem sido
interpretado de diversas maneiras ao longo da história da Igreja.
 Pedro como Pedra (Petros): A palavra "Pedro" em grego é "Petros," que
significa "pedra" ou "rocha pequena." Alguns interpretam que Jesus
estava estabelecendo Pedro como a pedra sobre a qual a Igreja seria
construída, o que é uma visão tradicionalmente associada ao catolicismo
romano, que vê Pedro como o primeiro papa e o fundamento da
autoridade apostólica.
 Cristo como a Pedra: Alguns argumentam que Jesus estava se referindo
a Si mesmo como a pedra fundamental (Efésios 2:20, 1 Coríntios 3:11).
Nesse entendimento, Jesus é a rocha sólida e imutável sobre a qual a
Igreja está firmemente edificada.
O fundamento da Igreja em Jesus Cristo, conforme Mateus 16:18, enfatiza
que a Igreja é uma obra de Deus, edificada sobre a verdade de quem Jesus
é. A essência é que a Igreja pertence a Cristo e está segura n'Ele.
A promessa de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela dá
confiança aos crentes de que, apesar dos desafios, a Igreja permanecerá
firme e vitoriosa em Cristo até o fim dos tempos.
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1.4 - A IGREJA UNIVERSAL E LOCAL
 Diferenças entre a Igreja universal e as igrejas locais
Definição da Igreja universal como o conjunto de todos os crentes em Cristo,
em todos os tempos e lugares.
Igreja local como uma manifestação visível da Igreja universal em um contexto
específico.
IV -A UNIDADE DA IGREJA EM CRISTO
 O conceito de que, apesar das diferenças culturais e denominacionais,
todos os crentes fazem parte de um só corpo em Cristo.
 Textos bíblicos como Efésios 4:4-6 que enfatizam a unidade da fé.
II - OS SÍMBOLOS DA IGREJA
2.1- Corpo de Cristo
 A Igreja como corpo de Cristo (1 Coríntios 12:12-27)**
A Igreja é comparada a um corpo, onde Cristo é a cabeça e os membros são os
crentes. Há interdependência dos membros, cada um com um dom específico,
para o funcionamento pleno do corpo.

2.1 - A relação entre Cristo, a cabeça, e a Igreja, seu corpo

 Cristo como autoridade suprema sobre a Igreja (Colossenses 1:18).
 A submissão da Igreja a Cristo e sua responsabilidade em seguir sua
liderança.
2.3 - Noiva de Cristo
 A Igreja como a noiva de Cristo (Efésios 5:25-27)
A metáfora da Igreja como noiva, destacando o amor sacrificial de Cristo e a
pureza que Ele busca na Igreja.
Preparação da Igreja para o casamento celestial com Cristo, segundo
Apocalipse 19:7-9.
 A preparação da Igreja para o retorno de Cristo
A importância da santidade, fidelidade e vigilância da Igreja enquanto
aguarda a segunda vinda de Cristo.
2.4 - Templo do Espírito Santo
A Igreja –corpo dos salvos em Jesus Cristo, como templo do Espírito Santo (1
Coríntios 3:16-17)

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 A responsabilidade dos crentes em manter a pureza da Igreja, que é a
habitação do Espírito.
2.5 - A habitação de Deus no meio do seu povo
- A continuidade do conceito de Deus habitando no meio de seu povo, agora
na Igreja, como a realização do antigo Tabernáculo e Templo.
III - A MISSÃO DA IGREJA
3.1 - O Mandamento de Cristo
 A Grande Comissão (Mateus 28:19-20)
- A ordem de Jesus para fazer discípulos de todas as nações, batizando-os e
ensinando-os a guardar tudo o que Ele ordenou.
- A relevância da Grande Comissão para o papel missionário da Igreja.
3.2 - Evangelismo e discipulado
- O evangelismo como a proclamação do evangelho.
- O discipulado como o processo de formar seguidores de Cristo que crescem
em fé e obediência.
3.3 - O Ministério da Igreja
 Adoração, comunhão, serviço e edificação
 A adoração como a resposta adequada à grandeza e santidade de Deus.
 A comunhão como a prática do amor fraternal entre os membros da
Igreja.
 O serviço como a manifestação prática do amor de Cristo aos
necessitados.
 A edificação como o encorajamento e fortalecimento mútuo dentro da
comunidade de fé.

3.4 - A diaconia ou presbitério e a prática do amor cristão

 O papel dos diáconos ou presbíteros no cuidado com as necessidades
materiais e espirituais da congregação.
 Exemplos bíblicos de diaconia ou prebistério, como a escolha dos sete
em Atos 6.
3.5 - A Igreja e o Reino de Deus
 A relação entre a Igreja e o Reino de Deus
 O Reino de Deus como a soberania de Deus em ação e como o objetivo
final da história redentora.

