COMO ESPECIFICAR UM DPS
Um dos meios mais adotados e indicados para reduzir o risco de danos aos equipamentos e instalações,
causados por surtos elétricos, é a utilização dos DPS – Dispositivos de Proteção contra Surtos.
Quantos DPS devem ser instalados no quadro elétrico? E como ligá-los?
Devem ser instalados DPS entre cada uma das fases e o terra. Para as ligações, é indicado o uso de
cabos (“fios”) com seção mínima de 4 mm2 e comprimento máximo de 50 cm.
Como definir a classe correta do DPS ?
O primeiro passo para especificação de um DPS é determinar se a edificação possui um Sistema de
Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) externo ou se a rede da concessionária é aérea. Se
uma destas duas condições é preenchida deveremos instalar em seu quadro de entrada um DPS tipo I.
O DPS classe II é destinado a proteção contra surtos elétricos ocasionados por descargas atmosféricas
indiretas, ou seja, caem próximo à edificação ou as linhas de transmissão de energia ou dados.
O DPS classe II é projetado para suportar surtos elétricos, provocados por descargas atmosféricas e
manobras no sistema elétrico, conforme IEC 61643-11.
O DPS classe III é um dispositivo de proteção que deve ser utilizado próximo ao equipamento protegido.
DPS Tipo I: Projetado para lidar com surtos diretos de raios, tem alta capacidade de suportar correntes
muito elevadas. É instalado no ponto de entrada de energia da edificação.
DPS Tipo II: Utilizado para proteger contra surtos de energia induzidos, como os causados por
chaveamentos na rede ou por raios indiretos.
Existem 3 classes de DPS no mercado, sendo o classe I o modelo instalado junto à entrada de energia,
já classe II é o mais comum e mais barato, sendo instalado nos quadros de distribuição, e o classe III é
o menos conhecido, este modelo é instalado junto à equipamentos diretamente entre o plug e a tomada.
Classe I: DPS destinado à proteção contra sobretensões provocadas por descargas atmosféricas diretas
sobre a edificação ou em suas proximidades, com alta capacidade de exposição aos surtos, com
capacidade mínima de 12,5 kA de corrente de impulso (Iimp) conforme a Norma ABNT 5410, item
6.3.5.2.4 – “d”.
Como orientação, podemos sugerir que em quadros de distribuição de casas, fábricas ou edificações
maiores poderemos utilizar um DPS com corrente nominal de descarga de 20 KA (8/20µS) e corrente
máxima de 40KA (8/20µS) e em apartamentos ou salas comerciais, correntes nominais de descarga de
10KA (8/20µS).
Como definir a tensão (”voltagem”) correta do DPS ?
A tensão nominal do DPS deve ser compatível com a tensão da rede elétrica local. Considerar sempre
a tensão entre Fase e Neutro. Um DPS de 127V~ ligado em 220V~ irá queimar. Já um DPS de 220V~
poderá também ser utilizado em redes de 127V~, porém para maior eficiência, recomenda-se manter
iguais as tensões da rede e do DPS.
O que é corrente máxima de descarga? Qual devo escolher?
A corrente máxima de descarga é medida em milhares de Amperes kA) e corresponde ao “maior surto”
que o DPS consegue suportar pelo menos uma vez, sem ser danificado. Este valor é escolhido de acordo
com o nível de exposição do local à incidência de raios, pois estes são os principais causadores dos
surtos elétricos. Lugares com alta incidência de raios requerem DPS com maior capacidade. Em geral,
são utilizados os seguintes valores:
Áreas urbanas, próximas à região central, com prédios equipados com para-raios no
entorno: DPS de 12kA a 20kA.
Periferia de áreas urbanas, com poucos prédios sem para-raios no entorno: DPS de 30kA a
45kA.
Áreas rurais ou edificações afastadas (isoladas): DPS 60kA ou maior.
Sob o ponto de vista técnico, nada impede que seja instalado um DPS com capacidade em kA maior que
a recomendada para o local. E neste caso, a tendência é que a vida útil do DPS seja prolongada.
