LAGOA RODRIGO DE FREITAS
POLUIÇÃO POR METAIS PESADOS E SUBSTÂNCIAS
ORGÂNICAS NOS SEDIMENTOS
José Roberto de Souza Araujo
Eng. Químico - Assessor
Gabinete do Deputado Carlos Minc
Comissão Permanente de Defesa do Meio Ambiente- CPDMA
Rio de Janeiro, março de 2005.
INTRODUÇÃO
A Comissão Permanente de Defesa do Meio Ambiente da ALERJ –, no cumprimento de
suas atribuições, conta com a colaboração e o apoio técnico e científico de inúmeras
instituições. Dentre elas pode-se mencionar a Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, UERJ, através do Departamento de Oceanografia e Hidrologia, que contribui há
vários anos com estudos relacionados à contaminação da Baía de Sepetiba, rio Paraíba
do Sul, Guandu, reservatório do Funil, entre outros.
Acompanhando e participando de pesquisas realizadas pelo Departamento de
Oceanografia e Hidrologia, a CDMA verificou que existe uma séria contaminação por
metais pesados na Lagoa Rodrigo de Freitas, comparando com padrões internacionais.
Esta constatação foi possível em função dos resultados dos estudos que resultaram na
monografia de bacharelado de Daniel Dias Loureiro, apresentada em dezembro de
2004: “Evolução dos Aportes de Metais Pesados numa lagoa Costeira Hipertrófica
Urbana – Lagoa Rodrigo De Freitas”.
Foram coletados pelo Departamento de Oceanografia e Hidrologia seis testemunhos de
sedimentos em diferentes pontos da Lagoa (Figura 1) entre maio e julho de 2003. A
taxa de sedimentação calculada, utilizando-se o testemunho coletado na região central
da lagoa foi de 0,75 cm ao ano, definindo-se que uma camada de 60 cm foi depositada
a partir de 1923. Portanto, as amostras superficiais coletadas em 2003 podem ser
consideradas recentes.
Em 16 de março de 2005 a assessoria da CPDMA, a pedido de seu Presidente,
Deputado Carlos Minc, coletou amostras de sedimentos em 05 pontos da lagoa e
enviou para o laboratório “Analytical Solutions”, para analises de Hidrocarbonetos
Aromáticos Polinucleares – HAPs, e compostos semi voláteis – BTEX (benzeno, tolueno,
etil-benzeno e xilenos totais). Os cinco pontos escolhidos correspondem a cinco dos
seis pontos do trabalho realizado pela UERJ.
Os resultados mostraram contaminação em 04 amostras por HAPs.
A Lagoa Rodrigo de Freitas tem uma bacia hidrográfica que inclui uma área altamente
urbanizada e, práticamente, sem atividades industriais. A única ligação com o mar é
através do canal do Jardim de Alah, de 835 metros de comprimento e largura variando
entre 10 e 20 metros, construído em 1921 e se encontra freqüentemente assoreado.
As alterações na dinâmica da Lagoa causadas pela construção do canal e as atividades
antropogênicas no seu entorno ficaram claramente registradas a partir dos resultados
dos estudos da UERJ. O teor de matéria orgânico e material particulado fino variou
significativamente de acordo com a amostragem realizada.
Os estudos da UERJ mostram uma evolução da contaminação a partir de 1923
utilizando-se técnicas especificas de coleta de testemunhos, separação, datação e
análises de sedimentos.
Avaliando-se os dados da UERJ e ALERJ, conclui-se que os sedimentos superficiais
(recentes), da Lagoa Rodrigo de Freitas, estão contaminados com chumbo, cobre,
níquel zinco e Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares, apresentando valores acima
dos padrões de referência internacionais.
AMOSTRAGEM
As coletas de testemunhos (T1 a T7) feitas pela UERJ foram realizadas em duas épocas
distintas, maio e junho de 2003, ambas a bordo de um barco inflável com auxílio de um
mergulhador autônomo e equipamento específico para coleta de testemunhos com
tubos de PVC de 75mm de diâmetro.
As coletas feitas pela ALERJ (T1 a T5) foram realizadas em 16 de março de 2005
utilizando-se busca fundo marca Hydrobios, tipo Vam-Veen, para coleta de sedimentos
superficiais.
FIGURA 1 – PONTOS DE COLETA DE AMOSTRAS DE SEDIMENTOS
ANÁLISES
As análises foram feitas utilizando-se técnicas específicas par cada grupo de poluentes:
· Metais: Espectrofotometria de Absorção Atômica
· BTEX: “Purge & Trap” acoplado a cromatografia a gás e espectrometria de massas.