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  A Igreja como uma embaixadora do Reino, proclamando e demonstrando
sua realidade presente e futura.
3.6 - O papel da Igreja na expansão do Reino
 A Igreja como agente do Reino de Deus, chamada a manifestar sua
justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
IV - ESTRUTURA E GOVERNO DA IGREJA
4.1 - Oficiais da Igreja
 Pastores, presbíteros e diáconos: funções e responsabilidades
 Pastores como líderes espirituais, encarregados de ensinar, guiar e
cuidar do rebanho.
 Presbíteros ou diáconos, como servos supervisores, responsáveis pela
governança e pela disciplina da Igreja. Focados em atender às
necessidades práticas da congregação.
4.2 - A importância da liderança espiritual na Igreja
 A necessidade de líderes espirituais piedosos e capacitados, que possam
guiar a Igreja com sabedoria e integridade.
 Textos bíblicos como 1 Timóteo 3 e Tito 1 que descrevem as qualificações
para os líderes da Igreja.
4.3 - Modelos de Governo Eclesiástico
 Episcopal, presbiteriano e congregacional
 Governo Episcopal: Liderança centralizada em bispos, com uma
hierarquia clara. Exemplos: Igreja Anglicana, Igreja Católica.
 Governo Presbiteriano: Governado por um conselho de presbíteros,
com representação igualitária. Exemplos: Igrejas Presbiterianas.
 Governo Congregacional: Cada igreja local é autônoma e toma
decisões democraticamente. Exemplos: Igrejas Batistas,
Congregacionais, Assembleias de Deus.
V - A IGREJA E OS SACRAMENTOS
5.1 - Batismo
 Significado e importância do batismo na vida cristã
 O batismo como sinal de entrada na nova aliança e símbolo de
purificação dos pecados.
 Discussão sobre o batismo como um ato de obediência que expressa
publicamente a fé em Cristo.

 Diferenças entre o batismo infantil e o batismo de crentes

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  Reflexão sobre as implicações teológicas de cada prática.
5.2 - Ceia do Senhor
 Significado da Ceia do Senhor como memorial e comunhão
 A Ceia do Senhor como uma lembrança da morte de Cristo e uma
proclamação de sua segunda vinda.
 A Ceia como uma expressão da unidade e comunhão dos crentes.
5.3 - Diferentes interpretações da presença de Cristo na Ceia
 Transubstanciação (Catolicismo): Crença de que o pão e o vinho se
transformam no corpo e sangue reais de Cristo.
 Consubstanciação (Luteranismo): Cristo está presente "com" e "sob" os
elementos.
 Presença Espiritual (Calvinismo): Cristo está presente espiritualmente na
Ceia.
 Memorialismo (Zwinglianismo): A Ceia é um símbolo em memória do
sacrifício de Cristo.
VI - Desafios Contemporâneos da Igreja
6.1 - Secularização e Pluralismo Religioso
 Desafios da igreja em um mundo secularizado
 A crescente influência da secularização e o declínio da participação
religiosa em muitas sociedades.
 Como a Igreja pode responder e se adaptar sem comprometer suas
convicções fundamentais.
 A interação da Igreja com outras religiões
 O pluralismo religioso como um desafio e oportunidade para o
testemunho cristão.
 O papel da apologética e do diálogo inter-religioso na missão da Igreja.
VII -Unidade e Diversidade na Igreja
7.1 - A busca pela unidade no meio da diversidade teológica e cultural
 A importância da unidade na diversidade, conforme Efésios 4:1-6.
 Como a Igreja pode lidar com divergências doutrinárias e práticas sem
fragmentar-se.
7.2 - Desafios das divisões denominacionais
 A proliferação de denominações como um reflexo de divergências
históricas e teológicas.
7.3 - A Relevância da Igreja no Século XXI

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  Como a Igreja pode manter sua relevância em um mundo em constante
mudança?
 Desafios culturais, tecnológicos e sociais que a Igreja enfrenta hoje.
 A necessidade de uma teologia engajada e uma prática pastoral que
responda às questões contemporâneas.
7.4 - O papel da tecnologia e da mídia na vida eclesiástica
 O uso da tecnologia para a pregação do evangelho, ensino e comunhão.
 Benefícios e perigos da presença online da Igreja.
VIII - O FUTURO DA IGREJA**
 A esperança escatológica da Igreja
 A expectativa cristã pela volta de Cristo e a consumação do Reino de
Deus.
 Como a esperança escatológica molda a missão e a vida da Igreja.
8.1 - A promessa do retorno de Cristo e o destino da Igreja
 Reflexão sobre os textos bíblicos que falam da Nova Jerusalém e do
estado eterno dos redimidos.
 A Igreja como a Noiva que será eternamente unida a Cristo.

Bibliografia Recomendada
 Livros e artigos recomendados para aprofundamento no estudo da
Eclesiologia
- A Igreja: Esplendor e Glória - de Robert Reymond
- A Igreja: Uma Comunidade Chamada para Fora - de Michael S. Horton
- Teologia Sistemática - de Wayne Grudem, capítulo sobre Eclesiologia
- Artigos e recursos disponíveis em revistas acadêmicas e plataformas
teológicas online.