A corrente máxima de descarga é medida em milhares de Amperes (KA) e corresponde ao “maior
surto” que o DPS consegue suportar pelo menos uma vez, sem ser danificado. Este valor é escolhido de
acordo com o nível de exposição do local à incidência de raios, pois estes são os principais causadores
dos surtos elétricos.
Aprenda a interpretar as marcações de um DPS.
Olhando para um DPS, podemos identificar algumas de suas principais especificações. Veja o exemplo
abaixo:
É importante saber que as marcações podem variar de fabricante para fabricante. Mas de forma geral,
as especificações indicadas precisam ser fornecidas com o produto.
Referências:
(1) Normas NBR-5410:2004 – Instalações elétricas de baixa tensão e NBR 5419-4:2015 – Proteção
contra descargas atmosféricas. Parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura.
Publicadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Nível de proteção do DPS (Up)
Sempre que o DPS está desviando um surto, inevitavelmente, uma pequena parcela de tensão irá surgir
nos terminais dos equipamentos instalados a jusante, visto que nenhum condutor interno de DPS é capaz
de oferecer resistência elétrica nula. Essa tensão resultante no equipamento recebe o nome de nível de
proteção do DPS, representada pelo termo Up, e seu valor nunca poderá ser maior que a suportabilidade
do equipamento, caso contrário ele será danificado ou degradado. Assim como os valores para Uc, os
valores do nível de proteção também são tabelados pela NBR 5410.
É preciso ter cuidado ao selecionar dispositivos que possuam nível de proteção próximo ou igual ao
mínimo especificado, pois à medida que os equipamentos vão naturalmente envelhecendo (devido a
oxidação dos seus componentes internos) sua suportabilidade será reduzida. Embora tenham o mesmo
nome, o nível de proteção de um DPS é totalmente diferente do nível de proteção do SPDA (representado
pela sigla NP) e não existe nenhuma correlação entre eles.
A utilização de varistores também requer um cuidado adicional, já que as quedas de tensão provocadas
pelos condutores de ligação do dispositivo precisam obrigatoriamente ser somadas aos seus valores. Já
no uso de centelhadores, prevalecerá o maior valor de Up, seja do dispositivo ou da queda de tensão
provocada pelos condutores. Por exemplo: em uma instalação em que foram utilizados 1 m de condutor
(50 cm de cada lado do DPS),com tensão indutiva de 1 kV, o projetista possui duas opções de protetores:
um centelhador com Up < 1,5 kV e um varistor com Up < 1,3 kV. Qual dos dois terá um melhor nível de
proteção do ponto de vista do equipamento a ser protegido?
A soma das quedas de tensão provocadas pelos condutores será igual a 1 kV. Para o centelhador, este
valor é inferior ao seu nível de proteção e, portanto, prevalece no circuito seu Up < 1,5 kV. No varistor,
cujo Up < 1,3 kV pode parecer a melhor opção em uma análise preliminar, será preciso somar a queda de
tensão provocada pelos condutores de ligação, ou seja, 1,3 kV + 0,5 kV + 0,5 kV que é igual a Up < 2,3
kV. Nota-se que este valor, além de ser superior ao Up do centelhador, pode ser inadequado para
proteção do equipamento final.
Corrente nominal de descarga (In)
Este termo representa o valor de corrente para o qual o dispositivo está dimensionado para desviar na
ocorrência de surtos induzidos provocados por descargas atmosféricas, chaveamentos, apagões e/ou
acionamento de motores.
Também é especificado pela NBR 5410 (item 6.3.5.2.4 d) e, de um modo geral, não deve ser inferior a
5 kA por módulo (fase e neutro). Por norma, os dispositivos devem ser capazes de desviar até 20 surtos
com características iguais ou inferiores a In (centelhadores tendem a ter essa capacidade quase que
infinita, enquanto que varistores, normalmente, são dimensionados para o mínimo).
Corrente máxima de descarga (Imáx)
Representa o valor de corrente máxima para o qual o dispositivo está dimensionado para desviar, na
ocorrência de surtos induzidos, por até 2 vezes.
Normalmente o Imáx é sempre o dobro de In.