· HAPs: Cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas de baixa resolução.
RESULTADOS
Metais
Os valores médios de metais pesados encontrados pela UERJ (seis pontos) na camada
superficial foram:
· Chumbo = 107 ± 18,4 (mg/g);
· Cobre = 105 ± 6,14 (mg/g);
· Zinco = 341 ± 38,1 (mg/g);
· Níquel = 53,6 ± 8,13 (mg/g).
Estes valores estão bem acima de valores de referência dos Estados Unidos (Florida),
Canadá e do “background”.
A tabela abaixo permite uma comparação para metais pesados, entre os valores de
referência, o “background” e os valores médios de amostras superficiais
(contaminação recente).
TABELA 1 – METAIS PESADOS (media de seis pontos)
METAL ISQG* TEL BKGR LRF -S
Chumbo 30,2 30,2 21-33 107,0
Cobre 18,7 18,7 41-54 105,0
Zinco 124 124 93-143 341,0
Níquel - 15,9 - 53,6
Valores em (mg/g).
Padrões para proteção de fauna e flora aquáticas:
· Canadian Environmental Quality Guidelines – Rev. 2003.
ISQG = Interim Sediment Quality Guideline – Marine = Padrão de referência
Canadense para ambientes marinhos.
· **Florida – Department of Environmental Protection Approach to the
Assessment of Sediment Quality in Florida Coastal Waters,1994.
TEL – Toxic Effect Level
Os números em vermelho correspondem a valores acima dos limites.
Os padrões da Florida são praticamente os mesmos do Canadá.
· BKGR (UERJ) = “Background” da Lagoa R. F (mínimo e máximo).
“background” = valores considerados naturais para a Lagoa Rodrigo de
Freitas .
· LRF-S = Lagoa Rodrigo de Freitas, amostra superficial. Valores médios de 06
amostras (06 pontos de amostragem - 2003)
A distribuição na coluna sedimentar para esses metais apresenta fortes pontos de
contaminação perto da Fonte da Saudade (ponto T2) onde existem 2 postos de
revenda de combustível e serviços e junto ao corte de cantagalo (Ponto T5) onde
existem mais 2 postos. Nessas áreas as concentrações de Pb são > que 200 µg/g.
(micrograma por grama de sedimento), o Cu>100 e o Zn > que 400 µg/g. Há de ser
observado que esses metais tambem apresentam alto grau de labilidade, ou seja estão
fracamente ligados aos sedimentos podendo ser remobilizados para a coluna d´água e
incorporado a biota da Lagoa ( o Pb e o Zn estão ao redor de 80% fracamente ligados).
A área de localização do ponto T5, apesar de algumas amostras de sedimentos
apresentarem altamente contaminadas, sofreu grande influencia por dragagens
podendo, os resultados das amostras, variarem bastante dependendo do ponto em que
forem coletadas.
Comparando-se com resultados de outras lagoas brasileiras e de outros países, os
resultados encontrados indicam que a Lagoa Rodrigo de Freitas pode ser considerada
uma das mais poluídas pelos metais citados acima. Inclui-se na comparação a Lagoa de
Jacarepaguá que tem uma região significativamente industrializada na sua bacia
contribuinte.
Substâncias Orgânicas Tóxicas
As substâncias analisadas em cinco pontos (T1 a T5) foram: Hidrocarbonetos
Aromáticos Polinucleares – HAPs, e compostos semi voláteis – BTEX (benzeno, tolueno,
etil-benzeno e xilenos totais). Em quatro dos cinco pontos foram encontrados valores
de HAPs acima dos limites de referência internacionais. Não foram encontrados BTEXs.
(TABELA 2).
Deve-se ressaltar que as amostras da UERJ e ALERJ não foram coletadas exatamente
no mesmo ponto mas sim nos locais indicados na Figura I.
Como mencionado, a área de localização do ponto T5 sofreu grande influencia por
dragagens podendo, os resultados das amostras, variarem bastante.
TABELA 2 – HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLINUCLEARES - HAPs
HAPs ISQG TEL T1(mg/kg) T2(mg/kg) T3(mg/kg) T4(mg/kg) T5(mg/kg)
Naftaleno 34,6 34,6 21 22 27 41 9
Acenaftileno 5,87 5,87 5 21 22 42 ND
Acenafteno 6,71 6,71 10 7 20 15 ND
Fluoreno 21,2 21,2 8 9 16 14 ND
Fenantreno 86,7 86,7 84 81 228 138 21
Antraceno 46,9 46,9 20 17 59 42 3
Fluoranteno 113 113 200 349 752 441 61
Pireno 153 153 198 471 865 441 62
Benzo-a-antraceno 74,8 74,8 156 211 443 267 46
Criseno 108 108 142 183 396 247 46
Benzo-b-fluoranteno - - 216 328 657 314 69
Benzo-k-fluoranteno - - 105 122 281 134 50
Benzo-a-pireno 88,8 88,8 157 218 378 194 50
Indeno(1,2,3-CD)pireno - - 75 108 217 126 30
Dibenzo(a,h)antraceno 6,22 6,22 ND 18 38 25 ND
Benzo(ghi)perileno - - 80 114 223 146 29
Padrões para proteção de fauna e flora aquáticas:
· Canadian Environmental Quality Guidelines – Rev. 2003.
ISQG = Interim Sediment Quality Guideline – Marine = Padrão de referência
Canadense para ambientes marinhos.
· **Florida – Department of Environmental Protection Approach to the
Assessment of Sediment Quality in Florida Coastal Waters,1994.
TEL – Toxic Effect Level
Os números em vermelho correspondem a valores acima dos limites.
Os padrões da Florida são praticamente os mesmos do Canadá.
De acordo com informações fornecidas pela UERJ, o ponto T5 foi o que mais sofreu
influencia de dragagens. Os valores menores de HAPs, encontrados na amostra
coletada pela ALERJ (T5) naquela área é devido, provavelmente, á variabilidade nas
características dos sedimentos. Para uma caracterização mais precisa é necessário
coletar várias amostras em uma determinada área daquele local.
Os HAPS estão associados à poluição por derivados do petróleo, incluindo óleos
lubrificantes.
FONTES DE CONTAMINAÇÃO
As possíveis principais fontes de contaminação da Lagoa Rodrigo de Freitas são:
· ligações clandestinas de esgoto “in natura” na rede Pluvial;
· Despejos, vazamentos ou acidentes em postos de revenda de combustível e serviços
que operaram durante décadas sem controle;
· resíduos de tubulações antigas de chumbo e galvanizadas;
· chumbo proveniente de poluição atmosférica, em época que era utilizado como
aditivo da gasolina (chumbo tetraetila).
SOLUÇÕES POSSÍVEIS E ECONOMICAMENTE VIÁVEIS
Tem-se discutido muito sobre a viabilização econômica para recuperação da lagoa
Rodrigo de Freitas, ao nível de renovação de águas e, conseqüentemente, oxidação e
melhoria dos sedimentos. Parece que o mais viável seria a renovação de água através
do bombeamento pela elevatória de esgotos do Leblon e retenção da areia na praia do
Leblon, com o prolongamento do atual canal do Jardim de Alah.
O projeto de bombeamento, combinado com o prolongamento do atual canal Jardim de
Alah, resolveria os problemas da diminuição da praia do Leblon e da renovação da
Lagoa Rodrigo de Freitas. Ajudaria a diminuir a poluição nas praias do Leblon e
Ipanema. É um projeto alternativo que utiliza equipamentos e instalações existentes e
por isto mesmo, em pouco tempo já estaria pago devido às economias conseguidas.
Todas essas medidas tem que ser acompanhadas de fiscalização ambiental e sanitária
eficientes, por parte do Estado e Município, com o objetivo de inibir lançamentos
clandestinos de esgotos domésticos e efluentes líquidos provenientes de atividades
comerciais e/ou industriais na bacia de drenagem.
A renovação de água feita por bombeamento foi alternativa sugerida pela Universidade
de Lund-Suecia, com experiência em todos os tipos de tratamento para a recuperação
de lagoas ao redor do mundo. No pouco tempo que a equipe do professor Sven Björk
esteve aqui, em 1975, foram feitos cálculos teóricos da taxa de renovação
(200.000m³/d) e do aporte de fósforo - alimento das algas - para a lagoa, através das
águas de chuva (60.000 m3/d).
Os comentários acima se baseiam em documento da “homepage”: Lagoa Rodrigo de
Freitas. (http://www.geocities.com/capecanaveral/5329/Indexbr.htm)
6 - BIBLIOGRAFIA
Canadian Environmental Quality Guidelines. 2003. Summary of Existing Canadian
Environmental Quality Guidelines. Summary Table.