Teoricamente, quanto maiores forem esses dois parâmetros (In e Imáx), maior será a durabilidade do DPS,
mas na prática, é pouco provável que ocorra uma indução com intensidade superior a esses valores
estabelecidos por norma. Sendo assim, a utilização de um protetor com altíssimos valores de In e Imáx,
via de regra, pode ser considerada um gasto adicional e desnecessário, sendo bem mais vantajoso investir
em um dispositivo de alta tecnologia, em que sua durabilidade será garantida por esse e outros fatores.
Corrente de impulso ou conduzida pelo raio (Iimp)
É o termo que representa qual a corrente de impulso (ou corrente conduzida pelo raio) que o dispositivo
está preparado para receber sem se danificar. Seu valor é calculado com base no valor de pico do primeiro
impulso negativo (Tabela 3 – NBR 5419-1), conforme o nível do SPDA, dividido pelo número de
condutores vivos da rede, que são as fases mais o neutro.
É extremamente importante que esse valor seja calculado e adequado à edificação, pois caso o protetor
seja subdimensionado podem ocorrer danos severos, como incêndios e arcos elétricos, não somente ao
protetor, mas também aos quadros e condutores adjacentes.
Capacidade de interrupção das correntes de seguimento (Ifi)
Este termo é visto apenas nas fichas técnicas de centelhadores (amplamente recomendados em situações
de DPS Tipo I).
Refere-se à capacidade de interrupção das correntes de seguimento, que podem surgir durante a
condução do surto elétrico para o aterramento.
Nessas situações, a corrente do circuito tende a aproveitar o caminho de baixa impedância (ionizado) já
criado pela passagem do surto através do DPS. Por essa razão, seu valor sempre deverá ser superior ao
valor da corrente de curto circuito do transformador alimentador da linha e, o não cumprimento dessa
exigência, pode ocasionar curto-circuito no próprio DPS, provocando sua queima e/ou incêndios.
Suportabilidade do dispositivo às sobretensões temporários (TOV ou UT)
Refere-se à suportabilidade do dispositivo às sobretensões temporárias. Como sabemos, os DPS são
fabricados para desviar os surtos elétricos, que são de curta duração. Quando a elevação da tensão na
rede elétrica dura alguns segundos ou até mesmo minutos, a maioria dos dispositivos tendem a se
danificar, principalmente, devido ao aquecimento de seus componentes internos.
Por essa razão, um bom DPS deve ter boa característica de suportabilidade às sobretensões temporárias,
especialmente, em locais com rede elétrica instável. Quanto maior for sua capacidade e duração, melhor
será o dispositivo.
Fusível de backup requerido
Por fim, mas não menos importante, esse termo refere-se ao máximo valor de fusível de backup que deve
ser instalado a montante do DPS. O fusível terá a função de interromper a condução de corrente elétrica
no caso de uma falha do dispositivo ou ao fim de sua vida útil, quando este não for dotado de mecanismos
internos de desconexão. Seu dimensionamento já é dado pelo próprio fabricante nas fichas
técnicas, como visto no modelo abaixo da DEHN.
Vale ressaltar que alguns modelos de DPS já possuem estes fusíveis internamente ou dispensam sua
utilização, caso o fusível principal da instalação atenda esse parâmetro, como nos modelos DEHNshield®
(caso o fusível de entrada seja de até 160 A).
Em resumo, para facilitar o trabalho de projetistas e compradores, pode-se utilizar a tabela abaixo como
referência de comparação entre os principais parâmetros do DPS.
Fusível de backup requerido
Preferencialmente devem ser escolhidos modelos que dispensem fusíveis de backup. Caso não seja
possível, ver recomendação do fabricante. Ao colocar em prática esses conhecimentos e análises,
podemos notar que a empresa alemã DEHN possui os melhores modelos de protetores do mercado.
Eles ainda contam com vida útil extremamente longa, característica altamente desejada para ambientes
industriais. Ainda podemos destacar o alto índice de confiabilidade da marca. Tendo em vista que, além
do grande número de certificações que cada dispositivo possui, os fabricantes levam seus equipamentos
para serem testados nos mais avançados laboratórios da DEHN.