EC/HC (Environment Canada/Health Canada). 1994. Canadian Environmental Protection
Act: Priority Substances List Assessment Report - Polycyclic Aromatic Hydrocarbons.
Ministry of Supply and Services Catalogue No. En40-215/42E. 61 pp.
Florida – Department of Environmental Protection. 1994. Numerical Sediment Quality
Assessment Guidelines for Florida Coastal Waters, in Approach to the Assessment of
Sediment Quality in Florida Coastal Waters.27 pp.
Loureiro, Daniel Dias - 2004. Evolução dos Aportes de Metais Pesados numa lagoa
Costeira Hipertrófica Urbana – Lagoa Rodrigo De Freitas l – UERJ, Instituto de
Oceanografia. Monografia de Bacharelado - 141, pp.
ANEXO I
POLUENTES ENCONTRADOS
POLUENTES ENCONTRADOS
Chumbo
O chumbo está presente no ar, no tabaco, nas bebidas e nos alimentos, nestes últimos,
naturalmente, por contaminação e na embalagem. Está presente na água devido às
descargas de efluentes industriais como, por exemplo, os efluentes das indústrias de
acumuladores (baterias), bem como devido ao uso indevido de tintas e tubulações e
acessórios à base de chumbo. Constitui veneno cumulativo, provocando um
envenenamento crônico denominado saturnismo, que consiste em efeito sobre o
sistema nervoso central com conseqüências bastante sérias.
Cobre
O cobre ocorre geralmente nas águas, naturalmente, em concentrações inferiores a 20
mg/L. Quando em concentrações elevadas, é prejudicial à saúde e confere sabor às
águas. O cobre em pequenas quantidades é até benéfico ao organismo humano,
catalisando a assimilação do ferro e seu aproveitamento na síntese da hemoglobina do
sangue, facilitando a cura de anemias. Para os peixes, muito mais que para o homem,
as doses elevadas de cobre são extremamente nocivas.
Zinco
O zinco é bastante utilizado em galvanoplastias na forma metálica e de sais tais como
cloreto, sulfato, cianeto, etc.. A presença de zinco é comum nas águas naturais. Os
efeitos tóxicos do zinco sobre os peixes são muito conhecidos, assim como sobre as
algas. A ação desse íon metálico sobre o sistema respiratório dos peixes é semelhante
à do níquel.
Níquel
O níquel é também utilizado em galvanoplastias. Estudos recentes demonstram que é
carcinogênico. Não existem muitas referências bibliográficas quanto à toxicidade do
níquel; todavia, assim como para outros íons metálicos, é possível mencionar que, em
soluções diluídas, estes elementos podem precipitar a secreção da mucosa produzida
pelas brânquias dos peixes, que morrem por asfixia..
Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares -HAPs
Diversos HAPs têm demonstrado serem mutagênicos (capacidade de produzir
alterações na estrutura do DNA) em sistemas de culturas de bactérias e células “in
vitro”, existindo correlação entre mutagenicidade e potencial carcinogênico.
Mesmo em pequenas doses, certos HAPs podem produzir tumores na pele e em outros
tecidos epiteliais. Efeitos carcinogênicos causados por via oral são menos conhecidos,
mas resultados positivos são comprovados, particularmente em relação a tumores
gastrintestinais e no esôfago. Estudos epidemiológicos ocupacionais demonstram a
forte evidência dos efeitos carcinogênicos dos HAPs, sabendo-se ainda que a mistura
de vários HAPs aumenta seu potencial carcinogênico.
ANEXO II
CONSIDERAÇÕES SOBRE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES
CONSIDERAÇÕES SOBRE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES
Gasolina
A Gasolina é o combustível de maior consumo no mundo. Sua principal característica é
o poder anti-detonante ou octanagem, que é a resistência à combustão espontânea,
avaliada em relação à temperatura e a pressão. Obtido pela mistura de
hidrocarbonetos contidos no petróleo bruto, por intermédio do craqueamento, ou seja,
são compostas de numerosos constituintes e a maior parte desses é classificada como
alifáticos ou como aromáticos. Os compostos alifáticos incluem constituintes como o
butano, o penteno e o octano. Os compostos aromáticos incluem compostos como o
benzeno, o tolueno, o etilbenzeno e os xilenos (BTEX).
Óleo Diesel
O óleo diesel é composto principalmente por hidrocarbonetos alifáticos, formado
principalmente por átomos de carbono, hidrogênio e baixas concentrações de enxofre,
nitrogênio e oxigênio. Produto inflamável, tóxico, volátil e ligeiramente mais denso do
que a querosene, destilada na faixa de 250 à 400ºC.
Álcool
O único país no mundo a usar o álcool como combustível é o Brasil, sendo também
utilizado como aditivador da gasolina para aumentar a octanagem, substituindo com
vantagens o chumbo tetraetila.
É composto de duas formas:
Álcool Etílico Hidratado Carburante – AEHC (álcool+água);
Álcool Etílico Anidro Carburante – AEAC (álcool+gasolina);
Lubrificantes
Os lubrificantes, sintéticos ou não, apresentam cerca de 2,5% de derivados de
petróleo. São empregados em fins automotivos ou industriais, que após o período de
uso recomendado pelos fabricantes dos equipamentos, deterioram-se parcialmente
formando compostos como ácidos orgânicos, aromáticos polinucleares, Potencialmente
Carcinogênicos. Contém elevados níveis de hidrocarbonetos e metais pesados, sendo
os mais representativos: Chumbo (Pb), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Níquel (Ni), Cádmio (Cd)
e outros.
Base legal
O popular “óleo queimado” é mundialmente considerado como produto maléfico ao
meio ambiente e a saúde pública, estando inserido na “Classe I dos Resíduos
Perigosos”, por apresentar toxidade, conforme a norma da ABNT, NBR 10004 e a
Resolução CONAMA 9/93. Constitui crime ambiental não só o descarte em local
inapropriado como também comercializar, fornecer, transportar, queimar ou dar
destino que não seja reciclagem através do re-refino. Tais crimes estão capitulados na
Lei n° 9.605/98, Seção III, Artigos 41 e 43.
A resolução Nº 273 do CONAMA, dispõe que em caso de acidentes ou vazamentos que
apresentem situações de perigo ao meio ambiente ou às pessoas, bem como na
ocorrência de passivos ambientais, os proprietários, arrendatários ou responsáveis pelo
estabelecimento, equipamentos, sistemas e os fornecedores de combustíveis que
abastecem ou abasteceram a unidade, responderão solidariamente pela adoção de
medidas para controle da situação emergencial e para o saneamento das áreas
impactantes.
Órgãos de normatização técnica vêm se manifestando a este tipo de atividade, como a
Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10004 que classifica o óleo lubrificante
usado como “Resíduo classe – I”, perigoso, por apresentar toxidade. Na mesma norma
da ABNT, são considerados resíduos sólidos os efluentes resultantes das atividades
industriais ou comerciais, bem como determinados líquidos não possíveis de
tratamento por métodos convencionais que por suas características peculiares não
podem ser lançados na rede de esgoto ou em corpos receptores de água.
Tanques de armazenamento
Tanques de armazenamento de combustíveis têm no máximo 20 anos de vida útil de
acordo com as especificações do fabricante. A partir daí, dependendo de fatores como
o tipo de solo em que se encontram instalados, ficam vulneráveis a rupturas com
conseqüentes infiltrações nos solos/ lençóis freáticos.
Trocador de óleo e lavagem de veículos
Embora a ABNT recomende caixa separadora de óleo para os produtos imiscíveis em
água, acredita-se que somente essa unidade em um sistema de tratamento não seja
suficiente, em decorrência da existência de outros resíduos lançados juntamente com o
óleo, durante a lavagem do veículo. O óleo proveniente do trocador deverá ser
coletado através de um dispositivo para posterior transporte e re-refino por empresa
autorizada e credenciada a ANP e Órgão Ambiental competente.
ANEXO III
ANÁLISES QUÍMICAS REALIZADAS PELO LABORATÓRIO “ANALYTICAL
SOLUTIONS”.
ANÁLISES QUÍMICAS – BTEX E PAH
Para: ALERJ
Data do recebimento da amostra: 16/03/2005
Data de Emissão do Relatório: 31/03/2005
Data da Coleta: 16/03/2005
Lista de Amostras
Nossa Referência Sua Referência
2368RJ001 T1 (LRF) / DATA DA COLETA: 16/03/2005
2368RJ002 T2 (LRF) / DATA DA COLETA: 16/03/2005
2368RJ003 T3 (LRF) / DATA DA COLETA: 16/03/2005
2368RJ004 T4 (LRF) / DATA DA COLETA: 16/03/2005
2368RJ005 T5 (LRF) / DATA DA COLETA: 16/03/2005
ANALYTICAL SOLUTIONS / Certificado de Análise
Todos resultados analíticos apresentados foram obtidos de acordo com o
procedimento de operação laboratorial padrão e protocolos internacionais
USEPA 5021, 8021 e 8270B.
Quaisquer desvios destes procedimentos serão descritos ao longo do texto.
Relatório escrito por Renata de Andrade Porto ....
……..........................................
CRQ 3a Região 14541-S
Relatório checado por Carla Gama Marques ....
……..........................................
CRQ 3a Região 03212599
Verificação de Processo no Laboratório de Via Úmida.
Código interno do projeto 2368RJ Número de amostras manipuladas 05
Identificação das matrizes
Solo X sedimento resina água alimento outras
Observações
Análise sensorial e visual das amostras
Granulometria Homogênea Heterogênea X
Aparência / Fases Homogênea X Heterogênea
Umidade Úmida X Seca --
Odor Forte X Fraco Inodor Indicativo
Observações .
Sólidos depositados Não -- Sim -- Sólidos suspensos Não -- Sim --
Responsável pela análise sensorial e visual das amostras Guilherme Costa
Resultados de análise de BTEX , projeto 2368RJ
Amostra nº BRANCOBLK2368RJ L.Q.M. 2368RJ001 2368RJ002 2368RJ003 2368RJ004
2368RJ005 V.M.P.
Unidades (mg/L) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg)
Benzeno N.D. 0,025 N.D. N.D. N.D. N.D. N.D. 1,0
Tolueno N.D. 0,025 N.D. N.D. N.D. N.D. N.D. 25,0
Etilbenzeno N.D. 0,025 N.D. N.D. N.D. N.D. N.D. 50,0
Xilenos Totais N.D. 0,025 N.D. N.D. N.D. N.D. N.D. 100,0
Recuperação (%)aaa-trifluor-tolueno (SURR) -- -- 117 109 110 106 99 --
Observações:
· N.D. – não detectado acima do limite de quantificação;
· L.Q.M. – limite de quantificação do método analítico;
· V.M.P. – Valor máximo permitido pela Lista Holandesa de Fevereiro de 2000;
· Critério de aceitação: 60 – 120%;
Resultados de análise de PAH , projeto 2368RJ
Amostra nº BRANCOCQB2546 L.D. 2368RJ001 2368RJ002 2368RJ003 2368RJ004
2368RJ005 V.M.P.
Unidades (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg)
Naftaleno N.D. 0,001 0,021 0,022 0,027 0,041 0,009 --
Acenaftileno N.D. 0,001 0,005 0,021 0,022 0,042 N.D. --
Acenafteno N.D. 0,001 0,010 0,007 0,020 0,015 N.D. --
Fluoreno N.D. 0,001 0,008 0,009 0,016 0,014 N.D. --
Fenantreno N.D. 0,001 0,084 0,081 0,228 0,138 0,021 --
Antraceno N.D. 0,001 0,020 0,017 0,059 0,042 0,003 --
Fluorantreno N.D. 0,001 0,200 0,349 0,752 0,441 0,061 --
Pireno N.D. 0,001 0,198 0,471 0,865 0,441 0,062 --
Benzo(a)antraceno N.D. 0,001 0,156 0,211 0,443 0,267 0,046 --
Criseno N.D. 0,001 0,142 0,183 0,396 0,247 0,046 --
Benzo(b)fluoranteno N.D. 0,001 0,216 0,328 0,657 0,314 0,069 --
Benzo(k)fluoranteno N.D. 0,001 0,105 0,122 0,281 0,134 0,050 --
Benzo(a)pireno N.D. 0,001 0,157 0,218 0,378 0,194 0,050 --
Indeno(123-cd)pireno N.D. 0,001 0,075 0,108 0,217 0,126 0,030 --
Dibenzo(a,h)antraceno N.D. 0,001 N.D. 0,018 0,038 0,025 N.D. --
Benzo(ghi)perileno N.D. 0,001 0,080 0,114 0,223 0,146 0,029 --
Somatório PAH N.D. -- 1,470 2,280 4,620 2,630 0,480 40
Observações:
· N.D. – não detectado acima do limite de detecção analítico;
· L.D. – limite de detecção analítico;
· V.M.P. – Valor máximo permitido pela Lista Holandesa de Fevereiro de 2000;
· Recuperações dos padrões internos observados para este projeto: 90 -
130%;
· Critério de aceitação: 45 – 135%